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Escola:__________________________________________________

Sme

BETA
BETA
CADERNO DO ALUNO
Sme Aluno(a):__________________________________________________ 9°ANO
Atividade 3
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E Agora, Mané?
TEXTO 1 Se você reinstalasse.
E agora, mané? Se você atualizasse.
A luz acabou, Se você ignorasse.
o HD travou, A tela sempre te diz
a memória sumiu, A mesma informação:
E agora, mané? ERRO FATAL!

E agora, você? Se você conseguisse


Você que se diz Sair desse vasto azul...
o maior expert, Mas o azul não morre.
você que se diz É um erro inumano,
o melhor da Internet Fatal e Mortal, mané! Você deve conhecer um
você que diz
que tudo é possível, E agora, mané? texto que lembra muito esse
você começou, agora TERMINE! Sozinho sem dados,
E agora, mané? Sem back-ups recentes que acabou de ler!
Qual “root” em missão
Está sem sistema.
Está sem programa. De matar o chefão...
Está sem sinal. A luz acabou. Então, vamos a ele!
Já não pode acessar. A esperança também.
Já não pode jogar. O que te resta, mané?
Jogar já não pode.
O boot falhou, A memória se foi.
a placa quebrou, e tudo pifou, E você se pergunta:
falhou, Mas o que eu te fiz?
corrompeu. Sem amor.
E agora, mané? Sem amigo.
Sem comparsa.
Com o mouse na mão, Sem computador...
quer abrir a pasta,
não existe pasta. Você se deleta, mané...
Quer salvar o arquivo. Mané, pra qual bin?
Arquivo não há mais.
Mané, e agora?
Bruno de Andrade, 14 anos, da Fundação Osório.
O Globo, Megazine, 21 de abril de 2009. 9
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Sme

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CADERNO DO ALUNO
Sme Aluno(a):__________________________________________________ 9°ANO
Atividade 3
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TEXTO 2 José

Com a chave na mão


E agora, José?
quer abrir a porta,
A festa acabou,
não existe porta;
a luz apagou,
quer morrer no mar,
o povo sumiu,
mas o mar secou;
a noite esfriou,
quer ir para Minas,
e agora, José?
Minas não há mais.
Esse poema é de um dos
e agora, você?
José, e agora?
você que é sem nome, maiores escritores brasileiros:
que zomba dos outros,
Se você gritasse,
você que faz versos,
que ama, protesta?
se você gemesse, Carlos Drummond de Andrade.
se você tocasse
e agora, José?
a valsa vienense,
se você dormisse,
Está sem mulher,
se você cansasse,
está sem discurso, Poeta, cronista, Drummond
se você morresse...
está sem carinho,
Mas você não morre,
já não pode beber,
já não pode fumar,
você é duro, José! nasceu em Itabira, Minas Gerais,
cuspir já não pode,
Sozinho no escuro
a noite esfriou,
qual bicho-do-mato,
em 31 de outubro de 1902 e
o dia não veio,
sem teogonia,
o bonde não veio, morreu no Rio de Janeiro, onde
sem parede nua
o riso não veio
para se encostar,
não veio a utopia
e tudo acabou
sem cavalo preto viveu por muitos anos.
que fuja a galope,
e tudo fugiu
você marcha, José!
e tudo mofou,
José, para onde?
e agora, José?

E agora, José? ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia


sua doce palavra, Completa. Rio de Janeiro: Editora Nova
seu instante de febre, Fronteira, 2007.
sua gula e jejum,
sua biblioteca, Glossário
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro, Utopia: projeto de natureza irrealizável, fantasia.
sua incoerência, Teogonia: conjunto de divindades, de deuses.
seu ódio - e agora? . 10

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