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INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO DE FISCALIZAÇÃO
Princípios de um(a) bom(a) fiscal
A mediunidade dos fiscais
Ouvir muito e falar pouco
Não tocar
Fora da corrente
Rebeldia e resistência
Vestimentas
Posicionamento dos fiscais
Posicionamento dos membros da mesa
A preparação do fiscal
Setores básicos da fiscalização
Comando da Fiscalização
Salão
Atendimento
Terreiro
Porta
Reforço/ronda
Escalas
Dicas importantes para os pontos e igrejas
Defumação
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Retirado da página da fiscalização no Facebook
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mandamentos da boa fiscalização.
INTRODUÇÃO
Este livro foi idealizado no Céu do Mapiá em 2011, por Dona Regina Pereira,
moradora da comunidade e uma das zeladoras mais ativas da herança material e
espiritual do Padrinho Sebastião. Com o passar dos anos, vários irmãos foram se
unindo a esse projeto e vendo a necessidade cada vez maior de treinar uma
fiscalização homogênea e com conhecimento básico de ação.
Sendo este livro um auxiliar do OFICIAL LIVRO VERDE DAS NORMAS E RITUAIS
que contem todas as instruções para toda doutrina.
A página foi criada em 2013 e conta com mais de 4.600 fiscais de todo planeta.
Nesse grupo são discutidas todas as duvidas de como agir em determinadas situações,
das mais simples as mais complexas.
A atividade de dessa função dentro da nossa Doutrina, pode ser definida como
“Anjo da Guarda”, como todo bom(a) fiscal deve ser, dentro ou fora dos trabalhos
espirituais. Por isso ser fiscal é um Dom e um serviço maravilhoso!
Ouvir muito e falar pouco - isto significa falar apenas o necessário e em tom que não
desconcentre a irmandade ao redor, seja para dar uma orientação, quando isso se fizer
absolutamente necessário ou para prestar algum esclarecimento, caso lhe seja
solicitado. Sempre cuidando para não entrar nas armadilhas das palavras, o que acaba
por não auxiliar em nada a sua atuação e sobrecarrega ainda mais as dificuldades do(a)
atendido(a). A hora para explicações e destrinchamentos é outra; não durante o
processo. Para a suavização das negatividades, muito mais valiosas são as emanações
de confiança, de carinho e de amorosidade, o que pode ser transmitido com perfeição
no máximo silêncio possível.
O(a) fiscal deve se esforçar para atuar como um anjo da guarda: cuidar e zelar com
muito amor, porém, mantendo-se praticamente invisível.
Não tocar - da mesma forma, evitar tocar nos irmãos em processo, salvo se solicitado
ou quando seja evidente a necessidade de assistência corporal (para evitar uma queda,
por exemplo). Nesta mesma positividade, devemos nos aparelhar e evitar expressões
como “não pode”, preferindo sempre “seria bom” ou “pode ser melhor para você”.
Não nos esqueçamos o quanto tem incrustada em nós a resistência à repressão, o que
torna recomendável que se faça o possível, quando na função de fiscal, para evitar que
a atuação seja confundida como sendo tipo “força polícial”. O ideal é que com
sabedoria se acerque do(a) irmão(ã), de modo a ser visto(a) como “ajudante”,
favorecendo a baixa da resistência, a guarda, e, com isso, permitindo que se receba o
auxílio apropriado. Manter-se sempre alerto(a) à necessária humildade, que prioriza e
reconhece o processo e as necessidades do(a) outro(a) e não a sua projeção do que
o(a) outro(a) “deveria” precisar.
Para os rearranjos das fileiras e para a troca de posições, dirija-se à frente do(a)
fardado(a) e lhe aponte o novo lugar para onde deve se deslocar. Assim, não será
preciso falar e isso facilitará e agilizará bastante tanto a compreensão de quem está
sendo abordado(a) quanto a atuação do(a) fiscal. Nunca efetue abordagem pelas
costas nem puxe os(as) participantes pelo braço ou pela roupa/farda. Sempre que
possível, lembre-se de sorrir ao efetuar os rearranjos de fileiras porque uma
abordagem simpática e acolhedora pode atenuar o desconforto da mudança e, dessa
forma, evitar eventuais conflitos ou desconfortos desnecessários.
Fora da corrente - quando um(a) irmão(ã) está fora da corrente, a função do(a) fiscal é
orientar e aconselhar sobre a sua volta ao salão, mas nunca de modo coersitivo nem
tentar forçar isso. Procure esclarecer com delicadeza que no salão é onde acontece o
trabalho e ali é sempre o local mais seguro para permanecer.
Rebeldia e resistência - existem de fato as situações em que o(a) irmão(ã) está ali,
descumprindo as orientações gerais do trabalho não por dificuldades maiores ou
desconhecimento, mas, sim, por rebeldia e por resistência do ego. Ainda neste caso é
melhor que prevaleça a suavidade e até mesmo a tolerância com aquilo que também é
uma dificuldade travestida de outras faces do(a) irmão(ã) rebelde. Nestas situações é
preferível a não ação, deixando, às vezes, que a própria Força o leve para o trilho de
atuação correto ou se esperando o momento apropriado para a conversa e para a
devida orientação – que pode ser até mesmo depois do trabalho. Um eventual
endurecimento da situação é mais prejudicial que o deixar passar, tanto para o sujeito,
como para o fiscal e para a corrente. Isto não significa, absolutamente, uma situação
de passividade: o irmão deverá ser orientado e a situação deverá ser revista em
conjunto e com firmeza, no momento adequado.
Antes de sofrer ou de se indignar com determinadas atitudes provocativas, de revidar
agressividades, de instigar comportamentos desalinhados com as instruções cantadas
nos hinos, deve-se respirar fundo e procurar na memória a lembrança de que atitude
agressiva é um pedido de socorro ao Amor e que, ali no salão dourado do Mestre, o(a)
fiscal é um dos(as) representantes desse Amor. Independentemente do entorno que
se apresente, cada um(a) deve procurar fazer a sua parte com perfeição amorosa
porque essa é a única esperança viável para quem deseja ajudar quem esteja sofrendo.
Posicionamento dos fiscais - o fiscal de salão deve buscar se posicionar de frente para
o comando, de modo a facilitar a comunicação quando se fizer necessária. Igualmente,
todos(as) os(as) fiscais devem buscar essa conexão, de modo que se alcance o ideal de
constituirmos a corrente como um corpo único durante o trabalho. Treinem a telepatia
e a comunicação pelo olhar, pois funcionam!
Setores básicos da fiscalização - Ao todo, o fiscal pode exercer suas funções em seis
setores. Dependendo do tamanho da Igreja e do número de fardados(as)
treinados(as), um(a) mesmo(a) fiscal pode ter que exercer diversas funções ao mesmo
tempo eno setor que mais precisar da sua atenção; seja no salão, no atendimento ou
no terreiro. Existindo possibilidade, é indicado que cada setor conte com um(a) fiscal
exclusivo(a). Pode acontecer de certos fardados(as) se especializarem em exercer seu
papel em determinadas funções, conforme suas habilidades e afinidades. Nestes casos,
os(as) especializados(as) podem orientar os(as) novatos(as) na atividade que lhes
forem mais familiar, bem como podem exercer com maior frequência essa atividade,
desde que isso seja acordado com a Igreja e não atrapalhe o desenvolvimento dos(as)
demais.
Salão: o(a) fiscal de salão é responsável pela organização desse espaço, arruma as alas,
cuida das velas e da água na mesa. Deve sempre estar atento(a) ao andamento do
trabalho, tanto no que diz respeito ao bailado, quanto no que se refere à situação de
cada irmão. É responsável também por receber bem, com amor e alegria,
principalmente os visitantes que chegam pela primeira vez, orientando-os(as) com
relação às normas da casa, o bailado, os hinos, dentre outras informações pertinentes.
Devem sempre estar atentos(as) a tudo dentro do salão: toque dos maracás, filas, alas,
irmãos em passagem, quem está dentro ou fora. São o braço direito do comando.
Atendimento: o(a) fiscal de atendimento é como um Anjo da Guarda de cada
participante, pois é responsável por zelar dos(as) participantes que necessitam de
auxílio na sua experiência espiritual, em virtude de uma alteração ou de uma
passagem vivenciada durante o ritual.
Terreiro: Sendo desgnado(a) para essa área, deve prestar atendimento direto a quem
por ali transita ou ali se dirige para efetuar limpezas ou para tomar ar e também deve
receber as pessoas encaminhadas pelo fiscal de salão para o terreiro e vice-versa. O(a)
fiscal de terreiro deve sempre estar atento(a) a todos(as) que saem do salão durante o
trabalho e saber onde estão.
Porta: responsável por zelar a porta, os acessos e a saída da Igreja. Controla a direção
de cada um que sai do trabalho e, quando necessário, indaga os motivos da saída. É o
intermediário entre os(as) fiscais do salão e os(as) do terreiro.
ESCALAS
● Ter disponível próximo ao salão um “kit limpeza” composto por balde, pano,
vassoura, rodo, pá e serragem fina para uso durante os trabalhos, caso necessário.
● Ter sempre em mão a lista de medicamentos cujo uso associado ao Santo Daime
não é recomendado, e conferir cada Ficha de Anamnese antes de assiná-la.
● Cuidar para que as Anamneses sejam bem feitas, bem estudadas e bem guardadas
em arquivo confidencial que possa ser consultado posteriormente, se necessário.
● Estudar muito sobre as dimensões dos espíritos, dos Anjos, de São Miguel, de São
Francisco e, principalmente, sobre Jesus de Nazaré.
DEFUMAÇÃO
Fiscais não tocam maracá, não se sentam e não bailam, a menos que percebam que a
ala precisa de força. Se assim for, bailam na ultima fileira para corrigir algum bailado
fora do compasso por parte de iniciantes ou para balancear a corrente. Em algumas
igrejas é regra que se mantenham sempre em pé, mas, uma vez perguntei sobre isso a
uma fiscal experiente do Mapiá e ouvi que lá algumas fiscais são senhoras e sentam,
sim.E a instrução é que se pode sentar, mantendo-se atenta(o)! Se começar a ficar
desatenta (o) da fiscalização, voltar a ficar em pé!
Sendo fardado (a), todos(as) têm obrigação de passar por todas as frentes de trabalho
da casa, inclusive, a Fiscalização. Se tiver bastante gente, dá para iniciar o treinamento
após esperar um aninho de farda.
Caso contrário, bota para aprender antes mesmo. Isso é fato! Iniciando no estudo, o(a)
fiscal novato(a) não deve ficar sozinho(a) porque pode se perder muito no início. Tem
que ter um treinamento e estar acompanhado (a) por algum(a) irmão(ã) mais
experiente que monitora os turnos. Passar a teoria apenas com palavras é perder um
bom tempo. O lance é o tempo real e a prática.
(*) Interferência no trabalho do(a) Fiscal por outro(a) fardado(a) é “Alteração” e toda
alteração no andamento do trabalho é uma manifestação, mesmo que inconsciente,
de um espírito sofredor (doente) que está aparelhando o(a) fardado(a) desavisado(a).
Então, entendo que, nesse momento, o(a) fiscal deve escutá-lo(a) com amor,
encaminhá-lo(a) de volta ao seu posto e continuar fazendo o seu trabalho.
Mas, se a interferência for além de falar o que o fiscal deve fazer, aí é caso de informá-
lo (a), educadamente, que já tem um(a) fiscal no salão; agradecer e pedir que fique
tranquilo(a) e não se preocupe. Se virar tumulto, aí já vira alteração mesmo no
andamento do trabalho. Então, ao final, sendo a primeira vez, deve se ter aquela
conversinha de leve. Caso não seja a primeira vez, dependendo do caso, já pode ser
afastamento temporário, o que pode vir a desencadear um futuro afastamento
definitivo.
Creio que sem autorização, qualquer registro fotográfico, em qualquer outra situação,
além das sessões do Santo Daime, pode ser contestado juridicamente. É a questão do
uso indevido de imagem. Muito séria essa questão. E, já que estamos no terreno da
espiritualidade, vale a pena pensarmos na ética, antes até da legalidade.
7. Tenho uma dúvida quanto às velas. Se o trabalho estiver acabando e a vela da
mesa acabar nos últimos hinos, coloca-se outra ou deixa terminar sem vela?
Entenda o seguinte: enquanto não fechar com "Em nome de Deus pai..." o trabalho
está aberto. E enquanto o trabalho estiver aberto é importante manter as velas
acesas. Dependendo da situação, mesmo após o fechamento do trabalho, importante
manter os pontos acessos se houver pessoas ainda na força, em concentração pelo
salão ou em passagem no terreiro.
Pode apagar e guardar para o próximo trabalho (como se faz no Mapiá) ou encaminhar
ao Cruzeiro para queimar até o fim. Pode levar acesa ou apagada e acender lá no
Cruzeiro.
Os pontos com velas nos terreiros acabam servindo como distração, além de
aumentarem o custo por trabalho. Depois da derradeira visita do Padrinho em nossa
casa, tiramos as velas dos pontos, no terreiro temos apenas a do Cruzeiro e a da
entrada da porteira da nossa sede, e vejam: não tivemos mais gente saindo da Igreja
para fazer qualquer atuação em frente a esses pontos. As pessoas saem apenas para
fazer sua limpeza e logo voltam para o seu lugar. Cada vez mais percebo que a
distração não faz parte do nosso Trabalho e, sim, a atenção. Isso, apesar da distração
estar presente em nós, na vida, etc. Velas demais acabam dando um trabalho danado
à Fiscalização que está ali para dar suporte ao Ritual, conforto ao irmão ou irmã e por
muitas vezes vimos irmãos tendo passagem e o fiscal fora do lugar para trocar velas,
buscar lenha, etc...
Mas importante é sempre o bom senso, cada Igreja tem seus guias e protetores e seus
pontos específicos.
10. Sobre perfilamento, a escadinha na altura. Mais velhos num batalhão, mais
novos em outro. Já aprendi que quando alguém puxa a fila, seja uma puxadora ou a
Madrinha da casa, a questão da altura pode ficar em segundo plano. Qual a
orientação certa?
Penso que a orientação certa seja o bom senso e a harmonia. Ao pé da letra, por
exemplo, no batalhão dos jovens "deveriam" estar apenas virgens. Mas, como a
realidade urbana não é igual a da floresta ou das comunidades grandes (onde há
bastantes crianças envolvidas no dia a dia da Doutrina), o bom senso e o zelo pela
harmonia geral do salão passa por colocar nem tão jovens nos jovens, casados no
meio, solteiros nos casados, etc. Em minha opinião, mais importante do que a "regra",
é manter o salão bem distribuído e harmonizado com a corrente fluindo e em
harmonia geral. Então, temos adolescentes mais velhos, no Mapiá, tem vários que
bailam na ala dos jovens. A regra é virgens bailarem no batalhão das moças e dos
moços. Não tendo, vai se compondo com o que se tem. Fica lindo demais quando
temos meninos e meninas nas primeiras filas. Dá uma leveza na sessão, mas, se não
tiver, o importante é manter as primeiras fileiras das alas completas!
11. Tenho uma dúvida quanto a um remédio em específico, que uma irmã faz uso.
Ela quer conhecer o Daime, mas gostaria de saber se esta medicação teria de ser
interrompida uns dias antes.
*Os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são uma classe de
medicamentos antidepressivos presentes no mercado desde o final da década de 1980.
Fluoxetina (Prozac®, Daforin®, Prozen®, Psipax®). Sertralina (Zoloft®, Assert®, Serpax®).
Paroxetina (Seroxat®, Dropax®, Paxil®, Benepax®, Pondera®, Parox®).
Referência: www.mdsaude.com/psiquiatria/antidepressivos-isrs/
https://amenteemaravilhosa.com.br/9-tipos-de-ansioliticos/
12. Temos recebido irmãs Trans em alguns trabalhos (bailados e concentrações) e as
aceitamos como se apresentam. Gostaria de saber como flui em outras Igrejas.
Na Igreja que frequento quando questionamos nosso Patrono sobre esse assunto
fomos orientados que o “Centro é Livre” e “Cada um cuida si”. Assim, devemos receber
a todos(as) com carinho, amor e respeito. E que fica a critério da pessoa em qual
batalhão deseja ficar, sempre seguindo as normas de cada batalhão. De preferência de
acordo com suas vestimentas, vestidos e saias na ala feminina, por exemplo.
Há um tempo recebemos um rapaz que sempre ficava na ala masculina, por escolha
própria. Um dia ele resolveu ir de saia e foi bailar lá no mesmo batalhão de sempre
com essa vestimenta. O fiscal do dia educadamente se dirigiu ao irmão e o informou
que, conforme as normas, o batalhão masculino usa calças e o feminino saias. Por essa
razão, ele precisaria trocar a saia por uma calça para bailar naquela ala. Ele,
prontamente, atendeu ao pedido do fiscal. Colocou uma calça e o trabalho seguiu
normalmente. Depois desse episódio o rapaz nunca mais foi de saia para as sessões.
Por vezes, chegou até a igreja de saia e quando ia se iniciar os trabalhos colocava a
calça para compor o batalhão masculino.
Particularmente, creio que realmente deva ficar a critério da pessoa, mas sempre
respeitando os preceitos de cada ala!
E nós precisamos desde sempre nos prepararmos para esses tipos de situações! Para
sempre agirmos com amor, verdade, justiça e sabedoria! Lembrando sempre que ao
vestir a farda e adentrar ao salão somos parte daquele todo.
Relato: Eu sou homem Trans e sou fiscal do batalhão masculino. Nunca tive problema
nenhum na igreja em que sou fardado.
Relato de experiência:
Igreja Céu de Maria / SP – Brasil - Bia (dirigente):
Lembrando que o ideal é cantar, com ou sem o hinário na mão, batendo o maracá na
posição correta. Então, é necessário estudar muito e deixar as puxadoras com as
estantes.
Penso que pode utilizá-las só se o espaço disponível for favorável, se houver um bom
espaçamento entre as fileiras; caso contrário, estantes só na primeira fila. Questão de
bom senso mesmo.
*Se sua igreja tem condições de usar só água use, mas, hoje em dia o uso do papel
higiênico é fundamental em várias igrejas, pois muitas são em locais onde as vezes só
tem água em garrafas compradas. Costuma se usar água e papel higienico para ajudar
a pessoa que precisam se limpar. Use o bom senso... se puder usar água perfeito,
senão, papel é a solução.
15. ANAMNESE*** Gente, gostaria de tirar uma dúvida. No caso de entrevista com
visitantes, além da Ficha de Anamnese, quais pontos mais essenciais referentes à
Doutrina devem ser tocados durante a conversa?
Acho interessante pontuar detalhes do ritual. Por exemplo, a separação entre homens
e mulheres no salão, onde ela vai tomar o Daime, quantos despachos serão previstos,
onde a pessoa pode descansar (informar no caso de quarto de Cura), a necessidade de
permanecer na corrente sempre que possível, explicar sobre não cruzar os braços e
pernas, a necessidade de acompanhar o hinário e, caso o(a) visitante não possua um, é
muito importante providenciar um.
Esclarecer o que é uma limpeza e onde a pessoa pode fazer la (banheiros e lugar
designado para limpeza fisíca). Se precisar de ajuda quem serão os(as) fiscais.
Só complementando tudo que já foi dito, acho sempre interessante comentar sobre
um primeiro contato com a Doutrina: um pouco de sua história, normas e ritual. Após
esse primeiro contato, realizo a Anamnese.
16. Há números definidos de fiscais por trabalho? Em trabalhos longos, como
exemplo em festivais, que podem durar até 12 horas, é sensato o rodizio de até
quantos fiscais? Devo imaginar que cada igreja tenha a sua dinâmica, claro; mas
gostaria de saber se há uma orientação especifica para esse caso.
17. Sobre fileiras. Quantos hinos deve-se esperar para avançar no lugar vazio à
frente? E quando se está compondo a última fila e nessa fila só tem duas pessoas
pode se sair e deixar outro sozinho sendo que este (a) é fardado (a) também? Ou vai
do bom senso de cada irmão (ã)? E o lado do bailado para se puxar (e posicionar)
quando se tem poucas pessoas nas fileiras é do lado esquerdo para o direito. Certo?
Se perceber que a pessoa que saiu está passando mal e vai demorar, o (a) fiscal já pode
recompôr a fila. Não precisa esperar os três hinos de praxe. Para ocupar o espaço vazio
deixado por quem saiu se coloca quem está na sequência: “tipo a fila anda”. Procura-
se completar a fileira com um (a) fardado (a) da altura do (a) que saiu ou próximo para
não mexer demais na fileira. Atenção para arrumar a fileira, sempre levando em
consideração os mais velhos e os (as) fardados (as) da casa.
18. Organização dos maracás, hinários e garrafas de água.
19. Sobre a Jarra da água da mesa, qual o procedimento? Existe alguma instrução
sobre mantê-la sempre cheia?
Acredito que se deve mantê-la cheia até próximo ao final do trabalho. A água da mesa
(estrela) é fluidificada e é preciso manter a jarra cheia, sem deixá-la secar,
pricipalmente em Trabalho de Mesa Branca e de Cura! Se botar uma jarra na Mesa,
independente de qual trabalho seja, ela será fluidificada. E essa água é para ser bebida.
Mantê-la cheia tem o propósito de garantir a oferta da água fluidificada a todos. Ao
encerrar a Sessão, esta água fluidificada que sobrou, pode ser distribuída aos doentes
ou necessitados, até mesmo em garrafinhas, para levar para algum familiar ou irmão
que não pôde comparecer no trabalho. Está água é diamante puro!
20. Já há algum tópico no grupo sobre tocar (encostar a mão, pegar, ou qualquer
coisa do gênero), durante o trabalho? Se não há, quais as orientações? As que recebi
é que não devemos tocar, salvo em caso de força maior, como amparar uma queda,
ou auxiliar o irmão/irmã que solicitar ou idosos(as) a caminhar e afins...
Sim, veja a seguir: Não toque e não pegue sem pedir principalmente com iniciantes.
Se apresente na frente da pessoa, estenda a mão e pergunte: “- Posso lhe ajudar? ”
Acho que isso é uma das regras mais faladas do Daime: temos que ter consciência de
que estamos num trabalho espiritual. O Daime nos dá acesso a outros planos mentais.
De acordo com o grau de consciência e de sensibilidade da pessoa, se acessa diversos
campos sutis que no dia a dia não identificamos e as vezes nem reconhecemos.
Acaba sendo muita informação para o aparelho; a pessoa está lidando com um grau de
energia que iniciantes podem não conhecer. Então não toque sem avisar. Não pegue
sem pedir licença! Tenha muito cuidado e zelo ao cuidar de um iniciante na força!
21. O que fazer se alguém sai correndo do salão, urrando como monstro e entra na
mata?
Tem que ir atrás na hora! Pode não ser nada, mas pode ser algo sério. Em caso de algo
mais sério, tem que ser informado o(a) fiscal do salão e este(a) o comando. Por isso, é
importante ter mais de um(a) fiscal disponível. Um(a) fiscal junto ao (à) irmão (ã)
atuado (a), enquanto o outro vai buscar ajuda com o o coordenador de fiscalização ou
comando do trabalho. Não esquecer de registrar o ocorrido no livro de registro.
22. Como dominar uma atuação feroz sem controle e com perigo de ferimentos?
23. Fiscal da porta, tem que saber onde estão todos que saíram do salão?
Sim, o fiscal tem que saber onde está o (a) irmão (ã) que saiu, se foi ao banheiro, se
está fazendo limpeza, só tomando um ar ou esticando as pernas. Caso alguém do salão
procure por aquela pessoa, o porteiro deve saber dar noticias do irmão que saiu.
24. O que fazer quando um visitante decide ir embora no meio do trabalho ?
Eu acredito que com educação e muita paciência, se consiga lidar melhor com esse
tipo de “ser”, que derrepente resolve quer ir embora. Quer por que quer, sair no meio
do trabalho. Precisa deixar claro que não é seguro sair assim, chame um amigo ou
quem o trouxe para o trabalho. Importante lembra-lo(a) que ele(a) assinou um termo
de responsabilidade de ficar até o fim do trabalho. Alerte-o(a) de que sair antes pode
ser perigoso!
25. A história de oferecer água na minha casa, às vezes, é conflitante. Pois, tem
instruções para evitar a água durante o trabalho. O que sabem disso?
26. Quanto tempo precisa para um fiscal atender no salão? No meu caso vai fazer 2
anos que sou fardado é só me colocam pra ficar na porta!
Pode ser que, talvez, não seja uma questão de tempo. Talvez seja mais uma questão
de afinidade com a função. Como disse, não há regra, mais como se trata de uma
igreja com 250 participantes a roda gira num ritmo mais lento que numa igreja com 25
onde o mesmo fiscal de terreiro fiscaliza o salão e a porta. Geralmente, a gente
assume um posto na fiscalização conforme a falta de contingente naquele posto. E vai
firmando o ponto... O principal é servir; se der onde a gente quer, beleza; se não,
vamos indo onde precisa.
27. Tenho uma dúvida sobre quando uma pessoa atua entidades. A casa que
frequento não é UmbanDaime e, quando isso acontece, geralmente, é com visitante.
Eu fico apenas ali parada para o caso da pessoa cair, mas, nesse momento, alguém
que não é da casa, sai do seu lugar e começa a dar passes. Sendo eu a fiscal, devo
acatar ou devo aprender a dar passes? O que faço?
Quanto alguém está em processo de passagem, sua atitude está correta em não
interferir e somente cuidar para que não se machuque. Como nos trabalhos, a
interferência deve ser a menor possível no trabalho do irmão.
Como fiscal primeiro tente identificar a manifestação do ser, que tipo de ser a pessoa
está atuando. Se você não tem essa capacidade, chame um fiscal mais experiente.
Por muitas vezes, é somente manifestação de sua miração do que uma manifestação
de uma “entidade”. Dá para perceber pelo tipo de atuação. Preste atenção: caso seja
somente manifestação de uma miração, deixe a pessoa livre para atuar, desde que não
se machuque ou caia. Caso aconteça da pessoa cair, com delicadeza, chame-a pelo
nome para que volte e lhe ofereça água. Deixe-a voltar tranquilamente, pedindo
sempre que respire. Geralmente, minutos depois de miração intensa, as pessoas saem
para fazer limpeza. Se for um Guia, seja qual for, pegue um pouquinho de Daime no
Altar, mas é pouquinho, um fio, pergunte ao Guia se quer consagrar o Santo Daime.
Quanto à pessoa que chega para dar passes, se não for da casa, é só dizer que precisa
autorização e peça para ir sentar ou leve a ao quarto de cura, assim o trabalho seguirá
com luz e sabedoria. Não é fácil, mas também não é difícil; é só ter tranquilidade.
É bom dar sempre esse aviso antes do inicio dos trabalhos de Mesa Branca e de Banca
Aberta: “- Os médiuns da casa que darão o passe, por favor, aguardem sentados até
serem chamados no momento certo para dar atendimento no quartinho de cura.”
Pronto: bagunça organizada.
28. O iniciante apagou e foi ao chão no meio do trabalho. Como será nosso
procedimento padrão?
Acredito que a fiscalização da casa deva ficar atenta e acompanhar o visitante até que
se sinta melhor. Já vi caso de todo mundo dispersar e a pessoa ficar lá isolada, sozinha
no frio, no terreiro. Fiscais, temos que ter delicadeza e educação. Prestar a atenção
com quem sai se está bem
Geralmente, fico com a pessoa como se estivesse de fiscal, a levo ao Cruzeiro antes de
encerrar para encaminhar, dependendo do caso. Às vezes, é só a força que está grande
mesmo. Aí eu fico junto até baixar. E claro, uma boa conversa também ajuda para ela
aterrisar. Um pouco de sal tambem ajuda mas, nunca deixe a pessoa sozinha. O bom
fiscal vai inclusive manter a vela do Cruzeiro acesa até a pessoa melhorar.
30. Como agir com um iniciante que está aflito por estar vendo e ouvindo coisas que
não são deste mundo?
Peça para a pessoa respirar que em breve a força passa. Fico com ela e acompanhe a
respiração. Chamar ao Anjos para acompanharem nessa passagem. Se for o caso, levar
para o Cruzeiro, ande um pouco com ela se ela conseguir. Sempre bom o fiscal deve
ter conhecimento sobre dons mediúnicos e, se não conseguir progresso, cantar hino.
Algo que observo aqui é que, às vezes, o(a) fiscal entra na energia da pessoa e termina
aflito(a) também porque não conseguiu controlá-la. Se a atuação estiver atrapalhando
o trabalho, levá-la para o quarto de Cura e lá tenha paciência com ela, chame ajuda de
um fiscal experiênte. Pode confiar no poder do Daime! Às vezes, quando não se
consegue acalmar, apenas estar perto faz o fio da harmonia voltar!
31. Qual o atendimento a entidades que incorporam em iniciantes que não sabiam
que eram médiuns até agora?
Tratar com cuidado para não machucar o aparelho e buscar sempre encaminhar para
a corrente. Aí, cada casa tem seu proceder. Na Baixinha costuma-se levar para o
Cruzeiro e com um ou alguns médiuns, atende-se o espírito. No Céu do Mar dá-se uma
pequena dose de 3 a 5 ml de Daime e lhe diz que chegou à casa do Mestre e que daqui
a pouco estará trabalhado na casa e se pede que não fique muito tempo ocupando o
aparelho. Mas tem lugar em que ninguém se mete e deixa a pessoa se entender com o
Daime, desde que não atrapalhe o ritual. Sempre sob o olhar de um fiscal experiente.
32. Qual o dever do (a) fiscal se o irmão estiver numa sintonia fina com espíritos
sofredores há mais de 3 hinos? Começo a defumar em volta da pessoa?
No meu ponto de vista, se meter na passagem alheia querendo interpretar o que está
se passando é muito delicado. A não ser que a pessoa esteja se machucando, ou a
alguém e/ou atrapalhando o bom andamento do serviço, não interfiro. São os
processos de cura de cada um e, se metendo, pode atrapalhar/cortar. E essa, com
certeza, não é a ideia. Mas, se for um fiscal experiente, com conhecimento profundo e
tiver certeza de que seja um sofredor, deve-se pedir para cantar um hino pertinente e
falar baixinho no ouvido do sofredor que ele agora está seguro e que os Anjos estão ali
e vão ajudá lo!
33. Limpeza dentro do salão? No meio do salão.
Jogue serragem fina, use a vassoura, pegue com a pázinha e jogue no balde. Depois lá
fora do salão, jogue um pouco de água em cima da limpeza; Esse é um ensinamento
de dona Baixinha. Ela dizia: a água deve sempre ser jogada em cima das limpezas para
funcionar como espelho para ajudar na evolução dos seres que ali estão.
34. Mais uma questão sobre a formação das alas: aprendi que não devemos colocar
uma irmã que já é mãe na ala das jovens, mesmo que este batalhão esteja mais vazio
que os outros. No entanto, ocorre de alguns fiscais entenderem que devem colocar
uma fardada que já é mãe nessa ala se precisar preencher, mesmo tendo visitantes
para compor a fileira, a fim de que fique só fardado na fila da frente ou que aquela
ala não fique tão vazia. Quando vejo isso, me preocupo com a questão energética
nas alas e com o sentido maior dessa instrução de divisão.
Aprendi que cada fardado (a) deve firmar sua ala. No caso extremo da ala do meio
(Visitante) e a ala do comando por falta de fardado (a) pode mudar por extrema
necessidade mesmo, mas a ala jovem é mais viável colocar uma fardada com mais de
30, sem filhos e solteira, se for o caso. Mas, também pode ficar na ala dos (as)
visitantes ou mesmo na primeira fila dos jovens, se for firmado (a) e já tomar Daime há
um tempo.
35. Troca das fiscais. Por exemplo, quando eu passo o posto para a próxima fiscal e
vice versa, nós vamos até o cruzeiro? Quero saber se existe algum padrão para essa
parte do trabalho.
Sempre quando fazemos a troca de fiscais é muito importante que ocorra a troca de
informações pertinentes ao trabalho em andamento. Informações sobre irmãos(ãs) em
passagem, novatos(as), orientações do comando, velas, etc. Sobre ter que ir até o
Cruzeiro para fazer a troca, não é obrigado, mas importante passar as informações no
Cruzeiro para evitar a conversa na corrente. Não tem nada de errado, mas não é
obrigatório!
36. Como lidar com certas rebeldias da irmandade como, por exemplo, ficar
quebrando a corrente numa constância para fumar e cheirar rapé muitas vezes?
Sobre o fumo e o rapé, se a pessoa é da casa deve ser alinhada pelo próprio comando,
com as diretrizes da casa. Se for um visitante, basta passar as informações pertinentes
sobre a postura da casa, em relação a tais substâncias.
37. Existe um Protocolo de atendimento e procedimento para TEA - Autistas e
Asperger?
O TEA (Transtorno do Espectro Austista), pela própria definição, engloba uma gama
muito variável do acometimento sobre a pessoa. Na Anamnese para os iniciantes, há a
pergunta sobre portadores de enfermidades que engloba esse assunto, sem especificá-
lo. Acredito que nessa condição, a pessoa vá acompanhada e que o responsável pelo
iniciante deva ter em mão a autorização dos pais ou dos seus representantes legais
para a sua ingestão do Daime, assim como se faz, por exemplo, para menores de
idade), caso não o seja. Devemos igualmente perguntar se há uso de medicação
específica (nem todos usam). Quanto à consagração do chá, há definitivamente uma
interação entre as harmalinas, harminas e o DMT do chá com a maioria das drogas
utilizadas no TEA (comumente a clozapina, a risperidona, a olanzapina, a quetiapina, a
ziprazidona, o aripiprazol, além de outros antidepressivos da classe recaptadores da
serotonina). Isso significa, na prática, que o efeito do chá pode ser potencializado,
causando a síndrome serotoninérgica e uma experiência desastrosa para o iniciante,
além de muito tumulto no salão. Recomendo, então, quando um portador do TEA for
consagrar Santo Daime que seja proibitivo que esteja sozinho; que tenha autorização
expressa dos seus pais ou responsáveis legais para o consumo; que não interrompa as
drogas que já faz uso para o TEA (nem mesmo no dia); deixá-lo próximo a um local que
possa ser retirado da corrente imediatamente, sem incomodar os demais, quando
necessário; vigilância redobrada dos fiscais sobre ele (a); servir-lhe uma dose menor
que a metade (ou a metade) usualmente ofertada aos demais no primeiro despacho;
não obrigar a consagração por mais que um despacho, quando a força estiver muito
presente (risco de efeito serotoninérgico); se houver consagração em mais de um
despacho ser livre a escolha da dose a ser ingerida, baseada na experiência da primeira
dose. Como sempre é para todos, evitar incomodar esse(a) participante durante o
trabalho. Perguntar SEMPRE como foi a experiência ao fim do trabalho e dar feedback
aos pais ou responsáveis legais no dia seguinte, caso estes não estejam presentes no
dia do trabalho. Tudo isso torna a igreja altamente confiável aos olhos de terceiros.
Se a pessoa retornar num próximo trabalho, aí, sim, poderá ser aumentada a dose
ingerida, baseada na experiência anterior, e já com maior confiança.
Agradecimento ao Dr. Sandro Dini por toda cooperação nos assuntos médicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa fidelidade na busca constante de ajustar o próprio olhar, aos poucos, fará com
que todas as experiências vivenciadas favoreçam grandemente a jornada do(a)
fardado(a) em todos os tipos de situações que venha enfrentar; dentro ou fora do
salão dourado do Mestre e, sobretudo, nas mais pungentes. Assim, ostentaremos com
a nossa prática uma bandeira brilhante a testificar que “fiscalizar bem” é sinônimo de
“amar incondicionalmente”. E que se avive no coração de cada Fiscal, mais e mais, a
Gratidão eterna pelo precioso treinamento prático que essa função oferece, pois
“É dando que se recebe.”!
OS MANDAMENTOS DA BOA FISCALIZAÇÃO
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