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Teoria do Verso

Equipe: Antonio, Vinícius e Rejane


“Quando nasci, um anjo Tenho apenas duas mãos/e o
torto/desses que vivem na sentimento do mundo [...]
sombra/disse: vai Carlos! ser
gauche na vida.

Lutar com palavras/é a luta mais Suponha que um anjo de


vã./Entanto lutamos/mal rompe a fogo/varresse a face da terra/e
manhã. os homens sacrificados/pedissem
perdão./Não peça.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Nasceu em Itabira do Mato Dentro, no interior de Minas Gerais, a 31 de


outubro de 1902. Após os estudos primários na cidade natal, em Belo Horizonte
matricula-se no ginásio, mas decorridos seis meses regressa a Itabira e de lá
segue para o Rio de Janeiro, onde é internado no Colégio Anchieta. Expulso
dois anos depois por "insubordinação mental”, vai para Belo Horizonte e entra
a colaborar na imprensa, ao mesmo tempo que faz o curso de Farmácia. Trava
amizade com João Alphonsus, Pedro Nava, Aníbal Machado e outros. Conhece
Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Ribeiro Couto, Tarsila do Amaral.
Diplomado, volta a Itabira (1926), a lecionar Português e Geografia algum
tempo.
De novo em Belo Horizonte vai trabalhar no Diário de Minas e
no funcionalismo público. Em 1930, estreia em livro com alguma
Poesia, e quatro anos mais tarde está no Rio de Janeiro, como
oficial de gabinete do Ministro da Educação, de onde sai
(1945) para chefiar a secção de História da Divisão de Estudos
e Tombamento da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, cargo em que se aposenta em 1962. Faleceu no Rio de
Janeiro, a 17 de agosto de 1987.
Nesta livro estão reunidos A rosa do povo é um livro
Os temas dos 15 contos
a coleção de crônicas que pertence ao alto
neste livro giram em torno
escritas por Drummond em modernismo literário
da grande pauta da obra do
toda a década de 80, a brasileiro, no qual
autor: o memorialismo, o
maioria foi originalmente Drummond se baseia em
relato da vida pacata no
publicada no Jornal do muitos versos do poeta
interior do Brasil do
Brasil. norte americano Walt
início do século XX.
Whitman.
É marcada pela ironia, em que o poeta se expressa com um olhar acima,
colocando-se maior que o mundo e utilizando disso para construir sua
poética;

Uma época em que o autor destaca seus escritos mais pelo viés do
engajamento político;

Surge como um equilíbrio para o autor, em que agora está igual ao mundo.
está circunscrita em um momento reflexivo da literatura em que há um
fascínio pela autorreflexão e o eu lírico em seu discurso não se opõe a
essa realidade, posicionando-se de forma crítica, que, para nós, é a
partir dessa tomada de consciência vinda do modernismo, que o poeta se
apropria da necessidade de expor através da poesia as suas teorias
estéticas e encontra o seu sentido de dever artístico, bem como a
liberdade necessária ao caráter não prescritivo da sua criação poética e
metapoética.
Amar o perdido
deixa confundido
João amava Teresa que amava Raimundo
este coração.
que amava Maria que amava Joaquim
que amava Lili
Nada pode o olvido
que não amava ninguém.
contra o sem sentido
João foi pra os Estados Unidos,
apelo do Não.
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria
As coisas tangíveis
ficou para tia,
tornam-se insensíveis
Joaquim suicidou-se e Lili casou com
à palma da mão.
J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
[...] Um sábio declarou a O Jornal que ainda
Vamos, não chores
falta muito para atingirmos um nível ra-
A infância está perdida
zoável de cultura. Mas até lá, felizmente,
A mocidade está perdida
estarei morto.
Mas a vida não se perdeu

Os homens não melhoraram


O primeiro amor passou
e matam-se como percevejos.
O segundo amor passou
Os percevejos heroicos renascem.
O terceiro amor passou
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
Mas o coração continua.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.
Sentimento do Mundo é o terceiro livro de poemas de Carlos Drummond de
Andrade, publicado em 1940, escrito após Alguma poesia e Brejo das
almas. Drummond, considerado pela crítica nacional um dos maiores poetas
brasileiros, mostra nessa obra sua faceta mais madura e atenta às
fragilidades e angústias humanas.

José é o quarto livro de poemas lançado pelo poeta mineiro. Foi


originalmente lançado em 1942, de uma forma discreta, no fim do volume
Poesias, uma coletânea também com os três primeiros livros de Drummond.
Ao contrário das obras anteriores, cujo conteúdo de cada uma passava o
número de 25 poemas, José reúne apenas doze. O livro trata de assuntos
como a solidão do homem na metrópole, os problemas individuais do ser e
questões pessoais da vida de Drummond.
É o mais longo de seus livros de poemas. O próprio título do poema já
traz uma simbologia: uma rosa nasce para o povo, será a poesia para o
coletivo? Por isso, os estudiosos dizem que este talvez seja o livro
mais "politizado" do poeta mineiro. Essa obra, na verdade, funde as
ideias sociais que estão em outros dois livros ("José" e "Sentimento do
Mundo"). Drummond, acrescenta ao tema social seu desencanto, seu
pessimismo.

Organizada pelo próprio Carlos Drummond de Andrade e publicada em 1962,


a Antologia Poética reúne textos que originalmente saíram em diversos
livros. A obra foi dividida pelo autor em nove partes, cada uma
correspondente a um universo temático específico. Entre os diversos
temas abordados na obra, encontramos poemas compostos justamente para
cada um dos 3 livros anteriores.
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,


não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Ó solidão do boi no campo,
Ó solidão do homem na rua!
Entre cartas, trens, telefones, Ó solidão do boi no campo!
Entre gritos, o ermo profundo. O navio-fantasma passa
Ó solidão do boi no campo, Em silêncio na rua cheia.
Ó milhões sofrendo sem praga! Se uma tempestade de amor caísse!
Se há noite ou sol, é indiferente, As mãos unidas, a vida salva…
A escuridão rompe com o dia. Mas o tempo é firme. O boi é só.
Ó solidão do boi no campo, No campo imenso a torre de petróleo.
Homens torcendo-se calados!
A cidade é inexplicável
E as casas não têm sentido algum.
Um inseto cava
Eis que o labirinto
cava sem alarme
(oh razão, mistério)
perfurando a terra
presto se desata:
sem achar escape.
em verde, sozinha,
Que fazer, exausto,
antieuclidiana,
em país bloqueado,
uma orquídea forma-se.
enlace de noite
raiz e minério?
ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética. 1. ed. São Paulo: Companhia
das Letras, 2012.
MASSAUD, Moisés. A Literatura brasileira através dos textos. 29. ed. São
Paulo: Cultrix, 2012.
PEREIRA, Monique Santos. Contrapontos sociais e literários na poética
brasileira: reflexos da influência de Drummond na atual poesia nacional.
2022. 85 f. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-Graduação Mestrado
Acadêmico em Estudos Literários (MEL). Universidade Federal de Rondônia,
2022.
[...]
se foi miudamente recompondo,
enquanto eu avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.

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