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AS RESPOSTAS
VÊM DE DENTRO
O renascimento da mulher durante o
ciclo grávido-puerperal

Ana Teresa Muri


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CONTEÚDO
SOBRE A AUTORA 04

Introdução 05

Capítulo 1 - A TRANSFORMAÇÃO 07

Capítulo 2 - GESTAÇÃO NÃO ROMANTIZADA 16

Capítulo 3 - O SENTIMENTO DE SOLIDÃO! 21

Capítulo 4 - O MUNDO QUE MUDA É O SEU 27

Capítulo 5 - O PAPEL CENTRAL DE 33


PROTAGONISTA

Capítulo 6 - ENXOVAL EMOCIONAL 38


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CONTEÚDO
Capítulo 7 - O AJUSTE DE EXPECTATIVAS 46

Capítulo 8 - AS RESPOSTAS ESTÃO DENTRO 53


DE VOCÊ

Capítulo 9 - QUANDO PEDIR AJUDA? 58

Capítulo 10 - VAI PASSAR E VOCÊ VAI SAIR 64


MAIS FORTE

BÔNUS 1 - COMO SER ALICERCE? 68

BÔNUS 2 - A IMPORTÂNCIA DE ESTAR EM 73


COMUNIDADE
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SOBRE A AUTORA
Ana Teresa Muri

Sejam bem vindos!


Sou médica formada pela
Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro,
Ginecologista e Obstetra
com especialização em
Medicina Fetal. Dedico-me
desde 2002 a acompanhar
mulheres no ciclo grávido
puerperal com foco desde
2010 no acompanhamento
dos bebês antes deles
nascerem através dos
exames de ultrassom. Hoje
atuo presencialmente na
Clínica Cardiologia e
Imagem (RJ) e virtualmente
nas redes sociais auxiliando
as mulheres de todo o Brasil
e diversos países do mundo
a passar por esta fase da
vida com o menor número de
cicatrizes possível.

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INTRODUÇÃO

Gestação é conversão

Se você chegou até aqui, imagino que seja


uma tentante, uma gestante ou uma puérpera;
Uma mãe ou simplesmente uma mulher que
decidiu entender as transformações que
precisam acontecer para que seus caminhos se
ajustem, para que você assuma seu
protagonismo e tome as rédeas do presente
mais valioso que você poderia receber: a sua
própria vida. É chegado o momento de viver
sua vida como tempo de transformação!
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INTRODUÇÃO

Depois de transitar por todas as fases do ciclo


grávido puerperal através de três best sellers
com mais de 10 mil cópias vendidas, “Gestação
é Tempo de Transformação”, “Não Seja uma
Gestante à Deriva” e “Os 10 Passos Para
(sobre) Viver ao Puerpério”, “As Respostas Vêm
de Dentro” chega para revolucionar sua forma
de pensar e conduzir os aspectos psicológicos
da gestação, do parto e do puerpério. É hora de
destravar tudo aquilo que te impede de viver a
gestação sem mitos, com alicerce e segurança.
Seja muito bem-vinda e parabéns pela decisão
de revolucionar a forma de viver este período
da sua vida.

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Capítulo 1

A TRANSFORMAÇÃO
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CAPÍTULO 1 - A TRANSFORMAÇÃO

Todos os dias há mais 15 anos recebo


dezenas de relatos de mulheres que estão
sendo “engolidas” pelas turbulências
emocionais do ciclo grávido-puerperal.
Independente da idade, das oportunidades de
estudo, da carreira profissional e da classe
social (independente de ser ou não o primeiro
filho) ansiedade, medo, desinformação,
insegurança, frustração, culpa e solidão são as
companhias mais frequentes das mulheres
nesse período da vida. Todos os holofotes
estão apontados para ela, que está vivendo o
momento mais sublime, em que a mulher vive a
Graça de gerar um ser dentro de si, e que,
diante do espelho, fica marcado como o
período de maior “solidão acompanhada” da
vida.
É muito difícil se transformar em mãe.

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CAPÍTULO 1 - A TRANSFORMAÇÃO

Todos esperam da gestante passos firmes e


seguros na condução da nova vida que se
avizinha, e é fundamental que sejamos capazes
de entender toda essa transformação para
reassumirmos o mais rápido possível nosso
papel central de protagonista.
A menina assustada que existe dentro de
cada uma de nós precisa se transformar
instantaneamente em uma leoa lutando pela
cria. O processo é tão intenso quanto
desafiador.

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CAPÍTULO 1 - A TRANSFORMAÇÃO

Quanto mais conhecemos o processo, mais


estaremos fortalecidas para conduzi-lo com
segurança. Então, é fundamental falarmos um
pouco dos aspectos psicológicos deste
momento da vida da mulher.
Você sabia que existem estudos que sugerem
que a crise psíquica que a mulher passa ao
engravidar se assemelha em intensidade à
famosa “crise da adolescência”? São
momentos de transição profundamente
significativos, onde, por exemplo, o surgimento
dos transtornos alimentares é muito frequente.
Entende agora porquê é comum o relato de
“fome” na gestação que “não passa por nada”?
Não passa porque não é fome, é ansiedade.

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CAPÍTULO 1 - A TRANSFORMAÇÃO

Eu sei o quanto é difícil encontrarmos todas as


repostas das nossas angústias desse período, mas
também sei que só as encontraremos quando
assumirmos um percurso doloroso e profundo de
questionamento pessoal.
Se você parar para pensar, o tempo da gestação é
o tempo que a mulher encontra-se “suspensa” no
tempo de outro ser, que é o que está sendo gerado
em seu ventre. Tudo acontece em função do
desenvolvimento do bebê, e este é o começo da
perda da identidade da mulher que naquele
momento deixa de ser um indivíduo para abrigar
outro e a seguir passa a viver a maternidade.

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CAPÍTULO 1 - A TRANSFORMAÇÃO

A mulher, principalmente na primeira


gestação, despede-se de sua identidade como
indivíduo plenamente autônomo e vive a
transformação da vida em função de outro ser.
Nós não paramos para pensar sobre isso. E é
exatamente aí que a bola de neve que nos
engole no puerpério começa a se desenvolver.
Nós não pensamos sobre isso, não
conversamos sobre isso, não processamos em
nossa cabeça o “luto” da perda da vida
independente que se vai para nos prepararmos
para a nova vida que será uma realidade
permanente enquanto estivermos por aqui.

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CAPÍTULO 1 - A TRANSFORMAÇÃO

O tempo da gravidez é o tempo de transição


da mulher do papel de filha para o papel de
mãe. E toda essa trajetória até aqui, até o
momento em que a filha se transforma em
mãe, está ancorada em sua relação com sua
mãe. Se tornar mãe é se reencontrar com sua
própria mãe. Você está preparada para esse
reencontro? O que você traz da relação com
sua mãe? Não digo em relação aos atuais
encontros esporádicos e às mensagens de bom
dia trocadas via aplicativo de celular. O que
você traz impresso em sua alma da sua relação
com sua mãe? Sua mãe foi fonte de amor ou de
medo? De segurança ou de instabilidade? De
alicerce ou de incertezas? De fortaleza ou de
fragilidade? De violência ou de acolhida? De
presença ou de abandono? Só você tem essas
respostas. E elas estão guardadas no seu
íntimo, e por mais que você tenha seguido a
vida, só você sabe os fantasmas que carrega
dentro de si.
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CAPÍTULO 1 - A TRANSFORMAÇÃO

Quem sua mãe foi para você é sua única


referência profunda do que você tem para
oferecer como mãe até aqui. Você está
preparada para revisitar essa relação? Fazer
os ajustes que você julgar necessários para a
sua maternidade? Essa é uma das principais
chaves desse processo.
Lembre-se, no entanto, que não te cabe julgar
sua mãe. Ela também foi filha, e passou por
todo este processo. Ela certamente fez o
melhor que podia, dentro das possibilidades
dela, dentro do que ela recebeu da mãe dela.
Cabe a você nesse momento ressignificar
sua relação com sua mãe. Liberte-a com seu
perdão dentro de você.

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CAPÍTULO 1 - A TRANSFORMAÇÃO

Você pode ser “ousada” e deixar de ouvir a


voz da sua mãe que te disse a vida toda quem
você era, para encontrar o seu próprio adulto,
observar com novos olhos as histórias pelas
quais você já passou e ressignificar sua vida.
Abra esse espaço no seu coração para tudo de
bom e grandioso que está por vir.
Ame sua mãe e seu pai incondicionalmente,
verdadeiramente, profundamente, libere-os de
todo o passado. Seja grata. Quebre o ciclo.
Você está diante da oportunidade mais
preciosa que existe para reformular
preconceitos, autoritarismos, condutas
discutíveis sobre a maternidade, criação de
vínculos, educação etc. Você ganhou a chance
de fazer DO SEU JEITO!

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Capítulo 2

GESTAÇÃO
NÃO ROMANTIZADA
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CAPÍTULO 2 - GESTAÇÃO NÃO


ROMANTIZADA

Um dos comportamentos mais traiçoeiros da


gestação é a romantização dessa fase da vida.
A linda gestante, serena e tranquila, que
assiste passivamente ao crescimento do bebê
em seu ventre, sem angústias, sem percalços,
sem inseguranças, cercada por uma família
participativa, paciente, compreensiva e
amorosa, que passa todo o tempo da gestação
em paz à espera do parto “humanizado”,
programado e de preferência sem dor, com o
nascimento de um bebê saudável que mama
tranquilamente e sem intercorrências NÃO
EXISTE. 17
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CAPÍTULO 2 - GESTAÇÃO NÃO


ROMANTIZADA
A gestação real muitas vezes não é
planejada, não conta com recursos financeiros
que ofereçam calmaria...A gestação real tem
como personagem principal na maioria das
vezes uma gestante que precisa cumprir uma
extenuante carga horária de trabalho e
entregar os mesmos resultados de colegas que
não estão passando por 1/5 de todas as
transformações físicas e psíquicas dessa
mulher que vive em exaustão para tentar dar
conta de tudo.
Na gestação real, a mulher briga para ter
liberação para as consultas e exames, implora
por companhia, tenta encontrar um obstetra
empático e competente capaz de oferecer a
melhor assistência a ela e ao seu bebê.

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CAPÍTULO 2 - GESTAÇÃO NÃO


ROMANTIZADA

A gestante real precisa dar conta da própria vida,


da vida do bebê em formação, da casa, do parceiro
(parceira), dos eventuais outros filhos, das
demandas do trabalho, além dos fantasmas do
passado, da insegurança do presente e dos
temores e projeções do futuro. Ah, sim! Precisa
beber muita água, como um camelo no deserto.
Também não pode engordar e precisa assistir
passivamente à família ("super participativa")
comer uma pizza deliciosa num sábado à noite e
lembrar dos riscos de desenvolver diabetes
gestacional, optando heroicamente por comer uma
maçã e beber água enquanto assiste a cena.
Sorrindo, é claro. Porque ela está (de fato) vivendo
o milagre da gestação e precisa dar conta
(sorrindo) de tudo isso. Sem reclamar, afinal,
gestação, como dizem, “não é doença”. A conta
não fecha. 19
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CAPÍTULO 2 - GESTAÇÃO NÃO


ROMANTIZADA

E por isso é tão comum nessa fase a


exacerbação de comportamentos
disfuncionais que trazemos ao longo da vida,
como a compulsão alimentar, crises de pânico
e ansiedade, além de inúmeros conflitos com
aqueles do círculo familiar mais próximo, que
estão participando de maneira mais intensa de
todo este processo.
É fundamental que se deixe de romantizar a
gestação. É um desserviço e mais uma
agressão às gestantes exigir delas que
desempenhem um papel quase que teatral de
felicidade plena e irrestrita, enquanto
escondem a face da dor e do desconforto
físicos, da angústia, do medo, das incertezas e
da insegurança.
Trazer a gestação para o mundo “real” é uma
necessidade. A sociedade precisa entender
que atrás da mulher gerando o milagre da vida
existe uma mulher que precisa de ajuda e apoio
durante todo o processo.

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Capítulo 3

O MUNDO QUE
MUDA É O SEU!
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CAPÍTULO 3 - O MUNDO QUE MUDA
É O SEU!

Cada gestação é uma oportunidade


extraordinária para a mãe se aprofundar no
caminho do desenvolvimento pessoal. Tenha
isso em mente: Este momento vai transformar
sua vida e a sua relação com seu entorno não
só durante a gestação mas em todos os
momentos de sua vida que você precisar se
recolher para se transformar. É você quem
passa a não se reconhecer mais em si mesma.
Lembra do ENEM? Ou da última prova de
consurso que prestou? Quem precisou se
recolher foi você, para se dedicar mais aos
estudos. A vida de todo mundo continuou
normal.
Se você, como eu, já foi atleta, exercitou a
disciplina e a resiliência desde cedo, seguiu
dietas diferentes, rotinas diferentes,
compromissos diferentes sabe bem do que eu
estou falando.

Sim, fui atleta de natação pré convocada para as Olimpíadas dos anos 2000 e 2004!

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CAPÍTULO 3 - O MUNDO QUE MUDA


É O SEU!

Se não foi atleta, certamente em algum


momento de sua vida precisou se afastar “da
turma” e assumir um comportamento diferenciado,
seja durante a preparação para algum concurso,
seja ao receber o diagnóstico de alguma condição
desfavorável, alguma doença, seja ao implementar
um novo hábito, uma nova rotina.
Sua mãe deve ter dito a você em algum momento
da vida que você “não é igual a todo mundo”. E a
gestação vai ser um momento importante para
você colocar isso em prática. Você precisa
entender que, por mais que sua família seja
presente e participativa, que seu parceiro (ou
parceira) sejam compreensivos, a gestação é um
projeto fundamentalmente seu.

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CAPÍTULO 3 - O MUNDO QUE MUDA


É O SEU!

Todos podem estar profundamente


envolvidos, o que é desejável, mas o processo
depende exclusivamente de você. Quando mais
tempo você demorar para assumir este fato
como uma realidade, mais você vai acumular
decepções e frustrações sobre expectativas
que você projeta sobre o comportamento de
terceiros. E sim, todos são “terceiros”. É só
você que vai sentir o desconforto dos seus
órgãos internos apertados cedendo lugar ao
útero em crescimento para acomodar seu bebê
(mesmo amando o processo, ele incomoda, é
um fato, incômodo físico mesmo), é só você
que precisa ajustar a ingesta de água,
melhorar a qualidade da alimentação, não
consumir álcool, não pintar o cabelo, procurar
boas posições para dormir, conviver com a
falta de ar, com a restrição de medicações de
uso habituais, como um simples anti-
inflamatório por exemplo, entre muitas outras
restrições. Só você. E está tudo bem, o
processo requer isso de você. 24
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CAPÍTULO 3 - O MUNDO QUE MUDA


É O SEU!

A partir do momento em que você recebe a


notícia da gravidez a sua vida muda. Seus
hábitos e permissões alimentares, por
exemplo, já mudam. Seu corpo muda, os enjôos
chegam e junto trazem também as primeiras
sensações de insegurança. Todos do entorno,
por mais próximos que estejam, seguem suas
vidas e rotinas sem grandes alterações:
comem o que desejam na hora que querem,
bebem se tiverem vontade, não passam por
restrição calórica nem testes de tolerância a
glicose...por mais que possam estar próximos
neste momento, a vida deles não muda. E essa
é a realidade que precisa ser assimilada desde
o início para que todos os sentimentos que
desabrochem depois tenham sua origem bem
estabelecida.

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CAPÍTULO 3 - O MUNDO QUE MUDA


É O SEU!

Quando você absorver isso como uma


verdade, simples como é, verá diminuir o
incômodo por todos seguirem suas vidas como
“se nada estivesse acontecendo”, porque na
vida deles, de fato, não está. Toda empatia é
bem vinda, mas ninguém deve nada a você. É
duro mas é a realidade. E trabalhar com a
realidade dói menos que construir um castelo
de ilusões.

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Capítulo 4

O SENTIMENTO DE
SOLIDÃO
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CAPÍTULO 4 - O SENTIMENTO DE
SOLIDÃO

Curioso como em um momento em que todos


os holofotes estão direcionados a nós o
sentimento mais relatado seja o de solidão,
concorda? A questão é que a grande maioria
ocupa-se de dar conselhos (muitas vezes
tóxicos) impondo sua forma de viver os
acontecimentos, baseados em sua própria
experiência de vida e que muitas vezes nos leva
a abismos de inseguranças e incertezas.
Naturalmente a gente se afasta.

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CAPÍTULO 4 - O SENTIMENTO DE
SOLIDÃO

Cada vez que temos a coragem de fazer uma


pergunta e ela é respondida com arrogância ou
impaciência, a gente se afasta. Cada vez que
sussurramos que estamos com dor e ouvimos
que “gravidez não é doença”, a gente dá um
passo atrás. Cada vez que não nos sentimos
ouvidas e acolhidas pelo profissional de saúde
que deveria nos conduzir no processo, nos
recolhemos. Cada vez que ouvimos uma crítica
quanto ao nosso corpo, engolimos à seco. E
erguemos muros invisíveis simplesmente para
sobreviver.

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CAPÍTULO 4 - O SENTIMENTO DE
SOLIDÃO

Na nossa sociedade, o valor e a autoestima estão


profundamente vinculados à nossa aparência e ao
peso corporal, mais precisamente ao nosso IMC
(Índice de Massa Corporal). Isso explica porque,
em uma era em que a vida que se posta é a vida
que se deseja, basta prestar atenção ao número de
aplicativos que se destinam a retocar nossas
medidas ou “melhorar” nossa aparência ou atenuar
as marcas do tempo. Ouso dizer que a imensa
maioria das postagens atualmente faz uso de
algum recurso artificial sobre a imagem corporal
real. As pessoas cada vez menos se reconhecem
na rua, ao se encontrarem sem estes recursos.
Posto isso, imagine como é para uma mulher nessa
sociedade vivenciar as mudanças corporais da
gestação? A autocobrança é, em muitos casos,
mais violenta do que a cobrança de terceiros.

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CAPÍTULO 4 - O SENTIMENTO DE
SOLIDÃO

Quantas vezes em silêncio você lamentou


tantas mudanças no seu corpo ao mesmo
tempo em que se culpa pelo próprio lamento,
por estar diante do maior amor do mundo, que
é o amor por um filho? Gestação é contradição.
Ou você organiza sua mente, ou você se perde
durante o processo, e passa a alimentar um
ciclo vicioso de insatisfação, angústia, culpa e
vergonha, enquanto o entorno cobra de você a
plenitude de quem está vivendo o momento
mais bonito de sua vida (e de fato está!). É um
momento assustadoramente antagônico. E
precisamos dar voz aos dois lados dessa
moeda.

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CAPÍTULO 4 - O SENTIMENTO DE
SOLIDÃO

Quando o bebê nasce, a sensação de solidão


tende a se acentuar. E se nós entendermos o
porquê, tudo passa a fazer sentido, e essa fase
tende a transcorrer com mais serenidade. É
assustador perceber que tudo que tomava seu
tempo (o trabalho, os estudos, o lazer, as
amizades, a família) torna-se apenas recordações
do dia para a noite a partir do nascimento do bebê.
Nossa vida passa a transcorrer entre 4 paredes
numa rotina aflitiva, sempre à disposição do bebê,
diuturnamente, por tempo indeterminado, que
dura muito mais do que os 42 dias previstos
oficialmente no puerpério para a recuperação
definitiva do corpo físico. Você pode associar o
impacto da chegada de um bebê à mudança para
outro país, quando imaginamos haver um período
de adaptação, ao clima, ao fuso horário, ao idioma.
A chegada de um filho é tipo mudar de país, mas
numa intensidade maior: é como mudar de galáxia.

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Capítulo 5

O PAPEL CENTRAL
DE PROTAGONISTA
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CAPÍTULO 5 - O PAPEL CENTRAL DE


PROTAGONISTA

Você precisa entender que, desde que lhe foi


concedido o dom da maternidade, você passa a
ser a protagonista. E assim permanecerá
enquanto viva for. Você é a referência e
sempre será. Em paralelo a todas as angústias
e incertezas, e mesmo com todas as
dificuldades inerentes ao processo, junto com
uma mãe nasce uma protagonista. E você
precisa assumir essa responsabilidade. Quanto
mais cedo você se organizar, mas fácil se
adaptará a essa nova função. Quer uma dica?
Anote tudo. Sua memória certamente vai te
trair no meio de tantas mudanças e tanta
transformação. Daqui uns anos, quando te
perguntarem qual dente do seu filho caiu
primeiro, você não vai sequer lembrar se foi o
de cima ou o de baixo. E daí virá ainda mais
culpa, porque a mãe torna-se para sempre a
fiel depositária de todas as lembranças do
filho, enquanto estiver viva.

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CAPÍTULO 5 - O PAPEL CENTRAL DE


PROTAGONISTA

Qual foi a primeira palavra, quando deu os


primeiros passos, quem esteve na
maternidade, quem lhe estendeu a mão no
puerpério, os temas das festinhas dos
primeiros anos de vida. Registre tudo. São
lembranças valiosas de uma fase intensa da
sua vida e da vida do seu filho. E todas as vezes
que alguma dessas questões for levantada,
tenha certeza que novamente os holofotes vão
se virar para você. Assuma seu protagonismo
desde o início da gestação. O seu obstetra é
seu médico “assistente”, ou seja, coadjuvante
no processo. Entenda as etapas da gestação
desde o início.

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CAPÍTULO 5 - O PAPEL CENTRAL DE


PROTAGONISTA

Aprenda a contar as semanas, saiba quais


exames fazer e quando fazer, agende-os com
antecedência. Saiba o mínimo que esperar de
cada um deles. Pergunte sempre que tiver
dúvidas. Estude sobre as vias de parto, cada
uma delas, entenda qual se adequa mais às
suas possibilidades e expectativas, qual é mais
segura para você e seu bebê. Entenda que via
de parto não te define, e que você pediu a Deus
a oportunidade de ter um filho, não a
oportunidade de parir via vaginal ou via
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cesariana.
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CAPÍTULO 5 - O PAPEL CENTRAL DE


PROTAGONISTA

Organize seu enxoval emocional com dedicação,


converse com cada um dos eleitos, entregue suas
necessidades para ajustar às possibilidades dos
escolhidos. Lembre-se que a gente não deve
esperar do outro aquilo que ele não é capaz de
oferecer.
Organize-se, entenda suas responsabilidades e
aceite seus limites. Informe-se mais e cobre-se
menos. Todas as vezes em que você se sentir
menos produtiva, lembre que você está
ocupadíssima gerando vida, formando órgãos, isso
requer dedicação aboluta. Não dá para construir
órgãos e manter o mesmo ritmo de produtividade
no trabalho, por exemplo. Aceite diminuir o ritmo,
delegar funções. Não precisa ser você a organizar
TODOS os detalhes do chá de bebê, pôr a mão na
massa todo o tempo. Entender o momento pelo
qual você está passando não é "moleza" ou
"preguiça". É clareza e lucidez.

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Capítulo 6

ENXOVAL
EMOCIONAL
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CAPÍTULO 6 - ENXOVAL EMOCIONAL

O enxoval emocional é a maior ferramenta que


você pode ter disponível para viver a gestação e o
puerpério com o menor número possível de
cicatrizes. É muito comum durante a gestação
falar em quase todo o tempo sobre a montagem do
enxoval “físico” do bebê: Roupas, berço, móveis,
quarto, chá revelação, chá de fraldas... essa
organização costuma ser uma distração e ocupar
um tempo enorme e precioso durante toda a
gestação, tempo este que poderia estar sendo
investido na montagem do grupo seleto e precioso
de pessoas que vão te acolher nos seus momentos
de maior fragilidade durante o ciclo grávido
puerperal.

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CAPÍTULO 6 - ENXOVAL EMOCIONAL

Como compor o “Enxoval Emocional”?

Enxoval Emocional é o pequeno grupo de


pessoas que vai te ver na total fragilidade física e
psicológica e que em vez de te criticar e apontar
defeitos vai te acolher, cuidar, respeitar, apoiar,
estender a mão. São as pessoas que, do alto de
sua generosidade, permitirão que você desfrute de
sua própria experiência sem impor a experiência
delas, e te serão suporte, sem críticas nem
julgamentos.

A seleção dessas pessoas é dificílima. Não é


óbvia, como “a mãe e o parceiro ou a parceira”,
como se faz automaticamente na maioria dos
casos. E é nesse detalhe que normalmente a
situação começa a sair do controle.

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CAPÍTULO 6 - ENXOVAL EMOCIONAL

Muitas vezes você não ressignificou a relação


com sua mãe, por exemplo, e não pode dividir com
ela seus momentos de fragilidade. Ou ela não está
pronta para deixar de ter “o poder” de mãe e
assumir o papel secundário ao seu que nesse
momento passa a ser a protagonista. Se os seus
pais continuarem te colocando em uma posição
infantil, eles destroem sua autonomia em relação
ao funcionamento da nova realidade familiar que
se instalou com a chegada do bebê. O parceiro (ou
a parceira) pode não ter tido o exemplo ou ter
pensado sobre a função de pai, coadjuvante ao
papel da protagonista nesse momento, mas não
menos importante. O papel de quem conduz os
bastidores, regra geral, é o maior alicerce que um
protagonista pode ter. E tem o poder, na maioria
das vezes, de potencializar os resultados do
processo. Os bons e os ruins. 41
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CAPÍTULO 6 - ENXOVAL EMOCIONAL

O que acontece na grande parte das vezes é que


a outra parte não é consultada sobre isso. Quando
se trata das nossas fragilidades, temos o mau
hábito de não conversar diretamente, às claras, e
deixar tudo subentendido. “Ele deve saber o seu
papel, o que eu espero dele.” Ou “é claro que minha
mãe estará ao meu lado”. É bem provável que
esteja ao seu lado, inclusive. Mas vocês
conversaram sobre o que você espera dela neste
momento?
Nós temos o hábito de não conversar.
Infelizmente. Principalmente sobre nossas dores e
nossas fragilidades. E se não mudarmos esse
nosso comportamento, vai por mim, na décima
noite que você estiver sem dormir e ninguém
levantar para revezar os cuidados do bebê com
você, você vai explodir.

42
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CAPÍTULO 6 - ENXOVAL EMOCIONAL

Converse com cada uma das pessoas


candidatas ao seu enxoval emocional. Explique
como está se sentindo e quais são suas
expectativas para os momentos que vêm pela
frente, seja durante a gestação, o parto ou o
puerpério. Dividir suas inseguranças sobre a
aquisição do papel da maternidade. E vai tateando,
antes do bebê nascer, quem está verdadeiramente
disposto a te acolher na sua fragilidade, nua e
crua. Sem te julgar, sem perder a paciência, sem
questionar teus primeiros – e naturalmente
inseguros – passos com aquele novo bebê.

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CAPÍTULO 6 - ENXOVAL EMOCIONAL

Você vai se surpreender com comentários como:


“isso é besteira”, “na hora a gente vê”, “não tive
nada disso e sobrevivi” e então acenda o sinal de
alerta. Pessoas que comentem coisas do tipo:
“será que seu leite vai sustentar o bebê?”,
“gravidez não é doença”, “você não aguenta um
parto normal” , “você precisa comer por dois” ou
“nossa, sua barriga é tão pequena que seu bebê
não deve estar crescendo” devem ter seu lugar no
enxoval emocional cancelado com sucesso, sem
pena, seja quem for.
Entenda desde agora: se esses comentários já te
incomodam nesse momento, em que você está
plena, dormindo toda noite (exceto quando
interrompida pelos "xixi's da madrugada"),
imagina em um momento de intensa fragilidade
como o puerpério? Esses comentários vão te
destruir e deixar cicatrizes profundas. 44
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CAPÍTULO 6 - ENXOVAL EMOCIONAL

Observe mais à sua volta para entender com


quem verdadeiramente você vai poder contar.
É um período curto, mas muito intenso. E quem
vai estar ao teu lado nas trincheiras importa
mais do que a própria guerra. É fundamental
que o enxoval emocional compreenda que
quem cuida do bebê é a MÃE. A função do
entorno é dar suporte à mãe nos processos
paralelos (questões relacionadas à casa, à sua
alimentação, cuidado com as suas roupas e as
do recém nascido e todo o resto) para que ela
possa dedicar-se integralmente ao bebê.
Sugiro que você passe mais tempo
organizando seu enxoval emocional do que
montando o enxoval físico (roupas, fraldas,
quarto) do seu bebê. Isso muda tudo.

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Capítulo 7

O AJUSTE DE
EXPECTATIVAS
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CAPÍTULO 7 - O AJUSTE DE
EXPECTATIVAS

Este é um dos principais tópicos relacionados


ao ciclo grávido puerperal: o ajuste das
expectativas. Para compreender melhor o que
significa esse ajuste preciso te contar um
segredo que talvez ninguém tenha lhe dito de
maneira tão direta: você não escolhe NADA
durante a gestação. NADA. Você
humildemente pede a Deus uma oportunidade
de ser mãe. E ponto final. A partir daí não está
mais no seu controle. Você não escolhe se vai
conseguir engravidar, ou não. E muitas
mulheres têm esse desejo negado. 47
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CAPÍTULO 7 - O AJUSTE DE
EXPECTATIVAS

Se lhe for permitido engravidar, você não decide


se a gestação será tranquila, se chegará até o
final, se terá muitas intercorrências, se o bebê terá
alguma má formação, se sua pressão vai subir, se
você desenvolverá diabetes gestacional, se terá
sangramento, descolamento, nada! Muito menos
definirá segundo sua vontade o sexo do bebê ou a
via de parto. Se vai amamentar ou não. Nada disso
está no seu controle. Quanto mais cedo você
entender isso mais rápido conseguirá ajustar suas
expectativas.
Ainda hoje é muito comum receber famílias que
acreditam firmemente que nada acontecerá
diferente do planejado durante a gestação, que
todas as suas expectativas sobre este momento
da vida serão atendidas. São as famílias que mais
sofrem com as mudanças de rota, que na minha
realidade acontecem diariamente.

48
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CAPÍTULO 7 - O AJUSTE DE
EXPECTATIVAS

Quanto mais informadas são as famílias, mais


cientes estão de que é mais raro chegar ao final
sem nenhuma intercorrência do que o contrário. E
que um dia que se passou em paz e sem
intercorrências é um dia que deve ser louvado e
agradecido. Um exame de ultrassom sem
alterações deve sempre ser um motivo de
gratidão. Todos os dias, infelizmente, eu sou a
portadora de uma notícia dolorosa para alguma
família, seja do falecimento do bebê, seja de
alguma má formação. E todas essas pessoas são
como você, que, por estar se sentindo bem, pensou
que estava tudo certo; ou que isso nunca
aconteceria com seu filho. Nenhuma família entra
em meu consultório cogitando alguma notícia
ruim. E todos os dias eu preciso ser a portadora de
uma notícia difícil para alguma família. Informação
liberta e estar ciente de que quase nada está sob
nosso controle é fundamental. 49
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CAPÍTULO 7 - O AJUSTE DE
EXPECTATIVAS

Todos os dias eu preciso lembrar a alguma


família que não escolhemos nem decidimos
nada. Que humildemente pedimos uma
oportunidade de gestar. Tudo que se segue é
fruto das nossas expectativas e o risco de se
frustrar é enorme. Diante de um diagnóstico
difícil, como uma má formação, por exemplo,
lembro das palavras sábias que um dia me
foram ditas e me marcaram profundamente:
Quando decidimos ter um filho, todas
entramos em um avião que pensamos ter um
único destino. Imaginamos sempre o destino
perfeito, alegre, feliz, colorido, a viagem dos
sonhos à Disney por exemplo. E passamos o
vôo todo comemorando o embarque e a
viagem, jamais cogitamos outro destino.
Durante a conexão, boa parte das gestantes
segue viagem rumo aos Estados Unidos da
América para completar sua viagem e você é
informada de que seu visto não dá direito à
entrada nos EUA, e que você precisa pegar
outro vôo, que te levará para outro destino.
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CAPÍTULO 7 - O AJUSTE DE
EXPECTATIVAS

Você vai passar o resto do vôo frustrada,


decepcionada, culpada, não verá mais nada
além de uma grande cortina de fumaça que te
rouba a alegria da viagem. Nem se importa de
ter conseguido chegar, muito menos percebe
onde desembarcou. Muito ou pouco tempo
depois você começa a olhar para cima e
perceber as belezas da Itália, seu destino final,
e se encanta. Com o passar dos anos você nem
se lembra que lá não era seu destino
idealizado, já está completamente adaptada à
Itália e encantada com suas belezas.

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CAPÍTULO 7 - O AJUSTE DE
EXPECTATIVAS

Essa estória simboliza a gestação. Os EUA


representam a gestação idealizada,
romantizada, enquanto a Itália representa a
gestação não romantizada, a gestação real,
com todas as belezas e desafios de um
processo único, individualizado, intenso e
TRANSFORMADOR. Esteja de coração aberto e
mente alicerçada para entender que a vontade
de Deus é sempre boa, perfeita e agradável. E
HONRE incondicionalmente a missão que lhe
foi confiada pelo tempo que for permitido. O
tempo vai colocar tudo em seu lugar,
inexoravelmente.

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Capítulo 8

AS RESPOSTAS ESTÃO
DENTRO DE VOCÊ
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CAPÍTULO 8 - AS RESPOSTAS ESTÃO


DENTRO DE VOCÊ

Você sempre será a protagonista. Mesmo que


você não assuma seu papel, ele será seu. E, ciente
disso, você decide se vai vivê-lo em plenitude ou
não. Com autonomia ou não. Com alicerce ou não.
O tempo vai passar de qualquer forma, a
gestação, o parto e o puerpério acontecerão. E os
holofotes estarão inevitavelmente direcionados
para você.

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CAPÍTULO 8 - AS RESPOSTAS ESTÃO


DENTRO DE VOCÊ

Cabe a você decidir se vai se informar sobre


o processo, ou se será apenas conduzida por
terceiros. Se vai tomar as rédeas ou
permanecerá sendo levada como as ondas do
mar levam um barco à deriva. Se formará
vínculo com seu bebê desde o primeiro dia do
beta positivo ou se viverá a angústia “eterna”
de quando vai perceber movimentação fetal ou
mais: esperar quando os outros de fora
conseguirão perceber a movimentação para
assim validar seu sentimento. Você vai
escolher se vai amar seu bebê desde o primeiro
dia, ou se o seu amor vai depender da relação
de terceiros com sua gravidez e vai variar
conforme a aceitação deles ou não.

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CAPÍTULO 8 - AS RESPOSTAS ESTÃO
DENTRO DE VOCÊ

É você quem sentirá as mudanças do seu


corpo e essas mudanças estão diretamente
relacionadas às suas atitudes frente à
gestação: quais cuidados você vai tomar com
seu corpo, com sua alimentação. Se você será
uma gestante sedentária ou não. Se sofrerá
com a compulsão alimentar e o ganho de peso
descontrolado. Está em suas mãos a resposta
de como você vai viver esse momento. A
decisão de assumir o protagonismo ou não
ninguém pode tomar que não seja você. Eu
desejo que o amor que você tem pelo seu bebê
desperte definitivamente o amor próprio que a
vida tende a adormecer dentro de nós.

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CAPÍTULO 8 - AS RESPOSTAS ESTÃO


DENTRO DE VOCÊ

O autoconhecimento é uma ferramenta


valiosa que muitas vezes deixamos para trás.
Medo, insegurança, necessidade de aprovação
por parte do entorno e procrastinação são
impostores de todos nós. É urgente a reforma
interna para florescer e conseguir viver o
momento mais transformador de nossas vidas
em plenitude. Essa reforma passa,
obrigatoriamente, pelo reencontro da mãe com
sua própria sombra, mantida em silêncio por
anos de uma vida dedicada a agradar quem nos
cerca. Uma decisão muda tudo. Você não tem
um “por quê”. Agora, você tem um “por quem”
se transformar.

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Capítulo 9

QUANDO PEDIR AJUDA?


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CAPÍTULO 9 - QUANDO PEDIR


AJUDA?

Autoconhecimento é a chave de todos os


mistérios. Você precisa se conhecer para
conhecer seus limites, inclusive para
reconhecer que precisa de ajuda. Pedir ajuda é
sinal de grandeza e discernimento e você não
deve deixar de sinalizar quando percebe que
algo não vai bem. Para criar uma criança, é
fundamental termos alguém que cuide da
nossa retaguarda, seja nosso parceiro (ou
parceira), nossa mãe, nosso pai, nossa avó, um
amigo... Alguém que nos sustente
emocionalmente. A ausência dessa retaguarda
torna todo este período ainda mais obscuro e
desafiador.

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CAPÍTULO 9 - QUANDO PEDIR


AJUDA?

Os sintomas depressivos durante o ciclo


grávido puerperal são muito mais frequentes
do que se imagina, atingindo mais de 25% de
todas as mulheres que engravidam. A apatia
constante, a dificuldade em formar vínculo
com o bebê, variações extremas e constantes
de humor, irritação intensa, choro frequente,
descaso com hábitos simples, como a higiene
pessoal, são sinais que devem ser observados.
As mudanças na vida de uma mulher durante o
ciclo grávido puerperal se assemelham em
intensidade à saída da infância para a entrada
na adolescência. A diferença é que nessa fase
da vida nos são concedidos anos para
assimilar.
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CAPÍTULO 9 - QUANDO PEDIR


AJUDA?

Durante a gestação temos apenas alguns meses


para uma profunda e irreversível transformação,
que envolve mudanças corporais, alterações
hormonais, mudança do papel na configuração
familiar (principalmente no primeiro filho, quando
você deixa a condição de filha para assumir o
papel de mãe), mudanças no estilo de vida, na
rotina, na sua autonomia...são mudanças apenas
suas, profundamente suas. E ser capaz de
gerenciar todo esse processo sem exigir nada de
ninguém, porque nada lhe é devido, é no mínimo
desafiador. O grande segredo está em passar por
tudo isso com o menor número de cicatrizes
possível.

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CAPÍTULO 9 - QUANDO PEDIR


AJUDA?

O resgate da sua identidade depois de todo este


processo é a grande chave deste mistério. O
processo é intenso demais. E a grande maioria das
mulheres não se informa, não se prepara: Deixa o
tsunami chegar e só observa. É aí que o processo
te "engole". E os relacionamentos terminam. E as
relações familiares se deterioram. Tenha em
mente que qualquer recém-mãe, com um mínimo
de suporte por parte do enxoval emocional,
solidariedade, apoio nas funções práticas do dia a
dia é capaz de atravessar esta fase da vida. Nossa
meta é buscar essa organização. Você vai se sentir
perdida e deslocada, e o choro é natural nesses
momentos.
Não espere que as suas forças cheguem no
limite, antes do pânico tornar-se incontrolável: Aja
quando perceber que as coisas estão saindo do
seu controle. Procure ajuda profissional. Seja com
um psicólogo ou um psiquiatra, permita-se ao
menos uma avaliação.
Terapia muda a forma como você interpreta e
reage aos acontecimentos. Dê voz às suas
emoções antes que elas te engulam. Quanto mais
cedo você fizer o caminho de volta, menos
cicatrizes trará. 62
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CAPÍTULO 9 - QUANDO PEDIR


AJUDA?

Sinais de alerta:

- Quando em todas as situações você vê perigo


ou passa a desconfiar de todas as pessoas ao
seu redor.
- Quando você não consegue mais pensar na
possibilidade de se vestir para sair de casa
mesmo que seja dar uma volta no quarteirão.
- Quando a sua rede de apoio precisa sair por
algum tempo e você entra em pânico com a
possibilidade de ficar sozinha com seu bebê;
- Quando a sensação de que estamos fazendo
tudo errado nos sufoca e impede de seguir em
frente.
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Capítulo 10

VAI PASSAR E VOCÊ


VAI SAIR MAIS FORTE
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CAPÍTULO 10 - VAI PASSAR E VOCÊ


VAI SAIR MAIS FORTE

A frase que vou escrever agora pode te servir


como um consolo ou um incentivo: VAI PASSAR.
Querendo você ou não, trabalhando para isso ou
não, vai passar. A gestação vai passar, o parto vai
passar, o puerpério também vai. Seu bebê vai
crescer, vai assumir as rédeas da própria vida
independente da sua vontade. O que muda é o
“como”. Como vai passar. Quando vai passar. E
quem será você depois de tudo isso? Será você
capaz de ressignificar tudo que passou? Será você
capaz de amadurecer? Será você capaz de
exercitar o perdão? Todas essas questões
definirão quem emergirá deste processo: Se o
amor será maior que amargura e o rancor. Se a
gratidão será maior que a frustração e a culpa.
Lembre-se: os holofotes permanecerão apontados
para você. E todos estão ansiosos para conhecer
você no seu papel mais sublime: o papel de mãe.

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CAPÍTULO 10 - VAI PASSAR E VOCÊ


VAI SAIR MAIS FORTE

O grande segredo para viver este momento é


aumentar sua capacidade de observação,
indagação, investigação e questionamentos sobre
si mesma. Quando você separa suas necessidades
adultas das necessidades da sua menina não
atendida (solidão, orfandade, desamparo) mais
você libera seu filho dessa sombra. A resposta
está muito mais em você se libertar e não
transmitir seus traumas a mais uma geração.
Observe (muito) mais e fale menos. Observe as
mudanças do seu corpo, observe a mudança de
todos ao seu redor. Observe suas mudanças de
temperamento. 66
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CAPÍTULO 10 - VAI PASSAR E VOCÊ


VAI SAIR MAIS FORTE

Observe como você reage à sua nova condição:


as dificuldades de posição para dormir, o
desconforto dos seus órgãos internos espremidos
pelo útero em crescimento. Exercite a resiliência.
O processo é fundamentalmente seu e ninguém
tem “culpa” de todo o “desconforto” que você está
sentindo. Você precisa entender isso. Vai trazer
mais leveza e menos cobrança a quem está
próximo de você. A luz que você emana é a luz que
você atrai. Emane mais amor, resiliência e
gratidão. Emane menos cobranças, dores e
reclamações. Você com suas atitudes ensina o
outro como deseja ser tratada. Lembre-se disso.
Acima de tudo, honre incondicionalmente sua
missão. Pelo tempo que lhe seja permitido. Nas
condições que lhe forem apresentadas. Peço a
Deus apenas saúde e que a minha missão nesta
Terra termine antes da missão da minha filha. O
resto a gente resolve. A nossa determinação
precisa ser do tamanho da nossa fé. Não esqueça:
o tempo vai passar, e você permanecerá sendo a
PROTAGONISTA.

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Bônus 1

COMO SER ALICERCE?


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BÔNUS 1 - COMO SER ALICERCE?

Fique. Permaneça. Independente de qualquer


coisa conserve inalterada a imagem de quem
nesse momento está sendo engolida pelo
processo mais intenso e transformador que
pode ocorrer na vida de uma pessoa. Ela está
gerando uma vida dentro de si. O corpo dela
está se modificando totalmente para
acomodar este processo. Ela não é mais dona
de si, vive em função do ser em
desenvolvimento. Ela não escolhe mais sua
rotina, sua alimentação nem a posição em que
vai dormir.
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BÔNUS 1 - COMO SER ALICERCE?

Ela não consegue mais controlar seu


intestino, seu ganho de peso nem suas
emoções. Ela vai passar por uma cirurgia em
breve, seja qual via de parto se instalar. Há
risco de vida para ela e para o bebê
independente de como o processo esteja
caminhando. O bebê recém-nascido depende
do equilíbrio emocional da mãe, e você é o
expectador disso tudo. Você está sentado na
primeira fileira. Seja você o companheiro, a
companheira, o pai, a mãe, a amiga, ela
escolheu você para viver ao lado dela o maior
momento de fragilidade de sua vida. Você é o
enxoval emocional dela. Não a decepcione.
Não sejam medrosos que não suportam os
respingos de tantas mudanças e em vez de
oferecerem compreensão, oferecem traição e
abandono. Em todos os momentos escolham
permanecer. Segure a onda, não complique
ainda mais o momento já tão delicado. A
gestante/recém-mãe/puérpera é a pessoa que
mais precisa de você, enxoval emocional, neste
momento. Acredite: não é o bebê. É a MÃE.
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BÔNUS 1 - COMO SER ALICERCE?

Se a mãe se sentir acolhida, segura e alicerçada,


ela domina o processo, e tudo passa com muito
mais tranquilidade. Não exija que ela tenha
compreensão total e irrestrita do processo porque
biologicamente ela não tem. Exercite sua
paciência, sua resiliência, seu autocontrole e seu
perdão.
Permita que cada mulher recém-mãe construa
sua maneira pessoal de viver a maternidade.
Ajude-a a avaliar suas necessidades e a ouvir sua
intuição. Proteja-a de todo o mal travestido de
“conselhos” de gente que só quer impor sua visão
pessoal sobre o processo. Se você foi escolhido
para estar ao lado, cuide da mulher que está
passando por todo este processo: Uma mulher
jamais esquece de como foi tratada no seu
momento de maior fragilidade. 71
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BÔNUS 1- COMO SER ALICERCE?

No dia a dia:
- Escute todas as queixas com atenção e empatia.
Ela não pode tomar um remédio para dor de
cabeça e você não tem paciência para ouvir.
- Cuide de sua alimentação, especialmente na
presença dela. Mostre-se minimamente
respeitoso. Você sabe que ela não pode consumir
álcool por exemplo, nem abusar das calorias. Faça
o mesmo na presença dela. Isso é respeito.
- Você faz parte do enxoval emocional dela.
Blinde-a de comentários tóxicos, estão por toda a
parte. Proteja-a de todo conselho e comentário
cruel disfarçado de “cuidado”. A saúde mental
dela é tão valiosa quanto a saúde física.

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Bônus 2

A IMPORTÂNCIA DE
ESTAR EM COMUNIDADE
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BÔNUS 2- A IMPORTÂNCIA DE SE JUNTAR


A OUTRAS MULHERES QUE ESTÃO
PASSANDO PELO MESMO MOMENTO

Todas as mulheres no ciclo grávido puerperal


precisam de escuta ativa, compreensão, acolhida e
paciência para não desmoronar diante das feridas
físicas e emocionais deixadas por este momento
da vida. E todas nós buscamos esse apoio no nosso
entorno. A questão é que, na maioria dos casos, o
entorno não está passando pelo mesmo processo
que você. Entenda bem: Você já passou por um bar
lotaaaaado em dia de jogo de futebol e assistiu
aos rapazes enlouquecidos, suando, passando mal,
discutindo visceralmente se era impedimento ou
não, se o juiz está certo ou não, e você pensa:
“Creeeeedo, que ambiente difícil, Deus me livre
estar ali”. Eles estão felizes e completos ali. Você
que não pertence àquele grupo.

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BÔNUS 2- A IMPORTÂNCIA DE SE JUNTAR


A OUTRAS MULHERES QUE ESTÃO
PASSANDO PELO MESMO MOMENTO

Agora imagine o contrário: as pessoas do


entorno vendo o tanto que nós nos queixamos
das dores físicas e da alma durante o período
grávido puerperal. O sentimento de não
pertencimento é o mesmo. Então você precisa
buscar acolhida ao lado de pessoas que estão
passando pelo mesmo momento de vida que
você. Só assim você se sentirá acolhida na sua
integralidade. Existem diversas comunidades
de mulheres que se acolhem durante este
momento. A nossa Comunidade RHEA é uma
delas, e você sempre será bem vinda entre nós.

Conheça nossa Comunidade em @anateresamuri


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