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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JULIANO CARVALHO ATOJI e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 15/02/2024 às 19:26 , sob o número WDDA24700225912
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GAECO
GRUPO DE ATUAÇÃO ESPECIAL DE
COMBATE AO CRIME ORGANIZADO
NÚCLEO DA CAPITAL

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA 3ª VARA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1007223-86.2023.8.26.0161 e código oIf1qfPD.
CRIMINAL DA COMARCA DE DIADEMA.

Autos nº 1007223-86.2023.8.26.0161

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO,


representado pelos Promotores de Justiça infra-assinados, designados para atuar no
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO/Núcleo
Capital, com fundamento no art. 129, inciso I, da Constituição Federal, e artigo 41, do
Código de Processo Penal, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
oferecer DENÚNCIA em face de:

1) RENATO PESSOA CARIANI, brasileiro, portador do RG nº 25.580.842, CPF


nº 184.665.128-02, com endereço na Avenida Omar Daibert, nº 1, casa 50, em
São Bernardo do Campo/SP;
2) ROSELI DORTH, brasileira, RG nº 5.249.171, CPF nº 528.858.448-68, com
endereço na Rua Braga, nº 201, casa 76, em São Bernardo do Campo/SP;
3) FABIO SPINOLA MOTA, brasileiro, portador do RG nº 20.946.802, CPF nº
259.553.788-12, com endereço na Rua Embuacu, nº 01, apartamento 31, em São
Paulo/SP;
4) ANDREIA DOMINGUES FERREIRA, brasileira, RG nº 34.536.393, CPF nº
310.969.788-22, com endereço na Avenida Aldino Pinoti, nº 500, Bloco 08,
apartamento 122, em São Bernardo do Campo/SP;
5) RODRIGO GOMES PEREIRA, brasileiro, portador do RG nº 43312454, CPF
nº 217.707.168-23, com endereço na Rua das Esmeraldas, nº 63 e Rua Canadá, nº
393, em Diadema/SP.

Rua Riachuelo, n. º 115, 6º andar, Sé – São Paulo/SP


Tel.: (11) 3119-6860 e-mail: gaeco.saopaulo@mpsp.mp.br
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1. Síntese das imputações

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1.1. Associação para o tráfico (artigo 35 da lei n° 11.343/06)

Consta do incluso inquérito policial que em data e hora incerta, porém em


data anterior a 30 de maio de 2014, em local incerto, na cidade e comarca de Diadema/SP,
RENATO PESSOA CARIANI, ROSELI DORTH, FÁBIO SPINOLA MOTA,
ANDREIA DOMINGUES FERREIRA e RODRIGO GOMES PEREIRA
associaram-se para a prática de crime de tráfico de entorpecentes.

1.2. Tráfico de drogas (art. 33, § 1º, inciso I, da Lei nº. 11.343/2006)
Consta que entre os dias 30 de maio de 2014 a 19 de maio de 2020, em
horário incerto, na sede das empresas QUIMIETEST PRODUTOS PARA
LABORATÓRIOS LTDA (CNPJ 24.173.779/0001-05), ANID LABOR
DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS PARA LABORATÓRIOS LTDA
(26.218.306/0001-02) e ANIDROL PRODUTOS PARA LABORATÓRIOS LTDA
(47.963.319/0001-86), localizada na Avenida Fundibem, nº 275, Jardim Casa Grande, na
cidade e comarca de Diadema, os denunciados acima mencionados, agindo em concurso
de agentes, evidenciados pela unidade de desígnios e identidade de propósitos, e de forma
continuada por pelo menos sessenta vezes, produziram, venderam e forneceram, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, mais de doze
toneladas de produtos químicos destinados à preparação de drogas.

1.3. Lavagem de capitais (Artigo 1º da Lei 9.613)

Consta que no mesmo período e no mesmo local, que os denunciados


acima mencionados, agindo em concurso de agentes, evidenciados pela unidade de
desígnios e identidade de propósitos, e de forma continuada por pelo menos sessenta
vezes, dissimularam os valores provenientes dos crimes de tráfico de drogas acima
noticiados, por meio de depósitos em espécie realizados por interpostas pessoas,
convertendo em ativo lícito o montante aproximado de R$ 2.407.216,00 (dois milhões,
quatrocentos e sete mil e duzentos e dezesseis reais).

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2. Da associação e do tráfico por meio do desvio de produtos químicos controlados

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2.1. Segundo consta no inquérito policial, a associação para o tráfico se
estabeleceu com o escopo de desvio de produtos químicos, por meio de comunicações
falsas ideologicamente falsa aos órgãos de controle administrativo de trânsito dessas
substâncias, qual seja, Divisão de Controle de Produtos Químicos (DCPQ) da Polícia
Federal, com o posterior desvio dos insumos para emprego no narcotráfico.

2.1.1. Consoante elementos trazidos pelo Setor de Repressão aos Desvios


de Produtos Químicos da Polícia Federal, as empresas ANIDROL PRODUTOS PARA
LABORATÓRIOS LTDA (CNPJ 47.963.319/0001-86) e QUIMIETEST
PRODUTOS PARA LABORATÓRIOS LTDA (CNPJ 24.173.779/0001-05), sediadas
em Diadema/SP, com licença para trabalhar com produtos controlados simularam a venda
de insumos químicos para grandes pessoas jurídicas, com o objetivo de ocultar o repasse
de tais mercadorias para o refino e adulteração de cocaína e crack.

2.1.2. A ANIDROL e QUIMIETEST integram grupo empresarial


administrado, efetivamente, pelas mesmas pessoas, os denunciados RENATO
CARIANI e ROSELI DORTH. Ademais, restou confirmado que a QUIMIETEST não
possui sede física e atua como “braço” da ANIDROL.

2.1.3. De 2014 a 2020, foram emitidas pelo menos sessenta notas fiscais
fraudulentas para as empresas ASTRAZENECA, CLOROQUÍMICA e LBS
LABORASA, A associação para o tráfico atuava em divisão de tarefas, notadamente por
meio de núcleos, incumbidos de tarefas distintas:

a) Núcleo responsável pela venda dos produtos químicos destinados à preparação das drogas
- incluem-se, nessa célula, RENATO PESSOA CARIANI, ROSELI DORTH e
FÁBIO SPINOLA.

b) Núcleo encarregado de intermediar o fornecimento das substâncias controladas à


produção de entorpecentes - identificou-se que FÁBIO SPINOLA é o principal elo entre
as empresas químicas e os interessados nos insumos.

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c) Núcleo investido de ocultar os reais beneficiários do esquema - nesse grupo estão os

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terceiros que agiram de modo a blindar os verdadeiros beneficiários da associação. Desse
modo agiam ANDREIA DOMINGUES FERREIRA e RODRIGO GOMES
PEREIRA, os quais constantemente fracionavam depósitos financeiros para sustentar os
ganhos financeiros da associação criminosa.

2.1.4. Vale ressaltar que a ANIDROL foi notificada pelas instâncias


fiscalizatórias administrativas, como a Receita Federal e a Delegacia de Controle de
Produtos Químicos da Polícia Federal, no período das vendas simuladas. Ainda assim, os
seus representantes legais, ora denunciados, agiram para afastá-las de qualquer prova
que pudesse indicar suas participações nos crimes.

2.2. A investigação teve início a partir de denúncias à Polícia Federal por


parte da ASTRAZENECA DO BRASIL LTDA (CNPJ 60.318.797/0001-00),
CLOROQUIMICA LTDA (CNPJ 07.925.022/0001-01) e LBS LABORASA (CNPJ
55.227.789/0001-00), uma vez que as empresas foram instadas pela Receita Federal.

2.2.1. A primeira denúncia partiu da ASTRAZENECA DO BRASIL


LTDA em 01/07/2019. De acordo com o relato da empresa, durante a fiscalização do
Divisão de Controle de Produtos Químicos (DCPQ), realizada em 17/04/2017 e
formalizada no Auto de Fiscalização n° 22/2017, tomou conhecimento da emissão das
notas fiscais n° 42569, 47183, 54965, 629007 e 64365, que indicam a ANIDROL como
vendedora das substâncias e a ASTRAZENECA como compradora. Ressalte-se que tal
fato causou estranheza, pois não fazia sentido a ASTRAZENECA fracionar o pagamento
em parcelas, no mesmo dia, referente a compra do mesmo produto químico, dividido em
notas fiscais, sendo que os depositantes não possuíam vínculo algum com a multinacional.

2.2.2. Ocorre que, a ASTRAZENECA jamais adquiriu qualquer insumo


da ANIDROL. Além disso, alega que um dos insumos apontados, o cloreto de lidocaína,
sequer era adquirido de fornecedores nacionais, pois era importado de outras unidades da
própria ASTRAZENECA.

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2.2.3. A ANIDROL declarou diversas transações com a

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ASTRAZENECA, todas durante o período de 2015 até abril de 2019, perfazendo mais
de doze toneladas de insumos químicos comercializados. Segundo a análise da Polícia
Federal, o montante comercializado de solventes e de ácido clorídrico seria capaz de
produzir mais de uma tonelada e meia de cloridrato de cocaína pura ou quinze
toneladas de cocaína já adulterada. Há ainda informações sobre o desvio de 4.875
(quatro mil oitocentos e setenta e cinco) quilos da substância fenacetina, usualmente
utilizada para fabricação da cocaína na forma de “crack”, capaz de gerar mais de 12
toneladas do nocivo entorpecente para consumo.
2.2.4. Os detalhes acerca das compras realizadas pela ANIDROL com a
empresa ASTRAZENECA, estão melhor indicados nas tabelas abaixo:

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2.2.5. Outrossim, a Polícia Federal elaborou um estudo acerca dos lucros

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que essas substâncias poderiam gerar para a venda no mercado lícito e no mercado ilícito,
expondo também o lucro extra obtido no provável esquema de desvio dos insumos,
conforme a tabela abaixo:

2.2.6. Sobre o procedimento fiscal n° 08.1.20.00-2017-00337-1 lavrado


em 16/01/2018, a ASTRAZENECA foi chamada a se manifestar, em 22/01/2018, sobre
dois depósitos superiores a R$ 100 mil reais na conta da ANIDROL, em 2015, realizados
por Felipe Augusto, que colocou a multinacional como responsável. A ASTRAZENECA,
por seu turno, negou qualquer relação comercial com a ANIDROL e que a referida pessoa
não possui vínculo com a multinacional, o que evidencia que RENATO e ROSELI,
representantes legais, tinham plena ciência das irregularidades envolvendo as
negociações.

2.2.7. No final do procedimento mencionado, consta que a ANIDROL já


havia sido intimada sobre as diversas irregularidades e insistiu ter efetuado as vendas dos
produtos e recebido as quantias, apresentando as notas fiscais de venda em nome da
ASTRAZENECA, bem como cópia de e-mails pelos quais afirma serem as tratativas
entre as duas empresas objetivando a realização do suposto negócio. A multinacional,
novamente, negou qualquer relação comercial com a ANIDROL e alertou existir indícios
claros sobre fraude na criação do e-mail e no modo como as transações ocorreram. Mesmo

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após os avisos, a ANIDROL ainda emitiu dez notas fiscais contendo produto utilizado

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para refino e adulteração de cocaína e crack para a multinacional (26/02/2018 a
12/04/2019).

2.2.8. Posteriormente, durante as diligências internas da empresa


ASTRAZENECA para compreender o ocorrido, foi possível apontar que o e-mail
supostamente utilizado para as tratativas comerciais em nome da empresa não
corresponde ao padrão utilizado normalmente pelos seus funcionários. Mais que isso: o
domínio do e-mail foi utilizado pelo suposto funcionário “Augusto Guerra”, o qual
jamais teve qualquer vínculo laboral com a empresa.

2.3. Por sua vez, a empresa CLOROQUIMICA LTDA reportou à Polícia


Federal, em 12/07/2019, que, na data de 26/06/2019, tomou conhecimento das notas
fiscais n° 68512, 70801, 70846 e 71044, emitidas pela ANIDROL para suposta venda de
produtos químicos a ela. A CLOROQUIMICA afirmou que nunca teve relação comercial
com àquela.

2.3.1. Segundo análise da Polícia Federal, o montante de produtos


químicos supostamente desviadas com a emissão de notas fiscais, em tese, fraudulentas,
totaliza 48 (quarenta e oito) litros de acetona e 58 (cinquenta) litros de éter. Essas
substâncias nesse volume são capazes de produzir cerca de 260 (duzentos e sessenta)
quilos de cocaína.

2.3.2. A Polícia Federal ainda elaborou um estudo acerca dos lucros que
essas substâncias poderiam gerar para a venda no mercado lícito e no mercado ilícito,
expondo também o lucro extra obtido no provável esquema de desvio dos insumos,
conforme a tabela abaixo:

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2.3.3. A reclamação da CLOROQUIMICA veio nos seguintes termos:

2.4. A comunicação da LBS LABORASA à Polícia Federal, em


18/08/2020, consta que na data de 19/05/2020 foi emitida nota fiscal de venda nº 0942 de
“éter etílico” e “acetona” no valor de R$ 38.856,00, juntamente com o boleto de cobrança,
pela empresa QUIMITEST PRODUTOS PARA LABORATÓRIOS LTDA, CNPJ
24.173.779/0001-05, para a LBS LABORASA. Da mesma forma que a
CLOROQUÍMICA e a ASTRAZENECA, a LBS afirmou que jamais efetuou qualquer
compra junto a QUIMIETEST.

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Federal, os 300 (trezentos) litros de éter etílico e 200 (duzentos) litros de acetona seriam
2.4.1. De acordo com a nota fiscal acima e as informações da Polícia

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capazes de produzir cerca de 400 (quatrocentos) quilos de cloridato de cocaína, sendo a

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substância que é corriqueiramente comercializada nas ruas.

2.4.2. A Polícia Federal ainda elaborou um estudo acerca dos lucros que
essas substâncias poderiam gerar para a venda no mercado lícito e no mercado ilícito,
expondo também o lucro extra obtido no provável esquema de desvio dos insumos,
conforme a tabela abaixo:

2.4.3. E ainda, em pesquisa junto ao SIPROQUIM1 restou comprovada a


existência de transações comunicadas pelo grupo da ANIDROL com as empresas
vítimas entre 30/05/2014 e 19/05/2020.

2.4.4. A partir dos mapas declarados pela ANIDROL ao SIPROQUIM,


apurou-se vendas de lidocaína, fenacetina, manitol e outros produtos químicos utilizados
no processamento de entorpecentes. Apurou-se o total de 60 vendas fraudulentas,
conforme tabela de fls. 37 – 41 do anexo 5, de maneira que todos esses produtos foram
retirados da sede das empresas vendedoras por pessoas sem a documentação legal
exigida tanto para o transporte como para a aquisição dos insumos.

2.5. Apresentados os indícios citados acima, este juízo já deferiu o


afastamento do sigilo de dados telemáticos autuado sob o nº 1004323-33.2023.8.26.0161,

1
Trata-se de software da Polícia Federal para o controle e fiscalização dos produtos químicos, concebido para gerar
relatórios com base no cruzamento de dados, especialmente daqueles enviados pelas próprias empresas licenciadas no
órgão.

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como também o afastamento do sigilo bancário e fiscal nos autos 1004039-

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25.2023.8.26.0161.

2.5.1. Na transação da empresa ASTRAZENECA com a ANIDROL,


dados obtidos na medida cautelar de afastamento de sigilo telemático corroboram a
existência de efetiva associação voltada ao desvio de produtos químicos, qual seja, a
utilização do e-mail augustoguerra@astrazenecabrasil.com.br, apresentado pelo sócio da
ANIDROL para justificar as negociações perante a Receita Federal.

2.5.2. Com efeito, no procedimento fiscal n° 08.1.20.00-2017-00337-1,


instaurado pela Receita Federal para apurar a emissão de notas fiscais referentes às
supostas compras de insumos químicos pela ASTRAZENECA junto à ANIDROL, a
empresa compradora alegou não ter participado das operações, logo não teria sentido
recolher os impostos referentes às transações.

2.5.3. Diante da negativa da ASTRAZENECA, a ANIDROL foi chamada


a se manifestar. A empresa, por meio de seu representante legal, RENATO PESSOA
CARIANI, mostrou e-mail da negociação com o suposto representante da
ASTRAZENECA, Augusto Guerra. O e-mail com o qual RENATO teria se comunicado
era agustoguerra@astrazenecabrasil.com.br.

2.5.4. A ASTRAZENECA, na tréplica, em consulta ao Comitê Gestor da


Internet do Brasil que registra domínios IPs e sistemas autônomos na internet, verificou
que o domínio @astrazenecabrasil.com.br foi cadastrado e pertence ao e-mail
augusto.guerra.astra@outlook.com.

2.5.5. Ocorre que, durante a análise dos dados telemáticos do denunciado


FÁBIO SPINOLA MOTA, há uma foto tirada da tela de um computador em que
demonstra o controle da conta de e-mail: augusto.guerra.astra@outlook.com.

2.5.6. Os dados do cadastro mencionam o nome “Augusto Guerra”, CPF


620.611.198-91, os mesmos mencionados na denúncia da AstraZeneca.

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2.5.7. Além disso, foram encontrados os comprovantes de pagamento de
boleto bancário para LOCALWEB, empresa responsável pela hospedagem de sites e
registros de domínios. O pagador registrado é Augusto Guerra, CPF 620.611.198-91.

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2.5.8. O pagamento em questão foi efetuado em dinheiro na Agência

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0248, da Caixa Econômica Federal, localizada na cidade de Diadema/SP. Registre-se
que a agência fica a 260 metros do centro automotivo ALABANZA´S CAR –
pertencente aos denunciados FABIO SPINOLA MOTA e ANDREIA DOMINGUES
FERREIRA, loja de veículos também utilizada para realização de depósitos fracionados
a ANIDROL2.

2
ANDREIA e FABIO possuem pessoa jurídica distintas no mesmo local e com mesmo nome fantasia,
diferenciando-se somente pelo objeto social, consoante explicado no item 3.5.4.

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2.5.9. Apesar da grande movimentação de valores de FÁBIO, ANDREIA

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e das suas empresas, ambos não possuem atividade lícita registrada e compatível com a
circulação monetária, não constam nos registros da Receita Federal declarações de
Imposto de Renda oriundas de FÁBIO. Contudo, há diversos gastos registrados, como
compra de veículos de luxo, diversos imóveis, que demonstram um alto padrão de vida
por parte de FÁBIO e sua esposa.

2.6. No tocante ao papel do denunciado FÁBIO SPINOLA, seu nome


surgiu da ligação pessoal com RENATO CARIANI, sócio da ANIDROL, e com
RODRIGO GOMES PEREIRA. Este trabalhou para a esposa de FÁBIO, ANDREIA,
e foi um dos responsáveis por realizar depósito em espécie na conta da ANIDROL sob
responsabilidade da ASTRAZENECA, em 11/04/2019.

2.6.1. FÁBIO e RENATO são amigos próximos de longa data. Além


disso, a esposa de RENATO, Tatiane, mantém relação de proximidade com FÁBIO e
ANDREIA, conforme fotos abaixo:

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2.6.2. Outros diversos elementos apontam para a função de FÁBIO como
operador financeiro atendendo aos interesses de diversos grupos criminosos, que não
necessariamente possuem relação uns com os outros, os principais indícios disto serão
listados abaixo.

2.6.2.1. FÁBIO foi recentemente preso na Operação “Downfall”. As


diligências policiais no âmbito do IPL nº 2022.0045641 – SR/PF/PR (autos 5041753-
77.2022.4.04.7000 – 14ª Vara federal de Curitiba/PR) identificaram que FÁBIO
integrava organização Criminosa atuando como corretor imobiliário informal do líder
criminoso. Ademais, FÁBIO também ocultou e destruiu provas no interesse do grupo.

2.6.2.1.1. Aliás, o elo entre FÁBIO e RENATO fica demonstrado após


uma semana da deflagração da referida operação, que ocorreu em 04/05/2023, em que o
primeiro foi alvo de busca e apreensão. No dia 10, um funcionário da ANIDROL manda
mensagem por meio da linha cadastrada em nome da empresa, para FÁBIO, por meio da

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linha da ALABANZA´S CAR, informando que RENATO quer entrar em contato com

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ele. Na sequência, há uma ligação entre eles. Depois desse contato, FÁBIO foi preso
preventivamente em virtude da mesma operação.

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2.6.2.1.2. A ligação é mais uma amostra de vínculo entre FÁBIO e
RENATO e o fácil acesso daquele na ANIDROL, estabelecimento base da operação
clandestina. Merece ser destacado também a utilização de terceiro para a troca de
mensagens, ou seja, subterfúgio para que a dupla não fosse identificada.

2.6.2.2. FÁBIO também tem ligação com a Operação “Saxa Montis”, que
desmantelou uma associação para o tráfico com atuação em Belo Horizonte/MG,
Vespasiano/MG, Rio de Janeiro e São Paulo. Os dados telemáticos e financeiros de
FÁBIO apontaram que em sua agenda telefônica há o contato de João (Pombo) – (31)
99915-1987 e Temístocles, (salvo como “Amigo Mg”) – (31) 99886-3219.

2.6.2.3. FÁBIO também possui vínculos com criminosos da alta cúpula


do Primeiro Comando da Capital. Com efeito, no curso da operação Sharks, deflagrada
pelo GAECO do Ministério Público do Estado de São Paulo, o denunciado aparece como
real proprietário do veículo Porsche Macan, placas FER9258, o qual estava sob a posse
de MARCOS ROBERTO DE ALMEIDA, o “Tuta”, a maior liderança da referida
organização criminosa foragido, que, segundo informações, encontra-se na Bolívia3.

2.6.2.4. Tais eventos em torno de FÁBIO SPINOLA MOTA, em especial


os vínculos com organizações criminosas dedicadas ao tráfico de drogas, em conjunto
com os demais indícios produzidos, permitem afirmar que o esquema arquitetado com
RENATO CARIANI buscou destinar produtos químicos à preparação de drogas.
2.7. Existem diversos elementos que robustecem a utilização reiterada da
ANIDROL como peça do mecanismo engendrado para o tráfico de drogas. Durante o

3
Decisão de fls. 2181 dos autos nº 1039278-35.2023.8.26.0050 deferiu o levantamento de sigilo dos fatos
aqui mencionados, em que autos mencionados em que é réu MARCOS ROBERTO DE ALMEIDA.

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período de 2016 e 2017, as empresas controladas por RENATO CARIANI e ROSELI

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DORTH estiveram envolvidas em diversas transações suspeitas, inclusive ensejando
investigação pela Polícia Civil de São Paulo

2.7.1. Nos autos nº 0022151-58.2016.8.26.0564, que tramitou perante a


Vara Criminal do Fórum de São Bernardo do Campo, DAVID BIASSIO MATIAS foi
condenado por associação para o tráfico, por ter fornecido a substância
TRICLOROETILENO. Ao ser interrogado em juízo, DAVID alegou que retirava o
produto no laboratório ANIDROL, por intermédio da empresa DONVILE COMERCIO
DE CALÇADOS LTDA, CNPJ 042.227.921/0001-42. Infere-se que não há qualquer
possibilidade de funcionamento de atividade comercial relacionada a produtos
controlados.

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2.7.2. No total das notas fiscais emitidas pela ANIDROL para DONVILE,

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tem-se histórico de longa data e de grandes quantidades de TRICLOROETILENO,
somando R$ 360.400,00 (trezentos e sessenta mil e quatrocentos reais) do referido
produto TRICLOROETILENO, o que totaliza mais de nove mil litros, destinado a
fabricação de “lança-perfume”.

2.8. Ainda, a ANIDROL faturou 60 notas fiscais entre 2016 e 2017 para
JD KOLOR INDUSTRIA E COMERCIO DE TINTAS LTDA, CNPJ 68.658.806/0001-
05, referente a produtos controlados. Detalhe importante que merece ser destacado é que
na tabela de clientes encontrada na conta telemática de ROSELI DORTH está anotado
que o contato da JD KOLOR é o mesmo da empresa CLOROQUÍMICA. Ou seja, seria o
mesmo comprador que estaria adquirindo produtos para JD KOLOR e
CLOROQUÍMICA. Esse contato seria “Eduardo”.

2.8.1. Acontece que, como informado, a JD KOLOR estava situada em


Duque de Caxias/RJ, atualmente inapta, cujo objeto é o comércio de tintas. Já a
farmacêutica CLOROQUÍMICA tem sede em Curitiba/PR. Além da distância
geográfica, o objeto de comércio das duas empresas nada tem em comum.

2.8.2. Fato mais grave, o proprietário da JD KOLOR, José Domingos da


Silva Filho, CPF 420.909.117-00, registrou Boletim de Ocorrência, informando que a
pessoa identificada como Eduardo Ribeiro de Matos, CPF 273.919.958-94, estaria
utilizando, sem autorização, a licença de sua empresa para comprar produtos químicos

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controlados pela Polícia Federal. Contudo, atualmente o Cadastro de Pessoa Física de

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Eduardo está cancelado devido a óbito. Segue a denúncia:

2.9. Outros elementos apontam que a associação para o tráfico estava há


tempos na ativa e que foi alvo de investigações policiais e que atuavam de forma
fraudulenta no controle dos produtos químicos.

2.9.1. Em análise aos dados telemáticos de ROSELI DORTH, foi


encontrada uma conversa com RENATO CARIANI em que este diz que “poderemos
trabalhar no feriado pra arrumar de vez a casa e fugir da Polícia...” (sic). Além disto,
RENATO qualifica os policiais como “vermes”. Pelo contexto do diálogo, infere-se que
a ANIDROL estava na iminência de ser fiscalizada pela Polícia Civil, tramando, então,
os sócios da empresa para que o órgão fiscalizador não encontrasse eventuais
irregularidades.

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mensagens referente a um diálogo. Sequencialmente, ROSELI concorda e o questiona


2.9.2. Em outro momento, RENATO pede para que ROSELI apague as

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sobre a retirada e pagamento. RENATO responde sobre a retirada de “sulfúrico e

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acetona” (produtos controlados objeto de desvios).

2.9.3. Em ocasião diversa, ROSELI sugere a RENATO declarar


falsamente o tipo de produto vendido em nota fiscal para uma empresa que não possui o
registro necessário do produto. ROSELI clama por “arrancar o rótulo” e lançar como
outro item, o que, segundo ela, seria “tranquilo e rápido”.

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2.9.4. Em outra conversa encontrada no material telemático de ROSELI,

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no dia 10/06/2016, RENATO diz a ela que um cliente irá retirar fenacetina, “no mesmo
valor e quantidade da semana passada”. Por meio das notas fiscais da ASTRAZENECA,
foi possível a referida compra simulada de 250 Kg (duzentos e cinquenta quilos) de
fenacetina, mesmo valor e quantidade de outra nota simulada emitida na semana anterior,
no dia 03/06/2016.

2.9.4.1. No diálogo, RENATO diz para ROSELI “avisar ao Fabão para


aguardar a retirada do Cleuber” (sic), prática que foge à normalidade desse tipo de
negócio, uma vez que o sócio-proprietário da ANIDROL não negocia com representantes
da ASTRAZENECA, mas diretamente com empregados encarregados da retirada de
produtos químicos, os quais certamente foram desviados e servidos à traficância.

2.10. Diante de todos os elementos colhidos nas quebras telemáticas, no


dia 12 de dezembro de 2023, foram cumpridos os mandados de busca e apreensão
expedido por esse juízo referente à Operação “Hinsberg”.

2.10.1. Durante as buscas, no endereço do denunciado RODRIGO


GOMES PEREIRA, foi encontrado 25 (vinte e cinco) quilos de ácido bórico (substância
utilizada para o “batismo” da cocaína e do crack, também conhecido popularmente como
“pó-virado”, que tem a função de aumentar o volume e o brilho dos referidos
entorpecentes), com o rótulo da empresa ANIDROL, não havendo qualquer
demonstração lícita para manutenção em depósito do produto químico, sem comprovação
da aquisição, tampouco da destinação lícita do referido produto. Vale ressaltar que tal
produto foi adquirido por meio de uma nota fiscal fraudulenta com a farmacêutica
ASTRAZENECA em 2017.

2.10.2. Nas buscas efetuadas na casa de FÁBIO foi encontrada a quantia


aproximada de cem mil reais em espécie. Destaque-se que ele havia sido solto no dia 23
de novembro após ficar preso preventivamente na Operação “Downfall” e, pouco mais
de duas semanas, já possuía a expressiva quantia guardada na residência dele.

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2.10.3. De outra banda, durante a execução da busca e apreensão na

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residência de RENATO CARIANI, não foi encontrada a quantia de um milhão de reais
em espécie, muito embora ele tenha declarado a sua existência no imposto de renda
referente ao exercício de 2022.

2.11. Das análises das mídias apreendidas, tais como celular e


computadores, mercê de destaque o conteúdo que estava na residência de Elen Maria de
Oliveira Couto Rosa.

2.11.1. Ela foi sócia da QUIMIETEST no período de 16/02/2016 a


18/12/2020, que compreendeu a venda irregular de produtos químicos para a LBS
LABORASA, e trabalha há muito tempo para a ANIDROL, assim como tem relação de
amizade com RENATO CARIANI, conforme consta no próprio interrogatório dele.

2.11.2. No dia 19/05/2020, a QUIMIETEST emitiu nota fiscal para a LBS


LABORASA no valor de R$ 39.856,00 (trinta e nove mil, oitocentos e cinquenta e seis
reais) referente a venda de trezentos litros de éter etílico PA e duzentos litros de acetona
PA ACS, substâncias também utilizadas para o refino do entorpecente.

2.11.3. De acordo com o relatório de polícia judiciária nº 14, apesar de


figurar como sócia da QUIMIETEST por aproximadamente quatro anos, ao lado de
Edener Antonio Dalvino Leite Jr (filho de ROSELI DORTH), a análise policial concluiu
que havia superioridade hierárquica de ROSELI, assim como ingerência sobre produtos,
vendas e destino de produtos, não apenas da ANIDROL, como também da
QUIMIETEST e da ANID LABOR.

2.12. Outro elemento colhido nas buscas chama atenção. Elen Maria de
Oliveira Couto Rosa é casada com Danilo Ferreira do Couto Rosa, que figura como sócio
da ANID LABOR (braço da ANIDROL, assim como a QUIMIETEST) desde
21/09/2016. O casal tem relacionamento de amizade com RENATO CARIANI, Tatiane
Cariani, FÁBIO SPINOLA e ANDREIA DOMINGUES.

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2.12.1. Em 26 de fevereiro de 2018, após pedido específico de RENATO,

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Danilo envia um áudio a Elen e comenta que permaneceu na ANIDROL a fim de separar
produtos a serem entregues à ASTRAZENECA ainda naquele dia. Minuto após o envio
deste áudio, Danilo mandou foto de um veículo dentro de um galpão. Esses produtos
teriam sido retirados da ANIDROL e seriam transportados em veículo Renault Kangoo
de placa ESU8081 para ASTRAZENECA. Ressalte-se que o referido automóvel está com
comunicação de venda desde outubro de 2017 e tem como possuidora/compradora pessoa
de ANDREIA DOMINGUES FERREIRA.

2.12.2. Trata-se de mais uma hipótese de desvio de produtos químicos


orquestrada pela associação, bem como o vínculo existente entre RENATO, FABIO e
ANDREIA. Com efeito, o pedido de RENATO a Danilo para uma entrega de urgência
e fora do horário demonstra que o produto foi mais uma vez desviado e serviu para o
“batismo” de entorpecentes.

2.13. Por fim, a Divisão de Controle de Produtos Químicos (DCPQ) da


Polícia Federal realizou fiscalização em 18/12/2023 na sede da empresa ANIDROL e
procedeu à apreensão de uma expressiva quantidade de produtos químicos na empresa
que estavam em desconformidade com a legislação pertinente, consoante Auto de
Fiscalização nº 12.496/23.

2.14. Em síntese, as evidências produzidas pela Polícia Federal dão conta


de uma forte associação voltada para o tráfico, cujo objetivo é realizar o ciclo completo e
mais rentável das drogas, desde o desvio de substâncias controladas, a produção dos
entorpecentes e a subsequente distribuição em solo nacional. Isso se deve ao fato de que
os insumos são imprescindíveis para o narcotráfico, sendo impossível a obtenção ou
adulteração de drogas sem a utilização de produtos químicos, reportando à
internacionalmente reconhecida máxima: “SEM PRODUTOS QUÍMICOS NÃO HÁ
DROGAS”.

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3. Da lavagem de capitais por meio da dissimulação dos valores ilícitos obtidos

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3.1. As evidências produzidas pela Polícia Federal demonstram uma
metodologia sofisticada de como a associação para o tráfico conseguiu internalizar
legalmente no caixa das empresas ANIDROL/QUIMIETEST pelo desvio de
substâncias controladas.

3.2. De acordo com a Informação de Polícia Judiciária subscrita pelos


policiais federais do Setor de Repressão aos Desvios de Produtos Químicos – SEDQ
(anexo 4), considerando as vendas simuladas da ANIDROL e QUIMIETEST para a
ASTRAZENECA, CLOROQUÍMICA e LBS LABORASA, o lucro auferido pela
operação foi de, em tese, R$ 3.741.160,00 (três milhões setecentos e quarenta e um
mil e sento e sessenta reais), conforme as tabelas mencionadas no capítulo anterior,
acerca das estimativas dos lucros4.

3.3. Dessa forma, é possível afirmar que os valores recebidos pela


ANIDROL e QUIMIETEST como contrapartida do desvio de produtos químicos,
concomitantemente, propiciaram a transformação daquilo que é ilegal em legal.
Considerando os valores que os denunciados dissimularam, por pelo menos sessenta
vezes, de forma continuada, a origem ilícita e inseriram na economia formal, o
montante alcança, aproximadamente, R$ 2.407.216,00 (dois milhões, quatrocentos e
sete mil e duzentos e dezesseis reais), pois as transações ocorreram com a emissão de
notas fiscais e registros no SIPROQUIM. Comprovadamente, pessoas interpostas
(“laranjas”) depositaram dinheiro em espécie, a serviço do narcotráfico, sob
responsabilidade da ASTRAZENECA, CLOROQUÍMICA e LBS LABORASA (soma
de acordo com as tabelas inseridas nos itens 2.2.5., 2.3.2. e 2.4.2.).

4
Os valores informados na tabela acima representam uma média dos preços praticados tanto no mercado
lícito quanto no ilícito, sendo que este último apresenta grandes variações de acordo com a etapa da cadeia,
podendo partir do desvio inicial, como é o caso em tela, passando muitas vezes por “intermediários” que
revendem os insumos desviados em outros Municípios e/ou Estados, até chegar às mãos dos traficantes
propriamente ditos, aqueles que processam ou simplesmente “batizam” a droga.

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3.4. A natureza e características das operações econômicas realizadas,

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com o emprego de pessoas sem qualquer vínculo com as empresas adquirentes bem como
os depósitos em espécie, demonstram a consciência do agente quanto a ilicitude e origem
criminosa de tais valores. A própria dinâmica da dissimulação deixa clara a lavagem de
dinheiro subjacente à venda de produto químico destinado à preparação de drogas. Por
meio de interpostas pessoas e empresas de fachada, os envolvidos utilizavam-se de
intermediários nas operações financeiras, a fim de serem um anteparo às ações de
fiscalização e repressão do poder público.

3.5. Nesse contexto de informações desencontradas, foram solicitados ao


Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF, a elaboração de Relatórios de
Inteligência Financeira – RIFs. A partir da análise das movimentações atípicas, foi
possível identificar os possíveis vínculos da estrutura societária analisada e os indivíduos
que estariam atuando no tráfico de drogas,

3.5.1. A análise preliminar dos dados associados à ANIDROL permitiu


identificar as seguintes operações suspeitas, com modus operandi semelhante ao
apontado pelas empresas que reclamaram à Polícia Federal. Cumpre salientar que esses
depósitos podem ser maiores e com valores menores fracionados, posto que só são
reportadas ao COAF movimentações em espécie de valor igual ou superior a R$
50.000,00 (cinquenta mil reais). Vale também lembrar que, antes de 2017, o COAF só
recebia comunicações de movimentações superiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais) em
espécie.

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3.5.2. Referidas informações foram consolidadas, inicialmente, a partir da
análise dos RIFs 85.622, 85.623 e 85.624, compreendendo informações, no total, entre o
período de 07/12/2015 e 15/03/2023, conforme tabela abaixo:

3.5.3. As transações de RODRIGO foram identificadas no RIF 85.623 e


nos dados bancários da ANIDROL. Resta evidente sua participação na associação para o
tráfico como interposta pessoa na engenharia financeira que tinha plena ciência do
funcionamento criminoso. Vale salientar que Rodrigo não possui capacidade econômica
para as operações e também nunca declarou Imposto de Renda à Receita Federal.

3.5.3.1. Entre as operações financeiras envolvendo RODRIGO vale


destacar que em 11/04/2019, Rodrigo depositou R$ 57.000,00 (cinquenta e sete mil reais)
em espécie favorecendo a ANIDROL, tendo a ASTRAZENECA como responsável. No
mesmo dia do pagamento, a ANIDROL emitiu nota fiscal de 150 kg (cento e cinquenta
quilos) de CLORIDRATO DE LIDOCAÍNA para a empresa ASTRAZENECA, também
no mesmo valor do dinheiro recebido.

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3.5.3.2. Já em 12/03/2020, RODRIGO pagou R$ 38.700,00 (trinta e oito

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mil e setecentos reais) em espécie favorecendo a ANIDROL, constando-o como
responsável pelo depósito, isto é, mesmo com a indicação clara de que RODRIGO era
o depositante e responsável pelo depósito, a ANIDROL faturou o pedido. No mesmo dia
do pagamento, a ANIDROL emitiu nota fiscal de 300 litros de ETER ETÍLICO e 200
litros de ACETONA para a empresa LBS LABORASA, também no mesmo valor do
dinheiro recebido.

3.5.3.3. No dia 19/03/2020, novamente com os mesmos produtos e no


mesmo valor, a ANIDROL procedeu da mesma forma, inclusive com uma nota fiscal
idêntica e paga por RODRIGO em favor da ANIDROL, com a diferença que nessa
transação não foi possível identificar o sujeito que depositou o valor.

3.5.3.4. RODRIGO também efetuou depósito em espécie na conta pessoal


de ANDREIA no valor de R$ 87.000,00 (oitenta e sete mil reais), e dois depósitos que
somam R$ 54.000,00 (cinquenta e quatro mil reais) na conta bancária da empresa de
FÁBIO, a ALABANZA´S CAR FUNILARIA.

3.5.4. Ressalte-se que ANDREIA é proprietária de pessoa jurídica com o


mesmo nome fantasia, só que destinada ao comércio de peças e acessórios veiculares.
Não obstante, as referidas empresas somente serviam para depósitos fracionados e
suspeitos, bem como para servirem de reais proprietários de veículos pertencentes a
criminosos de alto escalão, como se apontou no item 2.6.2.3.

3.5.5. Em paralelo ao esquema de utilização de interpostas pessoas para


depósitos, os dados bancários da ANIDROL indicaram que em 23/03/2020 a empresa
transfere igual quantia (R$ 38.700,00) para a conta da CCJ TRADING, CNPJ
60.975.026/0001-87, pertencente a Claudio Carminato Junior, o qual possui passagem
pelo sistema penitenciário pelo crime de roubo. Na mesma semana, no dia 27/03/2020,
Claudio transfere de sua conta pessoal R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais) para conta
da empresa de ANDREIA. E, em novembro, efetua outra transferência no valor de R$
20.000,00 (vinte mil reais).

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3.5.6. Outra operação financeira suspeita envolvendo ANIDROL,

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ASTRAZENECA e terceiros ligados a FÁBIO foi verificada no dia 10/12/2018. Nessa
data, a ANIDROL recebeu quatro depósitos de R$ 52.250,00 (cinquenta e dois mil
duzentos e cinquenta reais) cada, efetuados em espécie na conta bancária do denunciado,
dos quais três depósitos eram provenientes de Rene Augusto Guerra Coelho e um depósito
de Claudio Roberto Torres Chaves. Na mesma semana, então, dia 13/12/2018, a
ANIDROL faturou sequencialmente quatro notas fiscais idênticas para a
ASTRAZENECA no valor de R$ 52.250,00 (cinquenta e dois mil duzentos e cinquenta
reais) cada, referente, cada nota, à venda de 137,5 kg (cento e trinta e sete quilos e
quinhentas gramas) CLORIDRATO DE LIDOCAÍNA a multinacional, substância
utilizada no “batismo” da cocaína.

3.5.6.1. Imperioso destacar que no pagamento feito por Claudio Roberto


Torres Chaves, consta a própria pessoa como responsável pelo depósito. Ainda assim, a
ANIDROL emitiu nota para a ASTRAZENECA sabendo que quem efetuou o pagamento
foi um terceiro, o que foge totalmente da usualidade.

3.5.6.2. Claudio Roberto Torres Chaves também realizou depósito, neste


caso na importância de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), para a empresa
SENPAR TERRAS DE SÃO JOSÉ EMPREENDIMENTOS TURÍSTICOS LTDA, no
dia 28/06/2018. No mesmo dia, FÁBIO transferiu R$ 131.329,00 (cento e trinta e um mil
reaispara a SENPAR. Fábio adquiriu 02 terrenos em um condomínio de alto padrão
vendidos pela SENPAR TERRAS DE SÃO JOSÉ EMPREENDIMENTOS
TURÍSTICOS LTDA. As aquisições aconteceram no dia 03/04/2018 e no dia 20/12/2018,
pelo valor de R$ 378.387,44 (trezentos e setenta e oito mil, trezentos e oitenta e sete reais
e quarenta e quatro centavos) e R$ 302.320,00 (trezentos e dois mil, trezentos e vinte
reais), respectivamente.

3.6. Assim sendo, os valores recebidos pela ANIDROL e QUIMIETEST


como contrapartida do desvio de produtos químicos, concomitantemente, propiciaram a
transformação daquilo que é ilegal em legal. Decerto que os denunciados, associados

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para a traficância dos produtos químicos, dissimularam a origem ilícita do dinheiro e

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inseriram na economia formal o montante de, aproximadamente, R$ 2.407.216,00 (dois
milhões, quatrocentos e sete mil e duzentos e dezesseis reais), pois as transações
ocorreram com a emissão de notas fiscais falsas para as multinacionais e registros no
SIPROQUIM, de maneira que “laranjas” depositaram dinheiro em espécie, a serviço do
narcotráfico.

3.7. A natureza e características das operações econômicas realizadas, com


o emprego de pessoas sem qualquer vínculo com as empresas adquirentes bem como os
depósitos em espécie, demonstram que os denunciados tinham pleno conhecimento
quanto à ilicitude e origem criminosa de tais valores. A própria dinâmica da dissimulação
deixa clara a lavagem de dinheiro subjacente à venda de produto químico destinado à
preparação de drogas e que o objetivo final dos denunciados integrar o patrimônio ilícito
à economia lícita, restando evidente a vinculação dos autores dos pagamentos com
atividades ilícitas praticadas pela associação para o tráfico.

4. Do Pedido

4.1. Ante o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO denuncia a Vossa


Excelência RENATO PESSOA CARIANI, ROSELI DORTH, FÁBIO SPINOLA
MOTA, ANDREIA DOMINGUES FERREIRA e RODRIGO GOMES PEREIRA
como incursos no artigo 35, caput, da lei nº 11.343/06; artigo 33, §1º, inciso I, da lei nº
11.343/06 c.c. artigo 71, caput, do Código Penal (por sessenta vezes); e artigo 1º,
caput, §1º, inciso II, da Lei nº. 9.613/1998 c.c. artigo 71, caput, do Código Penal (por
sessenta vezes); todos na forma art. 69, caput do Código Penal.

4.2. Requer-se que, recebida e autuada esta, sejam os denunciados citados


para apresentarem respostas escritas, no prazo de 10 dias, designando-se, por conseguinte,
a audiência de instrução, debates e julgamento, nos termos dos artigos 396/405, do
Código de Processo Penal, até final condenação nos termos da presente denúncia.

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4.3. Requer-se, outrossim, a condenação dos réus, nos termos do artigo

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387, IV, do CPP, sejam os réus condenados ao pagamento do valor do dano causado pelos
crimes cometidos e acima descritos, bem como ao ressarcimento por dano moral coletivo
em virtude das práticas criminosas perpetradas.

4.4. Arrola-se as seguintes testemunhas de acusação para serem ouvidas


no curso da instrução:

1) Dr. Vitor Beppu Vivaldi – delegado da Polícia Federal;


2) Messias Pereira Soares Junior – agente da Polícia Federal;
3) Edener Antonio Dalvino Leite – CPF nº 286.935.568-86;
4) Edson Santos de Carvalho – CPF nº 161.550.808-28;
5) Claudio Carminato Junior – CPF nº 215.772.988-70;
6) Rene Augusto Guerra Coelho – CPF nº 962.020.769-68;
7) Claudio Roberto Torres Chaves – CPF nº 282.614.068-06;
8) Daniel Gomes Ribeiro – CPF nº 079.283.386-45.

5. Requerimentos finais

5.1. Requer-se a juntada de folha de antecedentes e certidões criminais em


nome dos denunciados.

5.2. Protestamos, juntamente com a Polícia Federal, pela remessa a este


juízo dos laudos periciais, relatórios de extração de dados dos celulares e materiais
apreendidos com os respectivos relatórios de análise, assim como todas as peças recebidas
e apreendidas.

5.3. Requer-se, nos termos do artigo 320 do Código de Processo Penal, a


fixação da medida cautelar aos denunciados de proibição de ausentar-se do país,
mediante comunicação deste juízo às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do
território nacional, intimando-se os acusados para entregarem o passaporte, no prazo
de 24 (vinte e quatro) horas.

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5.3.1. É sabido que os denunciados possuem grande poder financeiro, de

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forma que poderiam se furtar a aplicação da lei penal entrando em país estrangeiro. Desta
forma, considerando que este juízo já entendeu pela prisão provisória como medida
extrema, requer-se a fixação desta medida cautelar diversa do cárcere para garantia de
eficácia do processo.

5.4. Requer-se, outrossim, as medidas assecuratórias legalmente previstas,


como o bloqueio de ativos financeiros, sequestro de imóveis, bloqueio e apreensão de
veículos dos denunciados, bem como das empresas ANIDROL PRODUTOS PARA
LABORATÓRIOS LTDA (CNPJ nº 47.963.319/0001-86), QUIMIETEST
PRODUTOS PARA LABORATÓRIO LTDA (CNPJ nº 24.173.779/0001-05),
ALABANZA´S CENTRO AUTOMOTIVO (CNPJ nº 24.453.931/0001-03) e
ALABANZA´S CAR (CNPJ nº 01.035.228/0001-80).

5.4.1. Tais medidas se mostram necessárias nesse momento processual,


sobretudo diante da robustez de provas da existência de uma associação para o tráfico que
desvia produtos químicos controlados, acúmulo patrimonial sem lastro e dissimulação da
origem ilícita dos recursos.

5.4.2. Conforme os artigos 125 e seguintes do Código de Processo Penal,


bem como o artigo 4.º, “caput” e § 4º da Lei nº 9.613/1998, é possível o sequestro e outras
medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores que sejam instrumento, produto ou
proveito do crime, tal como para garantir pagamento da pena de multa, as custas
processuais e o ressarcimento dos danos causados pelas infrações penais.

5.4.3. A possibilidade de indisponibilidade cautelar dos valores


depositados em conta corrente encontra respaldo legal, também, no disposto no artigo 60
da Lei nº 11.343/2006, combinando com os artigos 125 a 128 e 132, todos do CPP, in
verbis:

“Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério Público ou do assistente


de acusação, ou mediante representação da autoridade de polícia judiciária,
poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão e outras

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medidas assecuratórias nos casos em que haja suspeita de que os bens, direitos

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ou valores sejam produto do crime ou constituam proveito dos crimes previstos
nesta Lei, procedendo-se na forma dos arts. 125 e seguintes do Decreto-Lei nº
3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. (Redação dada pela
Lei nº 13.840, de 2019)”

5.4.4. O grupo movimentou cifras milionárias nas contas associadas aos


integrantes e pessoas jurídicas a eles relacionadas, diretamente ou por meio de interpostas
pessoas. Aliás, tal expediente mostrou-se corriqueiro, como forma de não chamar a
atenção das autoridades quanto à ausência de lastro patrimonial e inexistência de
atividade lícita compatível e evitar eventuais constrições.

5.4.5. As medidas assecuratórias patrimoniais também se mostram


necessárias a fim de aniquilar financeiramente o grupo investigado, de maneira a
inviabilizar sua reestruturação após a deflagração da operação, descapitalizando os
integrantes do grupo criminoso, expropriando-se deles todos os bens e valores
amealhados com a prática de ilícitos, sejam produtos ou proveitos dos delitos.

5.4.6. Ressalte-se, ainda, que as medidas constritivas são plenamente


reversíveis caso, ao final, consigam os suspeitos demonstrar a licitude da origem do
patrimônio, na esteira do que lhes faculta o parágrafo 2º, do artigo 4º, da Lei nº
9.613/1998.

5.4.7. Dessa forma, há necessidade de se proceder ao bloqueio das contas


e ativos bancários dos denunciados, além do bloqueio e apreensão dos veículos, como
também o sequestro dos imóveis, em virtude dos indícios de aquisição com proveitos
ilícitos.

5.5. Na mesma linha, requer-se, com base no artigo 319, inciso VI, do
Código de Processo Penal, a suspensão das atividades econômicas das empresas
ANIDROL PRODUTOS PARA LABORATÓRIOS LTDA (CNPJ nº
47.963.319/0001-86), QUIMIETEST PRODUTOS PARA LABORATÓRIO LTDA
(CNPJ nº 24.173.779/0001-05), ALABANZA´S CENTRO AUTOMOTIVO (CNPJ

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nº 24.453.931/0001-03) e ALABANZA´S CAR (CNPJ nº 01.035.228/0001-80) também

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é medida que se impõe.
5.5.1. A utilização das empresas químicas para desviar produtos
controlados ao narcotráfico, durante seis anos, e mesmo depois de ser alvo de processos
administrativos, prova a reiteração delitiva. Outrossim, elas ainda estão com as licenças
válidas na Polícia Federal e há evidências de que as pessoas jurídicas são utilizadas como
instrumentos do crime.

5.5.2. Conforme já mencionado na denúncia, a Divisão de Controle de


Produtos Químicos (DCPQ) da Polícia Federal realizou fiscalização em 18/12/2023 na
sede da empresa ANIDROL e procedeu à apreensão de uma expressiva quantidade de
produtos químicos na empresa que estavam em desconformidade com a legislação
pertinente, consoante Auto de Fiscalização nº 12.496/23. A empresa manuseava
aproximadamente 180 (cento e oitenta) substâncias em desconformidade, fato que
evidencia a prática sistêmica e facilidade para o desvio de produtos químicos.

5.5.3. Vale ressaltar que, mesmo iniciado eventual processo de cassação


no âmbito administrativo, a perda dos certificados não é automática, de sorte que o
deferimento por essa via não cumpriria com o objetivo de fazer cessar, desde já, as
atividades criminosas.

5.5.4. Portanto, não se revela desmensurada ou desnecessária a suspensão


das atividades comerciais da ANIDROL e QUIMIETEST quando se verifica que,
mesmo após as ações fiscalizatórias, nada há que impeça a continuidade da utilização das
empresas para desviar produtos químicos ao tráfico de drogas.

5.6. Requer-se o arquivamento, sem prejuízo do que dispõe o artigo 18 do


Código de Processo Penal, em face de AUGUSTO FANECO HAYEK, EDENER
ANTONIO DALVINO LEITE, EDSON SANTOS DE CARVALHO, CLAUDIO
CARMINATO JUNIOR; RENE AUGUSTO GUERRA COELHO; CLAUDIO
ROBERTO TORRES CHAVES; DANIEL GOMES RIBEIRO.

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5.6.1. Com efeito, conforme bem ressaltado pela Autoridade Policial, após

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análise dos diversos materiais produzidos no interesse da presente investigação, em
complemento com as declarações prestadas pelas pessoas relacionadas aos fatos
investigados, concluiu-se que os denunciados se utilizaram de vários “laranjas” no
esquema.

5.6.2. Desta feita, que, até o momento, não foi possível colher maiores
informações acerca da consciência inequívoca dos indivíduos citados acima nas condutas
praticadas no interesse do grupo criminoso. Em outras palavras, não há elementos seguros
de dolo por parte dessas pessoas interpostas, qual seja, de realizar depósitos financeiros
para favorecer todo esquema criminoso relatado. Essas pessoas podem ter agido a mando
dos denunciados, que detinham todo domínio do fato, sem ter consciência inequívoca do
desvio dos produtos químicos e que estariam cometendo também lavagem de capitais.
Por isso, o arquivamento em relação a essas pessoas é medida que se impõe.

5.7. Diferentemente, naquilo pertinente a Elen Maria de Oliveira Couto


Rosa e Danilo Ferreira do Couto Rosa, corroborado pelo Relatório de Análise de Polícia
Judiciária nº 16 da DPF, requer-se o prosseguimento das investigações, medida já
requerida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO à POLÍCIA FEDERAL, mediante a instauração
de inquérito apartado.

5.7.1. Isto porque, da leitura da presente peça, extrai-se que o casal está
envolvido no desvio de produtos químicos da QUIMIETEST e ANIDROL com a pessoa
de alcunha “Zinho”, identificado como Tadeu Papa Júnior, sendo este o elo deles com a
criminalidade organizada e traficância.

5.7.2. Não obstante, resta a investigação concluir se os três estão agindo


associados com os presentes denunciados. Assim sendo, as investigações prosseguem
com a finalidade de angariar maiores elementos que comprovem o envolvimento deles
com o presente grupo criminoso.

5.8. Requeiro o apensamento ao presente dos autos nº 1004323-


33.2023.8.26.0161 (pedido de quebra telemática), autos nº 1004039-25.2023.8.26.0161

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COMBATE AO CRIME ORGANIZADO
NÚCLEO DA CAPITAL

(pedido de quebra bancária e fiscal), bem como os autos nº 1013867-45.2023.8.26.0161

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1007223-86.2023.8.26.0161 e código oIf1qfPD.
(pedido de prisão preventiva e busca domiciliar).

5.9. No que tange aos extensos requerimentos defensivos já peticionados,


o MINISTÉRIO PÚBLICO se manifestará no momento processual oportuno, de acordo
com as disposições procedimentais da Constituição Federal e do Código de Processo
Penal.

5.10. Requer-se, por fim, o levantamento do sigilo dos autos para que ele
se torne público. Ressalte-se que não está presente qualquer restrição constitucional à
publicidade do presente processo, como a imprescindibilidade à segurança do Estado ou
a preservação da vida íntima dos denunciados. Ademais, evita-se com a referida medida
que haja “guerra de narrativas” nos meios de comunicação, sem que se possua
informações fidedignas dos elementos probatórios até então apurados.

De São Paulo para Diadema, data da assinatura digital.

JULIANO CARVALHO ATOJI LUIZ FERNANDO BUGIGA REBELLATO


Promotor de Justiça Promotor de Justiça
Gaeco São Paulo/Capital Gaeco São Paulo/Capital

FÁBIO RAMAZZINI BECHARA EDUARDO AUGUSTO VELLOSO ROOS NETO


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