Você está na página 1de 168

Juliana Ribeiro

AB +

OT ANOS TA
PREVIDENCIÁRIA
Guia Prático de Atendimento

DESTAQUES:
e Atualizada Lei nº 13.982/2020
com a

(Lei do Auxílio Emergencial)


e
Regulamento da Previdência Social
(Decreto nº 3.048/1999) devidamente
atualizado pelo
Decreto nº 10.410/2020

EDITORA
RIDEEL
Juliana de Olivezra
Xavier Ribeiro
Doutoranda em Direito Previdene
giário pela Pontificia Universidade.
Católica de São Pauls (PUC-SP),
Doutoranda er Ciências. Jurídicas:
pelá Universidade Autónoma de.
Lisboa (Portugal). Mestre em
reito Previdenciária pela PUC-SP.
Advogada. Coordenadora e profes:
sora de-cursos de Pós-graduação,
em Direito. Persona! e professional
coach.Autora das seguintes obras:
Direito. Previdenciário, esquemati-
zada Direito Previdenciária prá
tico; Prática Previdenciária par
empresas, Auxiio-doeriça aciden»
téria.-.como ficam à empregado
É & empiegador com o NTEP é à
FAP é Salário-matemidade
Eb VOCAC!:
Pird=VIDIEINCIANA q

Gui irtico d :tendi ento


Juliana Ribeiro

NIVOCINO:
Pld=DENC1AP1A
Guia irático de

edição

EDITORA
RIDEEL
Quem tem Rideelel tem mai Ss.
Expediente
Fundador talo Amádio (in memoriam)
Diretora Editorial Katia Amadio
Editora Janaina Batista
Editora Assistente Mônica Ibiapino
Projeto Gráfico Sergio A. Pereira
Revisão Valquiria Matiolk
Diagramação Sheila Fahl/Projeto e Imagem

Dados intemacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Angélica Hacqua CRB-8/7057
Ribeiro, Juliana de Oliveira Xavier
Advocacia previdenciária : guia prático de atendimento / Juliana de
Oliveira Xavier Ribeiro. - 2. ed. - São Paulo : Rideel, 2020.

ISBN 978-65-5738-068-0

1. Escritórios de advocacia Planejamento 2. Direito


-

previdenciário -
Atendimento ao cliente 3. Markeling jurídico |. Título

CDD 651.934
20-2643 CDU 651:34
Índice para catálogo sistemático:
1. Escritórios de advocacia Planejamento
-

& Copyright Todos os direitos reservados à


-

EDITORA
RIDEEL sd Rd

Av. Casa Verde, 455


Casa Verde
-

CEP 02519-000 São Paulo SP


- -

e-mail: sacOrideel.com.br
www.editorarideel.com.br

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, especialmente
gráfico, fotográfico, fonográfico, videográfico, internet. Essas proibições aplicam-se também
às caracteristicas de editoração da obra. A violação dos direitos autorais é punível como crime
(art. 14 e parágrafos, do Código Penal, com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e
apreensão e indenizações diversas (artigos 102, 103, parágrafo unico, 104, 105. 106 e 107, incisos
lie Ill, da Lei nº 9.610, de 19/02/1998, Lei dos Direitos Autorais).

135798642
0820
Apresentação da obra

A obra Advocacia Previdenciária -


Guia Prático de Atendimento tem
o escopo de fornecer ao advogado ou interessados no dia a dia da advo-
cacia previdenciária instrumentos simples e didáticos para atendimento
ao cliente, para a escolha do melhor benefício ou pressupostos de um
planejamento previdenciário. já atualizada com os dispositivos da Refor-
ma da Previdência, a obra fornecerá procedimentos práticos para auxiliar
o militante na seara previdenciária.
Vil

Agradecimento

Dedico esta obra à Cibeli Espíndola dos Santos, amiga e parceira ao


longo da vida pessoal e profissional.
Agradeço aos meus pais, José Newton Xavier Ribeiro (in memoriam)
e Sônia Ribeiro, o apoio à minha vida pessoal e profissional.

À Lívia Leal e à Pamela Quirino por me ajudarem a elaborar esta


obra.
Aos meus orientadores no processo de doutoramento em Portugal
e no Brasil, Drs. Enoque Ribeiro dos Santos, Miguel Horvath Jr. e Stela Bar-
bas, por serem fonte de inspiração em minha jornada acadêmica.
Enfim, a todos os meus alunos do Infoc que me influenciaram e for-
neceram ideias para o conteúdo da presente obra.
IX

Prefácio

Orientar, descrevendo e exemplificando cada item referente à previ-


dência, é o tema desta obra elaborada e construída pela professora Juliana
Ribeiro, que detalha situações em que busca estabelecer procedimentos
para a implantação de ações que devem ser adotadas pelas empresas que
atuam no Direito Previdenciário. Em sua proposta, ela busca dar o passo a
passo para tal implantação.
A professora Juliana Ribeiro sugere, inclusive, aplicativos gratuitos
facilmente encontrados na Internet, que servirão de apoio fundamental
para a gestão das atividades, facilitando assim o cumprimento das normas
e o cuidado com prazos a serem respeitados para o bom desempenho
dos escritórios.
Nesta obra, observa-se o cuidado da Autora, desde a estrutura ne-
cessária ao desempenho adequado até as atitudes de seus colaboradores.
Trata-se de uma excelente proposta. A professora Juliana Ribeiro analisa
cada detalhe importante para facilitar a organização do espaço do escri-
tório com o objetivo de satisfazer sua clientela.
Dito isto, a obra, que agora impressa toma a forma de livro, com
conteúdo robusto que merece ser adotado como norma das empresas,
incluindo diretrizes que proporcionam o atendimento ao cliente, mesmo
quando este venha a solucionar questionamentos no escritório sem o
agendamento prévio.
A obra, de conteúdo muito bem elaborado, sugere o preparo dos
colaboradores para atenderem de pronto a uma clientela ávida por com-
preender quais as atitudes corretas que devem ser tomadas com relação à
temática específica nela proposta.
A professora Juliana Ribeiro pensou em cada um dos detalhes que
devem promover a confiança e a satisfação de seus clientes no ambiente
do escritório. A autora lembra a importância do contato com o cliente,
X ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

a maneira de recebê-lo, desde a chegada até o atendimento, deixando os


profissionais do escritório livres para novas conquistas e outros assuntos
referentes.
A presente obra oferece, ainda, a indicação preciosa de condutas que
denotam a atenção merecida para com o cliente, sendo este o objeto cen-
tral deste trabalho. Seu atendimento adequado é, portanto, a chave do su-
cesso esperado em empreendimentos neste nicho de mercado.
Para os profissionais que desejam especializar-se nesse atendimento,
recomendo a leitura sistemática desta obra, para o aprendizado na cons-
trução de um trabalho cuidadoso e didático na formação de uma equipe
e de seu funcionamento como um todo.
No mais, parabéns não apenas pela ideia, mas também pelo conteú-
do da presente obra, que corrobora sem dúvida alguma para o exercício
profissional e sua responsabilidade inerente a ele.
Boa leitura!

Viviane Coêlho de Séllos-Knoerr


Doutora em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (2005). Mestre em Direito das Relações Sociais pela Pon-
tificia Universidade Católica de São Paulo (1996). Graduada em Direito
pela Universidade Federal do Espírito Santo (1991). Advogada. Professora
e Coordenadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito Em-
presarial e Cidadania do Centro Universitário Curitiba / UNICURITIBA.
Realizou estágio Pós-Doutoral na Universidade de Coimbra (2015/2016).
Tem experiência em: Responsabilidade Social da Empresa. Dignidade da
Pessoa Humana. Cidadania. Ética. Interpretação e Aplicação da Constitui-
ção. Tutela de Direitos Difusos e Coletivos.
XI

Sobre a autora

Juliana de Oliveira Xavier Ribeiro


Doutoranda em Direito Previdenciário pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP). Doutoranda em Ciências Jurídicas pela
Universidade Autónoma de Lisboa (Portugal). Mestre em Direito Previ-
denciário pela PUC-SP Advogada. Coordenadora e professora de cursos
de Pós-graduação em Direito. Personal e professional coach. Autora das se-
guintes obras: Direito Previdenciário esquematizado, Direito Previdenciário
prático, Prática Previdenciária para empresas, Auxilio-doença acidentário
-

Como ficam o empregado e o empregador com o NTEP e o FAP e Salá-


rio-maternidade. Coordenadora de cursos de Pós-graduação do Instituto
Nacional de Formação Continuada (INFOC).
XII

Sumário

Apresentação da obra - N

Agradecimento - VII

Prefácio « « IX

Sobre a autora... mesas XI

CAPÍTULO 1 -
ASPECTOS PRÁTICOS DA ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA......... 4

1.1 Gestão de escritório e marketing jurídico na área previdenciária 3

1.2 Como estruturar um escritório previdenciário... - . 4

1.3 Dicas práticas para a estruturação de um escritório previdenciário 6

1.4 Marketing na advocacia previdenciária 8

1.5 Advocacia previdenciária empresarial 10

CAPÍTULO 2 -
PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDENCIÁRIO. 13

2.1 Noções gerais...... meses 15

2.2 Lista desiglas - 16

2.3 Sistema Nacional de Seguridade Social « 24

2.4 Dúvidas básicas do processo administrativo -26


2.5 Agendamento e protocolo .. 27
2.6 Auditoria ou PAB (Pagamento Alternativo de Beneficio)......... 31

2.7 Recurso administrativo... e . 32

2.8 Revisão administrativa - . 36

29 Processo administrativo disciplinar (PAD) - - 37

2.10 Disposições diversas relativas ao processo administrativo. 38

2.11 Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS).. 39

2.11.1 Alterações do CNIS no Dec. nº 10.410/2020 41


XIV ROVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

CAPÍTULO 3 -
SEGURIDADE E ASSISTÊNCIA SOCIAL..cecerceccescrecosccs 45

3.1 Conceitos introdutórios .. - 47

32 Como obter o benefício de prestação continuada......... 47

3.3 Benefício assistencial ao idoso « « 49

3.4 Benefício de prestação continuada ao deficiente 49

3.5 Hipossuficiência econômica e renda per capita « 52

3.6 Núcleo familiar... . «

3.7 Beneficiários do benefício assistencial 59

3.8 Especificidades dos benefícios assistenciais « « 62

3.9 Termos inicial e final do benefício « 62

3.10 Benefício assistencial e aposentadoria do segurado especial 63

3.11 Benefício assistencial emergencial « 64

CAPÍTULO 4 -
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. 65

4.1 Aposentadoria por tempo de contribuição Aspectos


-

introdutórios - « 67

4.2 Aposentadoria por tempo de contribuição proporcional (antes


da Reforma) . « 67

4.3 Aposentadoria dos professores . 69

4.3.1 Aposentadoria dos professores antes da Reforma 69

4.32 Aposentadoria dos professores após a Reforma 69

4.3.2.1 Regra de transição Professor 70


-
1

4.3.2.2 Regra de transição Professor 71


-
2

44 Aposentadoria por tempo de contribuição e a regra dos pontos


(antes da Reforma) .. - 72

44.1 Cálculo da aposentadoria antes da Reforma 75

4.5 Novas regras da aposentadoria após a Reforma . 77

45.1 Regras atuais de concessão 77


XV

4.5.2 Regras de transição 78

4.5.2.1 Regra de transição nº 1 78

4.5.2.2 Regra de transição nº 2 79

4.5.2.3 Regra de transição nº 3 80

4.5.2.4 Regra de transição nº 4 81

4.5.2.5 Regra de transição nº 5 81

CAPÍTULO 5
-
APOSENTADORIA ESPECIAL. ..cccerecoscrrocr socorrer ossos. 83

5.1 Aposentadoria especial (B-46) a resmas BS

5.2 A Aposentadoria especial após a Reforma da Previdência Social........ 86


5.3 Histórico da aposentadoria especial -
Linha do tempo........... - 87

5.4 Questões sobre o meio ambiente do trabalho


5.5 Enquadramento da atividade especial B9

5.6 Enquadramento por profissões esse eder 0


5.7 Conversão de tempo especial em comum........... 92

5.8 Provas da atividade especial oa a 93

CAPÍTULO 6 -
BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE......ceccccsresessorcesore 97

6.1 Conceito e fatos geradores + ve... 99

6.2 Carência « 100


6.3 Beneficios por incapacidade .. «102

6.4 Tipos de benefícios por incapacidade 102

6.5 Auxilio-doença.... . - . o 103

6.6 Aposentadoria por invalidez - 105

6.7 Dicas gerais.......... . 108

6.8 Novo valor da aposentadoria por invalidez após a Reforma 109

6.9 Alta programada... 109


6.10 Leido pente-fino do auxílio-doença . - 110
XVI _
ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

6.11 Pericia remota a . 111

CAPÍTULO 7
-
PENSÃO POR MORTE cerco sc o rs coro coro sos 113

7.1 Pensão por morte: fato gerador e dependentes ns


72 Requisitos da pensão por morte 121

7.3 Data do início do benefício (DIB) 122

7.4 Renda mensal inicial (RM1) 122

75 Cessação do benefício 123

7,6 Inclusão de dependente em processo judicial . 124

7.7 Cumulatividade da pensão por morte 124

CAPÍTULO 8 CARTILHA DE ATENDIMENTO E QUESITOS PARA PERÍCIA


-

MÉDICA 000 4 427

8.1 Dicas úteis para atendimento de clientes -


Auxílio-doença
comum... 128

8.2 Documentos necessários para instruir o processo administrativo


no INSS Auxílio-doença comum. 130
-

8.3 Dicas úteis para atendimento de clientes -


Auxilio-doença
acidentário . « « « .131

84 Documentos necessários para o processo administrativo no INSS


Auxílio-doença acidentário............. 13 1
-

8.5 Dicas úteis para atendimento de clientes -

Aposentadoria por
invalidez .... oa . 132

8.6 Documentos necessários à concessão da aposentadoria por


invalidez . 134

8.7 Quesitos e impugnações de benefícios por incapacidade 134

8.8 Quesitos e impugnações específicos para invalidez 136

8.9 Quesitos e impugnações específicos para auxílio-doença e


aposentadoria por invalidez acidentários 137

8.10 Quesitos e impugnações específicos para auxílio-acidente 138


XVII

8.11 Dicas úteis para atendimento de clientes -


Benefício assistencial
(LOAS) - 139
8.12 Perícia socioeconômica 140
8.13 Dicas úteis para atendimento de clientes -
Aposentadoria
especial 141

8.14 Dicas úteis para atendimento de cliente -


Revisões de benefícios
previdenciários ... « « 142

8.15 Quadro-resumo de revisões Teses sem decadência (importante


--

observar art. 103 da Lei nº 8.213/1991) 142

ANEXOS. corre cases ce one rs era soros osso eco cerca 147

Anexo 1
-
Dicas para contrato de honorários... - 148
Anexo 2 -
Ficha para atendimento do cliente... 149
CAP TO
ASPECTOS
PRÁTICOS DA
ADVOCACIA
PREVIDENCIÁRIA
CAPITULO 1 -

Aspectos práticos da advocacia previdenciária 3

1.1 Gestão de escritório e marketing


jurídico na área previdenciária
O estudo de gestão de escritório e marketing
jurídico é fundamental para aqueles que pretendem
ampliar seus conhecimentos e ingressar na advocacia
previdenciária.
O tema em apreço, embora à primeira vista pos-
do direito,
sa parecer obscuro para os atuantes da área

quando compreendido em sua totalidade, vai tradu-


zir-se em uma ferramenta importante para o alcance
do tão almejado sucesso profissional. Fica a dica: um plano de
de prazos!
Diversos escritórios têm uma expansão desen- ação precisa
freada de suas estruturas, apenas se adaptando ao vo-
lume e à demanda do cotidiano, deixando, contudo, de promover as necessárias
etapas do procedimento dessa evolução.
Os resultados diretos refletem na perda de eficiência nas atividades desen-
volvidas, bem como na desconfiança dos clientes acerca da qualidade dos serviços
prestados.
Visando contornar essa situação e a fim de evitar mais percalços, deve-se
realizar um plano de ação, tornando necessário, como primeiro passo, colocar
no papel quais são as suas metas rumo à advocacia de sucesso.
De acordo com esse plano de ação, é necessário traçar as ações a serem
implementadas e o prazo para o alcance dos objetivos almejados. Tem-se, aqui,
o segundo passo!
Com a implementação do plano de ação, é necessária a organização admr-
nistrativa e financeira do escritório.

Hoje, existem vários softwares gratuitos que permitem uma boa gestão, en-
tretanto, uma simples planilha já é o suficiente. Nela, deverão ser lançados todas
as despesas realizadas pelo escritório, os pagamentos recebidos, bem como as res-
pectivas origens.
Ainda que não tenha conhecimento específico para detalhar a planilha por

processos e clientes, uma tabela simples de receitas e despesas já basta para se ter
uma visão geral do seu fluxo financeiro.
É importante ressaltar que esse relatório necessita ser atualizado diariamen-
te, para não haver disparidade nos resultados, possibilitando, deste modo, que, ao
4 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

final do mês, seja possivel visualizar o rendimento obtido com os serviços presta-
dos.

Exemplo de planilha simples


Data Entradas Descrição
1º-1-2019 R$ 100,00 Processo 1

2-1-.2019 R$ 101,00 Processo 2

3-1-2019 R$ 102,00 Processo 3

4-1-2019 R$ 103,00 Processo 4

5-1-2019 R$ 104,00 Processo 5

6-1-2019 R$ 105,00 Processo 6

Somatório R$ 615,00

1º-1-2019 R$ 50,00 Aluguel

2-1-2019 R$ 60,00 Energia elétrica

3.1.2019 R$7000 Água

4-1-2019 R$ 50,00 Internet

s1.2019 R$ 70,00 Impostos

6-1-2019 R$ 60,00 Qutros

Somatório R$ 360,00

R$ 255,00

1.2 Como estruturar um escritório


previdenciário
Éevidente que, para a estruturação de um escritório, O profissional possua
dúvidas acerca dos cuidados básicos existentes para conseguir atender às expec-
tativas de seus clientes. Sabendo dessa dificuldade, fez-se necessário reunir dicas
para que os operadores do Direito Previdenciário possam desenvolver, com exce-
lência, a gestão de seu escritório.
CAPITULO 1 Aspectos práticos da advocacia previdenciária 5
-

e No ambiente do escritório, é necessário manter sempre a limpeza e a organi-


zação do local, pois esses detalhes deixam claro aos clientes o perfil dos profis-
sionais que promovem o atendimento.
e À estrutura necessita de adaptações, a fim de oferecer mais acessibilidade ao
local, atendendo às peculiaridades físicas dos clientes dessa seara normal
- -

mente composto de pessoas idosas, portadores de deficiência, acometidos


por problemas de saúde ou com sensíveis dificuldades de tocomoção.
e
Fimportante analisar se o local conta com fácil acesso por meio de transportes
públicos (analisando até a qualidade das calçadas no percurso entre o local
que o transporte parará e o escritório) e/ou conta com estacionamento próxi-
mo.
e Para a realização de reuniões, é fundamental que exista uma sala afastada das
demais, na qual o cliente possa se sentir confortável para expor questões de
ordem particular e relatar Os fatos que ensejaram a sua procura pela assessoria
jurídica. 1

e A alma da advocacia previdenciária está no rela-


to trazido pelo cliente, logo o advogado deve ter
conhecimento técnico necessário para que, ao
realizar O atendimento, possa encaixar o direito do
cliente dentro das inúmeras teses de concessão e
revisão de benefícios previdenciários.
e A equipe mantida no escritório não precisa ser vo-
lumosa, contudo os profissionais devem ser proati-
vos e bem orientados, pois, desta forma, será possi- Fica a dica: durante a
vel obter melhores resultados e diminuir custos. Teunião, mantenha o foco
em seu cliente!
e Recomenda-se que seja confeccionado um orga-
nograma do escritório com divisão de afazeres, o que resulta em mais eficiência
das tarefas realizadas.
e Deve-se deixar sempre à disposição dos clientes itens como água, café e chá, a
fim de criar um ambiente aprazivel.
e O expediente do escritório precisa ser adaptado ao perfil imediatista do clien-
te da área previdenciária. Neste sentido, é necessário ter em mente a grande
probabilidade do assistido comparecer ao escritório a qualquer momento, sem
agendamento prévio, hipótese em que cabe aos profissionais que ali se encon-
tram atendê-lo no que for possível e necessário naquele instante, orientando-o
para que seu retorno seja precedido de agendamento.
e
Éimportante eleger algum profissional do escritório para ficar responsável pela
organização administrativa, uma vez que esse setor demanda muito tempo.
6 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Desta forma, o(a) advogado(a) poderá aplicar seu tempo na busca de novos
clientes, no engajamento pela melhor solução de determinado caso, no estudo
para ampliar seu conhecimento técnico e desenvolver novas teses.
e Por fim, deve-se imprimir uma marca pessoal com características sólidas para
que os clientes saibam da qualidade e seriedade dos serviços prestados. Um
simples papel timbrado já desperta no cliente o senso de profissionalismo.

1.3 Dicas práticas para estruturaçãoa


de um escritório previdenciário
Estrutura
É importante que seu escritório tenha a sua per-
sonalidade. Pense como se fosse o cliente. Você se sen-
tiria atraído a entrar em seu escritório? Você se sentiria
bem dentro de seu escritório?

Localização
A localização do escritório é fator significativo,
Devem ser considerados locais
Fica a dica: o escritório é para
com mais movimentação de pes- o cliente e não
para você!
soas, como próximo ao INSS, rodo-
viária, terminais urbanos, hospitais, igrejas, entre outros. Dê visi-
e bilidade à fachada com seu nome e a área em que atua!. Opte
por desenvolver seu local de trabalho, por exemplo, na área em
que reside ou atua, pois as pessoas já o conhecem.

Recepção do cliente
A secretária é o cartão de visita do seu escritório. Portanto, ela deve ser
simpática e ter responsabilidade e conhecimento básico sobre a matéria do seu
escritório, de acordo com sua orientação. Além de boa formação, tal profissional
deverá desenvolver habilidades que envolvam boa comunicação, paciência e en-
tusiasmo.
Faz-se necessário que os profissionais desse setor tenham algum conhe-
cimento na área previdenciária para realizar um atendimento eficaz do cliente.
Nesse primeiro contato, é fundamental orientar o cliente acerca dos principais
documentos que deverão ser trazidos para o dia do atendimento.

1 Arts 39€ e seguintes do Código de Ética da OAB.


CAPITULO À -

Aspectos práticos da advocacia previdenciária 7

Atendimento ao cliente
O atendimento é um dos atos mais importantes do seu
escritório. É nele que se cria o elo com o cliente, bem como é
o momento de você utilizar o máximo de conhecimento so-
bre a matéria para demonstrar segurança e responsabilidade.
Mantenha sempre o foco em seu cliente.
Fica a dica:
durante o
Comportamento dos colaboradores
atendimento,
O cliente precisa se sentir seguro e à mparado e em se U
desconecte-se do
escritório. Por isso, não deve presenciar discussões entres os mundo exterior!
colaboradores, conversas paralelas nem brincadeiras postu - -

ra e seriedade são fundamentais nesse momento.

Mostrar o melhor caminho


Cabe ao advogado mostrar ao cliente a melhor opção dentre as disponiveis,
informando os prós e contras. Nesse momento, o conhecimento será o diferencial
para uma análise eficaz e um parecer seguro.
Falar a língua do cliente
É de suma importância que se dedique a conhecer
seu chente, que seja sensivel, atencioso e faça-se entender. R
Um atendimento seguro, consciente, ágil e hones- À .

to refletirá uma boa imagem de seu escritório e de seus o


serviços
Ficha de atendimento
Este é um documento extremamente importante Fica a dica: deixar O
para O escritório, pois, por meio dele, será possivel criar cliente à vontade para
um banco de dados com o histórico de seus clientes. expor o problema dele é
fundamental!
Existe no âmbito do Direito Previdenciário uma
diferenciação na identificação dos direitos dos segurados da Previdência Social em
relação às demais áreas do direito.
O segurado da Previdência Social deve preencher os requisitos estipulados
por lei para a concessão, a manutenção, o restabelecimento e a revisão dos bene-
fícios previdenciários, em especial quanto ao pedido de concessão dos benefícios
por incapacidade.
A ficha de atendimento pode ser dividida em duas partes:
e Parte geral: deve conter informações básicas, como: nome completo, estado
civil, qualificação profissional, RG, CPF, endereço, telefones, e-mail, nome da
mãe, data de nascimento, número do NIT/PIS/Pasep, número de beneficios
anteriores (se houver), entre outras informações.
8 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

e Parte específica: ao tratar de benefício por incapacidade, por exemplo, de-


ve-se mencionar o histórico relacionado a doença ou lesão, se foi ocasionada
de forma comum, por acidente de trabalho ou acidente de qualquer natureza,
se já esteve em gozo de benefício devido a esta ou ao agravamento desta, entre
outros. Outrossim, diante do cliente, o advogado deverá formular perguntas
especificas, que poderão variar de acordo com o beneficio pretendido. Para
tanto, com vistas a conferir mais celeridade a essa atuação, recomenda-se que
sejam utilizados roteiros com perguntas padronizadas (vide capítulo 8).

Instrução e avaliação de documentos


É importante esclarecer ao cliente a importância e a responsabilidade sobre
os fatos e documentos apresentados. Cabe ao advogado instruí-lo sobre a neces-
sidade de produção de provas para o embasamento do pedido administrativo
ou judicial. Muitas vezes, o cliente tem documentos úteis esquecidos em caixa,
gavetas e, por falta de instrução, perspicácia e agilidade do advogado, deixam de
ser juntados, vindo a comprometer o caso,

Fica a dica: redija os fatos apresentados pelo seu cliente, bem como liste
todos os documentos trazidos por ele. Em seguida, leia em conjunto, tire
dúvidas e corrija equívocos. Ao final, imprima e colha a assinatura do cliente.
Esse simples ato poderá eximir-lhe de responsabilidades caso venha a ser
verificado que o cliente tenha faltado com a verdade.

1.4 Marketing na advocacia previdenciária


Embora as questões administrativas, financeiras e processuais sejam de
suma importância, é necessário considerar que o desenvolvimento do escritório
não se restringe as questões de plano interno.
O sucesso de um escritório está atrelado à boa atuação técnica de seu cor-
po jurídico, bem como à manutenção de um intenso trabalho na promoção de
visibilidade perante terceiros. É o que se denomina de "marketing jurídico" ou
promoção de networking, que se demonstra igualmente
fundamental para a expansão do projeto.
O processo de gestão depende do tipo de advoca-
cia previdenciária que o profissional almeja desempenhar.
Pode-se dividir a advocacia previdenciária em cinco te-
mas centrais:
e advocacia administrativa perante o INSS;
e advocacia de concessão de benefícios;
CAPITULO 1 -

Aspectos práticos da advocacia previdenciária g

e advocacia de revisões de benefícios;


e advocacia empresarial previdenciária;
e
planejamento previdenciário.
O networking a ser realizado deve preceder o tipo de advocacia a ser prati-
cada, bem como que formação e promoção de parcerias tipicas dessa área pre-
tende-se fazer.
É fato que o "boca a boca" é a melhor propaganda, porém, para aquele que
está ingressando na área, bem como para aquele que exerce outro tipo de advo-
cacia e está migrando ou ampliando seu campo de atuação, o "boca a boca", no
início, não funcionará.
Nesse contexto, apresentam-se algumas orientações de sucesso para a efi-
cácia do marketing jurídico, embasadas, obviamente, no código de ética da ad-
vocacia.

Investimento pessoal em uma especialização VJs A

Uma fórmula de sucesso para a atuação do advo-


gado previdenciarista é sua especialização acadêmica,
o
o

pois é por meio desta que ele adquire segurança e exce-


lência na realização do trabalho, o que propicia mais reco-
nhecimento perante terceiros. |

Parcerias
Recomenda-se que sejam firmadas parcerias com os de-
mais advogados, cuja atuação seja restrita a outros ramos de
direito, para que possam indicar os respectivos serviços mu-
tuamente, mediante rateio final de honorários advocatícios.
Não obstante a parceria anteriormente menciona-
da, recomenda-se, ainda, que o advogado previdenciarista
trabalhe em conjunto com outro advogado. Isto porque,
na advocacia previdenciária, é necessário que existam dois
perfis de advogados: um que busque parcerias e traga-as para O escritório e outro
que possa exercer as funções internas como atendimento aos clientes e prazos.
Conciliar ambas as funções nem sempre é possivel.
É importante mencionar que há uma grande diferença entre captação de

clientes e a indicação de clientes. A primeira é punida pela ética jurídica, mas a


segunda não.
Para ser indicado, você precisa se tornar conhecido pelo seu trabalho e,
para isso, pode buscar parcerias com profissionais diversos. Dentre estes, citam-se
10 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

parcerias com médicos, contadores, cabeleireiros, taxistas, terapeutas, assistentes


sociais, proprietários de farmácia, corretores de imóveis, lojas, padarias, por meio
das quais seja acordada a realização de indicação mútua de clientela.
Ainda, entidades como igrejas, sindicatos, associações de bairros, casas de
empréstimos consignados e condominios são, também, ótimas opções para fir-
mar parcerias, haja vista existir uma notável concentração de propensos clientes
nesses locais.

Meios de divulgação
Outra forma que merece ser observada diz respeito aos meios pelos quais
deverão ser divulgados os serviços prestados. Nesse contexto, itens como placas e
cartões de visita deverão ser confeccionados, explicitando, da forma mais didática
possível, as principais atividades inerentes à área de especialização do escritório,
devendo ser observados os comandos disciplinados no art. 3º, a, b, do Provimento
do CFOAB nº 94/2000.
Mídias sociais como Facebook, Instagram, Twitter e Linkedln também são
úteis. Pode-se criar um perfil para divulgar seu trabalho (arts. 3º, e 5º, parágrafo
único, do Provimento do CFOAB nº 94/2000).
Os perfis profissionais só devem conter publicações de natureza jurídica,
não sendo recomendável, por conseguinte, que o advogado exponha fotos e pu-
blicações de cunho pessoal, devendo ser observadas, ainda, as vedações e orien-
tações disciplinadas nos arts. 3º, $ 10, e 4º do Provimento do CFOAB nº 94/2000.
Nesses perfis, é necessário definir o público-alvo desse meio de divulgação,
assim como a frequência das postagens jurídicas que serão realizadas.
A utilizaçãode WhatsApp para atendimento dos clientes também é auto-
rizada, desde que o respectivo uso não venha a comprometer a privacidade do
advogado/usuário.

1.5 Advocacia previdenciária empresarial


A advocacia previdenciária empresarial difere da
advocacia previdenciária comum, tendo em vista o perfil
do cliente, muitas vezes pessoa jurídica.
Neste sentido, o advogado gestor precisa adotar
estratégias diferenciadas, como atendimento do clien-
te empresário em sua própria empresa ou realização de
atendimentos em dias alternados dos demais clientes.
6
CAPITULO À Aspectos práticos da advocacia previdenciária 11
-

Tenha cautela em propor teses polêmicas ao setor empresarial. Para evitar


infortúnios, procure, no início, trabalhar com teses pacíficas e, após o primeiro
sucesso, parta para aquelas mais arriscadas.
O advogado empresarial previdenciário deve oferecer um portfólio para as
empresas, acompanhado de questões de ordens tributária e trabalhista empresa-
rial. É importante notar que na advocacia previdenciária empresarial deve-se tra-
balhar também com as questões preventivas, como defesa de nexo técnico-epi-
demiológico previdenciário (NTEP) e questões relacionadas ao meio ambiente do
trabalho.

Sintetizando
Eis os pilares que devem ser observados para a obtenção do sucesso nesta empreitada:
- --

Como melhorar a atuação na prática jurídica e a obtenção (legal)


Desempenho de clientes previdenciários.
Focar no desenvolvimento de estratégias jurídicas eficazes.

Definir qual é a melhor tese a ser aplicada no caso concreto.

Aumento Definir em qual àrea do direito previdenciário deve-se atuar.


consciência Definir que tipo de advogado pretende ser (em que setores atua-
rá).

Descobrir o que se almeja da advocacia e como se tornar um pro-


Foco em fissional da área previdenciária de sucesso.
resultados Definir a metodologia para ampliar seu escritório de advocacia.
Definir metas para o desenvolvimento do marketing de sucesso.

Definir critérios para tomar a decisão correta sobre um caso juri-


dico.

Aprender como impedir que suas crenças limitantes impactem


decisão diretamente na sua atuação como advogado.
Definir como fazer boas entrevistas e colher informações para
suas petições previdenciárias.

Descobrir como aumentar seus ganhos na advocacia.


Aumento de
Descobrir como incrementar sua performance nas estratégias e
conquistas e
resultados de seu escritório.
resultados
Traçar metas de até onde pretende ir e em quanto tempo.
PROCESSO
ADMINISTRATIVO
PREVIDENCIÁRIO
CAPITULO É -
Processo administrativo previdenciário -15

2.1 Noções gerais


O processo administrativo tem conquistado grande espaço de atuação pe-
rante a classe de advogados previdenciários, tendo em vista que pelos princípios
norteadores do processo administrativo federal tem-se encontrado mais celerida-
de nos procedimentos.
Alguns não gostam de atuar com processo administrativo por acreditar que
o INSS não atende bem os advogados e muitas vezes não dá prioridade de aten-
dimento aos clientes, porém, de outro lado, há aqueles que gostam desse tipo de
atuação pela rapidez da percepção de honorários.
Deve-se, no entanto, observar e criar procedimentos de gestão processual
diversos do processo judicial, visto que no processo administrativo não há como
destacar honorários e, desta forma, os advogados não são informados pessoal-
mente sobre o dia que o cliente receberá os atrasados.
O INSS Digital e Meu INSS permitem o cadastro do e-mail para receber
notificações. Dessa forma, o advogado, ao receber a notificação de concessão do
benefício, poderá acessar o Meu INSS do cliente para verificar qual o dia do recebi-
mento do benefício e quais valores de atrasados estarão disponiveis.
É importante desenvolver meios para verificar o andamento processual,
bem como uma comunicação eficaz com o cliente.
O processo administrativo previdenciário é regulamentado de maneira es-
pecífica na Lei nº 9.784/1999, a qual tem por escopo regulamentar o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, inclusive perante
órgãos da Previdência Social, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
administrados.
Na esteira de instrumentos reguladores,
ha de se atentar, outrossim, à Instrução Nor- Quadro sinóptico Noções Gerais
-

do Processo Administrativo
matva nº 77, de 21-1-2015, da Previdência
Social, que desempenha papel fundamental
para aqueles que cotidianamente compare- INSTRUÇÃO
LEI NS NORMATIVA
cem às Agências da Previdência Social. 9784/1999 Nº77/2015
O diploma anteriormente citado teve
alguns dos seus dispositivos alterados pelas PORTARIA PORTARIA
Instruções Normativas 79, de 1º-4-2015, MDAS MDAS
85, de 18-2-2016, 86, de 25-4-2016, 88, de Nº 3/1999 Nº 114/2017

12-6-2017, 96, de 14-5-2018, 101, de 9-4-2019,


e 102, de 14-8-2019.
16 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Tais alterações trouxeram, entre outros fatores, rotinas para agilizar e unifor-
mizar o reconhecimento de direitos dos segurados e beneficiários da Previdência
Social. Trata-se de normas de caráter cogente que devem ser observadas por to-
dos os servidores públicos da entidade em comento, sob pena de responsabiliza-
ção funcional por eventual descumprimento.
Em complemento, a Portaria MDAS nº 116, de 20-3-2017, consagra o Re-
gimento Interno do Conselho de Recursos do Seguro Social, traçando aspectos
relativos à sua estrutura, Composição e respectiva competência, bem como disci-
plinando os processos que tramitam sob sua égide, julgamentos, decisões e cum-
primento de decisões exaradas pelos órgãos em questão.
Destaca-se que a MP nº 870/2019, convertida na Lei nº 13.844, de 18-6-2019,
altera o CRSS para CRPS Conselho de Recursos da Previdência Social.
-

Já a Portaria MDS/INSS nº 3, de 21-9-2018, traz os procedimentos de reque-


rimento, concessão, manutenção e revisão do Benefício de Prestação Continuada
(BPC) da Assistência Social.
Por derradeiro, a IN nº 101/2019, que trata das alterações da MP nº 871/2019,
convertida na Lei nº 13.846, de 18-6-2019.
A IN nº 102/2019 inibe o indeferimento de requerimentos administrativos
por falta de cumprimento de diligências.

2.2 Lista de siglas


Em complemento a uma boa percepção dos diplomas legais que norteiam
a atuação na esfera administrativa previdenciária, é fundamental que o profissional

compreenda os códigos utilizados no âmbito interno do INSS.


O conhecimento dessas siglas facilita não só a atuação do advogado peran-
te as Agências da Previdência Social, como também propicia melhor compreen-
são dos termos utilizados nas documentações expedidas pela autarquia previden-
Ciária.
A seguir, apresentar-se-á um quadro informativo para o auxílio do leitor:

Siglas diversas
ACAL Avisos de acréscimos legais
ACS Assessoria de Comunicação Social
AEXT-VI Acerto de vínculo extemporâneo indeferido
AEXT-VT Acerto de vínculo extemporâneo validado totalmente
Al Auto de infração.
APS Agência da Previdência Social
É -
Processo administrativo previdenciário -17

AVRC-DEF "Acerto de vínculo extemporâneo deferido


BEAT "Boletim Estatístico de Acidente do Trabalho
BERP "Boletim Estatístico de Reabilitação Profissional
BIP "Boletim Informativo da Procuradoria
CADPF Cadastro da pessoa física
CADPREV Sistema de Informações dos Regimes Públicos de Previdência
CAGED Cadastro geral de empregados e desempregados
CAPIN Caixa de aposentadorias e pensões da imprensa nacional
CAT Comunicação de acidente do trabalho
COP Certidão de dívida pública
CEI Cadastro específico do INSS
CGC Cadastro geral de contribuintes
CID Classificação Internacional de Doenças
CLPS Consolidação das leis da Previdência Social
CNAE Classificação nacional de atividade econômica
CNAF Cadastro nacional de ações fiscais
CNIS Cadastro nacional de informações sociais
COFINS Contribuição para o fundo de investimento social
CPB. Cheque para pagamento de benefícios
CRP Centro de reabilitação profissional
CRPS Conselho de recursos da Previdência Social
CSsL Contribuição social sobre o lucro
CTC Certidão de tempo de contribuição
CTPS Carteira de Trabalho e Previdência Social
DA Data do acidente
DAT Data do afastamento do trabalho
DATAPREV "Empresa de Tecnologia e informações da Previdência Social
DB Data de cessação do benefício
DDB Data do despacho do benefício
DEPIS Departamento de População e Indicadores Sociais
DER Data de entrada do requerimento
DETIN Departamento de Negócios e Tratamento de Informações
DIB Data de início do benefício
DIC Data do início das contribuições
DID Data do início da doença
DI Data do início da incapacidade
DIP Data do início do pagamento
18 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA - Guia Prático de Atendimento

DN. Data de nascimento.


DO Datadoóbito
DRB Data da regularização do benefício
DRPSP Departamento dos Regimes de Previdência do Serviço Público
EFPC Entidades fechadas de Previdência Complementar
EPU Encargos previdenciários da União
FAP Fator acidentário de prevenção
FCP Fiscais de contribuição previdenciária
FLPS Fundo de liquidez da Previdência Social
FPAS. Fundo de Previdência e Assistência Social
FUNDACENTRO Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho
GEX Gerência executiva
GFP de
Guia Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Ser-
viço e à Previdência Cla
GPS Guia da Previdência Social
GRAF Gerência regional de arrecadação e fiscalização
GRC Guia de recolhimento do contribuinte individual
GRPS Guia de recolhimento da Previdência Social
IAPC Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários
IBGE Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEAN (15) Exposição a agentes nocivos no grupo 15 anos
EAN (20) - Exposição nocivos no grupo 20 anos
IEAN (25) Exposição a agentes nocivos no grupo 25 anos
IFD Informação fiscal de débito
IGFIP-INF Indicador de GFIP meramente informativa
IGP-DI Índice geral de preços Disponibilidade interna
-

ILEI123 "Contribuição da competência foi recolhida com código Ja Lei


"Complementar nº 123/2006 (plano simplificado dePrevidência)
IMEI * Contribuição da etência foi recolhida com código MEI (mi-
croempreendedor compe
individual)
INCRA Instituto Nacional e Reforma Agrária
INPC Índice Nacionalde Preços ao Consumidor
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
IPA Índice de Preços por Atacado
IPC Índice de Preços ao Consumidor
IREC-CIRURAL Recolhimento com código de CI Rural sem homologação
«

IREC-FBR Recolhimento facultativo de baixa renda


IREC-INDPEND Recolhimentos com indicadores e/ou pendências
IREC-LC123 Recolhimentos para fins da LC nº 123/2006.
É -
Processo administrativo previdenciário -19

IREC-LC123-SUP Recolhimento/complementação da LC nº 123/2006 superior ao


salário mínimo
RSM Índice de reajuste do salário mínimo
JRPS Junta de recursos da Previdência Social
LOAS Lei Orgânica da Assistência Social
LOPS "Lei
Orgânica da Previdência Social
MPAS Ministério da Previdência e Assistência Social
MPS Ministério da Previdência Social
MTPS Ministério do Trabalho e da Previdência Social
MVR Maior valor de referência
NB. Número de benefício
NJT * Número de identificação do trabalhador
NRP * Núcleo de Reabilitação Profissional
NTDEAT. * Nexo técnico por doença equiparada a acidente do trabalho
NTEP "Nexo técnico epidemiológico previdenciário
NTP/T Nexo técnico profissional ou do trabalho
OIT Organização Internacional do Trabalho
ORTN Obrigações reajustáveis do Tesouro Nacional
OTN Obrigações do Tesouro Nacional
PAB Pagamento alternativo de benefício
PADM-EMPR Inconsistência temporal, admissão anterior ao início da ativida-
de do empregador
PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público
PEMP-CAD Falta de informações cadastrais do CNP) ou CEI
PEXT Pendência de vínculo extemporâneo não tratado
Pi Pedido de informação
PIS Programa de Integração Social
PR Pedido de reconsideração
PREC-COD1821 Recolhimento com código de pagamento 1821 -
Mandato eleti-
vo
PREC-CSE Recolhimento de GPS de segurado especial pendente de com-
provação
PREC-FBR Recolhimento facultativo de baixa renda não validado/ homolo-
gado
PREC-FBRANT Recolhimento facultativo de baixa renda anterior à competência
09/2011
PREC-LC123-ANT Recolhimento com código da LC 123 anterior à competência
04/2007
PREC-MENOR-MIN Recolhimento realizado é inferior ao valor minimo
20 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

PREC-PMIG-DOM Recolhimento inclusive de sal. mat. e/ou período declarado de


empregado doméstico sem registro de vínculo
PRECFACULTCONC Recolhimento ou período de atividade de contribuinte facultati-
vo concomitante com outro
PREM-EMPR Remuneração antes do início da atividade do empregador
PREM-EXT é extemporânea
PREM-FVIN Remunerações posteriores ao fim do vínculo de trabalho
PREM-RET de prestador de serviço declarada em GFIP, mas
Remuneração
não considerada para a Previdência por ser anterior à compe-
tência 04/2003 ou não possui a declaração do campo "valor re-
tido" se posterior a esse período
PROCGER Procuradoria Geral do INSS
PRP Programa de Reabilitação Profissional
PVIN-IRREG Pendência de vínculo irregular
RGPS Regime geral de Previdência Social
RM Renda mensal inicial
RMV Renda mensal vitalícia
RPA Relação de pagamentos autorizados
RPPS Regimes próprios de Previdência Social
RPS Regulamento da Previdência Social
RSC de salários de contribuição
SABI Sistema de acompanhamento de benefício por incapacidade
SASSE Serviço de Assistência e Seguridade Social dos Economiários
SAT Seguro de Acidente do Trabalho
SB-40 Formulário para registro de aposentadoria por tempo de servi-
ço especial por insalubridade
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SENAT Serviço!Nacional de Aprendizagem do Transporte
SESC Serviço Social do Comércio
SESCOOP * Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo
SESI Serviço Social da Indústria
SEST Serviço Social do Transporte
SIAFI *
Sistema Integrado de Administração Financeira
SIAPE Sistema Integrado de Administração de Pessoal
SICAD Sistema de Emissão e Cadastramento de Débito
SICOB Sistema de Cobrança Administrativa
SIMPLES SistemaIntegrado dePgament de Impostos e Contribuições
das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte
SINPAS *
Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social
É -
Processo administrativo previdenciário -21
SISOBI Sistema Informatizado de Controle de Óbitos
SM Salário mínimo
SMR Salário mínimo de referência
SPC Secretaria da Previdência Complementar
SPS Secretaria de Previdência Social
SRF Secretaria da Receita Federal
SRP *
Secretaria da Receita Previdenciária
sUB Sistema Único de Benefícios
SUSEP Superintendência Nacional de Seguros Privados
UFIR Unidade fiscal de referência
URP. Unidade de referência de preços
URV. Unidade real de valor

UTRP -
Unidades técnicas de reabilitação profissional

Benefícios
B01 Pensão por morte do trabalhador rural
B02 nodo por morte por acidente de trabalho do trabalhador ru-
E
ra
B03 Pensão do empregador rural
B04 Aposentadoria por invalidez do trabalhador rural
BOS Aposentadoria por invalidez acidentária do trabalhador rural
B06. Aposentadoria por invalidez do empregador rural
B07 Aposentadoria porvelhice do trabalhador rural
B08 Aposentadoria por velhice do empregador rural
B09 Complemento acidentário do trabalhadorrural
BIO Auxílio-doença acidentário do trabalhador rural
B11 Amparo previdenciário por invalidez do trabalhador rural
B12 + Amparo previdenciário por velhice do trabalhador rural
B13 Auxilio-doença do trabalhador rural
BIS Auxílio-reclusão do trabalhador rural
B19. Pensão de Estudante (Lei nº 7.004/1982)
B20 Pensão por morte (ex-diplomata)
"Pensão por Morte Previdenciária (LOPS)
B22. "Pensão por morte estatutária (EPU)
B23. Pensão por morte (ex-combatente) (Leis nº 4.297/1963 e
5.698/1971)
B24 Pensão especial (Ato Institucional)
B25 Auxílio-reclusão
B26 Pensão especial (Lei nº593/1948) (EPU)
22 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

B27 Pensão por morte (Servidor Público Federal comdupla aposen-


tadoria)
B28 Pensão por morte do regime geral (Decreto nº 20.465/1931)
B29 Pensão por morte (ex- combatente marítimo) (Lei na 1.756/1 952)
B30 Renda mensal vitalícia por invalidez (Lei nº 6.179/1974)
B31 Auxílio-doença previdenciário
B32 Aposentadoria por invalidez
B33 Aposentadoria por invalidez do aeronauta
B34. Aposentadoria por invalidez do ex-combatente
B36 Auxilio-acidente previdenciário
B37 Aposentadoria CAPIN (funcionário da caixa de aposentadorias
da Imprensa Nacional) (Decreto-Lei nº3.768/1941)
B38 Aposentadoria do extranumerário da União.
B39 Auxílio-invalidez do estudante (Lei nº 7. 004/1982)
B40 Renda mensal vitalícia por idade (Lei nº 6.179/1974)
B41. Aposentadoria por idade
B42. Aposentadoria por tempo de serviço
B43 Aposentadoria do ex--combatente (Leis nº 4,. 297/1963 e
5.698/1971)
B44 Aposentadoria do aeronauta
B45 Aposentadoria do jornalista profissional
B46 Aposentadoria especial
B47 Abono de permanência em serviço (25%)
B48 . Abono de permanência em serviço (20%)
B49 Aposentadoria ordinária
B50 Auxílio-doença extinto plano básico
B51 Aposentadoria por invalidez (extinto plano básico)
B52 Aposentadoria por idade (extinto plano básico)
B53. Auxílio-reclusão extinto plano básico
B55. Pensão por morte (extinto plano básico)
B56 Pensão especial por sindrome de talidomida (Lei nº 7.070/1982)
B57. Aposentadoriapor tempo de servi o do professor (Emenda
Constitucional nº 18/1981)
B58 Aposentadoria do anistiado (Lei nº 6.683/1979 Emenda Cons-
-

titucional ne 26/1985)
B59 Pensão por morte excepcional (EPU) anistiado Lei
nº 6.683/1979 Emenda Constitucionalnº 26/1985
-

B61. Auxilio-natalidade
B62 *
Auxilio-funeral
B63 Auxílio-funeral do trabalhador rural
É -
Processo administrativo previdenciário -23
Bo4 Auxílio-funeraldo empregador rural
B65 Pecúlio especial de servidor autárquico (Lei nº 3.373/1958)
B66 Pecúlio especial de servidor autárquico (Decreto
nº 28.798-A/1950)
B68 * Pecúlio especial de aposentado
B69 Pecúlio de estudante (Lei nº 7.004/1982)
B70. Pecúlioespecialentrada com mais de 60 anos
Salário-família previdenciário
B72 Aposentadoria por tempo de serviço do Ex-combatente maríti-
mo (Lei nº 1.7/56/1952)
B/3 Salário-família estatutário (Decreto nº 133.833/1974) Ex-lpase
B74 Complemento de pensão à conta da Unido
B/5 Complemento à aposentadoria à conta da União
B76 Salário-família estatutário (Decreto-Lei nº 956/1969) -
REFSA
B77 Salário-família dos servidores (INPS/IAPFEST)
B78. Aposentadoria por idade do ex-combatente marítimo (Lei
nº 1.756/1952)
B79. Vantagens da Lei nº 1.756/1952 a servidor aposentado pela au-
tarquia empregadora
B80 Salário-maternidade
B81 Aposentadoria por idade compulsória (Ex-SASSE)
B82. Aposentadoria por tempo de serviço) (Ex-SASSE)
B83 Aposentadoria por invalidez (Ex-SASSE)
B84 Pensãopormorte (Ex-SASSE)
B85 Pensão mensal vitalícia do seringueiro (Lei nº 7.986/1989)
B86 Pensão mensal vitalícia do dependente de seringueiro (Lei
nº 7.986/1989)
B87 Benefício assistencial Deficiente (LOAS)
B88 Benefício assistencial Idoso(LOAS)
B89 . Pensão espacial por hemodiálise
B90. Simples assistência médica para acidente de trabalho
B91. Auxílio-doençaacidentário
B92 Aposentadoria por invalidez acidentária
B93 Pensão por morte acidentária
B94 Auxílio-acidente
B9s Auxílio-suplementar
B96 Pecúlio por invalidez por acidente de trabalho
B97. Pecúlio por morte por acidente de trabalho
B99 Afastamento até 15
dias por acidente de trabalho
24 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

2.3 Sistema Nacional de Seguridade Social


O Sistema Nacional de Seguridade Social foi insti-
SECURIDADE SOCIAL
tuído em âmbito constitucional nº art. 194 da CF/1988, e t

por meio do art. 17 da Lei nº 8029, de 12-4-1990. Trata-se


de uma estrutura administrativa, de gestão descentraliza-
ASSISTÊNCIA
da, que possui a competência de executar políticas pú- SOCIAL

blicas na área de Previdência Social, Assistência Social e


PREVIDÊNCIA
Saúde, conforme o art. 5º da Lei nº 8212/1991.
A seguridade tem como principais características
a compulsoriedade e a contributividade do sistema de
seguro social (Previdência) e a não contributividade da assistência social e saúde.
Integram a citada estrutura inúmeros ministérios, autarquias, conselhos se-
toriais, assim como empresas públicas. Para facilitar os estudos, seguem os princi-
pais órgãos da seara administrativa previdenciária.

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)


O Instituto Nacional do Seguro Social é uma autarquia federal, vinculada
ao Ministério da Economia, criada pela Lei nº 8.029/1990, com sede localizada no
Distrito Federal.
Tem por funções institucionais o oferecimento e a manutenção de diversos
serviços destinados aos segurados filiados ao Regime Geral da Previdência Social
(RGPS), a saber: concessão e manutenção de benefícios e serviços previdenciários,
emissão de certidões relativas ao tempo de contribuição, gerenciamento dos re-
cursos do Fundo do Regime Geral de Previdência Social (FRGPS), cálculo do mon-
tante das contribuições incidentes sobre as verbas remuneratórias recebidas pelo
segurados, para fins de concessão ou revisão de benefício previdenciário.
Sua atuação está concentrada na proteção do segurado, que se materializa
quando este for acometido por eventual risco social, que pode consubstanciar-se
nos seguintes eventos: doença, invalidez, morte, idade avançada, proteção à ma-
ternidade e à gestante, auxílio ao desemprego involuntário e recolhimento ao es-
tabelecimento prisional,

Agências da Previdência Social (APS)


Por sua vez, as Agências da Previdência Social é PREVIDENCIA SOCIAL

compõem a rede de atendimento ao público do Sis-


tema da Previdência Social, de atuação local, com atri-
buição para proceder à inscrição do contribuinte, para
fins de recolhimento, bem como para reconhecer inicial
CAPITULO É -
Processo administrativo previdenciário 25

manutenção e revisão de direitos ao recebimento de benefícios previdenciários


e ampliação do controle social. Insertos nessa sistemática, destacam-se algumas
espécies de agências da Previdência Social, como APS Atendimento de Acordos
Internacionais, APS Atendimento de Demandas Judiciais, além das APS Móveis
Flutuantes os PREVBarcos.
-

Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS)


Refere-se a um tribunal administrativo, com jurisdição em todo O territó-
rio nacional e sede localizada em Brasília (DF). É organizado de forma colegiada,
tendo como atribuição o julgamento de recursos interpostos contra decisões do
INSS, a fim de analisar e conceder benefícios àqueles que possuam direito.
No que tange a soluções de conflitos, o CRPS desempenha um papel im-
portantissimo, pois, em defesa do interesse público, considera a inexistência das
custas processuais, como também torna o rito administrativo mais célere.
Fazem parte da estrutura do CRPS as Juntas de Recursos, Câmara de Julga-
mento e Conselho Pleno.
As Juntas de Recursos estão situadas em cada um dos estados e destinam-se
a julgar os recursos ordinários (contra decisões do INSS).
Por seu turno, as Câmaras de Julgamento (CAJ), sediadas em Brasília, con-
sistem no julgamento dos recursos interpostos contra decisões proferidas pelas
Juntas de Recursos quando estas: violarem lei; divergirem de Súmula; divergirem
de pareceres da Consultoria Jurídica do MDSA; divergirem de enunciadas editados
pelo Conselho Pleno do CRPS; tiverem sido fundamentadas em laudos médicos
divergentes emitidos pela Assessoria Técnica-Médica do CRPS ou peritos do INSS;
contiverem vício insanável.
Por fim, o Conselho Pleno é um órgão uniformizador da jurisprudência ad-
ministrativa previdenciária, função essa desempenhada pela emissão de Enuncia-
dos e de Resolução.

Quadro sinóptico -
Tribunal administrativo

CONSELHO PLENO

CÂMARA DE
JULGAMENTO

JUNTAS DE RECURSO
26 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

2.4 Dúvidas básicas do processo administrativo


A primeira dúvida comum para os iniciantes na prática administrativa pre-
videnciária diz respeito a (des)necessidade do reconhecimento de firma na pro-
curação para protocolar o requerimento de beneficio previdenciário.
Cumpre esclarecer que, em regra, não é necessá-
rio O reconhecimento de firma nas procurações apre-
sentadas pelo advogado no INSS. Todavia, em casos
excepcionais, quando o servidor tiver dúvidas acerca
da autenticidade da assinatura aposta no instrumento
de mandato, ele poderá exigir o reconhecimento de
firma, conforme art. 501, $ 3º, da IN nº 77/2015.
A segunda indagação ordinariamente mani-
festada nesse âmbito diz respeito à procuração a ser
apresentada no INSS. Em regra, a procuração pode ser
elaborada por meio de instrumento particular, todavia, excepcionalmente, na hi-
pótese de analfabetismo do segurado, a realização desta pode se dar por meio de
instrumento público, conforme autoriza O art. 499 da IN nº 77/2015.
A terceira dúvida diz respeito à necessidade ou não de autenticação das
cópias dos documentos apresentados quando do protocolo do requerimento de
benefício na APS,
O art. 674 da IN nº 77/2015 disciplina as formas de apresentação de docu-
mentos, quais sejam:
e O segurado tem a possibilidade de apresentar documentos originais, todavia é
uma forma arriscada, posto que pode haver a perda de documentos.
e O segurado pode apresentar cópias dos documentos originais, autenticadas no
cartório. Entretanto, trata-se de forma que pode onerar ainda mais o segurado.
e O segurado pode, ainda, comparecer a uma Agência da Previdência Social,
munido dos documentos originais, bem como das respectivas cópias simples,
e solicitar ao servidor da Autarquia Previdenciária que este declare a autentici-
dade das xerocópias apresentadas, conforme estabelecido pelo art. 677, V, da
IN nº 77/2015, em consonância com a Lei nº 13.726/2018.
e Por fim, é possível nos mesmos moldes, ainda, o advogado declarar a autentici-
dade dos documentos entregues ao INSS, com base na autorização constante
do art. 425, IV, do CPC. Mas, tendo em vista o alto grau de responsabilidade
dessa declaração e o risco de entrega de documentos falsos pelos clientes, con-
vém evitar tal prática.
8

CAPITULO &
-
Processo administrativo previdenciário -27
Outrossim, de acordo com o art. 2º do Decreto nº 9.094, de 17-7-2017, não
é mais necessário entregar documentos originais nem autenticados, se referido
documento exigido conste na base de dados da administração pública, pois é
responsabilidade do órgão ou entidade que requereu o documento consegui-lo
na base de dados, não podendo mais ser uma exigência do INSS.
A quarta e última indagação diz respeito à qual APS é possível apresentar
o requerimento de benefício previdenciário. Neste sentido, o art. 670 da IN
nº 77/2015, disciplina que todo requerimento de beneficio ou serviço pode ser
protocolado em qualquer unidade da Previdência Social, independentemente do
local de domicílio do segurado.

2.5 Agendamento e protocolo

Meios para a realização do agendamento


Nos termos do art. 667 da IN nº 77/2015, o agendamento deverá ser realiza-
do por meio da Central de Teleatendimento (canal 135), pela internet, por meio
do Meu INSS, ou, ainda, presencialmente, nas unidades de atendimento da Pre-
vidência Social.
O Conselho Federal da OAB, por meio de liminar concedida em Ação Civil
Pública 0026178-78-2015.4.01.3400, garantiu aos advogados o atendimento priori-
tário sem a necessidade de prévio agendamento ou distribuição de senhas duran-
te o horário de atendimento da agência.
Dessa forma, o protocolo pode ser realizado sem prévio agendamento pelos
advogados no INSS Digital ou, presencialmente, no guichê do advogado.

Diferença entre agendamento e protocolo -


Definição da DER
Para analisar O termo a quo da vigência dos efeitos financeiros de determi-
nado benefício requerido, é fundamental saber diferenciar os seguintes conceitos:
data de agendamento, data de protocolo e data de requerimento.
A data de agendamento diz respeito à data em que o segurado, por meio
de um dos canais da Previdência Social, realiza agendamento para postular con-
cessão de determinado benefício previdenciário ou assistencial.
A data de protocolo, por sua vez, refere-se à data em que o segurado com-
parece à agência da Previdência Social, no dia e no horário previamente agendado,
a fim de proceder à entrega dos documentos, bem como passar pelos procedi-
mentos de avaliação que precederão o deferimento ou não do benefício previ-
denciário.
28 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Por fim, a data de entrada do requerimento, também conhecida como


DER, refere-se à data considerada pelo INSS como data de início do procedimento
administrativo previdenciário e, por conseguinte, a data a partir da qual se operam
os efeitos financeiros do benefício pretendido. Em regra, a autarquia previdenciária
considera a data de requerimento a data do agendamento do benefício pelo se-
gurado, nos termos da Resolução nº 438/2014, art. 12, 1º.

Exemplo: fulano agendou seu atendimento via "Meu INSS", em 10-2-2018


para 15-4-2018. A DER de fulano é 10-2-2018.

Todavia, existem casos em que a data do requerimento (DER) não retroa-


girá à data de agendamento. São eles:
e Falta de comparecimento do interessado na data agendada.
e
Reagendamento por iniciativa do interessado, exceto se for antecipado o aten-
dimento.
e
Incompatibilidade do benefício agendado hipótese em que o segurado
-

agenda determinado benefício, mas, na verdade, tem direito a outro e este não
possui a mesma natureza do benefício agendado.
Caso o segurado não consiga realizar o protocolo agendado, em razão de
falha do sistema ou algum problema ocorrido na APS, a data de agendamento po-
derá ser aproveitada, permanecendo o servidor obrigado a protocolar o requeri-
mento para haver aproveitamento do primeiro agendamento, bem como realizar
Ocompetente registro daquele no Sistema de Gestão de Controle e Acompanha-
mento do Protocolo.

Reafirmação da DER
Na data do protocolo, o segurado, ao comparecer à APS, recebe um do-
cumento no qual tem a opção de reafirmar a DER ou não. Caso opte por não
a reafirmar, os efeitos financeiros do procedimento administrativo retroagirão à
data do agendamento, mas, ao optar por reafirmar a DER, os efeitos financeiros do
requerimento formulado se darão a partir da data do protocolo.

Exemplo: fulano agendou seu atendimento via Meu INSS em 10-2-2018


para 15-4-2018. Em 15-4-2018, durante o atendimento, verificou-se
que fulano não tinha os requisitos necessários quando do agenda-
mento, vindo a atingi-los tão somente em 20-3-2018. Nesse caso, fula-
no poderá reafirmar sua DER para 20-3-2018, sem precisar reagendar
novo atendimento, e os efeitos financeiros passarão a valer a partir
dessa data.
8

CAPITULO é
-
Processo administrativo previdenciário -29
A apresentação de documentação incompleta não constitui, por si só, mo-
tivo para recusa do requerimento de benefício ou serviço, ainda que seja possível
identificar previamente que o segurado não faça jus ao beneficio ou serviço pre-
tendido.
Na hipótese anterior, o INSS deverá proferir decisão administrativa, com ou
sem análise de mérito, em todos os pedidos administrativos formulados, e, quan-
do for o caso, emitirá carta de exigência prévia ao requerente. Dessa forma, encer-
rado o prazo para cumprimento da exigência sem que os documentos solicitados
tenham sido apresentados pelo requerente, o INSS: decidirá pelo reconhecimento
do direito, caso haja elementos suficientes para subsidiar a sua decisão; ou decidirá
pelo arquivamento do processo sem análise de mérito do requerimento, caso não
haja elementos suficientes ao reconhecimento do direito nos termos do disposto
no art. 40 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
Interessante ressaltar que não caberá recurso ao Conselho de Recursos da
Previdência Social da decisão que determine o arquivamento do requerimento
sem análise de mérito decorrente da não apresentação de documentação indis-
pensável ao exame do requerimento,
Caso haja manifestação formal do segurado no sentido de não dispor de
outras informações ou documentos úteis, diversos daqueles apresentados ou dis-
poníveis ao INSS, será proferida a decisão administrativa com análise de mérito do
requerimento.
O arquivamento do processo não inviabilizará a apresentação de novo re-
querimento pelo interessado, que terá efeitos a partir da data de apresentação da
nova solicitação.
O reconhecimento do direito ao benefício com base em documento apre-
sentado após a decisão administrativa proferida pelo INSS considerará como data
de entrada do requerimento a data de apresentação do referido documento. Esse
ponto tem gerado bastante controvérsia, porém ele deverá ser interpretado da
seguinte maneira:
Caso a exigência seja referente a um documento não apresentado ao INSS,
caberá a fixação de nova DER. Porém, caso o INSS já tenha conhecimento deste,
essa nova exigência, seja oriunda de rasuras, seja oriunda de erro, não deverá ser
fixada nova DER.

Ofensa ao direito de petição (art. 5º, XXXIV, a, da CF) e livre exercício


da advocacia
importante esclarecer, outrossim, que o INSS, em nenhuma hipótese, pode
É
recusar o protocolo de um requerimento administrativo.
30 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Logo, ainda que a documentação esteja incompleta ou que o servidor da


autarquia previdenciária não concorde com o pedido formulado pelo segurado,
este tem o dever constitucional de protocolar o requerimento formulado, sob
pena de violação do art. se+ XXXIV, a, da CRFB.
A única exceção à regra em comento refere-se à hipótese em que se consta-
te que o órgão ou entidade, cujo requerimento fora endereçado, é manifestamen-
te incompetente para exame da matéria.

Mandado de segurança do advogado


O advogado, por ser essencial ao funciona-
mento da justiça, não pode se sujeitar a senhas nem
agendamentos. Com base nesse entendimento, é
admitida a impetração de Mandado de Segurança
preventivo ou repressivo para garantir a sua isenção
de submissão a agendamento e senha nas agências
da Previdência Social.
Todavia, quando se utiliza muito determinada
APS, o advogado deve, ao ter a liminar concedida,
conversar com o gerente para estabelecer uma rela-
ção futura pacífica e cordial entre este e os servidores
dessa agência.

Problemas com agendamento


Como agendar uma aposentadoria especial, uma aposentadoria por invali-
dez, auxilio-doença e auxílio-acidente?
Segundo o regramento da Instrução Normativa, fica admitido o aprovei-
tamento da DER, nos casos em que o segurado realize o agendamento para be-
nefício diverso do pretendido, acaso verificado que o benefício pretendido e o
agendado sejam de mesma natureza.
No que tange aos beneficios por incapacidade (aposentadoria por invalidez,
auxílio-doença e auxílio-acidente), a autarquia previdenciária não disponibiliza um
agendamento individualizado para estes.
Logo, o segurado que pretende requerer a concessão de um desses benefi-
cios tem de agendar, tão somente, perícia médica e, nessa hipótese, cabe ao perito
definir a qual benefício por incapacidade o segurado fará jus. Sendo assim, se o
perito defere um dos benefícios, equivale dizer que está indeferindo os demais.
Entretanto, no tocante à aposentadoria especial, O segurado necessita agen-
dar previamente, perante o INSS, uma aposentadoria por tempo de contribuição,
cabendo ao servidor do INSS, na data do protocolo, analisar qual tipo de aposen-
CAPITULO É -
Processo administrativo previdenciário 31

tadoria será concedida, a saber, se integral, proporcio-


nal ou especial,

Desídia no processo administrativo e con-


cessão
Nos termos do art. 174 do Decreto nº 3.048/1999,
em regra, o INSS possui o prazo de 45 dias, a contar da
data do protocolo, para iniciar o pagamento do bene-
ficio previdenciário ou assistencial a que o segurado faz jus.
Caso não seja observado o prazo em questão, torna-se cabível a impetração
de mandado de segurança por desídia funcional, com vistas a cessar a lesão ao
direito líquido e certo decorrente da omissão da autarquia previdenciária, o que
ensejará determinação judicial para que esta profira posicionamento acerca do
requerimento de concessão do benefício.
também, o ajuizamento de ação judicial com pedido de concessão
É cabível,
do benefício, cuja análise tenha se omitido o INSS. Nessa hipótese, a desídia da
autarquia previdenciária reflete uma negativa da concessão do benefício.
Recomenda-se o uso do Mandado de Segurança por Desídia somente nos
casos em que há pretensa certeza de que o beneficio será concedido administrati-
vamente, mas lembre-se de que podem ocorrer atrasos na implantação.
De outro lado, em casos de improcedência de pedidos administrativos,
como aposentadorias especial e rural, sugere-se impetrar ação judicial e mencio-
nar a desídia nas preliminares, solicitando ao magistrado o reconhecimento desta
e o prosseguimento direto da ação.

2.6 Auditoria ou PAB (Pagamento


Alternativo de Benefício)
Quando, no pagamento de valores reconhecidamente devidos pelo INSS,
são encontrados indícios de irregularidade no procedimento adotado para a con-
cessão do benefício previdenciário ou no montante deferido a titulo de benefício,
é possivel que a autarquia proceda à instauração de uma auditoria com vistas a
averiguar a (im)pertinência da citada suspeita.
Cumpre esclarecer que a competência para a instauração do procedimento
de auditoria é do gerente executivo da APS em que tiver sido concedido o bene-
fício previdenciário.
32 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Para verificar se o processo foi remetido para a auditoria, basta requerer no


INSS a expedição do documento denominado HISCRE (histórico de créditos),
porquanto, acaso tal fato tenha ocorrido, constará nessa planilha previdenciária a
seguinte informação: "valores remetidos à gerência/auditoria na data [...)".
O prazo para a conclusão da auditoria é de 30 dias. Ultrapassado esse pe-
riodo sem que tenha ocorrido a finalização desse procedimento, é cabível a impe-
tração de mandado de segurança em razão da desídia funcional, nos termos do
art. 49 da Lei nº 9.784/1999, cujo objeto consiste na determinação para que seja
procedida à conclusão da auditoria e, por conseguinte, emitido o PAB (Pagamento
Alternativo de Benefício) em favor do impetrante/segurado.
Se a conclusão da auditoria apontar que não houve irregularidade na con-
cessão do benefício, tampouco no valor deferido a tal título, será emitido o de-
nominado PAB (Pagamento Alternativo de Benefício), consubstanciado numa
ordem de pagamento dos benefícios que restaram atrasados em razão da ins-
tauração do procedimento de auditoria e cujos valores serão atualizados desde
a data da DER.

Emitido o PAB, o segurado será avisado por correspondência. O pagamento


do beneficio, em regra, é feito por meio de cartão magnético. Todavia, pode o
segurado optar por depósito em conta corrente de sua titularidade.

2.7 Recurso administrativo

Indeferimento do benefício previdenciário


O indeferimento do benefício previdenciário se dá quando se verifica que
o segurado não cumpriu os requisitos obrigatórios ou, quando da perícia médica,
por via administrativa, ocorre a negativa da concessão de benefício, sob os seguin-
tes argumentos:

e Falta de qualidade de segurado à época da incapacidade.


e
Doença preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral da Previ-
dência Social.
e
Capacidade laborativa.
e Não cumprimento de carência.

O comunicado de decisão expedido pelo INSS ao segurado, dando ciência a


este acerca do indeferimento do pedido de concessão de beneficio previdenciário,
necessita de fundamentação pela qual este fora proferido.
CAPITULO É -
Processo administrativo previdenciário 33

Poderá, por conseguinte, a autarquia previdenciária deferir benefício previ-


denciário diverso daquele pretendido pelo segurado. Nesse caso, o deferimento
de um benefício não solicitado pelo segurado e a omissão acerca do benefício
pleiteado originalmente por este equivalerão ao indeferimento desse último.
Das decisões que indeferem o benefício pleiteado ou deferem benefício di-
verso do pretendido pelo segurado, será admitida a interposição de recurso admi-
nistrativo direcionado à Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdên-
cia Social e esta, verificando provas em sentido contrário, pode modificar o
entendimento exarado pelo INSS em sede de primeiro grau. Todavia, mantido o
indeferimento pela Junta de Recursos, o segurado tem a possibilidade de interpor
Recurso Especial endereçado às Câmaras de Julgamento.
Consoante o art. 617 da IN nº 77/2015, o prazo
para agendamento de interposição do recurso na esfe-
ra administrativa previdenciária é de 30 dias. Todavia,

excepcionalmente, o citado prazo poderá ser relativi-


zado.
importante mencionar que O prazo anterior-
É

mente estabelecido é para o agendamento do recur-


so, sendo possivel que o protocolo efetivo dele se dê
após ultrapassado o trintídio legal.
O agendamento em questão se demonstra imprescindivel para a interposi-
ção de recurso perante a autarquia previdenciária. Neste sentido, se verificado que
dentro dos 30 dias não houve agendamento para a interposição de recurso pelo
segurado, haverá O esgotamento do prazo para tanto.
O recurso pode ser protocolado em qualquer agência da Previdência Social,
não estando vinculado à APS que primeiramente decidiu acerca do requerimento
de concessão de benefício previdenciário.
Os órgãos da estrutura previdenciária aos quais devem ser endereçados os
respectivos recursos de suas decisões são os que integram o denominado Con-
selho de Recursos da Previdência Social (CRPS), a saber, as Juntas de Recursos, as
Câmaras de Julgamento e o Conselho Pleno,
Uma vez esgotada a via administrativa ou optando o segurado por não mais
fazer uso desta até a última instância, poderá ingressar com uma ação judicial
previdenciária para obter a reversão da decisão administrativa.
As naturezas das matérias ventiladas por meio de recurso pelo segurado po-
dem ser de cunho legalista, meritório ou objetivando a reanálise dos documentos
que corroboraram o pedido de concessão do benefício previdenciário.
34 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Espécies de recursos
A primeira espécie de recurso existente na estrutura administrativa previ-
denciária é o recurso ordinário. Seu endereçamento é para as Juntas de Recursos
do CRPS e seu protocolo realizado, preferencialmente, perante a Agência da Previ-
dência Social que proferiu a decisão recorrida (art. 537 da IN nº 77/2015).
Interposto o recurso, será deferido prazo para que o órgão prolator da deci-
são apresente suas contrarrazões.
O segundo recurso cabível na esfera administrativa previdenciária diz respei-
to aos embargos de declaração. Neste sentido, se a decisão da Junta for omissa,
obscura ou contraditória, será possível opor embargo de declaração em face des-
ta, O qual interrompe o prazo para interposição do recurso especial.
A terceira peça recursal admitida na esfera do INSS refere-se ao recurso
especial (art. 30, Portaria MDSA nº 116/2017). Trata-se de recurso, de natureza
excepcional, direcionado a Câmara de Julgamento, passível de interposição pelo
segurado ou pela Autarquia Previdenciária.
Quando interposta pelo INSS, a matéria objeto deste sofrerá limitação, sen-
do admitida apenas quando:
« violarem disposição de lei, de decreto ou de portaria ministerial;
*
divergirem de súmula ou de parecer do advogado-geral da União;
*
divergirem de pareceres da consultoria juridica do MDSA, aprovado pelo
procurador-chefe;
«
divergirem de enunciados editados pelo Conselho Pleno do CRPS;
* tiverem sido fundamentadas em laudos ou pareceres médicos divergentes emitidos pela
assessoria têécnico-médica e pelos médicos peritos do INSS, ressalvados os benefícios de
auxílio-doença, nos termos do inciso do $ 2º, art. 30;
|

* contiverem vício insanável.

Na hipótese de interposição de recurso especial pelo INSS, sem que se verifi-


que a ocorrência de uma das hipóteses autorizadoras para este, o segurado tem a
alternativa, em suas contrarrazões, de arguir a preliminar de ausência de interesse
recursal da autarquia previdenciária.
A quarta peça recursal refere-se ao denominado incidente de uniformi-
zação. A citada medida deve ser interposta, pelo segurado ou pelo INSS, quando
houver divergência entre a decisão exarada pela Junta de Recursos ou da Câmara
de Julgamento e as demais Câmaras e Juntas insertas na estrutura do INSS. Seu
endereçamento é formalizado para o Conselho Pleno e tem por fim postular que
este uniformize o entendimento exarado pelos órgãos do CRPS.
8

CAPITULO é
-
Processo administrativo previdenciário -35
A quinta e última peça recursal se refere à denominada reclamação, medi-
da cabível quando os acórdãos das juntas de Recursos do CRPS ou os acórdãos de
Câmaras de Julgamento infringirem pareceres das consultorias jurídicas do MDSA,
MPS, MTPS ou enunciados editados pelo Conselho Pleno (art. 64, Portaria MDSA
nº 116/2017).

Quadro sinóptico - Espécies de recursos administrativos

RECURSO
EMBARGOS DE
RECURSO
ESPECIAL
f INCIDENTE DE
NIFORMIZAÇÃO
|
RECLAMAÇÃO

DECLARAÇÃO
ORDINÁRIO

Julgamento do recurso
Inexiste norma especifica que defina o prazo para a Junta de Recursos, bem
como as Câmaras de Julgamento julgarem os recursos de sua competência. Desta
feita, aplica-se subsidiariamente o art. 59, $ 1º, da Lei nº 9.784/1999, diploma que
rege o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, o
qual estipula como prazo máximo para julgamento de recursos o de 30 dias.
O julgamento dos recursos direcionados às Câmaras, bem como as Juntas
de Recursos, pode, do mesmo modo, ser convertido em diligência para que tais
órgãos possam realizar uma pesquisa administrativa antes do julgamento final do
recurso.
As decisões exaradas por esses órgãos decorrem nos seguintes sentidos:
* Não conhecimento;
* Conhecimento e não provimento;
* Conhecimento e parcial provimento;
Conhecimento e provimento;
* De anulação do acórdão recorrido.

Segundo o art. 56, $ 1º, da Portaria MDSA nº 116/2017, o prazo para cum-
primento das decisões do CRPS é de 0
dias, sob pena de responsabilização do
servidor que der causa ao retardamento.
Todavia, conforme estampado no $ 2º desse mesmo artigo, o INSS poderá
deixar de cumprir a decisão se demonstrado que concedeu melhor beneficio ao
segurado e ele tenha concordado com a concessão deste.
36 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

2.8 Revisão administrativa


Trata-se de medida por meio da qual o INSS procede à revisão dos benefi-
cios que estão em manutenção ou foram indeferidos. Sua regulamentação encon-
tra-se delineada nos arts. 559 a 567 da IN nº 77/2015.
Concluída a instrução da revisão administrativa,
o INSS tem o prazo de até 30 dias para proferir decisão,
salvo prorrogação por igual período expressamente
motivada, conforme preceitua o art. 691, $ 4º, da IN
nº 77/2015, bem como o art. 49 da Lei nº 9.784/1999.
Outrossim, caso venha ser indeferido o pedido de revi-
são administrativa, O segurado terá o prazo de 30 dias
para interposição de recurso.
Nos termos dos arts. 563 e 564 da IN nº 77/2015,
a apuração dos valores decorrentes do pedido de revisão dependerá do fato de o

segurado ter realizado a apresentação de novos documentos ou não.


Desta maneira, se o pedido de revisão tiver sido formulado com apresenta-
ção de novos documentos, a apuração dos valores se dará a partir da DIP (Data
de Início do Pagamento), observada a prescrição. Contudo, se o pedido de revisão
não for acompanhado de novos documentos, a apuração dos valores deverá ser
realizada a partir da DPR (Data do Pedido da Revisão).
Segundo o art. 568 da IN nº 77/2015, o pedido de revisão, seja para as deci-
sões que concederam o benefício, seja para aquelas que O negaram, terá o prazo
de dez anos para ser realizado. O início do prazo em questão se dá a partir do pri-
meiro dia do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando
for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva
do benefício.
A exceção da citada regra encontra-se nos pedidos de revisões de reajusta-
mento, previstos no art. 565 da IN nº 77/2015, também conhecidas como revisões
do teto de concessão, que são aquelas realizadas nas hipóteses em que o INSS
não aplica corretamente os indices de reajuste durante os anos de recebimento
do beneficio. Essa peculiaridade se deve ao fato de que, nessa hipótese, não há a
revisão do ato de concessão, mas sim aplicações dos índices de reajustes periodi-
camente realizadas.
A revisão pode se dar de ofício, conforme art. 59 da Portaria MDSA
nº 116/2017, nas seguintes hipóteses:

e houver violação à lei ou ao decreto;


CAPITULO É -
Processo administrativo previdenciário 37

divergirem do Parecer da Consultoria Jurídica do MDSA, MPS, MTPS, aprovados pelo


ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Agrário, bem como súmulas e pare-
ceres do advogado-geral da União;

divergirem de enunciado editado pelo Conselho Pleno;

for constatado vício insanável.

Nessas hipóteses, sera possível a reanálise integral do processo administrativo,

2.9 Processo administrativo disciplinar


(PAD)
Trata-se de procedimento administrativo cuja
instauração pode se dar por requerimento do interes-
sado ou de ofício pela própria administração pública.
Tem por finalidade averiguar a infração funcional co-
metida pelo servidor público no desempenho de suas
atribuições.
O servidor público, no exercício de suas fun-
ções, está vinculado ao princípio da estrita legalidade,
logo é necessário que cumpra as normas contidas nas
instruções normativas e demais instrumentos, conforme estipulado no art. 68 da
Portaria MDSA nº 116/2017.
A IN nº 77/2015 compila os deveres a serem observados pelo servidor do
INSS no exercício de suas funções. Logo, sua atuação deve:

estar pautada segundo a lei e demais fontes de direito (art. 659, II, IN
nº 77/2015);
se dar segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé (art. 659, V, IN

-
nº 77/2015);
observar a finalidade do processo administrativo, qual seja, resguardar o direi-
to do segurado (art. 659, VI, IN nº 77/2015);
analisar o dever de informação, fornecendo aos interessados, em todas as
fases do processo, os esclarecimentos necessários para O exercicio dos seus
direitos (art. 659, VII, IN nº 77/2015);
fundamentar as decisões administrativas, indicando os elementos ou do-
cumentos que embasaram a concessão ou indeferimento do beneficio
(art. 659, X, IN nº 77/2015);
38 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

e observar a obrigação de concessão do melhor benefício ao segurado, uma


vez satisfeitos os requisitos para a concessão de mais de um tipo de benefício
(art. 688, IN nº 77/2015).

2.10 Disposições diversas relativas ao


processo administrativo
Segundo o que preconiza o art. 697 da IN nº 77/2015, é devido ao segurado,
ao representante legal deste, bem como ao seu procurador, mediante requeri-
mento formulado por estes, o direito de vistas e cópia de processo administrativo.
No entanto, no tocante aos advogados, estes têm a prerrogativa, indepen-
dentemente de procuração, de gozar de amplo acesso para fins de vista e cópia
dos procedimentos administrativos, exceto se verificado que a matéria se encon-
tre sob sigilo.
Para realização de carga de procedimento administrativo, nos termos do
art. 699 da IN nº 77/2015, faz-se necessário apresentação de procuração e/ou subs-
tabelecimento pelo advogado ou estagiário interessado. Contudo, para processos
findos, é dispensada a apresentação de procuração.
Por fim, caso o segurado proponha requerimento administrativo para con-
cessão de benefício previdenciário e, no curso deste, venha falecer, a data da DER
será aproveitada pelos seus herdeiros, que deverão formalizar pedido de conver-
são em pensão por morte.
Com o Dec. nº 10.410, de 30 de junho de 2020, algumas novidades surgiram
no processo administrativo.
e Para a dependência econômica e prova de união estável, serão necessários
dois, e não três documentos.
e
Agora, quando houver falta de provas para comprovação de determinado ato
administrativo, estas poderão ser supridas pela justificação administrativa tam-
bém com duas testemunhas, e não mais três.
e
Após grande dilema estabelecido entre as portarias do INSS e a Lei
nº 9.784/1999, o decreto reafirma a possibilidade de apresentação de cópias
simples dos documentos. Entretanto, no caso de documentos como a carteira
de trabalho ou certidão de tempo de contribuição, deverão ser apresentados
OS Originais sem rasuras ou distorções.

e Para fins de carência, no caso de segurado empregado doméstico, considera-se


presumido o recolhimento das contribuições dele descontadas pelo emprega-
CAPITULO é -
Processo administrativo previdenciário 39

dor doméstico, a partir da competência junho de 2015, na forma prevista no


art. 211.
e Para o segurado empregado doméstico filiado ao RGPS nessa condição até 31
de maio de 2015, o período de carência será contado a partir da data do efetivo
recolhimento da primeira contribuição sem atraso.
e Para o período de filiação comprovado como empregado doméstico sem a
comprovação do recolhimento ou sem a comprovação da primeira contribui-
ção sem atraso, será reconhecido o direito ao benefício de um salário mínimo,
independentemente do requerimento.
Antes do Dec. nº 10.410/2020, não existia previsão para recolhimento como
facultativo durante periodos de atividades rural como segurado especial. o Dec.
nº 10.410/2020 definiu no art. 18, $ 7º que a inscrição do segurado especial será
feita de forma a vinculá-lo ao seu grupo familiar de acordo com a identificação da
propriedade em que é desenvolvida a atividade e a informação de a que título ela
é ocupada; a informação sobre a residência ou não do segurado na propriedade
em que é desenvolvida a atividade, e, em caso negativo, sobre o municipio onde
reside; e quando for o caso, a identificação e a inscrição da pessoa responsável
pelo grupo familiar.

2.11 Cadastro Nacional de Informações


Sociais (CNIS)
O CNIS é um mecanismo criado para armazenar os dados dos segurados
do Regime Geral de Previdência (RGPS) e comprovar sua filiação perante o Insti-
tuto Nacional de Seguro Social (INSS).
No CNIS, constam informativos sobre vínculos trabalhistas, periodos de
contribuições e remunerações que servirão de base para o cálculo dos benefícios
previdenciários.
Além disso, deverá constar o tempo rural exercido como segurado especial
ou pescador artesanal, tempo de aluno aprendiz em escola técnica, tempo de
trabalho especial, serviço militar obrigatório, tempo
trabalhado em pais estrangeiro que o Brasil tenha tra-
tado de reciprocidade, entre outros.
Os elementos elencados podem ser corrigidos
ou alterados, desde que o segurado comprove
documentalmente que as informações trazidas
anteriormente não estão corretas nem são ver-
dadeiras e, portanto, carecem de alteração.
40 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Têm sido suscitadas algumas dúvidas referentes ao CNIS com relação à pen-
dência de vinculo extemporâneo (PEXT). Isso porque é uma das teses de indefe-
rimento mais usadas pelo INSS e ocorre quando, por exemplo, um empregador
deixa de repassar as contribuições já retiradas do empregado (INSS do emprega-
do) ou deixa de recolher a guia GPS no prazo legal, Diante do exposto, caberá ao
empregado comprovar o referido vinculo mediante apresentação de documentos
como carteira de trabalho, carteira profissional, contrato individual de trabalho,
entre outros.
A finalidade da correção é garantir a contabilização do tempo de contribui
ção ou do valor da remuneração para o cálculo da futura aposentadoria.
As modificações são previstas pelo art. 29-A, $ 28, da Lei nº 8.213/1991. Estas
eram realizáveis por meio de agendamento de uma carta de esclarecimentos, em
que o segurado apresentava a documentação que comprovava as alterações e
estas seriam realizadas de pronto pelo órgão administrativo.
Entretanto, em 2016, o INSS, por meio do Memorando 56, tratou da altera-
ção do fluxo de atendimento do serviço de atualização de tempo de contribuição.
Em seu conteúdo, especificou que o indeferimento administrativo será de-
clarado de imediato se o contribuinte tentar retificar as informações contidas em
seu cadastro antes de possuir direito adquirido de se aposentar ou receber outro
benefício em espécie, isso porque sua modificação só poderá ser realizada no ato
do requerimento de benefício.
Nesta senda, poderá ser impetrada ação de averbação, que buscará a retifi-
cação das novas informações trazidas ao CNIS, ou seja, a averbação do tempo de
contribuição ou de valores remuneratórios.
O pedido judicial que levará à alteração poderá suceder-se de três formas:

e Preventivo já constando em preliminar o prévio indeferimento em de-


-

corrência do Memorando 56, quando houver a ausência, por exemplo, de


documentos, como perfil profissiográfico previdenciário (PPP) e falta de do-
cumentos rurais para comprovação da atividade especial;
e de Concessão do benefício que possui em seu mérito o pedido de um be-
-

nefício previdenciário que se perpetuará com a alteração realizada no CNIS;


e de Revisão do benefício para que sejam reajustados os valores dos salá-
-

rios de contribuição não considerados anteriormente ou que vise introduzir


vínculos de trabalho obtidos por sentença trabalhista que impactarão na
melhora do valor do benefício.
CAPITULO É -
Processo administrativo previdenciário 41

O indeferimento antecipado, em 2017, causou Autarquia, no Tribunal Re-


à

gional Federal da 3º Região, condenação à revisão do benefício:


PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRI-
BUIÇÃO. RETIFICAÇÃO DO CNIS. POSSIBILIDADE. 1. Apresentados os docu-
mentos emitidos pelas ex-empregadoras. Possibilidade de retificação dos
dados do CNIS. Precedent jurisprudencial. 2. Mantida a condenação à re-
visão do benefício, contudo o seu termo inicial deverá incidir a partir do
pedido de revisão nas vias administrativas, protocolado em 12/2/2008.
3. À correção monetária e os juros moratórios incidirão nos termos do Ma-
nual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal em
vigor por ocasião da execução do julgado. 4. Apelação da autarquia parcial-
mente provida. (TRF-32 Reg., 8º T., Ap nº 00038127120134036112 SP, rel. Des.
Federal David Dantas, j. 23-10-2017, e-DJF3 Judicial 1, 9-11-2017).

O indeferimento antecipado pode ferir o direito constitucional de petição


do segurado art. 52%, XXXIV, a, da CRF/88, já que impede a devida atenção ao prin-
cípio da eficiência do Poder Público perante a referida situação.
Como atualização desse mérito, do INSS revogou o Me-
a Port. nº 123/2020
morando nº 56, trazendo a possibilidade de o segurado ligar no 135 com a finali-
dade de agendar uma atualização de CNIS. Caso o INSS demore, caberá ação de
averbação direta alegando a desídia do INSS. Essa portaria facilitará o cotidiano
dos advogados previdenciários.
2.11.1 Alterações do CNIS no Dec. nº 10.410/2020
CNIS NO DEC. nº 10.410/2020
O art. 19, 5 1º, preleciona: "O segurado poderá solicitar, a qualquer tem-
po, a inclusão, a exclusão, a ratificação ou a retificação de suas informações
constantes do CNIS, com a apresentação de documentos comprobatórios
dos dados divergentes, conforme critérios definidos pelo INSS, indepen-
dentemente de requerimento de benefício, exceto na hipótese prevista no
art. 142, observado o disposto nos art. 19-B e art. 19-C".
O art. 142 trata da Justificação Administrativa: "Art. 142. A justificação admi-
nistrativa constitui meio para suprir a falta ou a insuficiência de documento
ou para produzir prova de fato ou circunstância de interesse dos beneficiá-
rios perante a previdência social. (...) 8 2º A justificação administrativa é par-
te do processo de atualização de dados do CNIS ou de reconhecimento de
direitos, vedada a sua tramitação na condição de processo autônomo. 8 3º
Quando a concessão do benefício depender de documento ou de prova de
ato ao qual o segurado não tenha acesso, exceto quanto a registro público
42 ROVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

ou início de prova material, a justificação administrativa será oportunizada,


observado o disposto no art. 151.
54º À prova material somente terá validade para a pessoa referida no docu-
mento, vedada a sua utilização por outras pessoas".

Sobre a extemporaneidade de vínculos e contribuições: o $ 2º do art. 19


estabelece que: informações inseridas extemporaneamente no CNIS, independen-
temente de serem inéditas ou retificadoras de dados anteriormente informados,
somente serão aceitas se corroboradas por documentos que comprovem a sua
regularidade, na forma prevista no art. 19-B. Acho contraditório que, mesmo as
retificadores, somente serão aceitas com documentos de sua regularidade. Se já
foram retificadas, qual o fundamento de se provar novamente? E o $ 4º do art. 19
afirma que a extemporaneidade de que trata o $ 3º poderá ser desconsiderada
depois de decorrido o prazo de um ano, contado da data de inserção das informa-
ções relativas a vínculos e remunerações, conforme critérios definidos pelo INSS. O
$ 3º trata que, respeitadas as definições vigentes sobre a procedência e origem das
informações, considera-se extemporânea a inserção de dados:
53º (...)|relativos à data de início de vínculo empregatício, após o último
-

dia do quinto mês subsequente ao mês da data da admissão do segurado;


Ilrelativos à remuneração de trabalhador avulso ou contribuinte individual
-

que preste serviços a empresa ou equiparado, após o último dia do quinto


mês subsequente ao mês da data da prestação de serviço pelo segurado; ou
Ill relativos à contribuição, sempre que o recolhimento tiver sido feito sem
-

observância ao disposto em lei.

O CNIS, como abordado, é um documento importante na vida previden-


ciária dos segurados, e possui, além dos vínculos de trabalho e salários de contri-
buições, Os inúmeros indicadores que, antes ou ao tempo do requerimento de
benefício, podem ser corrigidos. Atualmente hã a Port. nº 123/2020, que trata da
correção desse documento, mesmo antes de qualquer requerimento de benefício.
Antigamente tinhamos o Memorando Circular nº 56 que barrava essa possibilida-
de. Em que pese haver a ressalva no tópico anterior, o $ 12 ao art. 19-A preleciona:

Os recolhimentos efetuados na época apropriada constantes do CNIS serão


reconhecidos automaticamente, observados a contribuição mínima mensal
e o disposto no art. 19-E, dispensada a comprovação do exercício da ativi-
dade. Diante disso não há razão para subsistir nenhuma carta de exigência
do INSS quando se tem vínculos e salários de contribuição corretos no CNIS.
CAPITULO & -
Processo administrativo previdenciário -43
E, surpreendentemente, para contradizer essa máxima, o art. 19-B expõe:

Art. 19-B. Na hipótese de não constarem do CNIS as informações sobre ati-


vidade, vínculo, remunerações ou contribuições, ou de haver dúvida sobre a
regularidade das informações existentes, o período somente será confirma-
do por meio da apresentação de documentos contemporâneos dos fatos a
serem comprovados, com menção às datas de início e de término e, quando
se tratar de trabalhador avulso, à duração do trabalho e à condição em que
tiver sido prestada a atividade.
5 1º Além dos dados constantes do CNIS a que se refere o art. 19, observada
a forma de filiação do trabalhador ao RGPS, os seguintes documentos serão
considerados para fins de comprovação do tempo de contribuição de que
trata o caput, desde que contemporâneos aos fatos a serem comprovados;
(...)

Sabe-se que é dificil o segurado conseguir documentos contemporâneos, e


muitas empresas podem ter encerrado suas atividades.
EP VOCE
SEGURIDADE E
ASSISTÊNCIA
SOCIAL
CAPITULO 3 -

Seguridade e assistência social -47

3.1 Conceitos introdutórios


A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações do Poder
Público e da sociedade a fim de assegurar os direitos relativos à saúde, à Previdên-
cia e à Assistência Social (art. 194, CRFB/1988).
Ao contrário da Previdência Social, a
Assistência Social não depende da contri-
buição de seus assistidos e visa garantir, in-
distintamente aos brasileiros e estrangeiros ANIS SSISTÊNCI
SOCIAL SOCIAL
residentes no país, o minimo social indispen-
contributiva
sável à sua subsistência.
O dispositivo normativo especifico éa
Lei nº 8.742/1993, denominada "Lei Orgânica
da Assistência Social", comumente conheci-
da como LOAS, ou Lei de Amparo ao Idoso
e ao Deficiente.
De todos os objetivos da Assistência
Social, a prática da advocacia previdenciária circundará, a rigor, a disciplina do
Benefício de Prestação Continuada de Assistência Social (BPC), que consiste na
renda mensal de um salário mínimo destinado ao amparo do idoso, do deficiente
ou do incapacitado,
A LOAS possui critérios próprios que definem o que se entende por misera-
bilidade (art. 20, $ 35), idade (art. 20, caput) e deficiência (art. 20, $ 2º), dividindo as
espécies de beneficios assistenciais em dois grandes grupos: benefício assistencial
ao idoso e benefício assistencial ao deficiente.
No entanto, dada a falta de atualização da lei diante da evolução do or-
denamento e da construção jurisprudencial a respeito, tais pressupostos são de
aplicação controversa, como veremos adiante.

3.2 Como obter o beneficio de prestação


continuada
Os requerimentos de benefícios e serviços são realizados pelos canais de
atendimento da Previdência Social, como Meu INSS, central de teleatendimento,
pelo telefone 135, ou, diretamente, nas unidades de atendimento.
Qualquer que seja o canal de atendimento utilizado, será considerada a data
de entrada do requerimento (DER) a data de solicitação do agendamento do be-
neficio ou serviço (art. 669, IN nº 77/2015), salvo se: não comparecer o interessado
48 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

na data agendada para conclusão do requerimento; ocorrer reagendamento pelo


interessado (exceto se for antecipado o atendimento); ou no caso do benefício ou
serviço agendado for incompatível com aquele devido, hipótese na qual a DER
será considerada a data do atendimento.
Sobre a DER, destaca-se a Sámula nº 22 da Tur-
ma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais
Federais (TNU):

se a prova pericial realizada em juízo dá conta de


que a incapacidade já existia na data do requeri-
mento administrativo, esta é o termo inicial do
benefício assistencial.

Ainda sobre a data de requerimento, convém ao


advogado verificar se o cliente que o procura para concessão de eventual benefi-
cio assistencial da LOAS já não se dirigiu a agência da Previdência Social em opor-
tunidade anterior e lá formulou requerimento de benefício que foi posteriormen-
te indeferido. Nesses casos, verificada que a situação fática é a mesma, convém se
utilizar da antiga negativa administrativa para ingressar diretamente em juizo, via
ação de concessão do benefício assistencial, para implantação do benefício desde
a negativa do INSS, incluídos os cinco últimos anos de beneficios atrasados, obser-
vada a prescrição quinquenal (art. 103, parágrafo único, Lei nº 8.213/1991).
Nova entrada perante o INSS, portanto, somente
é válida se houver alteração da condição econômica do
requerente, fazendo com que os efeitos do benefício só
se produzam após a DER.
Os Decretos nº 8805/2016 e 9.462/2018 estipula-
ram que para concessão, manutenção e revisão do bene-
ficio assistencial, é necessário, além de registro no cadas-
tro de pessoas fisicas (CPF), a inscrição do beneficiário no
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico),
cujas informações devem ser atualizadas nos últimos dois anos.
Essa nova exigência, além de visar à unificação de cadastros informatizados
e à troca de informações entre as bases de dados da administração, influencia
também a apuração da composição da renda familiar pelo INSS, visto que "na
análise do requerimento do benefício, o INSS confrontará as informações do Ca-
dÚnico, referentes à renda, com outros cadastros ou bases de dados de órgãos
da administração pública disponíveis, prevalecendo as informações que indiquem
maior renda se comparadas àquelas declaradas no CadÚnico (art. 13, $ 3% Decreto
nº 8.805/2016).
CAPITULO 3 -

Seguridade e assistência sociai 49

Ademais, ao se cadastrar no CadÚnico, o declarante acaba vinculando-se


às informações que lá prestar, ficando sujeito às penas previstas em lei no
caso de omissão de informação ou de declaração falsa (art. 13, caput, Decreto
nº 8.805/2016).

3.3 Benefício assistencial ao idoso

O Benefício Assistencial ao Idoso, segundo o art. 20 da Lei nº 8.742/1995, será


devido aquele que completar 65 anos e comprove não possuir meios de prover a
própria manutenção nem de té-la provida por sua família.
É importante mencionar que a fixação da idade minima está em descom-
passo com o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), que considera idosa toda
pessoa com idade igual ou superior a 60 anos (art. 1º, caput).
Note-se também que o art. 203, V, da Constituição Federal dá a garantia de
um salário minimo ao idoso, simplesmente, sem estipular idade específica, já ante-
vendo que isto poderia variar ao longo do tempo conforme a expectativa de vida.
Não obstante tal controvérsia, tem-se, ainda, que aos trabalhadores por-
tuários avulsos é assegurado benefício assistencial a partir dos 0
anos, conforme
art. 10-A da Lei nº 9.719/1998.
Outro aspecto relevante diz respeito à exclusão do cálculo para composição
de renda familiar se outro membro da familia já recebe o benefício (art. 34, pará-
grafo único, Lei nº 10.741/2003).

3.4 Benefício de prestação continuada ao


deficiente
O benefício de prestação continuada pode ser obtido também para pes-
soas portadoras de deficiência física ou mental, bem como às padecentes de inca-
pacidade laborativa ou social.
Conforme art. 20, $ 2º, da Lei nº 8.742/1993, consideram-se pessoa com de-
ficiência:

aquela que tem impedimento de longo prazo de


natureza física, mental, intelectual ou sensorial, O
qual, em interação com uma ou mais barreiras,
pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as de-
mais pessoas.
50 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Esse conceito de deficiência foi recentemente adequado pelo Estatuto da


Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), instituída em vista da adesão e rati-
ficação, pelo Brasil, à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e
seu Protocolo Facultativo.
Para a verificação do preenchimento dos requisitos para a concessão do
benefício assistencial ao deficiente, este deverá ser submetido à avaliação médi-
co-pericial, por perito habilitado do INSS, para verificação da natureza da deficiên-
cia e do grau de impedimento.
A teor do art. 4º do Decreto nº 3.298/1999, as espécies de deficiência podem
ser classificadas em cinco categorias:

e Deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo


humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma
de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, terraplegia, tetraparesia, triplegia,
triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro,
paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto
as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de
funções.
e Deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibéis (dB) ou mais,
aferida por audiograma nas frequências de 500 HZ, 1.000 HZ, 2.000 Hz e 3.000 Hz.
e Deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no
melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual
entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais o
somatório da medida do campo visual em ambos os olhos é igual a ou menor que 60º;
ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores.
e Deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média,
com manifestação antes dos 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de
habilidades adaptativas, como comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais,
utilização dos recursos da comunidade, saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer,
trabalho.
« Deficiência múltipla: associação de duas ou mais deficiências.

Além disso, o art. 18 da Lei nº 13.301/2016, assegura a concessão de benefi-


cio assistencial às crianças vitimas de microcefalia de-
correntes de doenças transmitidas pelo mosquito Ae-
des Aegypti, a despeito dos surtos de dengue, Zika e
Chikungunya.
O benefício teria prazo fixado de três anos para
manutenção do benefício, não sendo limitado nos
casos em que o beneficiário persistisse com os impe-
dimentos que o qualificam como pessoa com defi-
CAPITULO 3
-

Seguridade e assistência social 51

ciência para fins de BPC; caso em que deve ser mantido o pagamento, desde que
preenchido também o pressuposto de miserabilidade.
O artigo anteriormente mencionado foi revogado pela MP nº 894/2019,
que institui uma pensão mensal, vitalícia e intransferível, no valor de um salário
minimo.
Essa pensão especial será devida a partir do dia posterior à cessação do be-
nefício de prestação continuada ou indenizações pagas pela União em razão de
decisão judicial sobre os mesmos fatos, pois não poderão ser acumulados com a
pensão.
Essa pensão vitalícia diferente do BPC não dependerá da análise de renda,
mas sim de exame pericial realizado por perito médico federal para constatar a
relação entre a microcefalia e a contaminação pelo Zika virus.
Éimportante destacar que, para fins de concessão do BPC, deve-se entender
como deficiente a pessoa portadora de incapacidade que a impede para a vida
independente e para o trabalho, não se exigindo uma inaptidão total como, por
exemplo, para os atos mais básicos do dia a dia ou mesmo para se expressar ou se
comunicar normalmente.
Nesse sentido, a Súmula nº 29 da TNU:

para os efeitos do art. 20, 5 2º, da Lei nº 8.742, de 1993, incapacidade para a
vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elemen-
tares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento.

Ademais, a Súm. nº 48 da mesma Turma Nacional prevê:


Para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada, o
conceito de pessoa com deficiência, que não se confunde necessariamente
com situação de incapacidade laborativa, exige a configuração de impedi-
mento de longo prazo com duração mínima de 2 (dois) anos, a ser aferido
no caso concreto, desde o início do impedimento até a data prevista para a
sua cessação.

Deve-se ter em mente ainda que o conceito de deficiência para fins de BPC
é caracterizado por um forte componente social, dada a própria finalidade do
amparo; de tal modo que, se o caso for de incapacidade parcial e o indivíduo em
conjunto obtiver incapacidade social, nada impedirá que o benefício assistencial
seja deferido por essa razão.
Nesse sentido, a Súmula nº 78 da TNU: "Comprovado que o requerente de
benefício é portador do virus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais,
sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido
amplo, em face da elevada estigmatização social da doença".
52 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Inclusive a Lei nº 13.847/2019 dispensa de perícia as pessoas portadoras do


virus HIV
/ Exemplo: "A" é portador do vírus HIV, tem 58 anos
de idade e formação acadêmica limitada a 1º série
do Ensino Fundamental. Considerando sua idade, o
grau de escolaridade e a doença que lhe acomete, é
provável que enfrente sérias dificuldades de inserção
ou reinserção no mercado de trabalho, Diante disso,
resta evidente a sua incapacidade social, que deverá
também ser avaliada por perícia para a concessão
do benefício assistencial.

3.5 Hipossuficiência econômica e renda


per capita
Além dos requisitos de idade ou deficiência para concessão do BPC, exi-
ge-se, ainda, para ambos os casos que o requerente ao amparo se enquadre como
economicamente hipossuficiente, isto é, que comprove não possuir meios de pro-
ver a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.
Nesse caso, a miserabilidade do postulante a benefício assistencial será
avaliada de acordo com a renda per capita dos membros de seu grupo familiar,
somando-se o rendimento total da familia e dividindo-o pelo número de inte-
grantes.
Nesses termos, considera-se renda mensal bruta (art. 4º VI, Decreto
nº 6.214/2007):

e Salário
e Proventos
e Pensões por morte
e Pensões alimentícias
*
Seguro-desemprego
* Comissões
e Pró-labore
e Outros rendimentos do trabalho não assalariado
e Rendimentos do mercado informal ou autônomo
e Rendimentos auferidos do patrimônio
CAPITULO 3
-

Seguridade e assistência social 53

e Renda mensal vitalícia


e Benefício de prestação continuada (exceto aquele concedido a idoso da
mesma família)

Frise-se, entretanto, que os seguintes rendimentos não são computados


como renda mensal bruta familiar (art. 4º $ 2º, Decreto nº 6.214/2007):

e Beneficios e auxilios assistenciais de natureza eventual e temporária


e Valores oriundos de programas sociais de transferência de renda
e Bolsas de estágio supervisionado
e Pensão especial de natureza indenizatória e benefícios de assistência médica
e Rendas de natureza eventual ou sazonal, a serem regulamentadas em ato conjunto do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do INSS
e Rendimentos decorrentes de contrato de aprendizagem

Ainda, a Portaria MPAS/SEAS nº 1.524/2002 (item 2.2, "c") também não con-
sidera renda os apoios financeiros esporádicos recebidos pela família e por seus
integrantes decorrentes da participação em programas sociais, como bolsa-escola,
bolsa-cidada, renda mínima para garantia da educação dos filhos ou erradicação
do trabalho infantil, auxílio-gás, salário-desemprego ou similares, bem como o va-
lor do benefício de prestação continuada da pessoa que está sendo avaliada.
Ressalta-se que o Supremo Tribunal Federal, na Reclamação 4.374, declarou
inconstitucional o critério de miserabilidade previsto no art. 20, $ 3º, da LOAS,
restando atualmente inaplicável no âmbito do Judiciário.

Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente.


Art, 203, V, da Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social (LOAS),
ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu cri-
térios para que o benefício mensal de um salário mínimo fosse concedido
aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovassem não possuir
meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.
2. Art. 20, 8 3º, da Lei nº 8.742/1993, e a declaração de constitucionalidade da
norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, 5 3º, da
Lei nº 8.742/93, que "considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa
portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja
inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo". O requisito financeiro estabele-
cido pela lei teve sua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que
permitiria que situações de patente miserabilidade social fossem considera-
das fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao
apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribu-
54 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

nal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, 5 3º, da LOAS. 3. Recla-


mação como instrumento de (re)interpretação da decisão proferida em con-
trole de constitucionalidade abstrato. Preliminarmente, arguido o prejuízo
da reclamação, em virtude do prévio julgamento dos recursos extraordiná-
rios 580.963 e 567.985, o Tribunal, por maioria de votos, conheceu da recla-
mação. O STF, no exercício da competência geral de fiscalizar a compatibili-
dade formal e material de qualquer ato normativo com a Constituição, pode
declarar a inconstitucionalidade, incidentalmente, de normas tidas como
fundamento da decisão ou do ato que é impugnado na reclamação. Isso
decorre da própria competência atribuída ao STF para exercer o denomina-
do controle difuso da constitucionalidade das leis e dos atos normativos. A
oportunidade de reapreciação das decisões tomadas em sede de controle
abstrato de normas tende a surgir com mais naturalidade e de forma mais
recorrente no âmbito das reclamações. É no juízo hermenêutico típico da re-
clamação no "balançar de olhos" entre objeto e parâmetro da reclamação
-

que surgirá com maior nitidez a oportunidade para evolução interpretativa


-

no controle de constitucionalidade. Com base na alegação de afronta à de-


terminada decisão do STF, o Tribunal poderá reapreciar e redefinir o conteú-
do e o alcance de sua própria decisão. Inclusive, poderá ir além, superando
total ou parcialmente a decisão-parâmetro da reclamação, se entender que,
em virtude de evolução hermenêutica, tal decisão não se coaduna mais com
a interpretação atual da Constituição. 4. Decisões judiciais contrárias aos cri-
térios objetivos preestabelecidos e processo de inconstitucionalização dos
critérios definidos pela Lei nº 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Fe-
deral, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em con-
creto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a
lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de contornar o critério
objetivo e único estipulado pela LOAS e avaliar o real estado de miserabi-
lidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente,
foram editadas leis que estabeleceram critérios mais elásticos para conces-
são de outros benefícios assistenciais, como: a Lei nº 10.836/2004, que criou
o Bolsa-Família; a Lei nº 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de
Acesso à Alimentação; a Lei nº 10.219/2001, que criou o Bolsa-Escola; a Lei
nº 9.533/1997, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro
a municípios que instituírem programas de garantia de renda minima asso-
ciados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisões
monocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intrans-
ponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-se a ocorrência do processo
de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (politi-
cas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas
dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de ou-
CAPITULO 3 -

Seguridade e assistência social 45

tros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 5. Declaração de


inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 20, 5 3º, da
Lei nº 8.742/1993. 6. Reclamação constitucional julgada improcedente. (STF,
Rcl nº 4374/PE, Pleno, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 18-4-2013).

Anteriormente à declaração de inconstitucionalidade do art. 20, $ 3%, o Su-


perior Tribunal de Justiça já adotava o entendimento pelo qual o critério de renda
per capita lá insculpido deveria ser encarado como parâmetro meramente
objetivo, nada impedindo que o julgador, ao cabo de avaliação subjetiva
das circunstâncias pessoais e sociais do postulante, reputasse miserável a fa-
milia com renda superior a 14 do salário minimo.

Agravo interno. Previdenciário. Benefício de prestação continuada. Alegação


de ofensa a dispositivo constitucional. Incompetência desta Corte. Interpreta-
ção do art. 20, 8 3º, da Lei nº 8.742/1993. Possibilidade de aferição da miserabi-
lidade por outros meios. Precedentes. [...] 2. O preceito contido no art. 20, 5 3º,
da Lei nº 8.742/1993, não é o único critério válido para comprovar a condição
de miserabilidade. A renda familiar per capita inferior a 1/4 do salário-mínimo
deve ser considerada um limite mínimo, um quantum objetivamente conside-
rado insuficiente à subsistência do portador de deficiência e do idoso, o que
não impede que o julgador faça uso de outros fatores que tenham o condão
de comprovar a condição de miserabilidade do autor. Precedentes [...) (STJ,
6º T.. AgRg no REsp nº 94.6253, rel, Min. jane Silva, j. 3-11-2008).

Justamente em face do entendimento do STF acerca da inconstituciona-


lidade do art. 20, $ 32 da LOAS, a Advocacia Geral da União editou a IN nº 04,
de 17-11-2014, cujo art. 1º autoriza a desistência e a não interposição de recur-
sos das decisões judiciais que determinem a concessão do benefício previsto no
art. 20 da Lei nº 8.742/1993, utilizando como fundamento único a comprovação
da miserabilidade por outros meios, além do requisito objetivo previsto no $ 3º do
mencionado dispositivo legal.
Ainda, o art. 1º, $ 1º, do mesmo ato normativo dispõe que poderá a decisão
judicial estabelecer outro critério abstrato para a aferição da miserabilidade, como
a majoração da renda per capita do grupo familiar para 1/2 salário-minimo, me-
diante aplicação analógica das Leis nº 9.533/1997 e 10.689/2003.
Não obstante, a inaplicabilidade do critério renda previsto na Lei
nº 8.742/1993, é de se ter em mente que a avaliação da renda per capita fami-
liar deve ter por base o rendimento total deduzido das despesas fixas da familia,
baseando-se no saldo resultante e não na receita bruta.
Na maioria dos casos, o INSS não tem admitido deduções básicas (despesas
médicas, água, luz, gás etc.), lançando mão, exclusivamente, do critério objetivo
56 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

de miserabilidade (limite de renda per capita de 1/4 do salário mínimo). Cabe ao


advogado, então, munido do indeferimento, ingressar em juizo com ação própria
para concessão do beneficio, pelos fundamentos anteriores.
Assim, ao postular administrativa ou judicialmente o BPC, convém ao advo-
gado organizar uma planilha especifica, com colunas de receitas e despesas, para
demonstrar que a renda per capita de referência para a avaliação de hipossuficiên-
cia de seu cliente é o saldo decorrente da receita bruta da família, subtraidas as
despesas fixas, indispensáveis à mínima mantença do grupo. Exemplo:
Receita
R$ 1.100,00
(fulano A + fulano B + fulano C)
R$ 300,00 Aluguel
R$ 100,00.........
Água/luz
R$ 100,00...... Cesta básica
Despesas R$ 200,00........ Remédios (desde que não
fornecidos pelo SUS)

R$ 700,00 (total das despesas)

Renda per capita R$ 133,33

Ainda sobre a aferição da miserabilidade, o art. 34, parágrafo único, do Esta-


tuto do Idoso, prevê que, nos casos de BPC para idoso, não se computará na renda
familiar per capita o benefício assistencial já concedido a qualquer outro membro
idoso da mesma família.
Embora tal dispositivo já seja, por si só, favorável ao BPC para idoso, é cer-
to que a mesma regra deve ser estendida aos casos de benefício assistencial ao
deficiente, sob pena de dar tratamento desfavorável entre beneficiários da assis-
tência social. Ademais, a mesma lógica há de ser aplicada aos idosos titulares de
benefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo, visto que estes são
considerados equivalentes ao BPC (princípio da equivalência de benefício).
Tanto é que o referido dispositivo também fo! considerado inconstitucional
por omissão pelo STF, justamente por querer privilegiar apenas os benefícios as-
sistenciais deferidos a idosos, excluindo de seu alcance os deficientes titulares de
LOAS e os idosos no gozo de um salário minimo. É o que se extrai do seguinte
precedente:
Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art.
203, V, da Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social (LOAS),
ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os
critérios para que o benefício mensal de um salário mínimo seja concedi-
do aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovem não possuir
CAPITULO 3 -

Seguridade e assistência social 57

meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.


2. Art. 20, 5 3º, da Lei nº 8.742/1993, e a declaração de constitucionalidade
da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, 5 3º,
da Lei nº 8.742/1993, que: "considera-se incapaz de prover a manutenção
da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per
capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo". O requisito finan-
ceiro estabelecido pela Lei teve sua constitucionalidade contestada, ao fun-
damento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social
fossem consideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto cons-
titucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/
DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20,
8 3º, da LOAS. 3. Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos prees-
tabelecidos e processo de inconstitucionalização dos critérios definidos pela
Lei nº 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não
pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em concreto do critério da
renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a Lei permaneceu
inalterada, elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único
estipulado pela LOAS e de avaliar o real estado de miserabilidade social das
famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis
que estabeleceram critérios mais elásticos para concessão de outros bene-
fícios assistenciais, como a Lei nº 10.836/2004, que criou o Bolsa-Família; a
Lei nº 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimen-
tação; a Lei nº 10.219/2001, que criou o Bolsa-Escola; a Lei nº 9.533/1997,
que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municipios
que instituírem programas de garantia de renda mínima associados a ações
socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas,
passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade
dos critérios objetivos. Verificou-se a ocorrência do processo de inconstitu-
cionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas
e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares
econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios as-
sistenciais pelo Estado brasileiro). 4. A inconstitucionalidade por omissão
parcial do art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. O Estatuto
do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assisten-
cial já concedido a qualquer membro da família não será computado
para fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS.
Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e
de previdenciários, no valor de até um salário mínimo, percebido por
idosos. Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos
portadores de deficiência em relação aos idosos, bem como dos idosos
beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares de
58 ROVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

benefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo. Omis-


são parcial inconstitucional. 5. Declaração de inconstitucionalidade
parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei
nº 10.741/2003. 6. Recurso extraordinário a que se nega provimento
(STF, Pleno, RE nº 580963/PR, j. 18-4-2013).

Desta forma, ratifica-se, então, que segundo entendimento do STF, ao calcu-


lar a renda per capita do postulante a LOAS (seja no BPC idoso, seja no BPC defi-
ciente), não devem ser computados os valores recebidos por outros membros do
grupo a título de benefícios assistenciais (Quaisquer deles) ou, no caso dos idosos,
de beneficio previdenciário de até um salário-miínimo.
Finalmente, cabe destacar que a avaliação da situação socioeconômica
será feita mediante laudo de assistente social nomeado para esse fim (estudo so-
cioeconômico/laudo de avaliação socioeconômica) ou por auto de constatação
lavrado por oficial de justiça, os quais deverão conter dados especificos acerca
dos componentes da família do postulante a BPC, a renda auferida, o estado de
habitação, as despesas do grupo, as condições de vida e demais circunstâncias
particulares.
Nesse sentido, a Súmula nº 79 da TNU:

Nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a compro-


vação das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente so-
cial, por auto de constatação lavrado por oficial de justiça ou, sendo inviabi-
lizados os referidos meios, por prova testemunhal.

Ainda, a Súmula nº 80, também da TNU:


Nos pedidos de benefício de prestação continuada (LOAS), tendo em vista
o advento da Lei nº 12.470/2011, para adequada valoração dos fatores am-
bientais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na participação da
pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação
social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva
condição vivida no meio social pelo requerente.

3.6 Núcleo familiar


Segundo o art. 20, $ 1º da Lei nº 8.742/1993, entende-se por família, desde
que vivam sob o mesmo teto: o requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e,
na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, Os irmãos solteiros, os filhos e
enteados solteiros e os menores tutelados.
CAPITULO 3 -

Seguridade e assistência social 59

Para fins de benefício assistencial, portanto, entende-se que a família é com-


posta das seguintes pessoas:
e
requerente;
e
cônjuge ou companheiro, incluindo união homoafetiva e união estável;
e
pais;
e madrasta ou padrasto;
e irmãos solteiros;
e filhos e enteados solteiros;
e menores de 21 anos ou inválidos.

Importante: avós, tios e sobrinhos não são conceituados como família para
efeito de concessão de benefício assistencial,

Neste sentido:

TNU Inteiro teor. Pedido de uniformização de interpretação de Lei Federal


-

PEDILEF 200870530040166 PR O grupo familiar, para efeito da conces-


-

são do benefício assistencial, deve ser definido de acordo com o art. 20,
$ 1º, da Lei nº 8.742/1993, e art. 16, da Lei nº 8.213/1991. Os filhos maio-

res e capazes não podem ser considerados integrantes do grupo familiar,


nem mesmo sua renda pode ser computada para efeito do cálculo da renda
mensal per capito, para efeito da concessão do benefício assistencial, por
falta de previsão legal. Incidente conhecido e provido (data de julgamento:
13-9-2010, DOU 11-3-2011).

3.7 Beneficiários do benefício


assistencial
O benefício assistencial de prestação continuada poderá ser deferido em
alguns outros casos desde que preenchidos os requisitos anteriormente citados
(idade, deficiência, incapacidade, miserabilidade).

Estrangeiros residentes no Brasil


Atendendo aos ditames do art. 5º, caput, da Constituição Federal que asse-
gura aos estrangeiros residentes no pais o gozo dos direitos e garantias individuais,
sem distinção, a estes também poderá ser concedido o benefício assistencial.
Tal beneficio pode ser deferido aos estrangeiros naturalizados e domicilia-
dos no Brasil, nos termos do art. 11 do Decreto nº 6.214/2007, bem como aos
60 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

que, embora não formalmente naturalizados, preencham os requisitos para sua


naturalização.
PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. ESTRANGEIRO RESIDEN-
TE NO PAÍS. POSSIBILIDADE. IGUALDADE DE CONDIÇÕES PREVISTA NO
ARTIGO 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PESSOA HIPOSSUFCENTE E DE
BAIXA INSTRUÇÃO. IDADE AVANÇADA. IMPLEMENTAÇÃO DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS. |A assistência social é paga ao portador de deficiência
-

ou ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprove não


possuir meios de prover a própria subsistência ou de tê-la provida pela sua
família (CF, art. 203, V, Lei nº 8.742/93, Lei nº 9.720/98 e Lei nº 10.741/03,
art. 34). Il
-
O fato da parte autora ostentar a condição de estrangeiro
não constitui óbice à concessão do benefício, desde que presentes os
requisitos legais autorizadores, uma vez que a Constituição Federal não
promove a distinção entre estrangeiros residentes no país e brasileiros,
sendo o benefício assistencial de prestação continuada devido "a quem
dela necessitar", inexistindo restrição à sua concessão ao estrangeiro aqui
residente. III Ademais, o artigo 5º da Constituição Federal assegura ao
-

estrangeiro residente no país o gozo dos direitos e garantias individuais


em igualdade de condição com o nacional. IV Ressalte-se que, embora
-

tenha sido reconhecida a repercussão geral e a questão ainda esteja em


análise no Supremo Tribunal Federal (RE 587.970), trata-se de posiciona-
mento dominante nesta E. Corte a concessão do benefício ao estrangeiro,
sendo plenamente aplicável a regra autorizadora prevista no artigo 557 do
Código de Processo Civil. V Agravo a que se nega provimento. (TRF 3º R.,
-

103 T., AC 0000218-92.2007.4.03.6004, rel. Des. Federal Walter do Amaral, j.


2-10-2012, e-DJF3 Judicial 1, 10-10-2012).

Moradores de rua
O cidadão que estiver em situação de rua também pode vir a ter direito à
percepção de benefício assistencial.
Quando o requerente for pessoa em si-
tuação de rua, deve ser adotado, como
referência, o endereço do serviço da rede
socioassistencial pelo qual esteja sen-
do acompanhado, ou, na falta deste, de
pessoas com as quais mantém relação
de proximidade (art. 13, 8 6º, Decreto
nº 6.214/2007).
CAPITULO 3 -

Seguridade e assistência social 61

Internados
A teor do art. 6º do Decreto nº 6.214/2007, "a condição de acolhimento em
instituições de longa permanência, como abrigo, hospital ou instituição congêne-
re, não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao Benefício de
Prestação Continuada".
Frise-se que a pessoa curatelada tem direito a receber o LOAS mesmo que
esteja internada em hospital particular; não se exige, porém, a curatela judicial para
que seja concedido o benefício, bastando comprovar tal condição e a incapacida-
de por meio de perícia.

Indígenas
No caso dos indígenas, cumpre observar prelimi-
narmente a sua condição efetiva, pois pode ser que te-
nham direito à aposentadoria rural. Os dois benefícios
são no valor de um salário-minimo, todavia a aposenta-
doria rural é mais vantajosa, uma vez que dá o pagamen-
to de 13º salário e enseja pensão por morte, o que não
ocorre com o benefício assistencial.

Trabalhador portuário
O art. 10-A, da Lei nº 9.719/1998, assegura a percepção de benefício assisten-
cial aos trabalhadores portuários avulsos com mais de 60 anos que não cumprirem
os requisitos para a aquisição das modalidades de aposentadoria, previstas nos
arts. 42, 48, 52 e 57 da Lei nº 8.213/1991, e que não possuam meios para prover a
subsistência.
O benefício, porém, não pode ser cumulado com qualquer outro no âmbito
da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pen-
são especial de natureza indenizatória.
O benefício assistencial aos trabalhadores portuários traz outros requisitos
diferenciados, além da idade: possuir domicilio no Brasil; possuir 15 anos, no mini-
mo, de cadastro ou registro ativo como trabalhador portuário avulso; comparecer,
no mínimo, a oitenta por cento das chamadas realizadas pelo respectivo OGMO;
comparecer, no minimo, a oitenta por cento dos turnos de trabalho aos quais
tenha sido escalado no periodo.
Porém, o maior diferencial é acerca do requisito de miserabilidade. Diferen-
temente dos demais benefícios de prestação continuada, nos casos dos avulsos
será considerada miserabilidade a renda pessoal inferior a um salário minimo,
calculada sobre a média aritmética simples dos últimos 12 meses anteriores ao
pedido de benefício, incluindo-se o 13º salário.
62 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

3.8 Especificidades dos benefícios


assistenciais
Os benefícios assistenciais de prestação continuada, por sua natureza, não
exigem contribuição para sua concessão nem manutenção. Ademais, são intrans-
feríveis e têm caráter personalissimo, de modo que não ensejam pensão por morte
em favor de dependentes e tampouco geram 13º salário.

Cumulatividade de benefício assistencial


O benefício assistencial não pode ser cumulado com qualquer outro be-
nefício no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistên-
cia médica e da pensão especial de natureza indenizatória (art. 20, S 4º, da Lei
nº 8.742/1993).
Admite-se, porém, a concessão de beneficios assistenciais para mais de um
individuo do mesmo grupo familiar, conforme se verifica a seguir:

Obs.: admitido pelo INSS art. 30,


-

LOAS idade + LOAS idade parágrafo único, Estatuto do


Idoso
Obs. negado pelo INSS, mas
admitido pelo Judiciário art.
-
34,
LOAS idade + LOAS deficiente
parágrafo único, Estatuto do
Idoso (RE nº 580963/PR)

LOAS
LOAS incapacidade + incapacidade
Obs.: admitido pelo INSS

Benefício obs.: negado pelo INSS, mas


LOAS + previdenciário de admitido pelo Judiciário (RE
um salário mínimo nº 580963/PR)

É importante frisar que o beneficiário de benefício assistencial não pode


contribuir à Previdência Social como contribuinte individual, sob pena de cessa-
ção do benefício. Porém, poderá contribuir como facultativo se almeja uma futura
aposentadoria.

3.9 Termos inicial e final do benefício


A rigor, considera-se a data de inicio do benefício (DIB) a da entrada do
requerimento (DER), visto que nesse momento já deve ser apresentada a docu-
mentação necessária para análise.
CAPITULO 3
-

Seguridade e assistência social 63

Quanto ao termo final do benefício, conforme os arts. 21 e 21-A da Lei


nº 8.742/1993, tem-se:

e
quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição
de microempreendedor individual
e
quando superadas as condições que deram origem ao beneficio ou em caso de morte
do beneficiário (presumida, declarada em juizo)
e
quando se constatar irregularidade na sua concessão ou utilização
e em caso de ausência do beneficiário, judicialmente declarada

Salienta-se, ainda, que o beneficio de prestação continuada deve ser revisto


a cada dois anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram ori-

gem (art. 21), sendo o beneficiário submetido a perícias regulares para averiguação
de sua condição (incapacidade e/ou miserabilidade).

3.10 Benefício assistencial e


aposentadoria do segurado especial
É comum surgirem algumas dúvidas se é mais viável pleitear o Benefício
Assistencial ou a aposentadoria do segurado especial, visto que que ambos têm o
valor de um salário-mínimo.
A aposentadoria do segurado especial requer um pouco mais de atenção,
pois exige dilação probatória para comprovar a condição de rurícola e exercício
de atividade rural. Contudo, é mais vantajosa, pois permite o pagamento de 13º
salário ao beneficiário, bem como pode ensejar a instituição de pensão por morte
em favor dos dependentes.

Exemplo: uma viúva procura um advogado querendo receber a pensão por


morte de um marido falecido. Mas, na realidade, o de cujos recebia Benefício
Assistencial desde 2015. Entretanto, verificando os documentos, foi observa-
do que o INSS poderia ter concedido uma aposentadoria rural ao requeren-
te em vez do Benefício Assistencial. Como proceder?

Na situação descrita, o de cujus teve cerceado o direito ao melhor benefício,


conforme art. 687 da IN nº 77/2015, e enunciado n. 5, do CRPS.
Desta forma, compete ao advogado ingressar com uma ação de conversão
de benefício assistencial em aposentadoria rural post mortem, conjugando a pen-
são por morte como pedido cumulativo, inclusive com O pagamento retroativo
dos 13% salários devidos dos últimos cinco anos, se for o caso.
64 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

3.11 Benefício assistencial emergencial


A Lei nº 13.982, de 2 de abril de 2020, alterou a Lei nº 8.742/1993 para o pe-
riodo de pandemia da Covid-19.
Primeiramente, o art. 20, $ 3º da Lei nº 8.742/1993 foi modificado, consi-
derando incapaz de prover sua manutenção a pessoa com deficiência ou idosa
cuja renda mensal per capita seja igual ou inferior a X do salário minimo até 31
de dezembro de 2020. Contudo, a inovação ocorreu pelo fato de o beneficio, nes-
se período, pode ser pago a mais de um membro da mesma família, enquanto
atingidos os requisitos legais. Outro ponto que devemos elucidar é que, durante
a calamidade pública oriunda da pandemia da Covid-19, o critério da aferição, da
renda per capita poderá ser ampliado para até Ya salário minimo de acordo com
o art. 20-A da Lei nº 13.982/2020. Esse critério de aferição da renda per capita de
Y para Y salário minimo também foi mérito de discussão pela Lei nº 13.981/2020,
porém a sua eficácia foi suspensa.
Para a concessão do mencionado mérito, deverão ser analisados os seguin-
tes requisitos, conforme determina o art. 20-A, $ 3º, da Lei nº 13.982/2020:
e
grau de instrução e o nível educacional e cultural do candidato ao benefício;
e a acessibilidade e a adequação do local de residência à limitação funcional,
as condições de moradia e habitabilidade, o saneamento básico e o entorno
familiar e domiciliar;
e
disponibilidade de transporte público e de serviços públicos de
a existência e a
saúde e de assistência social no local de residência do candidato ao benefício;
e a dependência do candidato ao benefício em relação ao uso de tecnologias
assistivas; €
e o número de pessoas que convivem com o candidato ao benefício e a coabita-
ção com outro idoso ou pessoa com deficiência dependente de terceiros para
o desempenho de atividades básicas da vida diária.
LP |

APOSENTADORIA
POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO
CAPÍT 0L0 4 -

Aposentadoria por tempo de contribuição -67

4.1 Aposentadoria por tempo de


contribuição Aspectos introdutórios
-

A aposentadoria por tempo de contribuição (B42) pode ser integral ou pro-


porcional. A aposentadoria por tempo de contribuição integral é concedida aos
homens que completam 35 anos de contribuição e às mulheres com 30 anos de
contribuição.
Segundo a Lei nº 10.666, de 2003 (art. 3º), não have-
rá perda da qualidade de segurado para efeitos de
aposentadoria. Sendo assim, todo tempo efetuado
de contribuição será válido para efeitos de aposen-
/
|] |
|

tadoria, independentemente de quando foi efetuada


a contribuição para o INSS. Bastando completar o

tempo.
1

A Reforma da Previdência alterou significativamente a legislação previden-
ciária, principalmente quanto às regras de concessão de aposentadoria. Atualmen-
te, não haverá mais aposentadoria por tempo de contribuição nem aposentado-
formando uma só aposentadoria
ria por idade em separado. Estas serão unidas,
hibrida urbana que leva em consideração tanto O prazo minimo de tempo de
contribuição quanto a idade minima como requisitos legais de concessão.

4.2 Aposentadoria por tempo de


contribuição proporcional (antes da
Reforma)
Com a EC nº 20/1998, os requisitos para concessão da aposentadoria pro-
porcional mudaram completamente.

Exemplo: fulana, em 16-12-1998, tinha 26 anos


de contribuição. Parou de trabalhar e não mais
Tr
contribuiu. Com base na EC 20/98, essa segurada tem
o
direito adquirido à aposentadoria proporcional.
a
Neste caso, o cálculo da RM! será feito com base
nos últimos 36 salários de contribuição com o
recuo de 48 meses. Não haverá incidência de fator
it
previdenciário.
68 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Para aqueles que começaram a contribuir após


16-12-1998, não há mais direito à aposentadoria
proporcional, devendo, então, cumprir os requisitos
de 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos de
contribuição, se mulher.
cepas Haverá redução de 5 anos para os professores
que comprovarem tempo de exercício em função
de magistério na Educação Infantil, no Ensino
Fundamental ou no Ensino Médio.

O coeficiente de cálculo será:

Mulher Coeficiente Homem


25 anos 70% 30 anos
26 anos 70% 31anos
27 anos 82% 32 anos

28 anos 82% 33 anos

29 anos 82% 34 anos

Regra transitória para Aposentadoria por Tempo de Contribuição


Proporcional As regras de transição podem ser solicitadas somente pelos segu-
-

rados filiados ao RGPS até 16-12-1998, quando atendidos os seguintes requisitos:

e contar com tempo de contribuição igual a, no minimo, a soma de 30 anos, se homem,


e 25 anos, se mulher;
e contarum periodo adicional de contribuição (pedágio) equivalente a 40% do tempo
que faltaria para o segurado se aposentar na data da publicação da Emenda;
e
possuir 48 anos de idade (se mulher) e 53 anos de idade (se homem).

Exemplo: fulano, na data de 16-12-1998, possuía 50 anos de idade e 25 anos


de contribuição, restando, em tese, mais 5 anos para atingir o tempo de
contribuição necessário. Todavia, fulano deverá contribuir com o pedágio de
40% do tempo que falta, ou seja, além dos 5 anos, terá ainda mais 2 anos. Ao
todo, deverá contribuir mais 7 anos para aposentar-se proporcionalmente.

Com a Reforma da Previdência, deixarão de existir as regras para a concessão


da aposentadoria proporcional, ressalvados os casos de direito adquirido.
CAPÍTUL0 4 -

Aposentadoria por tempo de contribuição -69

4.3 Aposentadoria dos professores


4.3.1 Aposentadoria dos professores antes da Reforma
Esta consiste na redução de anos de contribuição, contudo é necessário
5

que o professor comprove, exclusivamente, o tempo de efetivo exercício na fun-


ção de magistério na Educação Infantil, na Educação Fundamental ou no Ensino
Médio, durante todo o período contributivo.
A comprovação deve ser feita mediante apresentação do diploma registra-
do nos órgãos estaduais e federais competentes ou de qualquer outro documento
que ratifique o exercício efetivo da função, na forma de lei específica, bem como
registros em Carteira Profissional (CTPS), contratos, entre outros.
Durante muito tempo, houve a discussão sobre quem se enquadrava na
função de magistério. Se esta incluía apenas a atividade dentro da sala de aula ou
não. A antiga redação da Súmula 726 do STF estabelecia que "para efeito de apo-
sentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado
fora da sala de aula".
Contudo, com a ampliação das funções de magistério trazida pela Lei
nº 11.301/2006 e pelo Decreto nº 6.722/2008, o STF pacificou a tese de repercussão
geral (RE nº 1.039.644/STF):
Para a concessão da aposentadoria especial de que trata o art. 40, 8 5º, da
Constituição, conta-se o tempo de efetivo exercício, pelo professor, da do-
cência e das atividades de direção de unidade escolar e de coordenação e
assessoramento pedagógico, desde que em estabelecimentos de educação
infantil ou de ensinos fundamental e médio.

4.3.2 Aposentadoria dos professores após a Reforma


Para que os professores ligados ao regime geral de Previdência Social possam
se aposentar a partir da Reforma, deverão seguir atualmente as seguintes regras:
Para as professoras, haverá a idade minima de 57 anos, e para os professores,
60 anos de idade. A idade passa a ser requisito obrigatório para a concessão do
benefício após a Reforma.
Desta forma, serão necessários também 0 anos de contribuição para o ho-
mem e 25 anos de contribuição para a mulher.
Quem cumprir 57 anos (mulher) e 25 anos de contribuição ou 60 anos (ho-
mem) e 30 anos de contribuição terá direito a 60% da média dos 100% do periodo
contributivo a partir de julho de 1994. Mulheres e homens ganham mais 2% a cada
ano trabalhado depois dos 20 anos de contribuição.
70 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

A seguir, veja a regra de transição para professores e professoras dos Ensinos


Infantil, Médio e Fundamental do RGPS.

4.3.2.1 Regra de transição


-
1 Professor
Para a professora, poderemos usar as regras das somas de pontos, utilizadas
antes da reforma. Para isso, a professora deverá possuir entre a soma de sua idade e
o tempo de contribuição em 2019 (81 pontos). A partir disso, a pontuação subirá
conforme o esboço a seguir:

Ano Pontos
2019 81 pontos
2020 82 pontos
2021 -83pontos
2022 84 pontos
2023 85 pontos
2024 86 pontos
2025 87pontos
2026 88 pontos
2027 89 pontos
2028 90 pontos
2029 91 pontos
2030 92 pontos

Para o professor, poderemos também usar as regras das somas de pontos,


utilizadas antes da reforma. Para isso, o professor deverá possuir entre a soma de
sua idade e o tempo de contribuição em 2019 (91 pontos). A partir disso, a pon-

tuação subirá conforme o esboço a seguir.

Ano Pontos
2019 91 pontos
2020 92 pontos
2021 93pontos
2022 94 pontos
2023 95 pontos
2024 96 pontos
2025 97 pontos
2026 98 pontos
2027 99 pontos
2028 100 pontos
CRPTT 0L0 4 -

Aposentadoria por tempo de contribuição VÁ

Vale ressaltar, a titulo informativo, que, neste caso, fizemos a média dos
100% do periodo contributivo a partir de julho de 1994, sem a utilização do fator
previdenciário, com regras de cálculos atuais.
4.3.2.2 Regra de transição 2 Professor
-

Mulher: começa aos 51 anos de idade e sobe seis meses a cada ano até
atingir 57 anos em 2031.
O tempo minimo de contribuição é de 25 anos de contribuição

Ano Total de pontos


2019 51anos
2020 51 anos e seis meses

2021 52 anos

2022 52 anos e seis meses

2023 53 anos
2024 93 anos e seis meses.

2025 54 anos

2026 54 anos e seis meses

2027 55 anos
2028 55 anos e seis meses
2029 56 anos
2030 6 anos e seis meses
2031 57 anos

Homem: começa aos 56 anos de idade e sobe seis meses a cada ano até
atingir 60 anos, em 2027.
O tempo minimo de contribuição é de 30 anos.

Ano Total de po Rios


2019 56 anos

2020 56 anos e seis meses

2021 57 anos

2022 57 anos e seis meses

2023 58 anos

2024 58 anos e seis meses

2025 59 anos

2026 59 anos e seis meses


2027 60anos
72 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Exemplificando:
Em 2023, João terá 59 anos de idade e 30 anos de contribuição. Ele poderá
se aposentar? Qual será o valor de sua aposentadoria?
Em 2023, segundo a regra 1 de transição, João deverá ter, no mínimo, 58 anos
de idade e 30 anos de contribuição.
Como preencheu os requisitos, tendo em vista possuir 59 anos de idade e
30 anos de contribuição, sua aposentadoria será com base nas regras atuais e terá
o valor de 100% da média dos salários de contribuição.

4.4 Aposentadoria por tempo de


contribuição e a regra dos pontos
(antes da Reforma)
A aposentadoria por tempo de contribuição,
integral e proporcional, exige
que o segurado verta o mínimo de contribuições exigido por lei para que o INSS
possa pagar a mencionada prestação.
Muitos confundem a aposentadoria por tempo de contribuição com a apo-
sentadoria por tempo de serviço. Hoje, não mais existe a aposentadoria por tem-
po de serviço, salvo na hipótese da aposentadoria do segurado especial.
Outra dúvida frequente da aposentadoria por tempo de contribuição re-
fere-se à necessidade de idade mínima para fazer o requerimento do benefício.
Esclarece-se que, atualmente, na modalidade integral, não se exige idade minima,
mas somente o tempo de contribuição.
Para o segurado urbano, serão necessários 35 anos de contribuição para o
homem e 30 para a mulher, sem idade minima.
São computados como tempo de contribuição (art. 60, Dec. nº 3,048/1999);
| o periodo de exercício de atividade re- XI o tempo de serviço público prestado
- -

munerada abrangida pela Previdência social à administração federal direta e autarquias


urbana e rural, ainda que anterior à sua insti- federais, bem como às estaduais, do Distrito
tuição, respeitado o disposto no inciso XVIl; Federal e municipais, quando aplicada a le-
gislação que autorizou a contagem recipro-
ca de tempo de contribuição;
o período de contribuição efetuada por XI
-
o periodo de licença remunerada,
-

segurado depois de ter deixado de exercer desde que tenha havido desconto de con-
atividade remunerada que o enquadrava tribuições;
como segurado obrigatório da previdência
social;
ERPÍTUL0 V -

Aposentadoria por tempo de contribuição -73

HI o período em que o segurado esteve re- XIV o período em que o segurado tenha
- -

cebendo auxilio-doença ou aposentadoria sido colocado pela empresa em disponibili-


por invalidez, entre períodos de atividade; dade remunerada, desde que tenha havido
desconto de contribuições;
IV o tempo de serviço militar, salvo se já
-
XV -
o tempo de serviço prestado à Justiça
contado para inatividade remunerada nas dos Estados, às serventias extrajudiciais e às
Forças Armadas ou auxiliares, ou para apo- escrivanias judiciais, desde que não tenha
sentadoria no serviço público federal, esta- havido remuneração pelos cofres públicos e
dual, do Distrito Federal ou municipal, ainda que a atividade não estivesse à época vincu-
que anterior à filiação ao Regime Geral de lada a regime próprio de Previdência Social;
Previdência Social;
V-o periodo em que a segurada esteve re- XVI o tempo de atividade patronal ou
-

cebendo salário-maternidade; autônoma, exercida anteriormente à vigên-


cia da Lei nº 3807, de 26 de agosto de 1960,
desde que indenizado conforme o disposto
no art. 122;
VI o periodo de contribuição efetuada XVII o periodo de atividade na condição
- -

como segurado facultativo; de empregador rural, desde que compro-


vado o recolhimento de contribuições na
forma da Lei nº 6.260, de 6 de novembro de
1975, com indenização do período anterior,
conforme o disposto no art. 122;
VII o período de afastamento da ativida- XVII o periodo de atividade dos auxiliares
- -

de do segurado anistiado que, em virtude locais de nacionalidade brasileira no exte-


de motivação exclusivamente política, foi rior, amparados pela Lei nº 8,745, de 1993,
atingido por atos de exceção, institucional anteriormente a 1º de janeiro de 1994, des-
ou complementar, ou abrangido pelo De- de que sua situação previdenciária esteja
creto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro regularizada junto ao Instituto Nacional do
de 1961, pelo Decreto-Lei nº 864, de 12 de Seguro Social;
setembro de 1969, ou que, em virtude de
pressões ostensivas ou expedientes oficiais
sigilosos, tenha sido demitido ou compelido
ao afastamento de atividade remunerada
no periodo de 18 de setembro de 1946 a 5
de outubro de 1988;
74 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

VII o tempo de serviço público federal,


-
XIX -
o tempo de exercicio de mandato
estadual, do Distrito Federal ou municipal, eletivo federal, estadual, distrital ou
inclusive o prestado a autarquia ou a municipal, desde que tenha havido
soctedade de economia mista ou fundação contribuição em época própria e não tenha
instituída pelo Poder Público, regularmente sido contado para efeito de aposentadoria
certificado na forma da Lei nº 3.841, de por outro regime de Previdência Social;
15 de dezembro de 1960, desde que a
respectiva certidão tenha sido requerida na
entidade para a qual o serviço foi prestado
até 30 de setembro de 1975, véspera do
início da vigência da Lei nº 6.226, de 14 de
junho de 1975;
IX o periodo em que o segurado esteve
-
XX o tempo de trabalho em que o
-

recebendo benefício por incapacidade por segurado esteve exposto a agentes nocivos
acidente do trabalho, intercalado ou não; químicos, físicos, biológicos ou associação
de agentes prejudiciais à saúde ou à
integridade física, observado o disposto nos
arts. 64 a 70;
X o tempo de serviço do segurado
-
XXI -
o tempo de contribuição efetuado
trabalhador rural anterior à competência pelo servidor público de que tratam as
novembro de 1997; alineas 1, J e do inciso do caput do art.
| 9
eo$2º do art. 26, com base nos arts. 8º e
9º, da Lei nº 8.162, de 8 de janeiro de 1991,
e no art. 2º, da Lei nº 8.688, de 21 de julho
de 1993,
XI o tempo de exercício de mandato
-
XXI -
o tempo exercido na condição de
classista junto a órgão de deliberação aluno-aprendiz referente ao período de
coletiva em que, nessa qualidade, tenha aprendizado profissional realizado em
havido contribuição para a previdência escola técnica, desde que comprovada
social, a remuneração, mesmo que indireta, à
conta do orçamento público e o vínculo
empregatício.

As regras até
momento apresentadas serão utili-
O
zadas nas hipóteses de direito adquirido. São para os se-
gurados que preencherem os requisitos da aposentadoria
até 13 de novembro de 2019, data da publicação da EC
nº 103/2019.
Para os segurados que não se enquadrarem na hi-
pótese acima, teremos que analisar as regras de transição
ou as novas regras, a depender do caso concreto, o que
fará com que aumente a demanda por profissionais habi-
litados em realizar planejamento previdenciário.
CAPÍTULO q -

Aposentadoria por tempo de contribuição -75


Com essa possível alteração, crescerá a demanda por profissionais habilita-
dos em realizar planejamento previdenciário.
Sabemos que essas regras ainda são utilizadas em hipóteses de direito ad-
quirido.
44.1 Cálculo da aposentadoria antes da Reforma
Desde nº 9.876/1999, é necessária, na aposentadoria por tempo de
a Lei

contribuição, integral ou proporcional, e do professor, a aplicação do fator pre-


videnciário.
Em que:

f= Tcxa x 1+ (ld+ Tcxa)


Es 100

e f= fator previdenciário;
e Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria;
e Tc = tempo de contribuição até momento da aposentadoria;
Cco

e Id = idade no momento da aposentadoria;


e a = alíquota de contribuição correspondente a 0,31.

d IMPORTANTE
Acrescenta-se ao tempo de contribuição
(art. 22,7 O g75:1009]

Á
|

5 anos, quando se 5 anos, quando se 10 anos, quando se


tratar de mulher tratar de professor tratar de professora

Ainda,
e Usar sempre a tábua de mortalidade vigente à época da DER da aposentado-
ria;
e Se o fator for acima de este será benéfico ao segurado; mas, se abaixo de
1, 1,

prejudicará o valor do benefício.


Exemplo: Fulana teve como salário de benefício (SB) o valor de R$ 4.000,00 e
o seu fator previdenciário (FP) teve como resultado 1,214.
76 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Sendo assim, a sua renda mensal inicial (RMI) será = SB x FP = R$ 4.000 x


1,214 = R$ 4.856,00.
Por sua vez, se o FP fosse 0,703, o valor da RMI seria = R$ 4.000 x 0,703 =
R$ 2.812, ou seja, haveria perda de 30% do valor do benefício.

Com a Lei nº 13.183/2015, houve a introdução da fórmula 85 e 95 pontos


para as pessoas que se aposentassem por tempo de contribuição. Esta teve o ob-
jetivo de isentar o segurado da aplicação do fator previdenciário caso o homem
atingisse 95 pontos e a mulher, 85 pontos, respectivamente.
Vale ressaltar que os pontos se referem à soma Idade + Tempo de Contri-
buição, e que essa última não pode ser inferior ao mínimo de 35 anos de
contribuição para o homem nem a 30 anos de contribuição para a mulher.

Atualmente, são necessários 86 (mulher) e 96 pontos (homem) para não


haver a incidência do fator previdenciário.

Exemplos:
Fulano completou 61 anos de idade e possui 35 anos de contribuição. Quan-
do se aposentar, não tera a incidência do FP, exceto se este for acima de 1 e
o cálculo for mais vantajoso.
Fulana, por sua vez, completou 56 anos de idade e 30 anos de contribuição.
Da mesma forma, não terá a incidência do FP, exceto se este for acima de 1
e o cálculo for mais vantajoso.

Os pontos vão evoluindo de acordo com os anos, conforme a seguir

Pontuação minima para aposentadoria


Periodo de vigência Mulheres Homens
Até 30 de dezembro de 2018 85 95
De 31 de dez. 2018 a 0 de dez. 2020 86 9%

De 31 de dez. 2020 a 0 de dez. 2022 87 97


De 31 de dez. 2022 a 0 de dez. 2024 88 98
De 31 de dez. 2024 a 0 de dez. 2026 89 99
De 31 de dez. 2026 em diante 0 100

A partir de 31-12-2026, para que a mulher obtenha o benefício de aposen-


tadoria por tempo de contribuição de forma integral, deverá contar com 30 anos
de contribuição e 60 anos de idade; já o homem deverá contar com 35 anos de
contribuição e 65 anos de idade.
CAPÍT 0L0 4 -

Aposentadoria por tempo de contribuição 77

Para a prática da advocacia previdenciária, vale lembrar que o tempo rural


(como segurado especial), antes de novembro de 1991, pode ser averbado a fim
de contribuir com a pontuação relativa a e 6 6
pontos.
Podem, ainda, ser averbados tempo especial, tempo de aluno aprendiz, tem-
po de serviço militar obrigatório, tempo trabalhado no exterior em países com
acordo bilateral com o Brasil, bem como sentenças trabalhistas de reconhecimen-
to de vínculo.

Exemplo: Fulana tem 28 anos de contribuição e mais 8 anos para averbar


como segurada especial (conforme provas cabíveis). Somando os 28 mais
8 anos, teremos 36 anos de contribuição. Adicionando a idade de 50 anos,
totalizam-se 86 pontos, ou seja, dispensa-se a aplicação do FP, se menos
vantajoso.

A mesma linha de raciocínio pode ocorrer nas revisões de benefício.

4.5 Novas regras da aposentadoria após a


Reforma

4.5.1 Regras atuais de concessão


A partir da reforma, teremos que esquecer o fator previdenciário e a regra
dos pontos. A aposentadoria cuja denominação passa a ser hibrida urbana possui-
rá Os requisitos necessários a seguir.

Para se aposentar, será preciso ter 62 anos de idade (mulheres) ou 65 anos


(homens). Homens que começarem a contribuir depois da reforma terão que
cumprir 20 anos de contribuição. Para mulheres, segue os 15 anos antes ou depois
da reforma.

Homem -15 anos Homem -


20 anos
Mulher -
15 anos Mulher -15 anos

A média salarial vai considerar todos os salários de contribuição, isto é, 100%


de todo o periodo contributivo a partir de julho de 1994, em vez dos 80% maiores.
Até que haja lei que o defina, o prazo inicial para o cálculo será o de julho de 1994
ou o mês de inscrição na Previdência Social se posterior ao mencionado prazo.
Quem cumprir os prazos mínimos de 62 anos (mulher) e 15 anos de con-
tribuição ou 65 anos (homem) e 20 anos de contribuição terá direito a 60% da
78 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

média. Mulheres ganham mais 2% a cada ano contribuído a mais na diferença


entre os 15 anos até os 30 anos de contribuição e homens, após os 20 anos até os
35 anos de contribuição. Assim, para receber 100%, mulheres terão que contribuir

por 35 anos e homens, por 40 anos.


Vale ressaltar que o art. 26, $ So EC 103, prevê o prazo de 15 anos para as
mulheres.
Para compreender melhor as novas regras:

Um homem possui 6 anos de idade e 39 anos de contribuição


e Será apurada a média de 100% de todo o período contributivo a partir de julho
de 1994. Suponhamos que o valor do salário de benefício seja R$ 5.000,00.
e Arenda mensal inicial será de: R$ 5.000,00 x 60% + (2% do que contribuiu além
dos 20 anos, isto é, 19 anos) = R$ 5.000,00 x 60% + (2% x 19 anos = 38%) =
R$ 5.000,00 x 98% (60% + 38%) = R$ 4.900,00

4.5.2 Regras de transição


4.5.2.1 Regra de transição nº 1

Mulher: começa aos 56 anos de idade e sobe seis meses a cada ano até

atingir 62 anos em 2031.


O tempo mínimo de contribuição é de 30 anos.
Ano Total de pontos
2019 56 anos
2020 6 anos e seis meses
2021 57 anos
2022 57 anos e seis meses
2023 58 anos
2024 58 anos e seis meses
2025 59 anos
2026 59 anos e seis meses
2027 0 anos
2028 0 anos e seis meses
2029 61 anos

2030 61 anos e seis meses

2031 62 anos
CAPÍT 0L0 4 -
Aposentadoria por tempo de contribuição 79

Homem: começa aos 61 anos de idade e sobe seis meses a cada ano até

atingir 65 anos, em 2027.


O tempo mínimo de contribuição é de 35 anos.
Ano Total de pontos
2019 61 anos

2020 61 anos e seis meses

2021 62 anos
2022 62 anos e seis meses

2023 63 anos
2024 63 anos e seis meses

2025 64 anos

2026 64 anos e seis meses

2027 65 anos

Exemplificando:
Em 2023, João terá 64 anos de idade e 35 anos de contribuição. Ele poderá
se aposentar? Qual será o valor de sua aposentadoria?
Em 2023, segundo a regra nº 1 de transição, João deverá ter, no minimo, 63
anos de idade e 35 anos de contribuição.
Como preencheu os requisitos, tendo em vista possuir 64 anos de idade e
35 anos de contribuição, sua aposentadoria será com base nas regras atuais e terá
o valor de 100% da média dos salários de contribuição. A RMI será 60% mais 2%
contribuidos além dos 20. Nesse caso, João possui 15 anos, além dos 20 exigidos
como carência. Desta forma, aposentar-se-á com 60% + 15 x 2% = 60% + 30% =
90% do salário de benefício.

4.5.2.2 Regra de transição nº 2


Para a mulher, a soma da idade com o tempo de contribuição deve ser de
86 pontos. À pontuação sobe um ponto a cada ano, até chegar a 100 pontos em
2033. É preciso ter ao menos 30 anos de contribuição.

Ano Pontos
2019 86 pontos
2020 87 pontos

2021 88 pontos
2022 89 pontos
2023 90 pontos
80 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

2024 91 pontos

2025 92 pontos
2026 93 pontos
2027 94 pontos
2028 95 pontos
2029 6 pontos
2030 97 pontos
2031 98 pontos
2032 99 pontos
2033 100 pontos

Em 2028, Pâmela terá 35 anos de contribuição e 60 anos de idade. Ela vai


poder se aposentar, pois a soma entre a idade e o tempo de contribuição é de 95.
A forma de cálculo será de acordo com a reforma.
Para o homem, a soma da idade com o tempo de contribuição deve ser de
9% pontos. A pontuação sobe um ponto a cada ano até chegar a 105 pontos em
2028. É preciso ter ao menos 35 anos de contribuição

2019 96 pontos
2020 97 pontos
2021 98 pontos
2022 99 pontos
2023 100 pontos

2024 101 pontos


2025 102 pontos

2026 103 pontos

2027 104 pontos

2028 105 pontos

Em 2027, João terá 70 anos de idade e 37 anos de contribuição, totalizan-


do 107 pontos dos 104 necessários. O cálculo será de acordo com as regras da
reforma.

4.5.2.3 Regra de transição nº 3


Para a mulher que tenha contribuído por pelo menos 28 anos, precisará
cumprir um pedágio de 50% do tempo que falta para chegar aos 30 anos de con-
tribuição. Não há idade mínima.
CRPTT 0L0 4 -
Aposentadoria por tempo de contribuição 81

Para o homem que tenha contribuido por pelo menos 33 anos, precisará
cumprir um pedágio de 50% do tempo que falta para chegar aos 35 anos de con-
tribuição. Não há idade minima.
Uma mulher com 28 anos de contribuição em 2020, para se aposentar na re-
gra de transição nº 3, deverá contar com 50% do tempo que falta para completar
os 30, isto é, 2 anos; 50% de dois anos é igual a 1 ano. Então, só poderá se aposentar
aos 31 anos de contribuição, sem idade minima.
O valor da aposentadoria será igual a 100% da média de todas as contribui-
ções a partir de julho de 1994, com aplicação do fator previdenciário.
4.5.2.4 Regra de transição nº 4
A mulher poderá se aposentar a partir dos 60 anos e 15 anos de contri-
buição, mas serão acrescidos seis meses na idade após 1º de janeiro de 2020 até
chegar à idade de 62 anos.

.2019. 5
0 anos
0 anose seis meses
*

2020
30 1
60anos
902% 61 anos e seis meses

2023: 62 anos

Já o homem poderá se aposentar a partir dos 60 anos, mas precisa ter O


minimo de 15 anos de contribuição.
José possuirá 65 anos de idade e 30 anos de contribuição em 2020. Quanto
tempo de conrribuição deverá possuir para se aposentar na regra nº 4 de transição?
O valor da aposentadoria será igual a 100% da média de todas as contribui-
ções segundo as regras atuais. Aqui não será aplicado o fator previdenciário.
4.5.2.5 Regra de transição nº 5
O segurado que tenha se filiado ao Regime Geral de Previdência Social in-
gressado no serviço público em cargo efetivo até a data de entrada em vigor da
EC nº 103/2019 poderá se aposentar quando preencher 57 (cinquenta e sete) anos
de idade, se mulher, e 60 (sessenta) anos de idade, se homem; e 30 (trinta) anos
de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem.
E o servidor público federal que tenha se filiado ao Regime Geral de Previ-
dência Social ingressado no serviço público em cargo efetivo até a data de entrada
em vigor da EC nº 103/2019 poderá aposentar-se voluntariamente com 57 (cin-
quenta e sete) anos de idade, se mulher, e 0
(sessenta) anos de idade, se homem;
e 20 (vinte) anos de efetivo exercício no serviço público e 5 (cinco) anos no cargo
efetivo em que se aposentar.
82 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Para fazer jus a tal hipótese, é necessário que o segurado ou servidor público
contribua com um pedágio de 100% do tempo de contribuição faltante na data
da publicação da emenda.
O valor do benefício será de 100% da média aritmética de 100% de todo
o periodo contributivo, nos termos do art. 26, $ 1º,c/c,$ 3º, |, da EC nº 103/2019.
Exemplo: Uma segurada que, em 13 de novembro de 2019, já estava com 25
anos de contribuição, deverá chegar aos 30. Quando tiver completado os 30 anos,
deverá pagar um pedágio de 100%, ou seja, mais 5 anos. Dessa forma, somente po-
derá se aposentar aos 35 anos de contribuição com, no mínimo, 57 anos de idade.
Essa regra também poderá ser aplicada ao professor que comprovar exclusi-
vamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infan-
til e nos ensinos fundamental e médio, sendo reduzidos, para ambos os sexos, os
requisitos de idade e de tempo de contribuição em 5 (cinco) anos.
Ou seja, poderá se aposentar quando preencher, 52 (cinquenta e dois) anos
de idade, se mulher, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se homem; e 25 (vinte
e cinco) anos de contribuição, se mulher, e 30 (trinta) anos de contribuição, se
homem.
APOSENTADORIA
ESPECIAL
CAPÍTULO 5
-

Aposentadoria especial 85

5.1 Aposentadoria especial (B-46)


A aposentadoria especial (B-46) é um beneficio previdenciário de caráter
compensatório, concedido ao segurado que tenha trabalhado em condições es-
peciais consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física.
Para que faça jus ao mencionado benefício, o segurado deve comprovar
que, no exercício de suas atividades, esteve submetido à efetiva exposição a agen-
tes físicos, químicos e/ou biológicos considerados especiais, pelo periodo de 15,
20 ou 25 anos.
Consideram-se condições especiais as prejudiciais à saúde e/ou à integrida-
de fisica do segurado, assim entendidas aquelas cuja exposição ao agente nocivo
ou a associação de agentes presentes no ambiente de trabalho esteja acima dos
limites quantitativos de tolerância ou esteja caracterizada segundo os critérios da
avaliação qualitativa.
Sabendo-se que uma das finalidades dessa aposentadoria é preservar a saú-
de do beneficiário, a sua concessão impede a continuidade do labor pelo segu-
rado, em condições prejudiciais à sua saúde ou à integridade física, sob pena de
imediata suspensão do benefício.
A aposentadoria especial possui, ainda, duas outras finalidades na sua con-
cessão:

e retirar antecipadamente o segurado da atividade nociva desempenhada,


preservando-o das enfermidades que poderão surgir em razão do ambiente
laboral
e
reparar financeiramente o trabalhador sujeito a condições de trabalho
inadequadas.

O Decreto nº 3.048/1999, Anexo IV, traz um rol de agentes especiais, como


calor, frio, silica, agente ionizante, ruído, petróleo e hidrocarboneto.
Conforme entendimento já consagrado pela Jurisprudência, a citada relação
é exemplificativa, sendo possível a existência de demais atividades especiais que
não estejam contempladas no dispositivo legal.
No novo Dec. nº 10.410/2020, o período de afastamento do trabalho por
acidente ou doença ocupacional deixa de contar como tempo especial.
Os trabalhadores expostos a agente de risco terão mais dificuldade para an-
tecipar a aposentadoria. A mudança atinge principalmente os casos de agentes
cancerigenos. Anteriormente, o risco era reconhecido independentemente do uso
de equipamento de proteção, os chamados EPIs. Atualmente, para ter direito ao
86 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

tempo especial, o trabalhador precisa provar que as medidas adotadas pela em-
presa não são suficientes para afastar Os riscos de contaminação.

5.2 A Aposentadoria especial após a


Reforma da Previdência Social

Após a publicação da EC nº 103/2019, haverá novas regras de concessão


para quem ingressar no sistema previdenciário após a mencionada data. A apo-
sentadoria especial também será uma espécie de aposentadoria cujos requisitos
minimos serão a idade mínima conjugada ao tempo de contribuição.
Para que os segurados possam fazer jus ao benefício, deverão conquistar:
e idade mínima;
e
tempo de efetiva exposição.

55 anos de idade Atividade especial -


15 anos

58 anos de idade Atividade especial -


20 anos

0 anos de idade Atividade especial -


25 anos

É importante notar a nítida ofensa às regras de proteção ao trabalhador,


uma vez que este ficará mais tempo exposto ao agente agressivo prejudicial à sua
saúde e à sua integridade física. Em breve, esperamos que tais regras sejam revistas
a fim de evitar graves problemas à saúde do segurado.

Fica proibida a conversão do tempo especial em comum ou comum em


especial após a publicação da Emenda, ressalvados os casos de direito adquirido
já apresentados nesta obra.
Haverá muitos casos de conversão após o periodo de edição da Emenda,
podendo os segurados utilizar procedimento para as ações de concessão ou revi-
são de benefícios previdenciários.
As regras de transição para quem ingressou no sistema previdenciário após a
Emenda Constitucional são ainda mais temerosas, pois afastam o direito daqueles
que estavam próximo a completar 25 anos de exposição, exigindo, de imediato,
idade mínima para efetivar a regra de pontos (idade + tempo de contribuição).
Assim, um segurado que iniciou o seu trabalho exposto ao chumbo ou ao mer-
cúrio aos 23 anos de idade poderia se aposentar aos 48 anos após 25 anos de
exposição efetiva aos agentes agressivos. Atualmente, com a regra de transição
para completar os 86 pontos necessários, ele terá que trabalhar por mais sete anos
e meio de exposição ao agente especial. Vejamos:
CAPITULO 5 -

Aposentadoria especial 87

Idadt Tempodecontribuição Pontas

48 anos 25 anos de exposição 73

49 anos 26 anos de exposição 15

50 anos 27 anos de exposição 7


51 anos 28 anos de exposição 79

52 anos 29 anos de exposição 81

S3 anos 30 anos de exposição 83

54 anos 31 de anos de exposição 85

55 anos e meto 31 anos e meio de exposição 86

Segundo as regras de transição:

Regra dos pontos (idade e tempo de


Tempo de exposição ao agente especial
contribuição)
15 anos

20 anos 76

25 anos 86

As regras de cálculo serão as novas regras da EC nº 103/2019. Vale ressaltar


que para os segurados de aposentadoria de 15 anos, basicamente os mineradores
de subterrâneo expostos a agentes químicos terão direito ao acréscimo de 2% por
cada ano contribuído, além dos 15. Já para os demais de 20 ou 25 anos, o acrésci-
mo será a partir dos 20 anos.

5.3 Histórico da aposentadoria especial


-
Linha do tempo
A
linha do tempo da aposentadoria especial é o ponto mais complicado
para que os advogados possam efetivamente conhecer a matéria em análise.
O atendimento ao cliente que pleiteia a aposentadoria especial não é tão

simples, haja vista as peculiaridades dos vínculos mantidos pelo segurado ao longo
de sua história laborativa. Neste sentido, apresentam-se as principais alterações
legislativas ao longo dos anos.
88 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Lei nº 3.80781960 MP nº 1.523/1996 /


estabelece idade minima Lei 5.440/1968 Lei 9.528/1997
(50 anos) considera retic:s à idade Dec. nº 611/1992 LTCAT deve irformar
serviços penosos, Proa ele HP traz o rol dos Dec. EPC
osatubtes ou pengosos aros Lei 6.887/1980 re 53, 831/1964 e
instiror à conversão 83. 080/1979
sk Doc. nº 2.17211997
nova esta de Agentes

1960 tn6Ha B 1992

Lei nº 9.032/1995 determina:


* im do enquadramento por
profissão
Dec. nº 33.831/1964 " RMi de 100% da SB
estabelece Lista de Dec. nº 83.080/1979 Lei nº 8213/1009 institu a
» Conversão apenas de especial
Agentes (Código 1.0.0) estabelece nova Ria M de 85% do SB + 1% pára comum
e Lisa de e Efetiva exposição
de Agentes (Anexo 1)
*
cods TP
12 contribu agenta
(Código 2.0.0) Ocupações (Anexo 2) nociva

Dec. MP nº 83/2002 ! Lei Dec. nº 8.123/2013 Institui à avahação


m 3.048/509 nº 10.666/2003 incivi os quaiintiva, discorre sobre 8 presença de
nova sta de contribuintes individuais agentas cancarigena no local de trabalho
Agentes

2014

002: ama

MP nº 1.663.10/1908 veda
Qualquer conversão de tempo
especial em camuem Doc. nº 4.032/2001 Dec. nº 4.882/2003 Portaria nº MTEMSMPS nº 9/2014 Pubíca a
Institui O PPP O conceião da Lista de Agentes para
permanência Humanos (LINACH)
Lat nº 8.711/$996 retira a vedação
Bnterior

MP m 1729/1998 / Lei
nº 9.732/1998 Cna alíquotas para O
custeio pela empresa 1LTCAT devo
informar EP

5.4 Questões sobre o meio ambiente do


trabalho
Relativamente ao ambiente de trabalho, é fundamental que o advogado
proceda a uma análise minuciosa dos riscos químicos, físicos, biológicos a que o
cliente encontrava-se exposto, capazes de ocasionar danos à saúde ou à integri-
dade fisica.
Para tanto, o operador do direito deve atentar-se a algumas questões de
ordem técnica, como:
CRPTT 0L0 5 -

Aposentadoria especial 89

e Realizar um estudo aprofundado das Normas Regulamentadoras (NR), prin-


cipalmente a de no 15
e Saber examinar um LTCAT a fim de localizar falhas ou incongruências que
propiciem posterior impugnação do citado laudo
e Procurar, se necessário, auxílio de um engenheiro ou um técnico de seguran-
ça do trabalho para poder ajudá-lo em questões mais complexas
A apuração da nocividade de determinado agente dar-se-á por meio de dois
critérios: qualitativo e quantitativo.
Na análise do critério qualitativo, a nocividade é presumida, ou seja, a mera
exposição do segurado ao agente será suficiente para caracterizar a atividade espe-
cial. Nesta categoria, encontram-se os agentes dos Anexos 6, 13, 13-A e 14, da NR
15, e no Anexo IV, do Decreto nº 3.048/99, como iodo, níquel, chumbo e mercúrio.

Cumpre salientar que a mera percepção do adicional de insalubridade/peri-


culosidade pelo segurado não enseja o reconhecimento da atividade espe-
cial, sendo necessário, para tanto, que reste comprovada a efetiva exposição
ao agente nocivo.

O LTCAT será o principal documento que evidencia a exposição do segura-


do a eventual nocividade, devendo ser confeccionado pela empresa e passível de
posterior impugnação pelo segurado.
Já na análise do critério quantitativo, o advogado deve demonstrar o nível
de exposição do segurado ao agente nocivo. Logo, serão consideradas especiais
as atividades que sujeitem o segurado à exposição que ultrapasse os limites de
tolerância dispostos nos Anexos 1, 2, 3,5, 8, 11 e 12, da NR 15, como ruido acima
de 85 dB, tolerância de exposição ao calor, frio, umidade, entre outros.

5.5 Enquadramento da atividade especial


Até o advento da Lei nº 9.032/1995, bastava que o segurado comprovasse o
exercício de profissão enquadrada como atividade especial para que fosse realiza-
da a conversão do tempo de serviço. Com a entrada em vigor dessa lei, restou ne-
cessária a comprovação de que a atividade laboral tenha se dado sob a exposição
habitual e permanente a agentes nocivos.

Quadro anexo ao Decreto nº 53.831, de 1964. Anexos le Il do


RBPS, aprovado pelo Decreto nº 83.080, de 1979.
ARE28-46-1995,
Formulário; CP/CTPS; LTCAT, obrigatoriamente para o
agente físico ruido.
- -
90 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Anexo ao Decreto nº 53.837, de 1964. Anexos le Il do


Decreto nº 83.080, de 1979.
De 29-4- 1995
Formulário; LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais,
obrigatoriamente para todos os agentes nocivos à partir de
14/10/96.

Anexo IV do Decreto nº 2.172, de 1997.


Formulário; LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais,
2 6-5-1999
para todos os agentes nocivos.

Anexo do Decreto nº 3.048, de 1999.


|V
A de 7-5-1999 Formulário; LTCAT ou demais Demonstrações Ambientais,
para todos os agentes nocivos.

5.6 Enquadramento por profissões


Profissionais da área da saúde
Serventes de limpeza de hospitais, de lavan-
deria, da cozinha, médicos, enfermeiros, em suma,
as pessoas que laboram dentro de hospitais e
estejam expostas a contato com agentes infecto-
contagiosos terão direito ao reconhecimento de
atividade especial. Também estão incluídos nessa
modalidade os médicos veterinários.
Súmula nº 82 da TNU O código 1.3.2 do quadro anexo ao Decreto
-

nº 53.831/1964, além dos profissionais da área da saúde, contempla os tra-


balhadores que exercem atividades de serviços gerais em limpeza e higieni-
zação de ambientes hospitalares.

Obs.: a nocividade nessa espécie de atividade é qualitativa, bastando com-


provar que os trabalhadores estiveram expostos aos agentes nocivos.

Guarda/vigia/vigilante
Para esta categoria, em específico, há duas corren-
tes jurisprudenciais. A primeira entende a possibilidade
de reconhecimento da atividade especial, inobstante a
ausência de uso de arma de fogo, e a segunda defende a
necessidade de uso de arma de fogo para reconhecimen-
to da atividade como especial.
CRPTT 0L0 5 -

Aposentadoria especial 91

Súmula nº 26 da TNU A atividade de vigilante enquadra-se como especial,


equiparando-se à de guarda, elencada no item 2.5.7. do Anexo Ill do Decreto
nº 53.831/1964.

Eletricitário
O tema relacionado elerricidade é
à
um dos pontos mais controversos da legis-
lação previdenciária. Inicialmente, o Decreto
nº 53.831/1964, código 1.1.8, previa como agente
nocivo a exposição aos riscos provocados por
energia elétrica.
Ocorre que, com o advento do Decreto
nº 2.172/1997 (Anexo IV), houve a supressão do
agente eletricidade do rol de agentes nocivos. Con-
tudo, considerando que o citado rol é exemplificativo, a jurisprudência permanece
considerando a exposição ao agente eletricidade atividade especial.

É possível o reconhecimento como especial de período laborado com exposição


ao agente energia elétrica, após o Decreto nº 2.172/1997, para fins de con-
cessão de aposentadoria especial (PEDILEF 5001238-34.2012.4.04.7102/
RS).

Frentista
Durante a atividade de abastecimento de vei-
culos automotores em geral, os frentistas permane-
cem expostos a hidrocarbonetos aromáticos, bem
como a líquidos inflamáveis.
Como se trata de situação perigosa, o risco
de acidente é inerente à atividade desenvolvida,
não sendo necessária, para sua caracterização, a
comprovação de exposição permanente.
Desta maneira, a sujeição do segurado a
agentes inflamáveis dá ensejo ao reconhecimento da atividade especial.
Frentista garante aposentadoria especial por exposição ao benzeno via ad-
ministrava (Processo 44232.740735/2016-97 (22 Câmara de Julgamento do
CRPS).
92 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Motorista de caminhão/tratorista
A TNU já pacificou entendimento de que o
tratorista pode ser equiparado a motorista de ca-
minhão para fins de reconhecimento de atividade
especial.
Súmula 70 da TNU A atividade de tratorista
-

pode ser equiparada à de motorista de cami-


nhão para fins de reconhecimento de ativi-
dade especial mediante enquadramento por
categoria profissional.

5.7 Conversão de tempo especial em comum

O Decreto nº 3.048/1999 estabelece, em seu art. 70, uma tabela de conver-


são de tempo especial em comum. Cumpre salientar que desde 1995 passou a ser
vedada a conversão do tempo comum em especial, sendo admitida somente a
conversão de tempo especial em comum.

Conversão de tempo especial para comum


Multiplicadores
Tempo a converter Homem (para 35
Mulher (para 30 anos)
anos

De 15 anos -22018 2,34

De 20 anos 1,50 175

De 25 anos 1,20 1,40

Desta maneira, sera utilizado o tempo especial para realizar sua conversão
em tempo comum e, posteriormente, efetuar a soma deste com o tempo comum
que o segurado já possuia.
Exemplo: fulana tem 18 anos de contribuição (comum) e 10 anos de contri-
buição relativa a tempo especial (aposentadoria especial de 25 anos). Esses
10 anos de atividade especial serão multiplicados pelo fator 1,20, conforme
tabela anterior, e resultarão em 12 anos a serem somados com os 18 anos
de contribuição de tempo comum.

Já o segurado que tenha exercido várias atividades especiais sem ter comple-
tado o tempo minimo para alguma delas poderá somar esses períodos, utilizando
a seguinte tabela de conversão:
CRPTT 0L0 5 -

Aposentadoria especial 93

Conversão de tempo especial em especial

Multiplicadores
Tempo a converter Para 15
Para 20 anos Para 25 anos
anos

De 15 anos

De 20 anos 0,75 e
1,25

De 25 anos 0,60 0,80 -

Exemplo: fulana tem 5 anos de contribuição, cuja atividade ensejaria a apo-

sentadoria especial com 20 anos, e 10 anos de tempo de contribuição, cuja


atividade ensejaria a aposentadoria especial com 25 anos. Convertendo os
5 anos de contribuição (20 anos) para 25 anos, teremos 6,25 anos a somar
com os outros 10 anos.

5.8 Provas da atividade especial

Formulários
A comprovação da exposição ao agente nocivo resultou em vários formulá-
rios ao longo do tempo, conforme a seguir.

IS n. S$5-501.19/71- Anexo 1 da Seção do BS/DS 38, de 26-2-1971


|

1SS-132 -
Anexo IV, ||, do BS/DG nº 231, de 6-12-1977
$B-40 0S/SB nº 52.5, de 13-8-1979
-

DISES BE 5235 Res. INSS/PR nº 58, de 16-9-1991


-

DSS-8030 OS/INSS/DSSnº 518, de 13-10-1995


-

DIRBEN 8030 IN nº 39, de 26-10-2000


-

PPP IN/INSS/DC nº 99, de 7-10-2003


-

Os citados formulários se consubstanciavam em um histórico de trabalho


do segurado na empresa, com informações a respeito da exposição dele às condi-

ções de insalubridade ou periculosidade.


94 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Demonstrações ambientais
Como prova da atividade especial existem, ainda, demonstrações ambien-
tais elaboradas por especialistas técnicos da área.

Perfil profissiográfico previdenciário (PPP) Reúne as informações pessoais do


-

colaborador, bem como as condições ambientais a que ele permaneceu exposto no


exercício de suas funções. Esclarece o monitoramento dos agentes a que esteve em
contato, com aferição dos critérios qualitativos ou quantitativos, conforme o caso. O
PPP deve ser elaborado e assinado por um médico do trabalho ou engenheiro de Se-

gurança e entregue ao trabalhador no momento da sua rescisão ou quando solicitado


por este.
LTCAT Deve servir
-

para preenchimento do PPP, devendo este permanecer, na sede


da empresa, sob pena de multa (art. 58, $ 1º c/c art. 133 da Lei nº 8.213/1991). Trata-se
de um documento cujo objetivo é mapear os agentes nocivos de determinado am-
biente de trabalho e, ao final, concluir se estes poderão dar ensejo à percepção de
aposentadoria especial. A confecção do LTCAT se dá por engenheiro ou médico do
trabalho (art. 58, $ 1º, Lei nº 8.213/1991). Se elaborado por outro profissional, poderá
ser impugnado judicialmente.

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) Programa elaborado e


-

assinado por engenheiro ou médico do trabalho, que tem como finalidade identificar
Os riscos existentes em um determinado ambiente de trabalho como riscos físicos,
-

quimicos e biológicos e, por conseguinte, traçar ações que garantam a preservação


-

da saúde e a integridade dos trabalhadores que atuam no local.

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) Tem por tina-


-

lidade promover e preservar a saúde do conjunto dos trabalhadores de determinada


empresa, atuando no monitoramento, na prevenção e no controle de possíveis danos
à saude e à integridade destes.

Prova pericial de empresa existente


A perícia judicial consubstancia-se na pro-
dução de prova por um profissional indicado pelo
juiz, denominado perito judicial, quando a prova
do fato depender de conhecimento técnico ou
cientifico (art. 156, CPC). Nos termos do art. 464 do
CPC, existem três espécies de prova pericial: visto-
ria, exame e avaliação.
A conclusão originada da perícia judicial
pode resultar da elaboração de um laudo (art. 465,
CPC). É admissível, outrossim, que em substituição
CRPTT 0L0 5 -

Aposentadoria especial 95

à perícia seja realizada a denominada prova técnica simplificada, na qual haverá a

inquirição do perito em audiência (art. 464, $ 3º do CPC).


As partes poderão, igualmente, indicar um assistente técnico para auxiliá-las
na perícia, devendo indicá-lo previamente nos autos (art. 471, $ 1º, do CPC).

Empresa inativa -
Meios de prova
Para as atividades anteriores a 1995, cujo enquadramento de função era es-
tabelecido pelos Decretos nº 53.831/1964 e 83.080/1979, há presunção da agres-
sividade dos agentes especiais a que o segurado tenha sido exposto no exercicio
das funções.
Para os demais casos, deve-se observar:

Procedimento administrativo, aplicável no âmbito


da Previdência Social, por meio do qual se detere a
possibilidade de o segurado suprir a falta ou msu-
Hrciência das provas apresentadas perante a autar-
quia previdenciâria. Tem como principal requisito O
início de prova material,
Uuliza-se das provas de um processo em outro, ou
seja, pode utilizar-se do laudo pericial apresentado
por um trabalhador em outro processo, desde que
tenha trabalhado no mesmo local e na mesma
época do interessado.
Hipóteses em que, não obstante o local de pres-
tação de serviços pelo segurado não existr mais,
existe empresa similar à qual o mesmo trabalhou.
Realiza-se, assim, uma pericia de forma indireta, em
empresa similar aquela que o empregado tenha
prestado serviços.
Provenientes de reclamações trabalhistas, Funda-
centro, Ministério do Trabalho e Emprego, bem
como pela Delegacia Regional do Trabalho.

Aliado aos meios de prova anteriormente evidenciados, há ainda: exames de


saúde, emissão de CAT, vistoria ou exame pelo INSS ou por profissional habilitado,
contribuição do adicional do SAT a partir de abril de 1999, denúncia ao Ministério
do Trabalho sobre as condições agressivas ou não fornecimento de PPP
Os exames de saúde realizados pelo segurado serão de grande valia para
provar as sequelas acarretadas pela exposição do trabalhador ao agente conside-
rado especial.
96 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Para obter acesso à informação acerca do recolhimento do adicional do SAT


(6%, 9% ou 12%) pela empresa, é necessária a expedição de ofício direcionado à
Receita Federal para que esta, com base no NIT, bem como no CPF do segurado,
visualize a existência ou não da citada contribuição em sua base de dados.
As denúncias formuladas pelo MTE acerca das condições precárias do lo-
cal de trabalho, assim como a ausência de fornecimento do EPI, poderão servir,
igualmente, como prova para a demonstração do agente nocivo para fins de apo-
sentadoria especial.
Para tanto, o segurado deve comparecer à sede do Ministério do Trabalho e
Emprego e realizar uma busca em nome da empresa para obter informações sobre
procedimentos em que esta figura como denunciada, selecionando aqueles cujo
objeto remeta a condições do local de trabalho ou fornecimento de EPI.
CRPI

BENEFÍCIOS POR
INCAPACIDADE
CRPTTUL0 6 -
Benefícios por incapacidade 99

6.1 Conceito e fatos geradores


Inicialmente, é bom ter em mente que a incapacidade por si só difere do
conceito de doença e tal diferenciação é essencial para definir o fato gerador do
beneficio em questão.
Outros fatores que merecem atenção são os códigos da Previdência Social,
assim como os diplomas legislativos que disciplinam os benefícios por incapaci-
dade, pois estes variam, dependendo da espécie do benefício. Acerca do tema,
apresenta-se um quadro esquemático para facilitar o entendimento:

Especie dos beneficios


Benefícios: atua Legislação

Auxilio-doença previdenciário B3
Auxilio-doença acidentário B91

Auxilio-acidente previdenciário B36


B94
Auxilio-acidente (por acidente de trabalho) (antigo auxílio
suplementar B95)
-
Lei nº 8.213/1991

Aposentadoria por invalidez


Comum (ou por acidentes de qualquer B32
natureza)
Aposentadoria por invalidez B92
Acidentária (acidentes de trabalho)

A reforma da Previdência trouxe um novo risco social para os benefícios


por incapacidade no art. 201 da Constituição Federal de 1988. A partir disso, o
auxílio-doença passou a ser chamado de auxílio por incapacidade temporária e a
aposentadoria por invalidez, de auxílio por incapacidade permanente.

Doença preexistente
Ao segurado da Previdência Social é garantido o direito a requerer a conces-
são do benefício por incapacidade. Todavia, tal possibilidade só se dará se com-
provado que a incapacidade se deu após a filiação do segurado ao RGPS.
Resta evidenciado que, em regra, se a doença for adquirida antes da filiação
ao RGPS ou durante a perda da qualidade de segurado, este não terá direito ao
beneficio por incapacidade pleiteado.
Excepcionalmente, contudo, será possível a concessão do mencionado be-
nefício caso seja constatada que a doença preexistente sofreu progressão ou agra-
vamento após a filiação do segurado ao RGPS.
100 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Exemplo: fulano possuía neoplasia maligna antes da primeira inscrição na


Previdência Social ou durante a perda da qualidade de segurado, mas, du-
rante o período contributivo, esse segurado tem uma metástase. Devida-
mente comprovado esse agravamento, o segurado terá direito ao benefício.

De igual modo, é fundamental traçar uma diferenciação entre as doenças


preexistentes e as doenças isentas de carência. Isto porque enquanto as doenças
preexistentes referem-se aquelas adquiridas antes da filiação ao sistema, as doenças
isentas de carência dizem respeito aquelas em que, para sua concessão, não se faz
necessário O cumprimento de número mínimo de contribuições pelo segurado.

6.2 Carência
Para cumprimento da carência e possivel concessão do beneficio por inca-
pacidade, o segurado deve contribuir, em regra, pelo periodo minimo de 12 meses
consecutivos para o RGPS.
Contudo, em alguns casos, o segurado ficará dispensado do cumprimento
da citada carência.

Beneficio por incapacidade decorrente de acidente de qualquer natureza -


Conforme
dispõe o art. 30, parágrafo único, do Decreto nº 3048/1999.
Lista de doenças especificas para isenção de carência A Portaria Interministerial
-

nº 2.998/2001, tendo em vista o inciso Il, do art. 26, da Lei nº 8.213, de 24 de julho de
1991, e o inciso Ill, do art. 30, do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo
Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, traz um rol de doenças que isentam de carência
para a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença ou aposentadoria por
invalidez, conforme regramento constante no artigo 1º:
| Tuberculose ativa;
-

Il -
Hanseniase;
-
Alienação mental;
IV Neoplasia maligna;
-

V Cegueira
-

VI Paralisia irreversível e incapacitante;


-

VII Cardiopatia grave;


-

Vill Doença de Parkinson;


-

IX Espondiloartrose anquilosante;
-

X = Nefropatia grave;
XI Estado avançado da doença de Paget (osteite deformante);
-

XII Sindrome da deficiência imunológica adquirida Aids;


- -

XI Contaminação por radiação com base em conclusão da medicina especializada;


-

XIV Hepatopatia grave.


-

Outrossim, a Lei nº 13.135/2015 alterou o rol de doenças anteriormente citado, para


acrescentar a esclerose múltipla, por meio do art. 151 da Lei nº 8.213/1991.
CAPITULO 6 -
Benefícios por incapacidade 101

Esse rol de doenças é bastante criticado por não ser atualizado da forma
correta. Eis que existem diversas outras enfermidades que deveriam ter sido inseri-
das e não foram, como dengue hemorrágica, esquistossomose, doença de Chagas,
acidente vascular cerebral, lúpus, artrite reumatoide, esquizofrenia, entre outras.
Ainda que graves, tais doenças não têm proteção social, contudo há entendimen-
tos doutrinários e jurisprudenciais de que essa lista é exemplificativa.

Previdenciário. Artigo 151 da Lei de Benefícios. Rol de doenças. Carência.


Benefícios por incapacidade. 1. O rol de doenças expresso no art. 151 da
Lei de Benefícios não é taxativo. 2. É possível que, analisadas as condições
médicas da parte autora, o Juízo reconheça similaridade entre as doenças e,
assim, afaste a necessidade de carência para obtenção do benefício por in-
capacidade (0020969-68.2009.404.7050 Turma Regional de Uniformização
-

da 4º Região Paraná 20-5-2011).


- -

Perda da qualidade de segurado e direito ao benefício


A
perda da qualidade ocorre quando o segurado fica 12, 24 ou 36 meses
sem efetuar contribuições ao INSS.

Após a perda da qualidade de segurado, com a nova redação do art. 24 da


Lei nº 13846/2019, este deverá efetuar seis contribuições em vez das quatro pre-
vistas na legislação anterior. Para patologias das quais não se exige carência, bem
como acidentes do trabalho ou de qualquer natureza, não será necessário verter
seis contribuições mensais.
Neste sentido, apresenta-se um quadro informativo sobre o pedágio para
recuperação da qualidade de segurado para auxilio-doença e aposentadoria por
invalidez.

Art. 24, parâgrato


único. Les
As. An. 24, par
único, Lei
An. AM. 25,
MP nº 738/2016 MP 767/2017 Laine 134572017 MP me87172019
nº 8213/1991 8.2131991

De
18 12019
61.2017 a
12 761174
1762019

RÊNCIA PARA READQUIRIR A QUALIDADE SEGURADO

12 meses i2 mesas 6 mesos H 42 meses


102 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

6.3 Beneficios por incapacidade

Conceito de incapacidade
Pode-se conceituar incapacidade como uma impossibilidade temporária ou
definitiva de o individuo exercer funções laborativas ou ocupacionais e até mesmo
atividades habituais, ocasionadas por modificações provenientes de doenças ou
acidentes, para as quais era habilitado anteriormente.

Incapacidade social
Muitas vezes, O segurado se vê limitado a laudos médicos que ficam adstri-
tos ao conceito de incapacidade física ou psicológica. É importante atentar que
a incapacidade social deve ser também elencada nos quesitos da perícia médica,
bem como nos pedidos da exordial.
A incapacidade social envolve três principais elementos:

JE DO SEGUE
DE TRABALHO

INCAPACIDADE
SOCIAL

Atualmente, com a operação pente-fino dos benefícios por incapacidade,


podemos compreender que os segurados que tiverem uma aposentadoria por
invalidez concedida após anos de fruição do benefício serão discriminados no
mercado de trabalho. Tem-se, aqui, uma nova hipótese de incapacidade social.

6.4 Tipos de benefícios por incapacidade


Os benefícios por incapacidade dividem-se em auxílio-doença previdenciá-
rio, auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente previdenciário, auxílio-acidente
por acidente de trabalho, aposentadoria por invalidez comum, aposentadoria por
invalidez decorrente de acidente de qualquer natureza e aposentadoria por invali-
dez decorrente de acidente de trabalho.
Vale ressaltar que há diferenciação entre benefícios acidentários e benefícios
comuns, a saber:
CAPÍT OL0 6 -
Benefícios por incapacidade 103

Os benefícios acidentários são devi- Os beneficios comuns são devidos a

dos àquele segurado cuja incapacidade quaisquer segurados da Previdência So-


teve origem em um acidente. cial que estejam incapacitados.

Não há carência minima para a conces- É necessário haver carência minima


são desse beneficio, basta que exista a para concessão do benefício de 12 con-
qualidade de segurado. tribuições mensais.

e Tal benefício, em caso de acidentes do


trabalho, gera direito à estabilidade, não
podendo o segurado ser demitido no
periodo de 12 meses após seu retorno
ao trabalho, salvo por justa causa.

e O acidente de qualquer natureza não


gera estabilidade,

6.5 Auxilio-doença
O auxílio-doença é um benefício previden-
ciário previsto nos arts. 59 a 63 da Lei nº 8.213/1991, 00
arts.7 a 80 do Decreto nº 3.048/1999, e art. 201, |,

CLA
da CF/1988.
Esse benefício é devido ao segurado incapa-
citado (física ou psicologicamente), por mais de 15
dias consecutivos ao exercício de suas atividades
habituais, sendo essa incapacidade parcial ou total-
mente ocorrida de forma temporária (passivel de
recuperação pelo segurado) ou na ocorrência de
prescrição médica, como é o caso da gravidez de risco. Nesse sentido, seu fato
gerador é a constatação da incapacidade laborativa passível de recuperação.
Quanto ao termo inicial para a concessão dessa espécie de benefício pre-
videnciário, é necessário esclarecer que, até O 15º dia de afastamento médico por
incapacidade, o pagamento é realizado pelo empregador, que deverá pagar de
forma integral a remuneração do empregado durante esse período. Após o 15º
dia, a obrigação passa a ser do INSS, por meio do pagamento do benefício.
É importante observar que se houver acordo ou convenção coletiva referen-
te à licença remunerada, deverá o empregador efetuar o pagamento da diferença
104 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

entre o valor percebido a título de benefício previdenciá-


rio e o valor da remuneração, ou outro teto, conforme
estabelecido.
Para o contribuinte individual, segurado especial
ou facultativo, inclusive o empregado doméstico, o be-
nefício previdenciário deverá ser requerido no prazo de
30 dias a partir do afastamento e será pago pelo INSS
desde o primeiro dia de incapacidade. Todavia, se o au-
xilio-doença for requerido após 30 dias, a data de início do benefício será contada
a partir da DER.

A MP nº 664/2014 convertida posteriormente na Lei nº 13.135/2015 alterou


a forma de cálculo do salário-beneficio do auxilio-doença, conforme se verifica a
seguir:

MP nº 664/2014 Após MP nº 664/2014


(Lei nº 13.135/2015)
RMI = 91% do salário benefício RMI = 91% do salário benefício

Base de cálculo: Base de cálculo Aplica-se como RMI o


-

*
Filiados até 1999 80% maiores
-
menor valor apurado entre as duas opções:
contribuições (desde julho de 1994)
Filiados após 1999 80% maiores
-

1) média das 80% maiores contribuições:


contribuições Filiados até 1999 80% maiores
-

contribuições (correção desde julho de


1994)
* Filiados após 1999 100% maiores
-

contribuições
2) Apuração da média aritmética simples dos
12 últimos salários de contribuição existentes

Obs.: No caso de remuneração variável


ou periodo contributivo menor do que
12 meses, considera-se a média aritmética
simples dos salários de contribuição
existentes.

Em tempo, com a publicação da Lei nº 13.846/2019, o auxílio-doença não


será devido ao segurado recluso em regime fechado, ou seja, o segurado em gozo
de auxílio-doença e que seja recolhido ao sistema prisional (regime fechado) terá
o benefício suspenso por até 60 dias. Se for colocado em liberdade, o benefício
de auxílio-doença será restabelecido a partir da soltura, mas, caso contrário,o será
cancelado (art. 59 da Lei nº 8.213/1991).
CAPÍTULO 6
-
Benefícios por incapacidade -105

O art. 19-C do Dec. nº 10.410/2020 traz o que é tempo de contribuição, e


inclusive retira O benefício por incapacidade acidentário tanto da consideração
como do tempo de contribuição e de carência. No que concerne ao beneficio
por incapacidade, somente será computado para fins de tempo de contribuição
quando intercalado na forma do $ 1º do art. 19-C do mencionado decreto.
Os segurados que estiverem recebendo o auxílio-doença poderão contri-
buir para ter esse período reconhecido na contagem da carência.

6.6 Aposentadoria por invalidez


A aposentadoria por invalidez é um benefício previdenciário devido ao se-
gurando quando verificada incapacidade laboral permanente que o impossibilita
de realizar suas funções habituais.
Neste sentido, será devida ao segurado incapaz e insusceptivel de reabilita-
ção para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência e ser-lhe-á paga
enquanto permanecer nessa condição.
Diferentemente do auxilio-doença, a renda mensal inicial da aposentadoria
por invalidez, seja decorrente de acidente de trabalho, seja de acidente de qual-
quer natureza ou comum, será de 100% do salário-benefício.
A incapacidade que dará ensejo à percepção do benefício de aposentadoria
por invalidez poderá ser classificada como incapacidade laboral e incapacidade
social.
A incapacidade
laboral deve ser analisada sob dois prismas: diferença exis-
tente entre doença/lesão e incapacidade laborativa e diferença existente entre
incapacidade laborativa e deficiência.
A deficiência é inerente ao corpo e pode ser física ou intelectual. Depen-
dendo do grau da deficiência, bem como da possibilidade de adaptação do seu
portador com a sociedade, esta pode ser entendida ou não como incapacidade.
Neste sentido, se a capacidade do portador, embora reduzida em decorrên-
cia das condições físicas ou intelectuais, for satisfatória para o mercado de traba-
lho, não haverá concessão do benefício.
Todavia, caso a doença ou a lesão se agrave, servindo de óbice para o de-
senvolvimento da atividade que lhe garanta a subsistência, restará configurada a
incapacidade e, por conseguinte, será possivel a concessão de benefício previden-
ciário. A citada incapacidade laboral pode decorrer, ainda, de aspectos fisicos ou
psicológicos.
106 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Não obstante a existência de incapacidade laboral, é possível a concessão


de aposentadoria por invalidez se verificada a existência de incapacidade social, a
qual deverá ser analisada de acordo com a realidade fática do segurado.

Exemplo: indivíduo que mora em cidade do interior e contrai o vírus HIV.


Esse vírus, quando não manifestado, não altera a capacidade laboral do se-
gurado, todavia, em detrimento do preconceito social em razão de doença,
poderá ter dificuldade de ingressar ou reingressar no mercado de trabalho,
gerando, portanto, por si só, incapacidade social.

A incapacidade social ocorre quando os aspectos socioeconômicos e cultu-


rais (considerando o nível de escolaridade, a idade, a capacidade profissionalizante,
o meio social que o segurado vive, entre outros) geram efeitos negativos para O

segurado.
Pode ser considerada, também, quando a ação ou reação da sociedade, por
pré-conceito ou pré-julgamento, trouxer prejuizos ao segurado, por circunstâncias
alheias à sua vontade, não só na esfera financeira, como também na integração
social dele.
Em regra, para a concessão do benefício de
aposentadoria por invalidez, é necessário que a
incapacidade laboral física ou psicológica ou
- -

a incapacidade social sejam totais para os atos da


vida cotidiana ou exercício de atividade labora-
tiva.
Excepcionalmente, todavia, será possível o
deferimento da aposentadoria por invalidez se veri-
ficada a existência de incapacidade parcial, quando
esta vier acompanhada de incapacidade social.

Súmula nº 47/TNU. Seguridade social. Aposentadoria por invalidez. Incapaci-


dade parcial. Lei nº 8.213/1991, art. 42.
Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve
analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de
aposentadoria por invalidez.

Grande invalidez
A grande invalidez configura um acréscimo de 25% no valor do benefício
previdenciário de aposentadoria por invalidez, nas hipóteses em que o segurado
necessita de auxilio de terceiros para o desempenho de suas necessidades básicas
cotidianas.
CRPÍTUL0 6 -
Benefícios por incapacidade -107

Tal acréscimo é definido no art. 45 da Lei nº 8213/1991 e o Decreto


nº 3048/1999, em seu Anexo |, traz as hipóteses de grande invalidez, que geram,
de pronto, direito ao beneficio, quais sejam:

Cegueira total
* Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta
* Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores
« Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível
« Perda de uma das mãos ou de dois pés, ainda que a prótese seja possível
* Perda de um membro superior ou inferior quando a prótese for impossível
«
Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e social
«
Doença que exija permanência continua no leito
*
Incapacidade permanente para as atividades da vida diária

Esse acréscimo, todavia, tem natureza de ordem pessoal, ou seja, apesar de


ser auxílio a terceiros, é intransferível em caso de falecimento do segurado. A ma-

joração promovida pela grande invalidez não se limita ao teto do benefício previ-
denciário, podendo o acréscimo ser superior ao benefício que anteriormente fora
limitado ao teto previdenciário.
É importante salientar que o acréscimo decorrido da grande invalidez é con-
cedido, em regra, aos segurados que se aposentaram por invalidez e que necessi-
tam do auxilio de terceiro para sobreviver.
Todavia, há entendimentos doutrinários e jurisprudenciais que expandem
esse acréscimo a qualquer aposentado que necessite ou venha a necessitar da aju-
da de terceiros aos atos da vida, sob o argumento de que o princípio da dignidade
da pessoa humana, de ordem constitucional, deve se sobrepor à Lei nº 8.213/1991,
inclusive ventilando a ideia de conceder a majoração também aos detentores de
benefícios assistenciais em razão do princípio in dubio pro misero.
Tema 982, ST) Comprovadas a invalidez e a necessidade de assistência
-

permanente de terceiro, é devido o acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento),


previsto no art. 45 da Lei nº 8.213/1991, a todos os aposentados pelo RGPS, inde-
pendentemente da modalidade de aposentadoria.
Entretanto, esta se encontra, atualmente, suspensa pelo STF.

Mensalidade de recuperação
Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por
invalidez, será observado o seguinte procedimento (art. 47 da Lei nº 8.213/1991):
108 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

|
Quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos, contados da data do início
-

da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção,


o beneficio cessará:

a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que
desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista,
valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela
Previdência Social; ou

b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxilio-doença ou da


aposentadoria por invalidez, para os demais segurados;
Il quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período do inciso |, ou ainda
-

quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual
habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuizo da volta à atividade:
a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em que for verificada a
recuperação da capacidade;
b) com redução de 50% (cinquenta por cento), no período seguinte de 6 (seis) meses;
c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período de 6
(seis) meses, ao término do qual cessará definitivamente

6.7 Dicas gerais


Quando da preparação do rol de quesitos para perícia a ser realizada em
âmbito judicial, deve-se analisar o laudo médico administrativo que deve estar
compativel com o manual do perito do INSS. Neste, constarão todas as perguntas
que foram formuladas ao médico perito e as respectivas respostas proferidas por
este no âmbito do processo administrativo que tramitou no INSS.
Caso o perito do INSS não tenha se pronunciado sobre algum quesito, este
deverá ser encaminhado para um médico-assistente (médico particular de con-
fiança do advogado previdenciarista) para que seja firmado um posicionamento
técnico e, posteriormente, incorporado aos quesitos para o perito judicial (mode-
los ao final da cartilha).
Os quesitos para a perícia médica variarão de acordo com a CID da doença
objeto da perícia, devendo estes se adaptar às especificidades inerentes à molés-
tia a que se visa periciar. Em complementação, é interessante anexar nos autos
documentos como bula de remédios, receituários, laudos de exames, fotos que
demonstram a incapacidade etc.
Aconselha-se, outrossim, nas hipóteses em que haja ajuizamento de ação
para concessão de benefício por incapacidade diverso daquele deferido pelo INSS,
seja formulada preliminar com informação no sentido de que foi realizada a peri-
cia administrativa no âmbito administrativo previdenciário e houve indeferimento
CAPÍTULO 6
-
Benefícios por incapacidade -109

do beneficio por incapacidade pleiteado. Tal fundamentação é plenamente cabi-


vel porquanto o deferimento de um beneficio previdenciário equivale ao indefe-
rimento dos demais.
A título de exemplo, quando o segurado formula agendamento para uma
perícia com vistas a requerer a concessão de um benefício por incapacidade, caso
seja concedido o auxílio-doença pelo INSS, subentende-se que houve uma nega-
tiva da aposentadoria por invalidez.

6.8 Novo valor da aposentadoria por


invalidez após a Reforma
A aposentadoria por invalidez passa a ser calculada com base no total do
período contributivo, aplicando-se 60% sobre esse valor. Caso o segurado tenha
menos de 20 anos de contribuição, perceberá somente 60%; caso tenha mais con-
tribuições além dos 20 anos, terá direito a um acréscimo de 2% a cada ano con-
tribuído a mais.
Sendo assim, para que um aposentado por invalidez tenha 100% do salário
de beneficio, deverá ter contribuído por 40 anos. Haverá exceção para quem sofreu
acidentes do trabalho, deixando de lado novamente os segurados aposentados por
invalidez por acidentes de qualquer natureza e doenças graves e incapacitantes.
Esse ponto poderá gerar revisão de benefício com fundamento no princípio
da isonomia e na proteção da dignidade da pessoa humana. Ora, por que uma
pessoa com uma doença como a esclerose lateral amiotrófica não tem direito a
100%? Esse segurado possui necessidades maiores muitas vezes do que pessoas
que sofrem acidentes do trabalho.

Até os 20 anos de contribuição 60%

60% +2%
Após.os 20 anos de contribuição a cada ano contribuido

6.9 Alta programada


A concessão do beneficio previdenciário ocorre por um ato positivo da
Administração Pública que confere ao segurado o direito de receber o benefício
previdenciário por este pleiteado, após avaliação médica feita pelo perito do INSS.
Por sua vez, O instituto da alta programada consiste no procedimento de
determinar, já na data da perícia inicial, uma data provável em que o trabalhador
possa retornar ao seu labor habitual.
10 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Neste sentido, de acordo com o diagnóstico apontado pelo médico perito


do INSS, o próprio sistema determinará uma data futura em que o benefício
do segurado será cessado, independentemente da realização de nova perícia
médica.

6.10 Lei do pente-fino do auxílio-doença


A Lei nº 13.457/2017 trouxe uma série de restrições para a concessão de
benefícios por incapacidade.
Dentre as principais mudanças, pode-se citar a convocação para a perícia de
todos aqueles que estiverem em gozo de auxilio-doença sem a data de cessação
de benefício (DCB) e aposentados por invalidez.
Sendo assim, o art. 43, $ 4º, da Lei nº 8213/1991,
com alterações da Lei nº 13.457/2017, estabelece a con- aiii,
vocação para a avaliação pericial, a qualquer momento,
do aposentado por invalidez, com exceção daqueles que NA -0

possuem mais de 60 anos de idade, bem como aqueles


que possuem idade minima de 55 anos e 15 anos de per-
cepção de benefícios por incapacidade (auxilio-doença,
aposentadoria por invalidez).
Recentemente, nº 13.847/2019 garantiu que o portador de virus HIV
a Lei

aposentado por invalidez também não passaria mais por perícia médica.
De acordo com o art. 60, $ 8 da Lei nº 8.213/1991, incluído pela Lei
nº 13.457/2017, sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de
auxilio-doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a
duração do beneficio, ou seja, Cla mencionada alta programada.
A principal alteração da do pente-fino estabelece que, na ausência de
lei

fixação de uma data de cessação do benefício, este cessará após o prazo de


120 dias, contado da data de concessão ou de reativação do auxilio-doença,
exceto se o segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS, na forma do
regulamento.
Enfim, a perícia, de acordo com a lei do pente-fino, terá acesso aos pron-
tuários médicos do periciado no Sistema Único de Saúde (SUS), desde que
haja a prévia anuência do periciado e seja garantido o sigilo sobre os dados
dele.
ERPÍTUL0 6 -
Benefícios por incapacidade -111

6.11 Perícia remota


Na Lei nº 13.982, de 2 de abril de 2020, em seu art. 4º sobre as perícias re-
motas, ficou regulamentado pela Port. Conjunta nº 9.381, de 6 de abril de 2020, os
procedimentos a serem adotadas pela Perícia Médica Federal.
Ficou a cargo do Perito Médico Federal a análise do atestado médico ane-
xado ao requerimento do benefício de auxílio-doença, pelo período de pandemia
do coronavirus (Covid-19).
O atestado deverá seguir os seguintes padrões:
e estar legível e sem rasuras;
e conter a assinatura do profissional emitente e carimbo de identificação, com
registro do conselho de classe;
e conter as informações sobre a doença ou CID; e
e conter O prazo estimado de repouso necessário.
A não observância desses requisitos tem sido o objeto de maior indeferi-
mento em face da perícia remota.
Vale notar que, durante a perícia remota, o segurado só receberá até um sa-
lário mínimo, podendo renovar o benefício por até seis vezes. Dessa maneira, caso
o salário de beneficio do segurado seja maior de que o salário minimo quando a
normalidade for restabelecida pós-pandemia e retomarem as perícias presenciais,
o valor do benefício, caso seja constada a incapacidade real, será devolvido em
seu valor correto.
"ooo

PENSÃO POR
MORTE
CRPTT 0L0 ? -
Pensão por morte 115

7.1 Pensão por morte: fato gerador e

dependentes
A pensão por morte é o benefício previdenciário destinado aos dependen-
tes do segurado falecido, seja sua morte real, seja presumida, na forma da legisla-
ção civil.
Quanto morte presumida, convêm observar o que dispõe o art. 78 da Lei
à
nº 8.213/1991, que, uma vez declarada pela autoridade judicial competente a
morte, depois de 6 meses de ausência, será concedida pensão provisória,
na seguinte forma:

MEDIANTE PROVA DO DESAPARECIMENTO DO


SEGURADO EM CONSEQUÊNCIA DE ACIDENTE, DESASTRE
OU CATÁSTROFE, SEUS DEPENDENTES FARÃO JUS
À PENSÃO PROVISÓRIA INDEPENDENTEMENTE DA
DECLARAÇÃO E DO PRAZO DESTE ARTIGO.

v
FE

Legalmente, o fundamento para concessão do beneficio está estabelecido


nos arts. 74 a 78 da Lei nº 8.213/1991, com as alterações introduzidas pelas Leis
nº 13.183/2015 e 13.846/2019 e EC nº 103/2019.
Para concessão desse benefício, é necessário que estejam presentes três re-

quisitos:
e a ocorrência do evento morte;
e demonstrar a qualidade do segurado falecido na época do óbito, salvo hipóte-
ses de direito adquirido;
e demonstrar condição de dependente do beneficiário.
116 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

O art. 16 da Lei nº 8.213/1991 (LBPS), prevê quem são os dependentes do


segurado que farão jus ao gozo de pensão por morte.

Os dependentes de uma mesma classe concorrerão entre si em igualdade


de condições, no entanto a concessão do benefício a uma determinada classe
exclui definitivamente os direitos dos dependentes das classes seguintes.
Assim, a pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada
entre todos em parte iguais Os dependentes de classes distintas, porém, não po-
dem receber o benefício concomitantemente.
A Reforma da Previdência trouxe uma alteração para este dispositivo. Até 13
de novembro de 2019, a parte de um dependente que perde sua condição passa
aos demais. Após está data, a parte de um que perde sua condição não mais passa
aos demais.

Cumpre esclarecer que a Lei nº 13.846/2019 introduziu o $ 7º ao art. 16 da Lei


nº 8.213/1991, para declarar a exclusão definitiva do dependente que for condena-
do criminalmente como autor, coautor ou participe de homicídio doloso, ou de
tentativa desse crime contra a pessoa do segurado, ressalvados os absolutamente
incapazes e os inimputáveis.
Classe | de dependentes -

Para esta classe, a dependência econômica é


presumida.
e
Cônjuges
Os cônjuges que mantenham vínculo matrimonial com o segurado até o óbito
terão direito à pensão por morte, independentemente do sexo. Para requerer o
benefício, exige-se do cônjuge a apresentação de certidão de casamento atua-
lizada com data posterior ao óbito e superior a dois anos.
-
Pensão por morte 117

e
Companheiros
Para os companheiros/conviventes, o gozo da pensão por morte está condi-
cionado à comprovação da união estável perante o INSS em prazo superior a
dois anos, com as seguintes provas do art. 135 da IN nº 77:

|
-
certidão de nascimento de filho havido em comum;

II -
certidão de casamento religioso;

|||
-
declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado
como seu dependente;
IV -
disposições testamentárias;

V -
declaração especial feita perante tabelião;

VI -
prova de mesmo domicílio;

VII -
prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou
comunhão nos atos da vida civil;
MIII -
procuração ou fiança reciprocamente outorgada;

IX -
conta bancária conjunta;

X -
registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como
dependente do segurado;
XI -
anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados;

XI -
apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a
pessoa interessada como sua beneficiária;

XIII -
ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o
segurado como responsável;
XIV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de
dependente;
XV -
declaração de não emancipação do dependente menor de 21 (vinte e um)
anos; ou

XVI -
quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar.

Vale ressaltar que:


As provas de união estável e de dependência econômica exigem início de
prova material contemporânea dos fatos, produzido em periodo não superior a
24 (vinte e quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à prisão do

segurado, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrên-


118 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

cia de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento


(art. 16, $ 52 Lei nº 8213/1997, incluído pela Lei nº 13.846/2019).
e União homoafetiva
Relativamente à união entre pessoas do mesmo sexo, dispõe o art. 369 da IN
nº 77/2015:

Conforme Portaria MPS nº 513, de 9 de dezembro de 2010, fica garantido


o direito à pensão por morte ao companheiro ou companheira do mesmo
sexo, para óbitos ocorridos a partir de 5 de abril de 1991, desde que aten-
didas todas as condições exigidas para o reconhecimento do direito a esse
benefício.
Art. 1º No âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), os dispositi-
vos da Lei nº8.213, de 24 de julho de 1991, que tratam de dependentes para
fins previdenciários devem ser interpretados de forma a abranger a união
estável entre pessoas do mesmo sexo.

A pensão por morte, portanto, também


é direito assegurado aos compa-
nheiros do mesmo sexo, seguindo-se, para tanto, os mesmos requisitos e pressu-
postos da união estável em geral.
e Idade do dependente -
Cônjuge ou união estável
Com o advento da Lei nº 13.135/2015, a pensão por morte deixou de ser bene-
fício obrigatoriamente vitalício (salvo união ulterior), passando, assim, ao gozo
por prazo determinado em relação aos cônjuges e companheiros com menos
de 44 anos. Desse modo, para os benefícios concedidos após 1º-3-2015, o pra-
zo de concessão da pensão por morte será o seguinte:

Idade do cónjuge/companheiro Prazo de duração do beneficio

Menos de 21 anos 3 anos

Entre 21 e 26 anos 6 anos

Entre 27 e 29 anos 10 anos

|
0 e 40 anos 15 anos

Entre 61 e 44 anos 20 anos

Mais de 4 Viralicia

Nos termos do art. 77,$ 2º, V, a, da Lei nº 8213/1991, a pensão por morte será
vitalícia para cônjuges e companheiros inválidos ou com deficiência, só cessando se
superada a invalidez ou afastada a deficiência. Assim, se suceder invalidez ao cônjuge
ou companheiro até a DCB da pensão por morte, esta se tornará vitalícia.
CAPÍTULO 7 -
Pensão por morte 119

e
Ex-cônjuge
A pensão por morte poderá ser concedida ao
ex-cônjuge que recebia pensão alimentícia do segu-
rado ou que venha ulteriormente a dele depender.
Nesse caso, concorrerá em igualdade de condições
com todos os dependentes de primeira classe
Esclarece-se, ainda, que, na hipótese de o segura-
do falecido estar, na data de seu falecimento, obrigado
por determinação judicial a pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-compa-
nheiro ou ex-companheira, a pensão por morte será devida pelo prazo remanes-
cente na data do óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior
do benefício (art. 76, $ 3º Lei nº 8.213/1997, com inclusão da Lei nº 13.846/2019).
Ainda, quando ocorrer nova união com cônjuge de regime previdenciário
diverso e para este também sobrevier falecimento, admite-se a cumulação entre
pensões por morte e, se do mesmo regime, opta-se pela pensão mais vantajosa
(art. 124, VI, Lei nº 8.213/1991).

O primeiro marido de "A" era segurado


vinculado ao RGPS e lhe deixou
uma pensão por morte no valor de
RS 5.839,45
y

A" se casa A" se casa


"A" se casa
novamente com novamente
novamente uns
segurado do com segurado A" poderá ainda
com segurado
regime próprio vinculado a cumular mais
vin cus doa
municipal, que regime próprio uma pensão,
re gime próprio
veio a falecer, federal e este neste caso,
estadual e este
fazendo com também vem a contratual, caso
também vem a
que "A" requeira falecer: RGPS + algum segurado
falecer: RGPS +
nova pensão regime próprio tivesse plano
regime próprio
por morte e municipal + de previdência
cumule com a municipal +
regime próprio privada
anterior: RGPS + regime próprio estadual +
estadu
regime próprio regime próprio
municipal federal

Filho menor de 21 anos


Apesar de o Código Civil prever que a maioridade civil é atingida aos 18 anos
completos (art. 50 CC), a Lei Previdenciária ainda se pauta pela idade máxima
120 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

de 21 anos, colocando os filhos até esse limite como dependentes expressos


do segurado (art. 16 do Dec. nº 3.048/1999).
Para estes, a pensão perdurará até completarem 21 anos ou em razão da
emancipação civil, por escritura pública ou pelo casamento. Vale observar, porém,
que, nos termos da Súmula 37 da TNU, a pensão por morte, devida ao filho até os
21 anos de idade, não se prorroga pela pendência do curso universitário.

e Enteado e menor tutelado


Para fins previdenciários, o enteado e o menor tutelado serão equiparados ao
filho (menor de 21 anos ou inválido) mediante declaração escrita do segura-
do e desde que comprovada a dependência econômica para com este, bem
como não possuir bens suficientes para garantir O próprio sustento e educação
(art. 16, $ 2º, Lei nº 8213/1991),
e Menor sob guarda
A figura do menor sob guarda para fins previdenciários foi extirpada pela Lei
nº 9.528/1997, não havendo atualmente previsão legal.
Assim, para tais Casos, O ideal é ingressar com ação judicial pleiteando a con-
cessão de pensão por morte ao menor sob guarda com fundamento no art. 33 do
Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê igualdade entre este e os filhos,
dispondo que "a guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educa-
cional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a
terceiros, inclusive aos pais". Esse caso já foi julgado procedente pelo STF.
e Filho inválido
Considera-se inválido o filho impossibilitado de exercer atividade laboral re-
munerada em razão de incapacidade, independentemente de sua faixa etária,
e ainda que perceba benefício por incapacidade.

Exemplo: O filho inválido, não casado, com 35 anos de idade que coabita-
va com sua genitora e dela dependia tem direito à pensão por morte com
o falecimento desta, desde que comprove que sua invalidez ocorreu antes
do óbito, mesmo que, ainda, perceba benefício, como aposentadoria por
invalidez.

Antes do advento da Lei nº 13.146/2015 era exigido que o filho ou irmão


maior de 21 anos fosse inválido para figurar como dependente do segurado, obs-
tando, portanto, qualquer forma de trabalho da parte destes.
Entretanto, a atual redação do art. 16, |, da Lei nº 8213/1991, estabelece que
tanto o filho inválido quanto o portador de deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave fazem jus à pensão, ainda que exerçam atividade laborativa pro-
porcional à sua peculiar condição.
CAPITULO ? -
Pensão por morte -121

Referida deficiência intelectual, aliás, pode ser comprovada por meio de lau-
do, inclusão em escola especial, entre outros. Havendo interdição, judicialmente
determinada em juizo cível, a perícia fica dispensada.

Classe Il de dependentes
Participam da classe Il os ascendentes do segurado. Eles deverão comprovar
sua relação de parentesco com este e respectiva dependência econômica, ain-
da que parcial, mas desde que represente um auxílio substancial, permanente e
necessário, sem o qual acarretaria o desequilibrio dos meios de subsistência do
dependente.
Para comprovação da dependência econômica, admitem-se, como meios
de prova, declaração dos dependentes no imposto de renda, plano de saúde e
apólices afins, faturas do cartão de crédito indicando pagamento de despesas para
mantença dos pais, contas mensais obrigatórias (faturas de água, luz e telefone)
do endereço dos pais, entre outros indicativos a colocar o segurado falecido como
arrimo da família.

Classe III de dependentes


Participam da classe Ill os irmãos menores de 21 anos, inválidos ou portado-
res de deficiência intelectual mental e grave, os quais também devem comprovar
a relação de parentesco e respectiva dependência econômica. Estes só poderão

requerer o benefício se não houver dependentes nas classes anteriores, seguindo,


no mais, a mesma lógica deferida à classe !l.

7.2 Requisitos da pensão por morte

A concessão de pensão por morte independe do cumprimento de carência,


contudo a Lei nº 13.135/2015 trouxe algumas inovações quanto ao prazo de per-
manência do benefício:

Art. 77, Lei nº 8.213/1991 A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será
-

rateada entre todos em parte iguais.

[..) $ 2º O direito à percepção da cota individual cessará:

[..] V -
para cônjuge ou companheiro:

Assim, se O segurado, até o falecimento, tiver vertido menos de 18 contribui-


ções mensais ou seu casamento ou união estável tiver se iniciado há menos de 2
anos do óbito, a pensão por morte devida ao cônjuge ou companheiro postulante
durará apenas 4 meses.
122 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Todavia, não se aplicará quando houver acidente de qualquer natureza nem


acidente de trabalho.
É interessante notar que, em caso de falecimento por doença grave, o de-
pendente só fará jus a 4 meses de pensão.

7.3 Data do início do benefício (DIB)


A data de início do benefício está atrelada ao momento em que o pedido
foi agendado.
Com as mudanças trazidas pela Lei nº 13.846/2019, os filhos menores de 16
anos passaram a ter um prazo de 180 dias a contar do óbito, para que façam jus
às parcelas retroativas à data do falecimento e, para os demais segurados, O prazo
é de 90 dias (art. 74, |, Lei nº 8.213/1991).

7.4 Renda mensal inicial (RMI)


O valor da RMI da pensão por morte sofreu algumas modificações ao longo
do tempo, conforme se verifica a seguir.

O valor correspondia a 50% do salário beneficio


do instituidor da pensão, acrescido de 10%
Até 1988 (Lei nº 3807/1960)
para cada dependente, até o máximo de 5
dependentes.
O beneficio passou a equivaler a 80% do salário
De 1991 a 1995 (Lei nº 8.213/1991) benefício, mantidos os 10% adicionais para
cada dependente.

De 1995 a 1997 (Lei nº 9032/1995) À pensão por morte passou a ser 100% do
salário-benefício.
O valor mensal da pensão por morte passou
a ser 100% do valor da aposentadoria que o
A partir de 1997 (Lei nº 9528/1997)
segurado recebia ou daquela a que teria direito
se estivesse aposentado por invalidez na data
de seu falecimento.
O valor mensal da pensão por morte passou
a ser 50% do s.b, mais 10% a cada dependente,
limite de 100%. O s.b será calculado no valor
A partir de 13-11-2019 (EC nº 103/2019)
da aposentadoria que o segurado recebia
ou daquela a que teria direito se estivesse
aposentado por invalidez na data de seu
falecimento.
CAPIT 0L0 ? -
Pensão por morte 123

Éimportante relembrar que a presença de dependentes na classe elimina |

o direito dos dependentes das classes 2 e 3, assim como a presença na classe 2


eliminará o da classe 3. Tais regras não tiveram alteração.
Com a reforma da Previdência, um dependente que perder sua qualidade a
sua cota parte não passará para os demais dependentes. Isto difere das regras antes
da reforma; quando um dependente perdia sua cota parte, esta se incorporava à
parte dos demais dependentes.
Sendo assim, se houvesse três dependentes e cada um recebesse o valor de
R$ 1.000,00 como cota parte, quando um dependente perdesse sua qualidade, os
que permanecessem no rol ficariam com somente R$ 1.000,00. Antes cada qual
perceberia R$ 1.500,00.
O filho considerado deficiente ou com grave incapacidade de acordo com
a perícia médica receberá 100% do salário de benefício. Porém, caso haja mais um
dependente no rol, a regra será a normal.

7.5 Cessação do benefício


Cessará a pensão por morte:

e Pelo falecimento do pensionista

Cessação Observação
Se inválido, o pagamento
Filho/irmão 21anos de idade ou emancipação,
perdura até a cessação da
salvo inválido ou com deficiência
invalidez

Cônjuge/companheiro
Idade do beneficiário
na data do óbito do Cessação Observação
segurado
Qualquer idade 4 meses Se falecer antes de ter vertido
18 contribuições mensais ou
casamento/união estável ter, no
minimo, 2 anos de duração
Menos de 21 anos 3 anos Ter vertido 18 contribuições
Entre 21 e 26 anos 6 anos mensais e o casamento/união
estável ter, no mínimo, 2 anos de
Entre 27 e 29 anos 10 anos
duração
Entre 30 e 40 anos I5 anos

Entre 41 e 43 anos 20 anos

Acima de 44 anos de idade Vitalicia


124 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Obs.: perde o direito à pensão por morte o condenado criminalmente por


sentença com trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe de ho-
micídio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do se-
gurado, ressalvados os absolutamente incapazes e os inimputáveis. (art. 74,
8 1º, Lei nº 8.213/91, com inclusão da Lei nº 13.846/2019).

Serão considerados 60% da média salarial (calculada com todas as contri-


buições desde julho de 1994) com acréscimo de dois pontos percentuais para
cada ano de contribuição os 20 anos de contribuição (para os homens e para as
mulheres), até o limite de 100%. A partir daí, o INSS aplicará a regra da cota de
S0% desse valor mais 10% para cada dependente. Uma viúva ou um viúvo, por
exemplo, receberá 60% ao final.
Em caso de morte por acidente de trabalho, doença profissional ou do tra-
balho, as cotas serão aplicadas sobre 100% da média salarial.
Porém, aqui, não nos resta dúvidas de que deveriam ser equiparados aos aci-
dentes do trabalho os acidentes de qualquer natureza devidamente comprovados
e os casos de doenças graves e incapacitantes determinados por perícia médica.
Caberá aqui uma revisão de benefício para que esses segurados tenham direito a
100% do valor do salário de benefício.

7.6 Inclusão de dependente em processo


judicial
O art. 219, $ 2º, da Lei nº 13.846/2019 prevê que, ajuizada a ação com o
intuito de obter habilitação posterior como dependente a titulo de pensão por
morte, O pagamento ficará suspenso até O trânsito em julgado, salvo decisão ju-
dicial contrária.
Esse valor poderá ser descontado dos demais dependentes. Caso a sentença
de inclusão seja julgada improcedente, os valores serão devolvidos com juros e
correção monetária.

7.7 Cumulatividade da pensão por morte


Após a Reforma da Previdência Social, as hipóteses legais de cumulatividade
de pensão por morte passam a ter novas regras.
Receberemos o benefício mais vantajoso em sua integralidade. Porém, o se-
gundo benefício, o menos vantajoso, será uma proporcionalidade nos seguintes
termos:
CRPT 0L0 ? -
Pensão por morte 125

Segundo beneficio Limites

60% DO VALOR
QUE EXCEDER 1 SM, ATÉ O DE 2
-
VALOR -
MITE
40% DO VALOR
VALOR QUE EXCEDER 2 SM, ATÉ O LIMITE DE 3

20% DO VALOR VALOR QUE EXCEDER 3 SM, ATÉ O LIMITE DE 4

10% DO VALOR VALOR QUE EXCEDER 4 SM

SM = salário mínimo.
CRPI

CARTILHA DE
ATENDIMENTO E
QUESITOS PARA
PERÍCIA MÉDICA
128 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

8.1 Dicas úteis para atendimento de


clientes Auxílio-doença comum
-

Identificar a CID (Classificação Internacional de Doença) e entendê-la. Em alguns


casos, verificar também a CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade)
para enquadrá-los na função x incapacidade.
1
Para a petição é importante estudar como a jurisprudência se ma-
nifesta sobre a possivel doença, que é o fato gerador da incapaci-
dade.
Fazer um estudo minucioso com o cliente a fim de entender a incapacidade: o
que o limita? Quais as suas reações? Quais tipos de dores possui? Quanto tempo
2 tem essa incapacidade? Quais foram os tipos de tratamentos realizados?

Tente explorar ao máximo as perguntas para compreender o que


está ocorrendo com seu cliente.
Solicitar cópia do processo administrativo para localizar o histórico e o laudo
médico administrativo (HISMED).
3 Para isto, você precisa da procuração específica de seu cliente, a
fim que o INSS possa lhe dar acesso aos documentos médicos es-
pecíficos.

4 Separar e organizar a documentação que seu cliente possui.

Há incapacidade por mais de 15 dias para atos da vida cotidiana ou para O


exercicio de sua atividade laborativa?

Explorar bem este tema, pois aqui está o fundamento que dará
origem ao benefício no INSS.
Verificar se o cliente está no período contributivo, período de graça ou se houve
perda da qualidade de segurado, a fim de saber sobre a carência ou pedágio
6
exigível para tal questão.
Verificar o art. 15 da Lei nº 8.213/1991, bem como a Leinº 13.457/2017.
Verificar se o segurado cumpriu a carência especifica para o beneficio pretendido.
Lembre-se de que há doenças como câncer, aids, hanseniase, que são isentas de
carência (Portaria nº 2998/2001), bem como acidentes de trabalho e acidentes
de qualquer natureza. O conceito de acidentes de qualquer natureza tem grande
7
amplitude, por isso é importante estudá-lo.
É importante ressaltar que a lista de doenças isentas de carência é
um rol exemplificativo. Desta forma, novas doenças, se graves e
incapacitantes, podem ser enquadradas como isentas de carência.
CAPITULO 8
-
Cartilha de atendimento e quesitos para perícia médica -129

Verificar se os laudos médicos são contemporâneos e se não demonstram


8
doença preexistente. Se sim, houve agravamento ou progressão desta?
Houve doença preexistente durante a perda da qualidade de segurado. Se sim,
9
houve progressão ou agravamento desta?

Qual é a DID (data de início da doença) e a Dil (data de início da incapacidade) e


os reflexos dessa incapacidade?
10 Fique atento Alguns magistrados têm entendido que a fixação da
-

Dil é na data da realização da perícia médica judicial e, a partir daí,


começaria a contar o direito.
Ler o manual de perícias médicas do INSS em relação à CID diagnosticada para o
seu cliente, pois este o ajudará a elaborar os quesitos.

Quem é o médico e qual a especialidade do médico-assistente e do perito


médico que realizou a perícia?
12 Lembre-se de que a perícia médica não se restringe a especialida-
des, por isso é interessante verificar o CRM e a especialidade médi-
ca para confrontar e impugnar laudos.
Há quanto tempo este está em tratamento médico e quais laudos foram
examinados pelo perito médico particular e pelo perito médico do INSS?
Caso seu cliente não tenha laudos suficientes, pense em encami-
13
nhá-lo a uma clínica popular de medicina. O advogado pode fazer
parcerias com essas clínicas populares a fim de facilitar as respos-
tas de quesitos à perícia.
Quais os pontos de divergência entre os laudos apresentados? Há motivos de
14 impugnação?
Ver modelos de impugnação de laudos e quesitos à perícia.
O cliente faz uso de alguma medicação? Tem receitas?
Verificar na Anvisa a sua prescrição. Há manuais de laboratório de farmácia que
15 também podem ajudar na hora de formular quesitos.
É importante observar que, em algumas situações, os efeitos cola-
terais das medicações são a causa da incapacidade.
Qual é o possível prazo previsto para a recuperação ou o tratamento do cliente
(para a DCB data de cessação do beneficio)?
-

16 Vale ressaltar que a lei do pente-fino previdenciário (Lei


nº 13.457/2017) prevê o cancelamento do auxílio-doença em 120
dias, caso não seja fixada a DCB em perícia ou na sentença.
4

130 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -


Guia Prático de Atendimento

É necessário audiência no ingresso da ação?


17 Lembre-se de que, às vezes, é mais fácil a motivação do juiz na au-
diência do que na prova documental.

18 Verificar se é O primeiro auxílio-doença de seu cliente; se estes são sucessivos.

19 A incapacidade era temporária e tornou-se permanente?

Após a cessação do auxilio-doença, houve alguma perda da capacidade laboral


(sequela)? Se sim, identificar a data de início dessa sequela, pois pode gerar
auxilio-acidente.
20
A concessão ou a declaração de direito em auxílio-acidente pode
gerar revisão de aposentadoria. Lembre-se de verificar o manual de
perícias para doenças ocupacionais.

21 Há motivos para a concessão de danos morais?

Verificar se houve limitação nos últimos 12 meses do salário-contribuição para O


cálculo estabelecido pela Lei nº 13.135/2015 para o auxilio-doença. Se sim, caberá
22 revisão.

A revisão do auxílio-doença com base no período básico de cálculo


pode gerar revisão de aposentadoria.

8.2 Documentos necessários para instruir


o processo administrativo no INSS
-

Auxílio-doença comum

*
Laudos médicos, indicando CID, data do início da patologia, sintomas, medicamentos
utilizados e se há ou não na opinião do médico-assistente incapacidade para o
- -

trabalho; se houver, qual o tipo: total/parcial, temporária/permanente.

*
Cópia do prontuário médico (marcação de DIl).

* Exames médicos realizados.

* Receitas médicas, se necessário (medicamento controlado etc.).

*
Prova da atividade laborativa ou habitual (CTPS, recibos etc.).
CAPITULO 8
-
Cartilha de atendimento e quesitos para perícia médica -131

8.3 Dicas úteis para atendimento de


clientes Auxílio-doença acidentário
-

O que gerou a incapacidade laboral? Qual é o nexo causal?


Vale lembrar que a percepção de 891 pelo segurado não é necessária para a
1

comprovação do nexo causal na justiça do trabalho a fim de pleitear estabilidade,


danos morais e materiais, bem como o depósito do FGTS.

2 Qual é a data de início da incapacidade ou o dia do acidente?

A incapacidade extralaboral impede o seu cliente de exercer atividade laboral


3
(que lhe garanta subsistência)?

Estudar a CIF (Código Internacional de Funcionalidade) para verificar o nexo


4
entre a patologia e a função exercida.

Foi emitida a CAT (Comunicação de Acidentes do Trabalho) ou há configuração


de NTEP (Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário)?
5
Vale lembrar que a CAT não é prova absoluta de nexo causal, mas sim um
documento com finalidade estatistica e informativa.
Para o auxílio-doença (B91), houve recolhimento de FGTS? Em caso negativo,
6
ingressar na Justiça do Trabalho para requerer.

7
Qual é a projeção da incapacidade para o futuro?

8 Houve sequela? Se sim, identificar a data de início dela,

Lembre-se de que a concessão ou a declaração de direito ao auxilio-acidente


9
pode gerar revisão de aposentadoria.

É imprescindível verificar, sempre, o manual de perícias para doenças


10
ocupacionais.

8.4 Documentos necessários para O

processo administrativo no INSS -

Auxilio-doença acidentário
Laudos médicos, indicando CID, data do início da patologia, sintomas, medicamentos
utilizados e se há ou não na opinião do médico-assistente incapacidade para o
- -

trabalho; se houver, qual o tipo: total/parcial, temporária/permanente.


132 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Cópia do prontuário médico (marcação de DII).

Exames médicos realizados.

Receitas médicas, se necessário (medicamento controlado etc.).

e Nexo causal: CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) ou NTEP (Nexo


Técnico Epidemiológico Previdenciário) (CID-10 e CNAE Anexo II, lista €, Dec.
-

nº 3.048/1999) ou concausa se for doença degenerativa.


Prova da1 atividade laborativa habitual (CTPS).

8.5 Dicas úteis para atendimento de


clientes Aposentadoria
-
por
invalidez

Importante: Os itens aplicáveis ao auxílio-doença são análogos ãos da apo-


sentadoria por invalidez.

Demonstrar, por meio de laudos médicos, exames e receituários, que a


1
incapacidade do segurado é total e permanente.
O segurado não pode exercer qualquer tipo de atividade laborativa.
Se a incapacidade é para a atividade que lhe garanta a subsistência, deve-se
demonstrar os motivos para tal.
2
Lembre-se de que a lei usa o termo "para a atividade que lhe garanta a sua
subsistência" (art, 42, Lei nº 8.213/1991).

O prazo para a duração da incapacidade poderá superar 2 anos.


3 Lembre-se de que a tendência da jurisprudência é conceder benefício
somente se a incapacidade for superior a 2 anos ou mais.

Há incapacidade social? Qual é a idade do cliente? Sua idade o impede de


arrumar emprego ou dificulta arrumá-lo na região em que reside? O que
demostra tal afirmação? Qual é seu grau de escolaridade? Com este é difícil
arrumar emprego? Há algum tipo de estigma em relação a essa doença?
4
As respostas das perguntas anteriores são essenciais para auxiliar no
convencimento do magistrado e perito. Deve-se demonstrar que a
incapacidade social dificulta O acesso ao mercado de trabalho. Verificar
súmulas 47, 77 e 78, da TNU.
CRPITUL 8 -
Cartilha de atendimento e quesitos para perícia médica -133

Hã necessidade de ajuda constante de terceiros para a solicitação do adicional de


25% (grande invalidez)?
5
A ajuda constante de terceiros não precisa ser de um cuidador, basta que
haja tal necessidade.
Como comprovar essa necessidade de ajuda constante de terceiros?
Essa necessidade pode estar implícita na própria doença ou pode-se
6
juntar um contrato de trabalho do cuidador, bem como comprovar o não
emprego do familiar que cuida do segurado.
É possivel a retroação destes 25% desde a DIB da aposentadoria por invalidez
caso a perícia que concedeu o benefício não tenha se manifestado a respeito?
7 Lembre-se de que a perícia tem o condão de examinar a incapacidade
como um todo. Desta forma, caso não tenha sido concedido o adicional,
presume-se o prévio indeferimento administrativo.
Caso o segurado seja aposentado, a jurisprudência também tem se manifestado
a favor da concessão do adicional de 25%. Para isso, é necessário o requerimento
8 administrativo.
As jurisprudências têm sido favoráveis a todos os tipos de aposentadorias
(Tema 982, STJ).
possível retroagir a data de início da aposentadoria por invalidez?
Para tanto, deve-se demonstrar que a incapacidade já era definitiva no
9 momento em que o perito concedeu o auxílio-doença. Busca-se, aqui, reaver
a diferença dos 9% mensais da RM entre o auxílio-doença e a aposentadoria
por invalidez em questão.
Tratando-se de cancelamento de aposentadoria por invalidez, verificar se há

10
possibilidade do restabelecimento.
Com a operação pente-fino (Lei nº 13.457/2017), tem sido mais frequente o
cancelamento de aposentadoria por invalidez.
Não sendo caso de restabelecimento, verificar se o INSS enquadrou seu cliente
na indenização referente ao art. 47, e ||, da Lei nº 8.213/1991 (mensalidade de
n |

recuperação). Verifique se o enquadramento está no inciso correto, de acordo


com a recuperação total ou parcial da capacidade.
Lembre-se de que para os idosos a aposentadoria por invalidez é vitalícia, já que
eles não passam por perícia médica. O mesmo não ocorre quando se trata do
12
recebimento do adicional de 25%.
Vide Lei nº 13.063/2014

Também para os segurados com 55 anos de idade e 15 anos de percepção de


13
beneficios por incapacidade.

Os portadores do virus HIV também não têm que se submeter à perícia médica,
14
de acordo com a Lei nº 13.847/2019.
134 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

8.6 Documentos necessários à concessão


da aposentadoria por invalidez
Laudos médicos, indicando CID, data do início da patologia, sintomas, medicamentos
utilizados e se há ou não na opinião do médico-assistente incapacidade para o tra-
- -

balho; se houver, qual o tipo: total/parcial, temporária/permanente e se hã necessidade


do acompanhamento de terceira pessoa.

Cópia do prontuário médico (marcação de DII).


Exames médicos realizados.

Receitas médicas, se necessário (medicamento controlado etc.)

Nexo causal: CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) ou NTEP (Nexo Técni-


co Epidemiológico Previdenciário) (CID-10 e CNAE Anexo II, Lista €, Decreto
-

nº 3.048/1999) ou concausa se for doença degenerativa.

Prova da idade, grau de instrução e atividades laborativas realizadas ao longo da vida


(invalidez social).

8.7 Quesitos e impugnações de benefícios


por incapacidade
Lembre-se de que há quesitos específicos para cada patologia que podem
ser retirados do manual de perícia médica do INSS.

1 Qual é a doença apresentada pelo paciente? (Informar a CID.)

2 Quais são Os sintomas desta(s) doença(s)?

3 Qual é o tratamento que o paciente realiza?

De quais medicamentos o autor faz uso? Possuem efeitos colaterais? Quais?


4 Podem seus efeitos ser considerados incapacitantes para o trabalho habitual de
(colocar a profissão)?

5 É caso de cirurgia? Qual é o risco?

6 O requerente possui alguma lesão ou doença? Se afirmativa a resposta, qual?

No caso de a resposta anteiror ser afirmativa, é possivel a cura dessa doença? É


7
gradativa?
CAPÍTULO 8 -
Cartilha de atendimento e quesitos para perícia médica -135

8 Essa lesão provoca dores?

Se positivo o quesito nº 6, há impedimento para a realização de atividades


9
habituais?

10
Quando o requerido cessou o pagamento do beneficio previdenciário, já era o
requerente portador desta doença ou lesão?
De acordo com o quesito nº 5, qual atividade poderia ser desenvolvida pelo

11
requerente, levando em conta suas características pessoais (idade, condições
fisicas), principalmente o fato de que sempre desenvolveu todas as suas
atividades de (colocar a profissão)?
Em caso de resposta negativa ao quesito anterior, O sr. perito poderia esclarecer
se os relatórios médicos, anexados aos autos, especialmente aquele datado de
XX-XX-XXXX, encontram-se incorretos, principalmente aquele fornecido pelo
Dr. XX inscrito no CRM n. XX. e com especialidade em XX, os quais indicam
-

expressamente a presença de incapacidade? Em caso positivo, esclarecer em


quais pontos estão incorretos, considerando-se as disposições do Código de Ética
Médica, em seus arts. 52, 94 e 97?
Art. 52. Desrespeitar a prescrição ou o tratamento de paciente, determinados
por outro médico, mesmo quando em função de chefia ou de auditoria, salvo
12 em situação de indiscutível benefício para o paciente, devendo comunicar
imediatamente o fato ao médico responsável.
Art. 94. Intervir, quando em função de auditor, assistente técnico ou perito,
nos atos profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciação em
presença do examinado, reservando suas observações para o relatório.
Art. 97. Autorizar, vetar, bem como modificar, quando na função de
auditor ou de perito, procedimentos propedêuticos ou terapêuticos
instituídos, salvo, no último caso, em situações de urgência, emergência ou
iminente perigo de morte do paciente, comunicando, por escrito, O fato ao
médico-assistente.
Havendo possibilidade de o requerente desenvolver suas atividades habituais e
13
laborativas, quais seriam estas e qual o prejuízo no tocante à readaptação?
Havendo redução da capacidade laborativa, informe em qual membro e qual
14
seria O seu grau?

O requerido submeteu o requerente a algum tipo de reabilitação? Em que


15
consistiu tal reabilitação?

Qual é a data do início da incapacidade (dia/mês/ano)? Qual é o fundamento


16
utilizado para essa conclusão?
Os documentos médicos anexos comprovam a incapacidade laborativa do autor
desde a data da negativa administrativa ou cessação ocorrida em XX-XX-XXXX?
- -

17
Em caso negativo, por quê? Houve alguma recuperação da capacidade laborativa
nesse período? Qual é o fundamento utilizado para tal conclusão?
136 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

A incapacidade é total ou parcial? Por quê? Em caso de ser parcial, seria total
para a atividade habitual de XX? Poderia ele desenvolver outras funções,
18 principalmente segundo o conceito de saúde da OMS e do manual de perícia
médica do INSS? Seria uni, multi ou omniprofissional a incapacidade do
periciando segundo o manual de perícia médica do INSS? Por quê?
Se parcial, poderia ele desenvolver a sua atividade habitual de forma satisfatória,
19 considerando-se os demais elementos socioeconômicos-culturais do caso em
tela, como idade e grau de instrução? Por quê?
A incapacidade do periciando é para apenas uma atividade ou para várias? Em
20 caso de várias, quais são elas? Em caso de uma, para qual? Essa incapacidade, para
uma ou várias atividades, é de forma total para as mesmas ou parcial?

21 A incapacidade é transitória ou permanente? Por quê?

22 Em caso de ser transitória, qual é a data provável de cura? Por quê?

Em caso de ser permanente, desde quando pode ser considerada permanente?


23 Pode-se indicar como permanente a data da concessão do auxilio-doença? Por
quê?

8.8 Quesitos e impugnações específicos


para invalidez

O periciando possui condições de gerir seus bens e sua pessoa diante das patolo-
1
gias diagnosticadas?

O periciando pode praticar sozinho os atos da vida civil? Por quê? É necessário o
2 acompanhamento constante de terceira pessoa? É recomendável que faça sozinho
tais atos sem apresentar perigo para si e para outros?

Deve o periciando ter um acompanhante em seus atos da vida cotidiana? Em caso


negativo, poderia o sr. perito afirmar onde se encontra o erro nos relatórios médi-
cos e no laudo pericial do processo de interdição, elaborado pelo dr. XX, médico
3
XX, inscrito no CRM nº XX, acostados aos autos, os quais atestam a necessidade de
um acompanhante, considerando-se as disposições do Código de Ética Médica,
em seus arts. 52, 94 e 97?

Qual é a data do início da necessidade de acompanhamento de terceiros pelo


periciando (dia/mês/ano), considerando-se a documentação médica dos autos
4 e o conhecimento médico do perito? Qual é o fundamento utilizado para essa
conclusão? Pode-se concluir que esta se deu na DER do NB nº XX, ocorrida em
(dia-mês-ano)? Por quê? Em caso negativo, em qual datocorreu? -
CAPITULO 8
-
Cartilha de atendimento e quesitos para perícia médica -137

8.9 Quesitos e impugnações específicos


para auxílio-doença e aposentadoria
por invalidez acidentários

O periciando possui as patologias alegadas inicialmente e comprovadas pelos


1 relatórios médicos anexos? Quais os sintomas dessas patologias? Descrever mi-
nuciosamente, principalmente considerando a função laborativa de XX do autor.

As patologias guardam relação de causalidade com a atividade de XX desenvolvi-


da na empresa empregadora do periciando, segundo suas informações? Por quê?
2
Em caso negativo, poderia a atividade laborativa ter agravado as patologias do
periciando? Por quê? Ainda em caso negativo, qual é a origem das patologias?

Podem as patologias ser consideradas incapacitantes para o trabalho de XX? Por


quê? Em caso negativo, estariam errados os relatórios médicos anexos, com es-
3
pecial atenção à determinação dos arts. 52, 94 e 97 do Código de Ética Médica?
Por quê?

O autor faz uso de quais medicamentos? Quais os efeitos colaterais deles? Tais
4 efeitos colaterais podem ser considerados incapacitantes para seu trabalho ha-
bitual de XX?

O periciando encontra-se atualmente incapacitado para a atividade laboral de


XX, sua atividade habitual, considerando-se os demais elementos socioeconô-
5
micos-culturais do caso em tela, diante do conceito de saúde estabelecido pela
OMS? Por quê?

6 Qual é a origem da incapacidade? Por quê?

7
Qual é a data do inicio da incapacidade (dia-mês-ano)? Qual é o fundamento
utilizado para essa conclusão?

Os documentos médicos anexos comprovam a incapacidade laborativa do pe-


riciando. Desde (dia-mês-ano) assim, poderiam ser considerados como compro-
8 vação da manutenção da incapacidade da mesma forma desde a concessão do
primeiro benefício, em (dia-mês-ano)? Em caso negativo, qual seria a data do início
da incapacidade, segundo os documentos anexos?

A incapacidade é total ou parcial? Por quê? Em caso de ser parcial, seria total para a
atividade habitual de XX? Poderia ele desenvolver outras funções, principalmente
9 2.

segundo o conceito de saúde da OMS e do manual de perícia médica do INSS?


Seria uni, multi ou omniprofissional a incapacidade da parte autora? Por quê?

Ainda em caso de ser a incapacidade parcial, quais atividades laborativas poderiam


10
o periciando desenvolver de forma satisfatória (por favor, descreva-as)?
138 ADVOCACIA PREVIDENCIÊRIA -
Guia Prático de Atendimento

Pode-se afirmar que a incapacidade, para a função habitual do periciando, de for-


ma total e permanente, está caracterizada desde (dia/mês/ano), com base nos
laudos médicos acostados à inicial? Em caso negativo, por quê? Ainda em caso
negativo, desde quando se pode atestar pela incapacidade total e permanente
do periciando?

12 A incapacidade é temporária ou permanente? Por quê?

13 Em caso de ser temporária, qual é a data provável de cura? Por quê?

Ainda em caso de ser temporária, pode vir a ter sequelas que diminuirão sua ca-

pacidade laborativa? Em qual grau?

8.10 Quesitos e impugnações específicos


para auxílio-acidente
1
Segundo a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), documento anexo, a
autora sofreu que tipo de acidente de trabalho? Houve fratura/impacto/lesão em
algum membro? Qual? Favor detalhar.
2 O acidente de trabalho noticiado na inicial deixou sequelas na autora? Em caso
positivo, por favor explicitá-las, indicando quais e em qual parte do corpo. Qual
era a atividade laborativa realizada pela autora à época do acidente e a atual?
Favor detalhar.
3 As sequelas do acidente encontram-se consolidadas ou, ainda, existe processo
mórbido em evolução? Há possibilidade de reversão das sequelas? Em caso po-
sitivo, por favor indicar o porquê e como. Em caso negativo, são irreversíveis e
permanentes?
4 Existe relação de causalidade entre o acidente do trabalho típico e as sequelas
mencionadas?
5 As sequelas do acidente de trabalho tipico determinam, permanentemente, per-
das anatômicas ou redução da capacidade do trabalho de XX, cujas funções vêm
descritas na reabilitação profissional e documentos da empregadora (anexo)? Em
que percentual? Em caso negativo, por quê? Ainda em caso negativo, por favor
explicar como a autora pode trabalhar na sua função habitual XX de forma
- -

eficaz e produtiva, se comparado a outros trabalhadores sem a mesma sequela.


6 O certificado de conclusão da reabilitação profissional (anexo), realizada pelo
requerido, descreve que a autora possui "XXX" e que, por tal motivo, são "con-
traindicados atividades XXX". Tal situação é considerada redução da capacidade
de trabalho em grau leve, moderado ou grave, para fins da atividade habitual de
(profissão)? Pot favor, fundamentar a resposta.
7 Énecessário mais esforço para o exercício das mesmas atividades da acidentada -

XX ou outras do cotidiano? Por quê?


-
CAPITULO 8
-
Cartilha de atendimento e quesitos para perícia médica -139

8 A prova documental (anexa) -


relatórios médicos e processo de reabilitação
profissional previdenciário
-
é indicativo da incapacidade parcial em razão do
acidente? Caso negativo, por quê?

9 A incapacidade é definitiva ou temporária?

10 Pode-se afirmar que a incapacidade parcial, em razão do acidente de trabalho


típico, já era visível desde sua ocorrência? Por quê?
À autora possui a sequela do acidente, que reduziu ainda que de forma mínima
-

-
sua capacidade laborativa desde a alta do auxilio-doença, ocorrido em (dia/
a n ? Por quê?

8.11 Dicas úteis para atendimento de


clientes -
Benefício assistencial
(LOAS)

1
Qual é a idade?
Lembre-se de que o requisito para o benefício assistencial (LOAS) é ter 65
anos de idade ou mais.

2 Qual é a incapacidade? Quando se deu seu início? Quais os exames que


fundamentaram tal incapacidade?
3 Há incapacidade social?
Verificar a idade, o grau de escolaridade e o acesso ao mercado de trabalho.
A jurisprudência tem entendido que uma incapacidade parcial somada a
uma incapacidade social pode gerar a concessão de benefício assistencial
(LOAS) (Súmulas nº 77 e 78 da TNU).
4 Qual é a renda per capita do grupo familiar? Quais documentos comprovam a
renda?
Obs: colocar gastos básicos para o minimo existencial.
5 Quais são as principais despesas?
Relacionar despesas dos últimos anos, como alimentação, aluguel, água, luz,
gás, remédio, fraldas geriátricas.
6 « Elabore uma planilha com as receitas e despesas.
* Preencha o formulário disponível no site do INSS.
*
Prepare o cliente para a visita do assistente social.

Para a montagem de um processo judicial, fotos comprobatórias da


residência e vizinhança ajudam a comprovar a miserabilidade.
140 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Preencher o cadastro único.


Cuidado com os dados que podem vir a prejudicar o segurado quanto à
renda per capita familiar.
Verificar no INSS se houve algum processo concessório ou indeferitório de
beneficio assistencial LOAS anterior.
-

Lembre-se de que com isso se pode pleitear os atrasados desde o último


indeferimento (5 anos). Neste caso, deve-se preparar a documentação a fim
de demonstrar que o estado de miserabilidade sempre foi o mesmo.
9 Verificar se o beneficiário de beneficio assistencial LOAS não poderia estar
-

recebendo aposentadoria rural, a fim de, no futuro, gerar pensão por morte.
A aposentadoria rural é mais atrativa, pois gera direito ao 13º salário, bem
como pode ser transformada em pensão por morte.
10 Identificação da tese para a concessão do benefício assistencial (LOAS).
A discussão sobre a renda per capita pode ser dirimida, levando-se em
consideração a miserabilidade do núcleo familiar, uma vez comprovadas as
despesas reais suportadas (flexibilização do critério econômico).
n Lembre-se de que a lei permite a cumulatividade de benefício assistencial -

LOAS Idade.
A jurisprudência tem sido bastante favorável à cumulatividade de beneficio
previdenciário de salário-mínimo com benefício assistencial LOAS ou até
-

mesmo um beneficio assistencial LOAS idade com incapacidade ou duas


-

incapacidades.
12 Benefício assistencial LOAS para internado, para estrangeiro e até mesmo para
-

o idoso com 60 a 4 anos e 11 meses são teses aventadas nos tribunais.

8.12 Perícia socioeconômica


1 Quais são as condições socioeconômicas do periciando? Este tem alguma renda?
Descrever brevemente o local de habitação (incluindo suas condições, os
móveis e equipamentos que a guarnecem, entre outras informações julgadas
úteis).
2 Quantas pessoas vivem na casa? Qual(is) delas recebe alguma renda e em que
valor? Há outras pessoas que integram o grupo familiar e que não residam na casa?
3 O autor recebe ajuda humanitária do Poder Público em algum de seus níveis
(municipal, estadual ou federal)?
4 O autor recebe ajuda humanitária de alguma instituição não governamental ou
de terceiros?
Qual é a estimativa das despesas essenciais que O autor já realiza (alimentação,
moradia, água, luz, gás, remédios etc.)?
6 Em caso de LOAS estrangeiro, qual é o pais de origem e há quanto tempo reside
no Brasil?
CAPITULO 8
-
Cartilha de atendimento e quesitos para perícia médica -141

8.13 Dicas úteis para atendimento de


clientes Aposentadoria especial
-

Extrair da carteira de trabalho de seu cliente ou de outros documentos as


seguintes informações:
a) Quando foi o início e o término do contrato de trabalho ou da prestação de
1
serviço?
b) Qual foi o tipo de trabalho realizado e qual o CBO (Código Brasileiro de
Ocupação) de seu cliente?
c) Qual o Decreto vigente à época? (localizar o código de enquadramento).

Realizar a descrição do meio ambiente de trabalho para cada tipo de trabalho


2
realizado.

A qual(is) agente(s) seu cliente está/esteve exposto? O que a exposição


3 prolongada a esse(s) agente(s) pode trazer (ou trouxe) de prejuizos à saúde e à
integridade física do trabalhador?
A que limites ou dosagem seu cliente está/esteve exposto?
Apuração da nocividade: Qualitativo: nocividade presumida, constante nos
Anexos 6,13,13-A e 14, da NR 15, e no Anexo IV, do Decreto nº 3.048/1999,
4
para agentes iodo e níquel; chumbo e mercúrio. Quantitativo: considerada
pela ultrapassagem dos limites de tolerância ou doses, dispostos nos Anexos
12358 11e12daNR 15. Ex ruído (85 dB).
Houve a utilização de equipamento de proteção individual? Qual tipo? Qual
5 prazo de validade? Tem certificado de aprovação (CA)? Esse EPI é capaz de
eliminar o risco?
A exposição aos agentes químicos, físicos e biológicos é permanente, não
ocasional nem intermitente? Em caso negativo, por quanto tempo seu cliente
6
esteve exposto ao agente especial? Essa exposição é(foi) suficiente para prejudicar
a saúde e/ou a integridade física dele?

Verificar se, em algum momento, o cliente foi atendido em hospital por alguma
7
intoxicação por produto químico com que trabalha exposto.

Verificar a existência de exames relativos à audiometria para casos de perda de


audição induzida por ruído (PAIR).
142 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

8.14 Dicas úteis para atendimento de


cliente Revisões de beneficios
-

previdenciários
Solicitar documentos: CNIS de remunerações e vínculos, carta de concessão,
histórico de crédito (HISCRE), REVSIT e cópia do processo administrativo de
1 concessão.
Caso o INSS não queira conceder cópia do processo administrativo de
concessão, impetrar mandado de segurança.

Com os documentos em mãos, checar a tese revisional que se aplica ao caso


2
concreto. Vide quadro a seguir. Utiliza-se a tabela com base na DIB.

Checar litispendência do processo revisional, pois muitos clientes já ingressaram


3
com a ação.

4 Checar o REVISIT para verificar se o INSS fez a revisão administrativamente.

Programas de cálculos ou contadores especializados são necessários nessa seara


5 para apurar detalhadamente o valor da causa e se vale a pena ingressar com a
ação.
Antes de elaborar o processo de revisão, verificar a questão da decadência. O
6 prazo decadencial é de 10 anos contados de acordo com os preceitos do art. 103
da Lei nº 8213/1991,
Tenha cautela com o beneficiário que quer revisão da pensão por morte. Antes,

7
verifique se cabe revisão do beneficio originário para que este tenha reflexo na
pensão por morte. Isto também se aplica à aposentadoria por invalidez e ao
auxilio-acidente.

8.15 Quadro-resumo de revisões -


Teses
sem decadência (importante observar
art. 103 da Lei nº 8.213/1991)

Revisão Sintese
DIB: out. 1988 a dez. 2003
Emendas Benefícios: limitados ao teto B42 aposentadoria integral
- -

Constitucionais Fundamento: limitação ao teto Emendas Constitucionais


-

nº 20/1998e 41/2003 nº 20/1998 e 41/2003


Obs.: tese já aceita pelo STF.
CAPITULO 8 -
Cartilha de atendimento e quesitos para perícia médica 143

Revisão Sintese
DIB: qualquer concessão posterior a 1*-3-1994 limitada do
MVT global
Benefícios: aposentadoria e benefício por incapacidade
Extensão do Buraco Fundamento: art.21,$ 3º, da Lei nº 8880/1994
Verde Obs.: é mesmo pressuposto do Buraco Verde, para os
o

benefícios limitados ao teto, O prejuízo sofrido dever ser


aplicado no primeiro reajuste. Aplicar em conjunto com o teto
constitucional

DIB: 29-11-1999 a 19-08-2009


Benefícios: benefícios por incapacidade: B-31 (A. Doença),
Art. 29,1, da Lei B-32 (A. Invalidez), B-91 (A.D. Acid), B-92 (A. Acid.) B-21
nº 8.213/1991 (pensão) mesmo o que estava na ativa e faleceu, B93
-

(80% maiores salários de Fundamento arts. 29, ||, e. 75 da Lei nº 8.213/1991 e 188-A do
contribuição do PBC) Decreto nº 6939/2009
Obs.: verificar na carta de concessão se foram excluidos os
20% menores.

DIB: proporcional após 29-11-1999 na regra de transição e


aplicação do pedágio e fator previdenciário
Aposentadoria Benefícios: aposentadoria por tempo de contribuição
proporcional a proporcional (B42)
pedágio (regra de Fundamento: retirar o cálculo do fator previdenciário da
transição) com fator RMI, pois haveria dupla perda: aplicação de pedágio só 70% e
previdenciário) aplicação do fator previdenciário
Obs.: princípios dos arts. 194, parágrafo único, IV, da CF, e 201,
$ 52, Vide TR/SC
DIB: integral ou proporcional após 29-11-1999 (observa-se
Aposentadoria com decadência -
10 anos)
tempo especial Benefícios: aposentadoria integral ou proporcional (B42)
convertido para
Fundamento retirar o FP do tempo especial convertido em
comum (exclusão
comum. Fazer a proporcionalidade do FP
do FP)
Obs.: na atividade especial, não incide fator previdenciário
DIB: acidente de trabalho ou de qualquer natureza ocorrido
depois de Lei nº 9528/1997
Benefícios: qualquer tipo de aposentadoria menos invalidez
Integrar valor do (B42, B57, B41 e B46)
auxilio-acidente na Fundamento valor do auxilio-acidente integra salário de
base de cálculo da contribuição para o cálculo da futura aposentadoria
aposentadoria Obs.: quando auxilio-acidente não foi concedido no fim do
auxílio-doença, pleitear retroativamente. Após concedido,
revisar a aposentadoria, pedindo para incorporar o valor do
auxílio-acidente no salário de contribuição.
144 ADVOCACIA PREVIDENCIARIA -
Guia Prático de Atendimento

Síntese
DIB: Depois de 28-1-1999 Ler nº 9876/1999
-

Beneficios: aposentadoria por tempo de contribuição e idade


Fundamento: art. 195, $ da CF
Revisão da vida toda
Obs: retroagir o PBC para a data de inscrição do segurado
na Previdência Social, utilizando todas as contribuições para
efeitos de cálculo do benefício.
DIB: depois de 28-11-1999 Lei nº 9.876/1999
-

Benefícios: aposentadoria por tempo de contribuição e idade


Fundamento: art. 29, II, da Lei nº 8.213/1991, e art. 188-A,
Revisão do minimo
Decreto nº 3.048/1999.
divisor
Obs.: ilegalidade da aplicação do minimo divisor para o
cálculo das aposentadorias. Art. 29, Il, da Lei nº 8.213/1991 diz
não incidir mínimo divisor, que é imposição de Decreto.
DIB: depois de 28-11-1999 Lei nº 9.876/1999
-

Benefícios: aposentadoria por tempo de contribuição


Fundamento: art. 29, Lei nº 8.213/1991
Obs.: questiona-se o cálculo de duplo vinculo para que o
Duplo vinculo cálculo de duas atividades seja somado integralmente. O INSS
faz o cálculo da segunda atividade como uma proporção do
valor recebido.
Obs.: a Lei nº 13.846/2019 sanou tal cálculo. Atualmente,
somam-se os dois valores.
Revisão de conversão DIB: conversão de auxilio-doença em aposentadoria
de auxilio-doença em por invalidez após 14 de novembro de 2019 (Reforma da
aposentadoria por Previdência).
invalidez pós reforma Fundamento: RE nº 583.834/Santa Catarina: cuidado,
pois O Dec. nº 10.410/2020 revogou o art 37,$ 6º, do Dec.
nº 3.048/1999.
Obs.: questiona-se a aplicação, nesse caso concreto, de
decisão do STF do art. 25, $ 5% que determinou que o cálculo
dos 91% do auxílio-doença passa a ser 100% de aposentadoria
por invalidez. Questiona-se à inconstitucionalidade da forma
de cálculo da conversão que exige um novo cálculo da
aposentadoria por invalidez de acordo com o art. 26 da EC
nº 103/2019.
CAPITULO 8 -
Cartilha de atendimento e quesitos para perícia médica 145

Revisão Sintese
Revisão para a DIB: concessão de aposentadoria programada nas regras de
elevação de 10% transição 1, 2 para os homens.
e 5

na aposentadoria Fundamento: art. 26, $ 5º, da EC nº103/2019 carência-

concedida ao homem para o homem de 20 anos e não mais de 15 anos.


pós-Reforma da Inconstitucionalidades ofensa do direito adquirido, pois o
-

Previdência homem começou a contribuir antes da Reforma.


-
Paridade com a regra de aposentadoria por idade que exige
carência de 15 anos somente: art 26, $ 5º, da EC nº 103/2019.
Obs.: devemos pleitear que o cálculo dos 60% + 2% a cada
ano contribuido parte dos 15, e não dos 20 anos, conforme
EC nº 103/2019. Isso gerará um aumento do valor em 10% do
valor da aposentadoria do homem.
Revisão da "gordurinha" DIB: concessão de aposentadoria programada após 13 de
novembro de 2019.
Fundamento art. 26, $$ 5º e 6º, da EC nº 103/2019.
Obs.: o INSS deixou de excluir as contribuições excedentes
ao requisito minimo do benefício para o cálculo do melhor
benefício. Ele deveria ter feito a exclusão automaticamente.
Revisão do DIB: completou a idade minima e a carência em data anterior
congelamento a DER. Ou completou os pontos em data anterior a DER do
benefício após Reforma.
Fundamento art 150 da EC nº 103/2019
Direito adquirido. Base interpretação jurisprudencial: art 26,
$ 2º, da EC nº 103/2019.
Obs.: os requisitos de idade e tempo não precisam ser
preenchidos ao mesmo tempo. Regra mais benéfica de cálculo.
Regra de transição e 2. O INSS exige os requisitos do DER.
1

Aposentadoria por DIB: a invalidez concedida após 13 de novembro de 2019 sem


invalidez. Falta de anatureza de acidentes do trabalho.
configuração do nexo Fundamento art 26, $ 39,1), da EC nº 103/2019.
causal em acidentes do Obs.: não houve a confirmação do nexo causal de acidentes
trabalho do trabalho. Pleitear a configuração do nexo para que o
benefício possa ser elevado a 100%, conforme dispositivo legal.
148 ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA -
Guia Prático de Atendimento

Anexo 1
-
Dicas para contrato de honorários
Dicas importantes do que deve constar em um contrato de honorários para
propositura de ação judicial.

Deixar claro que a atividade jurídica é de meio e não de fim


Os serviços contratados não garantem o resultado, mas sim os meios para
que o cliente tenha a melhor defesa ante o processo, sendo atividade de meio e
não de resultado.
Informe, ainda, que, de acordo com a Tabela de Honorários Advocatícios da
OAS, os honorários são devidos, havendo êxito ou não da ação.

Estipulação de honorários
Na estipulação dos honorários, é importante deixar claro que, independen-
temente da porcentagem ad exito, minimo a ser cobrado é o estipulado na ta-
0

bela da OAB.
Em geral, a porcentagem ad exito é de 30% do valor total apurado desde a
DER.
Éimportante, também, mencionar no contrato se haverá aumento de ho-
norários em fase recursal, sustentação oral etc.
Para as parcelas vincendas, alguns profissionais estipulam a cobrança de 30%
sobre 12 prestações e dividem esse pagamento em parcelas mensais. Outros, po-
+
rém, estipulam a cobrança em número de benefícios, por exemplo.
Novamente, destaque bem em seu contrato que uma cobrança se destina
as parcelas vencidas e a outra, às parcelas vincendas.

Transparência contratual
Um contrato bem redigido pode minimizar dissabores futuros, por isso
é importante usar termos claros e simples, de fácil leitura e compreensão, bem
como destacar a proteção contratual do Código de Defesa do Consumidor.

Despesas diversas
Estipule o que são despesas judiciais e extrajudiciais e como serão cobradas
de seu cliente. Deixe claro também como sera realizada a comprovação docu-
mental destas.

Multa rescisória
Elabore cláusulas acerca de uma possível rescisão contratual, ofertando um
prazo para o cliente notificá-lo, bem como estipulando um valor de multa, inde-
pendentemente dos honorários devidos.

Você também pode gostar