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também Putnam (1996) desenvolveu uma reflexão sobre o que se pode fazer para aper-
feiçoar as instituições democráticas no sentido de assegurarem o bem-estar das comu-
nidades. Sobre este assunto, os autores aprofundaram uma reflexão e mostraram que o
sucesso das políticas públicas e dos programas de governação depende dos mecanismos
adoptados para que estes estejam em estreita correlação com as complexidades constitu-
cionais e institucionais, descritos como valores culturais, normas, princípios, estilos de
Por uma questão de hipótese de trabalho, Bobbio (1986) sugere que as bases para a edifi-
cação dos pilares da boa governação assentam nos limites derivados do reconhecimento
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governativo, a confiança é avaliada pelo índice ou predisposição dos indivíduos para
níveis de abstenção política, a esperança dos cidadãos de verem os seus problemas re-
solvidos dentro do sistema da justiça formal ou informal são, entre outros indicadores,
A abordagem do conceito confiança desenvolvida por Bobbio e mais tarde por Hyden
não é tão revolucionária como pode transparecer. Locke, teórico do contrato social, usou
o conceito legitimidade para referir-se à ideia de confiança estudada por Hyden e viu que
o público dava obediência e legitimidade aos líderes em troca do exercício efectivo da
governação. Ademais, de acordo com Locke, se os líderes revelassem incapacidade nos
seus actos, o público retiraria a sua lealdade e deixaria de obedecer. Na literatura soci-
ológica, Weber anunciou três tipos de autoridade: carismática, tradicional e legal. Para
cada uma destas autoridades, a base de confiança depende de diferentes factores1 entre
os quais a devoção, profissionalismo e outros. Embora, em termos teóricos, o conceito de
legitimidade tenha sido inicialmente abordado na Sociologia, é na Ciência Política que
foi mais desenvolvido e aprofundado.
1 - De acordo com Weber, a dominação carismática repousa na crença de santidade, heroísmo
ou exemplaridade de uma pessoa e nas ordenações por ela criadas ou reveladas. Weber usou a
palavra devoção para designar a atitude dos seguidores do dominador carismático. Em termos
reais, este tipo de dominação ajusta-se à figura de grandes líderes religiosos, sociais ou
políticos
e de grandes condutores de multidões ou de adeptos. A dominação tradicional repousa sobre
a
crença quotidiana da santidade das tradições que vigoram desde os tempos distantes e na
legit-
imidade daqueles que são indicados por essa tradição para exercerem a autoridade. No caso
de
autoridade tradicional, a obediência é devida à pessoa do senhor indicado pela tradição e a ela
vinculado, dentro do círculo dos costumes: dominação e obediência na família, nos feudos, na
tribo e em certos tipos de relações tradicionais. Nos sistemas em que vigora a dominação
tradi-
cional, as pessoas têm autoridade não por causa das suas qualidades intrínsecas, como
acontece
nos sistemas carismáticos, mas por causa da herança ou das instituições ou tradição que
repre-
sentam. Finalmente, a dominação de carácter racional repousa sobre a crença na legalidade de
ordenações instituídas racionalmente e dos direitos de mando das pessoas a quem essas
ordena-
ções responsabilizam pelo exercício da autoridade. A autoridade é, portanto, a contrapartida
da
responsabilidade. No caso da autoridade legal, a obediência é devida às ordenações
impessoais
e objectivas, legalmente instituídas, e às pessoas por elas designadas, que agem dentro de
uma
jurisdição. A autoridade racional fundamenta-se em leis que estabelecem direitos e deveres
para
os integrantes de uma sociedade ou organização. Por isso, a autoridade que Weber chama de
racional é sinónimo de autoridade formal. Uma sociedade, organização ou grupo que depende
de leis racionais tem estrutura do tipo legal-racional ou burocrática. Depois de descrever os
três
tipos puros de autoridade, Weber analisou as características da dominação racional ou então
as
Feita a análise detalhada destes elementos, Weber concluiu que a organização burocrática é a
forma mais racional de exercer a dominação. A burocracia possibilita o exercício de
autoridade
e obediência com precisão, continuidade, disciplina, rigor e confiança.
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Abrahamsson (1998), depois de mostrar que o conceito de legitimidade aparece muitas
vezes ligado à ideia de legalidade, fez uma distinção entre eles. Segundo o autor, os ac-
tos legais aparecem prescritos em conformidade com os procedimentos constitucionais,
de reciprocidade, entendida como uma das variáveis do conceito governação, e daí aferi-
la como sendo os níveis de interacção social entre os diferentes actores políticos e sociais
que fazem parte de uma estrutura política. A confiança e a reciprocidade são condições
através das quais as regras de prestação de contas e accountability são aceites por to-
dos os intervenientes. A responsabilidade dos actores individuais e colectivos é avaliada
através dos mecanismos pelos quais os agentes e instituições devem ver as suas acções
Estes princípios consolidados no limiar da década de 80, fizeram parte do debate políti-
co-filosófico e sustentaram o edifício que suporta os princípios da boa governação, ao
Definido nesta dimensão, a boa governação tem como objectivo influenciar o desen-
volvimento e o crescimento económico. De acordo com o Banco, a consolidação dos
pilares da boa governação é compensada pelo aleitamento de instituições e regras que
assegurem o desenvolvimento da capacidade humana e institucional através da melhoria
da qualidade do sector público, accountability e transparência no processo de tomada de
decisões de interesse mais geral.
jogo democrático.
Embora exista uma variedade de categorias do conceito de governação (governação
política, governação económica, governação centralizada, governação descentralizada,
pública), existe uma percepção quase consensual de que o processo de governação im-
plica a existência de instituições eficazes que respeitem princípios universais tais como:
participação, accountability, transparência e descentralização. Estes princípios, embora
debatidos nos níveis institucionais, têm indicadores específicos que podem ser mensura-
dos através de um processo de monitoria da governação.
A título de exemplo, num processo governativo, a média da participação pode ser aval-
iada através dos seguintes mecanismos existentes nas instituições que garantem uma
através de: g) Definição dos níveis de abertura das instituições aos cidadãos; h) Mecan-
ismos estruturados para prestação de contas aos cidadãos; i) Espaços para promoção de
estão sendo engendrados à volta deste assunto. Por isso, apresentamos neste capítulo
alguns elementos do eixo estrutural da reflexão desenvolvida à volta do debate teórico
sobre a acção governativa.