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Arquitectura
Júri
Junho 2013
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor António Menezes Leitão, pela total disponibilidade e fiel
acompanhamento ao longo de toda esta dissertação e pelos incontáveis momentos
em que o privei da tranquilidade familiar. O apoio e a orientação foram
fundamentais para alguém que tinha um sonho, mas que não o poderia realizar
sem a sua contribuição.
Aos meus Pais – pedra angular do meu crescimento – que sempre estiveram
prontos a ajudar em todas as circunstâncias, mesmo naquelas em que não se lhes
podia pedir mais, demonstrando continuamente uma grande ternura e afeto.
À minha Avó, cujo maior sonho era ver chegar este dia.
Dedicatória
“Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez a tua rosa tão importante.”
I
RESUMO
Esta dissertação aborda a produção de maquetes fazendo duas contribuições para
simplificar a criação de maquetes. Estas contribuições assentam no
desenvolvimento e implementação de algoritmos que permitem, por um lado, a
pré-visualização de maquetes e, por outro, a automatização da produção de
diferentes tipos de maquetes.
A criação de maquetes será sempre uma arte e esta tese não pretende alterar essa
situação. Na verdade, há muitas decisões na produção de maquetes que cabem,
em exclusivo, ao arquiteto, nomeadamente a escolha do tipo de maquete, o modo
como as ideias são transmitidas, a seleção dos materiais, a forma como são
construídas, a atenção ao detalhe, etc. Porém, certas etapas do processo de
fabricação podem ser otimizadas para garantir que se possam produzir ainda mais
maquetes mas de um modo muito mais expedito e com menos desperdício de
material.
III
ABSTRACT
This thesis addresses the production of scale models and makes two contributions
to simplify their production. These contributions are based on the development
and implementation of algorithms that allow, on one hand, the preview of scale
models and, on the other hand, the automation of the production of different
types of scale models.
The construction of a scale model can be a driver of the creative process. However,
the manual manufacture of scale models is very time consuming, and leads to
material waste. Since it does not allow the previewing of the scale model, it may
require the repeated production of new models until it reaches the desired result.
Based on these problems, this thesis elaborates various processes for constructing
scale models, which can be implemented in a computer to generate both a virtual
model of the scale model and the design of the parts for its production.
The creation of scale models will always be an art, and this thesis does not want to
change that situation. In fact, there are many decisions in the production of scale
models that belong, exclusively, to the architect, namely the choice of scale model,
how ideas are transmitted, the selection of materials, how they are built, the
attention to detail, etc. Nevertheless, there are steps of the manufacturing process
that can be optimized to ensure that it becomes possible to produce even more
scale models but in a much more expeditious way, and with less material waste.
V
ÍNDICE
1. Introdução ________________________________________________ 1
1.1. Tema _____________________________________________________ 2
1.2. Motivação _________________________________________________ 2
1.3. Objetivos __________________________________________________ 4
1.4. Organização do trabalho ______________________________________ 4
1.5. Metodologia _______________________________________________ 5
VII
4.4.3.1. Molde Positivo _____________________________________ 43
4.4.3.2. Molde Negativo ____________________________________ 44
4.4.4. Modelação ____________________________________________ 44
4.4.4.1. Modelação do Relevo ________________________________ 44
4.4.4.2. Modelação de Edifícios_______________________________ 44
4.5. Ilações ___________________________________________________ 45
IX
9. Conclusão ______________________________________________ 139
9.1. Trabalho futuro ___________________________________________ 142
9.2. Contribuições ____________________________________________ 144
Fig. 1 – Oferenda chinesa em cerâmica (séc. I – II A.C.) (Porter & Neale, 2000). __ 10
Fig. 2 - Santo Estêvão da Hungria aprovando a maquete da catedral (Morris, 2006).
________________________________________________________________ 11
Fig. 3 – Maquete para a cúpula da Basílica de S. Pedro executada Giacomo Della
Porta. ___________________________________________________________ 12
Fig. 4 - Maquete da Catedral de S. Paulo executada pelos Irmãos Cleer. ________ 12
Fig. 6 – Maquete de Vladimir Tatlin para a Terceira Internacional. ____________ 14
Fig. 7 – Maquete em prototipagem rápida para o museu Guggenheim em Taichung
(Zaha Hadid Arquitetos). _____________________________________________ 15
Fig. 8 – Maquete da “Vitra Haus” (Herzog e De Meuron)____________________ 15
Fig. 9 – Maquetes fabricadas em diversos materiais em exibição no ateliê de Peter
Zumthor. _________________________________________________________ 18
Fig. 10 – Exposição "ARX: Arquivo" no CCB. Cada mostrador em madeira contém
uma ou várias maquetes o que dá uma ideia da real importância da maquete na
prática de muitos ateliês. ____________________________________________ 19
Fig. 12 – Maquete conceptual do edifício Mythos. (ARX Portugal)_____________ 25
Fig. 13 – Maquete desenvolvimento do Pavilhão da Dinamarca na Expo Shangai e
maquete de desenvolvimento final da proposta. (BIG) (Mills, 2005) ___________ 26
Fig. 14 – Maquete de detalhe da bancada do novo estádio de Bordéus. (Herzog e De
Meuron) _________________________________________________________ 28
Fig. 15 – Maquete de relevo incluindo a proposta para o museu Chikatsa-Asuka
(Tadao Ando) _____________________________________________________ 29
Fig. 16 – Maquete de proposta paisagística para o concurso “Young Architects
Program” 2009 (Indie Architecture) ____________________________________ 30
Fig. 17 – Proposta para arranjo urbanístico do novo distrito cultural de Hong Kong
(OMA) ___________________________________________________________ 31
Fig. 18 – Maquete estrutural do Museu de Arte contemporânea de Osaka (Cesar
Pelli & Assoc.) (Porter & Neale, 2000)___________________________________ 32
Fig. 19 – Maquetes de fachada. (The Network Modelmakers) (Porter & Neale, 2000)
________________________________________________________________ 33
Fig. 20 – Maquete de circulação de ar para medir a ação do vento no edifício
“Taipei 101” ______________________________________________________ 34
Fig. 21 – Maquete de programa da Casa Malaparte. (Joana Mourato Vaz) _____ 34
Fig. 22 – Maquete de percursos da Casa Malaparte. (Joana Mourato Vaz) ______ 35
Fig. 23 – Maquete do interior do “Waingels College” em Wokingham, Reino Unido
(Sheppard Robinson). _______________________________________________ 35
Fig. 24 – Maquete de acústica para o auditório da nova filarmónica de Paris (Jean
Nouvel). __________________________________________________________ 36
Fig. 25 – Maquete de iluminação da galeria Sackler (esq.) e projeto concluído (dir.)
(Foster & Partners) (Porter & Neale, 2000). ______________________________ 37
Fig. 26 – Maquete de interiores para o “Palais an der Öper” em Munique. (LBBW) 38
Fig. 27 – Maquetes de desenvolvimento com acabamento simples para o museu da
Mercedes (UN Studio) (Morris, 2006) ___________________________________ 38
XI
Fig. 28 – Maquete de desenvolvimento com acabamento de apresentação do
“Project Orange” em Moscovo. (Foster & Partners) ________________________ 39
Fig. 29 – Maquete com o relevo em camadas de perfis verticais para o estádio Axa.
(Souto de Moura) __________________________________________________ 41
Fig. 30 – Maquete da “Cactus Tower” realizada com perfis entrelaçados. (Eric
Owen Moss Architects) ______________________________________________ 41
Fig. 31 – Maquete do “National Museum for The New Dutch Waterline” (2011 - 14)
(Rapp & Rapp) _____________________________________________________ 42
Fig. 32 – Maquete com triangulação do relevo usando triângulos semelhantes entre
si. (Knoll & Hechinger, 2007) __________________________________________ 42
Fig. 33 – Esquema de planificação do Museu de Arte em Denver (Daniel Libeskind)
________________________________________________________________ 43
Fig. 34 – Maquete de relevo fabricada em gesso com molde “positivo”. ________ 43
Fig. 35 – Maquete em cimento fabricada com molde “negativo” _____________ 44
Fig. 36 – Maquete do Monte Santa Helena realizada por modelação com recurso a
fresadora. (Situfabrication) ___________________________________________ 44
Fig. 37 – Maquete por modelação de edifícios (Langdon Reis Architects). _______ 44
Fig.38 – Classificação adotada para os vários mecanismos de prototipagem rápida.
________________________________________________________________ 49
Fig. 39 – Maquete produzida com recurso a estereolitografia para representar a
cobertura do edifício. _______________________________________________ 49
Tabela 1 – Características dos mecanismos de estereolitografia. (adapt. Vieira,
2007, pp. 26-28). ___________________________________________________ 50
Fig. 40 – Elemento produzido com recurso a FDM. (Sass, 2005) ______________ 50
Tabela 2 – Características dos mecanismos de FDM. (adapt. Vieira, 2007, pp. 26-
28). _____________________________________________________________ 50
Fig. 41 – Maquete de um edifício realizado com recurso a impressora 3D. ______ 50
Tabela 3 – Características das Impressoras 3D. (adapt. Vieira, 2007, pp. 26-28). _ 51
Fig. 42 – Fresadora Multi-Eixos ________________________________________ 51
Tabela 4 – Características das Fresadoras. (adapt. Vieira, 2007, pp. 26-28). _____ 51
Fig. 43 – Maquete em madeira cortada a laser. ___________________________ 52
Fig. 44 – Cortadora a laser multi-eixos. _________________________________ 52
Tabela 5 – Características das Cortadoras a Laser. (adapt. Vieira, 2007, pp. 26-28).
________________________________________________________________ 52
Fig. 45 – Cortadora a jato de água multi-eixos. ___________________________ 52
Tabela 6 – Características das Cortadoras a Jato de Água. (adapt. Vieira, 2007, pp.
26-28). ___________________________________________________________ 53
Fig. 46 – Cortadora de Vinil. __________________________________________ 53
Tabela 7 – Características das Cortadoras de Vinil. (adapt. Vieira, 2007, pp. 26-28).
________________________________________________________________ 53
Tabela 8 – Características dos vários mecanismos de prototipagem rápida _____ 54
Fig. 47 – Interface do AutoSlice. (Vieira, 2007) ____________________________ 56
Fig. 48 – Seccionamento do modelo realizado pelo AutoSlice. (Vieira, 2007) ____ 56
Fig. 49 – Planificação da triangulação. __________________________________ 57
Fig. 50 – Modelo de uma triangulação importada no Pepakura. ______________ 57
Fig. 51 – Planificação de um cone realizada pela função “UnrollSrf” existente no
Rhinoceros 4.______________________________________________________ 57
Fig. 52 – Novo processo de fabricação de maquetes. _______________________ 63
Fig. 53 – Esquema descritivo do processo a implementar e seus benefícios. _____ 64
Fig. 54 – Relevo base em estudo _______________________________________ 66
Fig. 55 – Relevo base com curvas de nível após o estudo topográfico. _________ 66
Fig. 56 – As curvas de nível anteriores podem ser comparadas a secções no relevo.
________________________________________________________________ 66
Fig. 57 – Utilizando a geometria das seções anteriores, as quais por sua vez se
baseiam nas curvas de nível, podem ser construídos perfis que ao serem
sobrepostos representam as características do terreno. ____________________ 66
Fig. 58 – Maquete do projeto “24 habitações unifamiliares em banda - L158”, "Bom
Sucesso - Design Resort" (Arq. Nuno Graça Moura) – É de notar que o relevo é
construído através de uma série de perfis sólidos horizontais.________________ 67
Fig. 59 – Etapa I. – Cópia da carta topográfica à escala 1:200 e com a área de
representação da maquete definida. ___________________________________ 67
Fig. 60 – Etapa II. – A escala vertical deve ser calculada com base na escala da
maquete e na equidistância natural. ___________________________________ 67
Fig. 61 – Etapa III. – Fixar os cantos da carta topográfica a uma placa de material
com a espessura adequada. __________________________________________ 67
Fig. 62 – Etapa IV. – Recortar a curva de nível à menor cota ignorando a curva de
nível que delimita a cota zero. ________________________________________ 67
Fig. 63 – Etapa V. – Recortar a curva de nível imediatamente a seguir. ________ 67
Fig. 64 – Etapa VI. – Colar os perfis pela ordem correta. ____________________ 67
Fig. 65 – Relevo representado por vários perfis alisados. (Hannes Walter) ______ 68
Fig. 66 – Vista em alçado para comparação entre perfis tradicionais e perfis
alisados (curvas de nível a ciano, relevo a tracejado e perfis a preto.): 1) Perfis
horizontais tradicionais (a curva de nível à cota zero é ignorada). 2) Perfis
horizontais que devem ser alisados (a primeira curva de nível a ser cortada é a da
cota zero). 3) Material em excesso que deve ser removido. __________________ 68
Fig. 67 – Etapa VI. – Desbastar o material em excesso em cada perfil. Nota: o perfil
assinalado foi desbastado enquanto os outros ainda não. __________________ 68
Fig. 68 – Etapa VI. – Todos os perfis foram desbastados. O resultado é um relevo
suave. ___________________________________________________________ 68
Fig. 69 – Exposição “Systematic Landscapes”. (Maya Lin) – Neste caso o relevo é
representado por uma série de perfis verticais. ___________________________ 69
Fig. 70 – Etapa I. – Cartografia com a área a representar. ___________________ 69
Fig. 71 – Etapa II. – Calcular perfis verticais paralelos com um afastamento
horizontal de acordo com a espessura do material. ________________________ 69
Fig. 72 – Etapas III. e IV. – Desenhar os perfis calculados anteriormente sobre o
material e recortá-los. ______________________________________________ 69
Fig. 73 – Etapa V. – Colar os perfis pela ordem correta. _____________________ 69
Fig. 74 – Maquete da casa “Raybould” em Fairfield County, Connecticut. (Mac
Donald Studio) – Neste caso o relevo e o projeto são representados através de uma
série de perfis verticais entrelaçados. ___________________________________ 70
Fig. 75 – Etapa II. i. – Com base na cartografia desenhar os perfis entrelaçados com
o afastamento horizontal pretendido. __________________________________ 70
Fig. 76 – Etapa II. iv – Desenhar os perfis sobre o material adicionando os encaixes
necessários para montar corretamente a maquete. _______________________ 70
Fig. 77 – Etapa II. iv – Método de encaixe entre perfis. _____________________ 70
Fig. 78 – Etapa V – Colar os perfis pela ordem correta. _____________________ 70
Fig. 79 – Etapa I – Caixa envolvente na qual o modelo se insere. ______________ 71
Fig. 80 – Etapa II – É determinado o ponto onde deve ser feito o primeiro perfil. _ 71
Fig. 81 – Etapa III – É determinado um ponto oposto ao anterior. _____________ 71
Fig. 82 – Etapa IV – São calculadas as coordenadas de cada secção que darão
origem a um perfil. _________________________________________________ 71
Fig. 83 – Etapa V – É efetuada a primeira secção. _________________________ 72
XIII
Fig. 84 – Etapa VI – A primeira secção dá origem ao primeiro perfil. ___________ 72
Fig. 85 – Modelo virtual corresponde à forma final da maquete. _____________ 72
Fig. 86 – Etapa VII – Peça a cortar contendo as sobreposições a tracejado. _____ 72
Fig. 87 – Etapa VIII – As secções são dispostas de modo a otimizarem o material. 72
Fig. 88 – Diferenças entre algoritmos – Ambos os modelos representam a mesma
esfera. O modelo A) foi produzido utilizando o algoritmo anterior. O modelo B) foi
produzido utilizando o algoritmo agora proposto. _________________________ 73
Fig. 89 – Etapa I – São determinadas as dimensões da caixa envolvente no qual o
modelo se insere. __________________________________________________ 73
Fig. 90 – Etapa II – É determinado o ponto central da caixa envolvente. ________ 73
Fig. 91 – Etapa III – São determinadas as coordenadas dos pontos finais. ______ 73
Fig. 92 – Etapa V – São calculadas as coordenadas de cada secção. ___________ 73
Fig. 93 – Etapa VI – É efetuada a primeira secção no ponto central. ___________ 74
Fig. 94 – Etapa VII – Cada secção dá origem a um perfil. ____________________ 74
Fig. 95 – Neste método cada secção está ao centro do perfil (ver linha ao centro dos
perfis). ___________________________________________________________ 74
Fig. 96 – Etapa IX – As peças são distribuídas por forma a otimizarem a utilização
do material._______________________________________________________ 74
Fig. 97 – Etapa I – Produzir o primeiro conjunto de perfis. ___________________ 74
Fig. 98 – Etapa II – Produzir o segundo conjunto de perfis de modo a intercetar o
primeiro. _________________________________________________________ 75
Fig. 99 – Etapa III – Subtrair os paralelepípedos no local de intersecção para criar os
encaixes. _________________________________________________________ 75
Fig. 100 – Etapa IV – Subtrair os paralelepípedos no local de intersecção para criar
encaixes no segundo conjunto. ________________________________________ 75
Fig. 101 – Etapa IV – Modelo final. _____________________________________ 75
Fig. 102 – Etapa I – Secções do primeiro conjunto._________________________ 75
Fig. 103 – Etapa II – Secções do segundo conjunto. ________________________ 76
Fig. 104 – Etapa III – Subtrair um cilindro em cada interseção. _______________ 76
Fig. 105 – Etapa IV – Subtrair um cilindro em cada interseção. _______________ 76
Fig. 106 – Etapa VI – Rearranjo das peças. _______________________________ 76
Fig. 107 – Excerto de uma maquete fabricada com perfis oblíquos para representar
o Monte Evereste. __________________________________________________ 76
Fig. 108 – Maquete do relevo utilizando perfis oblíquos segundo os eixos X e Z. __ 76
Fig. 109 – Maquete do relevo utilizando perfis oblíquos segundo os eixos X, Y e Z. 76
Fig. 110 – Maquete do projeto para um hotel no Linhó. (Arx Portugal) – Aqui o
relevo é representado através de uma série de perfis ocos os quais se apoiam numa
estrutura interna de suporte. _________________________________________ 77
Fig. 111 – Etapa I – Definir a área a representar. __________________________ 77
Fig. 112 – Etapa II. – A escala vertical se acordo com equidistância natural._____ 77
Fig. 113 – Etapa III – Fixar as cartas topográficas no material. _______________ 77
Fig. 114 – Etapa IV – Cortar as curvas de nível pares (as marcações do local de
sobreposição das curvas ímpares estão a tracejado). ______________________ 77
Fig. 115 – Etapa V – Cortar as curvas de nível ímpares (as marcações do local de
sobreposição das curvas pares estão a tracejado). ________________________ 77
Fig. 116 – Etapa VI – Colar os perfis pela ordem correta. ____________________ 78
Fig. 117 – À esquerda foram efetuados perfis ocos num elemento convexo e à
direita foram realizados perfis ocos num elemento côncavo. ________________ 78
Fig. 118 – Etapa I – Produzir uma série de perfis. __________________________ 78
Fig. 119 – Etapa III – Mover o segundo conjunto de perfis. __________________ 78
Fig. 120 – Etapa IV – O segundo conjunto de perfis interceta o primeiro conjunto. 78
Fig. 121 – Etapa V – Para se obter o modelo virtual da maquete basta subtrair ao
primeiro conjunto de perfis, o segundo conjunto. _________________________ 79
Fig. 122 – Etapa I – Efetuar um conjunto de secções. _______________________ 79
Fig. 123 – Etapa IV – Subtrair ao primeiro conjunto de secções o segundo conjunto.
________________________________________________________________ 79
Fig. 124 – Etapas V e VI – Orientar as secções no plano e realizar as marcações _ 79
Fig. 125 – Etapa VII – Encaixar as secções umas nas outras de forma a otimizar o
material. Para tal é necessário criar um grupo de curvas pares e um grupo de curvas
ímpares. _________________________________________________________ 79
Fig. 126 – Maquete da casa no Martinhal. (Arx Portugal) – O relevo foi construído
recorrendo a uma triangulação. _______________________________________ 81
Fig. 127 – Etapa I – carta topográfica exibindo as curvas de nível e pontos cotados.
________________________________________________________________ 81
Fig. 128 – Etapa II – Construir uma série de perfis entrelaçados que servirão de guia
e sustentação à triangulação._________________________________________ 81
Fig. 129 – Etapa III – Apoiar os perfis entrelaçados sobre a carta topográfica. ___ 81
Fig. 130 – Etapa IV – Com um compasso e as dimensões das arestas, desenhar o
primeiro triângulo. _________________________________________________ 81
Fig. 131 – Etapa IV (opcional) – Estabelecer uma triangulação geodésica com base
nos elementos da carta topográfica que servirá de guia para se determinarem as
dimensões corretas dos triângulos. ____________________________________ 81
Fig. 132 – Etapa V – Colar o primeiro triângulo. ___________________________ 82
Fig. 133 – Etapa VII – Colar o segundo triângulo. __________________________ 82
Fig. 134 – Etapa VIII – Colar os triângulos restantes. _______________________ 82
Fig. 135 – Triangulação final. _________________________________________ 82
Fig. 136 – Etapa I – Triangulação original calculada em ambiente CAD. ________ 83
Fig. 137 – Etapa I – Novo modelo da triangulação (ciano) com as faces paralelas às
originais (preto). ___________________________________________________ 83
Fig. 138 – Etapa II – Cada face do novo modelo dá origem a uma peça da
triangulação. ______________________________________________________ 83
Fig. 139 – Etapa II – Triangulação final. _________________________________ 83
Fig. 140 – Etapa VIII – Colar os triângulos restantes. _______________________ 83
Fig. 141 – Etapa IV – Os conjuntos de faces são dispostos de modo a otimizarem o
material. _________________________________________________________ 84
Fig. 142 – Etapa V – Na face posterior do material, marcar as linhas de água (1). Na
face anterior do material, marcar as linhas de festo e as linhas de corte (2). ____ 84
Fig. 143 – Maquete do estádio Miejski em Varsóvia. (JSK Architekci) – Nesta
maquete é possível contemplar a estrutura interior e a forma como devem ser
planificados os vários elementos construtivos. ____________________________ 84
Fig. 144 – Etapa I – Edifício a representar à escala 1:100. ___________________ 84
Fig. 145 – Etapa II – Neste caso o material (assinalado a azul) tem espessura inferior
à espessura original da parede. Assim, é necessário redefinir a geometria da parede
e dos elementos que dela dependem para permitir um encaixe correto. ________ 85
Fig. 146 – Etapa III. i. – Desenhar a laje em planta pelos limites interiores da
fachada, assinalando os elementos que nela se apoiam. Na imagem a azul está a
planta da laje e a negrito a planta das paredes interiores. __________________ 85
Fig. 147 – Etapa III. ii. a. – Planificar o pano de parede mais longo da fachada em
toda a sua extensão e ao longo dos vários pisos. __________________________ 86
Fig. 148 – Etapa III. ii. b. – Planificar o pano de parede seguinte na sua extensão
mínima. __________________________________________________________ 86
XV
Fig. 149 – Etapa III. ii. c. – Planificar o pano de parede seguinte na sua extensão
máxima. A planificação dos panos de parede seguintes deve obedecer aos princípios
anteriores. ________________________________________________________ 86
Fig. 150 – Etapa III. iii. a. – Planificar o pano de parede interior mais longo na sua
extensão máxima. __________________________________________________ 87
Fig. 151 – Etapa III. iii. b. – Planificar o pano de parede interior seguinte na sua
extensão mínima. __________________________________________________ 87
Fig. 152 – Ângulos superiores a 120 0 – Planificar ambos os panos de parede na sua
extensão mínima. (Vista em planta) ____________________________________ 87
Fig. 153 – Ângulos entre 1200 e 900 – Planificar um dos panos de parede na sua
extensão máxima e o pano seguinte numa distância que intersete o pano anterior.
(Vista em planta) __________________________________________________ 87
Fig. 154 – Ângulos inferiores a 900 – Planificar um dos panos de parede na sua
extensão mínima e o pano seguinte numa distância que intersete os limites
originais. (Vista em planta) ___________________________________________ 87
Fig. 155 – Paredes com múltiplas derivações – O pano de parede central tem
prioridade nos encaixes e, portanto, deve ser planificado na sua extensão máxima.
________________________________________________________________ 88
Fig. 156 – Paredes curvas – As paredes curvas devem ser planificadas ao longo do
comprimento de curvatura e posteriormente devem ser moldadas até à forma
pretendida. _______________________________________________________ 88
Fig. 157 – Etapa III. iv. – Escalas até 1:200 – Escadas em forma de rampa com
marcas a simular os degraus. _________________________________________ 88
Fig. 158 – Etapa III. iv. – Escalas 1:200 e superiores – Neste caso os degraus são
representados por tiras de material com a espessura adequada. _____________ 88
Fig. 159 – Etapa III. iv. – Escalas 1:200 e superiores – Neste caso os degraus são
representados por tiras de material com a espessura adequada e apoiados numa
rampa.___________________________________________________________ 88
Fig. 160 – Etapa III. iv. – Escalas superiores a 1:200 – Em escalas maiores é
frequente representar elementos como os corrimões. À escala 1:50 a representação
deve ser bastante detalhada. _________________________________________ 89
Fig. 161 – Etapa III. v. – A representação de elementos estruturais deve ser feita de
forma linear com base nas suas dimensões em alçado. _____________________ 89
Fig. 162 – Etapa III. vii. – As coberturas inclinadas devem ser planificadas de acordo
com o número de águas._____________________________________________ 89
Fig. 163 – Maquete da Casa Malaparte adotando as etapas anteriores na sua
manufatura. ______________________________________________________ 90
Fig. 164 – (1) A esfera é o molde positivo, pois tem a forma do objeto ao centro (2).
(3) A caixa com a concavidade é o molde negativo, pois a sua concavidade
corresponde à forma da peça ao centro. ________________________________ 91
Fig. 165 – Maquete da residência de idosos em São Brás. (Aires Mateus) – Uma
observação atenta à textura do relevo denota que este pode ter sido construído
com gesso em gaze sobre um molde positivo, provavelmente um relevo por perfis
ou triangulação. ___________________________________________________ 92
Fig. 166 – Etapa II (Molde Perdido) – Assinalado a azul está o molde e a negrito o
material que deve cobrir o molde. _____________________________________ 93
Fig. 167 – Etapa II (Molde Reutilizável) – Assinalado a azul está o molde e a negrito
o material que deve cobrir o molde. É de notar que existe uma placa que separa
duas metades de material para permitir a remoção do molde. _______________ 93
Fig. 168 – Etapa IV (Molde Positivo Reutilizável) – Aplicar desmoldante na superfície
do molde e na placa de separação do material. ___________________________ 93
Fig. 169 – Etapa VI – Aplicar o material sobre o molde conforme as instruções do
material. _________________________________________________________ 94
Fig. 170 – Etapa VIII – Desmoldar ______________________________________ 94
Fig. 171 – Etapa IX – Polir a peça final para se obter um acabamento reluzente. _ 94
Fig. 172 – Molde positivo da torre “Al Hamra” fabricado em perfis através do
algoritmo de perfis ao centro. ________________________________________ 94
Fig. 173 – Peça em acrílico obtida utilizando o molde da Fig. 172 na Pág. 87. ___ 95
Fig. 174 – Maquete para a Filarmónica do Elba em Hamburgo. (Herzog & De
Meuron) – Dada a geometria curva da parte translúcida da maquete e o material
(plástico ou resina), esta construção poderia ser executada recorrendo a moldes. 95
Fig. 175 – Etapa II – Caso o material do molde seja rígido e existam reentrâncias é
necessário dividir o molde em múltiplas partes. ___________________________ 96
Fig. 176 – Etapa III – Caso o material do molde não seja maleável ou caso exista o
perigo do material a verter aderir ao molde é necessário aplicar um desmoldante.
________________________________________________________________ 96
Fig. 177 – Etapa V – Verter o material lentamente de modo a que não fiquem
presas bolhas de ar no seu interior. ____________________________________ 96
Fig. 178 – Etapa VII – Desmoldar ______________________________________ 97
Fig. 179 – Etapa VIII – Com lixa fina, remover as imperfeições. _______________ 97
Fig. 180 – Peça em acrílico obtida utilizando o molde da Fig. 173 na Pág. 88. ___ 97
Fig. 181 – Maquete da “Casa Bellevue” em Genebra. (Andrés Ojeda) – Esta maquete
poderia ter sido construída utilizando um material maleável como o barro sendo
modelado até à forma pretendida. _____________________________________ 99
Fig. 182 – Etapa I. – Fixar a carta topográfica com as curvas de nível sobre o bloco
de material. _______________________________________________________ 99
Fig. 183 – Etapa II. – Fazer incisões verticais ao longo da primeira curva de nível. 99
Fig. 184 – Etapa III. – Fazer incisões verticais ao longo da primeira curva de nível. 99
Fig. 185 – Etapa IV. – Fazer incisões horizontais até intersetar as incisões verticais
anteriores. ________________________________________________________ 99
Fig. 186 – Etapa V. – Repetir os passos anteriores para as restantes curvas de nível.
________________________________________________________________ 99
Fig. 187 – Relevo após as etapas anteriores. _____________________________ 99
Fig. 188 – Etapa VI. – Relevo alisado. ___________________________________ 99
Fig. 189 – Maquete do museu “Handcraft Paper”. (TAO) – Nesta maquete o edifício
está representado através de uma série de blocos maciços de madeira. _______ 100
Fig. 190 – Etapa I. – Fixar a planta do edifício a representar sobre o bloco de
material. ________________________________________________________ 100
Fig. 191 – Etapa II. – Fazer incisões verticais ao longo do limite da planta. _____ 100
Fig. 192 – Etapa II. – Retirar o material em excesso. ______________________ 100
Fig. 193 – Etapa III. – Adicionar detalhes ao edifício. ______________________ 100
Fig. 194 – “Little Manhattan” (Yutaka Sone) – Bloco de mármore maciço esculpido
de forma a representar a ilha de Manhattan. ___________________________ 101
Tabela 9 – Esta tabela permite a escolha do algoritmo de acordo com o processo de
construção. Para além disso a tabela exibe quais os processos que irão ser
automatizados e aqueles que, por agora, apenas podem ser realizados
manualmente.____________________________________________________ 104
Fig. 195 – Invocação da função “perfis-solidos” utilizando como modelo uma esfera
e a espessura de uma unidade. _______________________________________ 108
Fig. 196 – A figura exibe a sequência de passos proposta para a fabricação de uma
maquete. 1) – Modelo virtual da maquete, visualizado no Rhinoceros 4. 2) – Peças
para corte a laser, visualizadas no Rhinoceros 4. 3) – Maquete. _____________ 109
XVII
Fig. 197 – Modelo do Monte Evereste no Google Earth. ___________________ 110
Fig. 198 – Modelo sólido do Monte Evereste criado no Rhinoceros 4 a partir do
modelo exportado do Sketchup 8. ____________________________________ 110
Fig. 199 – Sequência de produção dos perfis nos modelos A) e B) desde a primeira
secção (em cima) até ao último perfil (em baixo). ________________________ 111
Fig. 200 – Exemplo de um caso em que o Rhinoceros 4 não produziu uma curva
fechada. Note-se que os restantes perfis foram executados corretamente o que
demonstra que o algoritmo está implementado convenientemente.__________ 111
Fig. 201 – Como não é possível determinar a fronteira do elemento a representar, a
ordem de seccionamento tem como base as dimensões da caixa envolvente. Assim,
ao seccionar-se a caixa envolvente de extremidade a extremidade, algumas das
seções não intersetam o modelo. _____________________________________ 111
Fig. 202 – Modelo virtual do Monte Evereste a utilizar como referência. ______ 112
Fig. 203 – Modelo do Monte Evereste dividido em três partes correspondentes a
orientações diferentes de perfis. ______________________________________ 112
Fig. 204 – Sequência de produção dos perfis até originar o modelo virtual da
maquete (última figura).____________________________________________ 112
Fig. 205 – Ficheiro com desenho das peças para corte a laser. As linhas a azul
representam cortes enquanto as vermelhas definem marcações. ____________ 113
Fig. 206 – Perfis fabricados a partir do corte a laser de acrílico vazado de 2 mm. 113
Fig. 207 – A montagem das peças deve obedecer ao modelo virtual da maquete.
Recomenda-se a aplicação de cola utilizando uma seringa para controlar o fluxo.
_______________________________________________________________ 113
Fig. 208 – Maquete do Monte Evereste à escala 1:20000 utilizando perfis sólidos
com diferentes orientações. _________________________________________ 113
Fig. 209 – Modelos virtuais a seccionar. O modelo A) representa o Monte Evereste e
o modelo B) representa uma esfera. ___________________________________ 115
Fig. 210 - Sequência de produção dos perfis nos modelos A) e B) até resultarem nos
modelos virtuais das maquetes (última figura). __________________________ 116
Fig. 211 – Modelo virtual do Monte Evereste o qual serve de referência à produção
do modelo virtual da maquete._______________________________________ 118
Fig. 212 - Sequência da produção dos perfis nos modelos A) e B) desde a primeira
secção (em cima) até ao último perfil (em baixo). ________________________ 118
Fig. 213 – Modelo virtual a representar.________________________________ 119
Fig. 214 – Sequência da produção dos perfis até se atingir o modelo virtual da
maquete. ________________________________________________________ 119
Fig. 215 – Modelo virtual da maquete através de outra perspetiva. __________ 120
Fig. 216 – Ficheiro com desenho das peças a cortar a laser. ________________ 120
Fig. 217 – Peças cortadas a laser em acrílico vazado de 2 mm. ______________ 120
Fig. 218 – A montagem das peças deve ser feita de acordo com o modelo virtual,
utilizando uma seringa para controlar o fluxo de cola. ____________________ 120
Fig. 219 – Maquete final. ___________________________________________ 120
Fig. 220 – O modelo A) representa o Monte Evereste enquanto o modelo B) ilustra
um elemento convexo. _____________________________________________ 122
Fig. 221 - Sequência da produção dos perfis até se atingir o modelo virtual da
maquete. Note-se que os perfis a amarelo correspondem aos perfis movidos os
quais devem ser subtraídos aos perfis originais de modo a se obterem perfis ocos.
_______________________________________________________________ 122
Fig. 222 – O modelo A) representa a triangulação de um relevo enquanto o modelo
B) representa a triangulação de uma esfera. ____________________________ 124
Fig. 223 – Sequência de etapas para produção dos modelos virtuais das maquetes
A) e B). Note-se que a primeira imagem corresponde à triangulação calculada com
o afastamento designado a partir da qual são calculadas as peças da maquete. 124
Fig. 224 – Casa Malaparte, Capri. _____________________________________ 125
Fig. 225 – Modelo virtual da Casa Malaparte realizado no Archicad 16. _______ 125
Fig. 226 – Modelo virtual da triangulação exportada para o Rhinoceros 4._____ 125
Fig. 227 – Modelo virtual da triangulação realizada em CAD e analisada no
Pepakura Designer 3. Estão assinaladas a magenta as linhas de festo e a ciano as
linhas de água. ___________________________________________________ 126
Fig. 228 – As etapas A) descrevem a realização da triangulação enquanto as etapas
B) demonstram a aplicação dos perfis. A imagem C) constitui o modelo virtual da
maquete. ________________________________________________________ 126
Fig. 229 – Ficheiro contendo as peças a cortar a laser. A azul estão definidas as
linhas a cortar e a vermelho, as linhas a dobar. __________________________ 127
Fig. 230 – Peças da triangulação cortadas a laser em cartolina Bristol de 0,51 mm.
_______________________________________________________________ 127
Fig. 231 – Montagem dos perfis entrelaçados. Nota: Foi incluído um circuito de
iluminação no interior da maquete. ___________________________________ 127
Fig. 232 – Dobragem dos conjuntos de faces para se obter a forma a representar.
_______________________________________________________________ 127
Fig. 233 – Montagem dos conjuntos de faces sobre os perfis entrelaçados. ____ 128
Fig. 234 – Maquete final da triangulação do relevo da Casa Malaparte. ______ 128
Fig. 235 – Diferenças entre a triangulação manual e a realizada com o auxílio do
algoritmo – 1) Casa Malaparte. 2) Maquete da aluna Joana Vaz. 3) Maquete
realizada para a avaliação do algoritmo proposto. _______________________ 128
Fig. 236 – Vista interior da sala da Casa Malaparte. ______________________ 129
Fig. 237 – Modelo da Casa Malaparte exibindo os espaços interiores. ________ 129
Fig. 238 – Planificação de uma laje. A ciano estão marcadas as linhas a cortar e a
tracejado estão representadas as marcações dos elementos construtivos que
assentam na laje. _________________________________________________ 129
Fig. 239 – Planificação da fachada. A ciano está representado o pano exterior e a
magenta o pano interior. ___________________________________________ 129
Fig. 240 – Planificação das paredes interiores de acordo com o algoritmo proposto.
_______________________________________________________________ 129
Fig. 241 – Planificação das escadas. A linha a tracejado corresponde ao lugar onde
assenta o degrau seguinte. Este processo foi repetido para todos os degraus. __ 130
Fig. 242 – Os elementos estruturais foram planificados de acordo com a forma em
alçado. _________________________________________________________ 130
Fig. 243 – As lareiras foram planificadas peça a peça tendo em atenção o encaixe
das componentes umas nas outras. ___________________________________ 130
Fig. 244 – As coberturas planas foram planificadas do mesmo modo que as lajes.
_______________________________________________________________ 130
Fig. 245 – Ficheiro para o corte a laser das peças. A azul estão marcadas as peças a
cortar e a vermelho as marcações a efetuar. ____________________________ 130
Fig. 246 – A maior parte das peças foi cortada em cartolina “bristol” de 1 mm. No
entanto, as peças observadas na imagem tiveram de ser cortadas utilizando duas
camadas de 1 mm de cartolina “bristol”. _______________________________ 130
Fig. 247 – A montagem das peças foi feita de acordo com o modelo virtual da
maquete. ________________________________________________________ 131
Fig. 248 - Maquete da Casa Malaparte. ________________________________ 131
XIX
Fig. 249 – Diferenças entre a planificação realizada pela Aluna Joana Vaz (JV) e a
planificação realizada (RF) utilizando o algoritmo proposto. ________________ 131
Fig. 250 - Edifício "Al Hamra" (Kuwait). ________________________________ 132
Fig. 251 – Esquema construtivo do edifício, o qual orientou a produção do um
modelo virtual. ___________________________________________________ 132
Fig. 252 – Modelo virtual de parte do edifício “Al Hamra”, realizado no Rhinoceros
4. ______________________________________________________________ 133
Fig. 253 – Sequência de etapas necessárias à produção dos perfis que constituem o
molde positivo. ___________________________________________________ 133
Fig. 254 – Foram desenhadas a azul as linhas que devem ser cortadas a laser e a
vermelho a numeração dos perfis. ____________________________________ 133
Fig. 255 - Os perfis foram cortados a laser em cartão cinzento de 2 mm. ______ 133
Fig. 256 – Esquema de montagem dos perfis. Em primeiro lugar foi produzido um
suporte 1) e depois os perfis foram sendo colados 2) e 3) até à estrutura do molde
estar completa 4). _________________________________________________ 134
Fig. 257 – A imagem mostra o molde positivo logo após a aplicação da argila. _ 134
Fig. 258 – A imagem 1) mostra o molde após a aplicação do gesso enquanto a
imagem 2) mostra o molde final após a aplicação de uma argamassa de gesso e cal.
_______________________________________________________________ 134
Fig. 259 – A primeira camada de silicone foi vertida no recipiente sem o molde
positivo._________________________________________________________ 135
Fig. 260 – O silicone foi vazado utilizando uma espátula para as bolhas se
libertarem. ______________________________________________________ 135
Fig. 261 - O recipiente foi desmontado para se obter o molde em silicone com o
modelo no interior. ________________________________________________ 135
Fig. 262 – A resina cristal foi vazada lentamente para o interior do molde negativo.
_______________________________________________________________ 136
Fig. 263 – Depois do processo de cura obteve-se a peça desejada. ___________ 136
Fig. 264 – Novo processo de fabricação de maquetes. _____________________ 142
Fig. 265 – Maquete produzida com peças Lego. (BIG) _____________________ 144
Fig. 266 – Maquete do edifício “Mythos” em exposição no CCB. _____________ 157
Fig. 267 – Troço de maquete para o Fórum de Sintra em exposição no CCB. ____ 159
Fig. 268 – Maquetes de desenvolvimento do projeto de ampliação do Museu de
Ílhavo. __________________________________________________________ 160
1. INTRODUÇÃO
1
1.1. TEMA
Esta dissertação aborda a produção de maquetes, propondo algoritmos e
implementações capazes não só de permitirem visualizar as maquetes antes da sua
produção, como também de acelerar substancialmente a produção dessas
maquetes.
1.2. MOTIVAÇÃO
Desde os princípios da civilização que o homem desenvolveu um fascínio por
produzir miniaturas dos edifícios, quer construídos quer idealizados, como forma
de avaliar as sensações transmitidas à escala real (Porter & Neale, 2000, p. 2)1.
1
Anon. (2003) “scale model” in: Parker, S. P. (Ed.) McGraw-Hill Dictionary of Scientific & Technical
Terms. 6ª Edição, Nova Iorque: The McGraw-Hill Companies, Inc.
do desenho assistido por computador e da prototipagem rápida tornam-se de
grande interesse para a produção de maquetes. Através destes dispositivos é agora
possível produzir maquetes de forma mais rigorosa e mais eficiente.
Existe ainda um outro aspeto a ter em conta na fabricação de maquetes, o qual diz
respeito ao facto de ainda não se conhecer a aparência final da maquete e já se ter
de avançar na produção da mesma, correndo-se o risco de chegar ao fim e não se
ficar satisfeito com o resultado obtido.
2
Anon. (2003) “Algorithm” in: Parker, S. P. (Ed.) McGraw-Hill Dictionary of Scientific & Technical Terms.
6ª Edição, Nova Iorque: The McGraw-Hill Companies, Inc.
3
1.3. OBJETIVOS
O principal objetivo desta investigação é propor um processo de fabricação de
maquetes que, mantendo a liberdade criativa, permita pré-visualizar a aparência
das maquetes antes da sua construção e, finalmente, automatize as etapas menos
eficientes, libertando o arquiteto para ações do foro conceptual, da investigação e
da avaliação do projeto.
Para que seja possível implementar esse processo é necessário, em primeiro lugar,
cumprir os seguintes objetivos:
1.5. METODOLOGIA
O levantamento do estado da arte encontra-se dividido nos seguintes tópicos:
5
PARTE I – ESTADO DA ARTE
7
2. A ORIGEM DA MAQUETE
“Desde o início, a dupla função da maquete emerge. Por um lado, ela serve o
processo criativo e, por outro, é suposto ser um meio de compreensão imediata e de
comunicação com os não-especialistas” (Mosser, 1981)
9
Desde há muito tempo que miniaturização de projetos arquitetónicos, quer
idealizados, quer construídos, fascina o Homem. Esta miniaturização é um meio de
pré-visualizar as formas, as sensações e o impacto que o projeto terá à escala real.
No entanto, são poucas as maquetes que sobreviveram ao longo dos séculos,
dificultando uma visão clara e rigorosa da sua real influência na arquitetura. Fig. 1 – Oferenda chinesa em cerâmica
(séc. I – II A.C.) (Porter & Neale, 2000).
As representações de objetos e edifícios em forma de pequenas miniaturas existem
desde os primórdios da antiguidade, sendo originalmente colocadas em túmulos e
utilizadas como oferendas a deuses antigos (Fig. 1).
No Renascimento, uma nova forma de pensar emerge nas ciências e nas artes. Na
arquitetura, tal mudança criou a profissão de “Arquiteto”, tido como como o único
autor de um projeto e coordenador das operações de construção (Wilkinson, 1977,
p. 142). De facto, o projeto é um conceito renascentista que nasce da organização
de ideias espaciais segundo desenhos e maquetes. Assim, a maquete, como os
arquitetos de hoje a entendem, foi também uma invenção do Renascimento. A
nova abordagem projetual, mais completa e com especial atenção aos espaços, às
formas, aos ritmos e aos materiais, implicava o uso de maquetes exploratórias para
testar certos elementos mais dinâmicos ou escolher os materiais a empregar. Por
vezes, estas eram fabricadas à escala real, em madeira, gesso e argila, as quais
eram usadas para experimentação estrutural, como na Idade Média, mas utilizando
frequentemente, secções destacáveis de telhados e pisos que permitiam uma visão
do interior e funcionavam como auxiliares de desenho na avaliação da penetração
da luz e na representação do volume e do espaço (Porter & Neale, 2000, p. 3).
11
nitidez, mas fazia-a pura e simples, mais para ser admirada pelo conceito do que
pela mestria do artesão” cit. em (Porter & Neale, 2000, p. 4).
Michelangelo, por seu lado, no projeto documentado por Giorgio Vasari para a
cúpula da Basílica de S. Pedro em Roma, dá grande ênfase à produção de maquetes
atendendo ao seu grau de detalhe e rigor. Com efeito, o projeto foi iniciado com a
execução de maquetes em argila, sendo complementado por esboços, plantas,
cortes e alçados e concluído com a execução de uma maquete final, fabricada em
madeira, prestando especial atenção aos materiais e às técnicas (Fig. 3). Além do
poder físico e da presença sedutora desta maquete que promovia as opções
projetuais, a grande qualidade visível neste trabalho tinha a intenção de mostrar
claramente, através dos seus pormenores, a estrutura e a forma como a cúpula
Fig. 3 – Maquete para a cúpula da Basílica
deveria ser erguida (Porter & Neale, 2000, pp. 4-5).
de S. Pedro executada Giacomo Della
Porta.
No Barroco, a preocupação com a iluminação dramática e com a complexidade
espacial encontrou particular expressão nas maquetes que representavam soluções
interiores. Bernini fabricava maquetes em cera e em argila para estruturas e
esculturas a integrar no projeto (Wilton-Ely, 2009). Muitas destas maquetes eram
mesmo construídas à escala real e testadas in situ antes da sua execução
empregando os materiais (Porter & Neale, 2000, p. 10).
13
Diferentes estilos competiam entre si no início do século XX e qualquer estilo
arquitetónico ligado a revivalismos estava condenado à extinção, já que o público
em geral ansiava pela novidade. Neste contexto, a proliferação da Art Noveau
conduziu a arquitetura por formas mais naturais, com espaços propostos, que
fluíam lentamente através do edifício numa sucessão de curvas e contracurvas.
Destaca-se, neste período, o processo criativo de Antoni Gaudi, cujos métodos de
Fig. 5 – Maquete de pesos para a Sagrada
visualização e de simulação de espaços arquitetónicos eram tão inconvencionais Família.
como as suas formas arquitetónicas. Os projetos para as Igrejas de Santa Coloma e
Sagrada Família, em Barcelona, não incluíam técnicas gráficas, antes evoluíam a
partir duma série de maquetes de fios e pesos trabalhadas pelo engenheiro
Eduardo Goetz (Fig. 5), ou então a partir de maquetes em gesso esculpidas por
Bertran (Porter & Neale, 2000, p. 16). Gaudi, que raramente dependia de desenhos
para atingir a excecionalidade tridimensional, apoiava-se quase exclusivamente em
formas de investigação tridimensionais. Este tipo de maquetes conceptuais, em vez
de inibir a criatividade, aumentava a sua capacidade de articular o espaço
altamente complexo.
15
3. ENTREVISTA “ A IMPORTÂNCIA DAS MAQUETES”
17
Para identificar melhor o uso que os arquitetos fazem das maquetes, realizou-se
uma entrevista ao Arq. José Mateus, a qual pode ser lida na íntegra no Anexo I
Entrevista “A importância das maquetes”.
A opção de entrevistar o Arq. José Mateus deve-se ao lugar de destaque que ele
ocupa na arquitetura como cofundador do ateliê ARX Portugal, Professor e
Presidente do Conselho Diretivo da Trienal de Arquitetura de Lisboa.
Tal como diz o Arquiteto: " Há, ainda, outros aspetos muito importantes, como por
exemplo o colocar a maquete debaixo de um candeeiro simulando a luz natural,
rodá-la debaixo desse candeeiro, procurando sempre entender formas diferentes
de incidência da luz solar no objeto, seja nas sombras projetadas ou nas próprias,
seja no tipo de ambiente que provoca depois essa luz no interior de um espaço
maquetedo. Portanto, as maquetes mantêm a sua importância fulcral.”
Por outro lado, como relata o Arquiteto: “Há um lado quase lúdico, sobretudo para
os alunos que sempre tiveram esse gosto pela construção e pelos kits de
montagem, por esse lado mais manual… e que se transporta e se continua na
cadeira de Projeto, o que pode ajudar esse aluno a reforçar a sua ligação à
arquitetura através do gozo lúdico de construir os objetos.”
Fig. 10 – Exposição "ARX: Arquivo" no CCB. Cada mostrador em madeira contém uma ou várias
maquetes o que dá uma ideia da real importância da maquete na prática de muitos ateliês.
19
4. CLASSIFICAÇÃO DE MAQUETES
Poderão as maquetes superar o bloqueio criativo de um arquiteto? (Morris, 2006)
21
Presentemente, as maquetes apresentam uma grande variedade de formas,
funções, acabamentos e métodos de construção. Tal facto permite a formalização
de diferentes classificações que podem ser empregues em configurações distintas.
Embora não exista uma norma, grande parte dos teóricos de maquetes, como Tom
Porter e John Neale3, classificam-nas de acordo com o objeto de estudo (relevo,
edifícios, mobiliário, etc.). Contudo, muitos outros apoiam-se não só no objeto de
estudo mas também noutros fatores. No caso de Wolfgang Knoll e Martin
Hechinger4, a classificação, para além de funcional, contempla o grau de evolução
do projeto, separando-o em três fases: fase do conceito, fase de desenvolvimento e
fase de apresentação. Porém, Criss Mills5, depois de desenvolvidas as classificações
anteriores, agrupa as maquetes segundo dois grandes grupos: “maquetes
primárias”, que refletem a evolução global do projeto e “maquetes secundárias”, as
quais analisam em detalhe partes do projeto.
Todavia, todos estes autores parecem estar de acordo ao transmitir a ideia de que
o objeto de estudo influencia diretamente o método de fabricação da maquete.
Por exemplo, quando se pretende representar um relevo, estes autores sugerem
que as maquetes devem ser fabricadas segundo sobreposições de perfis
horizontais. No entanto, nenhum deles sugere que os perfis possam ser
sobrepostos numa posição oblíqua. Esta limitação imposta por métodos e
nomenclaturas rígidas implica que continuem por explorar muitas outras formas de
executar maquetes, as quais eventualmente poderiam não só facilitar a execução
das mesmas conduzindo a uma poupança de tempo e dinheiro, mas também
originar novos padrões estéticos.
3
Porter, T. e Neale, J. (2000) Architectural Supermodels: physical design simulation. Oxford:
Architectural Press.
4
Knoll, W. e Hechinger, M. (2007) Architectural models: construction techniques. 2ª Edição, Fort
Lauderdale, EUA: J. Ross Pub..
5
Mills, C. (2005) Designing with models: a studio guide to making and using architectural design models.
2ª Edição, Hoboken, EUA: John Wiley & Sons.
estudo rigoroso do processo de fabricação de uma maquete, facto que se reveste
de suma importância na presente dissertação.
Maquetes
Envolvente
Circulação de Ar Modelação
Construída
Programa
Percursos
Espaços
Acústica
Iluminação
Acabamentos e
Mobiliário
Assim, numa fase inicial na qual existe ainda pouca informação, a produção de
maquetes é uma tarefa simples que pretende fornecer ideias sobre o caminho a
seguir. No entanto, no culminar de um projeto quando o nível de informação é
maior e a forma geral já se encontra estabelecida, as maquetes podem contribuir
para testar determinados componentes funcionando como verdadeiros protótipos.
23
arquitetura são as seguintes:
Durante o Projeto Base as maquetes tornam-se mais complexas, para além das
relações espaciais entre o projeto e a envolvente, elas estudam detalhadamente as
articulações espaciais e funcionais, os jogos de luz natural e o ritmo dos alçados.
Desta forma, grande parte das maquetes conceptuais é produzida durante o estudo
prévio, de forma rápida, recorrendo a técnicas simples e a materiais facilmente
trabalháveis. Estes materiais permitem o corte e a modificação como produto da
exploração conceptual, o que lhe confere uma grande espontaneidade e
25
flexibilidade (Porter & Neale, 2000, p. 21). Por outro lado, as maquetes conceptuais
podem ser fabricadas em série, o que lhes permite explorar rapidamente
diferentes soluções (Mills, 2005).
No entanto, nem todas as maquetes conceptuais são realizadas nos estágios iniciais
do projeto, podendo também ser fabricadas num processo de retrospetiva, ou seja,
como demonstração de conceitos básicos, quando um projeto está terminado e o
edifício concluído. Por exemplo, Oscar Niemeyer utilizava uma esfera e uma faca
para explicar as origens geométricas das suas formas para os edifícios do
parlamento brasileiro e para o museu de Niteroi (Porter & Neale, 2000, p. 23). Já
Daniel Libeskind, para demonstrar a expansão espiral do edifício da caldeira de
aquecimento no Museu Victoria & Albert, em Londres, fez um pequeno origami.
No entanto, segundo Michael Cook citado em (Porter & Neale, 2000, p. 24),
membro do Buro Happold, uma minoria de arquitetos utiliza as maquetes de
desenvolvimento como ferramentas de desenvolvimento do projeto, já que a
maioria só produz uma maquete final como meio de seduzir o cliente. Este
processo elimina qualquer possibilidade de teste e investigação pois a preciosidade
das maquetes finais e o facto de marcarem o culminar do projeto, impossibilita
qualquer oportunidade de modificação.
27
4.1.3. Maquetes de Detalhe
À medida que o projeto caminha para a sua resolução final, torna-se cada vez mais
necessária uma investigação profunda, a um elevado nível de detalhe (Fig. 14),
focando as diferentes especialidades arquitetónicas (estrutura, acústica, espaços
interiores, etc.). Com efeito, esta etapa encontra-se destacada das demais,
constituindo o Projeto de Execução. Durante esta fase de intensa pesquisa, é
prática comum a fabricação de maquetes de detalhe que auxiliam os arquitetos e
equipas técnicas na descoberta das mais variadas soluções arquitetónicas,
estabelecendo frequentemente a ponte entre o arquiteto e o cliente/equipa
técnica.
A forma como o arquiteto lida com os agentes, quer externos (o relevo, o contexto
urbano, etc.) quer internos (a estrutura, os jogos de luz, a organização espacial,
etc.), pode constituir tanto um fator limitante, como ser encadeadora de um
conjunto de características e oportunidades que potenciam o projeto.
O exame rigoroso dos elementos em foco, feito através das maquetes, permite a
sua rápida perceção tridimensional. Assim, estudos que consumiriam demasiado
tempo a efetuar através de desenhos e modelos matemáticos são rapidamente
desenvolvidos e testados recorrendo a maquetes.
4.2.1. Envolvente
Cada projeto encontra-se inserido num meio físico que varia consoante a
localização, o espaço construído em que se situa e as áreas verdes que o rodeiam.
Associar todos estes elementos de forma coesa pode representar uma mais-valia
para o projeto, elevando a condição de arquiteto como potenciador de vivências.
Alguns dos projetos mais marcantes são aqueles que estabelecem a simbiose com
o lugar promovendo a harmonia entre o existente e o que se pretende construir. A
análise profunda dos elementos que constituem a envolvente pode transformar as
suas condicionantes em acontecimentos, destacando-o dos demais em concurso.
4.2.1.1. Relevo
Fig. 15 – Maquete de relevo incluindo a proposta para o museu Chikatsa-Asuka (Tadao Ando)
29
As maquetes de relevo são construídas no sentido de se proceder ao estudo
detalhado do declive de uma determinada área, por forma a possibilitar uma
arquitetura que assente na exploração das melhores características do lugar e
evidenciando o projeto (Fig. 15, Pág. 29).
4.2.1.2. Paisagem
Fig. 16 – Maquete de proposta paisagística para o concurso “Young Architects Program” 2009 (Indie
Architecture)
Fig. 17 – Proposta para arranjo urbanístico do novo distrito cultural de Hong Kong (OMA)
31
Tipicamente, estas maquetes exibem os edifícios da envolvente de forma
simplificada com uma coloração neutra por forma a evidenciarem os espaços e
edifícios propostos (Mills, 2005, p. 20). Por vezes, possuem espaços livres que
permitem o encaixe de várias propostas arquitetónicas, a fim de se testar qual a
que melhor se relaciona com a sua envolvente.
4.2.2. Edifício
Para que tal seja possível, a arquitetura mantém um vasto leque de áreas de
estudo afetas à construção de edifícios. Assim, não é de surpreender que quando
um edifício está a ser projetado se efetuem testes para verificar a sua reação aos
elementos da natureza bem como estudos das várias funções que o edifício pode
desempenhar.
4.2.2.1. Estrutura
Fig. 18 – Maquete estrutural do Museu de Arte contemporânea de Osaka (Cesar Pelli & Assoc.) (Porter
& Neale, 2000)
As maquetes de estrutura (Fig. 18, Pág. 32) constituem modelos físicos de trabalho
os quais permitem explorar soluções para problemas funcionais, tecnológicos e
estruturais, em situações espaciais complexas (Knoll & Hechinger, 2007, p. 20).
Desta forma, estas maquetes dão a conhecer estudos sobre estrutura, circulação e
disposição das funções programáticas, refletindo a localização exata das vigas, as
transferências de carga e outras considerações técnicas. De facto, podem também
ser utilizadas para explorar projetos criativos de estruturas como pontes e treliças,
desenvolvendo e transmitindo pormenores da sua execução (Mills, 2005, p. 25).
4.2.2.2. Fachada
Fig. 19 – Maquetes de fachada. (The Network Modelmakers) (Porter & Neale, 2000)
33
as fachadas podem ser modificadas para gerar outras leituras do espaço, impondo
um ritmo ao longo das ruas.
4.2.2.3. Circulação de ar
4.2.2.4. Programa
4.2.2.5. Percursos
4.2.2.6. Espaços
Fig. 23 – Maquete do interior do “Waingels College” em Wokingham, Reino Unido (Sheppard Robinson).
35
características formais, espaciais e funcionais, materializando tridimensionalmente
os conceitos desenvolvidos.
Estas maquetes podem ser fabricadas à escala 1:500 e 1:200 por forma a
estudarem o edifício em relação com a envolvente, ou a escalas entre 1:200 e 1:50
de modo a efetuarem um estudo pormenorizado do edifício e da articulação dos
seus espaços.
4.2.2.7. Acústica
Fig. 24 – Maquete de acústica para o auditório da nova filarmónica de Paris (Jean Nouvel).
Todavia, nem sempre o grau de rigor destas simulações é suficiente. Assim, quando
se trata de analisar grandes auditórios é frequente a elaboração de maquetes que
exibem um nível elevado de rigor e detalhe ao simularem a geometria, os materiais
e todos os elementos que contribuem para a área de superfície dentro de um
espaço. Posteriormente, são inseridos sensores que analisam as características
acústicas do espaço simulado. Com os dados recolhidos, os arquitetos e equipas
técnicas podem finalmente desenvolver alterações à geometria do espaço,
aperfeiçoando as suas qualidades acústicas.
Por forma a efetuarem estudos mais rigorosos, estas maquetes são construídas a
escalas elevadas como por exemplo 1:10.
4.2.2.8. Iluminação
Fig. 25 – Maquete de iluminação da galeria Sackler (esq.) e projeto concluído (dir.) (Foster & Partners)
(Porter & Neale, 2000).
As maquetes que estudam a iluminação são fabricadas para medir a luz natural e
artificial nos espaços em que é um fator determinante, como em galerias e em
museus (Porter & Neale, 2000, p. 31).
37
particularmente significativos como salas de receção, escadarias, espaços de culto
e auditórios. Graças a estas maquetes, é também possível testar o desenho de
novos elementos decorativos específicos do projeto (Knoll & Hechinger, 2007, p.
20). Com efeito, o arquiteto deve empregar a mesma consideração e empenho aos
acabamentos que em fases anteriores do projeto.
Visualmente, estas maquetes mostram apenas um espaço interior (Fig. 26) ou uma
sequência de espaços empregando vários meios de modo a garantirem o acesso
Fig. 26 – Maquete de interiores para o
visual ao seu interior através de coberturas, paredes e pisos amovíveis. “Palais an der Öper” em Munique. (LBBW)
Fig. 27 – Maquetes de desenvolvimento com acabamento simples para o museu da Mercedes (UN
Studio) (Morris, 2006)
39
Desta forma, estas maquetes são fabricadas com um elevado nível de perícia,
recorrendo a materiais nobres e duradouros como a madeira, o metal, o vidro, os
plásticos entre outros. Por conseguinte, exigem uma enorme quantidade de tempo
e investimento na sua fabricação (Morris, 2006, p. 70). Frequentemente, por forma
a eliminarem as possíveis distrações causadas pela grande amplitude de cores e
falta de contraste na iluminação natural, estas maquetes podem ser construídas de
forma monocromática.
Perfis Entrelaçados
Este método de construção encontra-se amplamente descrito em “Perfis Sólidos Fig. 30 – Maquete da “Cactus Tower”
realizada com perfis entrelaçados. (Eric
Entrelaçados” na Pág. 70. Owen Moss Architects)
41
4.4.1.2. Perfis Ocos
O método que reproduz o relevo por perfis ocos (Fig. 31) funciona de forma
semelhante àquele que opera com perfis sólidos, no entanto, este tem o objetivo
de economizar material, sendo necessárias, frequentemente, apenas duas ou três
placas de material. Usualmente, são utilizadas duas placas de material (uma com as
curvas pares e outra com as curvas ímpares), mas é possível em casos de maior
declive utilizar mais placas e cortar as curvas com maior afastamento (de três em
três, por exemplo). Este método de construção encontra-se amplamente descrito
Fig. 31 – Maquete do “National Museum
em “Perfis Ocos” na Pág. 77. for The New Dutch Waterline” (2011 - 14)
(Rapp & Rapp)
4.4.2. Planificações
O espaço pode ser representado de forma mais ou menos precisa por um conjunto
de planos. Da mesma forma, quando se pretende fabricar uma maquete de um
elemento tridimensional complexo utilizando materiais com espessuras finas, a
tarefa resume-se essencialmente a converter as formas tridimensionais complexas
em elementos bidimensionais simples que, ao serem unidos entre si, formam uma
representação tridimensional do elemento em estudo.
4.4.2.1. Triangulação
As etapas deste método de construção encontram-se amplamente descritas em “ Fig. 32 – Maquete com triangulação do
relevo usando triângulos semelhantes
Triangulação” na Pág. 81. entre si. (Knoll & Hechinger, 2007)
4.4.2.2. Planificação de elementos construtivos
4.4.3. Moldes
Quando se pretende reproduzir um relevo por moldagem (Fig. 34), o método mais
comum é o do molde “positivo” construído através de camadas de perfis (como
descrito no método de perfis). Depois de o molde estar construído, ele é coberto
com o material desejado (gesso, pasta de modelar, barro ou resinas). Ao
endurecer, o material forma uma camada que exprime as características
tridimensionais do relevo. Este método permite um acabamento mais realista e um Fig. 34 – Maquete de relevo fabricada em
gesso com molde “positivo”.
declive suave sem os “degraus” presentes na maioria das maquetes de relevo.
43
moldagem pelo “positivo”, usando materiais moldáveis como o cartão, a madeira,
o PVC, os acrílicos, as folhas de metal e algumas pastas minerais, sobre um molde
“positivo” que, através do calor e/ou da pressão, confere a forma final ao material.
Os materiais usados com mais frequência são os que possuem espessuras elevadas
e permitem um corte relativamente simples, sendo os mais adequados: a madeira,
o acrílico e o poliestireno. Para se atingir a forma pretendida podem ser utilizadas
ferramentas rudimentares (x-ato, etc.), máquinas simples (“fio de cortar
poliestireno” e serras elétricas) e máquinas complexas (fresadoras).
Foi possível ainda apurar que os vários métodos de construção podem ser bastante
complexos de realizar, o que torna a produção manual de maquetes numa prática
morosa e pouco eficiente. Dada a importância das maquetes num projeto, torna-se
fundamental estabelecer métodos para automatizar a sua produção.
45
5. PROTOTIPAGEM RÁPIDA E FABRICAÇÃO DIGITAL
47
Do estudo das características dos vários tipos de maquetes, apoiado em extensa
bibliografia, e na entrevista realizada, bem como no tempo que qualquer
maquetista sabe ter despendido na construção de uma maquete, concluiu-se que a
fabricação de maquetes pode constituir uma tarefa complexa e morosa.
5.1. TERMINOLOGIA
Em primeiro lugar, é necessário compreender qual o propósito destes mecanismos.
De facto, existem dois ramos que por vezes se confundem: a prototipagem rápida e
a fabricação digital. Segundo a classificação dada por (Celani & Pupo, 2008), estes
termos estão relacionados com a finalidade pela qual os elementos são fabricados:
5.2. CLASSIFICAÇÃO
6 7 8
Da análise de vários artigos de autores como Sass , Vieira e Celani , ressalta uma
variação ao nível da classificação dos processos de produção auxiliados por
computador. Contudo, a ideia base de estruturação das suas classificações incide
no modo como os objetos são produzidos.
6
Larry Sass, L. (2005) “Materializing design: the implications of rapid prototyping in digital design”.
design: the implications of rapid prototyping in digital design”.
7
Vieira, É. P. (2007) “Produção digital de maquetes arquitetônicas: um estudo exploratório”.
8
Celani, G. e Pupo, R. T. (2008) “Prototipagem Rápida e Fabricação Digital para Arquitetura e
Construção: Definições e Estado da Arte no Brasil”, Cadernos de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo, nº 1, pp. 31-41.
deposição de camada sobre camada, enquanto nos processos subtrativos, o
material em bruto é desbastado até se atingir a forma final.
Classificação
Dispositivos Dispositivos
Aditivos Subtrativos
Impressoras
Estereolitografia FDM Fresadoras Cortadoras
3D
Cortadoras
Laser Jato de Água
de Vinil
5.2.1.1. Estereolitografia
49
Como ilustrado na Tabela 1, os dispositivos de estereolitografia utilizam modelos Mecanismo Estereolitografia
Informação 3D
virtuais tridimensionais para produzirem os protótipos com um elevado nível de Custo Aquisição Muito Alto
Custo Material Muito Alto
detalhe, permitindo apenas um reduzido número de fotopolímeros sensíveis à Custo Protótipo Muito Alto
radiação ultravioleta. Os custos de aquisição do mecanismo, do material e do Velocidade Baixa
Precisão Muito Alta
modelo são bastante elevados. Materiais Muito poucos
Pós-
Produz um modelo final
Processamento
Estes dispositivos são ideais para a fabricação de qualquer tipo de maquete com
Maquetes muito
Aplicações
um grau de detalhe e durabilidade elevados. Este processo pode também ser detalhadas
Limitações Custo muito elevado
utilizado na produção de moldes altamente complexos. Todavia, os custos são tão Tabela 1 – Características dos mecanismos
elevados que este processo se torna incomportável como prática corrente na de estereolitografia. (adapt. Vieira, 2007,
pp. 26-28).
fabricação de maquetes.
5.2.1.2. FDM
De acordo com (Celani & Pupo, 2008), estes dispositivos são muito utilizados na
indústria por permitirem a produção precisa de moldes e peças a partir de blocos
de metal.
5.2.2.1. Fresadoras
51
5.2.2.2. Cortadoras
Laser
Uma cortadora a laser utiliza um feixe de luz para efetuar cortes e marcações de
acordo com os eixos X e Y. Segundo (Werner, 2011, p. 111), a partir das instruções
em CAD, a cortadora concentra um intenso feixe de luz infravermelha num ponto
preciso, para derreter ou queimar o material, o que origina uma marca ou um
corte, conforme a intensidade do laser.
A grande maioria destes dispositivos opera segundo eixos os eixos X e Y. Contudo, Fig. 44 – Cortadora a laser multi-eixos.
Jato de Água
Estas cortadoras funcionam utilizando um jato de água, a alta pressão, que perfura
o material.
são normalmente muito frágeis e as peças demasiado pequenas para suportarem a Tabela 6 – Características das Cortadoras a
Jato de Água. (adapt. Vieira, 2007, pp. 26-
pressão do jato, e a água pode danificar as peças. 28).
Vinil
custos associados a estes mecanismos são bastante baixos, tanto na aquisição do Mecanismo Cortadora de Vinil
Informação 2D
mecanismo como do material e do protótipo. Custo Aquisição Baixo
Custo Material Baixo
Estas características tornam as cortadoras de vinil ideais no corte de materiais finos Custo Protótipo Baixo
Velocidade Alta
e maleáveis necessários à representação de elementos curvos nas maquetes. Precisão Alta
Materiais Grande variedade
Contudo a aplicação generalizada deste dispositivo na fabricação de maquetes é Pós- É necessário montar a
Processamento maquete
limitada dado que permite apenas cortar materiais maleáveis com espessuras finas.
Aplicações Elementos curvos
Material com
Limitações
espessuras finas
5.3. ILAÇÕES
De acordo com as características de cada mecanismo de prototipagem rápida
ilustradas na Tabela 8 na Pág. 54, foi possível concluir que um dos processos mais
eficientes e que pode trazer grandes benefícios na automatização da fabricação de
maquetes é o corte das peças a laser. De facto, estes mecanismos apresentam um
baixo custo das componentes produzidas e permitem cortar com grande rapidez e
precisão uma grande variedade de materiais. Contudo, as cortadoras a laser
necessitam do desenho prévio das peças.
53
Tabela 8 – Características dos vários mecanismos de prototipagem rápida
6. PROGRAMAS PARA A FABRICAÇÃO DE MAQUETES
55
No capítulo “Prototipagem Rápida e Fabricação Digital” na Pág. 47, concluiu-se,
com base numa série de fatores, que o mecanismo de corte a laser era um dos
mais eficientes no fabrico das várias peças das maquetes. Todavia, esses
mecanismos obrigam ao desenho prévio das peças o que diminui o rendimento do
processo.
Assim, neste capítulo foi realizada uma investigação com o intuito de avaliar se
existe uma solução que automatize o desenho das peças para a fabricação numa
cortadora a laser.
6.1.1. AutoSlice
De acordo com (Vieira, 2007) este programa foi desenvolvido no LAPAC pela Prof.ª
Dra. Maria Gabriela Caffarena Celani em linguagem VBA (Visual Basic for
Application) para, dentro do AutoCAD, efetuar num modelo virtual um conjunto de
secções paralelas entre si, mas separadas pela espessura definida pelo utilizador.
Posteriormente, estas secções podem ser utilizadas numa cortadora a laser para
fabricar os perfis da maquete.
Em seguida, o utilizador deve acionar o botão “fatiar último objeto criado” para os
seccionamentos serem realizados (Fig. 48). Finalmente, deve acionar o botão
“Espalhar Objetos”, de modo a dispor as secções ao longo do plano de construção
para que possam ser utilizadas por uma cortadora a laser.
De acordo com a descrição realizada por (Vieira, 2007), conclui-se que esta
ferramenta é bastante limitada, uma vez que apenas permite realizar maquetes
Fig. 48 – Seccionamento do modelo
utilizando perfis sólidos horizontais. realizado pelo AutoSlice. (Vieira, 2007)
6.2. Programas que planificam faces
Abordam-se aqui os programas que podem viabilizar a produção de maquetes
construídas por planificações de modo semelhante à referida na secção
“Planificações” na Pág. 42.
modelos de papel e, como tal, não tem em conta a espessura do material, condição
fundamental para que todas as peças de uma maquete se encaixem corretamente
umas nas outras.
57
PARTE II – PROPOSTA DE TESE
59
7. AUTOMATIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE MAQUETES
61
7.1. INTRODUÇÃO
Atualmente é cada vez mais comum o recurso a modelação tridimensional em
ambiente virtual como forma de investigação e desenvolvimento dos projetos em
arquitetura.
Todavia, a grande maioria das cortadoras laser opera apenas através de desenhos
bidimensionais, o que obriga o maquetista a desenhar de antemão todas as
componentes da maquete. Tal circunstância, para além de reduzir a produtividade
do processo, introduz a possibilidade de erro.
Por outro lado, dá-se o problema de ainda não se conhecer o aspeto final da
maquete e já ter de se avançar na produção da mesma, correndo-se o risco de
chegar ao fim e não se ficar satisfeito com o resultado.
A partir destes algoritmos são elaborados outros mais específicos com o intuito de
gerar o modelo virtual da maquete e, em seguida, as componentes necessárias à
fabricação da mesma. Os algoritmos aqui propostos serão avaliados e
implementados em computador no capítulo “Avaliação da Produção de Maquetes”
na Pág. 107 para que os vários métodos de construção a que se referem sejam
automatizados.
Tal como ilustra a Fig. 52, a implementação dos algoritmos em computador torna
possível a implementação de um processo de fabricação de maquetes baseado nas
seguintes etapas:
63
Investigação
Projetual
Modelos virtuais do
projeto
Desenho automático
Novas soluções Modelo virtual da
das componentes da
construtivas maquete
maquete
Estudo de várias
Prototipagem Rápida
soluções
Investigação do
Benefícios
Benefícios estéticos projeto mais
económicos
aprofundada
Tal como ilustra a Fig. 53, as vantagens deste processo são várias. O modelo virtual
da maquete introduz a possibilidade de visualizar a aparência final e o modo como
encaixam todas as peças. Por outro lado, é possível testar rapidamente várias
soluções sem desperdício de material, o que resulta numa pesquisa mais profunda.
Além disso, o desenho automático das peças permite automatizar a fabricação das
maquetes utilizando mecanismos de prototipagem rápida como as cortadoras
laser. Por último, a abordagem abstrata da produção de maquetes com recurso a
diversos algoritmos, pode revelar novas formas de construir que requerem
eventualmente uma menor quantidade de material ou ainda que sejam
esteticamente mais interessantes.
Nas próximas páginas, são elaboradas, tanto as regras às quais obedecem os vários
processos de fabricação de maquetes, como os algoritmos necessários à
automatização da fabricação de maquetes, tanto na produção dos modelos virtuais
das maquetes como no desenho automático das suas peças.
Assim, na secção 7.2., na Pág. 66, são elaboradas as etapas que dizem respeito à
fabricação de maquetes por Perfis. Com base nessas descrições, na secção 7.2.2.,
na Pág. 71, são elaborados algoritmos que pretendem automatizar a produção de
maquetes por perfis sólidos. Esses algoritmos, por sua vez, permitem o
desenvolvimento de novas abordagens como as maquetes de perfis sólidos
oblíquos, exibidas na Pág. 76. Na secção 7.2.4.1., na Pág. 78, são elaborados
algoritmos que automatizam a produção de maquetes por perfis ocos.
Por sua vez, na secção 7.3., na Pág. 80, são elaboradas as regras que dizem respeito
à fabricação de maquetes por Planificações, quer se tratem de triangulações ou de
planificações de elementos construtivos. Na secção 7.3.1.1., na Pág. 83, é
desenvolvido um algoritmo com o intuito de automatizar a produção de maquetes
por triangulação.
Finalmente, na secção 7.5., na Pág. 98, são elaboradas as regras para a fabricação
de maquetes por Modelação, quer se trate de relevos quer de edifícios. Na secção
7.5.3., na Pág. 101, sugere-se a utilização dos algoritmos desenvolvidos para a
produção de perfis sólidos na fabricação de maquetes de edifícios por modelação.
65
7.2. PERFIS
Como iremos ver, o processo de fabricação de maquetes por perfis é aquele que se
presta melhor a uma análise racional pelo que esta investigação se inicia com este
método de construção.
Em arquitetura, as maquetes de perfis mais conhecidas são aquelas que Fig. 54 – Relevo base em estudo
Uma curva de nível pode ser definida como uma linha imaginária que une todos os Fig. 55 – Relevo base com curvas de nível
após o estudo topográfico.
pontos de igual altitude na área representada (Fig. 55). Em termos geométricos,
uma curva de nível corresponde ao perímetro de uma intersecção entre um plano a
uma determinada cota e a forma do relevo.
Equidistância
natural
Fig. 58 – Maquete do projeto “24 habitações unifamiliares em banda - L158”, "Bom Sucesso - Design
Resort" (Arq. Nuno Graça Moura) – É de notar que o relevo é construído através de uma série de perfis
sólidos horizontais.
Geralmente, o método manual que permite a fabricação de perfis sólidos Fig. 60 – Etapa II. – A escala vertical deve
ser calculada com base na escala da
horizontais (Fig. 58) é dado pelo seguinte conjunto de etapas: maquete e na equidistância natural.
67
V. Recortar a segunda curva de nível – Devem repetir-se os passos III e IV
1)
para a curva de nível seguinte, utilizando o material restante da carta
topográfica do passo anterior e uma nova placa (Fig. 63, Pág. 67).
Nota - Caso a curva de nível à cota zero não esteja representada, deve
adicionar-se um perfil com a geometria da maquete por forma a adicionar
a altura correspondente à cota zero.
Fig. 69 – Exposição “Systematic Landscapes”. (Maya Lin) – Neste caso o relevo é representado por uma
série de perfis verticais.
Fig. 71 – Etapa II. – Calcular perfis verticais
Quando se pretende construir manualmente uma maquete de perfis sólidos na paralelos com um afastamento horizontal
de acordo com a espessura do material.
vertical (Fig. 69), deve ser observado o seguinte conjunto de etapas:
V. Colar os perfis – Colar os perfis pela ordem original (Fig. 73). Fig. 73 – Etapa V. – Colar os perfis pela
ordem correta.
69
7.2.1.4. Perfis Sólidos Entrelaçados
Fig. 74 – Maquete da casa “Raybould” em Fairfield County, Connecticut. (Mac Donald Studio) – Neste
caso o relevo e o projeto são representados através de uma série de perfis verticais entrelaçados.
expressão:
71
III. Definição do ponto final – São calculadas as coordenadas opostas às do
ponto inicial, pertencentes à caixa envolvente definida anteriormente.
Estas coordenadas ditam o último perfil a efetuar (Fig. 81, Pág. 71).
VI. Construção dos perfis – Sempre que uma secção é efetuada, é construído
um novo perfil (Fig. 84) obedecendo à forma da secção, à espessura do
material e ao tipo de representação (por defeito ou por excesso) até todos
os perfis estarem terminados (Fig. 85).
VI. Orientação das secções – Depois das secções terem sido desenhadas, é
necessário orientá-las no plano base.
Fig. 85 – Modelo virtual corresponde à
forma final da maquete.
VII. Marcação das sobreposições – Em cada secção são adicionadas marcas
que definem o encaixe do perfil seguinte (Fig. 86).
IX. Fabricação das peças – Como se pretende fabricar as peças numa Fig. 86 – Etapa VII – Peça a cortar contendo
as sobreposições a tracejado.
cortadora a laser, é necessário produzir um ficheiro obedecendo às
especificações técnicas de cada máquina e contendo o desenho das várias
a serem fabricadas. De seguida, basta iniciar a produção para se obterem
as peças da maquete.
Uma análise mais atenta aos métodos de construção anteriores revela que o modo
como as maquetes são fabricadas conduz a uma deturpação da forma, já que o
modelo é representado ou por defeito ou por excesso (Fig. 88; A).
Fig. 88 – Diferenças entre algoritmos –
Ambos os modelos representam a mesma
Pelo contrário, neste algoritmo as secções são produzidas a partir do centro do
esfera. O modelo A) foi produzido
modelo em direção às extremidades, adaptando-se às características formais do utilizando o algoritmo anterior. O modelo
B) foi produzido utilizando o algoritmo
elemento em estudo. Por outro lado, as secções são calculadas de modo a que, ao agora proposto.
montar, elas fiquem alinhadas com o centro dos perfis, o que resulta numa
maquete mais rigorosa (Fig. 88; B).
A produção do modelo virtual da maquete obedece ao seguinte conjunto de Fig. 89 – Etapa I – São determinadas as
dimensões da caixa envolvente no qual o
etapas: modelo se insere.
III. Definição dos pontos finais – São determinadas as extremidades de um Fig. 90 – Etapa II – É determinado o ponto
central da caixa envolvente.
eixo com a direção especificada pelo utilizador, o qual atravessa o ponto
inicial e interseta os limites da caixa envolvente que contém o elemento
em estudo (Fig. 91).
73
VII. Construção dos perfis – Sempre que uma secção é efetuada, um novo
perfil é construído de acordo com a espessura do material (Fig. 94). Neste
método as secções coincidem com o centro dos perfis (Fig. 95).
A fabricação das peças da maquete obedece às etapas I, II, III, IV, V e VI, às quais se
juntam as seguintes:
Fig. 93 – Etapa VI – É efetuada a primeira
secção no ponto central.
VII. Orientação das secções – Depois das secções terem sido desenhadas,
estas são orientadas segundo o plano base.
IX. Rearranjo das secções – As secções são organizadas no plano por forma a
otimizarem o uso do material (Fig. 96).
b) A cada secção é subtraído o cilindro que a interseta (Fig. 104, Pág. 76).
75
VII. Fabricação das peças – Finalmente, para fabricar as peças da maquete
através de uma cortadora a laser é necessário organizar um ficheiro de
acordo com as especificações de cada máquina e iniciar a ordem de
fabrico.
A forma como os perfis acima operam permite construir perfis em qualquer direção
e em qualquer modelo tridimensional sólido. Assim, é possível explorar estes
algoritmos para desenvolver outras formas de fabricar maquetes com perfis
Fig. 104 – Etapa III – Subtrair um cilindro
sólidos. em cada interseção.
Fig. 107 – Excerto de uma maquete fabricada com perfis oblíquos para representar o Monte Evereste.
No caso dos perfis oblíquos (Fig. 107), a informação característica representada nas
cartas topográficas não é suficiente para possibilitar a construção de perfis Fig. 108 – Maquete do relevo utilizando
perfis oblíquos segundo os eixos X e Z.
oblíquos, uma vez que a sua geometria pode ser bastante complexa.
Equidistância natural
Fig. 110 – Maquete do projeto para um hotel no Linhó. (Arx Portugal) – Aqui o relevo é representado
através de uma série de perfis ocos os quais se apoiam numa estrutura interna de suporte.
perfis sólidos.
IV. Numa das placas, cortar todas as curvas de nível pares – Com a carta
topográfica presa, é necessário recortar o material com um x-ato sobre
todas as curvas de nível pares. Deve ser colocada uma marca ao longo das
curvas ímpares para facilitar a montagem da maquete (Fig. 114).
77
Nota - Se em vez de duas cópias forem utilizadas três ou mais, devem ser
cortados em cada placa os múltiplos, isto é, no caso de se utilizarem 3
cópias, numa placa cortam-se as curvas 1, 4, 7, noutra placa 2, 5, 8 e,
finalmente, na última placa 3, 6, 9.
Apesar de esta técnica ser bastante eficiente e permitir uma grande economia de
material, ela é geralmente utilizada apenas em maquetes que estudam o relevo,
pois não permite representar elementos verticais.
I. Cálculo das secções – Utilizando os algoritmos “Perfis nas extremidades” Fig. 121 – Etapa V – Para se obter o
modelo virtual da maquete basta subtrair
na Pág. 71 ou “Perfis ao centro” na Pág. 73, é possível desenvolver um ao primeiro conjunto de perfis, o segundo
conjunto.
conjunto de secções ao longo do elemento em estudo (Fig. 122).
III. Nova elaboração das secções – Após os perfis anteriores terem sido
movidos, é produzido um novo conjunto de secções.
IV. Fabricação das secções ocas – No decorrer da etapa anterior, as secções Fig. 122 – Etapa I – Efetuar um conjunto de
secções.
movidas intersetam as novas secções, sendo necessário subtrair a cada
secção aquela que a interseta (Fig. 123).
VIII. Fabricação das peças – Para se realizar o fabrico das peças numa
cortadora a laser, é necessário organizar o ficheiro de acordo com as
especificações técnicas de cada máquina e, em seguida, iniciar a produção Fig. 124 – Etapas V e VI – Orientar as
secções no plano e realizar as marcações
das peças.
79
7.3. PLANIFICAÇÕES
O método de planificações consiste em representar a forma de um objeto
tridimensional segundo uma sequência de vários planos interligados. Esta técnica é
bastante utilizada nas maquetes para representação de edifícios e elementos
construtivos como lajes, paredes e coberturas. Para além da representação de
elementos construtivos, este tipo de construção pode ser utilizada na execução de
maquetes de relevo.
Em primeiro lugar, será analisada a forma como são feitas as maquetes de relevo
por triangulação. Este método é, no conjunto das técnicas de planificação, aquele
que mais se rege por regras lógicas. Posteriormente, serão expostas as etapas que
permitem representar edifícios e elementos construtivos.
7.3.1. Triangulação
Fig. 126 – Maquete da casa no Martinhal. (Arx Portugal) – O relevo foi construído recorrendo a uma
triangulação.
Enquanto o método de perfis recorre às curvas de nível representadas na Fig. 128 – Etapa II – Construir uma série de
perfis entrelaçados que servirão de guia e
topografia, a triangulação do relevo baseia-se no cálculo de uma rede de triângulos sustentação à triangulação.
cujas arestas unem pontos a diferentes cotas.
81
IV. Desenhar e cortar o primeiro triângulo – Calcular o comprimento das
arestas de um triângulo que une três pontos cotados. Com o comprimento
das arestas definido e utilizando um compasso com o raio igual ao
comprimento das arestas marcando as intersecções das circunferências
duas a duas, é possível desenhar sobre o material o triângulo equivalente
(Fig. 130, Pág. 81). Depois de se desenhar o primeiro triângulo, este deve
ser recortado pelas arestas com o auxílio de um x-ato. Fig. 132 – Etapa V – Colar o primeiro
triângulo.
Porém, tal não parece ser um fator importante, dado que esta construção não se
destina apenas ao estudo do relevo, mas também à sua representação de forma
atrativa.
Não obstante, as triangulações desenvolvidas em CAD não têm como objetivo a sua
reprodução física, pelo que não consideram necessários os ajustes indispensáveis à
sua fabricação em determinado material.
afastamento = percentagem de linhas de festo × espessura do material Fig. 138 – Etapa II – Cada face do novo
modelo dá origem a uma peça da
triangulação.
II. Construção das peças – Cada face da nova triangulação dá origem a uma
peça da maquete de acordo com a espessura do material (Fig. 138) até o
modelo estar completo (Fig. 139).
II. Orientação das faces – Cada face da nova triangulação é orientada Fig. 139 – Etapa II – Triangulação final.
segundo o plano base.
III. Organização das faces – As faces são dispostas lado a lado de modo a
maximizarem o número de dobras e minimizarem o número de cortes
necessários à fabricação da maquete (Fig. 140).
83
IV. Rearranjo dos conjuntos de faces – Os conjuntos de faces anteriores são
dispostos de forma a otimizarem o material (Fig. 141).
Fig. 143 – Maquete do estádio Miejski em Varsóvia. (JSK Architekci) – Nesta maquete é possível
contemplar a estrutura interior e a forma como devem ser planificados os vários elementos
construtivos.
Assim, o seguinte conjunto de etapas não pretende ser uma lista de regras fixas,
mas, sim, um conjunto de orientações que normalmente são seguidas durante este
processo:
• Se a área for um troço de cidade, deve optar-se por uma escala entre
1:1000 e 1:500.
85
Assim, em primeiro lugar é necessário construir a laje do piso mais
baixo por forma a sustentar todos os elementos no interior da
maquete. As lajes devem ser planificadas da seguinte forma:
Nota - Da mesma forma que na fachada, também aqui se pode optar Fig. 152 – Ângulos superiores a 120 –
0
Casos especiais:
• Ângulos superiores a 1200 – Quando o ângulo entre panos de Fig. 153 – Ângulos entre 1200 e 900 –
0 Planificar um dos panos de parede na sua
parede é superior a 120 , em vez de um pano ser planificado na extensão máxima e o pano seguinte numa
distância que intersete o pano anterior.
máxima extensão e o outro na mínima extensão (como referido
(Vista em planta)
acima), ambos os panos devem ser planificados na mínima
extensão (Fig. 152).
87
0
• Ângulos inferiores a 90 – Se o ângulo entre panos de parede for
inferior a 900, em vez de o pano principal ser planificado na máxima
extensão e o outro pano na mínima extensão, o pano principal deve
ser planificado até uma distância intermédia que intersete o pano
de parede seguinte enquanto o pano seguinte deve ser planificado
Fig. 155 – Paredes com múltiplas
na sua extensão mínima (Fig. 154, Pág. 87). derivações – O pano de parede central
tem prioridade nos encaixes e, portanto,
deve ser planificado na sua extensão
• Pano de paredes com múltiplas derivações – Quando existem máxima.
múltiplas derivações de panos de parede, o pano de parede central
tem prioridade nos encaixes sobre os outros, devendo ser
planificado na sua extensão máxima (Fig. 155).
• Escalas até 1:200 – Nas escalas até 1:200, as escadas podem não
ser representadas ou, caso sejam representas, elas devem ser em
Fig. 157 – Etapa III. iv. – Escalas até 1:200
forma de rampa (Fig. 157): – Escadas em forma de rampa com marcas
a simular os degraus.
a. A geometria das escadas deve ser determinada com base nas
plantas, enquanto o comprimento deve ser calculado através dos
cortes ou alçados.
89
edifícios projetados. Estas etapas podem também ser aplicadas na
representação da envolvente construída. Nesse caso apenas é
necessário reproduzir as fachadas e, eventualmente, as coberturas.
Por outro lado, apesar de ser uma solução bastante dispendiosa, é possível
produzir uma maquete a partir de um modelo virtual utilizando uma impressora 3D
ou uma fresadora multi-eixos.
7.4. MOLDES
O conceito base da moldagem consiste na modelação de material flexível utilizando
1)
uma estrutura rígida ou modelo chamado padrão. A utilização deste processo é
particularmente vantajosa quando se pretendem criar várias cópias da mesma
forma ou representar elementos curvos.
91
7.4.1. Moldes Positivos
Fig. 165 – Maquete da residência de idosos em São Brás. (Aires Mateus) – Uma observação atenta à
textura do relevo denota que este pode ter sido construído com gesso em gaze sobre um molde
positivo, provavelmente um relevo por perfis ou triangulação.
• Molde perdido - Este processo é bastante utilizado, tanto para cobrir Fig. 166 – Etapa II (Molde Perdido) –
Assinalado a azul está o molde e a negrito o
elementos modelados em poliestireno como em maquetes de relevo, material que deve cobrir o molde.
fabricadas por perfis de modo a revestir a superfície e a permitir um
acabamento mais liso e suave (Fig. 166).
93
VI. Aplicar o material – Além de se seguirem as normas de aplicação, o
material também deve ser espalhado de modo uniforme e de forma a
cobrir totalmente o molde (Fig. 169). Caso se trate de um material líquido,
este deve ser vertido lentamente ao longo de uma espátula, de modo a
impedir a formação de bolhas de ar no interior do molde. Fig. 169 – Etapa VI – Aplicar o material
sobre o molde conforme as instruções do
VII. Deixar curar – O tempo de cura depende das características do material. material.
Fig. 174 – Maquete para a Filarmónica do Elba em Hamburgo. (Herzog & De Meuron) – Dada a
geometria curva da parte translúcida da maquete e o material (plástico ou resina), esta construção
poderia ser executada recorrendo a moldes.
Regra geral, o processo de moldagem pelo molde negativo constitui uma tarefa
mais complexa, uma vez que é necessário remover o objeto “positivo” que deu
origem ao molde, para novamente preencher o volume vazio, com o material a
moldar. Tal facto obriga à introdução de medidas adicionais, de modo a garantir
que o molde não seja danificado ao extrair o “positivo”.
95
Usualmente o processo de moldagem pelo negativo é constituído pelo seguinte
conjunto de etapas:
II. Fabricar o molde – Os moldes podem ser fabricados de raiz com a forma
“negativa” do objeto a produzir ou serem construídos a partir de uma peça
“positiva”.
• Para remover a peça moldada, o molde deve ser construído com uma
forma levemente cónica ou com materiais flexíveis (silicone, por
exemplo). O molde não deve ter reentrâncias, uma vez que a peça
moldada poderá ficar retida no interior. Caso existam reentrâncias ou a
peça seja côncava, é necessário dividir o molde em várias partes de
modo a eliminar as reentrâncias (Fig. 175).
III. Preparar o molde – Como foi dito acima, o molde não fará parte do
objeto. É necessário, portanto, tomar medidas para permitir a sua
extração do interior (Fig. 176). No caso de se utilizar um material não-
Fig. 176 – Etapa III – Caso o material do
maleável ou aderente é necessário aplicar um desmoldante.
molde não seja maleável ou caso exista o
perigo do material a verter aderir ao
IV. Preparar o material – O material deve ser preparado de acordo com as molde é necessário aplicar um
desmoldante.
especificações técnicas.
VII. Desmoldar – Esta tarefa deve ser feita lentamente e com cuidado para
não partir a peça no interior do molde (Fig. 178).
97
7.5. MODELAÇÃO
A modelação é uma técnica que possibilita transformar os materiais em bruto em
objetos que transcrevem as características formais dos elementos em estudo. Para
que tal aconteça, é necessário retirar partes de material em excesso ou moldar o
material até à forma pretendida.
Fig. 181 – Maquete da “Casa Bellevue” em Genebra. (Andrés Ojeda) – Esta maquete poderia ter sido
construída utilizando um material maleável como o barro sendo modelado até à forma pretendida.
I. Definir a área a representar – A informação topográfica é bastante Fig. 184 – Etapa III. – Fazer incisões
verticais ao longo da primeira curva de
importante na representação de qualquer relevo. É necessário fixar uma nível.
VI. Alisar os desníveis entre curvas – Após a etapa anterior a maquete mostra
o relevo através de uma série de “degraus” (Fig. 187). De modo a conferir
Fig. 187 – Relevo após as etapas anteriores.
um acabamento suave (Fig. 188), é necessário remover o material em
excesso entre curvas de nível como descrito em “Perfis Sólidos Horizontais
Alisados” na Pág. 68.
99
7.5.2. Modelação de Edifícios
Fig. 189 – Maquete do museu “Handcraft Paper”. (TAO) – Nesta maquete o edifício está representado
através de uma série de blocos maciços de madeira.
I. Definir a forma a representar – Imprimir uma cópia da planta do edifício e Fig. 191 – Etapa II. – Fazer incisões verticais
ao longo do limite da planta.
fixá-la à face superior do material em bruto, com espessura à escala igual à
altura do edifício (Fig. 190).
Em alternativa a este método, caso o material usado seja maleável (barro, pasta de
modelar, plasticina, etc.), é possível modelar os edifícios da envolvente até à forma
pretendida. Os materiais maleáveis são bastante úteis principalmente na
representação de elementos com diversas curvaturas.
Fig. 193 – Etapa III. – Adicionar detalhes ao
edifício.
7.5.3. Algoritmos de Modelação
Como referimos no início deste capítulo, na Pág. 63, os algoritmos aqui descritos
têm como principal objetivo a fabricação de maquetes utilizando uma cortadora a
laser.
101
7.6. ILAÇÕES
Como vimos, a fabricação de maquetes constitui uma tarefa bastante complexa e
morosa que obedece a diversas regras, muitas delas ambíguas e que se baseiam
em princípios preferencialmente estéticos.
103
Tabela 9 – Esta tabela permite a escolha do algoritmo de acordo com o processo de construção. Para além disso a tabela exibe quais os processos que irão ser automatizados e aqueles
que, por agora, apenas podem ser realizados manualmente.
PARTE III – AVALIAÇÃO
105
8. AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE MAQUETES
107
8.1. INTRODUÇÃO
No capítulo “Automatização da produção de Maquetes”, na Pág. 61 são expostas
duas contribuições necessárias à produção de maquetes.
A função anterior começa por calcular as dimensões da caixa envolvente ao modelo Fig. 195 – Invocação da função “perfis-
solidos” utilizando como modelo uma
para, de seguida, calcular uma sequência de secções que são extrudidas para esfera e a espessura de uma unidade.
operam.
Nesta secção são avaliados os algoritmos para a fabricação de maquetes por perfis.
Como vimos em “Perfis nas extremidades” na Pág. 71, este algoritmo permite
automatizar a produção de maquetes produzindo uma série de perfis sólidos em
qualquer direção através do seccionamento de extremidade a extremidade ao
longo de um modelo virtual.
109
Para garantir o correto funcionamento do algoritmo, foram definidos vários
parâmetros, alguns obrigatórios e outros opcionais.
a) Inclinação de corte dos perfis – A maior parte das cortadoras laser efetua
apenas cortes na vertical. Caso este parâmetro não seja especificado, os
perfis são fabricados num ângulo de 900. Contudo, se se pretender alguma
variação de corte, é possível definir um vetor com a inclinação de corte
dos perfis.
Modelos Virtuais
i. Cálculo dos limites do modelo – Após especificar os parâmetros Fig. 199 – Sequência de produção dos
perfis nos modelos A) e B) desde a
iniciais, foram determinadas as dimensões da caixa envolvente no qual primeira secção (em cima) até ao último
perfil (em baixo).
os modelos se inseriam.
ii. Definição do ponto inicial – No modelo A), o ponto inicial foi colocado
no centro da face inferior. No modelo B), o ponto inicial foi
determinado na aresta inferior direita.
iii. Definição do ponto final – No modelo A), o ponto final adotado foi
designado na face superior. No modelo B), o ponto final foi colocado
na aresta superior esquerda.
iv. Cálculo do número de perfis e suas coordenadas – Seguidamente, de Fig. 200 – Exemplo de um caso em que o
Rhinoceros 4 não produziu uma curva
acordo com os parâmetros especificados, foram calculados, em cada fechada. Note-se que os restantes perfis
foram executados corretamente o que
modelo, os perfis necessários para produzir o modelo virtual da demonstra que o algoritmo está
implementado convenientemente.
maquete.
Secção que não interceta o modelo
v. Desenho das secções – Foi efetuada uma secção para cada coordenada
calculada no ponto anterior.
vi. Construção dos perfis – Para cada secção, foi construído um perfil até
se obterem os modelos finais (Fig. 199).
111
do modelo, até que, ao se atingirem alguns destes pontos, o processo é
interrompido (Fig. 200, Pág. 111).
C)
Maquete
iv. Rearranjo das secções – Foi necessário dispor as secções de modo a Fig. 205 – Ficheiro com desenho das peças
para corte a laser. As linhas a azul
otimizar o material. Como o plugin RhinoNest 2.5 oferecia esta representam cortes enquanto as vermelhas
definem marcações.
funcionalidade optou-se por utilizá-la.
113
Uma vez atingida a forma ideal da maquete, foi possível produzir as peças
necessárias à sua correta manufatura utilizando o mínimo de material.
Tal como referido em “Perfis ao centro” na Pág. 73, esta abordagem permite a
fabricação de perfis segundo qualquer direção, adequando-se à produção de
maquetes com perfis sólidos horizontais, verticais ou oblíquos.
Modelos Virtuais
Este algoritmo foi testado de modo a produzir dois modelos virtuais, utilizando a
seguinte ordem de etapas:
115
iv. Cálculo da distância ideal entre secções – Para o modelo do Monte A) B)
Maquete
Foi construído um molde positivo da torre “Al Hamra” no Kuwait utilizando este
algoritmo. Os procedimentos adotados na fabricação encontram-se descritos
extensivamente em “Molde Positivo” na Pág. 132.
Modelos Virtuais
117
I. Definição dos parâmetros:
c) Espessura dos perfis – Foi designada a espessura de uma unidade para Fig. 211 – Modelo virtual do Monte
Evereste o qual serve de referência à
o modelo A) e meia unidade para o modelo B). produção do modelo virtual da maquete.
Maquete
119
II. Definição dos parâmetros:
V. Corte das peças – Após o desenho das peças, as mesmas foram fabricadas Fig. 218 – A montagem das peças deve ser
feita de acordo com o modelo virtual,
utilizando uma cortadora a laser para cortar acrílico vazado de 2 mm (Fig.
utilizando uma seringa para controlar o
217). fluxo de cola.
Uma vez que foram utilizados dois vetores orientadores dos conjuntos de perfis,
certos valores destes parâmetros originaram obstáculos de ordem geométrica,
impedindo o encaixe correto dos perfis uns nos outros. Além disso, em algumas Fig. 219 – Maquete final.
ocasiões o Rhinoceros 4 não efetuou corretamente as secções que lhe foram
indicadas.
Parâmetros obrigatórios:
Modelos Virtuais
121
a) Modelo tridimensional virtual a seccionar – Para se estabelecer uma A) B)
Maquete
Não foram produzidas maquetes utilizando este algoritmo, uma vez que a sua
fabricação é bastante semelhante à realizada pelas maquetes de perfis sólidos.
8.3. PLANIFICAÇÕES
A representação de modelos tridimensionais constitui geralmente uma tarefa
complexa, dado que é necessário estabelecer uma articulação de planos para
representar um modelo tridimensional. Por outro lado, o modo como cada modelo
é planificado está diretamente ligado à forma que possui.
8.3.1. Triangulação
123
c) Afastamento – De acordo com a percentagem especificada pelo utilizador
de linhas de festo, é calculada a distância ao modelo original que garanta
um encaixe mais rigoroso das várias peças da maquete.
Modelos Virtuais
Como método de trabalho, nesta disciplina é sugerido que o relevo das maquetes
seja representado por triangulação. Ao utilizar apenas métodos manuais, algumas
das triangulações a realizar podem constituir um verdadeiro desafio.
Fig. 224 – Casa Malaparte, Capri.
125
a) Modelo tridimensional virtual – Foi utilizado o modelo virtual
importado no Rhinoceros 4.
i. Orientação das faces – Pretendeu-se orientar as faces no plano Fig. 228 – As etapas A) descrevem a
realização da triangulação enquanto as
referencial de construção. Dado que o Pepakura Designer 3 oferecia
etapas B) demonstram a aplicação dos
esta funcionalidade não foi necessário desenvolver um algoritmo para perfis. A imagem C) constitui o modelo
virtual da maquete.
efetuar esta operação. Assim, a operação foi realizada no Pepakura
Designer 3 tendo como modelo a triangulação produzida na etapa III
na Pág. 126.
ii. Organização das faces – Em seguida foi necessário dispor as faces lado
a lado, a fim de minimizar o número de cortes e maximizar o número
de dobras. Como o Pepakura Designer 3 também oferecia esta
funcionalidade, a mesma foi utilizada.
VI. Desenho das peças dos perfis entrelaçados – O desenho das secções dos
perfis foi realizado de acordo com as etapas definidas em “Desenho das
Peças” na Pág. 75. Em seguida foram realizadas as seguintes etapas:
127
i. Em primeiro lugar, a planta dos perfis entrelaçados com as
extremidades do relevo foi desenhada a laser sobre uma placa de
acrílico preto (Fig. 231, Pág. 127).
iii. Por último, os conjuntos de faces foram modelados (Fig. 232, Pág. 127)
com a forma do relevo e colados na maquete na posição correta (Fig.
233) para se obter a maquete final (Fig. 234).
Com o auxílio deste algoritmo foi possível realizar uma triangulação planeada de
antemão, de modo a obter uma representação do relevo bastante rigorosa. De
Fig. 234 – Maquete final da triangulação do
facto, graças a este algoritmo e ao corte das peças a laser, todas elas encaixaram relevo da Casa Malaparte.
na perfeição.
1)
O modelo virtual produzido pelo algoritmo permitiu antever o aspeto final da
maquete, algo que pelo método manual não seria possível. Mesmo sem um estudo
topográfico rigoroso, o desenho automático das peças, de acordo com o modelo
virtual, resultou numa triangulação bastante mais realista que aquela realizada 2)
Deste modo optou-se por deixar para trabalho futuro os algoritmos de planificação
de maquetes.
Maquete da Casa Malaparte
A planificação dos elementos construtivos da Casa Malaparte (Fig. 236) teve como
elemento comparativo a maquete à escala 1:200 realizada ao longo de uma
semana pela aluna Joana Mourato Vaz.
viii. Lajes – As lajes dos vários pisos da maquete foram planificadas pelo
limite interior da fachada, de acordo com o seu formato em planta. Nas
lajes que suportavam outros elementos construtivos foram incluídas
marcações no local de sobreposição para facilitar a construção da
maquete. Numa das lajes foi adicionada uma abertura para iluminação
LED (Fig. 238).
Fig. 238 – Planificação de uma laje. A ciano
estão marcadas as linhas a cortar e a
ix. Fachada – Dado que a fachada apresentava uma espessura de 60 cm e tracejado estão representadas as
marcações dos elementos construtivos que
a espessura máxima da cartolina “bristol” é de 1 mm, a fachada foi assentam na laje.
subdivida em dois panos. No pano interior foi designada uma
espessura de 40 cm (equivalente a duas placas de 1 mm) e no pano
exterior 20 cm (uma placa de 1 mm). Esta operação permitiu formar
um encaixe entre a fachada e cobertura. Finalmente procedeu-se à
planificação da fachada pela seguinte ordem:
Pág. 86.
129
d. Foram também adicionadas aberturas em dois panos de fachada
para iluminação LED.
IV. Montagem – A montagem da maquete foi feita de baixo para cima, pela
mesma ordem que a planificação. Assim, em primeiro lugar, a fachada foi
colada às lajes dos pisos inferiores. Em seguida, foram coladas as paredes
Fig. 247 – A montagem das peças foi feita
interiores dos pisos inferiores. Posteriormente, foram coladas as escadas. de acordo com o modelo virtual da
maquete.
Seguidamente, foram colados os pilares. Este processo foi repetido nos
restantes pisos sem colar os elementos construtivos à fachada para se
poder observar o interior da maquete (Fig. 247). Por último, foi colocada a
cobertura e os elementos exteriores. Com o intuito de remover as marcas
do corte a laser, a maquete foi pintada com spray branco para se obter o
acabamento final (Fig. 248).
A produção desta maquete de forma manual demonstrou que a sequência de Fig. 248 - Maquete da Casa Malaparte.
JV
etapas definida em “Planificação de Elementos Construtivos” na Pág. 84 permite,
de facto, planificar a maioria dos elementos construtivos.
RF
Contudo, como afirmado em “Algoritmos de Planificação de Elementos
Construtivos” na Pág. 90 e agora corroborado pela avaliação manual do algoritmo,
existem algumas situações ambíguas, nomeadamente na planificação da fachada e
nas paredes interiores, as quais resultam da complexidade inerente à Casa
Malaparte.
Tal como nós tivemos dúvidas sobre qual seria a melhor abordagem nessas
situações, mais obstáculos teria um computador, dado que não possui inteligência
RF
nem experiência na fabricação de maquetes.
131
Apesar do tempo despendido na planificação manual dos vários elementos
construtivos, o corte das peças a laser permitiu reduzir consideravelmente o tempo
de fabricação da maquete e obter uma representação mais rigorosa e cuidada.
Com efeito, apesar de a planificação ter sido feita de forma manual, o processo de
construção da maquete, desde o início da planificação até à sua conclusão,
demorou apenas três dias em comparação com a semana necessária à aluna.
8.4. MOLDES
A produção de maquetes com recurso a moldagem constitui um método de
construção bastante complexo, já que depende das características físico-químicas
dos materiais utilizados nos moldes e da geometria dos elementos a representar.
Mais ainda, a produção de um molde com recurso a fresadoras multi-eixos ou a
impressoras 3D aumenta os custos de produção. Por conseguinte, este método é
normalmente praticado por profissionais especializados, o que restringe o número
de maquetes fabricadas por esta via.
Para avaliar esta hipótese foi produzida uma maquete à escala 1:1000 do edifício
“Al Hamra” (Skidmore, Owings & Merrill LLP) no Kuwait (Fig. 250) utilizando um
molde positivo, com peças desenhadas pelo algoritmo de perfis ao centro e, em
seguida, cortadas a laser.
Fig. 250 - Edifício "Al Hamra" (Kuwait).
Para construir o molde positivo foi empregue o algoritmo de perfis ao centro (ver
“Perfis ao Centro”, Pág. 114) por ser aquele que permite uma representação mais
fidedigna do objeto em estudo.
I. Preparação do modelo virtual – Em primeiro lugar foi recolhido um Fig. 251 – Esquema construtivo do edifício,
o qual orientou a produção do um modelo
conjunto de desenhos técnicos do edifício (Fig. 251). De seguida, com base virtual.
nos desenhos técnicos, foi produzido no Rhinoceros 4 um modelo sólido
de parte do edifício (Fig. 252).
ii. Numeração das peças – Foi necessário numerar as peças pela ordem
correta de montagem. Dado que o plugin RhinoNest 2.5 oferecia esta
funcionalidade, a mesma foi utilizada.
Fig. 253 – Sequência de etapas necessárias
iii. Rearranjo das secções – Pretendeu-se distribuir as peças de maneira a à produção dos perfis que constituem o
molde positivo.
otimizar o material. Como o plugin RhinoNest também disponibilizava
esta operação, a mesma foi empregue.
133
VI. Montagem – Para facilitar a construção do molde foi fabricado um suporte 1) 2)
ii. Reparação das fissuras – Para preencher fissuras na argila, foi aplicado
gesso liquefeito para cobrir uniformemente todo o molde com uma
Fig. 256 – Esquema de montagem dos
fina camada (Fig. 258, 1). perfis. Em primeiro lugar foi produzido um
suporte 1) e depois os perfis foram sendo
colados 2) e 3) até à estrutura do molde
iii. Acabamento final – O acabamento final foi feito com uma argamassa estar completa 4).
de gesso e cal. Esta mistura aumenta a trabalhabilidade do gesso e
torna-o mais liso. Porém, esta argamassa só pode ser aplicada como
camada de acabamento dado que é bastante frágil. Depois de secar, a
peça foi lixada com lixa de dureza 320 para se obter o molde final (Fig.
258, 2).
Esta abordagem demonstrou que é possível representar elementos curvilíneos Fig. 257 – A imagem mostra o molde
positivo logo após a aplicação da argila.
utilizando moldes fabricados com recurso a algoritmos para a produção de perfis e
1) 2)
o corte dos mesmos em cortadora a laser.
135
VII. Enchimento do molde com resina cristal – O silicone e o catalisador foram
bem misturados. Com a ajuda de uma espátula, a mistura foi vertida
lentamente no molde a uma altura de cerca de 15 cm, de modo a prevenir
a formação de bolhas (Fig. 262).
Obs.: Foi produzida uma segunda peça em resina, desta vez sem adição de
Fig. 262 – A resina cristal foi vazada
corante. Foi utilizada apenas lixa de água 320, com forte pressão, de modo lentamente para o interior do molde
negativo.
a obter-se um acabamento baço capaz de refletir a luz da iluminação LED.
A manufatura de parte do edifício “Al Hamra” demonstrou que esta é uma técnica
que pode ser empregue, tanto na fabricação de maquetes conceptuais, como na
produção de maquetes de desenvolvimento, ambas com grau de acabamento de
apresentação.
8.5. MODELAÇÃO
Fig. 263 – Depois do processo de cura
Este método de construção destina-se à representação de elementos através da obteve-se a peça desejada.
Dado que os algoritmos desenvolvidos nesta secção têm como objetivo o desenho
das peças para o corte a laser e como as cortadoras laser apenas permitem cortar
peças com espessuras reduzidas, não foi implementado nenhum algoritmo
específico deste método de construção.
137
excelente otimização, tanto no aproveitamento do material como no tempo
necessário para fabricar uma maquete. Como vimos, graças ao desenho
automático das peças, elas foram fabricadas rapidamente e de uma só vez na
cortadora laser, e, devido ao rearranjo das peças, foi despendido o mínimo de
material.
139
Esta dissertação vem propor um novo processo de fabricação de maquetes, bem
como a automatização de algumas das etapas desse novo processo de modo a que
a fabricação se torne mais expedita e ao alcance de todos.
Uma análise do contexto histórico das maquetes mostrou que, ao longo dos
tempos, as maquetes têm sido fundamentais, quer na comunicação entre o
arquiteto e o cliente ou júri, quer ao longo de toda a investigação do projeto.
Para além disso, foi possível confirmar a grande utilidade atual das maquetes no
contexto da arquitetura, tanto ao nível da pesquisa conceptual como na
comunicação de ideias. Por outro lado, observou-se também a importância da
maquete no ensino da arquitetura permitindo ilustrar conceitos espaciais
fundamentais que, utilizando outros mecanismos, não seriam tão evidentes.
Dada a importância das maquetes, comprovada tanto pela análise histórica como
por uma entrevista realizada, foi necessário estudar quais os tipos de maquetes
existentes e o modo como são fabricadas. Todavia, a consulta de várias fontes
bibliográficas rapidamente evidenciou a ausência de um consenso acerca da
classificação das maquetes, dado que vários autores as agrupam segundo distintas
dimensões. Por este motivo, foram analisadas as características específicas das
várias maquetes e observou-se que todas elas obedeciam a quatro fatores
independentes, nomeadamente, o grau de abstração, o objeto de estudo, o grau
de acabamento e o método de construção. Por conseguinte, propôs-se uma nova
taxonomia de maquetes, a qual classifica as maquetes segundo estas quatro
dimensões independentes entre si.
Com base no estudo realizado para a classificação das maquetes, sobressaiu a ideia
de que a existência dos vários tipos de maquetes se deve ao facto de ser necessário
expressar conceitos distintos. Todavia, isto acarreta o problema de o maquetista
ainda não conhecer o aspeto final da maquete e já ter de avançar na produção da
mesma, correndo o risco de chegar ao fim e não ficar satisfeito com o resultado. No
sentido de solucionar este problema, concluímos que seria uma contribuição
relevante para esta dissertação a implementação de um processo automatizado.
Assim, a partir de um modelo tridimensional, deveria ser gerado um modelo virtual
da maquete, de modo a que fosse possível pré-visualizar a aparência da maquete
antes da sua construção, permitindo optar pela configuração que, no
enquadramento global, transmitisse mais adequada e equilibradamente os
conceitos idealizados.
141
Com base no trabalho realizado, foi proposto um novo processo de produção de
maquetes ilustrado na Fig. 264, o qual explora as contribuições aqui apresentadas,
através dos seguintes passos:
II. Produção do modelo virtual da maquete – Com base nos parâmetros Modelo Virtual
da Maquete
definidos pelo utilizador é gerado o modelo virtual da maquete.
IV. Desenho das peças a fabricar – Assim que o utilizador encontre a desejada
solução final, passa para o desenho automático das peças a fabricar.
Montagem
Esta tese não é o primeiro nem será o último trabalho a atacar o problema da
automatização da produção de maquetes. Na verdade, estão a começar a aparecer
no mercado ferramentas comerciais com esse mesmo propósito, o que vem
confirmar a atualidade deste tema.
143
f) Automatização da montagem – Com o crescente desenvolvimento da
tecnologia robótica, tem sido cada vez maior a utilização de braços
robóticos na arquitetura. Numa empresa em que sejam fabricadas várias
maquetes com centenas de componentes cada, poderiam ser utilizados
braços robóticos para montar e colar as peças no lugar correto. Assim,
caberia apenas ao utilizador escolher o método de construção e os
materiais para que o resto do processo de fabricação ocorresse de forma
automática. De facto, utilizando o modelo virtual da maquete e a
disposição das peças desenhadas pelo algoritmo, em teoria o computador
que controla o braço robótico saberia onde se encontra cada peça e em
que lugar a deve encaixar.
9.2. CONTRIBUIÇÕES
No decorrer desta investigação foram obtidas algumas contribuições com o intuito
de se estabelecer um processo que automatize a produção de maquetes.
145
Fontes Documentais
Mills, C. (2005) Designing with models: a studio guide to making and using
architectural design models. 2ª Edição, Hoboken, EUA: John Wiley & Sons.
Mitani, J. e Suzuki, H. (2004) “Making Papercraft Toys from Meshes using Strip-
based Approximate Unfolding”.
Morris, M. (2006) Models: Architecture and the Miniature. Chichester, Reino Unido:
John Wiley and Sons.
Saarinen, E. (1968) Eero Saarinen on His Work. 2ª Edição, New Haven, EUA: Yale
University Press.
Werner, M. (2011) Model making. Nova Iorque, EUA: Princeton Architectural Press.
Wilkinson, C. (1977) “The New Professionalism in the Renaissance” in: Kostof, Spiro
(Ed.) The Architect : Chapters in the History of the Profession, Nova Iorque, EUA:
Oxford University Press, Cap. 5, pp. 124-160.
Outras Fontes
Mateus, J., 2013. A Importância das Maquetes [Entrevista] (20 Maio 2013).
Fig. 2, Pág. 11 - Morris, M. (2006) Models: Architecture and the Miniature. Chichester, Reino
Unido: John Wiley and Sons, p. 15.
147
Fig. 12, Pág. 25 – Disponível em: http://www.arx.pt/images/stories/projectos/031-
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[27/05/2013].
Fig. 13, Pág. 26 – Mills, C. (2005) Designing with models: a studio guide to making and using
architectural design models. 2ª Edição, Hoboken, EUA: John Wiley & Sons.
Fig. 18, Pág. 32 – Porter, T. e Neale, J. (2000) Architectural Supermodels: physical design
simulation. Oxford, Reino Unido: Architectural Press, p. 29.
Fig. 19, Pág. 33 – Porter, T. e Neale, J. (2000) Architectural Supermodels: physical design
simulation. Oxford, Reino Unido: Architectural Press, p. 71.
149
Fig. 35, Pág. 44 – Disponível em:
http://25.media.tumblr.com/tumblr_llpaffNgOx1qa0m3lo1_500.jpg
[27/05/2013].
Fig. 40, Pág. 50 – Sass, L. (2005) “Materializing design: the implications of rapid prototyping
in digital design”.
151
[27/05/2013].
Fig. 181, Pág. 99 – Disponível em: http://www.andresojeda.com/img/tuileries-05.jpg
[27/05/2013].
153
I. ENTREVISTA “A IMPORTÂNCIA DAS MAQUETES”
Este anexo apresenta uma entrevista realizada ao Arq. José Mateus no dia 20 de
Maio de 2013 com o intuito de se avaliar a importância da maquete no panorama
atual da arquitetura.
O seu ateliê, ARX Portugal, recebeu recentemente a distinção de melhor ateliê nos
Prémios Construir 2012. Uma das obras que caracteriza melhor a atividade deste
ateliê é o Museu Marítimo de Ílhavo. Entre outras obras distintas, destacam-se
ainda o Fórum de Sintra, o edifício “Mythos” e a Habitação Unifamiliar no
Martinhal. Há ainda a considerar a maquete em si mesma, um elemento sempre
presente ao longo do projeto como instrumento de análise, impulsionador da
criatividade e veículo de comunicação.
Arq. José Mateus (JM): Pese embora aparecerem outros sistemas de modelação
digital tridimensional que muita importância têm na composição e na comunicação
da arquitetura, a realidade é que as maquetes não perderam a sua importância
fulcral, o caráter decisivo no processo de desenho e isso verifica-se na maior parte
dos ateliês mais competitivos.
Portanto acaba por ser uma ferramenta que suporta e complementa o desenho, os
sistemas computorizados de Renders, e até a escrita de um texto. Subtrair a
execução de maquetes seria complexíssimo porque, pese embora os arquitetos,
em geral, terem uma capacidade bastante elevada, treinada, de visualização e
imaginação tridimensional, a geometria atinge por vezes no desenho de um
edifício, seja ele mais complicado ou mais simples, uma grande complexidade e,
desde logo, o ato de construir que antecipa a construção definitiva é
absolutamente chave.
Há, ainda, outros aspetos muito importantes, como por exemplo o colocar a
maquete debaixo de um candeeiro simulando a luz natural, rodá-la debaixo desse
candeeiro, procurando sempre entender formas diferentes de incidência da luz
solar no objeto, seja nas sombras projetadas ou nas próprias, seja no tipo de
ambiente que provoca depois essa luz no interior de um espaço maquetedo.
Portanto, as maquetes mantêm a sua importância fulcral.
155
quem constrói a maquete com aquilo que está a construir, ou seja a pessoa
mergulha naquilo que está a fazer. Uma pessoa que faz uma leitura na diagonal
superficial, apreende alguns tópicos que poderão ser mais essenciais ou mais
secundários, mas quando é feita uma leitura profunda, a pessoa mergulha naquilo
que está a ler, está concentrado, apreende todos os aspetos da narrativa. No caso
das maquetes é exatamente assim. Quem constrói uma maquete está
permanentemente a equacionar porque é que um plano se junta ao outro e
assenta naquele pilar, porque é que aquele vão tem exatamente aquela medida, ou
se existem problemas de estrutura ao construir a maquete, e isso relaciona-se bem
com a falta de estrutura no edifício ou com um problema de estrutura que na
realidade aquele edifício ainda contém…
Nós aqui no ateliê fazemos as maquetes todas à mão, mas faríamos um pouco mais
com recurso a essas máquinas se tivéssemos uma dessas máquinas, e queríamos
ter, mas a realidade é que usamos pouco. Mas, usamos, por exemplo, em casos em
que percebemos que… por exemplo tínhamos uma fachada do museu de arte
contemporânea de Cantanhede a qual era muito delicada e que era só para riscar
com sulcos muito leves e finos que foi uma fachada complicadíssima de construir e
portanto mandámos cortar fora os vários planos.
Eu diria que também há sistemas que depois nos podem induzir a determinado tipo
de expressões de arquitetura. É verdade que quando construímos maquetes
sistematicamente através de moldes, nos quais depositamos uma matéria plástica
ou cimento ou outros tipos de matérias que solidificam, essa prática conduz-nos
para um universo de arquiteturas mais massivas com umas formas mais
encorpadas, mais maciças. Quando trabalhamos muito em sistemas laminares ou
de construção de volumes por placas, facilmente somos remetidos para uma
arquitetura mais laminar; quando porventura usamos painéis para desbastar com
esses sistemas mecânicos também são induzidos outros tipos de arquitetura.
É interessante verificar que as próprias técnicas de produção de maquetes também
nos podem conduzir para universos específicos de arquitetura.
RF: Penso que uma das grandes vantagens dos mecanismos de prototipagem
rápida como as cortadoras a laser é o facto de apenas automatizarem o corte das
peças, permitindo ainda a montagem manual, isso é verdade?
JM: Sim, às vezes há na construção de maquetes uma série de tarefas que são
muito repetitivas e que estar a executá-las manualmente até um certo nível pode
ser importante para se pensar, para alimentar o questionamento daquilo que se
está a fazer. A outros níveis pode começar a ser uma perda de tempo. Portanto, há
muito de trabalho repetitivo na construção de maquetes durante o processo de
projeto e que pode ser resolvido com esses sistemas de prototipagem rápida.
Depois há também, de facto, maquetes finais onde muitas vezes se requer uma
grande perfeição que o sistema manual não garante e há ainda expressões
matéricas que se conseguem desbastando por linhas ou através de pequenos
rebaixos…
RF: Recordo uma das maquetes do edifício “Mythos” (Fig. 266), a sua fachada
terá sido fabricada utilizando uma fresadora?
JM: Sim, é verdade mas também há aí um facto… Essa maquete quando foi feita o
projeto já estava pronto. Ou seja, se o projeto não está pronto e ainda há espaço
para a invenção, o processo manual encerra vantagens a muitos níveis. Se o projeto
já está pronto e de certeza que não vamos alterar nada, ou se já foi construído, aí
diria que um sistema inteiramente mecânico pode ter muitas vantagens.
RF: Como deveriam ser fabricadas as maquetes no futuro? Qual o processo ideal? Fig. 266 – Maquete do edifício “Mythos”
em exposição no CCB.
JM: Eu diria que o ser humano muda, mas que também não muda tanto como
isso… O lado sensorial do ser humano leva a que, quando está perante um objeto
que coloca nas suas mãos, que os olhos observam, e mesmo quando utilizamos
matérias que, eventualmente, vamos utilizar na construção, se uma relação
corporal que se começa a estabelecer ainda que haja uma décalage de escalas
entre a realidade e a maquete.
Mas há um lado sobre a importância das maquetes que é a possibilidade de, tal
como os desenhos e sempre de uma forma tridimensional e como demonstra a
nossa exposição, ir examinando e desdobrando o edifício progressivamente através
de um processo sequencial.
157
intenção de desenho, mas que é essencialmente uma quantidade de construção
que nós queremos colocar sobre aquele tabuleiro (terreno) para apreender uma
primeira reação ao que é o impacto daquela presença do edifício naquele local.
Intencionalmente isto é feito sem desenho porque o que pretendemos perceber é
o que é que aquela quantidade de edifício pode, em potência, significar como
problema ou como possibilidade no lugar.
JM: É possível. Tem que ver com a complexidade do edifício, mas também a
natureza do dono da obra que obriga muito a essa interatividade. Depois, como é
um edifício cuja construção a dada altura acelera imenso, o facto de existirem
maquetes ajuda imenso a não se perder o pé, mas não é que na ARX dêmos mais
importância aquele projeto… aconteceu assim… Aliás há projetos que têm
comparativamente muito poucas maquetes e que nós valorizamos tanto ou mais Fig. 267 – Troço de maquete para o Fórum
de Sintra em exposição no CCB.
em termos de carreira.
RF: Existe alguma maquete que tenha sido decisiva em algum concurso ou no
próprio desenvolvimento de um projeto?
RF: Como professor, qual o papel que a maquete pode ter no ensino da
arquitetura, na assimilação de conceitos arquitetónicos, etc.?
JM: Há um lado quase lúdico, sobretudo para os alunos que sempre tiveram esse
gosto pela construção e pelos kits de montagem, por esse lado mais manual… e
que se transporta e se continua na cadeira de Projeto, o que pode ajudar esse
aluno a reforçar a sua ligação à arquitetura através do gozo lúdico de construir os
objetos.
Por outro lado, nas maquetes é muito fácil isolar conceitos-chave da arquitetura
em maquetes parciais, digamos assim, em maquetes que abordam só a questão
dos ritmos ou da estrutura ou da transparência… Nós, no segundo ano (IST),
fazemos na disciplina de Projeto aquelas maquetes analíticas onde se pretende
isolar conceitos com algumas, três ou quatro, maquetes que na realidade não
cobrem tudo o que o projeto contém; seria um simplismo dizer isso, mas que são
um exercício muito importante para o aluno fazer um esforço de conseguir isolar
uma componente daquela arquitetura e que a caracteriza fortemente. Fazer esse
esforço de abstração no meio daquela complexidade da imagem do edifício que
está à sua frente, conseguir isolar um layer que é chave naquela arquitetura e fazê-
lo em maquete, obriga o aluno em termos mentais a trabalhar para conseguir isolar
e depois representar e comunicar.
159
Portanto, acho que é um exercício muito eficaz e no Técnico seria bom se
tivéssemos de facto, como noutras escolas, a possibilidade da prototipagem rápida
de uma maneira mais acessível e mais permanente, algumas dessas maquetes
poderiam ser feitas com base nessas tecnologias…
RF: Em média quantas maquetes são produzidas num projeto (Fig. 268)?
Por exemplo, o desenho da minha casa, e que aliás também estava na exposição,
foi bastante rápido porque eu conhecia muito bem o local, sabia o que queria
experimentar, acho que era um lote típico de Lisboa onde ainda assim há caminhos
muito óbvios e interessantes que eu logo que comecei o projeto ensaiei. Portanto,
esse projeto tem poucas maquetes, tal como a casa do Possanco porque foi
daqueles projetos em que a ideia apareceu com tanta naturalidade e tão
rapidamente que depois, como era muito simples em termos de matéria e de
detalhe, não havia muitos aspetos a examinar e a detalhar.
Mas há casos em que as coisas não saem e persistem em não nos convencer, em
não encontrarmos um cerne da questão, ou algo que queiramos desenvolver. Por
exemplo, o projeto do “Urban Beach” é um daqueles que na exposição (CCB) tinha
bastantes maquetes e que, neste momento, estamos a desenhar uma solução mais
simples do que tudo aquilo que lá está.
Diria que normalmente, no mínimo, fazemos umas dez maquetes, mas chegamos a
fazer mais de duzentas ou trezentas. É muito variável, numa casa privada é muito Fig. 268 – Maquetes de desenvolvimento
do projeto de ampliação do Museu de
normal fazermos entre dez a vinte maquetes, por aí… Ílhavo.
RF: Em que medida as maquetes de programa podem ajudar ao desenvolvimento
projeto?
Já ouvi arquitetos como o Siza Vieira referirem-se a isso mesmo. É preciso muito
rapidamente esclarecer o programa e os aspetos funcionais para ganharmos fluidez
e capacidade de nos concentrar em tudo o mais.
A partir daí estamos menos ansiosos sobre esse tema, já não temos medo de mais
à frente chegarmos à conclusão de que o programa não cabe ou que o número de
pisos não é o correto. Testamos isso e depois ficamos com uma investigação mais
solta...
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