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Era Vargas – Estado Novo

Conceito:

• O Estado Novo foi o processo ditatorial aplicado


através do Plano Cohen, do capitão Integralista
Olímpio Mourão Filho, que foi utilizado como
justificativa para que Getúlio Vargas burlasse a
Constituição vigente e se tornasse ditador.
• O Estado Novo foi caracterizado pelo autoritarismo e
a centralização do presidente, promovendo ações
anticomunistas, e uma política nacionalista.

Política:

• Durante o Estado Novo, o Congresso foi fechado e os partidos políticos foram extintos,
demonstrando o caráter centralizador da ditadura. No dia 4 de dezembro de 1937, foi
realizada uma cerimônia cívica no Rio de Janeiro, com a queima das bandeiras dos estados,
que a partir daquele momento eram proibidos de manterem seus símbolos e qualquer
manifestação regional.

Constituição de 1937:

• No dia 10 de novembro de 1937, mesma data do golpe, foi outorgada a nova Carta
Constitucional, que tinha como característica a concentração de poder, o estabelecimento
de eleições indiretas com mandatos de 6 anos, a pena de morte, a nacionalização de
recursos naturais e a extinção da Justiça Eleitoral e dos partidos políticos.

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• A Constituição de 1937 foi apelidada de “Polaca”, por ter sido inspirada na Constituição
também centralizadora da Polônia, que era constituída aos moldes fascistas.

Departamento de Imprensa e Propaganda:

• Em 1940 foi criado o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), responsável por elevar a
imagem do presidente como grande herói da nação, organizar os serviços de turismo interno
e externo através da propaganda, promover censura a meios de comunicação e a
manifestações artísticas que perturbassem a ordem pública, incentivar obras artísticas como
filmes educativos que valorizem o projeto nacional e promover cultos cívicos patrióticos.

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Lenço no Pescoço, de Wilson Batista - 1932:

E meu chapéu do lado Quem trabalha é que tem razão


Tamanco arrastando Eu digo e não tenho medo de errar
Lenço no pescoço O bonde São Januário
Navalha no bolso Leva mais um operário:
Sou eu que vou trabalhar
Eu passo gingando
Provoco e desafio Antigamente eu não tinha juízo
Eu tenho orgulho em ser tão vadio Mas resolvi garantir meu futuro
Vejam vocês:
Meu chapéu do lado
Tamanco arrastando Sou feliz, vivo muito bem
Lenço no pescoço A boemia não dá camisa a ninguém
Navalha no bolso É, digo bem
Eu passo gingando
Provoco e desafio
Eu tenho orgulho em ser tão vadio
Sei que eles falam deste meu proceder
Eu vejo quem trabalha, andar no miserê
Eu sou vadio porque tive inclinação
Eu me lembro era criança tirava samba-
canção
Comigo não
Eu quero ver quem tem razão

Direitos Trabalhistas:

• Foi criada em 1939 a Justiça do Trabalho, ao qual estabelecia o salário-mínimo e a proteção


aos trabalhadores.
• Em 1943 foi criada a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que consolidava o salário-mínimo,
mas também estabelecia a jornada de 8 horas diárias, a licença maternidade e o direito a férias
remuneradas.

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• A CLT teve viés ideológico, mesmo sendo considerada uma conquista trabalhista, pois foi feita
por decreto e inspirada na Carta del Lavoro, de Benito Mussolini, que garantia direitos aos
trabalhadores ao mesmo tempo que controlava os sindicatos e inibia qualquer manifestação
opositora ao governo.
• Os sindicatos aparelhados pelo Estado, foram criticados pelos trabalhadores opositores, e
apelidados de Pelegos, dai o conceito de Peleguismo na Era Vargas.

Política externa:

• O governo Vargas teve boas relações internacionais com os países vizinhos da América do Sul,
intermediando conflitos entre a Bolívia e o Paraguai na Guerra do Chaco (1933-1935). Porém,
a mais notável ação se dá com as relações com os EUA, através da chamada “Política da Boa
Vizinhança”, proposta pelo presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt durante a
Conferência Panamericana no Uruguai em 1933.
• A Política da Boa Vizinhança consistia em apoio político dos países da América Latina aos EUA,
em troca de investimentos para o desenvolvimento econômico.
• Dessa política, surgiram elementos culturais importantes, como a homenagem de Walt Disney
ao Brasil, com a criação de Zé Carioca, e o sucesso de Carmem Miranda, cantora luso-
brasileira, nos EUA.

• No ponto de vista econômico, a Política da Boa Vizinhança tinha por objetivo também a
exploração das riquezas nacionais para atender as demandas do mercado dos EUA, abalado
pela crise de 1929, mas também representou no Brasil parte do investimento para a CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional), a Companhia Vale do Rio Doce, a Fábrica Nacional de
Motores e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco, através de um empréstimo de 20 milhões
de dólares.
• No ponto de vista político, representou a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial em
1942, ao lado dos Aliados, contra o Eixo.
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O Brasil na Segunda Guerra Mundial:

• Inicialmente, até 1939, a Alemanha era uma importante parceira comercial brasileira, sendo
a segunda maior importadora do café e do algodão brasileiro, porém, devido aos acordos
comerciais com os EUA, essa relação foi rompida em fevereiro de 1942, quando submarinos
alemães torpedearam embarcações brasileiras no Oceano Atlântico.
• Em agosto de 1942 o Brasil declara guerra ao Eixo, enviando em julho de 1944 cerca de
25.000 combatentes da FEB (Força Expedicionária Brasileira), que havia sido criada para
esse propósito em 1943 na Conferência de Potengi, através do acordo entre Getúlio Vargas
e Franklin Delano Roosevelt. Essa conferência ocorreu a bordo do Destroyer Americano no
Rio Potengi, no Rio Grande do Norte.

• Desse acordo, além da FEB, o Brasil também se propôs a retomar a produção de borracha
da Amazônia, além da construção da Base Naval e Parnamirim Field, abrigando cerca de
10.000 soldados da Força Aérea Norte-Americana, em Natal.
• Ocorreu também pressão popular para a entrada do Brasil na guerra, principalmente da
população do nordeste, que continha os portos de onde navios mercantes brasileiros
partiam para a Europa e eram afundados por submarinos alemães. A UNE (União Nacional
dos Estudantes) também se manifestou publicamente, pressionando o governo a decretar
guerra ao Eixo.
• Devido a declaração de guerra ao Eixo, imigrantes alemães, italianos e japoneses passaram
a ter a vida mais difícil no Brasil, novos vistos foram negados, sofriam ataques e agressões
públicas, além de serem proibidos de manter veículos de comunicação, como jornais e
rádios em suas línguas locais.
• Na questão prática da guerra, os navios brasileiros ajudaram a patrulhar a costa atlântica,
para evitar ataques diretos ao continente, além dos soldados da FEB enviados a Itália e
também o Primeiro Grupo de Aviação de Caça, com o slogan “Senta a púa”, que foi treinado
no Panamá, e também se direcionou a Itália para combater o nazi-fascismo.
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• Além de contribuir com bombardeios e ataques a ferrovias e indústrias, além da captura
de cerca de 20.000 soldados inimigos, a FEB comandou a tomada da cidade de Monte
Castelo, com soldados treinados até mesmo para regiões gélidas e montanhosas, com clima
desfavorável para o contexto dos soldados brasileiros.
• O saldo do conflito para o Brasil gerou em torno de cerca de 500 soldados mortos e 12.000
feridos, um número baixo, porém, proporcional ao contingente enviado.

Fim da Era Vargas:

• Após da Segunda, as contradições em relação ao regime político brasileiro potencializaram,


pois se tratava de uma ditadura que teve em sua constituição elementos do fascismo. Assim,
ocorreu uma pressão pública para o fim do Estado Novo. Já havia ocorrido no dia 24 de Outubro
de 1943, o Manifesto dos Mineiros, redigido por advogados e juristas de Minas Gerais, para que
Vargas renunciasse.
• Getúlio havia libertado presos políticos e permitido a criação de novos partidos, além de ter
marcado eleições diretas para fevereiro de 1945, onde seria candidato.
• Em maio de 1945 surgiu o “Queremismo”, um movimento político liderado pelo empresário
Hugo Borghi, que defendia que Getúlio Vargas deixasse o poder apenas após a promulgação
de uma nova Constituição.

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• O Queremismo foi visto por forças opositoras como uma tentativa de Getúlio se manter por
mais tempo no poder, e assim, no dia 29 de outubro de 1945, foi deposto por militares que já
foram seus aliados, como Pedro Aurélio de Góes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, que viria a
se tornar o próximo presidente do Brasil.

Anotações:

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