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Exmo.

Senhor Presidente
Junta de Freguesia
Freguesia de Linhares da Beira
V/Ref.: Pedido de Parecer
N/Ref.: CJ/DM/1849/2021
Lisboa, 16 dezembro de 2021
Assunto: Parecer - Ajudas de Custo – Linhares da Beira

Exmo. Senhor Presidente,


Acusando a receção do seu pedido de informação e relativamente ao assunto em epígrafe,
cumpre-nos informar:
PARECER
O Senhor Presidente da Junta de Freguesia veio expor a seguinte situação:
“Pedido de Parecer- Despesas de Deslocação Freguesia de Linhares da Beira
(…) Vimos por este meio pedir que nos informem:
- se as despesas de deslocação para as reuniões da assembleia da junta de freguesia terão que ser
suportadas pela junta de freguesia ou pelo deputado da assembleia?
-se for um custo que a freguesia terá que suportar, qual o valor pago ao quilómetro, assim como a partir
de quantos quilômetros terão que ser pagos? (…)”
CUMPRE DECIDIR
a) Delimitação da legislação aplicável
1) Analisamos sobretudo os seguintes diplomas:
➢ A Lei nº 75/2013, de 12 de Setembro, que contém em anexo o Regime Jurídico das Autarquias
Locais (Adiante designado por RJAL)12;
➢ A Lei n.º 29/87 de 30 de Junho e alterações sucessivas3 que estabelece o Estatuto dos Eleitos
Locais (Adiante também designado por EEL)
➢ A Lei nº 11/96, de 18 de Abril de 18 de Abril e alterações sucessivas4 que estabelece o Regime
do Exercício de Mandato por parte dos membros das Juntas de Freguesia (A seguir também
designado por RMJF)
➢ O Decreto-Lei nº 106/98, de 24 de Abril e alterações sucessivas5 que estabelece o regime
aplicável às Ajudas de Custo dos Funcionários Públicos

1
[Estabelece o regime jurídico das autarquias locais, aprova o estatuto das entidades intermunicipais, estabelece o
regime jurídico da transferência de competências do Estado para as autarquias locais e para as entidades
intermunicipais e aprova o regime jurídico do associativismo autárquico.]
2
Aclarada e alterada pelos seguintes diplomas: Declaração de Retificação n.º 46-C/2013, de 1 de Novembro;
Declaração de Retificação n.º 50-A/2013, de 11 de Novembro, Lei n.º 25/2015, de 30 de Março, com produção de
efeitos desde a data de entrada em vigor da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, ou seja a 30 de Setembro de 2013;
Lei n.º 69/2015, de 16 de Julho – início de vigência a 17 de Julho de 2015. Ver ainda o artigo 194º da Lei nº 7-A/2016,
de 30 de Março (Lei do Orçamento de Estado para 2016) que altera o artigo 17º e a Lei nº 42/2016, de 28 de
Dezembro, (Lei do Orçamento de Estado para 2017) a qual altera o artigo 18º, com início de vigência em 1 de Janeiro
de 2017 (artigo 261º), pela Lei nº 50/2018, de 16 de Agosto que revoga os artigos 132º a 136º do RJAL (art. 41º, nº1) e
Lei nº 66/2020, de 4 de novembro.
3
Com as alterações introduzidas pelos seguintes diplomas: Lei nº 97/89, de 15 de Dezembro; Lei nº 1/91, de 10 de
Janeiro; Lei nº 11/91, de 17 de Maio; Lei nº 11/96, de 18 de Abril; Lei nº 127/97, de 11 de Dezembro; Lei nº 50/99, de
24 de Junho; Lei nº 86/2001, de 10 de Agosto; Lei nº 22/2004, de 17 de Junho; Lei nº 52-A/2005, de 10 de Outubro, a
Lei nº 53-F/2006, de 29 de Dezembro e a Lei nº 2/2020, de 31 de Março.
4
Com as alterações introduzidas pelos seguintes diplomas: Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro – início de vigência em
18 de Outubro de 1999; - Lei n.º 87/2001, de 10 de Agosto - início de vigência em 1 de Janeiro de 2002 (data da
entrada em vigor da Lei do Orçamento do Estado para o ano de 2002), e a Lei n.º 36/2004, de 13 de Agosto – início de
vigência em 18 de Agosto de 2004.
5
Estabelece normas relativas ao abono de ajudas de custo e de transporte pelas deslocações em serviço público -
alterado pelos seguintes diplomas: Lei Nº 82-B/2014, 31 de Dezembro (Orçamento do Estado para 2015) (altera o
artigo 9.º), a Lei Nº 66-B/2012, 31 de Dezembro (Orçamento do Estado para 2013) (altera os artigos 6.º, 10.º e 24.º);
Lei Nº 64-B/2011, de 30 de Dezembro de 2011 (Orçamento do Estado para 2012) (altera o artigo 25.º). Decreto-Lei Nº
137/2010, de 28 de Dezembro (altera o artigo 1.º e determina que todas as referências a funcionário ou agente devem
ter-se por efectuadas a trabalhadores em funções públicas e que o disposto no artigo 1.º do presente diploma tem
natureza imperativa, prevalecendo sobre quaisquer outras normas, gerais ou excepcionais, em contrário e sobre
instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho e contratos de trabalho, não podendo ser afastado ou
modificado pelos mesmos).
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➢ O Decreto-Lei nº 192/95, de 28 de Julho e alteração6 (Disciplina o abono de ajudas de custo por
deslocação em serviço ao estrangeiro)
b) Direitos, Remuneração, compensação mensal, subsídios e despesas de representação
1. Termos gerais
2) O artigo 5º, n.º 1 do EEL estabelece um conjunto de direitos dos Eleitos Locais:
Lei n.º 29/87 de 30 de Junho - Estatuto dos Eleitos Locais
Artigo 5.º Direitos
1 - Os eleitos locais têm direito:
a) A uma remuneração ou compensação mensal e a despesas de representação;
b) A dois subsídios extraordinários anuais;
c) A senhas de presença;
d) A ajudas de custo e subsídio de transporte;
e) À segurança social;
f) A férias;
g) A livre circulação em lugares públicos de acesso condicionado, quando em exercício das respectivas funções;
h) A passaporte especial, quando em representação da autarquia;
i) A cartão especial de identificação;
j) A viatura municipal, quando em serviço da autarquia;
l) A protecção em caso de acidente;
m) A solicitar o auxílio de quaisquer autoridades, sempre que o exijam os interesses da respectiva autarquia local;
n) À protecção conferida pela lei penal aos titulares de cargos públicos;
o) A apoio nos processos judiciais que tenham como causa o exercício das respectivas funções;
p) A uso e porte de arma de defesa;
q) Ao exercício de todos os direitos previstos na legislação sobre protecção à maternidade e à paternidade;
r) A subsídio de refeição, a abonar nos termos e quantitativos fixados para a Administração Pública.
2 - Os direitos referidos nas alíneas a), b), f), p), q) e r) do número anterior apenas são concedidos aos eleitos em
regime de permanência.
3 - O direito referido na alínea e) do n.º 1 apenas é concedido aos eleitos em regime de permanência ou em regime de
meio tempo.
4 - O direito referido na alínea h) do n.º 1 é exclusivo dos presidentes das câmaras municipais e dos seus substitutos
legais. Contém as alterações dos seguintes diplomas: Lei n.º 127/97, de 11/12, Lei n.º 50/99, de 24/06, Lei n.º 22/2004, de 17/06, Lei n.º 52-
A/2005, de 10/10, Lei n.º 2/2020, de 31/03
3) Nos termos dos artigos 5º, nº1, alínea d), 11º e 12º do EEL, há lugar à atribuição de
ajudas de custo e de subsídio de transporte custo aos eleitos locais, designadamente
aos membros das Câmaras Municipais e das Assembleias Municipais, nos termos e
quantitativo aplicáveis aos funcionários públicos.
4) Note-se que nos termos do nº2 do artigo 5º do EEL, a atribuição das Ajudas de Custo e do
subsídio de transporte não está limitada aos eleitos locais em regime de permanência,
posto que a alínea d) do nº1, não está compreendida entre as alíneas indicadas no nº2.
Lei n.º 29/87 de 30 de Junho – Estatuto dos Eleitos Locais
Artigo 5.º Direitos
1 - Os eleitos locais têm direito: (…)
d) A ajudas de custo e subsídio de transporte; (…)
2 - Os direitos referidos nas alíneas a), b), f), p), q) e r) do número anterior apenas são concedidos aos eleitos em regime
de permanência.(…)
Artigo 11.º Ajudas de custo
1 - Os membros das câmaras municipais e das assembleias municipais têm direito a ajudas de custo a abonar nos
termos e no quantitativo fixado para a letra A da escala geral do funcionalismo público quando se desloquem, por motivo
de serviço, para fora da área do município.
2 - Os vereadores em regime de não permanência e os membros da assembleia municipal têm direito a ajudas de custo
quando se desloquem do seu domicílio para assistir às reuniões ordinárias e extraordinárias e das comissões dos
respectivos órgãos.
Artigo 12.º Subsídio de transporte
1 - Os membros das câmaras municipais e das assembleias municipais têm direito ao subsídio de transporte, nos termos
e segundo a tabela em vigor para a função pública, quando se desloquem por motivo de serviço e não utilizem viaturas
municipais.
2 - Os vereadores em regime de não permanência e os membros da assembleia municipal têm direito a subsídio de

6
Com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 137/2010, de 28 de Dezembro
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transporte quando se desloquem do seu domicílio para assistirem às reuniões ordinárias e extraordinárias e das
comissões dos respectivos órgãos.
5) A atribuição das ajudas de custo justifica-se por: “A razão de ser da atribuição de ajudas de
custo é a compensação dos eleitos locais pelas despesas de alimentação e de dormida acrescidas
pelo facto de, por motivos ligados ao desempenho das suas funções, estarem deslocados
temporariamente do seu centro de vida”7
Ou: “As ajudas de custo têm por objetivo compensar as despesas acrescidas de alimentação e de
dormida dos eleitos locais pelos dois tipos de motivos invocados.”8
6) Com a atribuição de subsídio de transporte: “Pretende a lei compensar os referidos eleitos
locais das despesas de transporte resultantes das deslocações entre o seu domicílio e o local de
realização das reuniões dos respetivos órgãos, relevando também neste caso o conceito de domicílio
previsto no nº1 do art. 82º do Código Civil (domicílio voluntário)”9
Ou: “A atribuição do subsídio de transporte tem por fundamento compensar os eleitos locais do
acréscimo de despesas que representam as deslocações por motivos de serviço ligados à sua
qualidade de autarcas sem que utilizem viaturas da freguesia ou compensar os autarcas em regime
de não permanência quando se desloquem do seu domicílio para assistirem às reuniões dos
respetivos órgãos”10
7) O RMJF manda aplicar o EEL subsidiariamente (e com adaptações) aos eleitos do
executivo das Freguesias (artigo 11º do RMJF que, aliás, erradamente até designa por
“órgãos das Juntas de Freguesias”…) e não diretamente, o que nem sempre é sopesado
com o rigor devido pela doutrina.
8) Assim sendo, haverá lugar a atribuição das ajudas de custo e subsídios de transporte
também aos Presidentes e Vogais das Juntas de Freguesia, independentemente do
regime de funções, e aos membros das Assembleias de Freguesia11.
Lei nº 11/96, de 18 de Abril de 18 de Abril – RMJF
Artigo 11.º Legislação aplicável
Aplicam-se subsidiariamente aos eleitos para órgãos das juntas de freguesia, com as necessárias adaptações, as
normas da Lei n.º 29/87, de 30 de Junho.
2. Desenvolvimento
9) O desenvolvimento do regime relativo às Ajudas de Custo e subsídio de transporte consta
do Decreto-Lei nº 106/98, de 24 de Abril, sucessivamente alterado12, adiante também
referido como Regime das Ajudas de Custo ou (RAJ).
10) A este diploma legal acresce em complemento o Decreto-Lei nº 192/95, de 28 de Julho e
alteração13 (Disciplina o abono de ajudas de custo por deslocação em serviço ao
estrangeiro)
11) O artigo 1º do RAJ estabelece o âmbito de aplicação do diploma:
Decreto-Lei nº 106/98, de 24 de Abril - RAJ
Artigo 1.º Âmbito de aplicação pessoal
1 - Os trabalhadores que exercem funções públicas, em qualquer modalidade de relação jurídica de emprego público dos
órgãos e serviços abrangidos pelo âmbito de aplicação objectivo da Lei n.º 12-A/2008, de 27 de Fevereiro, quando
deslocados do seu domicílio necessário por motivo de serviço público, têm direito ao abono de ajudas de custo e
transporte, conforme as tabelas em vigor e de acordo com o disposto no presente diploma. (…)
Contém as alterações dos seguintes diplomas: DL n.º 137/2010, de 28/12
12) O artigo 2º do RAJ fixa o sentido de domicílio legalmente operante:
Decreto-Lei nº 106/98, de 24 de Abril
Artigo 2.º Domicílio necessário

7
Parecer da CCDR-Alentejo nº 67/2014, de 18 de Agosto de 2014
8
Parecer da CCDR Centro 3/2006 de 7 de Fevereiro de 2006
9
Parecer da CCDR-Alentejo nº 67/2014, de 18 de Agosto de 2014
10
Parecer da CCDR Centro 3/2006 de 7 de Fevereiro de 2006
11
Dr.ª Maria José Castanheira Neves, “Governo e Administração Local”, Coimbra Editora, 2004, páginas 177 e
seguintes. A autora defende a extensão do regime também para os membros de Assembleia de Freguesia – NRP 132.
12
Atualizado de acordo com os seguintes diplomas: Decreto-Lei 137/2010, de 28 de Dezembro – início de vigência 29
de Dezembro de 2010; Lei n.º 64-B/2011, de 30 de Dezembro – início de vigência em 1 de Janeiro de 2012, Lei 66-
B/2012, de 31 de Dezembro – início de vigência em 1 de Janeiro de 2013, Lei n.º 82-B/2014, de 31 de Dezembro –
início de vigência em 1 de Janeiro de 2015, Decreto-Lei n.º 33/2018, de 15 de Maio.
13
Com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 137/2010, de 28 de Dezembro.
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Sem prejuízo do estabelecido em lei especial, considera-se domicílio necessário, para efeitos de abono de ajudas de
custo:
a) A localidade onde o funcionário aceitou o lugar ou cargo, se aí ficar a prestar serviço;
b) A localidade onde exerce funções, se for colocado em localidade diversa da referida na alínea anterior;
c) A localidade onde se situa o centro da sua actividade funcional, quando não haja local certo para o exercício de
funções.
13) O domicílio legal dos “empregados públicos” é o do lugar certo para o exercício dos seus
empregos, sendo esse o seu domicílio necessário. Este é determinado pela posse do
cargo ou pelo exercício das respetivas funções (nº2 do artigo 87º)
Código Civil – CC
Artigo 87.º (Domicílio legal dos empregados públicos)
1. Os empregados públicos, civis ou militares, quando haja lugar certo para o exercício dos seus empregos, têm nele
domicílio necessário, sem prejuízo do seu domicílio voluntário no lugar da residência habitual.
2. O domicílio necessário é determinado pela posse do cargo ou pelo exercício das respectivas funções.
14) Parece claro que a existência de um domicílio necessário não prejudica a existência de um
domicílio voluntário, como a lei indica na parte final do nº1 do artigo 87º do CC.14
15) Em todo o caso, e para que fique claro, o domicílio que importa aqui reter é o contido no
nº2 do normativo.
3. Condições Objetivas de atribuição
16) Apresentemos de forma sintética quanto possível, o quadro do atual regime, debruçando-
nos, nomeadamente, sobre os artigos 3º,4º,6º,8º, nºs 1 e 2 e 10º do RAJ…Assim, importa
desde já, ter uma noção para o tipo de deslocação, sendo que esta pode ser diária ou por
dias sucessivos nos termos dos Art.ºs3º e 4ºdo RAJ:
Decreto-Lei nº 106/98, de 24 de Abril
CAPÍTULO II Ajudas de custo em território nacional
Artigo 3.ºTipos de deslocação
As deslocações em território nacional classificam-se em diárias e por dias sucessivos.
Artigo 4.º Deslocações diárias
Consideram-se deslocações diárias as que se realizam num período de vinte e quatro horas e, bem assim, as que,
embora ultrapassando este período, não impliquem a necessidade de realização de novas despesas.
17) Há que estar cumprido o requisito mínimo relativo à deslocação disposto no artº 6º do RAJ,
sujeito a restrições várias durante o período de assistência financeira ao Estado Português:
Decreto-Lei nº 106/98, de 24 de Abril
Artigo 6.º Direito ao abono
Só há direito ao abono de ajudas de custo nas deslocações diárias que se realizem para além de 20 km do domicílio
necessário e nas deslocações por dias sucessivos que se realizem para além de 50 km do mesmo domicílio.
Contém as alterações dos seguintes diplomas: Lei n.º 66-B/2012, de 31/12
18) Relativamente à fixação concreta dos montantes, chamamos a atenção para o nºs 1 e 2 do
artº 8º do RAJ e, eventualmente, para o artigo 10º, nº1 do RAJ
Decreto-Lei nº 106/98, de 24 de Abril
Artigo 8.º Condições de atribuição
1 - O abono da ajuda de custo corresponde ao pagamento de uma parte da importância diária que estiver fixada ou da
sua totalidade, conforme o disposto nos números seguintes.
2 - Nas deslocações diárias, abonam-se as seguintes percentagens da ajuda de custo diária:
a) Se a deslocação abranger, ainda que parcialmente, o período compreendido entre as 13 e as 14 horas - 25%;
b) Se a deslocação abranger, ainda que parcialmente, o período compreendido entre as 20 e as 21 horas - 25%;
c) Se a deslocação implicar alojamento - 50%.
3 - As despesas de alojamento só são consideradas nas deslocações diárias que se não prolonguem para o dia seguinte,
quando o funcionário não dispuser de transportes colectivos regulares que lhe permitam regressar à sua residência até
às 22 horas. (…)
Artigo 10.º Casos especiais
1 - Quando o trabalhador não dispuser de transporte que lhe permita almoçar no seu domicílio necessário ou nos
refeitórios dos serviços sociais a que tenha direito pode ser concedido abono para despesa de almoço de uma
importância equivalente a 25 % da ajuda de custo diária nas deslocações até 20 km, após apreciação pelo dirigente do
serviço. (…)

14
Existe ainda a noção de domicílio profissional, a qual consta do artigo 83º do CC. A sua indicação aqui visa reforçar
a ideia de que atribuição das ajudas de custo é equiparada pela lei ao sistema vigente para o funcionalismo público.
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19) No caso da utilização de meios aéreos, veja-se a referência aos artigos 24º e 25º do RAJ:
Decreto-Lei nº 106/98, de 24 de Abril
Artigo 24.º Uso do avião
1 - A utilização de avião no continente tem sempre carácter excepcional, dependendo de autorização do membro do
Governo competente.
2 - A autorização do membro do Governo a que se refere o número anterior é dispensada quando a utilização do avião
seja o meio de transporte mais económico.
Contém as alterações dos seguinte diploma: Lei n.º 66-B/2012, de 31/12
Artigo 25.º Classes nos transportes
1 - O abono de transporte ao pessoal abrangido por este diploma é atribuído nas classes indicadas nos números
seguintes. (…)
3 - Por via aérea:
Classe turística ou económica:
a) Viagens de duração não superior a quatro horas; (…)
Contém as alterações do seguinte diploma: Lei n.º 64-B/2011, de 30/12
Artigo 26.º Âmbito das despesas de transporte e modos de pagamento
As despesas de transporte devem corresponder ao montante efectivamente despendido, podendo o seu pagamento ser
efectuado nas formas seguintes:
a) Através de requisição de passagens às empresas transportadoras, quer directamente por reembolso ao funcionário ou
agente;
b) Atribuição de subsídio por quilómetro percorrido, calculado de forma a compensar o funcionário ou agente da despesa
realmente efectuada.
20) Relativamente ao subsídio de transporte, rege o artigo 27º do RAJ, desde logo
apresentando a necessidade da deslocação se fazer com viatura própria (nº1). Em
qualquer caso, não sujeita à restrição quilométrica mencionada para as ajudas de custo:
Decreto-Lei nº 106/98, de 24 de Abril
Artigo 27.º Subsídio de transporte
1 - O subsídio de transporte depende da utilização de automóvel próprio do funcionário ou agente.
2 - Para além do subsídio referido no número anterior, são fixados por despacho do Ministro das Finanças outros
subsídios da mesma natureza, designadamente para percursos a pé, em velocípedes, ciclomotores, motociclos e
outros.
3 - O abono dos subsídios de transporte é devido a partir da periferia do domicílio necessário dos funcionários ou
agentes.
4 - A revisão e alteração dos quantitativos dos subsídios de transportes são efectuadas anualmente no diploma previsto
no artigo 38.º (…)
21) A decisão é tomada nos termos dos artigos 32º e 35 do RAJ, o que já resultaria do artigo
19º do RJAL acima referido
Decreto-Lei nº 106/98, de 24 de Abril
Artigo 32.º Administração local
As competências que nos artigos 10.º, 12.º, n.º 2, 14.º, n.º 1, 20.º, 21.º, 22.º, 24.º, 25.º, n.os 4, 6 e 8, 33.º, n.º 2, e 36.º,
n.º 2, são cometidas a membros do Governo ou a dirigentes dos serviços, no âmbito da administração local, são
exercidas pelos seguintes órgãos ou entidades: (…)
c) Nas juntas de freguesia, pela junta de freguesia (…)
22) O RAJ remete ainda para outro diploma a fixação dos montantes em apreço:
Decreto-Lei nº 106/98, de 24 de Abril
Artigo 38.º Forma legal para fixação de ajudas de custo e subsídio de transporte
Os montantes das ajudas de custo e subsídio de transporte previstos neste diploma constam do diploma legal que fixar
anualmente as remunerações dos funcionários e agentes da Administração Pública.
23) Temos então de contar a especial previsão da lei orçamental para cada ano, se aplicável a
este particular das Ajudas de custo e subsídios de transporte (o que nem sempre sucede),
com o disposto na Portaria nº 1553-D/2008, de 31 de Dezembro 15 por referência à Tabela

15
Procede à revisão anual das tabelas de ajudas de custo, subsídios de refeição e de viagem, bem como dos
suplementos remuneratórios, para os trabalhadores em funções públicas e actualiza as pensões de aposentação e
sobrevivência, reforma e invalidez
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Remuneratória Única (A seguir também designada por TRU) prevista na Portaria nº
1553-C/2008, de 31 de Dezembro.1617..
24) Ora, a Portaria nº 1553-D/2008, de 31 de Dezembro contém a súmula das várias
situações nos seus artigos 2º a 4º. A mesma Portaria nº 1553-D/2008, de 31 de
Dezembro contém especiais referências ao abono por ajudas de custo por deslocações ao
estrangeiro, trata-se do seu artigo 5º:
Portaria nº 1553-D/2008, de 31 de Dezembro
Manda o Governo, pelo Ministro de Estado e das Finanças, o seguinte: (…)
2.º As ajudas de custo a que se refere o artigo 38.º do Decreto-Lei n.º 106/98, de 24 de Abril, passam a ter os
seguintes valores:
a) Membros do Governo — € 69,19;
b) Trabalhadores que exercem funções públicas:
i) Com remunerações base superiores ao valor do nível remuneratório 18 — € 62,75;
ii) Com remunerações base que se situam entre os valores dos níveis remuneratórios 18 e 9 — € 51,05;
iii) Outros trabalhadores — € 46,86.
3.º Os níveis remuneratórios referidos no número anterior são os da tabela remuneratória única dos trabalhadores que
exercem funções públicas.
4.º Em 2009, os quantitativos dos subsídios de transporte a que se refere o artigo 38.º do Decreto -Lei n.º 106/98, de
24 de Abril, são os seguintes:
a) Transporte em automóvel próprio — € 0,40 por quilómetro;
b) Transporte em veículos adstritos a carreiras de serviço público — € 0,12 por quilómetro;
c)Transporte em automóvel de aluguer:
i) Um trabalhador — € 0,38 por quilómetro;
ii) Trabalhadores transportados em comum:
1) Dois trabalhadores — € 0,16 cada um por quilómetro;
2) Três ou mais trabalhadores — € 0,12 cada um por quilómetro.
25) Note-se que, fruto dos constrangimentos de ordem financeira decorrentes do período de
assistência financeira à República Portuguesa, os valores originários foram sendo
reduzidos ou oscilaram, por virtude da entrada em vigor quer do Decreto-Lei nº 137/2010,
de 28 de Dezembro, quer da Lei nº 66-B/2012, de 31 de Dezembro, que aprovou o
orçamento de Estado para 2013. Apontem-se as respetivas reduções - Artigo 4º,nºs 1 e 4:
Decreto-Lei nº 137/2010, de 28 de Dezembro, PEC III depois da LOE13
Artigo 4.º Redução do valor das ajudas de custo e do subsídio de transporte
1 - Os valores das ajudas de custo a que se refere o artigo 38.º do Decreto-Lei n.º 106/98, de 24 de Abril, fixados pelo
n.º 2.º da Portaria n.º 1553-D/2008, de 31 de Dezembro, são reduzidos da seguinte forma:
a) 20 % no caso da subalínea i) da alínea b) do n.º 2.º da Portaria n.º 1553-D/2008, de 31 de Dezembro;
b) 15 % no caso das subalíneas ii) e iii) da alínea b) do n.º 2.º da Portaria n.º 1553-D/2008, de 31 de Dezembro.
2 - Os valores das ajudas de custo fixados nos termos do disposto no artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 106/98, de 24 de
Abril, são reduzidos em 20 %.
3 - Os valores das ajudas de custo a que se refere o artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 192/95, de 28 de julho, fixados pelo
n.º 5 da Portaria n.º 1553-D/2008, de 31 de dezembro, alterada pela Portaria n.º 1458/2009, de 31 de dezembro, são
reduzidos da seguinte forma:
a) 40 % no caso da alínea a) e da subalínea i) da alínea b) do n.º 5 da Portaria n.º 1553-D/2008, de 31 de dezembro,
alterada pela Portaria n.º 1458/2009, de 31 de dezembro;
b) 35 % no caso das subalíneas ii) e iii) da alínea b) do n.º 5 da Portaria n.º 1553-D/2008, de 31 de dezembro, alterada
pela Portaria n.º 1458/2009, de 31 de dezembro.
4 - Os valores dos subsídios de transporte a que se refere o artigo 38.º do Decreto-Lei n.º 106/98, de 24 de Abril,
fixados pelo n.º 4.º da Portaria n.º 1553-D/2008, de 31 de Dezembro, são reduzidos em 10 %.
Contém as alterações dos seguintes diplomas: Lei n.º 66-B/2012, de 31/12
26) Assim, tomando por referência os valores atribuídos aos trabalhadores, o valor em apreço
para as ajudas de custo será de €46,86 – 15% = €39,83;
27) Já para os quantitativos dos subsídios de transporte e tomando por referência, o valor
atribuído ao trabalhador que se desloque em automóvel próprio é: €0,40,00-10%= €36,00.

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Aprova a tabela remuneratória única dos trabalhadores que exercem funções públicas, contendo o número de níveis
remuneratórios e o montante pecuniário correspondente a cada um e actualiza os índices 100 de todas as escalas
salariais
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Mantida pela Lei nº 35/2014, de 20 de junho, e sujeita às atualizações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 10/2021, de
1 de Fevereiro e pelo Decreto-Lei nº 109-A/2021, de 7 de dezembro, mas sem impactos diretos na questões colocadas.
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28) Importa ainda que o eleito preencha o modelo nº 683 da INCM com o itinerário das
deslocações.
e) Síntese Conclusiva
29) Assim, haverá lugar a atribuição de Ajudas de Custo se estiverem preenchidas as condições
objetivas da sua atribuição para cada caso específico
f) Questões colocadas
30) se as despesas de deslocação para as reuniões da assembleia da junta de freguesia terão que
ser suportadas pela junta de freguesia ou pelo deputado da assembleia?
Como acima verificámos, os membros da assembleia de freguesia, enquanto eleitos
locais, nos termos e para os efeitos do artigo 5º, nº1, al. d) do EEL têm direito à
atribuição de ajudas de custo e subsídio de transporte, desde que, naturalmente,
preencham os pressupostos objetivos da sua atribuição.
31) Se for um custo que a freguesia terá que suportar, qual o valor pago ao quilómetro, assim
como a partir de quantos quilômetros terão que ser pagos?
Haverá lugar a atribuição de Ajudas de Custo se estiverem preenchidas as condições
objetivas da sua atribuição para cada caso específico, designadamente as relativas a
deslocações diárias que se realizem para além de 20 km do domicílio necessário e nas
deslocações por dias sucessivos que se realizem para além de 50 km do mesmo
domicílio.
Os valores a atribuir, são os que resulta dam conjugação das Portarias nºs 1553-D/2008,
de 31 de dezembro por relação à Tabela Remuneratória Única prevista na Portaria nº
1553-C/2008, de 31 de dezembro alterados pelo Decreto-Lei nº 137/2010, de 28 de
dezembro com as modificações introduzidas pela Lei nº 66-B/2012, de 31 de dezembro:
- ajudas de custo €46,86 – 15% = €39,83;
- eleito que se desloque em automóvel próprio €0,40,00-10% = €36,00.
Importa ainda assegurar que o eleito preencha o modelo nº 683 da INCM com a descrição
do itinerário seguido com as despesas e/ou kms e apresente os respetivos
comprovativos.

Salvo melhor opinião, este é o nosso parecer.

O Jurista,

Daniel Marques

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