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ESCO LA MU N ICIPAL Escola Municipal “José Gomes Vieira”

J GV
JO SÉ G O MES VIEIRA
Ensino Fundamental I e II
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CEP 35.901.073
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Carlos Drummond de Andrade foi um grande poeta, contista e cronista


brasileiro. Pelo conjunto de sua obra, tornou-se um dos principais
representantes da Literatura Brasileira do século XX. É considerado, por muitos
críticos literários, como um dos principais escritores do Modernismo no Brasil.
Sua grande obra é A Rosa do Povo, publicada em 1945.

Biografia resumida

- Carlos Drummond de Andrade nasceu na cidade de Itabira, Minas Gerais, no


ano de 1902

- Foi chefe do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional


(DPHAN), cargo em que se aposentou.

- Em 1921, começou a publicar seus primeiros escritos no jornal mineiro Diário


de Minas.

- Em 1923, entrou para o curso de Farmácia na Escola de Odontologia e


Farmácia de Belo Horizonte.

- Em 1925, casou-se com Dolores Dutra de Morais.

- Concretizou seus estudos em Belo Horizonte e, neste mesmo local, deu início
a sua carreira de redator na imprensa.

- Em 1927, nasceu seu filho Carlos Flávio. No ano seguinte nasceu sua filha
Maria Julieta.

- Em 1933, foi Chefe de Gabinete do Presidente de Minas Gerais.

- Também trabalhou por 35 anos como funcionário público. Foi Chefe de


Gabinete do Ministério da Educação do Brasil entre 1934 e 1945.

- Em 1968, ganhou o Prêmio Jabuti com a obra de poesias Versiprosa. Durante


toda sua vida, ganhou outros prêmios, como reconhecimento de seu talento
literário.

- Em 1973, recebeu um prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte.


- Na década de 1980, lançou as seguintes obras: A Paixão Medida, que contém
28 poemas inéditos; Caso do Vestido (1983); Corpo (1984); Amar se aprende
amando (1985) e Poesia Errante (1988).

- Foi cronista no Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), entre os anos de 1969 e


1984.

- Ganhou, em 1982, o prêmio literário Juca Pato da UBE (União Brasileira dos
Escritores).

- Faleceu em 17 de agosto de 1987, na cidade do Rio de Janeiro, em


decorrência de problemas cardíacos, doze dias após a morte de sua filha Maria
Julieta.

Infância

Carlos Drummond de Andrade

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.


Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu


a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo


olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu pai campeava


no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história


era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,


está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão


quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Poema Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras


mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.

No Meio do Caminho

No meio do caminho tinha uma pedra


tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento


na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

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