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ERA VARGAS:

ESTADO NOVO
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ERA VARGAS: ESTADO NOVO


ESTADO NOVO (1937-1945)
GOLPE DE ESTADO (1937)

Vargas deu o autogolpe do Estado Novo em novembro de 1937, fechando o Congresso Nacio-
nal, outorgando a Constituição de 1937 e estabelecendo uma ditadura pessoal, cuja duração se
estendeu até 1945.
Não houve resistência ao golpe, pois a classe média e a massa trabalhadora o apoiavam. Os
governadores estaduais apoiaram a instalação do Estado Novo, excetuando-se o baiano Juraci
Magalhães, pois, dessa forma, poderiam se eternizar no poder.
A única oposição contra o Estado Novo veio em 1938, articulada pelos Integralistas. A Propa-
ganda Anticomunista tinha por objetivo colocar a classe média e os integralistas ao lado do governo,
tendo em vista que a política sindicalista de Vargas com suas leis trabalhistas já garantia o apoio
da massa trabalhadora.
Os seguidores de Plínio Salgado haviam apoiado a ditadura varguista devido à sua postura
anticomunista. Ao não ser nomeado Ministro da Educação, Plínio Salgado comandou uma tentativa
de golpe contra Getúlio Vargas em 11 de maio de 1938, vencida pelas tropas do exército, levando
seus participantes para a prisão. Alguns foram fuzilados e Plínio Salgado acabou sendo exilado.

CONSTITUIÇÃO DE 1937
Foi outorgada por Vargas, e deveria ser realizado um plebiscito para aprová-la, o que nunca
aconteceu. Essa Constituição ficou conhecida como “polaca”, pelo fato de seu elaborador, Francisco
Campos – um dos colaboradores pessoais de Vargas – ter se inspirado na Constituição autoritária
da Polônia.
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Estabeleceu-se uma grande concentração do poder nas mãos do Executivo, com a anulação do
Poder Legislativo. A iniciativa de elaborar as leis ficou com o “Presidente”, permitindo-lhe governar
por Decretos-Leis. Houve a extinção do cargo de Vice Presidente.
Art. 1º (...) O Governo Federal intervirá nos estados, mediante a nomeação, pelo presidente,
de um interventor, que assumirá no Estado as funções que, pela sua Constituição, competirem ao
Poder Executivo (...).
» Os direitos trabalhistas da Carta de 1934 foram mantidos.
» Foi promulgada a CLT (1943).
» Foi Criada a Previdência Social.
» Maior intervencionismo do Estado Novo, que passou a tomar medidas de diversifi-
cação da agricultura e incentivos à industrialização.
» Proibiu-se o direito de greve e só se admitiam sindicatos reconhecidos pelo Minis-
tério do Trabalho – uma forma de controle do operariado.
Na Carta de 1937 as garantias individuais foram reduzidas e houve um aumento da censura e
da restrição à liberdade do indivíduo.

ESTRUTURA POLÍTICA DO ESTADO NOVO


O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) foi responsável pela censura à imprensa e
pela propaganda em favor do governo, procurando sempre exaltar a figura do presidente.
O Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) tinha a função de melhorar os
serviços públicos, dando-lhes um caráter mais eficiente e profissional, sem perder a postura cen-
tralizadora do governo.
O sistema federativo foi abolido, limitando-se a autonomia dos estados em favor do poder
central, podendo o Executivo intervir neles por meio da nomeação de interventores. Para reprimir
qualquer movimento contrário ao governo foi criada a Polícia Especial, cujo chefe era Filinto Müller.
Uma das mais famosas vítimas da repressão do Estado Novo foi Olga Benário, primeira esposa
de Prestes. Nascida na Alemanha, foi presa e deportada, mesmo estando grávida, e foi confinada
em um campo de concentração em Ravensbrück, vindo a ser executada em uma câmara de gás.

CONTROLE DA CLASSE TRABALHADORA


Foram criados(as): o salário-mínimo, as férias remuneradas, a carteira de trabalho e a jornada
semanal de 48 horas. Essa postura criou as bases para o populismo no Brasil, por meio de um chefe
político carismático e manipulador das massas urbanas. Criou-se o ministério da aeronáutica, que
teve Clóvis Salgado como seu primeiro titular.

ECONOMIA NO ESTADO NOVO


Foi marcado pelo avanço no Setor Industrial, que, por sua vez, ampliou o processo de urba-
nização e aumentou o êxodo rural. Foram criados órgãos públicos de assistência econômica, como
os institutos do açúcar e do álcool, do chá, do mate, do cacau, do sal e do café.
O Estado instalou grandes indústrias, entre elas: Companhia Siderúrgica Nacional, Companhia
Vale do Rio Doce, Fábrica Nacional de Motores, Fábrica Nacional de Álcalis e Companhia Hidrelé-
trica do Vale do São Francisco, Fábrica de Aviões, Usina Hidrelétrica em Paulo Afonso, estradas de
ferro e de rodagem, além de haver a criação de uma política econômica nacionalista e estatizante.
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BRASIL E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


Em 1939 Vargas demonstrava grande indefinição,
pois vários importantes membros de seu governo
eram simpatizantes do Nazismo, como Filinto
Müller (Chefe da Polícia Especial), Francisco
Campos (Ministro da Justiça), Lourival Fontes
(Chefe do DIP) e o General Dutra (Chefe do
Estado Maior).
Diante de vitórias alemãs na Europa, Vargas
proferiu um discurso em 11 de junho de 1940
saudando o sucesso alemão diante da rendição
francesa.

O Ministro das Relações Exteriores,


Osvaldo Aranha, defendia o alinhamento bra-
sileiro com os Estados Unidos, fato este que foi
concretizado em 22 de agosto de 1942, diante
do torpedeamento de navios brasileiros por
submarinos hipoteticamente alemães.
O governo brasileiro rompeu relações
com as nações do eixo (Alemanha, Itália e
Japão). Os Estados Unidos emprestaram ao
Brasil 20 milhões de dólares, os quais foram
usados na implantação da Companhia Side-
rúrgica Nacional, em Volta Redonda. Houve a
instalação de uma base americana de supri-
mentos em Natal, no Rio Grande do Norte, e
outra no Ceará, para apoiar as tropas norte-a-
mericanas no norte da África, formando o que
os brasileiros denominaram como “o corredor
da vitória”, dada a importância estratégica do
Nordeste brasileiro. Isso culminou com o envio
de mais soldados na luta contra as tropas ale-
mãs, e a marinha de Guerra brasileira coope-
rou no patrulhamento do Atlântico.
Foi criada a Força Expedicionária Brasi-
leira (FEB), que lutou contra o Exército Alemão na Itália, ao lado do 5º Exército Norte-Americano.
Isso fez com que o Brasil fosse a única nação latino-americana a enviar tropas à Segunda Guerra
Mundial. Os pracinhas da FEB conseguiram obter importantes vitórias em Monte Castelo, Fornovo
e Piemontese.

FIM DO ESTADO NOVO E REDEMOCRATIZAÇÃO


A participação vitoriosa do Brasil na Segunda Guerra Mundial criou uma situação bastante
constrangedora para o governo Vargas, pois tropas brasileiras lutaram contra as ditaduras nazifas-
cistas na Europa, enquanto havia um ditador governando o Brasil.
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Em 1943 circulou clandestinamente o Manifesto dos Mineiros, documento elaborado por


alguns intelectuais que reivindicava a redemocratização do país. Em 28 de fevereiro de 1945 foi
sancionada a permissão para a fundação de partidos políticos, o fim da censura, a libertação dos
presos políticos e a convocação de eleições gerais para o final de 1945.
Entre os partidos políticos recém-fundados constam:
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), criado para que Vargas pudesse controlar os sindicatos.
Partido Social Democrata (PSD), composto por políticos que sempre estiveram ligados a Vargas
durante o Estado Novo.
A oposição se organizou na União Democrática Nacional (UDN), a qual defendia um governo
liberal, estando ligada às forças políticas tradicionalmente contrárias a Vargas, como multinacionais,
latifundiários e determinados setores das Forças Armadas, além de setores da classe média urbana.
O Partido Comunista Brasileiro conquistou sua legalidade, e tinha em Luís Carlos Prestes seu
principal comandante.

QUEREMISMO
Vargas tentou organizar o Queremismo, movimento que realizava grandes manifestações de
operários e pregava a redemocratização do país, mantendo Getúlio no poder. Até mesmo alguns
militantes comunistas aderiram ao movimento queremista. Com a queda pacífica de Vargas, em
outubro de 1945, a Presidência do País passou a ser exercida por José Linhares, ministro que pre-
sidia o Supremo Tribunal Federal. Vargas retirou-se para sua fazenda em São Borja, no Rio Grande
do Sul, e as eleições de 2 de dezembro de 1945 deram a vitória ao Marechal Dutra, candidato da
coligação PSD-PTB e ex-ministro da guerra durante o Estado Novo.

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