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PORTUGUES – MEMÓRIA

Memória de Carlos Drummond de Andrade

A importância das memórias, a persistência das lembranças e o esquecimento são temas


muito tratados por Carlos Drummond De Andrade, através de metáforas e simbologias. Um de
muitos poemas feitos pelo poeta é Memória, que se encontra na obra Claro Enigma, feito por
ele em 1951.

Amar o perdido
Deixa confundido
Este coração

Nada pode o olvido


Contra o sem sentido
Apelo do Não.

As coisas tangíveis
Tornam-se insensíveis
À palma da mão

Mas as coisas findas,


Muito mais que lindas,
Essas ficarão

Paráfrase:
Amar a pessoa perdida,
Confunde este coração

O esquecimento não consegue desfazer a memória


Que foi criada pelo apelo sem sentido da negação

As coisas concretas
Que antes eram tocadas pelas mãos,
Já não podem mais ser sentidas

Mas as coisas que acabaram,


Ficarão vivas na memória
Enquanto as coisas lindas serão esquecidas.

Análise do poema:
O poema é composto por 4 estrofes, cada uma com 3 versos e com 15 sílabas métricas.
O texto retrata o amor do eu-lírico pela pessoa que já se foi, mas que continua vivo nas
memórias e confunde o interior do poeta.
Pode ser interpretado, como um amor por aquilo que não temos e a necessidade de termos o
inalcançável.
Drummond relata que mesmo sendo algo sem sentido aparente, não consegue esquecer esse
amor, mesmo sem conseguir senti-lo mais. O “apelo do Não” pode significar a vontade do
inconsciente do eu-lirico de continuar com essas lembranças, mesmo que o esquecimento
tente persistir.
No final do poema, há um paradoxo, pois, o poeta afirma que as coisas já acabadas serão
imortalizadas a partir da Memória, portanto não foram encerradas.

(A última estrofe é como um consolo interior a Drummond dizendo que aquele amor lindo que
ainda continua, não será guardado na memória tanto quanto os amores já terminados.)

As memórias pessoais de Carlos Drummond de Andrade


Carlos Drummond de Andrade foi um dos maiores escritores do Brasil e foi um cronista, poeta
e contista de muito sucesso do período modernista.
Nascido em Itabira, interior de Minas Gerais, no dia 31 de outubro de 1902, Drummond logo se
interessou pela literatura e pelas palavras. Em 1916, se mudou para a capital do estado, Belo
Horizonte, onde estudou durante um período de dois anos, até se estabelecer no interior do
Rio de Janeiro para estudar em um colégio interno jesuíta.
Entretanto, retornou a Belo Horizonte, onde se formou em Farmácia na Escola de Odontologia
e Farmácia de Belo Horizonte, mas não exerceu a profissão. Nesse mesmo ano, fundou A
Revista, um importante veículo de informação modernista.
Seu primeiro livro publicado foi em 1930, chamado Alguma Poesia.
Foi reconhecido como escândalo literário após escrever “No meio do caminho”, obra ainda
hoje muito reconhecida na literatura brasileira.
Em 1934 se mudou para o Rio de janeiro e se tornou chefe do gabinete do Ministério da
Educação e da Saúde. Seu falecimento no dia 17 de agosto de 1987, no Rio de Janeiro.

Obras
Seus poemas e contos contemplam muito a existência humana e o sentimento de pertencer ao
mundo moderno (com questionamentos religiosos, filosóficos, amorosos e sobre as
inquietações sociais). Os temas mais comuns são os conflitos sociais, as memórias de sua terra
natal (Itabira), a existência humana e a visão sarcástica do mundo. As ironias, os paradoxos e
as controvérsias são muito usados pelo escritor, que retrata o pessimismo da vida com humor.
Suas obras mais conhecidas são: “Alguma Poesia” (1930), “No meio do caminho” (1928), que
abriu o caminho para o reconhecimento público, “Brejo das Almas” (1934), “Claro Enigma”
(1951) e dentre outros.

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