JANEIRO DE 2023

A LUZ
DO
MUNDO

UMA MENSAGEM DO NOVO TESTAMENTO

PRESIDENTE BALLARD Preparação para nosso estudo do
Compartilhar a luz do Salvador, página 4 Vem, e Segue-­M e, página 38

◀ “Mas, quando o viram
andar sobre o mar,
pensaram que era um
fantasma, e deram
grandes gritos.
Porque todos o viam,
e perturbaram-­se; mas
logo falou com eles, e disse-­
lhes: Tende bom ânimo;
sou eu, não temais.”
M A RC O S 6 : 4 9 – 5 0
BE NOT AFRAID, DE J. KIRK RICHARDS
B E M - ­V I N D O A E S T A E D I Ç Ã O !
A Luz do mundo
Em nossa jornada por esta vida terrena, passamos por provações,
inclusive situações familiares difíceis. Esses desafios podem fazer
com que nos sintamos abandonados, ansiosos ou deprimidos.
Se nos voltarmos para a verdadeira fonte de luz, o Salvador Jesus
Cristo, seremos capazes de lidar melhor com as situações difíceis.
Nesta edição, o presidente M. Russell Ballard explica maneiras
por meio das quais podemos encontrar nosso caminho para
resolver problemas. Ele diz: “A luz [de Cristo] (…) remove as sombras
do mundo de nosso meio e de nossa mente” (página 4).
Como ex-­terapeuta matrimonial e familiar, trabalhei com muitas
famílias que enfrentaram provações significativas. As famílias que
reservaram tempo todos os dias para permitir que Cristo entrasse
em sua vida encontraram Sua luz e Seu amor ao enfrentarem
suas dificuldades. Conto algumas dessas histórias em meu artigo
na página 8.
Sou grata pela oportunidade sagrada que tive com o meu trabalho
de ver as famílias e as pessoas se achegarem ao Salvador no caminho
para se tornarem um povo de Sião (ver Moisés 7:18). Vi um pouco do
céu toda vez que via a mão do Senhor na vida de alguém.
Atenciosamente,
Christy Monson
Janeiro de 2023 1
SUMÁRIO
Revista oficial de A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias
Janeiro de 2023
Vol. 75 Nº 1
Liahona 18904
C A PA
Detalhe de Jesus
Christ, de Harry
Anderson
A Primeira Presidência: Russell M.
Nelson, Dallin H. Oaks, Henry B. Eyring
O Quórum dos Doze Apóstolos:
M. Russell Ballard, Jeffrey R. Holland,
Dieter F. Uchtdorf, David A. Bednar,
Quentin L. Cook, D. Todd Christofferson,
Neil L. Andersen, Ronald A. Rasband,
Gary E. Stevenson, Dale G. Renlund,
Gerrit W. Gong, Ulisses Soares
Editor: Randy D. Funk
2 Liahona
liahona.ChurchofJesusChrist.org | facebook.com/liahona | aplicativo Biblioteca do Evangelho
SUMÁRIO
4 A Luz da vida
Presidente M. Russell Ballard
Aprenda como podemos receber
a luz do Salvador e depois compartilhar
essa luz com outras pessoas.
8 Enfrentar as dificuldades
nos relacionamentos
Christy Monson
Buscar a ajuda do Senhor em nossos
relacionamentos pode melhorar
nossa comunicação, aumentar
nosso amor e nos ajudar a fazer
as mudanças necessárias.
12 Conversas essenciais em família
Jay Gowen
Quais são as “conversas essenciais”
e como elas vão ajudar nossa família
a enfrentar os problemas da vida?
16 Para os pais
As famílias e a Luz do mundo
18 A Igreja está aqui
Auckland, Nova Zelândia
Consultores: Sharon Eubank, Walter F. González,
Jan E. Newman, Michael T. Ringwood
Diretor administrativo: Richard I. Heaton
Diretor das revistas da Igreja: Aaron Johnston
Gerente comercial: Garff Cannon
Gerente editorial: Adam C. Olson
Gerentes editoriais assistentes: Brittany
Beattie, Ryan Carr, C. Matthew Flitton, Mindy Selu
Assistente de publicação: Nancy Sutton
“A luz [do Senhor] brilha
mais em minha alma
quando tenho tempo
para as coisas do Espírito
durante momentos
tranquilos e silenciosos.”
— Presidente
M. Russell Ballard,
página 4
D E S TAQ U E
20 Princípios para ministrar
como o Salvador
Ministrar com mais
conhecimento
22 Princípios do evangelho
As famílias são eternas
25 Retratos de fé
O poder do exemplo
Agim Deda
26 Vozes da Igreja
Histórias inspiradoras de membros
em todo o mundo sobre como
edificar relacionamentos com
o auxílio do Espírito Santo.
36 Envelhecer com fé
Quando a doença crônica
surge em seu caminho
Norman C. Hill
Descobrir como lidar com problemas
crônicos de saúde pode trazer força
e propósito espirituais para nossa vida.
Editores associados: Garrett H. Garff, Chakell Wardleigh Herbert, Produção: Ira Glen Adair, Julie Burdett,
Michael R. Morris, Richard M. Romney, Alison R. Wood José Chavez, Zane R. Gray II, Bryan W. Gygi,
Estagiários editoriais: JoLyn D. Brown, Jamie LeSueur Michelle Proctor, Marrissa M. Smith, Rohn
Diretor de arte: Tadd R. Peterson Solomon
Diagramação: Fay P. Andrus, David Green, Colleen Hinckley, Diretor de impressão: Steven T. Lewis
Eric P. Johnsen, Scott M. Mooy Diretor de distribuição: Nelson Gonzalez
Estagiária de diagramação: Alyssa McDonald
Endereço para correspondência:
Coordenadora de propriedade intelectual: Priscilla Biehl Motta Liahona, Fl. 23, 50 E. North Temple St., Salt
Gerente de produção: Ammon Harris Lake City, UT 84150-­0023, USA.
 46 Os milagres de Jesus
Se Ele pode transformar
a água em vinho…
Adam C. Olson
V E M , E S E G U E - ­M E
38 Preparar seu solo espiritual
Irmão Milton Camargo
Como podemos preparar nosso
coração para receber as sementes do
evangelho em nosso estudo deste ano.
42 Mateus 2–3; Marcos 1;
Lucas 1–3; João 1
Artigos curtos que ajudam em seu
estudo do Novo Testamento.
J O V E N S A D U LTO S
30 Encontrar o desígnio divino em
nossa família “que não é a ideal”
Jenet Erickson
Senti-­me um fracasso até perceber que
a diferença entre o “real” e o “ideal” fazia
parte do desígnio divino de Deus.
34 Abuso, adoção e cura
Breawna P.
Comecei a me curar do passado
quando decidi convidar Cristo
para participar da minha vida.
A revista Liahona (termo do Livro de Mórmon que significa “bússola”
ou “guia”) é publicada em albanês, alemão, armênio, bislama, búlgaro,
cambojano, cebuano, chinês, chinês (simplificado), coreano, croata,
dinamarquês, esloveno, espanhol, estoniano, fijiano, finlandês, francês,
grego, holandês, húngaro, indonésio, inglês, islandês, italiano, japonês,
letão, lituano, malgaxe, marshallês, mongol, norueguês, polonês,
português, quiribati, romeno, russo, samoano, suaíli, sueco, tagalo,
tailandês, taitiano, tcheco, tonganês, ucraniano, urdu e vietnamita.
(A periodicidade varia de um idioma para outro.)
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no Brasil.
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50 E. North Temple Street
Salt Lake City, Utah
84150-­0023, USA
34
Informação de direitos autorais: A menos que seja indicado o contrário, plus applicable taxes. Periodicals Postage Paid at Salt Lake City, Utah.
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Lake City, UT 84150, USA; e-­mail: cor​-­intellectualproperty@​ChurchofJesusChrist​.org. phone or at store​.ChurchofJesusChrist​.org. (Canada Post Information:
For Readers in the United States and Canada: January 2023 Vol. 75 No. 1. Publication Agreement #40017431)
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Janeiro de 2023 3
 Presidente
M. Russell Ballard

LUZ
Presidente
em exercício
do Quórum dos

A
Doze Apóstolos

DA VIDA

Q
uando o sol se pôs em mais um domingo em 1948, vi-­me
O Salvador
caminhando às margens do rio Trent, em Nottingham,
Jesus Cristo Inglaterra. Eu era um missionário de 20 anos de idade e havia
é nossa luz, nossa sido chamado recentemente como presidente de distrito. Tinha sido um
longo e exaustivo dia repleto de reuniões e ministração, mas eu estava
vida e nosso feliz e satisfeito com o trabalho.
caminho — Enquanto caminhava às margens do rio, fiz uma oração em meu
coração. Esperando receber orientação do Senhor, perguntei: “Estou
ontem, hoje fazendo o que desejas?”
e para sempre. Um sentimento arrebatador de paz e entendimento me dominou.
Naquele exato momento, soube que Jesus Cristo me conhecia
e me amava. Não tive visões nem ouvi vozes, mas soube da realidade
e da divindade de Jesus Cristo tão intensamente como se Ele estivesse
diante de mim e me chamasse pelo nome.
Essa doce e terna experiência moldou minha vida. Desde aquele dia
até hoje, todas as decisões importantes que tomei foram influenciadas
pelo meu conhecimento do Salvador. Ao longo dos anos e em quase todo
o mundo, testifiquei que Jesus Cristo é o Filho de Deus, a Luz do mundo.
Temos o privilégio de nos achegar a Ele, segui-­Lo e sentir Sua luz
em nossa vida.

4 Liahona

A Luz do mundo
Certa noite, muitos anos depois dessa memorável experiência
DETALHE DE FOCUS ON JOY, DE MICHAEL T. MALM
missionária, minha esposa, Barbara, e eu estávamos olhando
o céu. Ao fazê-­lo, fiquei admirado com os milhões de estrelas,
que pareciam excepcionalmente brilhantes e belas naquela noite.
Meus pensamentos se voltaram maravilhados para as palavras que
o Senhor disse a Moisés: “E mundos incontáveis criei; e também
os criei para meu próprio intento; e criei-­os por meio do Filho,
o qual é meu Unigênito” (Moisés 1:33).
Do Salvador veio o poder que criou
e que ilumina o Sol, a Lua, as estrelas e a
Terra (ver Doutrina e Convênios 88:7–10).
Ele pode, com todo direito, declarar: “Eu
sou a luz do mundo; quem me segue não
andará em trevas, mas terá a luz da vida”
( João 8:12; ver também João 9:5).
Citando as palavras do presidente
Dallin H. Oaks, primeiro conselheiro
na Primeira Presidência: “Jesus Cristo
é a Luz do mundo porque é a fonte de luz
que ‘procede da presença de Deus para
encher a imensidade do espaço’ (Doutrina
e Convênios 88:12)”. A luz do Salvador
é “a verdadeira luz que ilumina todo
homem que vem ao mundo” (Doutrina
e Convênios 93:2; ver também 84:46). Com
essa luz, podemos saber como “distinguir
o bem do mal” (Morôni 7:16). Essa luz
universal é conhecida como “a luz da
verdade”, “a luz de Cristo” e “o Espírito
de Cristo” (Doutrina e Convênios 88:6; 88:7;
Morôni 7:16).1
O apóstolo João disse: “A luz
resplandece nas trevas, e as trevas não a
compreenderam” ( João 1:5). Em nossos dias,
Satanás está fazendo horas extras para levar
os filhos de Deus às trevas, apagando “a luz
e a vida e a verdade do mundo” (Éter 4:12).
Não podemos compreender ou
apreciar plenamente o Salvador e Seu
evangelho quando perdemos Sua luz
e Sua verdade. Mas, ao nos arrependermos
e obedecermos, ao servirmos e adorarmos
Janeiro de 2023 5
a Ele, vencemos as trevas. Sua luz retorna
e remove as sombras do mundo de nosso
meio e de nossa mente.
Abençoados pela luz
À medida que nosso mundo se torna
mais sombrio e mais incerto, sentir a luz
do Senhor em nossa vida pode parecer um
desafio. No entanto, como nos lembrou
o presidente Russell M. Nelson: “A crescente
escuridão que acompanha as tribulações
faz com que a luz de Jesus Cristo brilhe
com ainda mais força”.2
Descobri que Sua luz brilha mais em
minha alma quando tenho tempo para as
coisas do Espírito durante momentos
tranquilos e silenciosos como aquela
O élder Ballard serviu missão na Inglaterra
de 1948 a 1950.
6 Liahona
noite com Barbara. É nesses momentos que recebemos
impressões espirituais, orientação e luz. É nesses momentos que
compreendemos o quanto somos verdadeiramente abençoados
por termos um Salvador.
Como a Luz do mundo, o Salvador ilumina o caminho
de nossa jornada mortal com Seu exemplo e Seus ensinamentos
(ver João 8:12). Ele alivia nosso fardo com Seu amor e Sua
compaixão (ver Mateus 11:28–30). Ele alivia nosso coração com
esperança e cura por meio de Sua Expiação (ver Morôni 7:41).
E Ele ilumina nossa mente com “o Espírito da verdade” (Doutrina
e Convênios 6:15; ver também 11:13).
O élder David A. Bednar, do Quórum dos Doze Apóstolos, disse:
“Em todas as épocas de nossa vida, em todas as circunstâncias que
nos encontrarmos e em cada desafio que enfrentarmos, Jesus Cristo
é a luz que dissipa o medo, que fornece segurança e orientação
e que traz alegria e paz duradouras”.3
Levantai vossa luz
O privilégio de compartilhar a luz do Salvador com outras pessoas,
convidá-­las a se achegar a Ele e sentir Seu amor por elas sempre foi
especial para mim. Adorei ser missionário na Inglaterra. Adorei ser
presidente de missão no Canadá. E adoro o meu chamado atual
como membro do Quórum dos Doze Apóstolos. Meu chamado
me dá oportunidades de testificar de Jesus Cristo e compartilhar
a mensagem da Restauração em todo o mundo.
O Salvador disse a Seus primeiros discípulos:
“Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade
edificada sobre um monte. (…)
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam
as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”
(Mateus 5:14, 16).
Ao povo de Néfi, Ele disse: “Eis que eu sou a luz que levantareis —
aquilo que me vistes fazer”. E acrescentou: “Sabeis o que deveis fazer
em minha igreja; pois as obras que me vistes fazer, essas também
fareis” (3 Néfi 18:24; 27:21).
Em nossos dias, o Salvador também espera que Seus discípulos
usem Sua luz para afugentar “as trevas do meio de [nós]” (Doutrina
e Convênios 50:25). Nossa luz brilha quando amamos como
Jesus amou. Nossa luz brilha quando prestamos testemunho
 da Restauração e de nossa esperança em
Cristo. Nossa luz brilha ao erguermos a voz
em defesa da verdade. E, à medida que nossa
luz brilha, atraímos outras pessoas para
a fonte dessa luz.
Preste serviço abnegado e você sentirá
Sua luz no coração. Ore humildemente por
oportunidades de compartilhar o evangelho
e você será guiado àqueles que estão prontos
a aceitar Sua luz. Demonstre amor às pessoas
por meio de atos pequenos e grandes, e você
tornará este mundo melhor e mais brilhante.

Uma luz sem fim

Sou eternamente grato pela experiência
que tive quando era um jovem missionário
na Inglaterra e vim a saber por mim mesmo
que Jesus é o Cristo. Sei disso com mais
certeza hoje ao viver a vida com todas
as suas provações e alegrias.
Meu serviço na Igreja me abençoou
com experiências espirituais extraordinárias
e especiais, numerosas ou sagradas demais
para serem citadas. Não há dom mais
importante e precioso que eu possa dar
a meus filhos, netos, bisnetos e a vocês, meus
amigos em todo o mundo, do que meu firme
testemunho de que Jesus é o Cristo, o Filho
de nosso Pai Eterno, o Salvador e Redentor e, de repente, não estou mais cansado. Sei em meu coração que, por
de toda a humanidade. Ele ter vencido o mundo, “as trevas são passadas, e já a verdadeira
Minha preciosa esposa, Barbara, faleceu luz alumia” (1 João 2:8).
em 2018. Como sou grato por saber que, Sei que Jesus Cristo vive. “Ele é (…) uma luz sem fim, que nunca
por causa de nosso selamento no templo poderá ser obscurecida” (Mosias 16:9). Ele é nossa luz, nossa vida
DETALHE DE JESUS CHRIST, DE HARRY ANDERSON

e por causa de Jesus Cristo, voltaremos
a estar juntos com nossa família, por toda
a eternidade.
Às vezes, sinto-­me cansado. Nesses
momentos, paro e olho para uma gravura
do Salvador. Penso Nele no Getsêmani
e nosso caminho — ontem, hoje e para sempre. Que sejamos firmes
em segui-­Lo e fazer Sua luz brilhar perante o mundo. ◼
NOTAS
1. Ver Dallin H. Oaks, “A Luz e a Vida”, A Liahona, dezembro de 1997, p. 42.
2. Russell M. Nelson, “Ouvir o Senhor”, Liahona, maio de 2020, p. 88.
3. David A. Bednar, “A Luz e a Vida do mundo”, devocional de Natal da Primeira
Presidência, 6 de dezembro de 2015, broadcasts.ChurchofJesusChrist.org.

Janeiro de 2023 7
 ENFRENTA R A S
D I F I C U L D A D E S NOS
RELACIONAMENTOS
Os problemas familiares podem ser vencidos se estivermos dispostos
a buscar a ajuda do Senhor para mudarmos e melhorarmos.

Christy Monson
Terapeuta conjugal e familiar aposentada

O
s problemas que enfrentamos em nossos
relacionamentos familiares podem nos
testar até nosso limite emocional. Como
terapeuta, vi muitas situações angustiantes,
mas também testemunhei bênçãos na
vida daqueles que enfrentaram provações
familiares ao buscarem a ajuda do Senhor para
melhorar a comunicação, aumentar o amor
e a compreensão e ao se esforçarem juntos
para fazer mudanças importantes. Com a ajuda
do Senhor, eles encontraram forças para
crescer através de seus problemas.
A comunicação cristã pode trazer
amor e compreensão
Thomas e Joana (os nomes foram alterados)
tinham perdido o cônjuge. A esposa de
Thomas havia falecido de câncer, e o marido
de Joana, devido à dependência, partiu para
outros relacionamentos. Thomas e Joana
se conheceram em uma conferência de solteiros
e ansiavam por um novo casamento.
Cada um deles tinha filhos com 15 anos
ou menos. As duas famílias tinham feito
vários passeios juntos, e tanto Thomas quanto
Joana identificaram possíveis problemas que
poderiam surgir ao uni-­las. Eles vieram buscar
aconselhamento para obter algumas ideias sobre
como se comunicar de modo saudável para
enfrentar esse novo capítulo de sua vida.
Sugeri que relessem a mensagem sobre
conselhos de família do presidente M. Russell
Ballard, presidente em exercício do Quórum
dos Doze Apóstolos. “Os filhos precisam
desesperadamente de pais que estejam dispostos
a ouvi-­los, e o conselho de família pode propiciar
um momento em que os membros da família
podem aprender a compreender e a amar uns
aos outros.”1

8 Liahona
 Para os conselhos de família, decidiram usar
a agenda a seguir:
1. Definir o problema.
2. Pensar em todas as soluções possíveis.
3. Escolher um plano.
4. Colocar o plano em ação.
5. Avaliar o sucesso do plano na semana
seguinte e renegociar o plano,
se necessário.
Além dos conselhos de família, Thomas
e Joana aprenderam que, quando o estresse
no relacionamento está alto, pode haver
a necessidade de aprender a melhorar
a comunicação individual também.
Eles aprenderam várias técnicas que
os ajudaram a melhorar a comunicação
e o relacionamento com os filhos.
• Os pais se uniram para encontrar soluções
para os problemas com os filhos.
• Se uma criança tivesse dificuldade para
concluir as tarefas diárias, um dos pais
ILUSTRAÇÕES: ALE+ALE
passaria um tempo com ela, falando sobre
o que aconteceu durante o dia enquanto
trabalhavam para completar as tarefas.
• Eles passavam um tempo toda semana
aprofundando seu relacionamento com
cada filho.
• Estabeleceram também, com antecedência,
que sairiam do local quando o “emocional”
(gritar) assumisse o “racional” e buscariam
agir com o pensamento centralizado na
solução (conversas).
• Sempre que havia uma luta de poder entre
um dos pais e um filho, o pai ou a mãe,
quando inspirado a fazê-­lo, retirava-se
e voltava mais tarde para conversar sobre
uma nova solução.
À medida que a família fazia o melhor
possível para abordar questões difíceis
de relacionamento de maneira saudável
e exercendo fé — falando de seus problemas
e trabalhando juntos —, Thomas e Joana
reconheceram um crescimento importante
nos filhos, bem como em si mesmos.
A compreensão e o amor nos aproximam
À medida que as crianças se tornam
adultas, elas nem sempre fazem as escolhas
que desejamos que façam. Como lidar com
tais situações? Como podemos manter ou até
mesmo fortalecer nossos relacionamentos para
continuarmos a ser uma influência de apoio
e retidão na vida dos filhos?
Tereza e Brian entraram em meu escritório
pouco depois que Tereza e seu filho, Sérgio,
tiveram uma briga ao telefone. Sérgio estava
Janeiro de 2023 9
estudando fora e fazia três anos que estava
longe de casa. Ele tinha uma doença grave
e ainda não havia sido liberado dos cuidados
médicos. Por causa da doença, ele não
tinha servido missão. Tereza e Brian não
sabiam se o testemunho dele ainda era forte
ou mesmo se ele frequentava a Igreja. Estavam
preocupados que Júlia, a nova namorada
de Sérgio, não fosse o tipo de influência que
desejavam na vida dele. O pai e a mãe estavam
aflitos com o caminho que ele estava seguindo.
Ao conversarmos sobre o que eles poderiam
fazer, falamos sobre a parábola da ovelha
perdida. O pastor provavelmente ouviu o balido
da ovelha antes de encontrá-­la, amá-­la e levá-­la
de volta ao rebanho (ver Lucas 15:6). Tereza
e Brian reconheceram que não podiam mudar
Sérgio, mas decidiram tentar ouvi-­lo, amá-­lo
e convidá-­lo a visitar a casa deles. Eles não
podiam escolher sua esposa ou o caminho que
ele seguiria na vida, mas poderiam lembrá-­lo
do amor da família por ele e pelo evangelho.
Tereza ligou para Sérgio e pediu desculpas
pela discussão. Quando ele lhe disse que estava
envergonhado por não ter servido missão,
ela só ouviu. Ele se perguntava como poderia
namorar uma moça da Igreja. Tereza e Brian
convidaram Sérgio e Júlia para visitá-­los
durante um feriado escolar, e eles aceitaram
o convite.
As irmãs de Sérgio foram carinhosas
e receberam bem o casal. Os pais adoraram
ter Sérgio de volta ao lar e lhe disseram isso.
Tereza e Brian passaram a se comunicar com
Sérgio com mais frequência. Tereza lhe enviava
mensagens de texto várias vezes por semana.
10 L i a h o n a
A família tinha uma videoconferência todos os
domingos. Brian passava tempo jogando golfe
e pescando com ele. Aconteceu lentamente, mas
Sérgio se aproximou da família e se envolveu
mais com eles. Por fim, Sérgio decidiu que
o caminho escolhido por Júlia não era o certo
para ele. Mais tarde, casou-­se com uma mulher
maravilhosa a quem batizou.
Tereza e Brian encontraram a ovelha perdida,
ouvindo, amando e trazendo-­a de volta
ao rebanho.
Trabalhar juntos para mudar pode fortalecer
os relacionamentos e promover o crescimento
Maria e o marido, David, estavam casados
havia muitos anos e eram membros respeitados
de sua comunidade. Mas então, um dia, Maria
descobriu, não pelo marido, que ele havia
se envolvido em um relacionamento com
outra mulher.
Maria entrou em meu consultório, sentindo
uma mistura de raiva, dor e tristeza. Enquanto
contava sua história aos prantos, ela demonstrou
que sabia ser preciso dizer a David como ela
se sentia, mas sem raiva, de modo que o Espírito
estivesse com eles.
Depois de se preparar em espírito de oração,
ela disse a David que o amava, mas que estava
arrasada ao saber do relacionamento dele com
outra mulher. Eles precisariam conversar com
o bispo e considerar o destino de seu casamento.
David não queria perder a esposa nem a família.
Com a ajuda do bispo, ele iniciou o processo
de arrependimento.

Maria sabia que havia coisas que
cada um deles precisaria fazer para
encontrar a cura individualmente
e como casal. Ela pediu a David
que ficasse com os pais dele por
um tempo enquanto ela refletia
e tentava compreender os próprios
sentimentos. Ela também foi algumas
vezes ao templo pedir ajuda ao
Senhor. Ao permanecer na terapia,
Maria fortaleceu suas habilidades
de comunicação e aprendeu a
estabelecer limites adequados.
Juntos, Maria e David:
• Liam as escrituras todas
as noites.
• Oravam.
• Contavam um ao outro
os acontecimentos do dia.
• Saíam à noite juntos uma
vez por semana.
Comunicavam-­se mais
abertamente. Maria dizia o que
pensava, e David ouvia. Ambos
começaram a conversar como
faziam quando se casaram.
Maria me disse que não foi
apenas David que mudou; mas
ela também. Sentiu-­se mais forte
e mais confiante. David permaneceu
no processo de arrependimento
e voltou para casa.
Incluir o Senhor em sua vida
diária trouxe mais confiança e amor
ao relacionamento. Ambos sentiram
que o esforço para vencer esse
problema com a ajuda do Senhor
os fortaleceu.
As palavras de Cristo nos guiarão
Ao lidarmos com dificuldades
no relacionamento familiar, que
todos nos lembremos de nos
aconselhar com o Senhor. Às
vezes, Ele nos dirá o que fazer.
Às vezes, podemos escolher.
Na verdade, o próprio Salvador
declarou que “não é conveniente
que em todas as coisas eu mande”
(Doutrina e Convênios 58:26). Mas
há ocasiões em que precisamos
confiar no Senhor. Se mantivermos
uma perspectiva eterna, as riquezas
da eternidade serão nossas, “e todas
as coisas contribuirão para o [nosso]
bem” (Doutrina e Convênios 90:24). ◼
NOTA
1. M. Russell Ballard, “Conselhos de família”,
A Liahona, maio de 2016, p. 65.
IDEIAS PARA RECUPERAR
RELACIONAMENTOS
DESGASTADOS
Cremos que as famílias podem ficar
juntas para sempre. Mas, às vezes,
nossas escolhas ou as escolhas
dos membros da família podem
causar danos significativos ao
nosso relacionamento. Aqui estão
algumas ideias de como você pode
ajudar a restabelecer e fortalecer
relacionamentos difíceis:
• Inclua Deus tanto na cura
pessoal quanto na cura
em conjunto.
• Esteja preparado para sair de
um relacionamento prejudicial
caso nenhum de vocês esteja
disposto a fazer a sua parte.
• Procure ajuda externa, como
um terapeuta ou o bispo.
• Aprenda a ouvir.
• Aprenda a falar sobre
assuntos difíceis.
• Fale quais são suas
necessidades e vontades.
• Defina limites.
• Dê um tempo se a conversa
se voltar para a culpa
ou crítica.
• Não termine uma conversa
difícil sem decidir o que
cada um de vocês vai fazer
de diferente.
• Encontre formas de valorizar
um ao outro.
• Esteja disposto a perdoar
e a buscar o perdão.
Janeiro de 2023 11
CONVERSAS
ESSENCIAIS EM FAMÍLIA
As conversas essenciais vão ajudar nossos
filhos a saber em que acreditam e por quê.
Jay Gowen
Profissional de saúde mental
U
m filho pediu ao pai que lhe ensinasse alpinismo.
O pai ensinou todos os princípios essenciais,
inclusive planejamento, segurança, preparação
e equipamentos. O filho perguntou quando eles iriam
falar sobre o que fazer em caso de emergência. O pai
disse que não queria assustar o filho e que essa conversa
poderia esperar até que se tornasse essencial.
Eles concluíram o treinamento e foram em sua
primeira expedição de escalada subindo o monte
Rainier, perto de Seattle, Washington. A experiência e as
condições do tempo estavam ótimas, até que o clima
piorou, e logo viram uma avalanche vindo na sua direção.
Eles não sabiam o que fazer porque não tinham
discutido o assunto. O filho perguntou ao pai: “Estou
pronto agora para a conversa sobre o que fazer nas
emergências, pai?”
Conversas essenciais — na segurança de nosso lar —
podem nos ajudar a nos preparar para as avalanches
da vida.
“A primeira grande verdade no universo é a de que Deus
nos ama”, disse o élder Jeffrey R. Holland, do Quórum
dos Doze Apóstolos.1 Suas palavras nos lembram de que
o amor é o alicerce de toda a eternidade e de nossa vida
diária. Com esse amor como premissa, as conversas e as
conexões que fazemos com nossa família são essenciais.
Como marido, pai, coordenador pedagógico e
profissional de saúde mental, descobri que as conversas
familiares são essenciais e não devem ser adiadas.
Joy D. Jones, ex-­presidente geral da Primária, disse:
“Não podemos esperar que as crianças simplesmente
12 L i a h o n a
se convertam. (…) Conversas em família a respeito
do evangelho de Jesus Cristo, conversas essenciais (…)
podem convidar o Espírito”.2
O que são conversas essenciais?
A irmã Jones definiu conversas essenciais como
“conversas simples e amorosas [que] podem fazer com
que as crianças [e cada um de nós] não só compreendam
em que acreditam, mas, o mais importante, compreendam
por que acreditam nessas coisas”.3 Uma palavra que amo
nessa definição é simples. Nosso diálogo não precisa
ser profundo, complexo ou até planejado. Na verdade,
algumas das melhores conversas que teremos não podem
ser planejadas, a não ser a preparação para ter sempre
o Espírito conosco para nos ajudar.
A irmã Jones ensinou também: “A conversão como
acontecimento isolado não é um princípio do evangelho
de Jesus Cristo. Tornar-­se como o Salvador não é algo
que acontece por acaso”.4 Acontece linha sobre linha,
com tempo e esforço intencionais.
Com que frequência devem ocorrer
as conversas essenciais?
Devemos conversar com nossos filhos diariamente.
Quanto mais frequentemente temos conversas essenciais,
mais normais, naturais e esclarecedoras elas se tornam.
A pior maneira de ter conversas essenciais é não
as ter! Muitas vezes achamos que não é o momento
certo, é muito complicado ou que nossos filhos não
 ILUSTRAÇÕES: NOAH REGAN

13
vão entender. Não queremos ofender, dizer a coisa
errada ou deixar alguém constrangido. No entanto,
ao menos tentar ter uma conversa é melhor do que
não dizer nada.
Como podemos ter conversas essenciais com
nossos filhos?
A receita simples que descobri para ter conversas
essenciais em família foi amar, ouvir e mudar. Embora
não sejamos perfeitos em amar, ouvir e mudar, podemos
nos esforçar para seguir sempre esse padrão.
Amar: Sem o alicerce e a aplicação do amor, não
podemos ter conversas essenciais mais eficazes. O amor
é o quê, o quando, o por quê e o como de tudo o que
fazemos em nossa família. Nossos filhos precisam
se sentir seguros ao se relacionar conosco, e o amor
proporciona esse ambiente crucial. Sempre podemos
demonstrar amor. Jesus Cristo nos mostrou como.
A irmã Jones disse: “À medida que os nutrimos e os
preparamos, permitimos que usem o arbítrio, passamos
a amá-­los de todo o coração, ensinamos-­lhes os
mandamentos de Deus e Sua dádiva do arrependimento
e nunca, jamais, desistimos deles. Afinal, não é assim que
o Senhor age com cada um de nós?”5
Ouvir: Aprendi com meus próprios erros que ouvir
com atenção é uma parte importantíssima de qualquer
conversa essencial. Ouvir deve vir em primeiro lugar
e com o dobro da frequência. Jesus Cristo é o melhor
exemplo de como ter conversas essenciais e ouvir
atentamente. Aprendemos em João 8 que, quando
os fariseus lhe trouxeram a mulher apanhada em
adultério, as primeiras coisas que Ele disse à mulher
foram perguntas: “Onde estão aqueles teus acusadores?
Ninguém te condenou?” (Versículo 10.) Para ajudar
o aprendizado essencial a acontecer, Ele fez perguntas
e ouviu antes de ensinar.
Mudar: Depois de amar, ouvir e nos conectar, o que
fazemos a partir daí? Precisamos nos arrepender,
ensinar, ouvir mais, servir, pedir desculpas, perdoar?
As conversas essenciais devem nos dar a oportunidade
de mudar. Espero que estejamos sempre nos esforçando
para ser, como o presidente Russell M. Nelson disse:
“[Um pouco] melhor a cada dia”.6
14 L i a h o n a
Como podemos ter conversas essenciais
mais frequentes?
Você será guiado por revelação para saber o que
funciona melhor para sua família. Considere estas
sugestões de experiências que tivemos em nossa família:
Estudo das escrituras em família: Quando perguntei
a nossos filhos o que fazemos que mais os ajuda a ter
conversas sobre o evangelho, eles disseram que era
estudar as escrituras juntos todas as noites usando
o Vem, e Segue-­Me.
Reunião de testemunho em família em cada
domingo de jejum: Geralmente não é uma reunião
formal de testemunho, mas um momento para cada
pessoa da família falar de seus sentimentos, suas
crenças, dificuldades e seus sucessos. Minha esposa
e eu sempre nos esforçamos para testificar de Jesus
Cristo. Essa reunião se tornou uma das experiências
mais impactantes em nosso lar.
Jantar em família: Quando dizemos: “Que horas são?”
durante o jantar, as crianças sabem que é hora de cada
pessoa falar de uma coisa que correu bem e de uma coisa
que gostariam que tivesse sido melhor naquele dia. Isso
geralmente leva a expressões de gratidão, amor, às vezes
frustrações e muitas vezes a conversas centradas no
evangelho que não teriam acontecido de outra forma.
Conversas individuais: Valorizo o tempo que tenho
todo mês, no domingo de jejum, para me sentar com
cada um de meus filhos individualmente, orar por
ele citando seu nome, olhar nos olhos dele e fazer-­lhe
perguntas. Tento ouvir e compreender seus sentimentos
e suas necessidades. Pode ter sido estranho para eles
a princípio, mas agora sentem falta se não o fazemos.
Espero que meus filhos saibam que meu tempo com eles
é mais importante do que qualquer outra coisa e que
quero ter conversas essenciais com eles diariamente.
Revisão de metas: Criamos metas pessoais, metas
só para nós, como casal e metas para a família todo
mês de janeiro. Depois, debatemos nosso crescimento
e progresso todos os meses durante uma parte do estudo
das escrituras ou em uma aula da noite no lar. Isso leva
a conversas essenciais.
 Colaboração do casal ou dos pais: Todos os domingos
à noite, quando minha esposa e eu vamos ver nosso
calendário semanal, também perguntamos um ao outro
sobre como estamos nos sentindo, com o que estamos
tendo dificuldades ou precisando de ajuda. Temos
conversas essenciais sobre nosso casamento e sobre
cada um de nossos filhos, e o que precisamos fazer
para instilar ainda mais o evangelho de Jesus Cristo
em nosso coração.
Minha esposa é uma ouvinte muito melhor do
que eu e muito melhor em nos ajudar a nos manter
equilibrados e concentrados no caminho do convênio.
Aprendo muito com ela e sou muito abençoado por
ela ter me escolhido para a eternidade.
Nossa família não é perfeita em fazer todas essas
coisas, mas damos o melhor de nós e continuamos
tentando.
Prepare-­se antes que a avalanche venha
Não espere até que as avalanches da vida caiam sobre
seu casamento, seus filhos ou outros relacionamentos.
Não é uma questão de “se”, mas de “quando”. O
evangelho e outras conversas essenciais só nos preparam
melhor se acontecerem intencional e regularmente.
Estar com minha esposa, meus filhos e minha família
para a eternidade é minha maior meta e o propósito
de tudo o que faço, inclusive cada conversa essencial.
Sinto-­me pequeno diante disso tudo, como
todos nós, mas, por meio do poder de Jesus Cristo
e do arrependimento, sinto-­me edificado. O Salvador
prometeu nos fortalecer por meio de Seu poder e do
perfeito esplendor de esperança que Ele nos concede
por meio de Sua Expiação. Não precisamos ser perfeitos,
mas precisamos nos esforçar para melhorar! Cada um
de nós tem esse poder ao nosso alcance. Não vamos
falhar. O sucesso está sempre no esforço.
O presidente Nelson prometeu: “Ao escolherem
permitir que Deus prevaleça em sua vida, vocês verão
por si mesmos que Deus é ‘um Deus de milagres’
(Mórmon 9:11)”.7 Isso inclui deixar que Deus
prevaleça em nossas conversas essenciais. Todas as
coisas são possíveis por meio de nosso Salvador, Jesus
Cristo, inclusive essas conversas. O amor é sempre
Sua resposta! ◼
O autor mora em Washington, EUA
NOTAS
1. Jeffrey R. Holland, “O maior de todos os bens”, Liahona, novembro
de 2021, p. 9.
2. Joy D. Jones, “Conversas essenciais”, Liahona, maio de 2021, pp. 12, 13.
3. Joy D. Jones, “Conversas essenciais”, p. 13.
4. Joy D. Jones, “Conversas essenciais”, p. 12.
5. Joy D. Jones, “Conversas essenciais”, p. 15.
6. Russell M. Nelson, “Podemos agir melhor e ser melhores”, Liahona,
maio de 2019, p. 67.
7. Russell M. Nelson, “Permita que Deus prevaleça”, Liahona, novembro
de 2020, p. 95.
Janeiro de 2023 15
PAR A OS PAIS
As famílias e a Luz
do mundo
Prezados pais,
A família é uma parte essencial
do plano de felicidade do Pai
Celestial para Seus filhos. Os artigos
da edição deste mês podem ajudá-­
los a melhorar a comunicação
na família e a enfrentar as
dificuldades dos relacionamentos
familiares. Vocês também podem
usar esta edição para ajudá-­los
a ensinar a seus filhos algumas
lições importantes do Novo
Testamento.
16 L i a h o n a
DEBATES SOBRE O EVANGELHO
Jesus Cristo é nossa verdadeira Luz
Compartilhe com sua família alguns ensinamentos do artigo do presidente
Ballard na página 4 sobre o papel de Jesus Cristo como a Luz do mundo.
Em família, façam uma lista de várias fontes de luz em sua casa e conversem
sobre as diferentes coisas que a luz faz por nós. De que maneiras Jesus Cristo
nos ajuda, sendo nossa maior fonte de luz espiritual?
Comunicação aberta na família
É importante estar espiritualmente preparados para os problemas
da vida. Na página 12, leiam alguns conselhos de um profissional de
saúde mental sobre como ter conversas importantes e fortalecedoras com
seus filhos. Quais dessas ideias e sugestões vocês poderiam implementar
em sua própria família?
Preparar nosso coração para a palavra
Leiam o artigo do irmão Camargo na página 38 sobre a parábola
do semeador. Conversem em família sobre o que simbolizam os diferentes
tipos de solo na parábola. Os filhos menores podem desenhar itens
da parábola e falar sobre eles, e os filhos maiores podem ler a parábola
em Marcos 4:3–20 e dizer o que acharam ou fazer perguntas.
VEM, E SEGUE-­ME —
DIVERSÃO EM FAMÍLIA

Fazer coisas difíceis com

DA REVISTA FORÇA DOS JOVENS
DA REVISTA MEU AMIGO
a ajuda de Deus
Receber a Luz de Cristo
Assim como Maria e sua prima
e compartilhá-­la Jesus é nossa Luz
Isabel, no Novo Testamento (ver
O presidente M. Russell Ballard ensina Leia uma mensagem do presidente
Lucas 1:5–55), às vezes precisamos
aos jovens como eles podem ter Dallin H. Oaks sobre como Jesus
fazer coisas difíceis e talvez nos
consigo mais da luz de Jesus Cristo é a Luz do mundo. Depois, faça uma
perguntemos se vamos conseguir.
e como compartilhá-­la com outras atividade de correspondência das
1. Coloquem um recipiente vazio,
pessoas. escrituras.
como um balde ou uma caixa,
Ajuda para vítimas de abuso Gráfico de leitura das escrituras
em uma extremidade da sala.
Veja quais recursos e apoio estão Usem este gráfico para estudar
2. Dê a cada membro da família
disponíveis para ajudar a trazer as escrituras com seus filhos
uma pena. durante todo o ano.
esperança e cura àqueles que foram
3. Começando do lado oposto Seguir a Jesus na Inglaterra
vítimas de abuso.
onde se encontra o recipiente Todos os meses deste ano, conheça
Lidar com perguntas e dúvidas
na sala, peça a cada membro da um novo amigo de um país diferente
O irmão Jan E. Newman dá aos jovens
família que tente colocar a pena e aprenda como ele segue a Jesus
alguns conselhos úteis para quando
dentro do recipiente soprando-­a onde mora.
se sentirem cercados por trevas devido
para mantê-­la no ar enquanto a perguntas difíceis e dúvidas.
atravessa a sala. Todas as coisas são possíveis a Deus
4. Para ficar ainda mais desafiador, Veja como Deus realiza milagres
deem apenas 30 segundos por nós — tanto no passado como
e peçam que usem um canudo atualmente.
para soprar o ar sobre a pena.
Continuem a diminuir o tempo
atribuído até que a atividade
se torne impossível.
Debate: Tendo em mente que
alguns desafios podem não ser
resolvidos nesta vida, conte uma
experiência que fortaleceu seu
testemunho de que “as coisas que
são impossíveis aos homens são
possíveis a Deus” (Lucas 18:27). Que
pequenos passos vocês podem dar
todos os dias para realizar tarefas em
sua vida que pareçam impossíveis?
Enviado por Lisa Thomas

Janeiro de 2023 17
 A I G R E J A E S TÁ AQ U I

Auckland,
Nova Zelândia
Auckland é a área urbana mais populosa do país. O primeiro
converso de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias na Nova Zelândia foi batizado em 1854. Hoje, na Nova
Zelândia, a Igreja tem:

116.900 membros
(aproximadamente)

30 estacas, 229 alas

e ramos, 3 missões

1 templo em reforma
em Hamilton, 1 sendo
construído em Auckland
À ESQUERDA: FOTOGRAFIA DE GETTY IMAGES

Todas as coisas prestam testemunho

Fabian, Adrienne Kehoe e a filha desfrutam a vida em uma
fazenda no vale Maromaku. “Somos gratos pela abundância
desta terra”, diz Adrienne. “E todas essas coisas prestam
testemunho de um Criador amoroso.”

SAIBA MAIS SOBRE

A IGREJA NA NOVA
ZELÂNDIA
PR INCÍPIOS PAR A MINIS TR AR COMO O S ALVADOR

Ministrar com mais conhecimento

Não precisamos ter todas as respostas, mas conhecê-­Lo melhor vai nos ajudar
a ministrar como o Salvador.

Podemos nos tornar mais semelhantes
ao Salvador ao aprendermos
a ministrar como Ele ministrou.
Usando os exemplos de Jesus Cristo
e Seus discípulos no Novo Testamento,
em 2023, aprenderemos como
desenvolver atributos cristãos que
podem nos ajudar em nossos esforços
de ministrar como o Salvador.
Jesus nos mostrou um
padrão de aprendizado
Conforme o Salvador crescia,
Ele “se fortalecia em espírito,
cheio de sabedoria; e a graça de
Deus estava sobre ele” (Lucas
2:40). A palavra fortalecer significa
crescer gradualmente, como a lua
se tornando mais cheia ao longo
do mês. Lucas acrescenta que
“crescia Jesus em sabedoria, e em
estatura, e em graça para com Deus
e os homens” (Lucas 2:52). Jesus não
teve a plenitude do conhecimento
de repente — Ele o adquiriu
com o tempo (ver Doutrina
e Convênios 93:12–14).
Quando Jesus tinha 12 anos
de idade, Seus pais O encontraram
no templo — o lugar central
de adoração em Jerusalém —
“assentado no meio dos doutores,
e eles estavam ouvindo-­o e fazendo-­
lhe perguntas” (Tradução de Joseph
Smith de Lucas 2:46, em Lucas
2:46, nota de rodapé a). Como
o aprendizado tinha sido uma parte
importante de Seu crescimento,
quando surgiu a oportunidade
de ensinar os que estavam no
templo, Ele estava preparado.
Seus ensinamentos tiveram
um efeito surpreendente neles
e em Seus pais.

Usar o conhecimento para ministrar

Veja aqui três maneiras pelas quais o desenvolvimento do atributo cristão

do conhecimento pode nos ajudar em nossa ministração:
1. Ao conhecer o Salvador e aprender sobre Seus atributos, saberemos
melhor o que Ele faria para ministrar se estivesse em nosso lugar.
2. À medida que aumentarmos o conhecimento e a compreensão do
evangelho, estaremos mais preparados para que o Espírito Santo nos
traga à lembrança aquilo de que precisamos quando for necessário
(ver João 14:26). Isso pode nos ajudar a entender as necessidades
daqueles a quem ministramos e responder a suas perguntas ou
preocupações.
3. À medida que aumentarmos nossa capacidade de aprender, seremos
mais capazes de nos conectar ou servir aos outros. Podemos aprender
mais sobre um assunto para conversar melhor com um amigo que
tenha o mesmo interesse. Ou podemos aprender certas habilidades
que podem ajudar a suprir uma necessidade.
Obter conhecimento pode nos ajudar a ministrar de muitas maneiras.
Além disso, “qualquer princípio de inteligência que alcançarmos nesta
vida surgirá conosco na ressurreição” (Doutrina e Convênios 130:18).

20 L i a h o n a
 Desenvolver conhecimento
Como podemos desenvolver o atributo cristão do
conhecimento? Aqui estão alguns exemplos:
1. Lembre-­se de que até Jesus aprendeu gradualmente, DESCUBRA MAIS
com o passar do tempo. Seja diligente, mas também • Saiba mais sobre como desenvolver
paciente consigo mesmo. O aprendizado acontece atributos cristãos em Pregar Meu
“linha sobre linha, preceito sobre preceito” (2 Néfi 28:30). Evangelho: Guia para o Serviço
2. Aprenda a identificar fontes confiáveis de informação. Missionário, 2019, p. 121.
(Ver “Encontrar a verdade na era da desinformação”
• Leia “O encargo do Senhor de
na Liahona digital de outubro de 2022.)
‘[procuramos] conhecimento’”, Liahona,
3. Seja curioso. Aprenda com o que está acontecendo ao
DETALHE DE CHRIST IN THE TEMPLE, DE HEINRICH HOFMANN

fevereiro de 2022, p. 29.

seu redor todos os dias. Faça perguntas. Leia bons livros
e se mantenha informado. (Ver Doutrina e Convênios
88:79, 118; 90:15.)
4. Aprenda pelo estudo e pela fé (ver Doutrina
e Convênios 88:118). Sua capacidade de compreender
a verdade em qualquer assunto será melhorada
ao combinar o máximo de seus esforços intelectuais
e espirituais. Viva de maneira que possa ter a ajuda
do Espírito Santo. ◼
• Descubra como as mulheres podem
usar o aprendizado para abençoar
outras pessoas em “Procurem
conhecimento: Vocês têm um trabalho
a realizar”, de Mary N. Cook (A Liahona,
maio de 2012, p. 120).

Janeiro de 2023 21
PRINCÍPIOS DO EVANGELHO

As famílias são eternas

A família de Deus
Todas as pessoas são filhos ou
filhas espirituais de pais celestiais.
Todos fazemos parte da família
de Deus. Todos temos uma natureza
e um destino divinos. Se vivermos
em retidão, podemos voltar a viver
com nosso Pai Celestial como parte
de Sua família para sempre.

A
SAIBA MAIS
família é a unidade básica da sociedade e da Igreja. Os membros de A Igreja Para saber o que os profetas
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acreditam que as famílias modernos ensinaram sobre a família,
podem ser eternas. Procuramos fortalecer nossa família na Terra. Também leia “A Família: Proclamação ao Mundo”
acreditamos que podemos receber a bênção de uma família eterna. no site ChurchofJesusChrist.org ou
no aplicativo Biblioteca do Evangelho.
As alas e os ramos têm organizações
da Primária, dos Rapazes e das Moças
ILUSTRAÇÃO: ROBERT T. BARRETT

para crianças e adolescentes. Converse

com esses líderes e com seus
ministradores ou suas ministradoras
sobre como eles podem ajudar
a fortalecer seus filhos.

22 L i a h o n a
 Famílias eternas Casamento Pais e filhos
Quando um homem e uma mulher O casamento entre homem e mulher Deus ordenou a Adão e Eva que
se casam no templo e guardam foi ordenado por Deus. O evangelho tivessem filhos. Os líderes da Igreja
seus convênios, seu casamento de Jesus Cristo ensina o marido ensinaram que esse mandamento
durará por toda a eternidade. Essa e a mulher a serem leais um ao outro ainda está em vigor. Mãe e pai
ordenança do templo é chamada e fiéis a seus convênios matrimoniais. trabalham juntos para criar os filhos
de selamento. Os filhos nascidos após Eles devem ser fiéis em pensamento, com amor e em retidão (ver Doutrina
os pais serem selados nascem nesse palavras e ações. O casamento e Convênios 68:25–28). Os filhos são
convênio. Os filhos nascidos antes é uma parceria igual e os cônjuges ensinados a honrar os pais e obedecer
de seus pais serem selados podem devem incentivar, consolar e ajudar a eles (ver Êxodo 20:12).
ser selados a eles no templo para que um ao outro.
possam ser uma família eterna. Os
membros da Igreja fazem o trabalho
de templo e história da família para
que possam selar sua família por todas
as gerações. A bênção de uma família
eterna é possível graças a Jesus Cristo
e Sua Expiação.
FOTOGRAFIA DE CASAMENTO: JOSEPH KALUBA

DAS ESCRITURAS
Os pais ensinam seus filhos a amar e servir uns aos outros (ver Mosias 4:14–15).
A oração fortalecerá as famílias (ver 3 Néfi 18:21).
Aqueles que forem selados no templo receberão bênçãos eternas
(ver Doutrina e Convênios 132:19).

Janeiro de 2023 23
Ensino e aprendizado
Os pais ensinam os filhos a amar
a Deus e a obedecer a Seus
mandamentos. A vida familiar nos
dá oportunidades de sentir alegria
e aprender paciência e altruísmo.
Essas características nos ajudam
a ser mais semelhantes a Deus
e a nos preparar para viver felizes
com nossa família eterna.
Fortalecer as famílias
É preciso trabalho, dedicação
e paciência para edificar uma família
bem-­sucedida. Princípios do evangelho
como fé, oração, perdão, amor,
trabalho e diversão sadia podem nos
ajudar a encontrar alegria na vida
familiar. Também podemos receber
revelação pessoal para saber como
fortalecer nossa família.
As bênçãos estão disponíveis
para todos
Nem todos têm a oportunidade
de fazer parte de uma família ideal
aqui na Terra. Mas Deus prometeu
que todos os que guardarem
Seus mandamentos receberão
todas as bênçãos de uma família
eterna. Podemos confiar Nele e ter
fé em Seu tempo. ◼

PALAVRAS PARA SEREM LEMBRADAS

Natureza divina: Convênios: Revelação: Ordenado:
Qualidades que Compromissos Inspiração Designado,
herdamos de Deus que assumimos de Deus a Seus instituído
como Seus filhos com Deus. Ele nos filhos na Terra. ou mandado.
espirituais. promete bênçãos. “Ordenar” também
pode significar
dar autoridade
CHRIST’S IMAGE, DE HEINRICH HOFMANN

a um portador
do sacerdócio
em um ofício
do sacerdócio,
como diácono
ou élder.

24 L i a h o n a
 RETR ATOS DE FÉ

O poder do exemplo O restante da história

Agim Deda, Tirana, Albânia

Quando conversei com minha esposa sobre a Igreja, ela não me ouviu a princípio.
FOTOGRAFIA: CODY BELL

Mas ela notou mudanças em mim quando parei de beber e comecei a voltar
do trabalho para casa mais cedo. Por causa dessas mudanças, ela começou
a sentir o Espírito de Deus conforme eu falava do evangelho com ela.
VOZES DA IGREJA

Onde você esteve?

Berniz de Los Santos, Azua, República Dominicana

Tive que aceitar o tempo e os propósitos de Deus conforme

aprendia a amar minha avó como o Pai Celestial e Jesus
Cristo a amam.

“
O nde você esteve, meu filho?”, perguntou minha
avó ao atender minha batida na porta. Eu tinha
acabado de voltar de uma missão de tempo integral
na França. Os olhos da vovó se encheram de alegria
ao me ver novamente. Senti seus braços macios
e quentes quando ela me abraçou.
Tivemos uma conversa divertida enquanto eu
respondia às perguntas dela sobre a missão. Fiquei
emocionado ao lhe contar sobre as pessoas, a comida,
o trabalho árduo e os milagres de minha missão. Depois
que terminei, ela ficou quieta de repente. Então ela
perguntou: “Onde você esteve, meu filho?” Apesar da doença da vovó, tudo o que ela faz por mim é porque
Aparentemente, ela não estava ouvindo. Então, me ama.
começamos nossa conversa novamente. Pouco mais
de 20 minutos depois, ela perguntou pela terceira vez:
“Onde você esteve, meu filho?” Morar com minha avó, às vezes, é como viver com
Algo estava errado. Logo descobri que, cerca de um três pessoas diferentes. Em alguns momentos, ela não
ano depois de eu ter partido para a missão, minha avó suporta ter outra pessoa em casa. Outras vezes, ela
foi diagnosticada com Alzheimer. quer meu cuidado e minha atenção, feliz por não estar
Senti um grande desejo de ajudar minha avó. Por sozinha. Outras vezes ainda, tudo o que ela consegue
dois anos, eu tinha pregado o amor que Deus tem pensar é no que fazer para alimentar o neto que acabou
por Seus filhos. Agora tinha a oportunidade de viver de voltar da missão. “Não faça isso!” pode rapidamente
esses ensinamentos. Embora soubesse que seria difícil, se tornar “Por que você não faz isso?”
ofereci-­me para morar com ela e poder ajudá-­la. Minha avó, no entanto, tem sido uma grande bênção
Os primeiros meses foram os mais difíceis. Como no para mim. Sei que, apesar de sua doença, tudo o que ela
campo missionário, ter paciência e controlar a frustração faz por mim é porque me ama.
tornou-­se um trabalho de tempo integral. Da mesma Toda vez que chego da escola ou do trabalho,
forma que na missão, tive que aceitar o tempo e os ouço as palavras mais doces e sinceras de minha
propósitos de Deus conforme aprendia a amar minha avó. Com um olhar terno, ela me abraça, beija meu
FOTOGRAFIA: CORTESIA DO AUTOR

avó como o Pai Celestial e Jesus Cristo a amam. rosto e amorosamente pergunta: “Onde você esteve,
meu filho?” ◼

26 L i a h o n a
 A linguagem do Espírito
Alison Wood, Revistas da Igreja
Aprendi que o Espírito pode nos ajudar a transmitir o amor do Pai Celestial mesmo
quando nos sentimos inadequados.
E u costumava passar o verão
viajando pela Europa com um
grupo de dança. Nosso público,
nossas apresentações e níveis de
energia variavam, mas tínhamos
uma tradição que sempre
se mantinha: encerrávamos todos
os espetáculos cantando "Deus
vos guarde”1 no idioma do país
que estávamos visitando. Como
a maioria do grupo de dança era
de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, amávamos
essa tradição. Era uma maneira
maravilhosa de nos conectar com
o público e compartilhar o amor
do Pai Celestial.
Perto do final de uma dessas
viagens, tínhamos acabado de
cruzar a fronteira com a Alemanha
e estávamos praticando a música em
alemão para apresentações futuras.
Mas, ao chegarmos, descobrimos que
FOTOGRAFIA: CORTESIA DA AUTORA; ILUSTRAÇÃO: JENNIFER M. POTTER
aquela região específica da Alemanha
falava sórbio, um dialeto que tinha
pouca semelhança com a música que
praticamos com tanta dedicação.
Na viagem de ônibus para nossa
apresentação, eu estava exausta
e só queria dormir. Mas nossos
diretores tinham outra coisa
em mente. Eles pediram aos guias
que traduzissem o hino para o sórbio.
Agora queriam que todos os artistas,
que estavam no ônibus e quase
dormindo, aprendessem a música
poucas horas antes da apresentação.
Fizemos o nosso melhor.
No final do show, ficamos juntos
na frente do palco e começamos
a cantar. Fiquei surpresa quando
as palavras desconhecidas que me
confundiram algumas horas antes
me vieram à mente com facilidade.
Senti minhas dúvidas anteriores
sobre nossa preparação para cantar
desaparecer ao confiar no Espírito
para me lembrar das palavras.
Os membros da congregação
pareceram surpresos, e depois
emocionados. Quando a música
terminou, um silêncio caiu sobre
a multidão. Em seguida, eles se
levantaram e começaram a cantar
um hino para nós, que mais tarde
nos explicaram ser um cântico
de gratidão que geralmente
guardavam para ocasiões especiais.
Senti muito nitidamente
a presença do Espírito naquele
momento, embora não conseguisse
entender o que estavam cantando.
Fiquei muito grata ao Senhor por
ter me ajudado a transmitir Seu
amor apesar de meus sentimentos
de inadequação. Lembrei-­me de que
o amor do Pai Celestial é uma
mensagem universal. Quaisquer
que sejam as diferenças, todos nós
podemos entender a linguagem
do Espírito. ◼
NOTA
1. “Deus vos guarde”, Hinos, nº 85
Quando terminamos de dançar
e começamos a cantar, o Espírito me
trouxe as palavras da música à mente.
27
Por que eu não conseguia perdoar?
Samuel Kuosmanen, Ostrobótnia do Norte, Finlândia
Orei para que o Pai Celestial me ajudasse a superar meus sentimentos ruins e perdoar.
E u tinha ido com alguns outros irmãos de minha
ala ajudar uma irmã a se mudar. Ao chegarmos
ao apartamento dela, porém, uma van que estava
estacionada incorretamente nos impediu de acessar
a casa dela com a nossa van.
Então, telefonei para o número que estava na van
para pedir que alguém viesse e a tirasse dali. Um homem
respondeu e prometeu que viria em breve.
Depois de 15 minutos, liguei de novo, mas ele não
respondeu. Por fim, depois de mais um telefonema,
ele apareceu com dois filhos. Ficou zangado e disse
algo que me aborreceu muito. Tentei esquecer isso
ao prosseguirmos com a mudança.
Naquela noite, pensei na experiência. Orei para que
o Pai Celestial me ajudasse a esquecer meus sentimentos
e perdoar o homem. Ele respondeu à minha oração.
Pouco tempo depois, porém, eu estava lendo um
jornal local e notei um artigo sobre aquele homem
que tinha a foto dele. Meus sentimentos negativos
por ele voltaram. Então, passei novamente pelo mesmo
processo. Pedi ao Senhor que esse assunto insignificante
não me incomodasse mais e que Ele me ajudasse
a perdoar o tal homem. Tive um bom sentimento.
28 L i a h o n a
Não demorou muito e encontrei esse mesmo
homem em uma loja. Meus sentimentos ruins voltaram
novamente. Fiquei impressionado. Perguntei ao Senhor
por que não conseguia superar esse problema. Alguns
dias depois, Ele me ensinou uma lição.
Eu estava saindo dos jardins do Templo de Helsinque
Finlândia quando percebi que esse mesmo homem
estava trabalhando nos jardins do templo. Mal consegui
crer no que via. Minha mente se abriu e compreendi que
ele, como eu, estava servindo ao Senhor e que ele, como
eu, tem dias frustrantes em que as coisas não dão certo.
Pude, então, ver aquele homem como meu irmão. Com
novos olhos, senti respeito e amor por ele. Depois disso,
todos os sentimentos anteriores se foram, para nunca
mais voltar.
Quando vemos as pessoas como o Senhor as vê,
podemos cumprir Seu mandamento de perdoar
completamente (ver Mateus 6:14–15; Doutrina
ILUSTRAÇÃO: ALLEN GARNS
e Convênios 64:9–10). Essa experiência foi uma
memorável e terna misericórdia do Senhor que
ainda pondero em meu coração. ◼
 Estar sempre
ao lado dos
filhos
Ross J. Davidson Jr., Texas, EUA

Depois que o Espírito falou com meu

pai durante minha ordenação ao
sacerdócio, ele mudou toda a sua vida.

T ornei-­me ativo na Igreja quando

meu tio Bill levou minhas
duas irmãs e eu para a Primária.
Minha professora da Primária, Jean
Richardson, era uma bondosa figura
materna. Eu gostava dela e de meus
novos amigos da Igreja, que eram
muito mais bondosos comigo
do que as crianças do meu bairro.
Então decidi ficar.
Próximo ao meu aniversário
de 12 anos, o bispo Dal Guymon me
convidou para receber o Sacerdócio
Aarônico e ser ordenado diácono.
Eu não tinha certeza do que aquilo o bispo Guymon me chamou Escola Dominical e meu treinador
FOUR GENERATIONS, DE KWANI POVI WINDER

significava, mas respondi que sim.
Em seguida, ele disse: “Por que
você não pede a seu pai que o traga
aqui no próximo domingo, e nós
ordenaremos você”.
Meu pai e sua família tinham
parado de frequentar a Igreja
quando ele tinha 13 anos. Quando
adulto, ele passava a maior parte
dos fins de semana nos bares locais
ou pescando. Ele havia servido na
Marinha dos EUA durante a Segunda
Guerra Mundial e a Guerra da
Coreia. Fumava, bebia e dizia
palavrões, mas tinha a reputação
de ser honesto e justo em nossa
pequena cidade de Montana.
Foi muito legal quando meu
pai me levou à igreja no domingo
seguinte. Quando chegou a hora,
e pediu que eu me sentasse em uma
cadeira. Vários homens, menos meu
pai, colocaram as mãos sobre minha
cabeça e realizaram a ordenança.
Senti o peso de várias mãos
grandes sobre mim. Meu pai, sentado
em um banco a alguns metros de
distância, sentiu um tipo diferente
de pressão — no peito. Uma voz falou
com ele lá dentro, dizendo: “Você
precisa estar ao lado de seu filho
da próxima vez que isso acontecer”.
Nas semanas seguintes, meu
pai mudou de vida e começou
a frequentar a igreja todos os
domingos. Logo, a Igreja se tornou
o foco central de nossa vida familiar.
Meu pai se tornou meu consultor
do quórum de diáconos, mestres
e sacerdotes; meu professor da
de basquete, softbol e vôlei.
Enquanto éramos companheiros
de ensino familiar, meu pai ajudou
outros homens e outras famílias
a voltar à atividade na Igreja.
Auxiliado por meu pai, passei
pela minha própria conversão
transformadora. Desde aquela
época, tento ser amigável com
os homens que, assim como meu
pai, podem aceitar o convite
de se tornarem o melhor pai que
poderiam ser.
Sempre serei grato pelo que meu
tio Bill, uma bondosa professora
da Primária, um bispo sábio e meu
pai fizeram por mim há 60 anos. ◼

Janeiro de 2023 29
JOV E N S A DULTOS

Encontrar o desígnio divino em nossa família

que não
Não ter a família
é a ideal
Jenet Erickson
Professora adjunta do Departamento de História e Doutrina da Igreja, Universidade

N
Brigham Young
“ideal” na
ada traz sentimentos mais profundos de significado, alegria, anseio e dor do
mortalidade pode que os relacionamentos que são mais essenciais para nossa experiência na
ser doloroso, mas mortalidade: nosso relacionamento familiar. E como esses relacionamentos são
muito importantes, nossos líderes da Igreja foram inspirados a criar “A Família:
podemos usar Proclamação ao Mundo”.1 Suas verdades prestam testemunho de um Pai amoroso

nossa realidade que anseia que conheçamos os padrões divinos que levam à felicidade eterna na vida familiar.
O presidente Henry B. Eyring, segundo conselheiro na Primeira Presidência ensinou: “Por
para nos causa do amor que tem por Seus filhos, o Pai não nos deixará às cegas nos assuntos de maior
importância desta vida, em relação às quais nossa atenção ou indiferença podem trazer
aproximarmos felicidade ou tristeza”.2 Isso inclui a infinidade de papéis familiares sagrados que poderíamos

do Salvador. ter nesta vida: filha ou filho, irmã ou irmão, mãe ou pai, tia ou tio, avó ou avô.
As verdades da proclamação sobre a família iluminam o caminho para
o “ideal eterno” que muitos de nós desejam profundamente —
relacionamentos familiares eternos, fortes e felizes. O problema
é que vivemos na “realidade mortal”, e essa diferença entre
“real” e “ideal” pode ser dolorosa. Às vezes, em vez
de vê-­la como uma luz para nos guiar, podemos
até sentir que a proclamação sobre a família
é um doloroso lembrete de onde “falhamos”
na busca para encontrar o “ideal”.

• P
 odemos ansiar pelo casamento, mas
não o vemos como uma possibilidade.
• Talvez tenhamos nos casado
e passado por um divórcio difícil.
• Podemos ansiar por filhos que
não podemos ter.
 • Podemos ter passado por maus-­tratos
de familiares em quem confiávamos.
• Podemos ter sentido uma dor imensa por causa
das escolhas de familiares que amamos,
• ou nos sentir divididos apesar de nossos melhores
esforços para trazer união entre nossos entes
queridos.
• Podemos até nos sentir desiludidos por anseios
e promessas não cumpridas.

Na verdade, todos nós teremos desafios, dor e tristeza

na vida familiar — alguns mais do que outros. Até certo
ponto, todos nós nos afastaremos dos padrões ideais
descritos na proclamação sobre a família.
O que talvez não percebamos é o desígnio divino
dessa realidade.

Buscar e submeter-­se
à vontade do Salvador
Como uma mulher solteira eu ansiei por um
casamento e filhos por muitos anos. Tinha esse
desejo e acreditava que um propósito fundamental
de minha vida era alcançar os ideais da vida familiar
estabelecidos na proclamação da família. No
entanto, apesar de meus esforços mais sinceros,
ILUSTRAÇÕES: DAVID GREEN

eu não conseguia fazer com que essas coisas

acontecessem da maneira que eu acreditava que
deveriam acontecer. Foi uma luta dolorosa.
 Naquela época, eu não conseguia ver
o trabalho milagroso que o Senhor estava
realizando em meu coração através dessa luta.
Olhando para trás, meus anseios não
atendidos desempenharam o papel sagrado
de inclinar meu coração para meu Redentor
e buscar a paz e a orientação que somente Ele poderia
proporcionar, além de aprofundar minha confiança em
Seu perfeito amor e poder capacitador. A oração diária
e o estudo das escrituras, especialmente as palavras
da conferência geral, tornaram-­se uma corda salva-­vidas
de esperança e orientação. Senti-­me compelida a me voltar
para as palavras de minha bênção patriarcal — e outras
bênçãos do sacerdócio — para encontrar o amor e a
orientação do Pai Eterno que eram especialmente para mim.
Ao abrir meu coração ao Senhor, mesmo quando fui
tentada a me afastar com amargura, impressões sagradas
me vieram à mente e ao coração que me garantiram que Ele
sabia onde eu estava, que minha vida tinha um belo plano
e que eu podia confiar Nele. Fazer parte do convênio3 com
meu Redentor tornou-­se um canal de profunda paz e alegria,
superando qualquer outra fonte de realização ou felicidade.
Vi que, embora tivesse acreditado que o propósito
de minha vida era alcançar meus sonhos da família ideal,
o Senhor estava tornando possível o que o élder
Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze
Apóstolos, chamou de o propósito
fundamental da mortalidade.
Ao citar o rei Benjamim,
ele explicou: “Talvez
o propósito fundamental
(…) seja tornar-­nos
‘[santos] pela Expiação
de Cristo, o Senhor’,
o que exigirá que nos
tornemos ‘como uma
criança’, submissos,
mansos,
humildes,
32 L i a h o n a
pacientes, cheios de
amor, dispostos a nos submeter a tudo
que o Senhor achar que nos deva infligir, ‘assim como
uma criança se submete a seu pai’”.4
Minha necessidade da ajuda e da força do Salvador me levou a
buscar e a ter a mesma atitude e desejo de ser submissa, mansa,
humilde, paciente e amorosa. No processo, fui transformada por
Seu poder capacitador. Na verdade, era isso o que eu desejava
mais profundamente. O que parecia “longe do ideal” tinha
realmente pavimentado o caminho para o mais belo “ideal”.
Meu amigo e colega de trabalho Ty Mansfield descreveu
uma verdade semelhante. Sendo um homem que sente
atração por homens, Ty testemunhou o crescimento espiritual
que pode ocorrer ao ancorarmos nossa vida em Jesus Cristo
e voluntariamente entregarmos todo o nosso coração a Ele,
permitindo que Ele consagre todas as experiências
difíceis para nosso benefício. Para Ty, isso
começou quando o Espírito lhe ensinou
esta lição: “Mesmo que nunca me
case, sou infinitamente amado
e aceito por Deus. Minha
responsabilidade era continuar
a viver um dia de cada vez
enquanto buscava e seguia
a orientação do Espírito”.5
Por fim, confiar em Deus
levou Ty a um casamento
alegre, belo e eterno
com sua esposa.

Desenvolver um relacionamento
mais profundo com o Salvador
Eu também finalmente me casei depois de me perguntar
se um dia me casaria. Mas a necessidade de estar profundamente
ancorada em Jesus Cristo só continuou, se é que não aumentou,
desde que fui selada a meu marido. Comecei novamente
a buscar Jesus Cristo para ter paz enquanto lutava contra
a infertilidade. Eu não sabia como poderia ter a alegria que
esperava na vida familiar sem que tivesse filhos. Mas mesmo
depois que meu marido e eu fomos abençoados com dois filhos,
muitas vezes me concentrei em minhas fraquezas como mãe.
Embora eu finalmente tivesse o que sempre quis, de certa forma,
a diferença entre o “ideal” e o “real” parecia aumentar.
Essas circunstâncias me fizeram reformular os propósitos
da mortalidade e os processos divinamente ordenados por
meio dos quais crescemos. Talvez o propósito da vida não
seja realmente alcançar a família ideal. Talvez o ideal nem
exista na mortalidade. Talvez a família seja, em vez disso,
uma oportunidade de progredir.
Na verdade, talvez a realidade que parece tão dolorosamente
“longe do ideal” realmente cumpra o propósito sagrado de
incentivar o crescimento de que precisamos para realmente viver
relacionamentos “ideais”. Talvez o poder esteja no fato de que
a profunda diferença entre o real e o ideal nos ajude a ter um
relacionamento mais profundo com Jesus Cristo, no qual Ele cura
e santifica o que sentimos estar destruído, dando-­nos sabedoria,
força e amor no processo. Milagrosamente, é por meio de Sua
graça e redenção, e somente por Seu intermédio, que podemos
nos tornar o tipo de pessoa adequada para os relacionamentos
que buscamos ter no céu.
Comecei a acreditar que a “perfeição” não é realmente possível
para ninguém nos relacionamentos familiares — pelo menos, não
nesta vida. Mas honestidade, integridade e proximidade genuína
são. Na verdade, fingir perfeição ou criar essa expectativa vai
interferir com a proximidade genuína com Deus, com nossa família
e com outras pessoas. Em vez disso, ao permitirmos que sejamos
vistos como realmente somos por Cristo, nossa família e outras
pessoas, inclusive em tudo o que está “longe do ideal”, podemos
atrair Seu poder santificador para nossa vida. Podemos sentir Seu
milagroso poder para resolver o que achamos impossível
de ser resolvido, encher-­nos de Seu amor e nos transformar
em pessoas que têm relacionamentos mais profundos com
Ele e nossos entes queridos.
Talvez o propósito mais sagrado da proclamação sobre
a família seja nos assegurar de que, graças a Jesus Cristo,
a família “ideal” pode ser o destino eterno para cada
um de nós.
Como amados filhos e filhas de pais celestiais, todos
pertencemos a uma família eterna. Nossa experiência
única na mortalidade é uma parte essencial do plano
de nosso Pai para nos ajudar a progredir e “terminando
por alcançar [nosso] destino divino como herdeiros da vida
eterna”6 — a mesma bela vida familiar que Ele vive, por
mais diferentes do ideal que nossas experiências familiares
agora pareçam ser. Como o élder D. Todd Christofferson,
do Quórum dos Doze Apóstolos, declarou: “A Expiação de
Jesus Cristo já previra todas as privações e perdas daqueles
que se voltam a Ele e, no final, vai compensá-­los. Ninguém
está predestinado a receber menos do que tudo o que
o Pai tem para Seus filhos”.7
Assim como o Senhor prometeu a Jacó em meio
aos problemas de sua família “longe do ideal”, Seu
relacionamento de convênio conosco nos tranquiliza:
“Estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores,
e te farei retornar a esta terra [para casa]; porque não te
deixarei, até que te haja feito o que te disse” (Gênesis 28:15).
Ao segui-­Lo, não importa como seja nossa realidade
imperfeita, Ele não vai “nos deixar”, até que nos tornemos
tudo o que desejamos ser, unidos em relacionamentos
familiares de sublime alegria eternamente. ◼
NOTAS
1. Ver “A Família: Proclamação ao Mundo”, ChurchofJesusChrist.org.
2. Ver Henry B. Eyring, “A família”, A Liahona, outubro de 1998, p. 12.
3. Ver Gerrit W. Gong, “Fazer parte do convênio”, Liahona,
novembro de 2019, p. 80.
4. Jeffrey R. Holland, “A Saint Through the Atonement of Christ
the Lord”, discurso proferido no devocional da Universidade
Brigham Young, 18 de janeiro de 2022, p. 1, speeches.byu.edu.
5. Ty Mansfield, Voices of Hope, 2011, p. 5.
6. “A Família: Proclamação ao Mundo.”
7. D. Todd Christofferson, “Por que casar, por que ter uma família”,
A Liahona, maio de 2015, p. 52.
Janeiro de 2023 33
JOV E N S A DULTOS
C
Breawna P.
resci em um ambiente instável. Meus
pais biológicos abusaram de mim e me
negligenciaram, e tive muitos desafios
difíceis. Batalhava contra a ansiedade,
problemas com minha imagem corporal,
a anorexia e a depressão que me mantiveram
prisioneira por anos.
Meus pais biológicos tinham sido selados no templo, mas
logo depois que fui batizada, aos 8 anos, eles começaram
a se afastar da Igreja. Quanto mais se afastavam de seus
convênios, pior ficava nossa situação.
34 L i a h o n a
Aos 14 anos, eu era a cuidadora de meu irmão autista
e de minha mãe. Estava perdida e fora de controle. Odiava
a mim mesma e minha situação e acreditava que minha
vida nunca mudaria.
Então, aconteceu um milagre. Minha mãe biológica
percebeu que não poderia cuidar de mim e ligou para seu
irmão em Cingapura para perguntar se ele me adotaria. Com
malas prontas e lágrimas nos olhos, entrei em um avião para
começar vida nova — uma vida livre de maus-­tratos. Mas
me adaptar à minha família adotiva e a uma nova cultura
foi difícil, e tive problemas para seguir em frente.
 ABUSO, ADOÇÃO
E CURA
Minha família era abusiva e instável,
mas, graças a Cristo, agora
tenho esperança para minha
futura família.
Meus pais adotivos fizeram tudo o que puderam para
me ajudar. Eu ia a terapeutas e médicos. Também comecei
a ir à igreja novamente, mas aprender sobre um Pai Celestial
que me ama e tem um propósito para mim foi difícil, porque
eu não acreditava nisso depois de tudo que eu havia passado.
Eu não era feliz. Não sabia como me curar do passado
e ainda me sentia sem esperança em relação ao futuro.
FOTOGRAFIA COM PARTICIPAÇÃO DE MODELO
Desejo de ser curada
Certo dia, estava ponderando sobre como a mortalidade
é curta. Eu não queria viver a vida sendo infeliz. Eu precisava
aprender com minhas provações, aplicar os princípios do
evangelho que me haviam sido ensinados e convidar Cristo
para fazer parte da minha vida.
Num ato de fé, comecei a me ajoelhar e a pedir ao Pai
Celestial todos os dias que me desse o poder de perdoar
meus pais biológicos, de transformar meu medo em fé, de
encontrar cura e felicidade e de reconhecer o amor em minha
vida. Frequentei o instituto e comecei a estudar as escrituras
e a aplicar as verdades do evangelho em minha vida.
Busquei verdadeiramente o poder de cura de Jesus
Cristo e de Sua Expiação. Com o tempo, minha vida começou
a mudar. Ao ser paciente, receber tratamento médico
e terapia, e preencher minha vida com o Espírito todos os
dias, comecei a me curar: senti-­me menos retraída e mais eu
mesma. Senti-­me segura. Servi às pessoas. Eu amei, perdoei
e aceitei a mim mesma. Construí relacionamentos saudáveis
e amorosos. Comecei a sentir o amor do Pai Celestial por
mim. Pela primeira vez na vida, senti verdadeira alegria.
Cristo oferece
esperança para
nosso futuro
Não posso mudar meu passado,
mas como está em Doutrina
e Convênios 122:7: “Todas essas
coisas [me] servirão de experiência,
e serão para o [meu] bem”. Sei agora
que o Salvador me amparou durante minhas dificuldades. Apesar
delas, cresci muito por causa de meu desejo de mudar e porque
continuo a me voltar para Ele.
Se você estiver numa situação familiar difícil, saiba que você
tem um Pai Celestial que o conhece e o ama, e que vai lhe abrir
as portas para um futuro brilhante. Antes de ser adotada, disse
a mim mesma que minhas circunstâncias nunca mudariam
e que nunca me casaria ou teria filhos porque tinha medo de que
eles sofressem como eu. No entanto aprendi que, quaisquer que
sejam as dificuldades que tenhamos na família, ao buscarmos
a Cristo, podemos edificar nosso futuro lar e nossa família eterna
com esperança, verdades do evangelho e amor.
Como ensinou o élder Clark G. Gilbert, dos setenta: “Todos (…)
começamos em lugares diferentes com diferentes circunstâncias
de vida. Alguns nascem com altas interseções, repletos de
oportunidades. Outros se deparam com (…) circunstâncias
desafiadoras. (…) Avançamos, então, em um coeficiente
angular de progresso pessoal. Nosso futuro será determinado
principalmente por nosso progresso, não por nosso ponto
de partida. Jesus Cristo vê o potencial divino, não importa
por onde comecemos. (…) No cálculo do Senhor, Ele fará tudo
o que for possível para nos ajudar a direcionar nosso coeficiente
angular para o céu”.1
Sejam quais forem suas circunstâncias, há esperança
e cura em Jesus Cristo. Ele está com você e vai guiá-­lo para
a paz e a alegria sempre que buscá-Lo. ◼
NOTA
1. Clark G. Gilbert, “Tornar-­se melhor em Cristo: A parábola
do coeficiente angular”, Liahona, novembro de 2021, p. 20.
Janeiro de 2023 35
 ENVELHECER COM FÉ
Quando a doença crônica
surge em seu caminho
Norman C. Hill
A ntes de falecer de uma doença
debilitante, minha mãe muitas
vezes sorria e dizia: “Nenhum de nós
vai sair daqui vivo, então, é melhor
tirarmos o máximo proveito do que
temos”.
Isso era o que ela dizia quando
estava bem. Em sua vida, ela teve
muitos dias assim, mas também
teve dias que não foram tão alegres.
Nesses dias, ela dizia: “Aceite o que
der e vier e veja se ainda pode fazer
algo de bom no mundo”.
No mundo todo, as pessoas
estão vivendo muito mais do que
no passado.1 No entanto, embora
vivamos mais tempo, também temos
mais probabilidade de desenvolver
uma doença crônica: diabetes,
Parkinson, câncer, depressão,
Alzheimer; a lista é longa. Então,
quando a doença crônica surgir no
seu caminho, como você deve reagir?
Prosseguir com fé
“Enfrente o que vier, mesmo
que não saiba o que ainda tem pela
frente”, diz um irmão forçado a
tirar licença por invalidez enquanto
sua esposa volta a trabalhar para
sustentar a família. Ele acredita que
36 L i a h o n a
Lidar com as adversidades
do dia a dia pode nos
ajudar a crescer em
compaixão, empatia
e resiliência.
muitas vezes fingimos estar felizes,
o que nos impede de processar
nossos sentimentos ou melhorar
nossa perspectiva. “Em vez de
seguir em frente com fé, ficamos
estagnados enquanto esperamos por
um milagre ou reclamamos quando
o milagre não vem”, diz ele. Ele
lida com isso ouvindo as escrituras
e os discursos da conferência
geral e conversando com amigos
e familiares ao telefone.
“É a normalidade de cada dia
que pode me deixar triste”, diz uma
irmã cujo marido está cronicamente
doente. “A saúde de meu marido
nunca vai melhorar. Aceito isso,
mas a mesmice de todas as tarefas
rotineiras e domésticas é mental,
física e espiritualmente exaustiva.”
Ela gosta muito das visitas das
irmãs ministradoras. “Quando
elas chegam, realmente iluminam
meu dia.”
“Às vezes, minha esposa e eu
esquecemos coisas e ficamos
irritados um com o outro”, diz outro
irmão idoso. “Ficamos frustrados
por sermos tão esquecidos e,
principalmente, lamentamos depois
as palavras iradas que dissemos um
para o outro.” Eles aprenderam
a fazer anotações para ajudá-­los a
 se lembrar das coisas e aguardam um tempo para se acalmar antes de falar. 4. Desenvolva novos interesses
“Aprendemos ainda mais a importância de dizer: ‘Obrigado’ e ‘Amo você’”, e encontre novas maneiras
ele conta. de servir. Em vez de ficar triste
Outro casal idoso se virava bem com uma renda fixa até que o preço da com o que não pode mais fazer,
medicação dobrou. Graças aos membros da família e à ala, suas necessidades descubra novas paixões. Uma
foram atendidas. “A princípio, ficamos envergonhados de pedir ajuda, irmã com esclerose múltipla
especialmente a nossos filhos”, confessou o irmão. “Mas todos estavam descobriu que não poderia fazer
ansiosos para ajudar.” coisas que amava, como andar
a cavalo ou jogar softbol. Em
Sugestões e comentários
vez disso, aprendeu caligrafia.
Veja abaixo algumas sugestões e comentários daqueles que lidam com
Agora ela usa seu talento
doenças crônicas:
recém-­desenvolvido para criar
1. Os que se voltarem para o Salvador encontrarão esperança. “Achei que lindos manuscritos do Livro
ninguém conseguia entender o que eu estava passando”, diz um irmão de Mórmon para sua família.
com síndrome da fadiga crônica. “Então, certo domingo, ao tomar
o sacramento, dei-­me conta de que o Salvador compreendia meu Quando a doença crônica se
sofrimento. Eu sabia que poderia suportar minha situação ao me torna um fato da vida, é realmente
achegar a Ele.” (Ver Alma 7:11–12; Doutrina e Convênios 121:8; 122:8.) um desafio. Mas, com fé, esperança
DETALHE DE HE HEALED MANY OF DIVERSE DISEASES, DE J. KIRK RICHARDS, REPRODUÇÃO PROIBIDA

2. A compaixão aumenta naqueles que “[suportam] bem” (Doutrina e Convênios em Cristo e o desejo de continuar
121:8). “A quem recorrer nos momentos de pesar e calamidades para a servir, lidar com as adversidades
encontrar ajuda e consolo? (…) Eles são homens e mulheres que do dia a dia pode nos ajudar
sofreram e, de sua experiência com o sofrimento, tiram o tesouro a crescer em compaixão, empatia
da solidariedade e compaixão que são uma bênção para quem delas e resiliência. ◼
O autor mora em Utah, EUA.
necessita no momento. Será que isso seria possível se eles mesmos
NOTAS
não tivessem sofrido?”2
1. Ver Susanne Reiff, “Increasing Life
3. Viva um dia de cada vez. “Há alguns anos, a dor era tão forte que eu não Expectancy: People Are Getting Older and
sabia quanto mais conseguiria suportar. Comecei a pensar em suicídio”, Older”, Alumniportal Deutschland, setembro
de 2017, alumniportal-­deutschland.org/en/
contou uma irmã que sofre de esclerose múltipla. Por isso procurou global-­goals/sdg-­03-­health/increasing-­life-­
a unidade de saúde mental de um hospital. Durante o aconselhamento, expectancy-­age-­ageing.
seu lema se tornou não apenas “[perseverar] até o fim” (1 Néfi 22:31), 2. Orson F. Whitney, “A Lesson from the
Book of Job”, Improvement Era, novembro
mas “perseverar até o fim do dia”. de 1918, p. 7.

Janeiro de 2023 37
 V E M , E S E G U E - ­M E

PREPARAR
SEU SOLO
Irmão Milton
Camargo
ESPIRITUAL
Primeiro
conselheiro A parábola do semeador pode nos ajudar
na presidência
geral da Escola a nos preparar para o estudo do Vem,
Dominical
e Segue-­Me do Novo Testamento este ano.

U
ma de minhas parábolas
favoritas do Novo
Testamento é a parábola do
semeador, conforme se encontra
em Mateus 13:3–23 (ver também
Marcos 4:3–20; Lucas 8:5–15).
Nessa parábola, as maneiras pelas
quais as pessoas recebem a palavra
(a semente) são comparadas a
diferentes tipos de solo. Aprendemos
que cada solo tem uma característica
importante, seja boa ou ruim.
Frequentemente lemos
essa parábola e pensamos que
ela descreve a disposição das pessoas
de aceitar e viver o evangelho.
Embora isso seja verdade, acho
que a parábola também pode
descrever nosso progresso individual
à medida que crescemos na fé
e no conhecimento do evangelho.
Em outras palavras, não estamos
eternamente presos a um certo
tipo ou nível de crença. Podemos,
com fé e esforço, melhorar nosso
solo espiritual para que ele produza
parábola de modo mais profundo.
Creio que, ao nos prepararmos
para estudar o Novo Testamento
no Vem, e Segue-­Me em 2023, uma
revisão da parábola do semeador
pode nos ajudar a preparar nosso
coração para receber a verdade do
evangelho.
Receber as sementes do evangelho
Na parábola, aprendemos que,
conforme o semeador semeava:
• Algumas sementes caíram
ao pé do caminho e as aves
as comeram.
• Algumas caíram em pedregais.
Brotaram, mas foram
queimadas pelo sol.
• Algumas caíram entre
espinhos, e os espinhos
as sufocaram.
• Outras caíram em boa terra
e deram frutos.
O Senhor explica:
“Ouvindo alguém a palavra
ILUSTRAÇÕES: DAVID GREEN

frutos melhores. do reino, e não a entendendo,

Gostaria de examinar esse vem o maligno, e arrebata o que
pensamento com vocês porque foi semeado no seu coração; este
isso me ajudou a entender essa é o que foi semeado ao pé do caminho.

38 L i a h o n a
 Porém o que foi semeado em
pedregais é o que ouve a palavra,
e logo a recebe com alegria;
Mas não tem raiz em si mesmo,
antes é de pouca duração; e chegada
a angústia e a perseguição por causa
da palavra, logo se ofende;
E o que foi semeado entre
espinhos é o que ouve a palavra,
mas os cuidados deste mundo
e a sedução das riquezas sufocam
a palavra, e fica infrutífera;
Mas o que foi semeado em boa
terra é o que ouve e compreende
a palavra; e dá fruto, e um produz
cem, outro sessenta, e outro trinta”
(Mateus 13:19–23; grifo do autor).
Vamos examinar cada tipo
de solo e ver o que pode ser feito
para melhorá-­lo.

Solo ao pé do caminho
O presidente Dallin H. Oaks,
primeiro conselheiro na Primeira
Presidência, disse: “As sementes
que ‘[caíram] junto do caminho’
(Marcos 4:4) não alcançaram
o solo mortal onde poderiam
possivelmente crescer. São como os
ensinamentos que caem em corações
endurecidos ou despreparados”.1
Além disso, às vezes não
entendemos o que ouvimos ou
lemos nas escrituras porque nosso
coração está despreparado. Quando
for esse o caso, o que devemos fazer?
Podemos buscar uma explicação
daqueles que entendem. Podemos
perguntar aos missionários,
ao professor da Escola Dominical,
ao líder do sacerdócio ou da
organização, ao professor

Janeiro de 2023 39
do seminário ou instituto, àqueles que ministram a nós
ou a nossos pais e familiares fiéis. Podemos estudar
os discursos da conferência geral. O aplicativo Biblioteca
do Evangelho fornece uma infinidade de recursos que
podem nos ajudar a buscar mais entendimento.
Devemos também orar e pedir a Deus mais luz.
Se nosso coração é sincero, nossa intenção é real e temos
fé em Cristo, receberemos conhecimento das verdades
do evangelho (ver Morôni 10:4–5). O Senhor disse:
“Pedi e dar-­se-­vos-­á; buscai e encontrareis; batei e ser-­
vos-­á aberto.
Porque todo aquele que pede, recebe; e o que busca,
encontra; e ao que bate, será aberto” (3 Néfi 14:7–8).

Solo pedregoso
Algumas pessoas ouvem o evangelho restaurado
por intermédio dos missionários, sentem o amor
de Cristo e frequentam e desfrutam as reuniões
da Igreja. No entanto, com o tempo, as dificuldades
da vida continuam. Elas descobrem que a vida não
foi transformada em um fluxo de bênçãos sem fim.
A fé delas diminui, e se afastam.
Alguns também veem os “pedregais” quando
assistem a uma reunião ou conferência e se sentem
inspirados a fazer tudo certo daquele momento em
diante, mas, na segunda-­feira, eles voltam para suas
responsabilidades normais. Os problemas no trabalho
continuam difíceis. As tentações parecem extremamente
atraentes. E assim, o desejo de melhorar seu lado
espiritual diminui ou desaparece.
Aprendem da maneira mais difícil que, sem raízes
espirituais profundas para nos segurar no vento,
alimentar-­nos quando estamos com fome ou nos
refrescar quando o sol está quente, podemos perecer
espiritualmente.
Como podemos melhorar o solo pedregoso? Remova
as pedras e aprofunde as raízes espirituais.
Remover pedras pode ser difícil. Pode exigir a criação
de um ambiente em que a fé seja incentivada. Pode
exigir fazer novas amizades e se abster da aparência
do mal (ver 1 Tessalonicenses 5:22).

40 L i a h o n a
 Para ter forças para remover pedras, precisamos
da ajuda do Salvador. Isso acontece quando aceitamos
os convênios que Ele oferece. Começa quando aceitamos
o convite para ser batizado. Significa ser confirmado
e receber o dom do Espírito Santo. Significa aceitar
quaisquer convênios que ainda nos faltam, como
receber o sacerdócio ou ir ao templo. Significa também
frequentar a igreja e renovar os convênios tomando
o sacramento todas as semanas.
Quando surgirem provações e tentações, podemos
nos apegar aos convênios que fizemos com o Senhor.
“Estamos ligados de modo seguro ao Salvador à medida
que fielmente nos lembramos de viver de acordo com
as obrigações que aceitamos e fazemos o nosso melhor
para que isso aconteça”, disse o élder David A. Bednar,
do Quórum dos Doze Apóstolos. “E essa ligação com
Ele é a fonte de força espiritual em todos os momentos
de nossa vida.”2
Solo entre os espinhos
Esse solo permite que as plantas cresçam, inclusive
os espinhos. Os espinhos são os “cuidados, e riquezas
e deleites da vida” que podem nos levar a “não [dar]
fruto com perfeição” (Lucas 8:14).
O que acontece quando não trilhamos mais o
caminho do convênio depois de fazermos convênios?
Ou tomamos o sacramento, mas não pedimos perdão,
porque nem pensamos mais em nossos erros? Ou
pedimos perdão, mas nos recusamos a perdoar os
outros? Ou aceitamos os convênios do templo, mas
deixamos de ministrar aos necessitados? Ou ainda,
deixamos de lado oportunidades de compartilhar
o evangelho porque tememos que possa parecer
inadequado ou constrangedor, ou porque não sabemos
mais o que dizer?
A solução é viver o convênio que fizemos quando
fomos batizados, “chorar com os que choram; (…)
consolar os que necessitam de consolo e servir de
testemunhas de Deus em todos os momentos e em
todas as coisas e em todos os lugares em que [nos
encontremos], mesmo até a morte” (Mosias 18:9).
Removemos as sementes quando nos arrependemos
todos os dias, fazemos pequenos ou grandes ajustes
e retornamos ao caminho estreito e apertado
do convênio.
Recusamo-­nos a deixar que as sementes da vida nos
sufoquem. Fazemos isso transformando nosso lar em
um santuário de fé. Buscamos o que quer que atraia
a influência do Espírito. Rejeitamos tudo o que afasta
essa influência. E servimos no reino de Deus — em
nossos chamados, no templo, no trabalho missionário,
em nossa família.
O solo bom
Há muitos que ouvem a palavra, que a entendem
e a deixam crescer em seu coração. “Não me escolhestes
vós a mim, porém eu vos escolhi a vós, e vos designei,
para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça”
( João 15:16). Para essas pessoas, a resposta é seguir
em frente com fé e perseverar em boas obras.
O presidente Oaks perguntou: “O que estamos
fazendo com os ensinamentos do Salvador no decorrer
da nossa vida?”3 Este ano, ao nos prepararmos para
estudar o Novo Testamento, que nos acheguemos ao
Salvador e melhoremos nosso solo espiritual para que
possamos receber a palavra. Depois, podemos produzir
os frutos que Ele nos pede para produzir ao aceitar e
renovar os convênios que nos unem a Ele, ao servir
a Deus e amar nosso próximo e, assim, progredir ao
longo do caminho do convênio que um dia nos levará
de volta ao nosso lar celestial. ◼
NOTAS
1. Dallin H. Oaks, “A parábola do semeador”, A Liahona, maio
de 2015, p. 32.
2. David A. Bednar, “Com o poder de Deus, em grande glória”, Liahona,
novembro de 2021, p. 29.
3. Dallin H. Oaks, “A parábola do semeador”, A Liahona, maio
de 2015, p. 32.
Janeiro de 2023 41
 Vem, e Segue-­Me
Lucas 1
J
esus Cristo fez convênio
na existência pré-­
mortal de vir à Terra
e ser nosso Salvador (ver
Moisés 4:2; Abraão 3:27).
Como nosso Salvador, Ele
cumpriu tanto Sua missão
quanto Seu ministério.
DEBATE
Como esses aspectos
do ministério do Salvador
se aplicam a você
pessoalmente?
NOTAS
1. “The Mission and Ministry
of the Savior: A Discussion
with Elder Russell M. Nelson”,
Ensign, junho de 2005, p. 19.
2. Ver Vem, e Segue-­Me — Estudo
Pessoal e Familiar: Novo
Testamento 2023, p. 7.
42 L i a h o n a
Qual foi a missão e o
ministério de Cristo?
O presidente Russell M. Nelson explicou:
“A missão do Senhor na mortalidade era
realizar a Expiação (…) [e] tornar a vida eterna
uma possibilidade para qualquer pessoa que
se qualificasse para ela. (…) Seu ministério foi
tudo o mais que Ele fez — Seus milagres, Seus
ensinamentos, Seu amor, Seu enfoque nas
ordenanças, Seu ensino sobre como orar”.1
Aspectos da missão
e do ministério de Cristo são
descritos em muitos lugares das
escrituras. Veja as descrições
dadas por Sua mãe, Maria, em
Lucas 1:46–55.
Ana, também um exemplo
de submissão, fez uma oração
semelhante sobre o ministério
do Senhor em 1 Samuel 2:1–10.
Como sugere o manual Vem,
e Segue-­Me, você pode compará-­
las com as bem-­aventuranças
de Jesus em Mateus 5:3–12.2
Se desejar, faça uma lista
de alguns aspectos do ministério
de Cristo que essas escrituras
descrevem; um aspecto
foi listado como exemplo:
• Cristo veio para ajudar
a satisfazer nossa fome
espiritual (ver 1 Samuel
THE SERMON ON THE MOUNT, DE JAMES TISSOT
2:5; Lucas 1:53; Mateus 5:6).
 Vem, e Segue-­Me

Como posso ser uma

Mateus 2; Lucas 2
testemunha de Jesus Cristo?

Q
uando Jesus Cristo OS PASTORES Atividade
nasceu, vários Lucas 2:15–18
Leia sobre como essas
grupos de pessoas testemunhas reagiram
THE NATIVITY, DE BRIAN CALL; SIMEON AND CHRIST © LARS JUSTINEN/LICENCIADO PELA GOODSALT.COM; ANNA, DE JAMES L. JOHNSON; THREE WISE MEN, DE MINERVA TEICHERT, REPRODUÇÃO PROIBIDA; SAFE IN A STABLE, DE DAN BURR

reconheceram que Ele quando viram Jesus

era o Salvador prometido. Cristo pela primeira
vez. Em seguida, preste
Além de Maria e José,
testemunho a sua
essas pessoas incluíam família ou a alguns
os pastores, Simeão, amigos, ou registre
Ana e, mais tarde, seu testemunho
os magos. Eles prestaram em seu diário.
SIMEÃO
testemunho da divindade Lucas 2:25–33
de Jesus Cristo.
Nossa família e nossos “Basicamente, ser
amigos são algumas uma testemunha
das pessoas mais de Jesus Cristo
importantes com quem consiste em
podemos compartilhar adquirir um forte
nosso testemunho um testemunho
do Salvador. “Falamos de pessoal de que
Cristo, regozijamo-­nos em ANA Ele é o divino Filho
Cristo, pregamos a Cristo, Lucas 2:36–38
de Deus, o Salvador
profetizamos de Cristo e Redentor do
e escrevemos de acordo mundo.”
com nossas profecias, para
Élder D. Todd Christofferson,
que nossos filhos saibam do Quórum dos Doze
Apóstolos, “Tornar-­se uma
em que fonte procurar testemunha de Cristo”,
a remissão de seus pecados” A Liahona, março
de 2008, p. 59.
(2 Néfi 25:26).

OS MAGOS
Mateus 2:11

DEBATE
De que maneira podemos
ser testemunhas
do Salvador “em todos
os momentos e em todas
as coisas e em todos
os lugares”? (Mosias 18:9.)

Janeiro de 2023 43
 Vem, e Segue-­Me
João 1
J
oão veio “para que
testificasse da luz”, “a luz
verdadeira, que alumia
todo homem que vem
ao mundo” ( João 1:7, 9).
“Luz essa que procede da
presença de Deus (…)
[e] dá vida a todas
as coisas” (Doutrina
e Convênios 88:12–13).
DEBATE
Como você pode seguir
o ensinamento do Salvador:
“Assim resplandeça a vossa
luz diante dos homens,
para que vejam as vossas
boas obras e glorifiquem
a vosso Pai, que está nos
céus”? (Mateus 5:16.)
44 L i a h o n a
Como somos abençoados
pela Luz do mundo?
O presidente Lorenzo
Snow (1814–1901)
Como a luz ensinou: “Cremos que
nos abençoa?
o espírito que ilumina
Ver Alma 19:6;
36:20; Doutrina a família humana
THE SECOND COMING, DE GRANT ROMNEY CLAWSON, COM BASE EM UM ORIGINAL DE HARRY ANDERSON
e Convênios 88:67. provém da presença
do Todo-­Poderoso,
Com o que a luz que se espalha
está relacionada?
por todo o espaço,
Ver Doutrina
e Convênios 84:45. que é a luz e a vida
de todas as coisas
Como crescemos e que todo coração
na luz? Ver honesto o possui
Doutrina e
Convênios 93:28. em proporção à sua
virtude, integridade
Quem é a Luz e ao seu desejo
do mundo? Ver de conhecer a verdade
João 8:12; 3 Néfi
e fazer o bem
18:16, 24.
a seus semelhantes”
(The Teachings of
Lorenzo Snow, ed.
Clyde J. Williams,
1996, p. 107).
 Vem, e Segue-­Me

Como o batismo demonstra

Mateus 3; Marcos 1;
Lucas 3 obediência?

N
osso Salvador foi Encontramos uma PREENCHA O ESPAÇO
o exemplo perfeito ilustração dessa obediência EM BRANCO
do Salvador no relato Como você completaria
de obediência ao
de Seu batismo: a declaração a seguir?
Pai Celestial, declarando:
“Então veio Jesus da Galileia O batismo é ______________.
“Não busco a minha
a João, junto do Jordão, para Para ideias, ver 2 Néfi
vontade, mas a vontade ser batizado por ele.
do Pai que me enviou” 31:17–18; ver também
João opunha-­se-­lhe,
( João 5:30). J. Devn Cornish, “A porta
porém, dizendo: Eu careço
O Salvador foi chamada batismo”,
de ser batizado por ti, e vens
batizado para mostrar tu a mim? A Liahona, fevereiro
de 2015, p. 14.
estrita obediência Jesus, porém, respondendo,
ao Pai Celestial. Da mesma disse-­lhe: Deixa por agora,
forma, quando mostramos porque assim nos convém
cumprir toda a justiça”
nossa obediência
(Mateus 3:13–15).
sendo batizados,
fazemos um convênio
com Deus de sermos
discípulos dedicados
e obedientes a Jesus Cristo.
(Ver 2 Néfi 31:5–13.)

DEBATE
Em família ou por conta
JOHN BAPTIZING JESUS, DE HARRY ANDERSON

própria, examine o convênio

feito no batismo (ver
Mosias 18:8–10; Doutrina
e Convênios 20:37).
O que você pode fazer para
guardar esse convênio
no seu dia a dia?

Janeiro de 2023 45
 João 2:4–11

SE ELE PODE TRANSFORMAR

A ÁGUA EM VINHO…
Três coisas que aprendi com esse milagre que muitas vezes passam em
branco para algumas pessoas.

46 L i a h o n a
OS MILAGRES DE JESUS
Nota do editor: Este artigo faz parte de uma série de estudos do Novo Testamento
que explora o que podemos aprender com os milagres que Jesus realizou.
Adam C. Olson
Revistas da Igreja
J oão é o único escritor do evangelho que relata
o milagre do Salvador transformando água em
vinho (ver João 2:1–11). Ele se sentiu fortemente
tocado pela experiência a ponto de dizer que o Salvador
“principiou assim os seus sinais” (João 2:11).
Culturalmente, ficar sem vinho poderia prejudicar
a posição social dos envolvidos numa recepção.1 Embora
eu não acredite que um milagre tenha que ser notável
para mudar vidas, tenho me perguntado por que João
sentiu que esse milagre era tão importante entre tantos
que foram não só marcantes, mas mudaram vidas.
Por que milagres?
Por que os milagres foram tão importantes durante
o ministério do Salvador? Certamente foi, em parte, por
causa de Sua compaixão pelos necessitados (ver Marcos
1:41). Além disso, os milagres eram uma evidência
importante de Seu poder e de Sua autoridade divinos
(ver Marcos 2:5, 10–11). Acontecimentos milagrosos
também poderiam fortalecer a fé e chamar a atenção
para Sua mensagem (ver João 2:11; 6:2).
Então, alguém me disse que os milagres do Salvador
não apenas atraíram a atenção das pessoas para ouvir
a mensagem, mas ajudaram a ensiná-­la.2 Quando me
perguntei o que poderia aprender sobre Jesus Cristo
e Sua missão divina ao transformar água em vinho,
comecei a ver coisas novas.
Aqui estão três lições que aprendi sobre o Salvador
e Seu poder de salvar com o milagre em Caná.
1. “Ainda não é chegada a minha hora”
Quando Maria pediu ajuda a Jesus, Ele respondeu:
“Ainda não é chegada a minha hora” ( João 2:4). Sem
detalhes adicionais, não fica claro no registro de João
exatamente o que Maria esperava ou o que Jesus quis
dizer ao responder que Sua hora ainda não havia chegado.
Essa frase me pareceu importante. É possível que
Jesus estivesse Se referindo a algum acontecimento
futuro, como o início de Seu ministério público.
Ao mesmo tempo, a frase tem um eco que ressoa em
todo o registro de João, muitas vezes apontando para
o milagre final de Seu sacrifício expiatório (ver João
4:21–23; 5:25–29; 7:30; 8:20). Por fim, a frase se repete
novamente no final de Seu ministério mortal: “[Sabia]
Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste
mundo para o Pai” ( João 13:1, grifo do autor, ver
também João 12:23, 27; 16:32). Antes de partir para
o Getsêmani, Ele orou, dizendo: “Pai, é chegada a hora;
glorifica teu Filho, para que também o teu Filho te
glorifique a ti” ( João 17:1, grifo do autor).
Ver João repetir essa frase ao longo de seu registro
me ajudou a ver o fim desde o princípio. Primeiro,
Jesus transformou água em vinho para satisfazer
a sede física. No final, Ele usou o vinho sacramental para
representar Seu sangue expiatório, o que tornou a vida
eterna possível e fez com que aqueles que Nele cressem
nunca mais tivessem sede (ver João 4:13–16; 6:35–58;
3 Néfi 20:8).
2. “Fazei tudo quanto ele vos disser”
Depois de pedir ajuda a Jesus, Maria disse aos servos:
“Fazei tudo quanto ele vos disser” ( João 2:5). Há uma
lição nessa declaração e nas semelhanças fascinantes
entre esse relato e o relato de José no Egito.
“E tendo toda a terra do Egito fome, clamou o povo
a Faraó por pão; e Faraó disse a todos os egípcios:
Ide a José; o que ele vos disser, fazei” (Gênesis 41:55,
grifo do autor).
Maria pode não ter tido a intenção de fazer essa
conexão, e talvez João também não. Mas, ao notar
as semelhanças, duas ideias me vieram à mente.
Primeiro, vi outra maneira pela qual José e outras
pessoas do Velho Testamento prenunciaram Jesus Cristo
e Sua missão. O mais importante foi que as histórias
do Egito e de Caná me lembraram que Jesus Cristo
não só pode nos salvar do pecado e da morte por meio
de Sua Expiação — que Ele mais tarde representou
com pão e vinho —, mas também pode nos salvar
Janeiro de 2023 47

de problemas físicos, sociais e outros. Quando as pessoas
ficaram sem pão, o Faraó lhes disse que fizessem tudo
o que José dissesse. Eles assim fizeram, receberam pão
e foram salvos do sofrimento físico. Quando os servos
ficaram sem vinho, Maria lhes disse que fizessem tudo
o que Jesus dissesse. Eles assim fizeram e receberam
vinho, e os envolvidos foram salvos de faltar com
suas obrigações.
Se estivermos dispostos a fazer tudo o que Jesus disser,
Ele pode fazer o mesmo por nós e realizar milagres em
nossa vida (ver Hebreus 10:35–36). Ser salvo é o maior
de todos os Seus milagres e exige obediência de nossa
parte (ver Doutrina e Convênios 14:7; Regras de Fé 1:3).
3. “E encheram-­nas até em cima”
O Salvador orientou os servos a encher seis talhas
de pedra com água. “E encheram-­nas até em cima”
( João 2:6–7).
Embora os especialistas sugiram quantidades
diferentes, provavelmente é seguro dizer que cada
talha tinha vários litros. Não sei se é mais difícil
48 L i a h o n a
Se estivermos dispostos a fazer
tudo o que Jesus disser, Ele pode
realizar milagres em nossa vida.
transformar um litro ou 100 litros de água em vinho.
O que mudou minha vida foi a ideia de que Jesus tem
o poder de transformar uma coisa em algo totalmente
diferente. Ele não fez apenas água com sabor de vinho;
pegou a água, com sua estrutura molecular simples,
e a transformou em vinho, uma mistura complexa
de centenas de compostos químicos.
Se Ele pode fazer isso, ele pode transformar meus
problemas em bênçãos — não apenas me mostrar
um aspecto positivo do problema, mas realmente
transformar a substância da provação em algo que
me abençoe (ver Romanos 8:28; 2 Néfi 2:2).
E se Ele pode fazer isso com um problema específico,
pode fazê-­lo com todos. Então, quando a vida parecer
cheia de dificuldades, lembre-­se de que Ele pode
transformar água em vinho. Ele pode trocar cinza
por grinalda [beleza] (ver Isaías 61:3). Ele pode reverter
o efeito do mal e transformá-­lo em bem (ver Gênesis
50:20). Pode transformar meus erros em crescimento,
tomar meus pecados e aproveitá-­los para o
meu progresso, não para minha condenação.3
Para mim, essa percepção é a mais significativa
de todas. Esse milagre, que nunca me chamou muito
a atenção, ensinou-­me que, por meio de Seu poder,
se tivermos fé para fazer o que Ele pede, Ele pode
BALM IN GILEAD, DE ANNIE HENRIE NADER, REPRODUÇÃO PROIBIDA
nos transformar do que éramos para o que podemos
nos tornar, ou seja, como Ele é. ◼
NOTAS
1. Ver Peter J. Sorensen, “The Lost Commandment: The Sacred Rites
of Hospitality”, BYU Studies, vol. 44, nº 1, 2005, pp. 4–32.
2. Ver Guia para Estudo das Escrituras, “Milagre”.
3. Ver Bruce C. Hafen, “A Expiação: Tudo por todos”, A Liahona,
maio de 2004, p. 97.
 ARTE SOBRE O NOVO TES TAMENTO

O milagre no “Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia,

casamento em Caná
e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.”
João 2:11
THE MARRIAGE AT CANA, DE CARL HEINRICH BLOCH
JOVENS ADULTOS

Encontrar o propósito
em nossas realidades
imperfeitas

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