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Instruções:
Faça sua avaliação à caneta azul ou preta.
Provas feitas à lápis, com uso de corretivo ou rasuradas não serão recorrigidas.
Assinale apenas uma alternativa para cada questão. A marcação em mais de uma alternativa anula
a questão.
Não serão fornecidas folhas para rascunho.
Esta prova contém 7 páginas.
Você é imperador?
LÍNGUA PORTUGUESA Não digo isso. Mas a verdade é que você faz
um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando
TEXTO I o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo.
UM APÓLOGO Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Machado de Assis Estavam nisto, quando a costureira chegou à
casa da baronesa. Não sei se disse que isto se
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo passava em casa de uma baronesa, que tinha a
de linha: modista ao pé de si, para não andar atrás dela.
Por que está você com esse ar, toda cheia de Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da
si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e
neste mundo? entrou a coser. Uma e outra iam andando
Deixe-me, senhora. orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das
sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os
Que a deixe? Que a deixe, por quê? Por que lhe galgos de Diana - para dar a isto uma cor poética. E
digo que está com um ar insuportável? Repito que dizia a agulha:
sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
Então, senhora linha, ainda teima no que dizia
Que cabeça, senhora? A senhora não é há pouco? Não repara que esta distinta costureira
alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os
importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.
deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco
Mas você é orgulhosa. aberto pela agulha era logo enchido por ela,
Decerto que sou. silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não
Mas por quê? está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que
ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi
É boa! Porque coso. Então os vestidos e andando. E era tudo silêncio na saleta de costura;
enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da agulha
eu? no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
Você? Esta agora é melhor. Você é que os costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse
cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou
muito eu? esperando o baile.
Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A
prendo um pedaço ao outro, dou feição aos costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha
babados... espetada no corpinho, para dar algum ponto
necessário. E quando compunha o vestido da bela
Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano,
dama e puxava a um lado ou outro, arregaçava
vou adiante, puxando por você, que vem atrás,
daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a
obedecendo ao que eu faço e mando...
linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
Também os batedores vão adiante do
imperador.
1
Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no em que uma possível causa para essa dificuldade é
corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da apresentada, de forma coerente com o texto.
elegância? Quem é que vai dançar com ministros e A leitura geral do texto mostra que a linha se
diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da sentia tão superior que menospreza a todos, até
costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? mesmo a costureira.
Vamos, diga lá. A linha não aceitava ser o que era, pensava que
Parece que a agulha não disse nada; mas um era mais importante ser uma agulha ou um
alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, alfinete.
murmurou à pobre agulha: A compreensão do texto faz o leitor perceber
Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir que a linha era importante apenas para a
caminho para ela, e ela é que vai gozar da vida, costureira, que a valorizava mais que valorizava
enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze a agulha.
como eu, que não abro caminho para ninguém. Ao longo do texto, o leitor toma conhecimento
Onde me espetam, fico. de que a linha, em toda sua prepotência, não
consegue aceitar o fato de ser menos
Contei esta história a um professor de melancolia,
importante do que outrem.
que me disse, abanando a cabeça: - Também eu
tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
(Disponível em: <
http://pessoal.educacional.com.br/up/50280001/1527329/Contos.pdf> Acesso
em: 05 jul. 2019)
O narrador nos revela duas principais personagens:
a agulha e a linha. ESCOLHA a alternativa em que
Glossário se observa uma semelhança na personalidade de
- coser: costurar. cada uma dessas personagens do Texto 1.
- feição: feitio, forma; configuração. Bravura, coragem.
- batedor: cada um dos soldados ou criados, Egoísmo, mesquinhez.
Petulância, prepotência.
montados e fardados, que precedem a
Imprudência, irresponsabilidade.
carruagem das pessoas reais.
- subalterno: inferior; subordinado.
- modista: costureira. O desfecho do conto traz outra personagem que faz
- mofar: zombar; fazer troça de; brincar com. uma revelação coerente, tendo em vista o perfil da
personagem principal e suas atitudes reveladas
pelo narrador. APONTE o sentido da conclusão da
MARQUE a opção em que há características narrativa, especialmente a última frase,
presentes no Texto 1 que permitam afirmar que a considerando a trajetória dos protagonistas.
se trata de um conto. O final do conto indica que as pessoas precisam
Há descrição de personagens e cenários a se valorizar sempre, ignorando aquelas que
partir de palavras e expressões julgam ser inferiores.
caracterizadoras. A narrativa mostra que muitas pessoas devem
O autor defende seu ponto de vista a partir de se ver mais como agulha e menos como linha,
argumentos consistentes e objetivos. estando sempre à frente de suas vidas.
Uma história é narrada de acordo com O desfecho do conto revela que as pessoas,
orientações dos personagens principais. muitas vezes, se veem como a agulha, servindo
O texto apresenta poucos personagens, e todo de ponto de apoio aos outros que não as
o enredo tem como centro um único conflito. valorizam.
A história apresenta dois perfis distintos de
pessoas: as que nasceram para servir e as que
nasceram para serem servidas.
O Texto 1, conto de autoria de Machado de Assis,
traz um interessante personagem na figura da linha.
Pelo olhar do narrador, o leitor toma conhecimento
da personalidade da linha e de sua dificuldade em
aceitar os argumentos da agulha. MARQUE a opção
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TEXTO II Mas não sabe muito bem
Como vai dizer
POEMA DE SETE FACES
Carlos Drummond de Andrade Te dou meu coração
Queria dar o mundo
Quando nasci, um anjo torto Luar do meu sertão
desses que vivem na sombra Seguindo no trem azul
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
Toda vez que for assoviar
As casas espiam os homens A cor do trem
que correm atrás de mulheres. É da cor que alguém fizer e você sonhar
A tarde talvez fosse azul, Não faz mal não ser compositor
não houvesse tantos desejos. Se o amor valeu
Eu empresto um verso meu
O bonde passa cheio de pernas: Pra você dizer
pernas brancas pretas amarelas. Só me dará prazer
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu Se viajar contigo
coração. Até nascer o sol
Porém meus olhos Seguindo no trem azul
não perguntam nada. Te dou meu coração
Queria dar o mundo
O homem atrás do bigode Luar do meu sertão
é sério, simples e forte. Seguindo no trem azul
Quase não conversa.
Vai lembrar…
Tem poucos, raros amigos
Disponível em: <https://www.cifraclub.com.br/roupa-nova/seguindo-no-trem-
o homem atrás dos óculos e do bigode. azul/ > Acesso em: 06 jul. 2019.
3
evidente o contrário, a visão é de que seu TEXTO IV
coração é muito maior do que o mundo.
No Texto II, coração e mundo apresentam o
mesmo tamanho, são grandiosos. Já no Texto
III, coração e mundo não apresentam o mesmo
tamanho, o primeiro é maior que o segundo.
No Texto II, o eu lírico reconhece o tamanho do
coração, por isso o compara ao mundo. Já no
Texto III, o eu lírico desconhece o tamanho do
coração, sendo o mundo um lugar perdido.
Fonte: https://megaphoneadv.blogspot.com/2018/02/vamos-falar-sobre-
inveja.html
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MATEMÁTICA
Os gafanhotos são conhecidos por serem capazes
de ocasionar danos às plantações. O
Ao comprar um tênis, João observou que no solado desmatamento promove uma redução do número
do calçado havia duas numerações de tamanho, de predadores naturais, permitindo o aumento de
uma para o Brasil e outra diferente para Portugal. indivíduos, além das mudanças climáticas que
Isso ocorre porque o Brasil adota uma fórmula de provocam um aumento da temperatura, o que
numeração de calçados diferente de Portugal. favorece a proliferação de insetos. Um gafanhoto,
cuja característica marcante é a presença do último
O número S de um calçado no Brasil é determinado par de pernas alongado e adaptado para saltos,
pela fórmula S (5P 28) 4, enquanto para salta para o alto, percorrendo uma trajetória
Portugal, o mesmo calçado é numerado usando a descrita por h(x) 3x2 30x, em que h(x) é a altura
fórmula S (5P 32) 4, em que P, nas duas
em centímetros e x é a distância horizontal
fórmulas, é o tamanho do pé em centímetros. alcançada, também em centímetros.
O tênis que João comprou tem numeração 38 para A altura máxima (em cm) atingida pelo gafanhoto
o Brasil. Assinale a alternativa correta que no salto é:
corresponde ao tamanho que esse mesmo tênis
traz indicado para Portugal. 55
25
41. 100
40. 75
36.
39.
6
Seu texto deverá:
conter obrigatoriamente argumentos que
sustentem suas opiniões;
ter entre 20 e 25 linhas;
apresentar letra legível e não conter rasuras;
ter, no mínimo, três parágrafos;
estar de acordo com a norma padrão para a
modalidade escrita;
estar de acordo com a proposta apresentada.
De acordo com essas informações, o perímetro do
terreno, em metros, é
110.
120.
124.
130.
REDAÇÃO
O primeiro texto da prova de Português, “Um
apólogo”, do escritor Machado de Assis, narra uma
discussão entre uma linha e uma agulha. A
discussão entre elas nada mais é do que uma
disputa de vaidades; uma tentando mostrar sua
superioridade à outra. Neste conto, o autor ironiza
costumes humanos por meio de personagens
inanimados (linha e agulha). Através da história
destas personagens, Machado de Assis critica a
sociedade da época com seus ciúmes e invejas.
Para isso, o autor cria dois perfis de seres humanos:
os que trabalham firme e que, verdadeiramente,
“botam a mão na massa”, e os que não se
sacrificam tanto, mas recebem a fama pelo
trabalho feito. Este é um conto que serve para
mostrar as falhas do caráter humano. Através da
história da linha e da agulha, podemos refletir sobre
nossas próprias ações. Uma pergunta que
Machado focou no fim do texto é: “Sou linha ou
agulha?” ou seja, “Será que estou fazendo o
trabalho duro ou só me favorecendo pelo trabalho
alheio?” São esses questionamentos que fazem
este conto ser tão atual, apesar de ter sido escrito
no século XIX.