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The characters and events portrayed in this book are fictitious. Any similarity to real persons, living or
dead, is coincidental and not intended by the author.
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by any means, electronic, mechanical, photocopying, recording, or otherwise, without express written
permission of the publisher.
ISBN-13: 9781234567890
ISBN-10: 1477123456
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Copyright
CULTO A MÃE DEUSA
O QUE É ÒSÒRÒNGÁ?
O QUE É ÌYÁÀMI?
O QUE É ÒSÒ?
ÈLÈYÉ
ARÀJÈ
CONHECENDO AINDA MAIS A FORÇA ÀJÈ
INICIAÇÃO NO CULTO DE ÌYÁÀMI
O SEGREDO É A ALMA DO PODER FEMININO
IGUN - ABUTRE
SEPARANDO O RITUAL DO MITO CULTURAL
ISH’ÀJÈ
AWO ÌYÁÀMI
AS BRUXAS NA TRADIÇÃO YORUBA
O CULTO TRADICIONAL À ÌYÁÀMI ÒSÒRÒNGÁ
O PODER DIVINO INERENTE AS MULHERES
O QUE É ÌYÁÀMI-ÀGBÀ?
DESMISTIFICANDO O CULTO ÌYÁÀMI-ÒSÒRÒNGÁ
Yoruba são forças que possuem forma humanóide com penas, e nunca é
representado em
A SOCIEDADE ÒSÓRÒNGÁ
EGBÉ GÈLÈDÈ
ORGANIZAÇÃO EM UM EGBÉ GÈLÈDÈ
CONCEITO DA SOCIEDADE GÈLÈDÈ
ÈFÉ-GÈLÈDÉ
A RELAÇÃO DOS ORISA COM ÒSÒRÒNGÁ (ÀJÈ):
Ì TÒ N - Ì Y Á À M Ì
ÒDU, A ESPOSA SECRETA DE ÒRÚNMILÁ
MITO DA CRIAÇÃO
A MANIFESTAÇÃO DE ALGUNS ORISA IYAGBA
AJOGUN
A DUALIDADE DE ÀJÈ
EWE-IFÀ
ESO
IRIN – METAIS
OTI-ÓLÒJÉ ou OTIN-ÈBÒ
OYIN
EPO
AGOGO ou AJARIN
ÈWÒ ÌYÁÀMI
ÒJÒ ÌYÁÀMI
ÒRÌKI ÌYÁÀMI ÒSÒRÒNGÀ
Cânticos de Ìyáàmi Òsòròngá
AWORO-ELEGAN-ÌYÁNIFÁ
ÌYÁNIFÁ
OGBESÁ
O PAPEL DA ÌYÁNIFÁ
OS TÍTULOS DE ÌYÁNIFÁ
A PROIBIÇÃO DA MULHER EXECUTAR SACRIFICIO DE ANIMAIS.
AWO EDE IFÁ
CULTO A MÃE DEUSA
ignificando que
S devemos ter muito cuidado com o que falamos, com quem falamos e da
forma que falamos, a
fim de evitarmos colocar os nossos segredos em risco, evitando provocar
qualquer tipo de
problema ou até mesmo a nossa morte.
Uma sacerdotisa ou sacerdote de Èlèyé, o tempo todo, deve se empenhar em
aprender
e aproveitar esta Força de forma benéfica, na hora certa, e nunca se
privilegiando de sua
condição incomum. Assim, tendo isenção em maiores abrangências,
comparada àquelas
pessoas comuns, que não possuem tal poder. E, assim, jamais poderá usar o
seu Poder
indevidamente, aleatoriamente e sem permissão das próprias Èlèyé. Essa
busca é no total
sentido de proporcionar conforto às pessoas que necessitam de sua ajuda, a
fim de efetuar
salvamento/apoio/defesa/segurança, seja lá quando e onde for. Porém, da
mesma forma que os
pássaros, quando a pessoa devota do poder de Ìyáàmi é atingida, o poder de
Èlèyé, morre
consigo. Mas, esse devoto só poderá ser atingido por alguém que conheça
plenamente o seu
Segredo. Por isso, os iniciados mantêm o segredo guardado, a ferro e fogo.
Evocar o poder das Èlèyé (Àjè), de forma alguma, não é como chamar uma
pessoa ou
como evocar uma entidade, Òrìsà ou Egùngùn, mas sim a força que as Èlèyé
representam em
si. Portanto, naturalmente, sempre haverá defesa contra um Mal que tenha
sido feito a fim de
prejudicar a pessoa que cultua. Mas, as seqüelas conseqüenciais irão recair
sobre quem
primeiro deflagrou o processo na utilização do poder maléfico, o ―mauǁ.
Uma das formas simples de ter contato e ir adquirindo o Àshè das Èlèyé, é
alimentar
ou criar livremente alguns Pássaros ou Aves domesticáveis, como Corujas,
Gavião, Falcão,
Morcego, mas principalmente os Pombos, porque eles entram e saem
livremente do local em
que são alimentados. As penas dos Pássaros, conforme vão caindo
naturalmente devem ser
colhidas e preservadas em um local de culto ou louvação, onde as Èlèyé são
cultuadas:
subsolo, dentro de paredes ou escondida no teto da casa.
Durante o ciclo da iniciação, ocorrem Orações e Louvores, quando se diz:
―Providencie o Ashòlèyèǁ (roupa do pássaro), então, deve-se pegar uma
dessas penas usadas
em algum trabalho ou assentamento. A roupa das Èlèyé são as Penas dos
Pássaros e Aves. Os
pássaros mais utilizados para esse tipo de trabalho de aproximação são: o
Pombo Branco, o
Adaba ou uma espécie de Pássaro Africano que voa como se estivesse se
arrastando e depois
se levanta.
Costumeiramente, algumas pessoas comuns se dirigem até um Bàbálàwó,
iniciado no
culto Òsòróngà, a fim de buscar receber conhecimento profundo e o
assentamento de Èlèyé
como um meio de comunicação e alinhamento com as mesmas. É mais que
sabido, que
ste outro Òrìn abaixo é um entre tantos cânticos usados como pedido
E dirigido às
1
Èlèyé o!
Èlèyé o!
Éjé re o!
2
Éleye Epo re o!
Eléué Éjé re o!
Èlèyé mô bé dé o!
Èlèyé mô bé dé o!
Quase todos os Odù ligados com o Odù Òsá, falam sobre as Èlèyé ou suas
influências.
Independentemente de Òsá, há muitos outros Odù que denotam a presença ou
influencia de
Èlèyé, a exemplo de Odi-Mejì, Oturupon-Meji, Irete-Meji, Ogbeyónu, Otura-
Òrìko
(Oturagbe), Iretégbe, Iretedi, Okanranrosun, Irosuntura, Irete-eguntan etc.,
mas praticamente
todos os falam sobre Ìyáàmi, de uma forma ou outra.
No conceito do povo Yoruba a representação mítica mais perfeita do Útero é
a IGBÁ
(Cabaça), portanto, a representação mais perfeita do Universo é chamada de
IGBADU
(Cabaça existencial), onde vivem guardados todos os segredos da Criação do
―AIYE e
ORUN. Tal recipiente é segredado no Âmbito da primordial Ìyáàmi que é
chamada de Òdu, a
esposa secreta de Orunmila. O recipiente sagrado é constituído rigorosamente
por um Oluwo
entendido neste assunto.
O PODER DIVINO
INERENTE AS
MULHERES
Iya ni wura iyébiyé
Ti a ko le f’owora
O loyun mi f’osu mesan
O pon mi f’odun meta
Iya ni wura iyébiyé
Ti a ko le f’owora.
Mãe é mais preciosa que o ouro
Isso não pode ser comprado com o dinheiro
Ela me carregou em seu ventre por nove meses
Ela cuidou de mim por três anos
Mãe é mais preciosa que o ouro
Isso não pode ser comprado com o dinheiro.
Em virtude da mulher gerar e parir filhos, povoando o mundo, esse fato era
encarado
como uma capacidade extraordinária, prestidigitadora e maravilhosa, tanto
que as aproximam
das coisas sublimes, divinas. Por esta razão, muitas culturas antigas eram
assoladas pelo medo
das mulheres se tornarem absolutamente poderosas, até porque no passado tal
capacidade era
completamente inexplicável. Então, por esse motivo, apesar das mulheres
sempre serem vistas
como possuidoras de certos poderes sobrenaturais e famosamente discorrida a
"concepção
feminina", mais que qualquer coisa, em todas as culturas, sempre ocorreu
uma tendência de
converter as mulheres em "Bruxas", exatamente pelo senso de acreditar que
elas possuíam
poderes natos, dês de gerar e parir, até se comunicar com forças sobre-
humanas etc. Por isso,
o mito da "bruxa" que voa na vassoura acompanhada por pássaros macabros é
conhecido
quase no mundo inteiro, com pequenas diferenças de acordo com o lugar e
sua cultura.
Concomitantemente a Mulher também está relacionada a fecundidade através
do enigmático
sangue menstrual, que ainda hoje é a principal marca que calcula a conversão
de uma menina
em mulher, no entanto, por destino será educada até ser considerada de fato
"Ìyáàmi",
acontecendo exatamente quando cessam os eventos menstruais e atingem a
menopausa.
Pelo extraordinário fato de Ìyáàmi ser a única proprietária dos intestinos,
assim como todos os
outros órgãos vitais e tudo mais que se encontra no interior, seja dos seres
vivos como tantas
outras coisas e eventos, ela é respeitavelmente considerada a verdadeira
"Fonte existencial",
representada primordialmente pela cabaça, enquanto o Búzio é considerado
como o
representante mítico da Vagina, o portal existencial por onde passa as
criaturas. Ou seja,
vagina é considerada uma passagem que possibilita o aparecimento de tudo
vem do Òrún
(interior = além) para Àiyé (mundo concreto).
Contudo o conceito de Ìyáàmi, além de confirmar estas transformações em
uma mulher em
ser sublime, leva as mesmas a passarem por um tipo de reclusão fora do local
de onde vivem,
período em que são alimentadas com comidas especiais, aprendem suas
orações sagradas e
são vestidas de um modo muito especial, ficando sabedoras de todos os
segredos e
compromissos relacionados ao poder da mulher. No termino são conduzidas à
um Bàbálàwó
da comunidade, a fim de recitar alguns Ijuba, Oriki e Orin, oferecendo um
tipo de donativo ao
sacerdote. Tal rito tem a finalidade de assegurar uma boa vida e entre outras
coisas anunciar
que a iniciada em Ìyáàmi é mais uma possuidora da "Cabaça com o Pássaro",
capaz de
fornecer fertilidade, abundância, prosperidade, saúde e proteção, sempre
tomando noção de
seu alinhamento espiritual.
Quando prontamente as meninas mais jovens passam por este rito, recebem
além do
alinhamento espiritual a sua retificação com o poder feminino, recebendo
todo conhecimento
para um total domínio sobre seu próprio corpo. Isso ocorre no período que as
meninas se
transformam em mulheres até atingir o ápice da maturidade. De tal modo que
existe uma
apresentação simbólica a fim de informar que as jovens acabaram de deixar a
infância para
trás, então, o público assiste de forma que os homens se fixam os olhos nelas,
na idéia de que
no momento certo possam escolher uma delas para casar-se. Daí, quando uma
mulher virgem
é escolhida como esposa, antes de se casar passará por outro realizado no
âmbito do Òrìsà
Òshún, quando receberá presentes, felicitações das famílias e ainda bênçãos,
felicidade e
alegria diretamente de Òshún.
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Uma realidade bem perceptível é que a palavra Ìyáàmi em si, não identifica a
mulher como
um lado obscuro do poder, muito pelo contrário, o culto à Ìyáàmi tem o
costume de exaltar e
homenagear as magníficas capacidades da mulher, se tratando em gerar e
parir filhos,
administrar, seduzir e dominar todo o lado protetor maternal. Por isso, a
palavra Ìyáàmi
significa: "Minha Poderosa Mãeǁ. Portanto, essa forma de recorrer ao poder
feminino,
expressa um senso de reverência que serve como ponte de ligação entre os
vivos e suas raízes
ancestrais, como também ajuíza sobre o papel materno de todas as mulheres.
De forma que
todas as Divindades femininas são chamadas também ÌYÁÀMI (Minha
Mãe), não no senso
de "magníficas ou feiticeiras", mas por ser uma homenagem verbal às
grandes MÃES
ANCESTRAIS.
É proposto que toda mulher seja fértil (pelo menos teorìcamente ter a regra
mensal), do
contrario a mesma não poderá ser considerada capaz de se encarregar de
certas funções
importantes dentro do Culto de Ifá, não só por isso, mais por muitas outras
razões. Fato que
não posso omitir aqui por ser um conhecimento que deve ser passado só
através de um
Sacerdote (Bàbálaowo) que adquiriu certo Grau e bastante conhecimento para
quem necessita
desse aprendizado. Ao mesmo tempo, algumas razões práticas têm haver com
a atenção
constante que requer o culto, pois uma mulher não pode ser dedicada
completamente se ela
continua tendo a regra, isso, porque ela deve se privar do contato com as
deidades durante
esse período e no caso de estar grávida. Principalmente durante os últimos
meses e no pósparto quarentena. Sem contar que durante vários meses toda
sua atenção deve ser para seu
bebê.
O QUE É ÌYÁÀMI-ÀGBÀ?
Ìyáàmì-Àgbà é uma palavra denominada no idioma Yorúbà como ―Minha
Mãe
Ancestralǁ. Como um demonstrativo respeitoso à quem se dirige a um
Ancestral Feminino,
mais precisamente uma Mãe ou Avó falecida. Portanto, normalmente,
nenhuma Mãe tem um
caráter violento que possa ser considerada perigosa. Mas, se tratando do
complexo das
Ìyáàmi, nele existem forças, da estrutura terrestre, consideradas como grandes
Mães do
Agbaye (Universo) e algumas forças perigosas.
Devido a dificuldade de uma maior compreensão sobre o universo das
Ìyáàmi, muitas
pessoas confundem Ìyáàmi-Èlèyé (poder criador) com Ìyáàmi-Àgbá e Àjè
(força
desagregadora). Porém, todas sintetizam-se com a coletividade das Ìyáàmi-
Òsòróngà, tendo
Àjè como a força núcleo de todas as capacidades e manifestações ligadas ao
poder feminino.
Ou seja, Ìyáàmi-Àgbà não deve ser considerada e tratada o mesmo que
Ìyáàmi-Èlèyé, mas
ambas estão conectadas ao âmbito de Ìyáàmi-Òsòróngà. Onde todos os tipos
de forças
femininas se mesclam e literalmente são representadas de forma única por
pela força Àjè,
carente de apaziguamento, constante, através de Ìyáàmi-Òsòróngà.
Apesar de todas as mulheres falecidas receberem reverências e culto através
do nome
Ìyáàmi-Agbá (minha mãe anciã ancestral). Se tratando das Aràjè, as mulheres
bruxas inimigas
da sociedade, quando morrem sem deixar filhos consangüíneos ou espirituais
sobre Terra, não
terão como receber as merecidas homenagens e culto na sua nova forma
espiritual de ÌyáàmiÀgbà. Porque as mesmas não construíram um legado
fundamentado na ética social, bem como
na pratica ritual.
Diante da gama informativa sobre os conceitos de Ìyáàmi, Ifá ensina que
nenhum
espírito de caráter feminino deve jamais ser cultuado separadamente do culto
de Òsòróngà.
Significando que após o falecimento de qualquer mulher, o espírito ao se
tornar um ancestral
feminino ele se aglutina ao complexo de Ìyáàmi-Òsóròngá, onde passa a
receber
considerações e culto de forma coletiva através de Iyá N'lá (a grande mãe), a
qual é uma
Poderosa força magnética que atrai para si todos os espíritos femininos.
Então, Òsòròngá além
de ser considerada a coletividade das forças e dos espíritos femininos, ela é
também a
principal representante de todas as capacidades e suas manifestações. Assim
as Ìyáàmi-Àgbà
são consideradas o foco principal da sociedade chamada Gèlèdè. Onde os
antepassados
femininos são divinizados, a fim de assumir funções e características de
divindade principal
em uma família. Na maioria das vezes, esses ancestrais femininos alternam a
proteção e o
trabalho entre os Òrisa de uma mesma família.
No culto das Gèlèdè (máscaras sagradas), as antigas divindades femininas
tiveram
então, seus cultos reorganizados em torno de entidades femininas genéricas,
resumidas em
Iyámi-Òsòròngá, ou seja, o culto à cada Orisa feminino foi estruturado na
esfera de ÌyáàmiOsoroga. Por isso, alguns dos Orisa femininos passaram a ser
considerado, erroneamente,
como bruxas maléficas, simples pelo fato de representarem sempre um perigo
para o poderio
masculino e a ordem social. Enquanto, vários Orisa masculinos tiveram seus
cultos divididos
entre si, mediante as suas atribuições de zelar pela Terra, em diferentes
locais: a superfície do
solo ficou para Obaluwaiye, o subsolo e o trabalho da agricultura para Ògún,
a fertilidade do
solo para Oosharokô, a profissão da caça para Òdè, e assim por diante.
A fertilidade das mulheres foi o atributo que restou para as divindades
femininas, já
que é a mulher que gera e concebe, favorecendo a continuidade da vida.
Então, cada uma
delas fragmentou-se em Ìmòlé da chuva, dos rios, do mar, dos ventos, da
riqueza da terra, das
folhas, dos frutos, da fertilidade, da bondade e amor, da maternidade, da
abundância etc.
Tantos e tantos atributos representados originalmente pela própria água, que
fertiliza a terra e
permite a vida, a produtividade e a riqueza. Assim, na natureza, a ordem
respectiva das Imòlé
Ìyáàmi é:
1º Ògbòni = A fertilidade total da terra
2ª Òshún = A chuva e as nascentes
3ª Olokun = Os oceanos
4ª Oyá = Os ventos, as tempestades
5ª Oobá = Os trovões
6ª Yewá = Os gêiseres e lagos
7ª Osanyin = A vegetação
8ª Iyemonja = Os Rios
9ª Osumare = O arco-íres
10ª Iyerosun = Os pântanos
11ª Ajê-Shariki = A riqueza
12ª Irewyin = As enchentes
13ª Osapipe = As Lagoas
14ª Iyekuté = As orlas
15ª Omolulu-Olurogbo = O subsolo
16º Erinlè = As margens dos Rios
17ª Osoosi = Produtividade dos cereais
18ª Dada = Produtividade dos frutos
Essas são as antigas divindades representadas pelo Elemento Água; todas
associadas à fertilidade, com
sua maneira bem peculiar de produzir riquezas, criar e repor o equilíbrio na
natureza. Portanto, todas
elas se agregam coletivamente em Ìyáàmi.
DESMISTIFICANDO O
CULTO ÌYÁÀMI-
ÒSÒRÒNGÁ
Quando uma pessoa com profundo conhecimento fala de "Ìyáàmi-Òsòròngá"
muda
bastante o conceito antes exposto, porque recorre aos mitos que relatam sobre
o poder
feminino associados aos pássaros e aves, a partir de certas espécies que se
fixaram na mente
dos homens como raridade ou comportamentos macabros. Embora não isola
as mulheres ou
Òrìsà, o mito Ìyáàmi-Òsòròngá está mais relacionado com os poderes que ela
traz na realidade
com o útero da mulher, ao qual nós sempre recorremos como "Igbadu" (a
cabaça da
existência), na comparação metafórica entre um Ovo fecundado e a barriga da
mulher grávida.
De forma que Ela vem dizer que a mulher possui o "Poder do pássaroǁ
contido na cabaça. No
útero da mulher a vida do bebe não é inerte, mas sim cheio de movimentos,
como por
exemplo, no Ovo da galinha, onde o movimento não é contemplado, mas
depois a pessoa
pode contemplar claramente o pintinho; em ambos a pessoa pode perceber o
poder da
fecundidade surpreendendo a capacidade de uma "magia", é o que isto
insinua.
O mito Ìyáàmi-Õsòròngá então, não é o culto somente às ―mulheres bruxasǁ
com pássaros
macabros, mas sim uma associação magnífica e simbólica entre o ser
feminino capaz de
fecundação e o poder místico de alguns pássaros da noite. Portanto, foi isso
que cultivou
certos temores nos seres humanos, os quais acreditam no espaço etéreo de
agregar e cultuar os
Espíritos das Èlèyé de forma Coletiva, como Ìyáàmi-Àjè (Minha mãe
encantadora) ou ÌyáàmiÒsòròngá, todos esses nomes se referem a um mesmo
Ser Espiritual. Então, o que deve ser
sabido é que Ìyáàmi-Àjè se fragmenta em varias definições, mas
principalmente em espíritos
impessoais (que não se refere a pessoa ou pessoas), com manifestações bem
consciente
tomando formas de espíritos que nunca tiveram corpo humano e eles não
terão isto jamais.
Àjè, ao mesmo tempo, forma a parte inconsciente no ser humano e na
natureza, como espécie
de "parasita" que surge junto ao homem no mundo, ou seja, Àjè foi a causa
da existência de
tudo e em tudo. Por outro lado, as Ìyáàmi-Àjè são espíritos que não têm
consciência, e são
alimentadas pelo próprio mau que a pessoa cria com os seus medos etc., por
isso são forças
que se tornam, consideravelmente, perigosas no mundo astral e na natureza.
As forças elementares de Àjè podem ter sexo masculino ou feminino e, eles
sempre entram
em par na vida de um ser humano, assim, concebe o equilíbrio, a dualidade,
existente em
todos os espaços, até mesmo em nossos próprios medos mais obscuros. No
conceito popular
YORUBA SÃO FORÇAS
QUE POSSUEM FORMA
HUMANÓIDE COM
PENAS, E NUNCA É
REPRESENTADO EM
imagens ou gravuras, o poder só é sentido no contado pelos pássaros.
Associações à Àjè
podem ser vistas como símbolos na maior parte dos instrumentos sacros,
como nos bastões
metálicos (Osun) dos Bàbáláwò ou em forma de pássaro sobre as coroas dos
Oba (reis),
representando que o possuidor tem a ―autoridade e paciênciaǁ de ganhar esta
nobreza, assim
rendem homenagens ao Poder Feminino.
Ìyáàmi-Àjè atua sob a supervisão de Èsù e elas têm estreitas relações com
alguns outros
Õrìsà’s como Õgún: aquele que é o dono dos sacrifícios e quem provê o
líquido sagrado (o
sangue) pertencente à Èlèyé ou Òdu-logboje que é chamada também
famosamente como
Odùwa, Yemowo, Yembo, Arugba, Mawu ou simplesmente Òdu, o primeiro
Espírito
Feminino no mundo, transmissora da Cabaça material para as outras
mulheres dentro dos
corpos delas e a essência para o resto dos Òrìsà Obìnrin (feminino).
Quando se percebe a influência por parte de Àjè em homens, essa força é
chamada de Òshó
(os bruxos), a qual trabalha contra ou a favor da própria pessoa, embora
nunca haja um
responsável claro para estes ataques sobrenaturais, porque genuinamente
sempre é a própria
pessoa que ―ganha o castigoǁ por seu próprio comportamento, que lutar
contra a própria vida.
Portanto, em um sentido inverso, Ìyáàmi-Èlèyé é a grande Mãe justiceira, a
lei de toda
estrutura terrestre e humana, significando que ela procura manifestar o bem a
partir da
injustiça praticada por alguém. Então, toda pessoa que tem em si certa
malignidade para com
o outro, alimenta estas forças consigo e, ao mesmo tempo, atrai e carrega o
mal de forma
simbiótica, quando é a própria pessoa quem produz energias negativas, assim
se tornando seu
próprio juiz; quando Ìyáàmi-Òsòròngá pousará com suas patas sobre a cabeça
desta pessoa,
seja por praticar o mal ou se permitindo que o mal lhe pouse e comece a lutar
contra o
negligente.
Não há qualquer Ébó capaz de dominar a manifestação dessas Forças
Espirituais. A única
coisa que se pode fazer, no máximo, é aplacá-las, e isso ocorre pelo fato delas
viverem e
serem alimentadas dentro de nós mesmo, na maioria das vezes em estado
oculto. Em
contrapartida, a existência da força Àjè é um mal necessário, se fazendo
muito importante, na
finalidade de restituir todo o equilíbrio no Universo, porque apesar dela ser
"hostil" com as
pessoas, ela se manifesta para contrabalançar tanto o eco sistema quanto o
caráter humano,
através de seus medos ou coragem.
Aquele que deseja que Àjé não se torne um obstáculo em sua vida deve
refrear os seus
ímpetos, os seus medos, as suas inseguranças, os seus sentimentos, os seus
complexos, os
seus instintos destrutíveis, as suas aptidões agressivas ou passivas em
exagero, tanto no macro
quanto no micro cosmos. Essas pessoas devem rapidamente estabelecer culto
através de
Ìyáàmi.
O culto à Gèlèdè (máscara) reflete de forma bem evidente a influência
negativa que Àjè pode
exercer no lado mais obscuro de cada pessoa. Onde se pode ver uma cena em
que um homem
armado está atacando uma mulher, isso por Invejas, ciúmes, amargura,
frustração ou como
também qualquer outro sentimento negativo, seja por pensamento destrutivo
ou qualquer
ação semelhante.
O conceito que as mulheres Ìyáàmi se encontram em assembléia e as ações
das mesmas serem
espiadas por ―Èsù Ebítáǁ, a fim de serem conspiradas com apaziguamentos
quando praticam
todos os tipos de maldade chamada de ibururu (o mal), enviando algum tipo
de Ajógun
(força inimiga dos seres humanos) depois de saber que alguém fez ou não um
Ebo
determinado. Deste modo, elas também atual como reguladoras do
comportamento humano,
mediante aos seus débitos gerados face a face com Òlòrún e seus Irunmàlé,
isso quando uma
pessoa sai do seu eixo espiritual ou por ter infringido algum de seus tabus, ou
que ainda
deflagrado o seu próprio equilíbrio interior, seja até mesmo em alguma de
suas reencarnações
passadas. Assim sendo, queira ou não queira, na hora exata, toda a má ação é
seja cobrada de
alguma forma, na finalidade de restabelecer o equilíbrio, afim de tudo voltar
ao seu eixo
normal. É por isso, que Ifá indica sacrifícios específicos, a fim de aplacar as
conseqüências
dos tormentos originados por oportuna ação maléfica de cada ser humano.
Já sabemos que todo tipo de sangue pertence à Ìyáàmi, seja o mesmo
derramado sobre a terra
ou qualquer Ebò, sobre artefatos de qualquer tipo de assentamento ou sobre o
Ori de uma
pessoa, até mesmo quando derramado aleatoriamente, é a força Àjè que se
apresentará com
várias necessidades degenerativas. Portanto, todo sacerdote antes mesmo de
designar qualquer
Ebó, que contenha algum tipo de derramamento de sangue, deverá analisar,
através do Opele
ou Ikin, os reais motivos para tanto, avaliando se o sangue será derramado
para alguma
finalidade fútil do interessado, geralmente aqueles que saem a procura, de um
Sacerdote
corrupto, a fim de realizar algum desejo de cobiça, vingança, avareza por
dinheiro, luxuria
etc., Quando ocorre derramamento de sangue por tais desejos fúteis, ambos
pagarão muito
caro por tal sacrilégio contra a natureza.
É Àjè quem controla o sangue menstrual e também qualquer processo que
capacite o
aparecimento de criaturas físicas ou sobrenaturais. Por esta razão, nos
sacrifícios no culto de
Òrìsà o sangue não deve ser jorrado na terra, se não a fim de apaziguá-las. Ou
seja, o sangue
jamais deve ser derramado aleatoriamente na terra ou de forma exagerada
(chacina de animais
– o que erroneamente vemos em cultos afro-secundários). De qualquer forma,
derramar o
sangue diretamente no chão é um tabu. Por isso, antes de qualquer Èbó desta
esta natureza, Ifá
deve ser sempre consultado, na finalidade de fornecer além de soluções, um
direcionamento e
ajustamento ritual.
Ìyáàmi-Àjè identifica a gota de Sangue na natureza como um pássaro,
enquanto ele se
transforma em 09 (nove) pássaros. No culto de Ìyáàmi o principal é a Òwìwì
ou Òsòròngá -
cujo nome vem do som que ele emite. Outros pássaros são: Éhúrù, Èlúlú,
Èráwo, Àgbìgbì,
Àtiòrò, Àgbògbò e Aràgamágò.
Ifá determina que se deve oferecer as ―Vísceras Cruasǁ à quem elas
pertencem, porque os
órgãos internos são considerados a comida favorita das Àjè/Ìyíàmii. Portanto,
quando ocorre
qualquer tipo de sacrifício ritual dedicado a qualquer Òrìsà ou Egùngùn, as
vísceras dos
animais são rigorosamente retiradas, por uma mulher capacitada, e são
entregues cruas de
forma especial ao Babalawo, na finalidade dele executar o ritual chamado
Ipèsé-Ìyáàmi.
OBS: Partes das vísceras importantes sempre devem ser depositadas em
pratos de barro e em
seguida adiciona-se pedaços de Èkò, um pouco do Èjé que foi vertido e
cobre-se tudo com
Epo e no final algum tipo de Ewé-Ifá bem peculiar a situação. Este Èbó é
denominado IpèséÌyà’nlá, significando: ―A injustiça desapareceráǁ.
Algumas vezes, para as Ìyáàmi, em sacrifícios menores são oferecidos 07
pedaços de Ekó
cobertos com Epo Pupa, a fim de suplicar por sua proteção, porque o Epo as
acalma quando
toca a terra, isto representa o poder feminino, então, entre outros itens.
As muitas penas simbolizam a individualidade, proteção e filhos; o sangue -
representa a
menstruação, a força, a consignação e a vida, nos seus vários sentidos e
condições. Por isso,
quase na maioria das vezes, o primeiro item que é depositado sobre as
oferendas de qualquer
Òrìsà, são as penas extraídas de pássaros ou aves.
Muitas pessoas sem o devido conhecimento, afirmam que a palavra Àjè é
uma referência à
"Bruxa" ou ao ―Malǁ, mas em uma de outras definições a palavra Àjè ―vem
da contração de
―Jé-Ìyá" (a mãe que come) mencionando o voraz apetite
pelo cheiro do sangue e vísceras, assim sendo, as Àjè podem vir voando
baixo, na forma de
pássaro sobrenatural ou físico, também como macaco ou até mesmo outros
animais
inimagináveis. Isso, por que elas possuem a capacidade de se transformarem
em qualquer
coisa material ou imaterial, até em um Egungun ou Òrìsà, entre outras
condições, bastando
que a pessoa esteja com seu Òrì fora de EIXO, ficando à mercê da
manipulação delas.
A SOCIEDADE
ÒSÓRÒNGÁ
Os membros da sociedade ÌYÁÀMI-ÒSÓRÒNGÁ cultuam os seres astrais
(espirituais
– chamados ÀJÈ) inclinados a manipularem as leis terrestres e cósmicas,
assim eles mantêm a
sociedade em equilíbrio, assegurando que os seres humanos sigam essas leis
ou são castigados
mediante as suas transgressões por seus próprios atos. Esses membros são
homenageados com
nomes Ìyáwá (nossa mãe) ou Ìyáàmi (minha mãe), são consideradas as anciãs
da noite,
conhecidas como a estrutura terrestre, as donas controladoras de tudo na
Terra. O poder de
Àjè vem do fato que é considerado a origem de toda existência terrestre.
Na sociedade Osoronga, é comum se ouvir o nome Ìyá-Ìgbá-èyè (mãe da
cabaça do
pássaro) ou Ìyá'nlá’dudu (grande mãe negra), modificado para Odù-Logboje,
a mulher secreta
de Orunmila, a qual é também denominada Eleyinjú-Ègè, a dona de olhos
delicados, fazendo
citação às divindades geradoras, representadas através da cor negra. Òdu é
conhecida também
como Olórí ìyá-Àgbà-Àjè-Èlèyé, a Chefe soberana de nossas Mães ancestrais
possuidoras de
pássaros, ou Ògágun-ati-Ògájùlo-ninu-awon-Ìyáàmi-Òsòròngá, a Chefe
soberana entre todas
Ìyáàmi-Òsòróngá.
Todos sabem que Òdu, vive e é cultuada somente por homens Babalawos,
vivendo secreta
dentro do Igbodù-Ifá. Porém, em outras vertentes de culto, Òdu é chamada
varias vezes de
Ìyáàmi-Agba, minha mãe suprema, homenageada como o verdadeiro
complexo fragmentado
de divindades femininas, na qual insere-se: Iyemonja como o Orisa que
preside Iku (a morte)
e o domino do rio que desemboca no Mar (a casa de Eégún), considerada
também como a
principal instituidora do culto Gèlèdè. Nesse mesmo complexo está Òsún
como a grande
Iyaloode da sociedade Osoronga, considerada como a primordial protetora da
gestação e da
Bondade copiosa, dona das nascentes e de todos os tipos de fluxos. Ainda se
encontra Oya,
como Iya-Mesan-Òrun, a mãe dos ventos que sopram nos 04 cantos do
mundo e ainda
transporta os espíritos até os 09 espaços no Além. Enquanto Yewa se
posiciona como o Òrìsà
responsável de zelar por tudo que se encontra secreto, como todos os
mistérios da morte, e
ainda, tudo que se refere aos segredos rituais. Fato referente a Iyewa, que é
retratado através
do uso de grande quantidade de palhas avermelhadas, as quais cobrem tudo
aquilo que não
deve ser revelado aos olhos de quem não tem permissão, não iniciado. Esses
são alguns de
todos os denominativos de Òdu, os quais se agrupam no culto à Èlèyé, as
possuidoras da
cabaça com o pássaro, símbolo do poder feminino. Portanto, toda mulher é
considerada uma
Àjè. As Ìyáàmi controlam o sangue menstrual e representam os poderes
místicos das
mulheres, seja no aspecto afável ou mais perigoso à vida.
EGBÉ GÈLÈDÈ
A Sociedade Gèlèdè não é outra coisa, se não um culto organizado para
acalmar
as forças caóticas da natureza, isto é, as representações impessoais de Ìyáàmi
Òsòròngá. O
Culto das Gèlèdè certamente originou na área de Ketu por volta do século de
XIV a.c, sendo
centrado, na deificação do poder feminino intrínseco (ìwà e abá) como centro
gerador de vida
ou de destruição. Nele são os membros masculinos da comunidade que
homenageiam o poder
feminino através de máscaras com festivais anuais. De Ketu, o culto às
mascaras estenderam
entre os Yorubas para as cidades: Egba, Anago, Saki, Ohero-Ijo, Ifonyin,
Annòrì.
A Sociedade inteira é consagrada a Iyemowo (que faz referência a outro título
de Òshún
ligada a Òbátálà) que é venerada pelo povoado de Kétu, assim se venera a
Mãe dos Òrìsà,
dona das águas, da feitiçaria, da sexualidade, da família e da subsistência. Em
sí Iyemowo
expressa para todos os seus filhos o senso de proteção maternal, uma das
faces do poder
feminino destrutivo de Ìyáàmi-Àjè. A função principal da comunidade nesta
Sociedade é
garantir a paz entre os humanos e Ìyáàmi-Àjè. O festival das máscaras é a
parte pública do
culto e elas são trazidas ao mercado preferencialmente no local onde as
mulheres trabalham
no senso de reunião social na comunidade, mas também com propósitos de
pedir abundância.
A festa das Gèlèdès (Máscaras) é anual, organizada entre Março e Maio, mês
que marca a
estação agrícola, fertilidade e semeadura, para que as Èlèyé assegurem e não
envie até eles
seus pássaros (forças destrutivas), para arruinar a fazenda. A influência de
Iyemoja também
tem grande importância sobre o poder feminino de forma que ela sempre
provê proteção para
os muitos descendentes. Existem duas fases na festa das Gèlèdès em
homenagens às Ìyáàmi:
A) Para o Festival das Gèlèdè – o ciclo é aberto dias antes do festival, quando
as ÌyáàmiÒsòròngá recebem uma oferta de óleo de palma, mel, leite de cabra
ou vaca, folhas
específicas, pássaros, aves, quadrúpedes, caracóis, grãos cozidos e crus, ovos,
farofas, bolos
triturados, pó de Osunlede (urucum), Irosun, efun, etc.
Assim tudo é ofertado as Ìyáàmi-Agba de forma que todos executem
favoravelmente para a
comunidade, posteriormente os Òrìsà femininos são invocados para proteção
de todos. Então
as danças começam. Nesse momento eles entram em procissão pelo mercado
pela entrada
principal da cidade onde eles dançam quase o dia inteiro, isso porque eles vão
congregam
máscaras de vários lugares diferentes. São os homens que dançam com as
máscaras se
caracterizando de mulher com panos enormes sobre o corpo, alguns até
colocam enchimentos
nos peitos para ficarem bem reais, eles levam máscaras femininas, assim
transcrevem
Iyemowo, Iyemoja, Òsún, em uma intenção de equilibrar, o poder masculino
com o poder
feminino.
É necessário mostrar que as máscaras usadas durante esta cerimônia, que
acontece durante
o dia, elas diferem das máscaras que são usadas à noite.
B) Èfè - Acontece durante a noite anterior, começando no por do sol. Aqui as
máscaras
que são usadas representam tanto os homens como as mulheres, mas no
aspecto mais obscuro
e mais encantador de todos, em uma evocação para o poder da feitiçaria que o
rende
homenagem e agrado. As danças são executadas de dois em dois e os pares
representam um
homem e uma mulher, criando assim, um equilíbrio especial onde a
representação do homem
dança para evitar a injustiça de Òsó (feiticeiro) e a mulher ao contrario Àjè
(Bruxa). Há
também uma evocação para o poder inexplicável de uma mulher parir duas
crianças (Ibeji) ao
mesmo tempo, sendo representados por Òrò-Ìbejì. Por isso, alguns até levam
máscaras
idênticas. Em todos os casos, os dançarinos sempre são os homens jovens e
com muita
agilidade. As máscaras que representam o poder masculino é Akogi e as que
representam o
poder feminino são chamadas de Abogi.
s Gèlèdè que os ABOGI usam durante a cerimônia de Efe, representam
A uma mulher
muito Anciã e curvada, com poderes terríveis de pássaros, cobras,
moscas e outras pestes da
floresta dos Espíritos. Levando a crer que eles poderiam se tornar alguns
desses animais.
As Gèlèdè que os ilustres AKOGI usam durante a festa de Efe, representam
um
curandeiro feiticeiro masculino que têm o poder se tornar um animal durante
a noite, pior que
todos os outros na floresta dos Espíritos. Contra a convicção suposta que ao
ser uma
homenagem ao poder feminino este culto é o império da mulher, mas é
necessário salientar
que os participantes externos mais ativos são os homens, desde que eles
submetam sua
condição de homens e inclinam suas cabeças diante do Poder da grande MÃE
(ÌyáàmiÒsòròngá).
O culto as Gèlèdè está naturalmente integrado com Ìyáàmi-Àjè (as bruxas).
Este culto
se expandiu mais na parte sudoeste do país Yoruba, em ambos os lados as
margens da
República de Benin (Egbado, Shabe, Awòrì, Ohori, Idasha e Reinos de Ketu).
O propósito do
culto Gèlèdè é pagar tributo ao poder fenomenal das mulheres, anciãs
falecidas que são
afetuosamente reverenciadas como "Nossas Mães." Gèlèdè ajuda os seres-
humano por dança,
máscara, fantasia e poesia. Ao mesmo tempo propicia harmonia e equilíbrio.
Em Ketu as mulheres são chamadas carinhosamente e respeitosamente de
feiticeiras, por ter
fundado o culto cujo propósito é aplacar os espíritos das ―Bruxas
sobrenaturaisǁ e utilizar o
poder delas para proteger as comunidades contra forças malévolas. As
mulheres falecidas em
Ketu eram homenageadas por ter sido grande amazonas, (mulheres
aguerridas de ânimo viril)
comparadas às características dos seus próprios Òrìsàs femininos, as quais
eram conceituadas
Grandes Caçadoras com aparência e a coragem de homens caçadores. Por
isso, aqui no Brasil,
alguns Õrìsà’s Femininos foram confundidos e erroneamente cultuados como
Õrìsà’s
masculinos, agregadas ao culto do Òrìsà Wawa-Òdè-OÒrún (Osoosi), mas
corretamente
deveriam ser reconhecidas e cultuadas como o que são de verdade, Iyagba-
Òdè (Mães
Ancestrais da Floresta), respeitadas por suas verdadeiras características de
Èiyè-Òdè (Pássaros
Predadores), como é o caso de Erinlè, Osoosi e Òdè-Otin. Mas isso foi
devido à profunda
ignorância dos primeiros sacerdotes brasileiros influenciados mais tarde pela
Santeria
CUBANA. É muito fácil perceber que até hoje no culto das Gèlèdè, não só
Erinlè e ainda
Òdè-Otin, são nada mais que vertentes do Òrìsà Òsún. Quanto à Òsúmarè e
Olokun são
Õrìsà’s densamente homenageados e cultuados exclusivamente como
Espíritos Femininos da
floresta, fertilidade, produtividade, plantio e subsistência. Cujas
características são
58
indiscutivelmente femininas. Uma cerimônia acontece normalmente quando
uma mulher
importante (da linhagem de Àjè) chega a Ketu no ritual anual ou em funerais,
na morte de
compartes. Assim como na cidade Èpà e Òtá as máscaras consistem em duas
partes, uma
máscara e uma superestrutura. A superestrutura pode descrever muitos
motivos seculares
representada por muitas tiras de panos simples ou luxuosos, às vezes
sobrepostas em um
longo tecido. Enquanto uma máscara pode ser feita para representar um
grande membro da
sociedade que liderou e ensinou a comunidade.
A porta da sociedade Gèlèdè está aberta para ambos os sexos, mas são as
mulheres que
possuem alguns dos títulos mais importantes. O festival freqüentemente
celebra com honra à
Grande Mãe, Iya’Nla, o antepassado de todas as mulheres e bruxas3
. Enquanto as danças são
executadas rigorosamente por homens trajados com as roupas e máscaras, os
outros homens
participantes e todas as mulheres, anciães e jovens, se recolhem e rezam aos
espíritos femininos da
Natureza e espíritos femininos de suas ancestrais falecidas.
A palavra Bruxa (Àjè) tem dois sentidos: um positivo e outro negativo. O
positivo - (Àjè) - sempre se refere aos
poderes fenomenais dos ―grandes espíritos femininos da Naturezaǁ, atraindo
a abundância, fertilidade, felicidade, amor,
proteção, etc. Já o negativo se refere à Àjè (espíritos impessoais parasitas que
se manifestam no interior dos seres humanos,
provocando o desequilíbrio na natureza), por outro lado tais espíritos, muitas
vezes, são manejados por mulheres Bruxas ou
até espíritos de mulheres falecidas que foram bruxas terríveis, a fim de
desencadear o desequilíbrio na vida do próximo,
aquelas que entanto vivas usaram ou ainda usam mal o seu conhecimento,
para matar, destruir, atormentar as pessoas. Mas
uma bruxa viva ou morta jamais perde o seu poder, seja ela boa ou má.
Cuidado!
ORGANIZAÇÃO EM UM
EGBÉ GÈLÈDÈ
Dentro das hierarquias sacerdotais seja na sociedade Ògbòni, Òsòróngà,
Gèlèdè, Èlèékò,
quem tem primazia é a mulher, diferentemente do que acontece na sociedade
Ifá, Egùngùn,
Apa e Òrò, onde a primazia é dos homens.
Foi através do Culto Gèlèdè que a influência entrou na organização do
Candomblé,
oriundo de Ketu, como praticado no Brasil, onde até os dias de hoje o
Matriarcado predomina
através das chamadas ―Mães de Santoǁ; numa ordem bem comparada com o
Culto das
Gèlèdè:
IYALÁSÈ ou IYALOODE é a sacerdotisa principal e o título faz referência
ao mais alto posto
na Sociedade Gèlèdè. Ela se encarrega das grandes cabaças correspondentes
às Ìyáàmi
(Grandes Mães Ancestrais), como itens de conexão entre a comunidade e o
poder feminino,
representado pelas Ìyágba. A Íyáloode é a Sacerdotisa possuidora do Àse. A
Iyalase ou
Iyaloode é sempre uma mulher anciã que já atingiu a menopausa,
significando que ela é a
possuidora de amplo conhecimento sobre as folhas, animais e ritos
relacionados ao culto das
Ìyáàmi.
BÀBÁLÁSÈ é o Sacerdote masculino com funções semelhantes à Iyalashé, o
qual auxilia
como participante de alguns rituais, porque ele é o encarregado dos
sacrifícios, de forma que a
sua incumbência está mais voltada à parte do culto relacionada ao exterior do
culto como: a
manutenção das máscaras, os trajes, a organização das danças e sua total
direção externa. Ele
tem também amplos conhecimentos sobre folhas, rituais e outros artigos
relacionados com as
Divindades.
ABORE outro Sacerdote masculino cuja incumbência é agir como
intermediário entre as
diferentes comunidades e os favores de Ìyáàmi. Seu cargo é hereditário e
requer grande
conhecimento litúrgico.
ÈLÉFÈ é o Sacerdote iniciado no culto de Eshù, encarregado de compor os
versos que são
usados para cantar ou rezar. Ele é também o responsável para satirizar os
aspectos negativos
relativos à vida social da comunidade, que devem ser parodiados à noite. É
uma posição
bastante difícil, porque a pessoa diz com seus versos o que ninguém ousa
dizer, podendo ser
vítima da vingança de outros participantes.
ANGI ou ONIJÒ – Nome que se refere à qualquer homem portador de uma
máscara sagrada,
quer dizer, dançarino. Eles são escolhidos pela habilidade de dançar e
interpretar os toques
dos tambores por seus movimentos e sua agilidade. Sempre devem ser Jovens
maiores de 19
anos.
AGBEJI é o nome dos escultores exclusivos de máscara (Gèlèdè).
ONILÙ é o nome dado aos tocadores de tambor (Ìlù). Eles se especializam
em todos os tipos
de toques para acompanhar as danças dos homens mascarados.
Tradicionalmente se usam um
grupo de 04 tambores para as danças que servem de fundo musical nas
canções de
homenagens executadas durante a dança das máscaras.
CONCEITO DA
SOCIEDADE GÈLÈDÈ
Segundo os mitos da tradição afro-descendente, já que o mito é o discurso em
que se fundamentam
todas as justificativas da ordem e da contra-ordem social negra, a luta pela
supremacia entre os sexos é
constante, simbolizada pela cabaça Ìgbádù (cabaça da criação), já que é Òdu,
o princípio feminino de
onde tudo se cria – a representação coletiva das Ìyáàmi, mães ancestrais.
Enquanto o principio
feminino é representado na metade inferior da cabaça pertencente à Òdu, o
principio masculino
representado na metade superior da cabaça é pertencente à Òbátálà o mesmo
Òòsààlà. Assim, e relação
entre Òdu e Obàtálá, é somente entendida como simplesmente simbólica, e
nada mais representa que
uma simples relação de acasalamento entre o princípio feminino com o
masculino. Significando, que
háá um princípio de completude do outro, onde a vida se constrói de mãos
dadas e que cada um de nós
na medida em que se estabelece esta relação, constitui-se em um elo mais
completo com as coisas que
estão à nossa volta. O que denota todo um processo de equilíbrio e de
harmonia natural, entre macho e
fêmea. Para se entender bem tal relação, se faz necessário centrar as mulheres
do ritual GÈLÈDÈ, que
representam o culto às ÌYÁMÌ, através das grandes mães ancestrais,
encabeçadas por: Òdu, Ògbòni,
Òshùn, Iyemowo, Iyemoja, Iyewa, Oya, Omolulu, Iyerawo, Erinlé, Osoosi,
Otin, Iyerosun, Osapipe,
Okutè, Iyerewin, Osanyin etc...
Enquanto ÒDU simboliza a grande representante do princípio feminino,
secreto, dentro da sociedade
Ifá. Ògbòni representa o principio feminino, secreto, dentro da sociedade
Imolé. Òsòróngà representa
o principio feminino, secreto, dentro da sociedade Ìyáàmi-Agba. Òshún além
de ser a esposa de Ifá, é
também o principio feminino, revelado, na sociedade Orisa. Òyá além de ser
a esposa de Sango, é
também o principio feminino, secreto, dentro da sociedade Egungun. Obà
representa o principio
feminino, secreto, dentro da sociedade Èlèèkò. De forma que âmbas são
consideradas com o elemento
responsável por todo o poder feminino criador, liderando o ashé que
movimenta a coletividade das
ÌYÁÀMI, as grandes mães ancestrais, que tudo criam, transformam e se
transmuta, desde do
―princípio dos temposǁ na formação de todo nosso universo.
A sociedade GÈLÈDÈ, que já existiu no Brasil, é um ritual de mulheres que
vestem panos
coloridos - diferentes panos, mostrando as diferentes procedências. São as
diferentes raízes que as
pessoas podem ter na maternidade. A máscara ÈFÉ-GÈLÈDÈ que cobre a
cabeça da mulher vai
representar o mistério, o maravilhoso, na cultura negra. O uso da máscara
significa o símbolo de outro
espaço, um espaço vivo, um espaço invisível que não se conhece, mas se
sente!
Gèlèdè foi a primeira sociedade africana constituída no Brasil, nela sua
ultima suprema
sacerdotisa foi Omóníké Ìyálóde-Erelú que recebeu mais tarde o nome
católico Maria Julia Figueiredo,
uma das Ìyálàshè do Ilè Ìyá-Nàsó. Mas, com a sua morte cessaram-se as
festividades, que eram
realizadas no bairro da Boa Viagem.
No Brasil, o propósito da sociedade GÈLÈDÈ ainda era propiciar e manter os
poderes míticos das
mulheres, cuja boa vontade devia ser cultivada porque sempre será essencial
para a continuidade da
vida e de qualquer sociedade. Pois, sem o poder feminino, sem o princípio da
criação, não brotam
plantas, os animais não se reproduzem, a humanidade não tem continuidade
etc. Portanto, é o princípio
feminino quem cria e preserva o mundo. Sem a mulher não existiria vida,
sem a mulher nada existiria
no universo. A mulher sempre foi e sempre será, merecidamente, um ser
digno de reverencia e
respeitado, tanto pelos Irunmolé como pela humanidade.
As GÈLÈDÈ, máscaras, se tornam uma metáfora, sendo uma linguagem para
a Mãe Natureza.
Já o GÈLÈ (turbante) é um símbolo das Ìyáàmi comparado com as GÈLÈDÈ
(mascara) usadas sobre
as roupas dos Egungun. O Gele personifica o caminho do Útero, pois ele
carrega as crianças e as
protege. Através das Ìyáàmi (mães ancestrais), a arte das máscaras é usada
para aglutinar as pessoas
que se relacionam como filhos de uma mesma mãe, fazendo com que o
espírito se manifeste através
das Máscaras, seguindo, protegendo e alimentando o espírito humano.
Ambos, tanto o Gele como as
Gèlèdè, além de suas profundas representações, ainda evoca o não uso da
violência nas questões
diárias da comunidade. Pelo fato do conceito da mulher, mãe, está presente
em todos os lugares. De tal
forma, que as máscaras têm grande importância seja na vida religiosa, social
e política da comunidade
Yorubana, sempre mostrando as diferentes categorias da mulher, e as mais
comuns são:
- Mulher secreta - ligada ao divino, serve como passagem e receptáculo do
sagrado no mundo dos
vivos, por gerar frutos. Como todas as referências que se faz à Òdu e Ògbòni.
- Mulher símbolo político – A mulher pública que não usa violência para
resolver as suas questões,
aglutinando as pessoas e prosperidade a sua volta, vivendo o cotidiano. Como
todas as referências que
se faz à Òshún.
- Mulher sagrada – Digna - o símbolo de todos os tempos, pois está virada
para o futuro, sempre
vulnerável e frágil, mas é aquela que abre o céu (Òrun) e deixa lugar para a
mudança, o futuro, e para
a transformação. Como todas as referências que se faz à Òyá.
Assim, a sexualidade da mulher negra faz parte da sua essência de princípio
feminino, sendo muitos os
mitos que representam a função e o papel da mulher, vista como útero
fecundado, cabaça que contem
ou é contida, responsável pela continuidade da espécie e pela sobrevivência
da comunidade. Portanto,
não se encontra pecado neste tipo de sexualidade.
Através das ÌYÁ, mães, as comunidades se constituem num verdadeiro
sistema de alianças. Desde a
simples condição de irmão comunitário até a mais complexa organização
hierárquica, há o
estabelecimento de um parentesco comunitário, como uma recriação das
linhagens e da família
extensiva Yorubana. Os laços de sangue são substituídos pelos laços de
participação na comunidade,
de acordo com a antiguidade, através dos compromissos e linhagem
iniciática. Assim, todos estão
unidos por laços de iniciação às divindades cultuadas, aos demais iniciados,
às autoridades, aos
antepassados e aos ancestrais da comunidade.
Através dos ritos se tem todo um sentido de manifestação feminina, no grupo
de mulheres, quando
elas dançam e giram, se integram com o cosmos, mostrando dedicação e
empenho numa forma bem
peculiar de confraternização à Deus, obtendo a plena consciência que somos
elementos dinâmicos,
através do movimento formado por uma roda/círculo - já que as mulheres são
os principais elementos
que sempre dançam formando um grande círculo - representando o altar da
criação, o altar da vida, já
que a terra está em movimento, o universo está em movimento e só se
conseguirá estar em sintonia
com o universo através do movimento.
GÈLÈDÈ é originalmente uma forma de sociedade secreta feminina de
caráter religioso, existente nas
sociedades tradicionais Yorubás, que expressam o poder feminino sobre a
fertilidade da terra, a
procriação e o bem estar da comunidade.
O culto Gèlèdè visa apaziguar e reverenciar as Mães Ancestrais, a fim de
assegurar o equilíbrio na
família, na comunidade, na cidade, no país ou no mundo. Quanto, as
principais representações do
culto, um Itòn do Odú Òséyèkú também nos falam que Obàtálá e Òdu-
logbojé são integrados, como se
fosse uma única coisa, por isso em qualquer tipo de culto à Obàtálá, as
Ìyáàmi participam de tudo de
forma direta e inerente. Significando que "tudo aquilo que o homem vier a
conseguir na terra, será
somente através das mãos das mulheresǁ. Este é o principal conceito no culto
tradicional à Obàtálá,
por sua relação direta com Òdù, como retrata o Ìtòn Òsá-méjì (o mito da
roupa de Éégún).
ÈFÉ-GÈLÈDÉ
Quanto ao culto Èfé-Gèlèdè, os homens participam até nas chamadas
"incorporações"- Dàpò-sòkan -
assim uma das principais diferenças está nas próprias danças rituais, quando
eles se apresentam com
movimentos "femininos" expressam delicadeza, suavidade e nobreza, quando
eles se apresentam com
movimentos "masculinos" expressam firmeza e agressividade. Assim, cabe
aos Òshò de Òòsààlà' tal
função. Mas quando se trata da essência filosófica na relação de Obàtálá
(símbolo da ancestralidade
masculina) com as Ìyáàmi ( símbolo da ancestralidade feminina), expressam
uma relação perfeita,
como relata o Odu Òsé-òyèkú, simultaneamente na relação de ambos com
Ikú.
65
Os nomes próprios das 09 principais Gèlèdè em sua ordem de entrada numa
praça do
mercado, retrata que culto é na verdade todos ajustes refletidos na cabaça de
Òdu, que é
despertada (Òséyèkú) e as homenagens são realizadas ao ar livre, como nos
ensina o antigo
culto à Olòrun. Abaixo consta a ordem exata de chegada das Gèlèdè numa
cerimônia:
1º Akò –
2ª Baká -
3ª Mundiá
4ª Tetedè
5ª Okunriu
6ª Onilu
7ª Isa-orò
8ª Alopajanja-eledè
9ª Woogbáwoobaarsan
OGBE-YÒNÚ – 2º VERSO
*O caráter do Ser humano*
O que fizeres a mim, também fareis a ti.
A árvore dos campos leva uma coroa na cabeça. (a copa)
O algodão não é um fardo pesado, mas é compacto.
Ifá foi consultado para as pessoas que vieram à terra.
Ifá foi consultado para as Èlèyé que vieram à terra.
Quando as Èlèyé chegaram à terra, elas diziam que não lutarão com os filhos
de Ifá.
Elas disseram; isso se eles não lutarem com vós, Ifá
Elas disseram; isso se eles não quebrarem os seus tabus, Orunmila.
Elas disseram; eles não devem colher os quiabos de Ejio,
Elas disseram, eles não devem arrancar a folha Òsùn de Aloran,
Elas disseram, eles não devem contorcer o corpo no pátio dos fundos, a casa
de Mosion'to.
Elas disseram; que se eles colhessem os quiabos de Ejio, elas lutariam com
todos eles.
O que são os quiabos de Ejio?
Os filhos dos homens não conhecem os quiabos de Ejio.
Quando os filhos dos homens partirem, e se partirem, poderá chegar
caminhando em um lugar onde
colherão uma folha comum.
Poderão ir a um lugar onde não colherão folhas, onde ficarão sem fazer nada.
(morrer)
As Èlèyé disseram; ah! Eles colheram os quiabos de Ejio?
Os quiabos de Ejio que dissemos que não era para colher, eles colheram.
Ah! Os filhos dos homens suplicam piedade.
Mas, se elas disserem à alguém que não se devia colher os quiabos de Ejio,
se a pessoa não fizer numerosas oferendas,
se a pessoa não realizar numerosos sacrifícios,
se a pessoa não tiver muitas coisas com as quais dirigir-lhes súplicas, assim
como fez Òrúnmìlà.
Elas dizem que não perdoarão,
se alguém não tiver coisas com as quais suplicar, elas o matarão.
Amaldiçoadamente, mal a pessoa coloque a suas mãos em alguma coisa,
rapidamente a Èlèyé dirão
que são os quiabos de Ejio. (impedem a prosperidade)
Elas o acusarão de ter colhido os quiabos de Ejio.
Òrúmìlà implorará por seus filhos, Babalawos.
Òrúnmìlà suplicará por seus filhos, Babalawos.
Òrúnmìlà suplicará novamente por seus filhos, até que as Èlèyé o perdoem.
Aqueles de quem elas acusaram por arrancarem a folha Òsùn de Aloran,
imediatamente que eles fujam
para baixo da tutela, junto, de Òrúnmìlà.
Òrúnmìlà fará com que todos sejam perdoados.
Aqueles de quem elas acusaram de contorcerem o corpo no pátio dos fundos,
a casa de Mosio’nto.
Somente Òrúnmìlà, assim, fez com que as Èlèyé perdoassem os seus Òmò-
Ifá.
Então, as Èlèyé falarão, basta!
Se antes, Elas, disseram que estavam iradas, agora não estão mais.
No dia em que elas dizem que não estão mais zangadas com Òrúnmìlà, elas
permitem à Òrúnmìlà que
libertem de suas mãos todos os seus Òmò-Ifá.
Ìyáàmi, naturalmente, sempre se tornará encolerizada com a quebra dos
tabus, quebra dos juramentos,
com negligencia ou ingratidão.
Esses são os enigmas das Iyààmì.
OGBEYÒNÚ - 3º VERSO
*Como Òrúnmila acalma as Ìyáàmi*
A árvore dos campos leva uma coroa na cabeça.
O algodão não é um fardo pesado (mas é compacto).
Ifá é consultado para as pessoas que vieram à terra.
Ifá é consultado para as Èlèyé que vieram à terra.
Quando as Èlèyé chegaram à terra, Òrúnmìlà perguntou se elas seriam
capazes de poupá-lo?
Elas disseram que quando chegaram na terra, que quando vieram pela
primeira vez à terra,
Elas beberam de sete águas.
A água do rio Ògbèrè na cidade de Owu, foi onde possuíram água em
primeiro lugar.
Possuíram, em seguida, a água do rio Majomajo, na cidade de Apomu.
Possuíram, em seguida, a água do rio Oléyò, na cidade de Ibadan.
Do rio Iyewa, elas possuíram na cidade de Iketu.
Do rio Ogun, elas possuíram na cidade de Ibara.
Do rio Ibo, elas possuíram na cidade de Oyan.
Do rio Oséréré, elas possuíram na cidade de Ikirun.
Das sete águas, rios, vós bebestes quando viestes à terra!
Quando beberes dessas águas ao chegardes à terra, e estares com os filhos
dos homens, encontrais os
filhos dos homens, vós os poupareis?
Elas disseram que não os pouparás!
Então, os filhos dos homens correm para a casa de Eégún.
À casa de Eégún, foram em primeiro lugar, naquele dia.
Os filhos dos homens foram correndo encontrar Eégún.
Eles disseram, tu Eégún, protegei-nos contra a ira das Èlèyé, elas não querem
poupar-nos.
Eégún disse que não seria capaz de salvá-los.
Ele disse que não seria capaz de proteger os filhos dos homens, naquele dia.
Eles, então, deixam a casa de Eégun, quando deixam a casa de Èégun, foram
à casa de Òrìsàálà,
Foram à casa de Ògún.
Foram à casa de Obaluwaiye.
Foram à casa de Sòngó pedir que os protejam.
Todos eles disseram que não seriam capazes de apaziguar a cólera delas.
Quem irá nos salvar neste mundo?
Então, eles resolveram ir à casa de Òrúnmìlà, quando chegaram na casa de
Òrúnmìlà, disseram;
Òrúnmìlà, proteja-nos, porque as Èlèyé não querem nos poupar. Elas nos
matarão!
Eles suplicaram proteção. (iniciação)
Que elas sejam capazes de poupar-nos,
Que elas não sejam capazes de matar-nos e comer-nos.
Òrúnmìlà, naquele, dia disse que faria um pacto com eles, mediante Imulé,
juramento na terra.
Ele disse, somente se alguém o preparar (um Ebò como Òrúnmìlà fez
outrora), eles serão poupados.
Èsù vem dizer veementemente à Òrúnmìlà.
- Èsù diz que Òrúnmìlà prepare um Oberó – (panela de barro – um símbolo
feminino),
- que ele prepare folhas de Òyóyó – (folha que significa; fique contente
comigo)
- que ele prepare folhas de Ojúsàjú – (folha que significa; Seja bondosa e me
considere),
- que ele prepare folhas de Àánú – (folha que significa; Tenha piedade,
compaixão e misericórdia),
- que ele prepare folhas de Agogo-ògún – (folha que significa; Permita-me
com consentimento).
- que ele pegue e ofereça o Oyin (Mel).
- que ele pegue e ofereça o Efun – (pó da argila branca colhida no fundo dos
rios).
- que ele pegue e ofereça o Osun – (pó vermelho vegetal).
- que ele prepare uma pena de Ekodidè – (a pena que atrai felicidade por onde
for com ela),
- que ele prepare 7 Eyin-Adié (ovos brancos crus de galinha),
Òrúnmìlà preparou a oferenda dentro de casa e foi oferecer do lado de fora –
(em espaço sem limite).
Quando Òrúnmìlà executou a oferenda. Èsù diz; é isto!
Èsú é amigo fiel de Òrúnmìlà.
Assim como ele teve, na terra, um encontro com as Àjè, assim ele as
encontrou no além.
No dia em que elas beberam dessas sete águas,
Antes de tudo, no dia que elas começaram a beber, foi na presença de Èsù
(aquele que tudo sabe e vê).
No dia em que elas fizeram a grande reunião, foi na presença de Èsù.
Elas decidiram e disseram no momento em que chegaram; aquele que
decifrar o enigma que elas
apresentassem, elas o poupariam.
Aquele que quisesse ser poupado, mas se não soubesse o enigma, então, elas
não o poupariam.
Òrúnmìlà não conhecia esse enigma, mas quando Òrúnmìlà dá comida à Èsù,
o seu ventre se adoça.
(Èsù fica contente)
Èsù anda sem fazer barulho, sem que as pessoas o ouçam, então ele fala à
Òrúnmìlà.
Èsù diz que Òrúnmìlà tenha uma bola de algodão na mão. (símbolo da
densidade e conforto)
Ele diz que Òrúnmìlà tenha um ovo de galinha na mão. (símbolo da
fertilidade)
As Èlèyé dizem com muita insistência, que não estavam contentes com os
filhos dos homens, naquele
dia. (vivem iradas)
Elas dizem, todo o caminho pelo qual Òrúnmìlà andou, não é bom.
Elas dizem que não estavam contentes com pessoa alguma. (facilmente
sempre irada com todos).
Elas vão persistindo nesse assunto até chegar em Ogbè-Yónú. (após ter
passado por vários Odù).
Quando chegam nesta casa, as Èlèyé declaram a sua ira.
Os filhos dos homens também declaram o seu caso.
Os filhos dos homens são ―julgadosǁ culpados.
Quando os filhos dos homens são julgados culpados a despeito das oferendas
que Òrúnmìlà fez na
terra.
Òrúnmìlà é também julgado culpado, ou seja, Orunmila comprou a culpa
deles por realizar um
sacrifício de forma gratuita. Pois quem ajuda a qualquer pessoa culpada, com
problema, de forma
gratuita, acaba sendo conivente e será punido junto com a pessoa responsável
pelo problema.
A oferenda que Òrúnmìlà fez na terra, dizia para que elas ficassem contentes
com ele.
Èsù diz, o magnífico filho de Èlèyé (o grande pássaro Efè - o interprete nas
oferendas),
Èsù diz, deveis saber o tipo exato de indicação dada em cada item ofertado.
Èsù diz, o sacrifício que ―dessa formaǁ Õrúnmìlà entrega na parte de fora,
Èsú aparece e diz;
examinai-o, um a um, e quando elas examinam, pegam a folha de Òyóyó.
Ah! Elas dizem! Òrúnmìlà diz com esta folha, Òyóyó, que vós deveis ficar
contentes com ele, que não
deveis lutar mais com ele.
Elas (as Èlèyé) afirmam; já que Òrúnmìlà tinha a folha de òyóyó naquele dia,
elas já estavam
contentes com ele, (e) que elas também estavam contentes com todos os
filhos dos homens.
Elas vêem em seguida a folha Ojúsàjú.
Èsù diz, compreendeis aquilo que esta folha vos diz?
Ojusaaju diz que vós deveis ter toda a bondade e consideração, de forma que
ele verá a sua bondade se
manifestar.
Elas perguntam; e que folha é esta?
Elas tornam a perguntar; qual é a terceira folha?
Èsù responde; que é a folha Àánú.
Àánu significa; Tenhas piedade de Mim! (Sàánumi)
Então, elas disseram que teriam Piedade de Òrúnmìlà.
Elas perguntam o que significa a folha Agogo-Ògún?
Èsù diz; vós sabeis! Agogo-Ògún significa; Seja na casa, nos campos, detrás
dos muros da cidade, e
em todo lugar aonde me agradar ir; Que vós permita-me que tudo seja bom,
tudo aquilo que estiver na
minha mão, vós permitireis que seja bom.
Elas dizem; então, que Orumila peça tudo isso com a folha Agogo-Ògún.
Elas dizem; e por que este mel?
Elas dizem; como é que Orunmila conhece a principal coisa com a qual nos
prestam juramento?
Èsù diz; Òrúnmìlà é capaz de saber de todas as coisas através do Ifá.
Elas dizem; Sim! Então, o porque deste Efun?
Elas dizem; e este pó de Osùn?
Èsù explica; o Efun diz; que vós fiquem tranqüila, lhe deis o sucesso e
realização na vida
E o Osun significa; que vós chegueis com a fortuna em suas mãos.
Elas perguntam; o por quê da pena de Ekodidè, hein?
Èsù explica; quando vós, Èlèyé, chegardes ao além com a pena que fizestes o
sacrifício, vós a
colocareis na cabeça. Porque o Ekodidé diz; que vós deveis atrair felicidade
através desta pena
sagrada, em todos os lugares por onde alguém passar com esta pena na
cabeça, vós permitirá e
fornecerá proteção e felicidade pelo caminho.
Então, no tempo certo Èsù parou de falar.
As Èlèyé então disseram; Òrúnmìlà como tu acabaste de articular través das
descrições deste ebò,
agora, deixa-nos que falemos por nós.
As Èlèyé vêm e dizem; está bem Òrúnmìlà! Então, vamos apresentar um
enigma à você.
Elas perguntam; Quem será capaz de resolver o enigma que elas irão
apresentar?
Elas dizem; Se Orunmila for capaz de resolver o enigma que elas
perguntarem, a sua casa será boa, o
seu caminho será bom, os seus filhos não irão morrer, as suas mulheres não
irão morrer, tú também
não irá morrer, e todos os lugares para onde estender e colocar as suas mãos
se tornarão bons.
Mas se tu, Orunmila não desvendar este nosso enigma, nós não aceitaremos
as suas súplicas,
ficariam encolerizadas iradas o tempo todo.
Mas se você for capaz de dá a resposta, então diremos basta!
Òrúnmìlà diz; Assim está bem, que apresentem o enigma.
―Elas disseram; Jogar (jorrar)!
Òrúnmìlà pede para pensar (fazer uso da razão).
Isso acontece por sete vezes.
Na sétima vez elas pedem a resposta de Òrúnmìlà.
Elas dizem; Òrúnmìlà respondará?
Então, Orunmila diz; Pegar!
Disseram, elas, o que elas lhe enviam para ele pegar?
Diz ele: Ah! Vós enviais um ovo de galinha.
Dizem elas, e do que você dispõe para pegar (o ovo)?
Òrúnmìlà diz: Pegarei a cada 7 Ovos usando com a bucha de algodão. (um
ninho, o símbolo de
conforto).
Elas dizem a Òrúnmìlà que jogue este ovo de galinha para o ar. (fertilizar)
78
Elas dizem que ele o pegue sete vezes. (7 ovos)
Quando Òrúnmìlà o pegou por sete vezes, elas dizem; isso basta!
Elas dizem; assim está bem!
Elas dizem que ele e a humanidade, estão perdoados.
Elas dizem; vós Orumila e todos os filhos dos homens dancem!
Elas dizem; cantem!
Òrúnmìlà assim fez.
Então, Òrúnmìlà, ganhastes pessoas, ganhastes pessoas.
As Èlèyé vieram dizer-vos; ganhastes pessoas.
Foi a água de Ogbèrè em Owu, que as Èlèyè bebestes em primeiro lugar,
ganhastes, pessoas.
As Èlèyé dizem; ganhastes pessoas.
Bebestes em seguida a água de Majomajo em Aapoinu; ganhastes pessoas.
As Èlèyé dizem; ganhastes pessoas.
Em seguida bebestes a água de Òléyò em Ibadan, ganhastes pessoas.
As Èlèyé dizem; ganhastes pessoas.
Da água de Iyewa que bebestes em Iketu, ganhastes pessoas.
As Èlèyé dizem; ganhastes pessoas.
Da água de Ògún bebestes em ibara, ganhastes pessoas.
As Èlèyé dizem ganhastes pessoas.
Da água de Ibo que bebestes em Oyan, ganhastes pessoas.
As Èlèyé dizem; ganhastes pessoas.
Da água de Oséréré que bebestes em Ikirun, ganhastes pessoas.
As Èlèyé dizem; ganhastes pessoas.
A folha de òyóyó diz que vós estais contentes, vós ganhastes pessoas.
As filhas de Èlèyé dizem; vós ganhastes pessoas.
A folha de Òjúsàjú diz que vós a respeiteis, ganhastes pessoas.
As Èlèyé dizem; que vós ganhastes pessoas.
A folha de Àánú diz; que tereis piedade; vós ganhastes pessoas.
As Èlèyé dizem; que vós ganhastes pessoas.
A folha de Agogo-Ògún diz; que me enviais a felicidade, vós ganhastes
pessoas.
As Èlèyé dizem, vós ganhastes pessoas.
Se não lambermos o mel não ficará mais triste, vós ganhastes pessoas.
As Èlèyé dizem, vós ganhastes pessoas.
Quando Òrúnmìlà canta, Òrúnmìlà também dança.
Ele vem cantando com um Agogo-Ogun na mão. (um símbolo direcionador
de Ògún)
Os filhos dos homens vêm bater o sino Agogo.
Então, Òrúnmìlà acabou de dançar,
Elas dizem; isto está bem!
Elas dizem; se Orunmila desejar voltar para casa, ir ao campo, ir para fora no
mundo, todos os
caminhos por onde ele puser a sua mão (por ele onde passar), tudo serás
agradável.
Elas dizem; se ele desejar construir uma casa,
Elas dizem, se ele desejar dinheiro,
Elas dizem, se ele desejar permanecer muito tempo no mundo. (ter longa
vida)
Elas dizem, se ele desejar que elas o protejam,
Elas dizem se Òrúnmìlà cantar esse tipo de canção e dançar.
Elas dizem se uma pessoa cantar esse tipo de canção e dançar.
Elas dizem que aceitarão…
Elas dizem que ficarão contentes com esta pessoa,
Elas dizem, que tudo aquilo que Òrúnmìlà quiser pedir-lhes, no lugar onde
agradá-lo permanecer, quer
seja nos sete céus acima (em qualquer local superior), se ele cantar esta
espécie de canção elas
responderão favoravelmente.
Então, essas farão qualquer coisa que ele pedir para a sua felicidade.
Elas dizem que se ele permanecer nos sete céus abaixo (em qualquer local
inferior),
se alguém cantar esta canção, elas então farão qualquer coisa que for pedido
para felicidade.
Elas dizem que se ele permanecer nos quatro cantos do mundo,
Se ele permanecer na casa de Olókun (o mar),
Se ele permanecer no lado do mar,
Se ele permanecer no meio de duas lagoas,
Se ele permanecer em Iwanran no lugar onde o dia nasce (leste),
Se ele cantar esta canção, ele mesmo dará nomes as água que elas beberam,
Então, elas dizem que perdoarão.
Elas dizem que isso basta!
Elas dizem, o dinheiro que Òrúnmìlà não tem, Òrúnmìlà o terá.
Elas dizem, a mulher que Òrúnmìlà não têm, Òrúnmìlà a terá.
Ela dizem, a mulher que não deu à luz, ela dará à luz.
Elas dizem, a casa que Òrúnmìlà quer construir, Òrúnmìlà a construirá.
Elas dizem todas as coisas boas que Òrunmìlà ainda não viu, ele verá.
Elas dizem que Òrúnmìlà ficará velho.
Elas dizem que Òrúnmìlà ficará muito tempo no mundo, ele se tornará um
ancião.
Òrúnmìlà diz à todos os seus filhos do alto e de baixo (Òrún/Aiye),
Òrúnmìlà diz que todos precisam conhecer esta canção,
Òrúnmìlà diz que todos precisam conhecer esta história, para que sejam
capazes de contá-la.
De forma que toda pessoa à quem esta história for contada, as Èlèyé jamais
ousarão destruí-la.
É assim que Òrúnmìlà acalma a cólera de Ìyáàmi,
Exatamente através de Èsù, o exclusivo, interprete em todas as oferendas
ofertadas às Èlèyè, Ìyààmì.
Èsú é o mensageiro direto que entrega as Oferendas diretamente à
Olodunmare.
Èsè é o único que sabe como apaziguar a cólera das Èlèyé, por que tudo ele
assiste em pessoa.
OGBE-ÒSÀ
Ogbèsá sobe na árvore.
Ogbèsá sobe no topo.
Ifá foi consultado para todas as Èlèyé, quando elas vieram do além para a
terra.
Quando elas chegam na terra, elas dizem que querem ter uma residência.
Elas dizem; as sete residências são os seus sete pilares da terra.
Elas dizem que esses sete espaços são os lugares onde elas farão as suas
residências.
Antes de tudo, elas dizem que necessitam primeiro de uma residência.
Elas dizem que elas ficariam na árvore Iwó, aquela que chamamos de
Orógbó.
Elas dizem que quando elas saíssem do Igi-Òrógbó, elas ficarão no Igi-Arère.
Elas dizem, quando tiverem uma reunião no Igi-Arère, elas dizem que irão ao
Igi-Osè.
Elas dizem, quando deixaram o Igi-Osè, elas dizem que irão ao Igi-Ìrókò,
Elas dizem, quando elas deixaram o Igi-Ìrókò, elas dizem que irão ao Igi-Iyá.
Elas dizem, quando elas deixaram iyá, elas dizem que irão ao Igi-Àsùrìn,
Elas dizem, quando elas deixaram o Igi-Àsùrì, elas dizem que irão ao Igi-
Òbobò, o chefe de todas as
árvores dos campos.
Elas dizem, quando vós estais nas sete árvores,
Elas dizem, que trabalho fazeis em cada uma das árvores?
Dizei, se elas sobem no Igi-Iwó (Orogbo), se elas pensam em alguém para a
sua felicidade, subirdes
no Igi-Iwó, onde ficará muito tempo na terra, ele será justo (virtuoso) na
terra. - Orogbo é a arvore da
virtude e felicidade.
Dizei, aquele em pensareis quando subirdes no Igi-Arère, todas as coisas que
lhe agradarem derrotar,
vós derrotareis. - Arere é a árvore da derrota.
Dizei, se vós subirdes no Igi-Osè, todas as coisas que agradarem a pessoa,
vós concedereis.
Dizei, se subirdes no Igi-Ìrókò, e ali meditareis, sereis duros com alguém,
provocareis acidentes
brutais contra alguém, o agarrareis com violência. Iroko é a árvore da
destruição e domínio violento.
Dizei, se subirdes no Igi-Iyá, rapidamente levareis alguém para o além, o
matareis. - Igi-Iya é a árvore
da morte.
Dizei, se subirdes no Igi-Àsùrìn, todas as coisas que quiserdes fazer, fareis.
Na mesma, se quiserdes
trabalhar para a felicidade, trabalhareis para a felicidade, o bem. Na mesma,
se quiserdes trabalhar
para a infelicidade, trabalhareis para a infelicidade, o mal. Todo trabalho que
vós agradar fazer no
Àsùrìn, vós o realizará. - Asurin é a árvore do bem e do mal.
Dizei que se deixardes o Igi-Àsùrìn, ficareis no Igi-Òbòbò.
Dizei que se lutardes com alguém, se ele vier vós fazer súplicas, se estiverdes
no Igi-Òbòbò, vós os
perdoareis.
Dizei, se o Òbòbò, é o chefe de todas as árvores dos campos. Se ela é a
última árvore onde vós
realizais vossa reunião no mundo.
Dizei, a árvore Àsùrìn, ela é o vosso poderio.
Dizei, se subirdes no Igi-Àsùrìn, lá vós tereis o poderio.
Tudo o que quiseres fazer por alguém, como todo o bem que quiseres fazer a
alguém, dizei, se alguém
subir no Igi-Àsùrìn, vós não abandonares.
Dizei; em todas as outras árvores que vós chegais, mas é na árvore Àsùrìn
que fazeis de vossa casa
principal.
Quando fazeis de vossa casa o Igi-Àsùrìn, quando chegais lá, então cantais
como Òrúnmìlà cantou
naquele dia;
Igi-Àsùrìn gun Gbobo Èlèyé!
Igi gun Gbobo Èlèyé o!
(Todas as Èlèyé sobem no Igi-Àsùrìn)
(Todas as Èlèyé sobem na árvore) - repetir três vezes.
Assim ele cantou.
Quando assim cantou, quando ele quis deixá-la, se dissesses que irias até o
mar, assim ele ia até o mar,
se dissesses que irias até a lagoa, assim ele ia até a lagoa, rapidamente
chegava lá.
Se dissesses que irias em qualquer parte da terra, mesmo se dissesses que
irias ao além, rapidamente
ele chegavas lá, quando ficardes na árvore Àsùrìn.
A árvore àsùrìn é o lugar onde as Èlèyé obtêm todo o seu poderio.
Não é qualquer um que pode manter-se nesta árvore.
82
CONCEITO SOBRE o ODU ÒSÀ-MEJÌ
Aqui um trecho sobre Òsà-Mejì extraído do ―livro Igbaduǁ, Adilson
D’oxala, o qual
fala da trajetória de Òrúnmila quando ele conheceu os 16 Odu-Meji.
Então, Eshù disse; você Òrúnmila, deverás apresentar reverências a uma
poderosa feiticeira,
cujo nome é Òsà-Mejì. Ela vai ensinar-te o poder que a mulher possui e
exerce sobre o
homem e o porquê deste poder. Conhecerás seres portentosos que funcionam
na prática do
mal. Todas as forças caóticas denominadas Ajé, se curvarão diante de ti e te
oferecerão os seus
serviços maléficos que, caso aceites, farão de ti o ser mais poderoso e odiado
sobre a face da
Terra. Aprenderás a dominar o fogo e a utilizar o poder dos astros sobre o
que acontece no
mundo, principalmente a influência da Lua sobre os seres vivos. Cuida para
que estes
conhecimentos não te transformem num Bruxo maldito. E que fique bem
claro sobre o OdùÒsà que todas as suas 16 vertentes têm relações diretas com
Àjè.
ODÙ ÒSÀ-MEJI - 1º ITÒN
*Òdu torna-se Ìyáàmi - A Òrìgem de Èlèyé (forças Ajè).
Nos primórdios da criação, Olódùmarè, o Ser Supremo que vive no Òrun,
mandou quatro divindades
para o Àiyé (mundo): 1º - Ògún (senhor do Facão de ferro). 2º - Obàtálá-
Òòsàálà (senhor da criação
dos homens, um dos Õrìsà funfun, isto é, ―expansivoǁ, o Òrìsà que têm
como princípio o uso do
branco nos seus ritos e oferendas). 3ª – Òbálùwàiyé (o senhor da superfície
terrestre, aquele que dorme
e acorda sobre o pó avermelhado chamado Osun), e o 4º Orisa foi Òdu-
logboje (Ìyáàmi), a única
mulher entre eles. Todos eles tinham poderes, menos Òdu, menos Ìyáàmi,
que foi se queixar, com
Olódúnmarè, o qual lhe outorgou o poder do Pássaro, contido numa cabaça
(Igbá Èlèyé) e, ela se
tornou então, através do poder emanado direto de Olódùmarè, a primeira Iyá-
Gbogbo-Won (A mãe de
todos eles para eternidade). Mas, em seguida, pelo fato de Òdu ter exagerado
no uso do seu poder,
passou a ser chamada de Ìyáàmi-Àjé, a mãe das forças Àjè, e mais tarde
passou ser amais
respeitosamente Ìyáàmi na sociedade Òsòròngá.
Quando Olódùmarè preveniu Òdu que usasse o grande poder com cautela,
advertiu sob pena dele
mesmo repreendê-la.
"Olódùmarè diz qual é o seu poder?
Ele diz: você será chamada Mãe de todos para sempre.
Ele diz: é você quem dará a continuidade.
Então, Olódùmarè lhe entrega o poder.
Ele entrega o poder de Èlèyé para Òdu.
Ela recebe o pássaro (poder) de Olódùmarè.
Ela recebe então, o poder que utilizará dele.
Olódùmarè diz: mas, utilize com calma o poder que eu te dei.
Se você o utilizar com violência, o seu poder retornará à mim.
Aquela que recebeu o poder se chama Òdu.
O homem não poderá fazer nada sozinho, na ausência da mulher.
"Lati ìgbá náà ni Olódùmarè ti fun obirin l'à se"
(Desde aquela época, Olódùmarè outorgou o Poder à mulher)
Ela, Òdu, exercia todas as suas atividades secretamente, na época:
"Òdu mú Éégún jade. O mú Orò jáde Gbogbo nkan, kò si ohun ti ki se nigba
náà"
(Òdu conduz Eégún, Ela conduz Orò e todas as coisas, não havia nada que
ela não fizesse naquele tempo).
Mas, Òdu abusou do poder do pássaro.
Já preocupado e humilhado, Obàtálá-Òòsàlà foi consultar Ifá, e foi orientado
sobre a forma que
conseguiria apaziguar e vencer sua irmã Òdù, através de um sacrifício
constituído com alguns Ìgbín e
uma Àtòrì (vara), mas também que usasse de muita astúcia.
Então ele lhe ofertou e, ela descuidada, aceitou beber o soro e comer a carne
dos ìgbín.
"Òdu náà gba omi ìgbín, o mu ú nigbati Òdu mu omi ìgbín tán, inú Òdu
nròdie die"
(Òdu recebe a água de caracol para beber, quando Òdu bebeu, o ventre de
Òdu se adoçou, apaziguou-se)
A partir de então, Obàtálá-Òòsàlà e Òdu passaram a viver juntos.
Ele então revelou todos os seus segredos à Òdu, e após algum tempo ela
também lhe contou os seus
segredos, inclusive o maior deles, sobre o seu culto à Éégún.
Então, Òdu mostrou-lhe a roupa de Éégún, a qual tem corpo, mas falta-lhe
um rosto, disse ela.
Naquele momento, juntos eles cultuaram Éégún.
Aproveitando um dia, quando Òdu saiu de casa, Obatala modificou e vestiu a
roupa de Éégun,
constituindo-se em um Egúngún.
Ao pegar o bastão (Opa-Egungun), Obàtálá-Òòsàlà foi à cidade, onde falou
com todas as pessoas.
(o fato de Éégún carregar um bastão, isso revela toda a sua ira)
Quando Òdu viu Éégún, andando e falando, logo percebeu que foi Obàtálá-
Òòsàlà quem tornara isto
possível.
Então, Òdu reverenciou e prestou homenagem à Éégún, conformando-se com
a vitória dos homens e
aceitando para si a derrota pela empreitada de Obàtálá-Òòsàlà.
Ela mandou então o seu poderoso pássaro pousar sobre Éégún, e lhe outorgou
o poder pleno, dizendo:
Tudo o que Éégún disser acontecerá, tudo que Éégun quiser ele fará.
Òdu retirou-se para sempre do culto de Èégún, e partiu para constituir o culto
Gèlèdè, através das
mulheres, mas permitiu aos homens a função de dançar com as máscara e as
roupas.
Só Èlèyé, indicou o seu poder e marcou a relação entre Egúngún e Ìyáàmi.
" Gbogbo agbára ti Egúngún si nlò agbára Èlèyé ni."
(Todo o poder que Egúngún utilizara é sob o poder do pássaro)
Nota:
O conjunto homem+mulher (macho e fêmea) é que possibilita a continuidade
como Egùgùn
(ancestralidade), mas restringe aos homens comuns de cultuar Èlèyé, os
quais, todavia, prestam
homenagem às mulheres, castigadas por Olódúnmarè devido os exageros
cometidos por Òdù. Também
por esta razão, é que as mulheres falecidas são rigorosamente cultuadas de
forma coletiva, sob o
domínio de Ìyáàmi-Òsòròngá e, por outro lado, somente os homens falecidos
possuem o direito à
individualidade, através do culto de Egúngún.
ODÙ ÒSÀ-MEJI - 2º ITAN
*A cólera de Ìyáàmi em relação a Òshààlá*
Ele fica de pé por vós.
Ele fica de pé por vós.
Ele fica de pé por vós. - três vezes.
A má palavra, Ògbígbí, que eles batem com uma pedra.
A má comida, o morcego vomita pela boca, defeca pela boca.
Ifá é consultado para Òsàlá Òsèrèmàgbò, no dia em que vai buscar água no
rio das Èlèyé.
Ifá é consultado para as Èlèyé, no dia em que elas comerem mais o algodão
de Òrìsà.
Quando chegou o momento de Òrìsà plantar seu algodão, ele encontra as
Èlèyé que puxam esse
algodão e o comem.
Elas os previnem, dizendo-lhes que nunca mais puxem esse algodão e o
comam.
Elas nunca mais roubarão coisa alguma.
Quando elas chegam à terra, as mulheres nada recolheram junto a
Olódùmarè.
No inicio da terra (dos tempos), aonde vão elas para fazer todas as coisas, se
perguntam as mulheres,
qual é o poder que elas terão?
Olódùmarè diz, os homens tomaram todo o poder.
Não existe mais poder.
Quando elas chegam a terra, os homens enganam as mulheres, tratam-nas
sem seriedade, não lhes
dizem a verdade.
Elas vão até Olódùmarè, contar seus sofrimentos, nada foi partilhado com
elas.
Olódùmarè diz que lhes fará um favor.
Ele lhe dará o poder, que ficará acima do poder dos homens, de seu poder e
de sua medicina. Ele
coloca esse poder nelas, Ele coloca em suas mãos.
As Àjè o utilizarão de todos os modos.
Quando elas chegam à terra, não existia rios.
Todas elas que se tornaram rios, naquele tempo não eram rios.
Água do olho-d’água (buracos aonde vivem os caranguejos).
Água redonda como poço (escassez de água).
Naquele tempo todos utilizavam a água do poço.
Então as Ìyáàmi tinham um rio.
Elas o chamavam Olontoki, esta água jamais seca.
Elas tomavam conta dele.
Òrìsàálà se encontrava na (seguinte) situação: criava os homens com água
fresca.
Isso, porque criava os seres humanos.
Então Òrìsàalà começou a furtar águas delas.
Quando elas começam perceber que estavam roubando-lhes a água, elas
passaram a vigiar sua água.
Na época assim elas cercaram para encontrar Òrìsàálà.
Quando elas encontraram Òrìsàala.
Elas dizem, a ti saudamos Òrìsàala.
Òrìsàala diz; saudações.
Elas disseram; então és tu quem vem roubar nossa água todos os dias?!
Começaram a expulsar Òrìsàala já de longe.
Expulsam-no até a casa de Eégún.
Eégún diz, poupai-o, perdoe-o.
Elas responderam que são capazes de pegar Eégún também.
Elas dizem; todas as roupas (de Eégún) elas vão pegar para engolir.
Elas dizem; todo teu poder é o que iremos engolir.
Rapidamente Eégún empurra Òrìsàala para fora.
Òrìsàala foge, ele chega à casa de Ògún.
Ògún diz, poupem-no.
Elas dizem, teu dinheiro é o que iremos pegar e engolir Ògún.
Todos os teus instrumentos de ferro, tua Força Física iremos pegar e engolir,
todo o teu trabalho,
iremos pegar e engolir.
Ògún empurra rapidamente Òrìsàala para fora.
Òrìsàala foge.
Òrìsàala vai correndo até a casa de Ifá.
Elas dizem, tu Ifá?
Elas dizem; que são capazes de pegar todos os coquinhos de Ifá e comê-los,
Elas dizem; teus Opele elas vão pegar e comer.
Ifá diz; nada mal.
Ifá diz; para elas entrem em casa.
Então, Ifá Òrìenta à Òrìsàala trazer 16 pratos de Ekuru (feijão cozido).
Ifá oferece à elas.
Depois Ifá orienta Òrìsàálà à trazer diversas qualidades de sangue, sangue de
Ìgbin,sangue de Eja,
sangue de Eiyele, sangue de Adiyè, sangue de Eku-èmò, sangue de Ekutè,
sangue de Eku-Aika, sangue
de Njoro, sangue de Okete, sangue de Ewure, sangue de Aguton, sangue de
Aja etc.
Obatala reúne todos esses sangues, e ainda, oferece à elas o sangue de um
Touro.
Ele diz-lhes que bebam o sangue.
Ifá diz; Bem! Se as Ìyáàmi criam muito caso (ficam irritadas) quando bebem
água, então é sangue que
elas devem beber.
È sangue que lhes foi trazido e elas beberam.
Elas dizem; Já que Ifá nos fez tão boa recepção, então seremos capazes de
perdoar verdadeiramente
Òrìsàálà. Portanto, a partir de hoje, todas as coisas que quisermos, comer e
beber, deveremos pedir
tudo à Ifá, tudo que comeremos deverão vir através de Ifá.
Ifá então diz; se outra oferecesse, se alguém oferecesse, se outra pessoa
oferecesse todas as coisas que
vós recebeis, serão através das mãos de Ífá, através somente de um
Bàbálàwó.
Ele ainda diz; venham me pedir e meus filhos ofereceras à vós Ìyáàmi.
Então, Òrìsàálà-Òbàtáàlà, ficou aliviado e com seu coração calmo.
Òrìsàálà diz; tu Òrúnmìlà-Ifá, a sabedoria do Oráculo, muito obrigado por teu
favor.
O que posso dar-te assim rapidamente em gratidão?
Naquele dia, Òrìsàálà nada tinha na mão, se não o facão que trouxe até aqui,
em Òsá-Meji.
Òrìsàala pegou o facão.
Então, Obatala presenteia-o à Ifá.
É o facão que os Bàbáláwo o chamam de Àdáshà ou Àdárìshà.
Os Babalawo o utilizam junto de Ifá, o tempo inteiro, tal como o Ìróké.
Os Babalawo chamam a este facão de Àdáshà.
Òrúnmìlà começa a bater o punho do facão aos pés de Ifá,
Ele bate, seja sobre uma tabua ou diretamente na terra.
Assim, Òrúnmìlà ouve tudo aquilo que os seus filhos Babalawo dizem;
Ràda ti Òrìsàala, R’àdá ti Òrìsàala
Àdá ré owo mi, R’àdá ti Òrìsàala
―Este é o facão do grande Òrìsà, , este é o facão do grande Òrìsà”.
“O facão que está na minha mão, é o facão do grande Òrìsàǁ.
NOTA: Neste Itãn acima, Ifá ensina que todos os homens filhos de Obatala-
Orisa’nla possuem,
naturalmente, uma relação inerente e conflitante com as Àjè, contudo, esse
tipo peculiar de ligação, é
uma forma de reajuste estabelecido pela natureza, devido ao caráter dos filhos
de Òsaala,
principalmente, àqueles filhos teimosos, negligentes, susceptíveis a fúria,
brigões, preseperos, desleal,
infiéis, mentirosos, feiticeiros, fofoqueiros, manipuladores, indiscreto,
curioso, praguejadores,
faladores, escandalosos, implicantes, fofoqueiros, mentirosos, permissivos,
caprichosos, vaidosos,
soberbos, mesquinhos, avarentos, desonestos, corruptos, ladrões, curiosos e
intrometidos na vida
alheia, geralmente para esses progredirem na vida, só mesmo se colocado sob
a tutela de Ifá sob
iniciação e, ainda alinhando o seu eu ao passar por iniciação no culto de
Obatala. Pois, só mesmo
através de Ifá é eles podem conseguir, no máximo, apaziguar e aplacar os
ataques de Àjè. Portanto,
esse ataque tem o senso de Justiça e correção do caráter dos Òmò-Osaala.
ÒDÙ IRÈTÈ-ÒWÒNRÍN
Iretèwònrin, Iretè-Olota.
Tu me mostras o conteúdo de um grande saco.
Eu te mostro o conteúdo de um grande saco.
Tu tens! Eu tenho!
Owúyèwuyè o Bàbáláwo na casa de Òrúnmilà.
Ifá foi consulado por Òrúnmilà que procurava o segredo da cidade das Èlèyé.
Òrúnmilà diz que desta cidade das Èlèyé, onde ele vai, ele é capaz de
conhecer a sua base, o segredo.
É ele capaz de trazer dela todo o bem.
Ifá diz à Òrúnmìlà que antes faças uma oferenda.
Ifá diz à Òrúnmìlà que antes de ir ver o segredo que as Èlèyé tinham n
mundo, devia preparar uma
Awure com um saco branco, e dentro do mesmo devia oferecer uma cabeça
da serpente Oka, 04 ObiIfin, 04 Obi-pupà, pedaços de Efun, pó vermelho
(Osun), uma cabaça com bastante Epo, um pombo
branco.
Ifá disse que Òrúnmìlà deveia preparar tudo isso.
Quando Òrúnmìlà preparou, Èsù apareceu para pegar esse o saco de pano,
então ele o suspendeu como
compreendia o significado de cada item.
Òrúnmìlà diz; Ah!
Então Òrúnmìlà vai até a cidade de Otà.
Ao chegar no meio do mercado (mundo).
Mal Òrúnmìlà chegou, as Èlèyé dizem; ah! ah!
As Èlèyé dizem, chegou a nossa comida!
Alguém à quem queremos matar e comer chegou na cidade, entrou em nossa
casa.
Todas se alegraram.
Todas começaram a falar, falar, falar e falar.
Èsù é aquele que bloqueia o mal e o bem.
Èsú é aquele que faz todas as coisas.
Èsù se transforma rapidamente.
Então, Èsú se transformou em uma pessoa.
Ele vai e chama todas as Àjè que estão em Otà.
Ele diz; Ah! ah!
Ele diz que Òrúnmìlà tem um pássaro. (Èsù).
Ele diz que Orunmila é mais poderoso que todas as Àjè.
Ele as manda reunir todos os seus pássaros,
Èsú diz para que elas venham reunirem tos os pássaros delas, perto de
Orunmila na finalidade deles
receberem o poder junto a Òrúnmìlà.
Elas dizem; este homem tem um pássaro?
Èsù diz; Sim! Òrúnmìlà tem um pássaro, e é maior que todos os pássaros de
Otà.
Imediatamente, todas elas começam a juntar os seus pássaros.
Então, começaram a levá-los até Òrúnmìlà.
Assim, Òrúnmìlà ficou com todos os pássaros reunidos em torno dele.
Quando Òrúnmìlà já tinha todos em torno de si, Òrúnmìlà tranquilamente
procura sentar-se.
103
Assim que ele se senta, elas dizem que não querem tirar seu mau-olhado do
corpo de Òrúnmìlà.
Elas afirmam que lutarão contra Orunmila.
Elas dizem que já estão encolerizadas porque ele conhece o seu segredo,
poder, das Èlèyè.
Elas dizem, ele quer de alguma forma, avaliar, o segredo delas.
Elas dizem; se pegarem Òrúnmìlà, elas o matarão.
Orunmila vai chamar os seus Bàbáláwo.
Òrúnmìlà vai informar-se e vê Tèmáiyè.
Se o Bàbáláwo em sua própria casa não pode escutar Ifá, deverá consultar
fora de sua casa.
Ifá foi consultado por Òrúnmìlà no dia em que as Èlèyé diziam que o mataria.
Os Babalawos dizem; tu Òrúnmìlà és aquele a quem as Èlèyé querem matar,
As Èlèyé querem matar-te.
Ifá diz a Orunmila que faça outra oferenda.
Eles dizem à Òrúmìlà que, naquele dia, prepare Ekujebu, uma semente dura,
extraída de um fruto.
Eles dizem que tenha também um frango Òpìpì.
Eles dizem, também, que tenha um Èko.
Eles dizem, a Òrúnmìlà que tenha 07 búzios.
Então Òrúnmìlà agiliza tudo.
Quando Òrúnmìlà terminou de oferecer todas as coisas, ele chamou Èsù, e
juntos eles foram chamar as
Èlèyé. Quando chamaram as Èlèyé para que elas comam, elas chegam
dizendo que querem pegar
Òrúnmìlà, Elas vêm vigiar Òrúnmìlà até que, elas não vêem mais Òrúnmìlà
para pegá-lo.
Quando elas não o vêem mais para pegá-lo,
Elas dizem; como faremos para ver-te e pegar-te Orunmila?
Orunmila diz; Àjè não é forte, porque ela não pode comer Ekujebu, com este
alimento vós, de modo
algum, podeis me matar.
Oriunmila diz; o frango Òpìpì não tem asas para voar sobre a casa, as Àjè não
podem me matar.
Isto foi o que Òrúnmìlà fez naquele dia, para que as Àjè não fossem capazes
de matá-lo, quando
Òrúnmìlà foi a Òtà para ver o segredo delas.
Orunmila conheceu todos os segredos das Èlèyé e saiu de Ota a salvo.
ODÙ IRÈTÈGBE
Que tu pises no mato!
Que eu pise no mato!
Que pisemos no mato juntos.
Ifá foi consultado para Òduwa.
Ifá diz que Òdu veio do além para a terra
Então Ifá disse: tu Òduwa que está de partida, Olódùmarè lhe deu um pássaro
para ir à terra.
Aragamago foi o nome que o pássaro recebeu de Olódùmarè.
Aragamago é o nome do pássaro de Òduwa.
O pássaro diz; tu Òdu és a minha proprietária.
O pássaro diz; toda tarefa para a qual enviar-me, cumprirei.
O pássaro diz; ao lugar onde agradar-te me enviar, irei.
Seja para fazer o mal, seja para fazer o bem, irei.
O pássaro diz; todas as coisas que apreciar dizer para fazer, farei.
Então, Òdu trouxe esse pássaro para a terra.
Òdu diz que ninguém a poderia olhar (curiosos).
Òdu diz que não a olhem no seu apare (igbadu),
Se um inimigo de Òdu a olhar, ela lhe romperá os olhos, o deixará cego etc.
Com o poder deste pássaro ela romperá olhos.
Se um curioso quiser simplesmente espiar o que contém na cabaça deste
pássaro,
O pássaro Aragamago lhe romperá os olhos.
É assim que Òdu utiliza esse pássaro.
Òdu não gosta de curiosos,
Òdu não gosta de presepeiros,
Òdu não gosta de indiscretos,
Òdu não gosta de abelhudos,
Òdu não gosta dos indisciplinados,
Òdu não gosta dos desenfreados,
Òdu não gosta de desrespeito
Òdu não gosta de corruptos.
Ela utiliza este pássaro até chegar à casa de Òrúnmilá.
Òrúnmilà vai consultar os seus Bàbáláwo (Odù-Ifá).
Ifá diz; ―Se ensinarmos a inteligência a alguém, a sua inteligência será
inteligenteǁ. (sabedoria)
Ifá diz; ―Se ensinarmos a estupidez a alguém, a sua estupidez será estúpidaǁ.
(incapacidade)
Os Bàbáláwo da casa de Òrúnmilà consultam Ifá para saber o dia em que
Orunmila tomaria Òdu como
sua esposa.
Òrúnmilà é assim. Orumila tomou Òdu como sua esposa.
Os Bàbáláwo de Òrúnmilà dizem; heim!
Eles dizem; é Òdu que tu queres tomar como mulher!
Eles dizem; o poder está em suas mãos.
Eles dizem; para tu manter esse poder na sua mão, então, deverá executar
uma oferenda diretamente
no chão, por causa de toda a sua gente, os Babalawo.
Assim evitará que esse poder lhe mate e lhe coma,
Porque o poder dessa mulher é maior do que o poder de Òrúnmilà.
Eles dizem; tu Òrúnmilà que faça rapidamente uma oferenda diretamente
sobre o chão.
Eles dizem; as coisas que Òrúnmilà preparará sobre o chão serão estas:
Que tenha um Òkété (ratão).
Que tenha um Eku (rato do mato)
Que tenha um Eja-Okaragba
Que tenha um Afayafa (caracol)
Que tenha Epo.
Que tenha 800 Èyò.
Então, Òrúnmilà faz a oferenda.
Quando Òrúnmilà faz a oferenda, os Babalawo consultam Ifá para ele.
Òrúnmilà leva (a oferenda) para fora de sua casa.
Ao chegar, Òdu encontra a oferenda na rua.
Òdu diz; ah! O que está fazendo aqui esta oferenda no chão?
Èsù aparece e diz; ah, foi Òrúnmilà quem fez essa oferenda ao chão, porque
ele quer desposar a ti,
Òdu.
Então, Òdu diz; nada mau!
Todos aqueles que Òdu leva atrás dela são as coisas ruins, pesadas,
desagregadoras, coisas muito má.
Então, Òdu manda que todos eles comam da oferenda sobre o chão.
Òdu também deposita a sua cabaça no chão e abrindo-a diz ao pássaro,
Aragamago, para sair e comer
também.
Òdù manda o pássaro comer.
Em seguida, Òdu entra na casa de Òrúnmilà.
Quando Òdu entra, ela chama Òrúnmilà.
Ela diz; tu Òrúnmilà
Ele diz; tu Òdu, chegou!
Ele diz; Òdu, os seus poderes são numerosos,
Ela diz; mas eu não permitirei que nenhum dos meus poderes lhe combata
Orunmila.
Ela diz; Orunmila, eu não quero, jamais, brigar contigo.
Ela diz; mesmo que alguém peça a minha ajuda para lhe combater, não
combaterei,
Pois Òdu diz; meus poderes jamais farão Òrúnmilà sofrer.
E se alguém ousar fazer Òrúnmilà sofrer, ao solicitar o poder do pássaro, eu
em pessoa combaterei a
todos que tentar, se quer, perturbar Orumila.
Quando Òdu acabou de falar, Òrúnmilà disse; nada mau!
Então juntos, eles chegaram na terra.
Quando chegou o momento, Òdu diz; tu Òrúnmilà, aprende depressa a minha
proibição.
Ela diz; quero dizer-lhe qual é minha proibição. (condições)
Ela diz; que jamais aceitará qualquer outra mulher dele, olhe na face dela.
Ela diz; que nunca aceitará que mulher alguma olhe o interior do seu Apere
(cabaça).
Ela diz; que jamais aceitará que qualquer mulher entre em seu aposento
secreto.
Pois, qualquer mulher que ousar entrar no seu aposento para ver o seu rosto, a
mesma verá sua batalha
e a morte de farias formas.
Ela diz que ela não quer que nenhuma mulher olhe a sua face e nem mesmo
ouse entrar em seu
aposento secreto.
Òrúnmilà diz; sim, nada mal.
Então, Orunmila chama todas as suas esposas, e as previne sobre a mortal
proibição.
As mulheres de Òrúnmilà deverão olhar a face de Òdu.
Òdu diz a Òrúnmilà que a acompanhe.
Ela diz; vem comigo e farei de forma que seus fardos se tornem benfazejos.
Ela diz que irá consertar todas as coisas na vida de Orunmila.
106
Ela diz; tudo aquilo que Orunmila desejar estragar, ela não consertará jamais.
Ela diz; se Orunmila conhece e respeita a sua proibição, tudo aquilo que
pertence a Ele se tornará
completamente bom.
Então, qualquer pessoa que desejar estragar as coisas na vida de Orunmila,
Òdu diz; que não permitirá
que nada seja desagregado e estragado.
Se os homens Osho quiserem estragar qualquer coisa pertencente à Orunmila
e à seus filhos
Babalawo.
Òdu diz que não o deixará agir,
Então, o próprio Osho mesmo será arruinado completamente.
Òdu diz que nenhuma mulher Àjè será capaz de estragar qualquer coisa de
Òrúnmilà e de seus filhos
Babalawos.
Então, a própria mulher Àjè mesmo será arruinada completamente
Ela diz à Òrúnmilà que não brinque com ela, para que todas as suas coisas,
completamente, se tornarão
boas. Ela diz que não brigará jamais com Òrúnmilà.
Da mesma forma que não brigará com os seus filhos Babalawo.
Ela diz que Òrúnmilà sabe bem as tarefas que ele deseja mandar que ela faça.
Ela diz, se ele envia uma mensagem para fazer alguém sofrer sob justiça,
Se ele quiser enviá-la, ela entregará a mensagem sob o poder de seu pássaro,
Se alguém desejar fazer Òrúnmilà sofrer, ainda que somente beliscá-lo, Òdu
irá brigar e matar
qualquer pessoa que ouse...
Òrúnmilà diz; hein! Nada mal.
Orunmila diz; tu Òdu, sei que tu és muito importante.
Tu és superior a todas as mulheres no mundo.
Assim, por meu respeito, jamais brincarei contigo.
A todos os meus filhos, Bàbáláwo, previno-os para que jamais ousem brincar
contigo, porque Òdu é o
verdadeiro poder do Bàbáláwo.
Se o Bàbáláwo possui Ifá, também possui Òdu.
O poder que então Òdu lhes dá diz que todas as suas mulheres, juntos dele,
não ousem olhar o rosto
Òdu, não podendo ter qualquer noção sobre os Ikin-Ifá.
Então, a partir desse dia, todos os Bàbáláwo, sem faltar nenhum que tenha Ifá
não há quem não tenha
Òdu.
Oruminla diz: todo Babalawo que não tiver Òdu não poderá consultar Ifá
pelos Ikin.
Orunmila diz; no dia em que o Babalawo tiver Òdu, 32 Ikin, nesse dia ele se
tornará alguém porque
Òdu jamais o abandonará ao sofrimento.
OYEKU-MEJI
Óh sim escute bem! Esta é Oyeku-Meji.
Ao vir dois Oyeku no Opon, não prossiga Idafá sem antes oferecer uma soma
em dinheiro (búzios) ou
objeto para ser comparado como dízimo.
Esta oferenda evitará que o mal paire sobre a cabeça do ofertante.
Tendo vivido até aqui, só prossiga depois de ter feito um bom oferecimento.
Para quem é, e o que deve ser sacrificado?
Basta olhar esta Onifá Oyeku-Mejì no Opon,
E quando um Babalawo vir esta figura, não se esqueça jamais de que se deve
cultuar Ìyáàmi.
Ifá diz; que deve sacrificar contra a quebra de tabu, para que a Morte lhe
deixe prosseguir na sua
incumbência.
Tolos! Tolos são aqueles que não sacrificam.
Uma vez tendo sacrificado, então, o bom resultado será imediato.
Porém, se não se esforçar em sacrificar, a morte virá contaminar.
A morte é quem arruina todas as coisas da vida, devido a quebrar de tabu.
Essa é a coisa que ameaça o mundo.
Portanto, quando vir Oyeku-Meji, evitem fazer coisas erradas, seja voluntária
ou involuntariamente,
até mesmo inconscientemente, do contrário não adiantará pedir desculpas,
porque Iku já se antecipou.
Ifá diz que devemos evitar fazer coisas erradas,
Ifá diz que devemos evitar quebrar os tabus, exagerar, praticar coisas ilícitas.
Então, devemos fazer um oferecimento agora?
Ifá diz; olhe para Oyeku-Meji e, quando vir Oyeku-Oyeku, não ignore que a
mulher uma deve dar
início no culto das Eleye.
OYEKU-KANRAN
Ìyáàmi Aje a mãe do pássaro imortal.
Ogboni a mãe dos mortais seculares.
Ìyáàmi Àjè e Ogboni, ambas vieram como irmãs ao mundo, ao mesmo
tempo.
Ogboni teve 10 filhos, enquanto Ìyáàmi teve apenas um Filho.
Um dia, Ogboni foi ao único Mercado disponível, chamado (Oja
Akibomekon-Akola).
O mercado ficava situado na fronteira entre o Òrún e a Aiye.
Os habitantes do Òrún comercializavam em comum.
Ogboni quando ia ao mercado ela pedia para Ìyáàmi-Aje cuidar de seus 10
Filhos, durante a sua
ausência.
Ìyáàmi tinha grande cuidado com os Filhos de Ogboni e nada acontecia a
qualquer um deles.
Então, até que um dia, foi a vez de Ìyáàmi-Ajé ir ao Mercado.
Quando Ìyáàmi foi ao Mercado ela pediu à sua Irmã Ogboni para que
cuidasse de seu único Filho, um
pássaro, durante a ausência dela.
Enquanto Ìyáàmi estava no mercado, os 10 Filhos de Ogboni ficaram
interessados em matar e comer o
Pássaro, o qual era o único filho de Ìyáàmi.
Ogboni falou para seus Filhos que se eles quisessem um pouco de Carne de
Pássaro, "eles jamais
deveriam tocar" no único filho de Ìyáàmi.
Um dia, enquanto a Ogboni estava no Bosque, em busca de alimentos, as 10
crianças pegaram o único
filho de Ìyáàmi e mataram, depois assaram pra comer.
Quando os filhos de Ogboni assaram e comeram o Filho de Ìyáàmi,
imediatamente o seu PODER
SOBRENATURAL lhe deu um sinal de que as coisas não estavam bem em
Casa.
Então, Ìyáàmi, imediatamente abandonou a viagem em direção ao Mercado e
retornou para Casa.
Ao chegar na sua casa descobriu que seu único Filho tinha sido abatido e
comido.
Ìyáàmi ficou, compreensivelmente furiosa, porque enquanto a sua irmã ficara
fora, Ela cuidava
atenciosamente dos 10 filhos de Ogboni.
Mas, quando foi a vez de ir comercializar, Ogboni não pode se quer cuidar do
único Filho de Ìyáàmi.
Então, Ìyáàmi, lamentou amargamente e decidiu deixar a cada de sua irmã
Ogboni.
Elas tinham um "Irmão" que com quem Elas vieram ao Mundo na Floresta.
Ele era do tipo que não gostava de ser perturbado por ninguém.
Ele era "IROKO", o dono de uma densa floresta.
Mas, quando "IROKO" ouviu ÌYÁÀMI chorando, imediatamente Ele a
convidou para dentro de sua
densa floresta, a fim de descobrir o que estava acontecendo, então Ìyáàmi
explicou como que os Filhos
de OGBÒNI mataram o seu único Filho, o pássaro, sem que Ogboni pudesse
interrompe-los.
IROKO a pacificou e ainda assegurou que os filhos de Ogboni (os Mortais)
não iriam mais se
alimentar facilmente no mundo.
Foi dês desse dia que Ìyáàmi com ajuda de "IROKO", começou apanhar os
filhos de Ogboni (Os
mortais), e ainda pegam um após outro, até os dias de hoje.
Nota: Aqui Ifá diz; que esta pessoa não deve despertar o ódio de "Ìyáàmi-
Aje" sem qualquer
entendimento. Assim, as Ajè estão perseguindo os passos da pessoa, a qual
não sabe o porquê da
perseguição na sua vida, fato que a torna uma vitima fácil das Àjè (Espíritos
sobrenaturais). Só é
possível se proteger da ira das Ìyáàmi através de Òrúnmila, de forma a
possibilitar obter o apoio dela.
E mais, esta pessoa deve evitar qualquer tipo de relação religiosa com amigos
e pessoas de sua
família (parentes), nem mesmo buscar abrigo na casa deles.
Òwònrín’sogbè
"Owonrin Sogbe, Ooro teere, é o awo da floresta profunda"
Ifá foi lançado para uma pessoa, no dia que ela estava rodeada de muitas
negatividades.
Ifá orienta a fazer ebo, com pombo preto, para as Ajé que estão no interior da
casa.
Ifá orienta a fazer ebo, com pombo branco, para as Ajé no quintal de casa.
Na finalidade de eliminar os espíritos malignos.
O Èbò: 02 Obero cheios de Epo, um pombo preto, um pombo branco. Dentro
de casa, espalhe
Iyerosun sobre o Opon e marque o Odu Owonrinshoge. Em seguida, faça as
evocações tradicionais e
necessárias. Depois das evocações tradicionais, espelhe o Iyerosun dentro dos
02 Obero cheios de
Epo. Então, após misturar o Epo com o Iyerosun, nos dois Oberó, entorne no
chão dentro de casa um
pouco do Epo de um Oberò. Em seguida, pegue o outro Oberò e leve-o para
fora, no exterior da casa,
no quintal, e deixe o Oberó ao lado do Epo derramado. Então, volte para
dentro de casa esacrifique o
pombo preto dentro do Obero e sobre o Epo que foi derramado no chão,
dizendo 3 vezes;
• Èlèyé epo re o! Èlèyé éjé re o!
E deposite o pombo preto dentro do mesmo Obero e deixe-o dentro de casa.
Em seguida, pegue o
pombo branco (vivo) e leve-o para o exterior da casa (no quintal), então
sacrifique o pombo branco da
mesma maneira, derramando o Èjè dentro do Obero e sobre o Epo no chão,
dizendo;
• Èlèyé epo re o! Èlèyé éjé re o!
Depois deposite o corpo do pombo branco dentro do mesmo Obero. Depois,
pegue os dois Oberó e
leve-os para o pé de uma árvore, próximo de um Orita. Ao depositar os
Oberó no chão deve dizer;
• Eu fiz ebo, com pombo preto, para Ajé que estão no interior da casa.
• Eu fiz ebo, com pombo branco, para Ajé que estão no quintal de casa.
• Que todos os Ajogun me deixem em paz!
OWONRINSOGBE – 2º Verso
Owonrin’sogbe é o pai.
Ifá é o pai de Opele.
Aramota é o pai de Shango; aquele que faísca;
A faísca do fogo queima brandamente toda a fazenda.
A intensidade do Sol queima o caminho ferozmente.
Ifa foi lançado para Òrúnmila, no dia que ele estava indo ao rio, a fim de
lavar-se para ter
prosperidade.
Vocês não sabem que esta cabeça é lavada por Òrúnmila?
Orunmila é quem purifica todos perfeitamente?
Èbò: Esmagar Ewe-Ifá em Água. Espalhar Iyerosun no Opon e marcar o Odu
Oworinsogbe e
consagrá-lo dizendo;
Owonrin’sogbe é o pai.
Ifá é o pai de Opele,
Aramota é o pai de Shango; aquele que faísca;
A faísca do fogo queima brandamente toda a fazenda.
A intensidade do Sol queima o caminho ferozmente.
Vocês não sabem que esta cabeça é lavada por Ifá?
É Orunmila é quem purifica todos perfeitamente?
Então, espalhe o Iyerosun já consagrado e misture com as folhas esmagadas,
em seguida sacrifique um
Igbin dentro da preparação. Depois lave a cabeça da pessoa, que em segiuida
deve vestir branco por 3
dias.
Nota: Aramota é outro nome que chamamos o Orisa Ajakuta, pai de Sango.
Ì R É T É M É J Ì – 2º Verso
*COMO ÌYÁÀMI CHEGA À TERRA DE ÒTÀ*
Tiramos (a água) na frente
Tiramos (a água) atrás.
Ifá é consultado por 201 pessoas que vieram do céu para a terra.
Ifá é consultado por 201proprietários de pássaros que vieram do céu para a
terra.
Quando essas 201 pessoas chegam,
Eles (os Bàbáláwo-Odù) dizem para preparar uma cabaça para cada uma
delas.
Foi em Òtà que elas chegaram pela primeira vez,
Elas nomeiam uma mulher Ìyálóde em Òtà
Aquela que quer receber (um pássaro) leva sua cabaça para junto dela.
Ela diz que quer receber seu pássaro.
Ele será colocado dentro.
Quando ela colocou o pássaro dentro,
A cabaça é coberta e lhes é entregue,
Elas tomam conta dela em sua casa.
Quando elas a arrumaram em sua casa,
Não é qualquer um que pode conhecer o lugar onde elas o puseram,
A menos que seja alguém que tenha uma cabaça.
Talvez esteja (em cima do) teto. (esconder no teto)
Elas a podem colocar ao lado da parede. (esconder na parede)
Elas podem cavar o chão para colocá-la ali. (esconder dentro do chão)
Elas são as únicas, a saber, o lugar onde a cabaça está guardada,
Quando ela lhes é entregue.
Quando elas lhes são entregues,
Cada uma leva seu Igba-Eye,
Vai colocá-la no lugar que ela viu
Quando elas querem enviar ẹlẹyẹ em uma missão,
Elas abrem a cabaça,
Esta ẹlẹyẹ voa para fora da cabaça,
Vai cumprir a missão aonde ela é enviada,
Talvez em lagos,
Talvez em Ibadan,
Talvez em Ilorìn,
Talvez em Sapele,
Talvez em Londres, talvez no país do rei.
Todos os quatro cantos do mundo são os lugares para onde elas a enviam.
Quando, desse modo, elas abriram a cabaça.
Este pássaro voa e vai cumprir sua missão.
Se elas dizem que é para matar alguém, eles matam.
Se elas dizem que é para levar os intestinos de alguém, eles levam.
Quando eles querem levar os intestinos, ficam à espreita de alguém.
Quando elas estão espreitando para rasgar seu ventre,
A pessoa não sabe que elas querem levar seus intestinos.
Se ela estiver grávida, eles retiram a gravidez de seu ventre.
Eles vão executar o trabalho de que estão encarregados.
Quando terminarem este trabalho,
Voltam novamente para esta cabaça.
Elas tornam a cobri-la.
Quando elas a cobriram,
Cuidam de colocá-la novamente em seu lugar.
Elas não lutam mais sozinhas,
A menos que queiram ir à sociedade delas.
No momento em que retorna este pássaro, assim ele fala com a sua
proprietária,
―o trabalho que me mandastes fazer, eu o fizǁ.
Se esta pessoa possui um remédio contra as Àjè
Ela é capaz de dizer, ―que aquela que vos enviou para me pegar, não me
pegueǁ.,
Tento pegar, pegar, pegar, mas não sou capaz de pegar.
Se me enviardes a pegar alguém (que não possua este remédio) eu o pego.
Aquela que possui um pássaro vai então para o meio da sociedade,
Ela diz então que
Ela enviou um mensageiro em missão,
Ela fez este trabalho contra ele,
Ela levou este trabalho para o meio da assembléia,
Porque ela não quer trabalhar sozinha.
Quando elas assim falaram,
Aquelas que ficam compartilham as coisas.
O sangue da pessoa que ela mandou (pegar)
Ela o leva para o meio da sociedade,
Todas as suas companheiras o querem tocar com sua boca.
Quando elas tomaram juntar este sangue, elas se separam.
Quando elas se separaram,
Chegou o dia seguinte, chegou a noite seguinte,
Elas enviam novamente o pássaro.
Elas não deixam dormir (sua vítima)
Este pássaro pode pegar um Irukere se passar por Osaala.
Este pássaro pode pegar um porrete e se passar por Esù.
Este pássaro pode pegar dois facões e se passar por Ògún.
Este pássaro pode se tornar uma alma do outro mundo, Egungun.
Este pássaro pode se tornar em qualquer Òrìsà.
Este pássaro pode ir apavorar aquele para o qual elas o enviaram.
Tal é a história destas Elẹyẹ!
É assim que elas são, é isso que elas fazem.
ÒSÉÓYÈKÚ
APERE-IGBÁDU
(A cabaça da Existência)
ÌROSÙN-ÌWÒRÌ
Houve um período em que o Homem espalhava a desarmonia no Mundo.
Naquela época a
população ainda era muito pequena e ninguém ainda havia migrado além da
lendária Ifé-òòye
(uma cidade). Durante aquele período de desarmonia o povo roubava, mentia,
estuprava,
assassinava e de tal modo que a perversidade e maledicência reinavam na
Terra. Orúnmìlà que
já vivia na Terra já havia tentado até se esgotarem todas as possibilidades de
encontrar uma
solução para a situação caótica, estava sendo pressionado pelos anciãos a
encontrar uma
solução rápida para o estado de anarquia que se encontrava o Mundo.
Òrúnmìlà, então, foi se consultar com Olódùmarè (Deus) por meio do
Oráculo do Ifá. E, na
consulta, o Odù que surgiu foi Ìrosùn-Ìwòrì trazendo a seguinte mensagem:
Há! Mo Hée Mó Lára (um nome muito longo)
Ordenou que Òrúnmìlà fosse ao Céu chamar o Molè Edàn. Òrúnmìlà foi ao
Céu convidar a
Dama Imolè Edàn (que era sua amiga íntima desde quando morava no Céu)
para ajudá-lo a
reparar os danos ―moraisǁ causados na Terra pelos humanos que já haviam
quebrado o Mundo
como se fosse uma cabaça.
Edàn aceitou o convite de Òrúnmìlà e veio com Ele a Terra para por freio as
atividades
pecaminosas do Homem.
Molè Edàn chegou a Terra e pediu para as pessoas fazer o sacrifício de: ratos,
pombos e
peixes, explicando que o sacrifício salvaria o povo Ifé-òòye.
As pessoas seguiram a orientação de Molè Edàn e em pouco tempo
começaram a prosperar
(antes não havia prosperidade em Ifé-òòye). Gratas, elas ofereceram calorosa
recepção para
Òrúnmìlà e Molè Edàn.
Feliz, sem qualquer perda de tempo, Molè Edàn imediatamente deu início a
sua missão:
— Ordenou que todas as pessoas jurassem que daquele dia em diante
voltariam a se
comportar com dignidade.
— Todos juraram manter a PAZ e a JUSTIÇA para que a harmonia voltasse a
Ifé-òòye.
— Molè Edàn estabeleceu esses princípios na Terra e para complementar a
sua boa palavra,
avisou: ―A pena aplicada ao faltoso será a mais grave (morte)ǁ.
Depois de uma longa estada na Terra Molè Edàn voltou para o Céu. Porém,
antes de partir,
deixou a autoridade de supervisão dessa Lei a cargo de uma Comunidade que
Ela mesma a
chamou de Ògbóni.
EJI-OGBE
ÒSÚN, A ESPOSA PREFERIDA DE ÒRÚNMILÀ
Um dia, o rei Olodunmare chamou Òrúnmilà e mais dois de seus discípulos,
Oju e Ikun. Os
três Babalawo foram rumo ao palácio consultar para Olodumare e Ejiogbe
apareceu. Oju,
como o mais novo, foi o primeiro a interpretar o Ifá para o rei: Ele disse que
foi por causa dos
filhos que Olodumare os convidou para consultar, afirmando que Ifá traria a
benção de uma
criança para o rei e que seria uma menina e, mais, que para a proteção da
menina, ela deveria
casar-se com um sacerdote de Ifá, sendo ele mesmo. Em seguida, Ikun foi o
segundo a
interpretar Ifá para o rei: Ele disse que Ifá previa a benção de uma criança
para o rei
Olodunmare e, que seria uma menina, mas que para sua própria sorte e
proteção, ela deveria
casar-se com ele, o próprio Ikun. O terceiro e último sacerdote, não mais ou
menos
importante, foi Òrúnmilà, o qual destacou todos os problemas para o rei
Olodunmare e disselhe que outra criança nasceria e que seria uma mulher,
mas ela deveria casar-se com um
sacerdote de Ifá, ele mesmo Òrúnmilà. Assim, o rei Olodunmare realizou
todas as três
oferendas necessárias, e foram aceitas. Tempos depois, a primeira criança
recebeu o nome de
Tewa e foi dada como esposa para o sacerdote Oju. Depois, nasceu a segunda
menina que
recebeu o nome de Oyin e foi dada como esposa à Ikun. Logo depois nasceu
a terceira criança
que recebeu o nome de Òshúnmilaya, em seguida foi dada como esposa à
Òrúnmilà, o grande
sacerdote de Ootu-Ifé.
Depois de certo tempo Òrúnmilà e seus discípulos partiram de Ile-Ifá, no
Òrún, e só
retornaram dezesseis anos depois.
Tewa separou de Oju.
Oyin separou de Ikun.
E também Òshúnmilaya se separou de Òrúnmilà, o mesmo ficou muito
aborrecido.
As três filhas retornaram à casa de Olodunmare, e o local se tornou
escandalosamente quente,
com as três juntas na mesma casa.
O tumulto chegou a tal ponto, que Olodunmre devolveu Tewa à Oju.
Devolveu Oyin para
Ikun. E também devolveu Òshúnmilaya para Òrúnmilà.
Olodunmare disse:
―Se alguém é belo, é comparada a Tewa, a esposa de Oju.
Se alguém é gordo, eles se referem como ―tão gorda como Oyinǁ, mulher de
Ikun.
Ninguém separa Tewa de Oju ou Oyin de Ikun.
Também é assim com Òshúnmilaya, impossível separá-la de Òrúnmilà.
De todas as esposas que Òrúnmilà, segundo a revelação do Ifá, só
Òshúnmilaya lhe deu
muitos filhos. Entre os nomes famosos da descendência de Òrúnmilà, temos
Amosún e
Dosúnmu. Odu Ifá também dá os nomes de vários outros filhos de
Òshúnmilaya, tais como:
Ako a jo l'ola. Agu-ala l'osu
Omo b'okun omo eni abe ide.
Omo eni o sedi bebere.
Ka fi Ileke si idi omo elomiram.
Omo eni lama eni jê etc.
Um cão tem honra;
Vênus é a honra da lua
Uma criança recusou as contas de Okun e, ao invés, recebeu cobre.
Uma criança tem as contas em suas nádegas.
Você não pode retirar as contas dele e colocar nas nádegas de outra criança.
Seu filho é seu filho etc. (Ejiogbe).
Você não pode retirar as contas dela e colocar nas nádegas de outras crianças.
Seu filho é seu filho etc. (Ejiogbe).
Nota: Òshún é mais conhecida como Òsúnmilaya ou Òshúnmilèyò, títulos
que lhe conferiu
como primeira e principal mulher de Òrúnmilà, mesmo tendo em conta que
Òrúnmilà teve
diversas outras mulheres. O nome Òshúnmilaya foi o mais famoso dentre
todas essas esposas.
Teve vários filhos dele e tiveram um feliz casamento.
OGUNDABOROGBE.
ÀJÊ-SHARIKI, A RICA ESPOSA DE ÒRÚNMILÁ
Na frente da casa
No quintal da casa
Ifá foi consultado para Òrúnmilà no dia em que ele receberia Àjé-Shariki
como esposa.
Òrúnmilà reuniu alguns de seus discípulos para que fizessem predições para
ele. Àjé-Sariki
era uma mulher importante, uma divindade da riqueza e ministra do
comércio. Àjé-Shariki era
extremamente rica e tinha muitos escravos. Entre seus escravos havia um de
nome Onipansan
Owere, ―aquele que- tem-um-chicote-pequeno” e outro com o nome de
Anamo-naye
―aquele-que-castiga-tanto-o-filho-como-a-mãeǁ. Por outro lado, Õrúnmilà
também tinha
um guarda-costas muito corajoso, um escravo chamado Odogbo, o qual era
um homem muito
forte, astuto, e ele tinha um porrete poderoso encantado com magias e usado
quando
guerreava. Àjé-Sariki como esposa, além de mulher, era responsável pela
limpeza semanal do
templo de Òrúnmilà, com o compromisso de limpar o chão, pintar o santuário
com as folhas
de índigo, preparando tudo para Orrunmila com seus discípulos fazerem
preces e depois
ofertar Obi à Ifá. Já como mulher de negócios, Àjé-Shariki podia fazer suas
próprias viagens
de negócios. Na Feira de Ojugbomekun, onde ela consumava vender seus
artigos, ela tinha
um escravo para carregar suas mercadorias. Chegou a um ponto que
aconteceu uma venda no
mercado. Foi uma época em que muitas pessoas compravam roupas nas mãos
de Àjé-Sariki e
ela ganhava muito dinheiro. Ela mal tinha tempo para seu trabalho semanal
em casa. Por seis
semanas ela não esteve em casa para ajudar seu marido com os trabalhos de
limpeza. E certa
vez Òrúnmilà disse-lhe que comprasse Obi e que desse um de seus escravos
para que ele
trouxesse o Obi para Òrúnmilà em casa, mas devido à multidão,
Àjé-Shariki estava ocupada vendendo e comprando e ela esqueceu. Mais
tarde, quando voltou
para casa, disse a Òrúnmilà que esquecera. Quando ela repetiu a mesma coisa
muitas vezes,
Òrúnmilà ficou tão aborrecido que chamou seu escravo Odogbo e mandou-o
ao mercado
punir Àjé-Shariki.
No dia imediatamente seguinte, Ajé-Shariki apareceu no mercado.
Costumava haver
sacerdotes no mercado, para aqueles que precisassem de serviços. Um deles
viu Àjé chegando
e fez a predição. Ele disse que Àjé-Shariki estava com problemas com o
marido e que a única
forma de se salvar era comprar Obi e o maior peixe seco, levá-los para casa e
oferecer ao
Oke-Ipori Ancestral, de seu marido. Também advertiu que ela não devia
voltar para casa pelo
mesmo caminho pelo qual costumava vir para o mercado. Odogbo estava
pronto para o
conflito com Àjé-Sariki na entrada da floresta. Depois de compras e vendar,
Àjé-Shariki
comprou os Obi e um grande Eja-Okaragba (peixe de Ifá) e usou a outra
estrada para ir para
casa. Ela foi para o altar de Òrúnmilà e colocou sua cabeça no chão.
Ajoelhou-se (Ijoko) e
pediu a Òrúnmilà para perdoá-la e deu o Obi para seu Oke-Ipori. Òrúnmilà
ficou surpreso e
perguntou ―Quem lhe disse para fazer isso?ǁ. Após persuadi-la, Òrúnmilà
concordou e a
perdoou. Odogbo estava no caminho para o mercado e esperou em vão por
Àjé-Shariki.
Quando Odogbo descobriu que Àjé-Sariki não ia passar por aquele caminho,
voltou para casa,
sedento, com muita fome e muito furioso. Seus olhos estavam vermelhos.
Quando Òrúnmilà o
viu, pediu-lhe que fizesse o favor de baixar o facão que ele havia empunhado.
Odogbo
recusou-se. Quando Odogbo não quis ouvir, Òrúnmilà se pôs a cantar:
Odogbo baixe seu facão
Odogbo baixe seu facão
Ajé-Sariki me deu obi e peixe.
Odogbo baixe seu facão.
Òrúnmilà teve que lhe dar óleo de palma para beber e Odogbo se acalmou.
Odogbo disse para
seu mestre: ―Nunca me envie à punir uma pessoa quando você sabe que vai
poupá-laǁ.
Òrúnmilà pediu-lhe que não ficasse zangado. Ajé-Sariki então prometeu
nunca mais fazer tais
coisas novamente.
A partir de então, é importante que todas as esposas de Babalawo ou Ìyánifá,
observem um
dia da semana em casa para oferecer Epo para Eshù, Obi e Peixe para
Òrúnmilà.
NOTAS:
Aje – Dinheiro, rica divindade feminina que controla mundo, um ministro das
finanças.
Odogbo – Guarda-costas de Òrúnmilà, um outro nome de Eshù.
Ogundaborogbe - Nome de Odù-Ifá, onde esta história se origina (Ogunda-
Ogbe).
Oke Ipori – O ―paiǁ de Õrúnmilà.
ÒSÈDI
ÒRÚNMILÁ E SUAS DUAS ESPOSAS
Òsèdí, a bela entre os Odu de Ifa
Ogungbere, a bela entre as serpentes
Ganancioso e ladrão são iguais
Prostituta e abiku são as mesmas coisas.
Essas foram as predições de Ifá para Òrúnmilà
Quando ele estava para casar-se com Afinju a simpática e bela filha de Alara
e também
com Obunradiradi a desprezível filha de Ijero.
Foi Òrúnmilà quem convidou o sacerdote acima nomeado para vir fazer
predições para ele. O
Odu que apareceu foi Òsèdí e ele disse para Òrúnmilà que Ifa tinha visto duas
esposas para
ele, mas que ele necessitava fazer um sacrifício de modo que ambas as
esposas pudessem ter
filhos. De fato, Òrúnmilà estava apaixonado por Afinju, outro nome de
Òshún. O sacerdote
jogou diretamente no Oke Ipori de Òrúnmilà para saber o resultado do
casamento, quando Ifá
previu a benção de uma segunda esposa. Então, Òrúnmilà realizou o
sacrifício necessário, e
Afinju tornou-se sua esposa. Ela além de ser bela era muito suave, limpa,
organizada e
dedicada, o que a fazia muito mais bela. Empenhadamente, cuidava muito
bem de Òrúnmilà;
preparava a comida e lhe servia na hora certa, cuidava de suas roupas, lavava
e mantinha sua
casa e o templo muito bem limpos. Tanto que Òrúnmilà estava muito feliz.
Depois de um
tempo, o rei de Ijero mandou uma mensagem à Òrúnmilà, notificando-o que a
sua filha,
Obunradiradi, lhe seria dada como esposa, em forma de reconhecimento por
tudo que ele já
havia feito pelo reino de Ijero. Ifá foi consultado e também confirmou o
evento. Então, eles
marcaram o dia do casamento, e Òrúnmilà esperou sua nova esposa, depois
de executar todos
os rituais necessários. Obunradiradi, a filha de Ajero, chegou para casar-se.
Mas como um
nome sempre descreve o real caráter de uma pessoa ou revela uma profunda
necessidade de
ajustes. Quanto ao nome de Obunradiradi já revelava o seu caráter de uma
mulher sórdida,
desorganizada e sem asseio, muito preguiçosa, ao passo que não se
empenhava em cuidar do
templo e de sua própria casa. Isto marcou uma grande diferença entre as duas
esposas de
Òrúnmilà. Afinju sempre estava mais próxima a Òrúnmilà, mas não tinha
filhos. Ao passo que
Obunradiradi começou a dar muitos filhos à Òrúnmilà.
À medida que o tempo passava, Afinju e Obunradiradi resolveram visitar
seus pais, aos quais
não viam já a bastante tempo. Após algumas pressões, Òrúnmilà concordou
em acompanhálas para visitar os sogros. A estrada que leva a Ijero à esquerda
e a estrada que leva a Alara à
direita. Quando chegaram o local onde as estradas se cruzaram, Òrúnmilà são
sabia qual
esposa seguir. De repente Òrúnmilà decidiu seguir Afinju, aquela que o
tratava
carinhosamente em se tratando de alimentação agradável e zelo. Porém, todas
as crianças
atrás de Obunradiradi se puseram a chorar e gritar: ―papai, papai, não vá,
papai não váǁ. Ao
ouvir o desespero de seus filhos, Òrúnmilà ficou tão confuso que se pôs a
rezar. Quando ele
recitou este Iyere:
As coisas são como são!
A prole de Agbonniregun!
Coro: Hin-in (sim)
Osedi, linda pelo Odù-Ifa
Coro: Hin-in (sim)
Ogungbere bela entre as cobras
Ganancioso e ladrão são todos iguais
Cor: Hin-in (sim)
Prostitutas e Abiku são iguais - (não ficam com ninguém)
A consulta ao Ifa foi feita para Òrúnmilà no dia que ele desejava casar com
Afinju,
a filha de Alara.
Coro: Hin-in (sim)
A sordidez não é boa, eu agradeço a todos vocês!
Coro: Hin-in (sim)
A sordidez não é boa!
Ifa vai seguindo, “aquela-que-tem-alimentos- e-cozinha-os-alimentos”.
Coro: Ifa vai seguindo, “aquela-que-tem-alimentos- e-cozinha-os-alimentos”.
A sordidez não é boa!
A preguiça não é boa!
A negligencia não é boa!
Ifa vai seguindo, “aquela-que-tem-alimentos- e-cozinha-os-alimentos”.
Foi nesse exato momento que Elegbara apareceu e falou para Òrúnmilà não
abandonar os seus
filhos por causa de comida. Èsù disse: ǁÕrúnmilà, neste momento você está
confuso!ǁ E,
assim, Òrúnmilà decidiu seguir Obunradiradi com seus filhos. Foi então que
Afinju começou
a reclamar. Ela disse: ǁÕrúnmilà, você agora esta me rejeitando porque ainda
não lhe dei
filhosǁ. E Afinju chorava, chorava muito. Tanto que Õrúnmilà ficou ainda
mais confuso; ele
não sabia o que fazer, e de novo recitou o Iyere:
As coisas são como são
A prole de Agbonniregun.
Coro: Hin-in (sim)
Osedii, linda pelo Odu Ifa
Coro: Hin-in (sim)
Ogungbere bela entre as cobras
Ganancioso e ladrão são todos iguais
Cor: Hin-in (sim) Prostitutas e abiku são o mesmo
A consulta à Ifa foi feita para Òrúnmilà, no dia que ele gostaria de casar com
Afinju, a
filha de Alara e Obunradiradi a filha de Ijero
Coro: Hin-in (sim)
Uma mulher sem filhos não é bom
Coro: Him-in (sim)
Uma mulher sem filhos não é bom, agradeço a todos...
Coro: Hin-in (sim)
Uma mulher sem filhos não e bom
Ifa segue mães de crianças
Coro: Hin-in (sim)
Juntos:
Uma mulher sem filhos não é bom
Ifa segue mães de crianças, E e e e.
Uma mulher sem filhos não é bom
Ifa segue mães de crianças, Òrúnmilà o o o
Elegbara e Òrúnmilà naquele momento estavam juntos. Èsù recomendou à
Òrúnmilà fazer
uma nova consulta para solucionar seus problemas, dizendo que se ele
estivesse naquela
posição ele procuraria Òrúnmilà para um aconselhamento espiritual.
Òrúnmilà agradeceu Èsù.
Depois que Elegbara partiu, Òrúnmilà e suas duas esposas decidiram voltar
para casa. Quando
Òrúnmilà e as duas esposas voltaram à Ile-Ifé (local de amor), ele consultou
Ifá e fez
predições para Afinju, a filha de Alara, em seguida Òrúnmilà fez todos os
trabalhos para que
Afinju também tivesse filhos, de forma que ela ficasse mais feliz. E
Obunradiradi também
aprendeu a lição, quando deixou de ser negligente e preguiçosa, passou a
cuidar do templo e
de sua casa para estar mais próxima de Òrúnmilà e assim passou a respeitar o
seu marido.
Todos encontraram a felicidade e tiveram uma maravilhosa relação. Ase ooo!
NOTAS:
Referência: Odù-Osedi
Afinju – outro nome de Òshún como referencia à uma pessoa asseada e linda
Agboniregun – algumas vezes se refere à Òrúnmilà, nome de um dos antigos
profetas.
Elegbara – também conhecido como Esu-Odara, responsável pelas entradas,
um fiscal do
Além
Iyere – poesia de Ifa.
Obun radi radi – pessoa sórdida, preguiçosa, negligente e desorganizada.
Ogungbere – nome de uma árvore.
Oke Ipori – Pai de Òrúnmilà, referência ao dedão do Pé, local de culto ao
Ancestral.
Osedi – o nome de um Odu-Ifá.
ÒDU, A ESPOSA
SECRETA DE ÒRÚNMILÁ
Òdúndùn tem folhas grossas.
Tètèbalaye pontiagudo tem um pé forte para caminhar.
Observe a orelha de uma lebre e veja uma folha de Òdúndùn, como são
iguais.
Ifá foi consultado para Òrúnmilà no dia em que ela estava para tomar Oro-
Modi-Modi como
esposa. Até que um dia, na semana de Ifá (Òsè), em que se faz limpeza e
reativa o Ashé,
Òrúnmilà e alguns de seus devotos estavam no templo, com a cerimônia de
Obi em
andamento. Surgiu que Òrúnmilà receberia um hóspede e que este hóspede
era uma mulher de
grande importância e força espiritual. Foi revelado também que Òrúnmilà
deveria ser
cuidadoso em entretê-la, e que deveria obedecer as instruções dela. Tão logo
terminaram com
a celebração semanal (Osè), a visita entrou na casa de Ifá. Òrúnmilà lhe deu
as boas-vindas,
acolhendo-a gentilmente. Aquela mulher ficou impressionada pela forma com
que Òrúnmilà a
recebia e prometeu auxiliar Òrúnmilà em todas as suas grandes tarefas por
toda existência
dele. Também quis casar com ele e ditou-lhe várias condições, entre essas
que, mesmo
estando casada com Òrúnmilà, ela deveria ter um quarto particular. Ninguém
poderia trazer
luz (fitilà) para ver seu rosto. Ninguém podia comer com ela. Também não
poderia sequer ver
a face das outras esposas de Òrúnmilà. E elas não poderiam ver sua face. A
mulher não era
bonita. Tinha marcas por todo rosto e corpo. No princípio, Òrúnmilà não
gostou da idéia de
esposá-la, mas quando se lembrou do que Ifá havia predito, concordou em se
casar com ela,
porque ela lhe traria ajuda no futuro. Por isto Òrúnmilà chamou e avisou às
outras esposas
(Apetebi e Ìyánifá) que elas não poderiam abrir a porta do quarto onde Oro-
Modi-Modi (Òdu)
estava vivendo, e ninguém deveria levar luz lá para dentro. Quando
preparassem sua comida,
deveriam deixá-la no chão, em frente ao quarto. Ele mesmo levaria a comida
para dentro. Um
dia, uma das mulheres de Õrúnmilà resolveu abrir a porta do quarto para ver
a ―estrangeiraǁ,
pois se perguntava como era possível ser proibido ver uma hóspede para
quem levava comida
todos os dias. Isso aconteceu uma noite em que Òrúnmilà não estava em casa.
Ela pegou uma
lâmpada (Fitilà) para olhar nos olhos de Oro-Modi-Modi (Òdu). A visitante
ficou furiosa
quando viu a luz. E lançou uma maldição sobre a mulher de Òrúnmilà, que
morreu
instantaneamente. Òrúnmilà estava intranqüilo e descobriu pelos sinais, que
alguma coisa
estava acontecendo em sua casa e descobriu o corpo de sua mulher no chão e
que Oro-ModiModi tinha desaparecido. Òrúnmilà cantou um Iyere para
chamá-la. Ele recitou:
Òdundun tem folha forte e grossa
Coro: Hin-in (sim).
Tètèbalaye pontiagudo tem um pé forte para caminhar.
Coro: Hin-in (sim).
Veja a orelha de uma lebre e veja uma folha de Òdundun como são a mesma
coisa
A adivinhação dói feita para Òrúnmilà.
Coro: Hin-in (sim).
No dia que recebeu Oro Modi Modi como esposa.
Coro: Hin-in (sim).
Oro-Modi-Modi.
Eu não me comprometi com você para matar minha esposa, E E E!!!
Oro-Modi-Modi.
Eu não me comprometi com você para matar minha esposa.
Então, Oro-Modi-Modi retrucou:
Òdundun tem folha forte
Coro: Hin-in (sim)
Tètè pontiagudo tem um pé forte para caminhar
Coro: Hin-in (sim)
Veja a orelha de uma lebre e veja uma folha de Òdúndùn como são a mesma
coisa.
Ifá foi consultado para você Òrúnmilà
No dia em que você gostaria de se casar comigo fazendo de Oro Modi Modi
sua esposa
Coro: Hin-in (sim)
Eu me comprometi com você para não botarem luz no meu rosto?
Òrúnmilà OOOO, EEEEI.
Òrúnmilà, eu me comprometi com você para que mulher alguma não olhasse
à minha face!!!
Então, ficou claro para Òrúnmilà que uma de suas esposas não respeitara a
proibição e
por isso morrera. Òdu, Oro-Modi-Modi, recusou-se a voltar a viver com
Òrúnmilà. Ela
preferiu seguir Orunmila como sombra para guia e protegê-lo, levando
soluções e luz na vida
de Òrúnmilà. Ela prometeu abençoá-lo e o avisou que quando um sacerdote
de Ifá estivesse
recebendo o Igbadu, Òdu, não deveria haver nenhuma mulher por perto, nem
mesmo luz, e
que toda a comida dedicada à Ela não deveria mais ser preparada por mãos de
mulheres e, que
todo sacerdote de Ifá que receber Òdu deveriam ser respeitados por serem
supremos e
poderosos. Eis o porquê que até hoje é proibido à qualquer mulher entrar nos
aposentos de
Ìyá-Òdu, nem se quer podem cozinhar para a grande Mãe Misteriosa.
Referência: Ofun-Meji
NOTAS:
Fitila – Lamparina consagrada, preparada com Epo, Pavio de Algodão e
outros itens. Com
finalidades especificas. Muito usada antigamente como magia.
Odù - Nome de referencia aos signos de Ifá, um sistema composto de 256
Odù e incontáveis
estórias relacionadas aos mesmos.
Òdu – Nome original da Mãe Secreta esposa de Ifá.
Oro-Modi-Modi – Outro nome de Òdu, também conhecida como Iyaami-
Òdu, aquela que os
sacerdotes de Ifá a veneram secretamente, sem a interferência/aproximação
de qualquer
mulher. Oro Modi Modi (conhecida como Òdu ou Olofin). Oro Modi Modi é
um nome muito
sagrado para todos os sacerdotes de Ifá. Ela é lembrada como a Mãe dos
sacerdotes de Ifá.
Iyami-Òdu ou Oro-Modi-Modi tornou-se Orisa, após ter se casado com
Òrúnmilà, antes era
Òsè-Ifá – Semana sagrada de Ifá, no primeiro dia se oferece principalmente
Obi e Omitutu.
Estando sujeito mediante determinação de Ifá, podendo levar sacrifícios de
pássaros, aves e
até quadrúpede, dependendo da necessidade e época.
MITO DA CRIAÇÃO
Olodumare, o todo em tudo. Toda exuberante natureza, O algo do nada, de
onde se criou o Universo
em 04 dias. Em cada dia criou 04 Odu pilares (Ogbe – Oyeku – Iwòrì e Odi),
sendo dois fêmeas e
dois machos), esses ainda se multiplicaram em 16 Odù principais, ou seja, 16
kàdárà (predestinações)
possíveis, que desdobrando-se entre si, perfazem o total de 256 até 4096 Odu.
Cada Odù aponta uma
direção, um ponto de partida e seu término. Assim, alterando e influenciando,
dia após dia, o principio
de tudo na vida. Os 16 Òdu principais correspondem aos 04 pontos de
adoração no Universo, que são
os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais.
2º ÒSÚN
Entre os Yorubanos, Òsún é o Òrìsà mais enigmático e um dos mais
cultuados sob
uma esfera de mistérios e considerações. Ifá é a única tradição capaz de
explicar
profundamente tudo sobre Òsún. Entre as suas mais fortes expressões, e as
mais consideráveis
estão atribuída à todos os eventos e características associadas às águas frescas
e potáveis do
rio, em seguida ao matrimonio e as virgens, logo depois Òsún aparece
intrinsecamente
associada a maternidade, ao nascimento e a honra. Osun é tão enigmática que
algumas de suas
características chegam a ser considerada de forma bem isolada e praticamente
incomum. No
conceito de Ifá Òsún é uma das mais importantes forças que chega a se
manifestar com vários
aspectos na natureza, mas o principal deles está ligado diretamente as águas
doces do Rio,
conseqüentemente a faz ligada ao amor incondicional, a reprodução das
espécies, ao Bronze e
ao mel. No conceito tradicional Yorubano, Òsún representa a luta pela vida e
sua
sobrevivência, a tal ponto de ser prestigiada como uma das formidáveis
características de
Deus, que se manifesta como o Espírito da Bondade, candura, pureza,
inocência e
generosidade sem igual, atributos estes, inteiramente associado ao curso
d'água que jorra na
nascente sem cessar e tranqüilamente.
Conta em vários Itan-Ifá que Òsún é primeira companheira fiel de Òrúnmìlà.
Poucos inda
sabem que a verdadeira origem de Òsún é no Odù Oyeku-Meji, mas o poder
de concepção
aparece em Ose-Meji, passando por vários outros Odù, e ainda evidenciando
variadas das suas
manifestações no Odù-Ejiogbe, Owonrin-Meji, Osa-Meji, Ika-Meji,
Oturupon-Meji, IreteMeji, Ofun-Meji, Oturuponyeku, Obarase etc. Dentre
todos os Òrìsà femininos, Òsún é a
única que pode ouvir a palavra de Ifá, o "Orô Òrúnmilá".
Ifá esclarece que uma das principais responsabilidades de Òsún é cuidar do
desenvolvimento
dos seres humanos a partir da fecundação, função esta que exerce com muita
dedicação,
acompanhando o desenvolvimento do embrião, passando pelo período fetal e
só entregando
aos cuidados do Òrìsà pessoal quando a criança já atingiu a capacidade de
consciência, ao
começar a reclamar atenção de alguma forma de seus pais.
Òsún se manifesta como o Òrìsà da Bondade e extrema generosidade, por
isso seu culto é
baseado principalmente na água fresca e, onde é utilizado amplamente o Oyin
(mel), Ogede
(banana), Odunkun (batata doce), Eyin (ovo) e tantos outros elementos que
caracterizam a
doçura, suavidade, maciez, frescor e placidez.
Òsún é o Òrìsà que contesta qualquer tipo de agressividade e má-conduta,
isso em todos os
sentidos e razões, até mesmo a pratica de bruxaria e feitiços como a fofoca,
mentira, inveja,
manipulação e aliciamento a qualquer efeito destrutivo. De tal forma que a
força de Òsún se
afasta e, então, a pessoa que era antes a sua protegida fica completamente a
mercê da
desagregação manifestada pela força Àjè.
O que poucos no Ocidente sabem, é que em alguns lugares da Nigéria Òsún é
chamada por
outros nomes bem excêntricos e até provocadores de grandes equívocos,
como na cidade de
Èdè, onde Òsún é chamada e cultuada com o nome Lògúnèdè. Nas cidades
que margeiam o
rio Otin, Òsún é chamada de Yeye-Òdè-Otin ou Odé-Dudu. Na cidade de
Ilobu é chamada e
cultuada com o nome Erinlé, ligada a terra extremamente úmida e fértil, onde
era considerada
uma mulher com força masculina que ajudava Orunmila a caçar Elefantes,
portanto Òsún era
cultuada pelas mulheres caçadoras, amazonas africanas.
Referente ao poder de encantamento de Osun, este é um atributo relacionado
ao poder de Àjè,
o qual fornece importante posição de reconhecimento no mesmo patamar que
Obàtálà, o pai
da criação. Òsún possui tanta Bondade, Amor fraternal e tanta ternura, que é
cultuada para
aplacar a dor, o pranto, o ódio, a vingança e o castigo. Por isso, Òsún é a
personificação do
amor maternal e senhora do poder genitor feminino, associada ao Sangue
menstrual,
simbolizado pelas penas vermelhas "Ekodidé" e pelo Búzio, o símbolo da
Vagina mítica. São
essas mesmas atribuições que lhe confere o poder de Ìyáàmi-Àjè, senhora do
Pássaro
Òsòròngá, um símbolo de poder feiticeiro, inerente à natureza feminina.
Muitos Odù-Ifá
possuem variedades de Itan que falam especificamente sobre Òsún,
destacando-se entre eles:
No Odu Ejiogbe – Onde Òsún livra a mulher bondosa das garras dos
inimigos.
No Odu Irosunká – Onde Òsún é nomeada como primeira Apetebí, ao casar-
se com
Òrúnmilá. Nesse mesmo Odu Òsún salva o mundo da destruição total.
No Odù Ikadi – Onde Òsún é envergonhada por seu próprio pai
(figurativamente). Um Odù
de destruição e imoralidades.
No Odu Oserosun – Onde Òsún protege e salva o Amor de união entre duas
pessoas.
No Odu Osetura – Onde Òsún obtém o reconhecimento de seus poderes
atribuídos a Àjè e, é
declarada chefe das Mães Ancestrais.
No Odu Ofunkanran – Onde Òsún salva a humanidade da extinção e da
morte.
Assim, Òsún é o doce da vida, a bondade de Deus materializada como
extrema benevolência.
Òsún ainda é considerada como a fêmea ideal, o protótipo da mulher perfeita,
em suas
próprias imperfeições. Mãe dos sacerdotes e senhora companheira, adversária
e maior amiga
que vence todos os seus inimigos com muita sabedoria. E mais, Òsún
representa
principalmente, em toda a sua complexidade, a maior e mais perfeita mulher
divina, a
completa obra na criação de Deus, a obra prima da natureza.
Òsún é tão singular que não pode ser comparada com qualquer outro Òrìsà.
Portanto, não
existem qualidades diferenciadas de Òsún, igualmente a qualquer outro Òrìsà.
Todo
verdadeiro conhecedor de Orisa sabe que o fato de dar qualidade aos Òrìsà é
a mais pura
vaidade e Égo que assola a maioria dos sacerdotes brasileiros. Ifá ensina que
Òrìsà possui
títulos, apenas na finalidade de serem reconhecidos por seus atributos, sejam
capacidades e
vulnerabilidades. Então, ao qualificá-lo ao ser plantado no Ori de pessoa se
torna uma
definição de pura vaidade, nada mais que isso. Tanto que Òsún é cultuada em
varias cidades
da Nigéria, as quais são banhadas pelo rio Osun, onde em cada cidade Osun
recebe o nome da
mesma Cidade que protege; as principais são: Osogbo, Opara, Iloba,
Makindé, Ijimu ou
Ijumu, Ibalu, Iloko, Édé, Ipetu, Pòpó, Ilesha e Iponda, nesta ultima o Rio
Òsún banha um
Bosque lamacento chamado Igboàlamò. Quanto na Nigéria os títulos de Osun
não são nada
mais que títulos, aqui no Brasil, esses títulos são equivocadamente encarados
como
qualificações que diferenciam a essência de Òsún. Isso ocorreu e ainda
ocorre, devido a pura
vaidade ou ignorância, de forma que conseqüentemente os filhos dos Orisa se
tornam viçados,
soberbos, fúteis e incapazes de acessar a plenitude de Òsún. Mas, todos
deviam saber que
Òsún é uma força única e sem possibilidade de subdividi-la. Pois na Nigeria a
forma que
Òsún é cultuada em uma cidade é cultuada igualmente em qualquer outra
cidade. Já
relacionado aos seus atributos sociais e divinos, Òsún ainda é reconhecida
originalmente com
nome Efan, depois Eninare, Oshumilaya, Osunleyo, Òsúndere, depois de ter
seu nome
abreviado para Òsún, recebeu outros nomes memoráveis como Iyebiru,
Iyemowo, Oloshere,
Olorere, Olomi-tutu, Aladê, Onibudo, Ologégé, Logunèdè (protetora da
cidade de Èdè),
Olore, Yeye, Mama, Odéotin, Alasorodo, Iyadotin, Erinlé, Olofidé,
Iyemoróró, Iyenalokun,
Iyabèbè etc.
O fato é que muito não sabem, que por trás do brilho do bronze polido, do
Ikodide, da água do
rio, do ovo com seu poder fértil peculiar a Òsún, do mel e do amor às
crianças, Òsún tem
muito mais fundamentos que muitos se quer imaginam. Mas, se as pessoas
preferem se limitar
137
sob as meras nomenclaturas de Òsún, que me desculpem..., mas deviam
buscar saber toda a
verdade sobre Òsún. Portanto, os membros do Asé Adimula não vivem nesse
engano. Ifá é um
culto de conhecimento que gera o reconhecimento.
Orê yeye o! Orê yeye o! Orê yeye o! Orê yeye o!
OYÀ = Iyasan
Individualmente, um Homem ou Mulher pode sim se tornar Sacerdote ou
Sacerdotisa de Oya,
como de qualquer outra Iyagba, mas jamais cabe ao homem ser um Elegun
que incorpore com
Oya. Pois, Oya se materializa no próprio vento, como Brisa mansa ou
tempestade furiosa, se
multando à Ciclones até Furacões. Por isso, Oya é considerada a força
feminina que resiste
diante de qualquer perigo e até mesmo a morte. Assim sendo, não há nada
que pare Oya, da
mesma forma que não há nada que amedronte as suas filhas, nem mesmo
Sàngó o
companheiro nas tempestades. Portanto, Oya é a representante de muitas
mulheres africanas,
referente a maneira de lidar com comércio, barganha comercial e fortuna. Por
isso as filhas de
Oya são as donas da Feira, um local livre e com muito movimento de
pessoas, bem como
qualquer tipo de trabalho autônomo que lhe permitam liberdade de
locomoção, onde se sintam
livres para ir e vir, como em qualquer tipo de Venda onde lhe exija
capacidade de
negociações. Pois é essa força natural de Oya quando contida e bem alinhada
em suas
cultuadoras, lhe favorece com a capacidade de atrair os seus inúmeros
clientes e acumular
dinheiro, se tornando muito prospera em qualquer negócio comercial,
distribuidor e
empresarial, desde que possa ter liberdade e autonomia. Essas mulheres são
chamadas de
Oloja ou Iyaloja (mãe dos negócios rentáveis). Possuidoras dos atributos de
Oya, as suas
filhas, são reconhecidas por sua grande dignidade, inteligência,
independência, gana de
vencer, intrepidez, graciosidade, educação, leveza, facilidade de dicção e
convencimento,
adicionando muita sensualidade e intensa paixão em tudo que se empenha.
Em termos essenciais, Oya é protetora da tradição e repartições ancestrais,
chamadas de
Egungun. Como Òrìsà, Oya é a força que impulsiona ao renascimento e
mudanças
inesperadas. Por isso, mitologicamente se diz; sem Oya, o filho de Sàngó não
entra numa
batalha.
Os ventos pesados e furiosos como os tornados, furacões, os ventos nas
chuvas torrenciais e
ciclones são associados e chamados de Oya, pois ela se materializa no
próprio vento.
As mulheres que nascem sob a regência de Oya, são conhecidas pela
clarividência,
habilidades psíquicas, agilidade de pensar e agir rápido, intuição e a
habilidade de se
comunicarem e verem os mortos.
IYEMONJA
Iyemonja é a ―senhora da vidaǁ, mas a sua maior e primordial função é
―presidir a
morteǁ, a fim de provocar o renascimento. Portanto, a força de Iyemonja é
muito venerada e
bem aproveitada, principalmente pelas mulheres maduras e dominadoras,
àquelas que detêm a
profunda consciência de todas as suas responsabilidades na vida e no seu dia
a dia.
Devido a sua intrínseca relação com Iku e Baba-Egun, Iyemonja é
considerada um remédio de
supressão, finalização, eliminação e extermínio, significando que é mais
cabível ser cultuada a
fim de eliminar doenças, infertilidade, miséria etc.
Mitologicamente Iyemonja é filha de Obàtálá e Iyemowo, considerada com a
divindade da
superfície do mar, dona dos corais (Egun/osso) e aquela que possui a
responsabilidade de
finalizar as transformações cronológicas e os Ritos de Passagem em tudo que
diz respeito às
Mulheres em fase de maturidade. Portanto, explica o motivo que Iyemonja
está associada a
Iku (morte) e por conseqüência aos Antepassados (Egùngùn), os quais têm
origem no Mar (a
grande casa de Eégún, o útero dos antepassados, de onde todos nós
originamos. A água do
mar é considerada como a água ancestral e, comparada ao liquido amniótico
existente no
útero. Deste modo, o titulo Iyemonja é mais ligado a Egùgùn e a Iku. Por isso
é ela quem
preside a Morte em todos os aspectos e finalidades. Tanto que Iyemanja é a
força
(imolé/Òrìsà) que vai à frente para indicar a Ikú – morte - a pessoa quem ele
deve levar na
hora certa. Assim, Iyemonja é a grande instituidora do culto e sociedade
Gèlèdè. Mas suas
filhas são terminantemente proibidas de entrarem na casa de Egùngùn,
usarem mascaras, e
algumas até mesmo são proibidas de entrar na água do Mar.
Iyemonja, como Òrìsà feminino, sua maior relação é com Iku (Morte),
condição revelada
através de vários títulos e um deles é o próprio nome ―Iyemonjaǁ,
significando; "Mãe dos
filhos Peixes".
Iyemonja é a manifestação do Criador nos rios que desembocam ou finalizam
nas águas
salgadas, considerando que o Mar é a casa de Iku, sendo o local que
comprova a relação de
Iyemonja com Eégún. Em outros termos, Iyemonja é mãe da reencarnação e
descendência
ocorrente entre o Céu e a Terra. Se manifestando como um Orisa de
característica anfíbia,
recebendo culto no rio e na terra, o que vem expressar a sua capacidade de
restituição, bem
como nas correntezas dos rios e nos movimentos das ondas do mar, se
caracterizando em um
Orisa turbulento e muito oscilante, que se move da direita à esquerda. Esta é a
sua principal
referencia relacionada com Iku e Eègùn (primordial poder masculino).
Na África, Iyemonja era cultuada pelos egbá, nação Yorubá da região de Ifé e
Ibadan, onde se
encontra o rio Iyemonja, mas o povo transferiu-se para a região de Abeokutá,
levando consigo
os objetos sagrados da deusa, e foram depositados no Rio Oogun (rio
venenoso), o qual, digase de passagem, não tem nada a ver com o Òrìsà da
guerra Ogun. Apesar de no Brasil
Iyemonjá ser cultuada nas águas salgadas, mas hoje muitos já reconhecem
que a origem do
seu culto é no rio, que corre para o mar. Inclusive, todas as suas saudações,
Òrìkís e cantigas
remetem a essa origem, quando Iyemonja é homenageada principalmente
pela saudação OdóIyà! Significando ―Mãe do Rioǁ. Enquanto a saudação
Erù-Iyà, faz uma alusão às ―Ondas e
Espumas acumuladas através do agito das águas ou formadas no encontro das
águas do rio
com as águas do Mar, sendo esse o principal local para se prestar culto à
Iyemonjá.
Na cultura Yoruba, Iyemoja é representada por uma mulher muito bonita de
cabelos
compridos comparados ao rio caudaloso, com seios volumosos que
expressam a sua
capacidade de amparar os desfavorecidos. Em termos maternais, Iyemonja é
considerada
como uma grande protetora, contudo muito séria e rigorosa; virtuosa, sábia,
suave e
efemeramente feroz, às vezes de raiva indomável; mulher astuta, feirante,
excelente
comerciante que provê o sustento para a sua casa de forma muito
independente. Com essas
mesmas características são as suas filhas, chamadas também de Iyaloja.
Iyemonja é o símbolo das sociedades africanas, que eram governadas por
mulheres. Parecida
com Iyàníyà, perdeu o seu poder na sociedade quando era matriarca, que
posteriormente foi
dominada pelo poder masculino. Conta um Itan que Iyemonja acabou
perdendo a hegemonia
do Mundo, por causa dos seus repetidos êxtases de raiva, a partir de então
coube a ela
somente o domínio do rio e a parte superficial dos Oceanos, como seus
únicos locais de
domínio.
Em termos rituais, para conseguir controlar o poder descomunal e até
destrutivo de Iyemonja,
é necessário ter um profundo conhecimento sobre o culto de Bàbá-Eégún e
sobre as
manifestações de Iku. Só assim se torna possível atrair o lado mais favorável
de Iyemonja.
Contudo as suas filhas apreciam o conforto, beleza, as coisas luxuosas,
suntuosas, desfrutar de
boa companhia, música e dança.
YÈBÀ
Iyéba é outro nome comum dado ao Espírito de uma MULHER falecida,
principalmente àqueles espíritos andantes pela Noite. O termo Iyéba se refere
propriamente ao
espírito daquelas mulheres que em vida eram cultas, influentes, prostitutas,
do lar, grandes
mães, guerreiras etc. Ou seja, todas as mulheres que em vida eram atuantes
em um meio
social, urbano, rural ou bosques (índias). Mas, devido a diáspora africana,
aqui no Brasil todos
esses espíritos ainda são denominados erradamente como ―Pombagiraǁ ou
"Cabocla", onde
fazem um tipo de correlação imaginaria só da Pombagira com o lado
feminino do Òrìsà Eshù.
AJOGUN
FORÇAS DESTRUTIVAS INIMIGAS DOS
SERES HUMANOS
Literalmente: Ajogun significa "forças que guerreiam contra a humanidade",
mas não
confundir com os guerreiros Éboras (Ibora). Os Ajogun’s possuem o poder de
perturbar,
obstruir, dificultar, destruir, fechar os caminhos dos homens, é um exército de
oponentes a
disposição de Èsù, que os usam a fim de ajuste equilíbrio sobre a terra.
Geralmente são muito
confiantes, arrogantes e perversos longe de serem cultuados, homenageados
ou evocados,
pois eles existem para segurar e trazer até mesmo o fracasso. São eles; Àrajè
(provocadores
de Perversidades e Feitiços), Ikú (provocador da Morte), Àrùn (provocador
de Doença), Òfò
(provocador de Perdas, Prejuízos, desaparecimentos), Égbà (provocador de
Paralisia,
Opressão, Pânico, Medo). Eles emitem aflições e dificuldades como; Òran
(Injustiça), Epe
(maldição = pragas), Ewon (escravidão- sujeição), Éjó (confusões), Omìmì
(terremoto) e
outras catástrofes. Ajogún não são Òrìsà ou Irunmale, tão pouco Imólé, mas
pertencem ao
Igbamálé (o Mundo), são considerados como os 200 "Imolé da esquerda".
Abaixo
encontraremos outros tipos de Ajoguns muito comum na vida dos seres
humanos. Vejamos...
Emerê = Erê são espíritos que provocam a morte das crianças são entidades
malignas. Estes
espíritos perversos vivem no bosque e são detidos só por Èşù-Ẹlẹgbára. Eles
se reúnem
durante a noite na Arvore de Ìrókò, por esta razão se oferece ao pé da Árvore
sacrifícios de
Animais específicos e Oferendas, a fim de apaziguar e deter esses Espíritos
maléficos. Essas
Forças são aquelas que causam muitas desgraças fazendo os seres humanos
sofrerem, com:
Morte de Crianças recém-nascidas ou de crianças que já nascem mortas
(àbíkú), nesse intento
eles provocam vários tipos de perturbações com pesadelos terríveis,
problemas com a
menstruação, pesadelos em que as mulheres são obrigadas a ter relações
sexuais com estes
seres sobrenaturais, Perda da riqueza, Dificuldades, Doenças. De acordo com
a tradição,
algumas pessoas possuem características em comum com estes espíritos,
muitas nem sabem,
outros até se manifestam com essas forças e desconhecem o que eles são na
verdade.
Elénìní se traduz como o espírito que se opõe ao espírito da consciência, Ori,
como
"resistência" ou "dificuldade". Em termos sobrenaturais, são considerados
como demônios
gerados no Eu interior de qualquer pessoa, a fim de impedir que o ser
humano alcance a sua
auto-realização, boa-sorte, sucesso ou cumprimento do dever apara com a sua
própria vida.
Estes "demônios psíquicos" são encarados como os maus hábitos
autodestrutivos
desenvolvidos através da sintonia negativa de Àjè ou Òshô, exteriorizados
através dos hábitos
obsessivos, neuroses, inseguranças, medos, desejos de vingança ou também
fúria e ódio,
necessitando de tratamentos espiritualistas para restabelecer o realinhamento
entre a
consciência e a essência da própria pessoa, a fim de ajudar a pessoa
desenvolver o seu amorpróprio ou autoconfiança, por exemplo. Estes muitos
"espíritos" tende a atacar o ser humano
deixando-o em uma condição desesperadora em seu égo, obstruindo o bom
senso, a sensatez,
a capacidade de boa percepção, coesão, ponderação, prejudicando até o
crescimento espiritual
e racional da pessoa, deteriorando toda sua possibilidade de viver em
harmonia social, com os
bons costumes, éticas e todas as coisas agradáveis.
Os chamados Èléèninì são aquelas pessoas destrutivas, fofoqueiras, curiosas,
invejosas,
interesseiras, maledicentes, complexadas inferiormente, impertinentes,
desagradáveis, maleducadas, inoportunas, gananciosas, avarentas,
mesquinhas, maliciosas, de caráter dúbio,
imprudentes etc.
Arayé - literalmente - são forças "elementares exorbitantes Õrìundos da
terraǁ, e não
criaturas humanas. São forças maliciosas e poderosas, o que significa que
eles possuem
determinação de prejudicar outras pessoas em seu ambiente. Por estas forças
sinistras
residirem no subsolo, são aplacadas e detidas através de Òbàlúwàiyé, Esù e
Ìyáàmi.
Alusi, Ebita, Olósi (Alósi) (Elési). Entre os Cubanos, os Mahin e Congos, são
nomes
atribuidos à uma Força Espiritual correspondente à idéia Cristã referente ao
DIABO. Isso se
deu sob influencias do catolicismo, considerando que Alusi é a representação
de um forte "Ser
espiritual "caídoǁ. Quando na verdade, entre os Yorubanos, Alusi foi ignorado
por se tratar de
representar o lado mais obscuro/tenebroso/sombrio de Olódùmarè (Deus),
como relata o Odu
Odirosun. Ifá ensina que aquilo que não conhecemos não podemos qualificá-
lo, citá-lo, nem
mesmo cultuá-lo. Porém, entre os Cubanos, Mahin e Congos, Alusi, é uma
entidade
―diabólicaǁ, que na verdade não existe, se não nas cabeças das pessoas
influenciadas pelo
catolicismo e cristianismo. Já para outros Alusi é uma entidade que está
perdida entre muitas
de culto completamente esquecido.
NOTA: Se por acaso Deus tivesse um equivalente contraposto e tão
tenebroso chamado Diabo, certamente ele já
estaria derrotado por seu tal inimigo impiedoso, principalmente se Deus for
encarado singularmente como um
ser superior bondoso pacificador etc. Na idéia dos seres humanos, em termos
estimáveis, um ser bondoso e
pacificador é considerado um ser fraco e facilmente derrotado por outro ser
mais forte e impiedoso. Então,
devemos considerar que o Grande Criador jamais criaria um ser à sua altura
como opositor. O que seria burrice!
Ele não seria Deus! Sensatamente, Òlòrún faria tal coisa e com que prazer?
A DUALIDADE DE ÀJÈ
No profundo conceito filosófico e espiritualista, Àjè seguramente não
pertence à categoria do
"mal" embora seja força acentuada freqüentemente desastrosa (caótica) e
inerente a própria
natureza, bem como em todas as mulheres. Enquanto, normalmente, a palavra
Àjè é traduzida
como "Bruxaǁ, ela aponta o verdadeiro sentido da natureza, a circunstância
que as mulheres
em base de habilidade concebem seus filhos, ou basicamente associada a
menstruação, magia,
feitiçaria, bruxaria e potencialmente as forças perigosas que são projetadas na
mente dos seres
humanos. Ao mesmo tempo, Àjè possui longa uma tradição na história
Yoruba, a qual ganha
uma discussão mais extensa e mais variada indubitavelmente associadas ao
comportamento
trágico da natureza humana e sobrenatural.
As forças Àjè são por natureza muito agressiva, irritada e assassina, um mal
necessário
existente na natureza, a fim de estabelecer o equilíbrio em todas as áreas e
sentidos. Elas
gostam de convir na forma animal selvagem, especialmente os pássaros, com
isto, tem o
próprio hábito de atacar no peito ou nos olhos de suas vítimas à noite, ainda
comer os
intestinos deles e escoar a vitalidade ou a fertilidade, fazendo a pessoa estéril
ou impotente.
O culto à Ìyáàmi é uma forma de homenagear e aplacar a "força das
mulheres", tão sagrada no culto
Ogboni, Ifá, Osoronga, Gèlèdè e Orisa.
Ere representativo de Iyalalé na África
Ògbòni, a primeira divindade da Terra
Os primeiros povos Yorubanos que vieram escravizados para o Brasil, eles
trouxeram
seus costumes Yorubá, mas devido a diáspora os seus descendentes
planearam outras
tradições que se formou em Candomblé no Brasil. Mesmo antes os primeiros
Yorubas
escravizados se esforçavam para manter as suas tradições de culto a Terra, a
Terra-Mãe, a
qual recebeu muitas denominações em diferentes aldeias e cidades que
formavam o complexo
cultural Yorubá e entorno dos seus principais cultos tradicionais, entre os
eles, os Jeje, Mahin,
Dahomeanos, os Tapas, Nupes e os Ibos. Especialmente entre os Yorubanos,
a mais antiga
divindade da terra é chamada de Òdu, Edan, Ogboni, Iyalale, Iyanlé, Onilè, a
grande mãe
senhora do universo e dona da Terra. Ainda muito lembrada com outros
nomes respectivos a
Terra: Alaiyê, Ililé, Iyalé, também Ije, Ilélé, Odaye, Aná, Ogere, e mesmo
Iyábuku e
Iyaléburuku. Entre os jejes do Maranhão e da Bahia é chamada Aisã.
E creio que grande parte dos cultuadores do Culto de Òrìsà tradicional
Yoruba, nunca
ouviu falar ou já teve apenas vagas referências sobre Onilé, mas em certas
Casas de nação
Ketu, que preservam ou reconstituem tradições que em grande parte se
perderam na diáspora
Yorubana, pratica-se um culto discreto, mas significativo à Terra-Mãe, para a
qual se canta, ou
no início do Shirê ou no final da chamada roda de Sàngó, a cantiga que diz
"Mojubá, Òrìsà/
ibá, Òrìsà/ ibá Onilé", que pode ser traduzido como "Eu saúdo o Òrìsà/ Saúdo
Onilé, salve a
Senhora da Terra".
No culto e sociedade de Egungun, a mãe da terra é chamada de Onilé,
homenageada
como a divindade feminina fundamental e relacionada aos aspectos essenciais
da natureza
morta, ancestralidade.
No culto e sociedade tradicional de Orisa, a mãe terra é chamada e tratada
exclusivamente com o nome Iyalalé, na finalidade estrutural em qualquer
ritual, iniciação etc.
No culto de Obatala, exclusivamente, a mãe terra é chamada de Oduwá,
expressando a
interação entre o macho e fêmea. Mas Obatala originalmente exercia o papel
patrono sobre
tudo que se relaciona à apropriação da natureza através do homem, o que
inclui a agricultura,
a caça e a pesca e a própria fecundidade ao dominar o poder da mulher. Com
as
transformações da sociedade Yorubá numa sociedade patriarcal, que implicou
a constituição de linhagens e clãs familiares fundados e chefiados por
antepassados masculinos, as mulheres
perderam o antigo poder que tiveram numa primeira etapa.
No culto dos Orisa ÒDÈ, a mãe terra é cultuada com o nome Erinlé, sempre
associada
a terra extremamente úmida e fértil.
No culto e sociedade de Ifá, a mãe terra é chamada e tratada de forma muito
peculiar e
secretamente com o nome Òdu, considerada como a mãe de todos os Odù-Ifá,
vivendo oculta
e na profunda escuridão do Igbodu, onde nenhuma mulher ousa entrar. No
culto à Ifá, Òdu é
quem possibilita e legitima o homem a atingir o patamar de auto e profundo
conhecimento.
Em outros termos, Òdu e Orunmila, expressa idéia de interação dos opostos,
como um culto
único à interatividade de Deus.
No culto da sociedade Ògbòni, a mãe terra é chama de Edan, também
cultuada por
Oluwo sob uma densa cortina de mistérios e segredos, considerada aquela
que assegura a
ética, justiça, verdade e a ordem, representado pelo casal de estatueta que
representa a união
dos opostos, o culto ao uno, o culto à Deus.
Iyalalé teve o seu culto preservado na África, mas perdendo muitas das suas
antigas
atribuições. Hoje ela representa nossa ligação Elemental com o planeta em
que vivemos nossa
origem primordial. É a base de sustentação da vida, é o nosso mundo
material. Embora sua
importância seja crucial do ponto de vista da concepção religiosa de universo,
os devotos
pouco recorrem à ela, pois seu culto não trata de aspectos particulares do
mundo e da vida
cotidiana, preferindo cada um dirigir-se aos Òrìsàs que cuidam desses
aspectos específicos.
No Brasil, como aconteceu com outros Òrìsàs, então seu culto quase
desapareceu. Certamente
um fator que contribuiu para o esquecimento de Onilé no Brasil é o fato de
ser um Imolé e
não um Òrìsà, de forma que não se manifesta através do transe ritual, não
incorpora, não
dança. Outros Òrìsàs importantes na África e que também não se manifestam
no corpo de
iniciados foram igualmente menos considerado neste País que, por influência
do kardecismo,
atribui um valor muito especial ao transe. Foi o que aconteceu com Òrúnmilá,
Orosun, Dada,
Òrìsà-Okô, Oloroke, Egùgùn, Gèlèdè, além de Iyámi-Òsòròngá. É
interessante lembrar que o
culto de Osanyin sofreu no Brasil grande mudança, passando mais tarde a
Òrìsà somente das
folhas a se manifestar no transe, o que o livrou certamente seu culto do
esquecimento. O culto
de Iroko também se preservou entre nós, ainda que raramente, quando
ganhou filhos e se
manifestou em transe, sorte que já não teve Apaoká.
Na Nigéria mantém-se viva a idéia de que Onilé é a base de toda a vida, tanto
que,
quando se faz um juramento, jura-se por Onilé. Nessas ocasiões, é ainda
costume pôr na boca
alguns grãos de terra, às vezes misturada no mel que se come a fim de selar o
juramento, para
lembrar que tudo começa em Onilé, a Terra-Mãe, tanto na vida como na
morte.
Um mito que já tive o prazer de contar em outras ocasiões ensina qual é a
atribuição
principal de Onilé, como ela está associada ao chão que pisamos e sobre o
qual vivemos nós e
todos os seres vivos que formam o nosso habitat, nosso mundo material.
Assim conta o mito:
Iyalé era a filha mais recatada e discreta de Olodumare.
Vivia trancada em casa do pai e quase ninguém a via.
Quase nem se sabia de sua existência.
Quando os Òrìsàs seus irmãos se reuniam no palácio do grande pai
para as grandes audiências em que Olodumare comunicava suas decisões,
Onilé fazia um buraco no chão e se escondia,
pois sabia que as reuniões sempre terminavam em festa,
com muita música e dança ao ritmo dos atabaques.
Onilé não se sentia bem no meio dos outros.
Um dia o grande deus mandou os seus arautos avisarem:
haveria uma grande reunião no palácio
e os Òrìsàs deviam comparecer ricamente vestidos,
pois ele iria distribuir entre os filhos as riquezas do mundo
e depois haveria muita comida, música e dança.
Por todo os lugares os mensageiros gritaram esta ordem
e todos se prepararam com esmero para o grande acontecimento.
Quando chegou por fim o grande dia,
cada Òrìsà dirigiu-se ao palácio na maior ostentação,
cada um mais belamente vestido que o outro,
pois este era o desejo de Olodumare.
Iyemonjá chegou vestida com a espuma do mar,
os braços ornados de pulseiras de algas marinhas,
a cabeça cingida por um diadema de corais e pérolas,
o pescoço emoldurado por uma cascata de madrepérola.
Ògún escolheu uma túnica de ramos novos e macios da palmeira,
enfeitado de peles dos mais exóticos animais e dois Facões.
Osanyin vestiu-se com um manto de folhas perfumadas.
Òsún escolheu cobrir-se de Bronze,
trazendo nos cabelos as águas verdes dos rios.
A roupa de Osumare era branca e brilhante mostrava todas as cores,
trazendo nas mãos os pingos frescos da chuva.
Iansã escolheu para vestir-se um sibilante vento
e adornou os cabelos com raios que colheu da tempestade.
Sàngó não fez por menos e cobriu-se de Luz com o trovão.
Osalá trazia o corpo envolto em fibras alvíssimas de algodão
e a testa ostentando uma nobre pena vermelha de papagaio.
E assim por diante.
Não houve quem não usasse toda a criatividade
para apresentar-se ao grande pai com a roupa mais bonita.
Nunca se vira antes tanta ostentação, tanta beleza, tanto luxo.
Cada Òrìsà que chegava ao palácio de Olodumare
provocava um clamor de admiração,
que se ouvia por todas as terras existentes.
Os Òrìsàs encantaram o mundo com suas vestes.
Menos Onilé.
Iyalé não se preocupou em vestir-se bem.
Iyalé não se interessou por nada.
Iyalé não se mostrou para ninguém.
Iyalé recolheu-se a uma funda cova que cavou no chão.
Quando todos os Òrìsàs haviam chegado,
Olodumare mandou que fossem acomodados confortavelmente,
sentados em esteiras dispostas ao redor do trono.
Ele disse então à assembléia que todos eram bem-vindos.
Que todos os filhos haviam cumprido seu desejo
e que estavam tão bonitos que ele não saberia
escolher entre eles qual seria o mais vistoso e belo.
Tinha todas as riquezas do mundo para dar a eles,
mas nem sabia como começar a distribuição.
Então disse Olodumare que os próprios filhos,
ao escolherem o que achavam o melhor da natureza,
para com aquela riqueza se apresentar perante o pai,
eles mesmos já tinham feito a divisão do mundo.
Então Iemanjá ficava com o mar,
Òsún com o Bronze e os rios.
A Ògún deu as matas e todos os seus bichos, o ferro e tudo o que se faz com
ele,
inclusive a guerra, reservando as folhas para Osanyin.
Deu a Oya o vento, a Sàngó o relâmpago e a Ooba o som do trovão.
Fez Oosaala o dono de tudo que é branco e puro,
de tudo que é o princípio, deu-lhe a criação.
Destinou a Osumare o arco-íris e a chuva.
E assim por diante.
Deu a cada Òrìsà um pedaço do mundo,
uma parte da natureza, um governo particular.
Dividiu de acordo com o gosto de cada um.
E disse que a partir de então cada um seria o dono
e governador daquela parte da natureza.
Assim, sempre que um humano tivesse alguma necessidade
relacionada com uma daquelas partes da natureza,
deveria pagar uma prenda ao Òrìsà que a possuísse.
Pagaria em oferendas de comida, bebida ou outra coisa
que fosse da predileção do Òrìsà.
Os Òrìsàs, que tudo ouviram em silêncio,
começaram a gritar e a dançar de alegria,
fazendo um grande alarido na corte.
Olodumare pediu silêncio,
ainda não havia terminado.
Disse que faltava ainda a mais importante das atribuições.
Que era preciso dar a um dos filhos o governo da Terra,
o mundo no qual os humanos viviam
e onde produziam as comidas, bebidas e tudo o mais
que deveriam ofertar aos Òrìsàs.
Disse que dava a Terra a quem se vestia da própria Terra.
Quem seria? perguntavam-se todos?
"Iyalé", respondeu Olodumare.
"Iyalé?" todos se espantaram.
Como, se ela nem sequer viera à grande reunião?
Nenhum dos presentes a vira até então.
Nenhum sequer notara sua ausência.
"Pois Iyalé está entre nós", disse Olodumare
e mandou que todos olhassem no fundo da cova,
onde se abrigava, vestida de terra, a discreta e recatada filha.
Ali estava Iyalé, em sua roupa de terra.
Onilé, a que também foi chamada de Ilê, a casa, o planeta.
Olodumare disse que cada um que habitava a Terra
pagasse tributo a Iyalé,
pois ela era a mãe de todos, o abrigo, a casa.
A humanidade não sobreviveria sem Iyalé.
Afinal, onde ficava cada uma das riquezas
que Olodumare partilhara com filhos Òrìsàs?
"Tudo está na Terra", disse Olodumare.
"O mar e os rios, o ferro e o ouro,
Os animais e as plantas, tudo", continuou.
"Até mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-íris,
tudo existe porque a Terra existe,
assim como as coisas criadas para controlar os homens
e os outros seres vivos que habitam o planeta,
como a vida, a saúde, a doença e mesmo a morte".
Pois então, que cada um pagasse tributo a Iyalé,
foi a sentença final de Olodumare.
Iyalé, Òrìsà da Terra, receberia mais presentes que os outros,
pois deveria ter oferendas dos vivos e dos mortos,
pois na Terra também repousam os corpos dos que já não vivem.
Iyalé, também chamada Aiyê, a Terra, deveria ser propiciada sempre,
para que o mundo dos humanos nunca fosse destruído.
Todos os presentes aplaudiram as palavras de Olodumare.
Todos os Òrìsàs aclamaram Iyalé.
Todos os humanos propiciaram a mãe Terra.
E então Olodumare retirou-se do mundo para sempre
e deixou o governo de tudo por conta dos Òrìsàs1
.
NOTA: Assim este mito acima com muita beleza, assinala o papel do Imolé
Iyalé no panteão dos Irunmole.
Como é estrutural nos mitos, o tempo da narrativa não é histórico, dando a
impressão que os cultos dos
diferentes Imolè (òrìsà) foram instituídos a um só tempo, num só ato do
supremo deus. A narrativa enfatiza,
contudo, a concepção básica da religião dos Òrìsà, isto é, que cada Òrìsà é
um aspecto característico da natureza,
uma dimensão particular do mundo em que vivemos. Eles são o próprio
mundo, com suas forças, elementos,
energias e propriedades, mundo que tem por base Iyalé, a Terra, o planeta
que habitamos, o nosso lar no
universo.
No culto Yorubano, Iyalé ocupa o lugar central em qualquer Sociedade,
principalmente na sociedade secreta Ogboni. Na qual a terra é representada
por um casal de
escultura manufaturada em bronze, com os olhos em semicírculos, no sentido
que tudo
observa em silêncio, as mãos fechadas e alinhadas na altura do umbigo, uma
sobre a outra,
expressando um gesto que simboliza a noção Ancestral. Conforme os
símbolos Ogboni, a
sociedade que, até o século XIX, cuidava da justiça, julgava criminosos e
feiticeiros
malignos e tenha o dever de executar os condenados à morte.
Portanto, em qualquer culto, louvar Iyalé é celebrar as origens é homenagear
Deus
em um nível mais sagrado e puro. Por isso, que quando os antepassados
Egùgùns aparecem
diante dos seres vivos, todos saúdam Iyalé pelo nome Onilé, lembrando que
ela é anterior a
tudo que é mais divino, mesmo às linhagens mais antigas da humanidade. Por
isso que no
culto de Egungun, Onilé é assentada num considerável Montículo de terra
avermelhada,
uma representação do coração da Terra.
Na África, os sacrifícios à Iyalalé incluem bastantes Igbin, Eiyele, Adiyé,
Eku, Eja,
Ijapa, Ewure, Agutan etc. No Brasil a legislação pune como crime
inafiançável o sacrifício de
animais ameaçados de extinção e assim a tartaruga é substituída pela cabra.
Aliás, matar um
animal em extinção seria uma ofensa imperdoável a Iyalé, que é a própria
natureza, a Grande
mãe da ecologia. Além desses animais, dá-se para Iyalé tudo o que a terra
produz e que o
homem transforma: Obis, orobôs e todas as demais frutas, inhame e outros
tubérculos, feijões,
milho, favas, mel, Azeite de palma, sal, Aguardente e tudo mais que vem da
terra pela mão do
homem.
Cultuada discretamente em terreiros antigos da Bahia e em candomblés
africanizados,
a Mãe Terra tem despertado recentemente curiosidade e interesse entre os
seguidores dos
Òrìsàs, sobretudo entre aqueles que compõem os seguimentos mais
intelectualizados da
religião.
Iyalé, isto é, a Terra, tem muitos inimigos que a exploram e podem destruí-la.
Para
muitos seguidores da religião dos Òrìsàs, interessados em recuperar a relação
Òrìsà-natureza,
o culto de Onilé representaria, assim, a preocupação com a preservação da
própria
humanidade e de tudo que há em seu mundo. Pois é Iyalé quem guarda o
planeta e tudo que
há sobre ele, protegendo o mundo em que vivemos e possibilitando a própria
vida de tudo que
vive sobre a Terra, as plantas, os ciclos e a humanidade.
DEFINIÇÃO DA UTILIDADE DO SANGUE EM RITUAIS.
O Culto Yoruba tradicional de Òrìsà é composto de vários elementos, e
apesar das
pessoas acharem que o sangue é o principal deles, o que na verdade não é –
Pois é a água que
é o principal e mais importante elemento dentro de qualquer Culto. ―Criticar
acadêmico
quando se é ignorante (no sentido de ignorar) é uma coisa esquisita e até
antiética,
compreendo, porém, em certas situações não podemos deixar de fazê-lo,
principalmente,
quando uma informação falsa é absorvida de modo espetacular pelo povo.
Se a água é sangue, porque não se faz Osaalá somente com água e cachaça
(sêmen)? Já que
dizem que ele não aceita o sangue vermelho; mas os espertos, dizem que a
cabra de Osaalá é
branca, o que encerra o significado da questão genética. Para encerrarmos
esse assunto, sobre
o sangue, devemos entender que as qualidades do sangue, são inerentes à
qualidade do animal
que oferecemos, tomando-se o cuidado de oferecer apenas animais perfeitos,
isso basta, o
resto são apenas conceitos.
Não devemos deixar de frisar que não sendo o culto fundamentalista e sim
tradicionalista,
para tudo há sempre outras opções, pois o maior erro cometido no culto de
Òrìsà, é o
surgimento de pessoas que de fora apenas observam e põem no papel aquilo
que acham,
acrescentando a isso sua visão pessoal e todos consideram tais tolos.
Mas, a questão aqui é o sangue: preto, vermelho e branco.
Em qualquer culto, se o galo, o pombo ou o bode é preto, a natureza do seu
sangue é tido
como preto para fins de ritual, ou seja: Se o animal é vermelho, a natureza do
sangue é
vermelha, se o animal é branco, a natureza do sangue é branca, se o animal é
carijó, a natureza
do sangue é preta e branca. Esta é a visão tradicional verdadeira de Ifá.
Ifá diz: ―as características do ser estão no seu sangueǁ. Sendo uma questão
genética. Pois se a
cabra é vermelha e branca, o sangue é vermelho e branco. Acrescentar
filosofia a isso, não
acrescenta nada ao culto, só confunde.
EWE-IFÀ
2
Ìyáàami ni wura
Baba ni dingi.
Ìyáàmi ni wura iyébiyé
Ti a ko le f’owora
O loyun mi f’osu mesan
O pon mi f’odun meta
Ìyáàmi ni wura iyébiyé
Ti a ko le f’owora
Minha Mãe é ouro
Pai é um espelho
Minha Mãe é preciosa como o ouro
Isso não pode ser comprado com o dinheiro
Ela me carregou em seu ventre por nove meses
Ela cuidou de mim por três anos
Mãe é mais preciosa que o ouro
Isso não pode ser comprado com o dinheiro.
3
O dorì igi Agba o!
Agba gun Òrì igi Yeye
O dorì igi Agba o!
Agba gun Òrì igi Iroko
O dorì igi Agba o!
Agba gun Òrì igi Ogbon
O dorì igi Yeye o!
Ómó agba aye
4
Até em cima da arvore das Anciãs
A anciã sábia subiu na copa da Árvore da Inteligência.
Até em cima da arvore das Anciãs
A anciã sábia subiu na copa da árvore da Destruição.
Até em cima da arvore das Anciãs
A anciã sábia subiu na copa da árvore da Sabedoria.
Até em cima da arvore das Anciãs
O encontro é encima da árvore da inteligência.
Assim sendo o filho da Anciã sábia sobreviverá.
Èlèyé o! Èlèyé!
Èlèyé o! Èlèyé!
Éjé Èlèyé ógégé o!
Senhora Pássaro! Senhora Pássaro!
Senhora Pássaro! Senhora Pássaro!
Èlèyé, eis aqui o sangue delicamente
Òrìn fun bò adimu Ìyáàmi
5
Éleye Epo re o!
Eléué Éjé re o!
Èlèyé mô bé dé o!
Èlèyé mô bé dé o!
Oh Dona dos pássaros, eis aqui o óleo de palma
Oh Dona dos pássaros eis aqui os feijões moídos no chão
Oh, dona dos pássaros, Eu trouxe para você, me abençoe.
Oh Dona dos pássaros, eis aqui o óleo de palma
Orin para entregar de Vísceras
6
Mo júbà ènyin Ìyámí Òsòròngá.
Mo júbà è nyin Ìyámí Òsòròngá
O tò nón Èjè e nun
Ot òokón Èjè èd ò
*Èjè ó yè ní Kálè o
*Èjè ó yè ní Kálè o
*O yíyè, yíyè, yèyé kòkò
*O yíyè, yíyè, yèyé kòkò
Vós que seguíeis os rastros do Sangue interior.
Vós que seguíeis os rastros do Sangue interior.
Vós que seguíeis os rastros do sangue que sai do interior.
Vós que seguíeis os rastros do sangue do coração e do fígado
O sangue vivo que é recolhido pela terra cobre-se de fungos,
O sangue vivo que é recolhido pela terra cobre-se de fungos Ele
sobrevive, sobrevive, óh mãe muito velha.
Ele sobrevive, sobrevive, óh mãe muito velha (anciã).
Orin para saudar o poder da mulher principalmente no culto de Ifá e Obatala,
quando todos os
homens se ajoelham em homenagem.
7
E e kúnlè o, e Kúnlè f’obinrin o
E e kúnlè o, e Kúnlè f’obinrin o
E obinrin l’ó bíwa, k’àwa tód’enia
Ogbon àiyé t’obinrin ni, e kúnlè f’obinrin o
Ajoelhem-se para as mulheres.
Ajoelhem-se para as mulheres.
A mulher nos colocou no mundo, nós somos
seres humanos.
A mulher é a inteligência da terra.
A mulher nos colocou no mundo, nós somos
seres humanos.
Ajoelhem-se para as mulheres.
8
Ìyáàmi Abeni
Mo leye nile
Mo leye nita
Mo rinde oru
Mo rinde osan
Ti mo ba lo sode
Efo womi womi o
Minha misteriosa Mãe Abeni.
Eu tenho um pássaro na casa.
Eu tenho um pássaro lá fora.
Eu caminho à noite.
Eu entro na tarde.
Quando eu vôo para fora.
Dê-me o meu próprio respeito.
Òrìn Ipue Ìyáàmi
9
Àjè ilé o!
Oso ilé o!
E fa mi móra o!
Bi Obirin roka aaa
Fa mabé
10
Àjè ilé o!
Oso ilé o!
Wa fa mi móra o!
Bi Obirin roka aaa
A fa mabé ni mo só o!
11
Ikà á ponikà ô
*Rere á Béni rere
Ikà á ponikà ô
*Rere á Béni rere
Com certeza o malvado morre pela sua própria maldade.
E a pessoa bondosa receberá Bondades de Ìyáàmi.
Com certeza o malvado morrerá pela sua própria maldade.
E a pessoa bondosa receberá Bondades de Ìyáàmi.
12
Ìyáàmi ko awa daju,
Ìyáàmi daju é
Ójó niwa ao, Bénikan shóta o!
Éni eji ri, leji npa o!
Minha mãe que nos Espia
Minha mãe que espia
Somos como à garoa, não estamos de mal com ninguém.
A chuva bate em quem ela vê.
Òrìn cantado somente por quem não possui mãe viva (em forma delamento)
13
Ìyáàmi ényin Òsòròngá o!
Iya o si nilé Yi o ê
Ìyáàmi Òsòròngá Ajê mi ényin
Iya o si nilé Yi o ê
Òsòròngá você é a minha mãe!
Não tenho Mãe aqui na terra!
Minha mãe Òsòròngá a minha riqueza é você!
Eu não tenho Nãe aqui na terra!
14
Gbobo Èlèyé gun Igi-Àsùrìn o!
Gbobo Èlèyé gun Igi-Àsùrìn o!
Gbobo Èlèyé gun Igi-Àsùrìn o!
Todas as Èlèyés sobem na Arvore de Asurin
Todas as Èlèyés sobem na Arvore de Asurin
Todas as Èlèyés sobem na Arvore de Asurin
15
Iya kere gbo hun mi o
Iya kere gbo hun mi
Iya kere gbo hun mi o
Iya kere gbo hun mi
E gbogbo Éléyé mo bati gba mulé
Iya kere gbo hun mi
16
Iya kerê e gbo ohun mi o
Ìyáàmi Òsóròngá, E gbo ohun mi o
Ìyáàmi Òsóròngá gbogbo ohun ti mba nwi
Ogbo l’oni e ma a gbo Dandan
Ìyáàmi Òsóròngá, E gbo ohun mi o.
Ìyáàmi Õsóròngá, Oro ti òkètè ba’leso
Ni’le gbo Dandan
Ìyáàmi Òsóròngá gbogbo ohun ti mba nwi
Ni ko ma shê
Ìyáàmi Òsóròngá, E gbo ohun mi o
17
Pé un tuka wo ogu lutu
A tuka wo, wo Ògún luto o
Gbé éyin ba balé éé
Gbé éyin ba balé éé.
Awo agba agba
A tuka wo Ògún lutu
Atuka wo, wo Ògún lutu o
Gèlèdè) re o o!
A agba agba.
Quando algo cai e se quebra, revela o segredo de seu interior.
Quando algo cai e se quebra, revela o segredo de seu interior.
Quando um ovo cai no chão se despedaça.
Quando um ovo cai no chão se despedaça.
O segredo das sábias anciãs!
Quando algo cai e quebra revela-se o segredo de seu interior.
Quando algo cai no chão e se despedaça, revela o segredo.
Gélédé está aqui!
O segredo das sábias anciãs!
18
Apaki ni èyè
Apaki ni èyè Òsòròngá
Apaki ni èyè
Apaki ni èyè Òsòròngá
Iya moki o ma, ma pa mi
Iya moki o ma, ma shoro
Ba agba de wa ju
Won ni gbó mi awo.
Aquela que é poderosamente emplumada
Aquela que é implumada é Òsòròngà
Aquela que é poderosamente emplumada
Aquela que é implumada é Òsòrongà
Mãe te saudamos, não, não me mate...
Mãe te saudamos, não, não atrapalhe...
Grande Ancestral, venha ver o nosso culto!
Ao chegar aceite o meu culto!
19
Ìyáàmi soronga l’agba o Yeye
Ìyáàmi Òsòròngá o!
Ìyáàmi soronga l’agba o Yeye
Ìyáàmi Òsòròngá o!
Minha mãe Òsòròngá querida Anciã
Minha mãe Òsòròngá
Minha mãe Òsòròngá querida Anciã
Minha mãe Òsòròngá
20
Ìyáàmi Òsòròngá dele
Ìyáàmi Òsòròngá,
Ìyáàmi Òsòròngá deléke.
Minha mãe Òsòròngá chegou a casa!
Minha mãe Òsòròngá chegou a casa!
Minha mãe Osoronda pousou no teto da casa.
21
Aru jéjé, Aru jéjé
Èlèyé élésé osun
Òsòròngá aru jéjé
Èlèyé ki gbemi o!
Viva aquela que é respeitável, é respeitável!
Dona de pássaros, dona dos pés pintados com o Osun.
Viva a respeitável Òsòròngá.
Dona dos Pássaros me proteja!
22
Dakun gbemi Osoronga
Dakun Èlèyé
Dakun Ìyáàmi-Àjè
Por favor me proteja Osoronga!
Por favor piedade, dona dos Pássaros!
Por favor, Mãe de Poder encantador, piedade!
23
Ìyáàmi saanu mi nilê
*Ìyáàmi é ma nrijá ré o!
Ìyáàmi saanu mi lodê
*Ìyáàmi é ma nrijá ré o!
Minha mãe seja piedosa comigo dentro de casa.
Minha mãe não se zangue comigo!
Minha mãe seja piedosa comigo lá fora.
Minha mãe não se zangue comigo!
24
Ta lóba, ta lóba ilê?
Ta lágba, ta lágba Ibo?
*Ìyáàmi soronga alagba ilê!
*Ìyáàmi soronga alagba Ibo!
Quem é Superior nesta casa?
Quem é suprema no Bosque?
Minha Mãe Òsòròngá é a suprema na casa!
Minha Mãe Òsòròngá é a suprema no Bosque!
24
Ta lo ni éjé?
Ta lo ni yiyé yiyé?
Ta lo ni éjé?
Ta lo ni yiyé yiyé?
*Ìyáàmi Òsòròngá Èlèyé o!
*Ìyáàmi Òsòròngá oni yiyé yiyé éjé
*Ìyáàmi Òsòròngá Èlèyé o!
*Ìyáàmi Òsòròngá oni yiyé yiyé éjé
Quem é a dona do Sangue?
Quem é a dona da sobrevivência?
Quem é a dona do Sangue?
Quem é a dona da sobrevivência?
É minha mãe Òsòròngá dona de Pássaros!
Minha mãe Òsòròngá é a dona do sangue
e da sobrevivência!
É minha mãe Òsòròngá dona de Pássaros!
Minha mãe Òsòròngá é a dona do sangue
e da sobrevivência!
25
Oju lé rubo, égélé ju, égé lérigi
Oju é awo, pupa é awo,
Osi òmò, òmólosi sókun, iku gbálé
Ku e le, ku e le, ku e le, ku e le, ku e le
Yeye, yeye
Iku gbalé o, ni gba inon.
Tanu maré o, ni k’òmò lòrún
É mámá si lé nishé ipade
Oyé yé o
Oji ile, oji
Otun lá ti ota
Oji ilê ègbé gbó mama rubó
Oji ilê ègbé gbó mama rubó
Ye ye ye, yéyé,
Apani mayóda.
26
Ìyáàmi omilaiyé
Bómi Iyámi
Sómi tòmi
Bómi t’okun
Wè Isé Àjè mogbe jinà
Fi bun mi aláàfia
Má kò Àjè jê mi
Má kò enia buburú pa mi
Ìyáàmi gbogbo laiyé
Bómi Ìyáàmi
A mãe das águas na Terra
Me, minha mãe, crie
Proteja-me e guie-me.
Como as ondas do oceano,
Limpe a feitiçaria que eu estiver carregando.
Conceda-me Filhos.
Conceda-me paz
Não permita que as bruxas me devorem.
Não permita que as pessoas ruins me destruam.
Ìyáàmi, mãe de tudo. Crie-me minha mãe
27
Òsòròngá tunde tunde
Awa la mu gboro dun,
Atunde Ìyáàmi osorongba
Minha Mãe Òsòròngá está aqui outra vez,
Nós, que trazemos à alegria da cidade, Minha
Mãe Òsòròngá, nós estamos aqui novamente!
28
Ìyáàmi Òsòròngà, Jé nri shégun
Ìyáàmi Òsòròngá, Jé nri shégun
E ma pade le yin mi, Jé nri shégun
Minha mãe Òsòròngá deixe-me ter sucesso!
Minha mãe Òsòròngá deixe-me ter sucesso!
Ao encontrar comigo em louvação, deixe-me
ter sucesso!
29
Ìyáàmi Òsòròngá Ìyáàmi Òsòròngá,
181
Mo riboto mo gbo mójó
Mo riboto mo gbo mójó
Ìyáàmi Òsòròngá
Mo riboto mo gbo mójó
Talole bimoko mo gbejó
Eu danço com a criança
Eu danço com a criança
Ìyáàmi Òsòròngá
Eu danço como a criança que tem filhos,
Como ela eu danço sem querer parar.
30
Ìyáàmi Olorigi, Olorìgi
Bowo luni kole pani
Bowo luni kole pani
Igi ti afeyin ti tiko
gba ni duro
Bowo luni kole pani
Minha Mãe senhora que pousa no topo da Árvore
Se alguém cai, não pode matar ninguém.
Se alguém cai, não pode matar ninguém.
Uma árvore, que não pode dar um Fruto,
Se cair em alguém, ela não pode matar ninguém.
31
Omo la buwé,
Omi la bumu.
Éni kan ki bó mi shóta
Omo la buwé,
Omi la bumu.
Nós tiramos a água para regar,
Água nós tiramos para beber.
Ninguém faz inimizade com água!
Nós procuramos água para regar,
Nós tiramos água para beber.
32
Oko, oko já r’oman
Olodo obirin ayagba.
Oko, oko já r’oman
Olodo obirin ayagba
Lança , lança, que luta pelos seus filhos!
Senhora do rio mulher soberana.
Lança , lança, que luta pelos seus filhos!
Senhora do rio mulher soberana.
33
O di ìyáàmi ni ewa, ewa ewa ale
O di ìyáàmi ni ewa, ewa ewa ale
A outra face da minha mãe é linda!
A outra face da minha mãe é belíssima!
34
Oni kotô ilê
Oni kotô ilê aiye
Èlèyé oni ibu kotô
Oni kotô ilê.
Dona da cabaça (o mundo)
Dona da cabaça e do mundo
Eleye é a dona da cabaça profunda.
Dona da cabaça.
AWORO-ELEGAN-
ÌYÁNIFÁ
Iniciação da mulher em Ìyánifá
Sabemos que para muitos, o caminho à iniciação começa com uma leitura
que alerta um
desastre iminente ou ameaça por conta de um sacerdote corrupto, sem saber
se quer sobre a
grande importancia de uma iniciação. Em todo e qualquer caso, o fator
motivador não foi por
busca de sabedoria, nem crescimento, ou realização pessoal. Foi o medo. E, o
povo cai na
armadilha de manipuladores, fê-lo porque a sua vida anterior, cultura e
experiências religiosas
tinham sido motivadas pela mesma emoção, somente emoção ou puro
romantismo cultural.
Para muitos, não importa se foi ameaças de seus sacerdotes, da mesma forma
que faziam
donos de escravos, que ameaçavam matavar ou aprisionar aqueles que
discordam, como a
Igreja Católica empunhando a ameaça do Purgatório excomunhão, ou um
diabo esperando
para seduzi-lo a uma eternidade no inferno. Assim, geração após geração
havia sido
condicionada por seus líderes temporais e espirituais que plantando o medo
foi a principal
motivação para as decisões de vida. Então, quando confrontado por um
sacerdote que alerta
um desastre iminente, a menos que se mudem cegamente e enfrente o
caminho, assim as
pessoas eram condicionadas a aceitar, ao invés de pensar.
A decisão de iniciar é uma das decisões mais importantes que qualquer um
pode fazer em sua
vida. É uma decisão que deve ser baseada em uma grande análise, muita
reflexão e
consideração. É equivalente a decidir qual a faculdade ou universidade pode
melhor lhe
fornecer informação e formação necessária, a fim de ser muito bem sucedido
em sua carreira
escolhida. Se tornando um mestre experiente, o objetivo é exatamente o
mesmo que uma
iniciação. Mas, muitos desavisados ou ignorante, não se esforçam se quer a
respeito de tal
importância. Muitos chegam iniciar em algum culto até por razões futeis; no
embalo do
romantismo, outros por aparencia, egocentrismo, capricho, vaidade, desejos e
sonhos
frustrados, busca por poder social ou financeiro. Infelizmente, esses, são
todos suicidas. De
modo que cabam no profundo mar de decepção, sem mesmo aproveitar
qualquer
conhecimento na sua experiancia frustrada.
È o sacerdote de Ifá, sério, quem foi deve fornecer o acesso às informações, e
não proibições
contra a receber as mesmas, de forma inclusiva e não discriminatória. Assim,
deve dar o
acesso aberto às pessoas necessitadas de informações basicas, porém
profundas, não como um
sacerdote segregado cheio de proíbições na sua inter-relação com os outros.
Principalmente,
porque, é Ifá quem estrutura o sacerdote na finalidade do mesmo
proporcionar o melhor
através dos Orisa. Então, antes mesmo de uma iniciação é necessario que o
interessado receba
as instruções basicas referentes a ética comportamental, ética moral,
religiosidade,
compromissos, entendimento sobre a sua existencia no mundo e a sua pessoal
composição
espiritual. Já no periodo e após a iniciação, o novo iniciado deverá se esforçar
para receber as
aprofundadas informações, ensinamentos e talvez até, vários tipos de
treinamentos, de forma
calma e gradativa. Claro, que tudo isso só é permitido ser passado para as
pessoas de bom
caráter, do contrário o próprio Ifá não permitirá se quer iniciar em seu culto.
Exceto pelos
sacerdotes corruptos e loucos, que só visam o poder do dinheiro, estatus,
vaidade,
manipulação, fama, quantidade, popularidade, ostentações e aparencias,
atuando como
verdadeiras fabricas de corrupção espiritual em beneficio próprio.
A iniciação é um processo de nascimento, ou renascimento. A mesma define
com precisão o
recém-nascido, e as vulneráveis condições, do iniciado. Essa visão e
abordagem, é fazer o
caminho antes do início, o início em si, e o início do período seguinte, como
carinho,
poderoso e amoroso, como possível. A partir do momento que o iniciado
chega na condição
Odoluwé (purificação), eles são incentivados a abrir emocionalmente para
uma energia
positiva no cenário natural que o rodeia. Através de fortificação rituais,
limpezas e
abstinencias dos sacerdotes, que irá ajudar a conduzir a cerimônia, siguindo
um dia de
descompressão, de apenas permitir a se livrar do stress e energias negativas,
assim o inicio da
iniciação é marcado por descarregos de forma gradativa e bem direcionadas.
A cerimônia em
si é realizada com uma ênfase sobre o amor à Ifá, à vida, à si próprio, e no
apreço pelo Asè de
Energia que fará a sua viagem à um possivel sacerdócio, bem como o
―Amor e Asè" através
daqueles que conduzem a cerimônia. Por isso, uma iniciação jamais deve ser
uma experiência
assustadora, ou aterrorizante.
Após a cerimônia real, o iniciado precisa de cuidados e de ainda mais
cuidado. Ao invés de
um momento de celebração ruidosa e cheia de alvorosos, deve ser um
momento de
introspecção, muita tranquilidade e crescimento. Este é um início de
mudanças profundas e de
boas energias. Tendo sido iniciado, é necessário condições e mais nutrição à
crescer. Após
qualquer tipo de iniciação, através de Ifá, devemos sentir a necessidade de
tirar um tempo
próprio de celebração, isso deve ocorrer no aniversário de um ano de
iniciação da pessoa.
ÌYÁNIFÁ
Ja foi esclarecido que o nome Àyánifá ou Ìyánifá, é como as mulheres
sacerdotisas são
chamadas dentro do culto à Ifá, ao passarem pelo ritual chamado Aworo-
Elegan-Ìyánifá,
onde são consagradas como Esposa Sagrada de Orunmila-Ifá. De acordo com
um pacto feito
entre Òsún e Orunmila, proibitivamente, as mulheres não podem ser
chamadas de Iyalawo, de
modo que a palavra ―Awoǁ não é frequentemente usada como referência ao
sagrado feminino,
sendo completamente neutra/inutil para as Ìyánifá, as quais são tratadas com
rituais bem
diferenciados dos homens Òmò-Awo e Babalawo, bem como ao grupo
masculino desta
sociedade secreta. Inegavelmente, um Bàbálàwó é o conselheiro espiritual
para seus clientes e
seguidores, com quem ele reúne, geralmente, diante do Ikéké-Ifá (sacrário de
Ifá), para
receber o auxilio tutelar do Ifá, e ainda executa as iniciações na tradição
filosofica/espiritual
de Ifá.
Em varias cidades na Nigéria, como Ile-Ifè, o posto de Ìyánifá é muito
disputado. Apesar de
seus fundamentos serem baseados nos Odù-Ifá OgundaKa, Oyekushe etc., os
mesmos
relatam que nem um homem pode se tornar completamente um Babalawo em
Ifá, se não for
na presença de Ìyá-Òdu (a poderosa esposa de Ifá), ou seja, se não for na
presença dessa
mulher, sagrada e secreta, nenhum homem se torna um legitimo Babalawo.
Enquanto no OdùIfá Irete'ntelu (Irete-Ogbe), a própria Ìyá-Òdu diz; que ela
só casaria com Òrúnmilà, se ele
prometesse jamais permitir que qualquer mulher fitasse a sua face e os seus
fundamentos
ocultos no Igbodu. Em outro Odù-Ifá, a própria Ìyá-Òdu declara que não
aceita que nenhuma
mulher, se quer, prepare as suas Adimu, comidas, muito menos aceita
qualquer oferecimento
das mãos das mesmas.
Esses relatos são confirmados, mais detalhadamente, no periodo ou após a
iniciação de uma
mulher em Ifá: “rara é a mulher que receber de um Babalawo apenas alguns
Ikin
consagrados, com a finalidade somente de cultuar tal parte do corpo de Ifá”.
Isso, apenas
para a sua própria proteção e proteção de sua familia, ao passo que a mesma
venha necessitar
consultar ou executar sacrifícios para Ifá, ela, deve procurar o seu Babalawo,
seja para ajudar
o seu filho, marido ou um irmão consangüineo, ou para qualquer outro
parente de acordo com
a determinação de Ifá. Dessa forma, a Ìyánifá pode, com excessões,
―alimentarǁ os seus Ikin
para ajudar e proteger à qualquer um dos seus familiares, com o propósito
somente de
adoração e jamais executando sacrificios, quando se faz necessário que seus
familiares sempre
participem ativamente dos rituais, com esmero e empenho. Exceto em seus
Òsè-Ifá, a Ìyánifá
não necessitará de estar acompanha do seu sacerdote Bàbálàwó.
OGBESÁ
Òshún A Primeira Apetebi De Orunmila
Apetebi é como chama a condição natural de uma mulher que se casa com
um Bàbálàwo
consagrado. Òshún foi a primeira Apetebi, e passou, então, a ser conhecedora
do segredo
(Yéyé Ajusiri'àwo - Mãe que conhece o segredo), como relata abaixo esta
história contada
pelo Odù-Ifá - Ogbesa:
Quando Òrúnmilà convocou os 401 Irunmole para o Orun, ele teve uma
grande surpresa.
Encontrou muitas Àjè no Òrun, as mesmas começavam a devorar os Òrìsà,
um por um.
Como Òrúnmilà tinha oferecido sacrifício antes de deixar a terra, então,
Òrúnmilà foi salvo
por Òshún, que vendo a chacina, escondeu Òrúnmilà e substituiu sua carne
pela carne de uma
cabra, pois ele seria devorado em especial, em um dia festivo realizado pelas
Àjè. Foi devido
a esse favorecimento, que Òrúnmilà e Òsun tornaram-se próximos. Òrúmilà
falou do bom
retorno que Òshun lhe proporcionou. Foi incrível! Ele perguntou o que
deveria fazer
retornando. Era a razão principal do por quê Òrúnmilà criou um Oráculo
composto com 16
búzios e em seguida entregou-os à Òshún. De todos os Òrìsà que se
utilizaram do mesmo
Oráculo de búzios, nenhum o teve antes de Òshún, foi Ifá quem deu um
Oráculo à Òshún e
disse para lançá-los, que assim usasse outra forma de consultar os principais
16 Odù. Isto foi
o que Ifá fez para recompensar Òshún. Isto, porque o relacionamento entre
Ifá e Òshún, é
como algo que ninguém possui uma ciência exata, de tão enigmático e
secreto que há entre os
dois. Òrúnmilà então desposou Òshún e das muitas formas de consulta ao
Oráculo de búzios
passou a ser mais uma nova forma de divinação em Ifá, ministrada
exclusivamente pelas
mulheres iniciadas em Ifá e Òshún.
O PAPEL DA ÌYÁNIFÁ
Da mesma forma que existem homens cheios de sabedoria, conhecimento e
muita
cultura que se empenham em praticar o trabalho espiritual do Ifá, também há
mulheres de
grande integridade. Òshún é uma força que motiva e dá início à emancipação
feminina. Em
um dos 256 Odù-Ifa chamado Òshètùrá, narra que Òshún foi a única mulher
entre as
divindades, Irunmalé, à quem Olodunmare enviou ao mundo para na
finalidade de manter o
conhecimento acessível à todos. Isso, simplesmente pelo fato de Òshún ser a
primeira
representante do poder feminino, mesmo assim os outros Imolé não
convidavam Òshún para
as suas reuniões. Então, para demonstrar que ela era a rainha, tomada pela
força Àjè,
desagregadora/feiticeira, ela começou a destruiu todos os planos dos Imolé
masculinos. Foi
então, que eles se voltaram para Òlódúnmàré pedindo socorro, e o mesmo
lhes perguntou;
como estava a única mulher entre eles. Eles responderam que não a
convidaram para seus
encontros por se tratar de uma mulher. Olodunmare disse que eles deviam
convidá-la e que se
desculpassem para com ela pelo que fizeram, e logo em seguida todos os
eventos nefastos
certamente se acalmariam. Òshún aceitando acordos condicionais, a mesma
solicitou que a
permitisse conhecer todos os seus segredos e exigiu ser admitida para assistir
todas as
reuniões dedicadas à qualquer Òrìsà e só depois disso ela os perdoaria, assim
eles
concordaram. A partir de então, eles começaram a convidar/chamar Òshún
para participar de
todas as suas reuniões, de uma forma outra. Posteriormente, Òshún casou-se
com Ifá,
desempenhado com muito esmero a função de Apetebi e Ìyánifá. Mais tarde,
Òshún designou
o seu único filho, chamado Akinosho, a ser iniciado no culto de Ifá, na
finalidade dele
absorver os conhecimentos e torná-los acessíveis à todos respeitando todas as
regras e éticas.
Logo depois, Òshún juntamente com Obatala instituíram o culto de Òrìsà, se
tornando
a primeira Ìyálòrìsà no mundo, quando consagrou um homem chamado ETU
como o seu
primeiro sacerdote, ao qual lhe transmiti muitos conhecimentos, e no tempo
certo, mais tarde
deu-lhe plena autoridade para iniciar inúmeras pessoas no culto à vários
Imolé em Òrìshà.
Dessa forma, mais uma vez Òshún se converteu em matriarca de mais uma
sociedade, sob o
titulo de primeira Iyaloode (a primeira dama da sociedade).
Òshún é a principal esposa e, a única mulher com prestígios na sociedade Ifá,
por isso
ela é chamada Apetebi-Oshumilaya. Como matriarca na sociedade Òsóròngá
é chamada de
Ìyáàmi-Akoko. Como rainha na sociedade Òrìsà, é louvada e evocada
principalmente como
Efon, o seu nome Original e o mais antigo.
Em outro Odù, Ifá relata que Òshún chegou a atender muitas pessoas com o
Opele-Idé
(rosário de bronze), isso enquanto Òrúnmilà, seu marido, estava fora em uma
viagem
espiritual.
É importante salientar que uma mulher, uma vez iniciada/consagrada, como
esposa de
Òrúnmilà, seja Àyánifá, Ìyánifá ou Ìyálòrìsà, ela jamais adentrará no
Igboòdu, seja no
período de iniciação ou mesmo depois, e por toda a vida da mulher. Isto é
definitivamente
proibido à qualquer mulher e em qualquer período. Esta é a razão pela qual
existem dois tipos
de cerimônia na iniciação de mulheres: o ritual Elegan para aquelas mulheres
que não se
tornarão Ìyálòrìsà, enquanto outras passam pelo Opin-Ìyálòrìsà quando são
consagradas em
Ìyálòrìsà. Porém, não vêem o Igboòdu. Fato que detalharemos nos próximos
parágrafos.
O real papel de uma Apetebi (esposa do Babalawo), quando iniciada em Ifá,
não estará
limitada à providenciar os elementos cerimoniais de culto, sendo responsável
ainda por
realizar a limpeza do Ikéké-Ifá, altar de Ifá, no dia da celebração semanal
chamado Òsè-Iá e
alguns outros afazeres cabíveis.
OS TÍTULOS DE ÌYÁNIFÁ
Àyákapó-Ifá, aquelas mulheres que não recebem os 16 Ikin e não lhe é
permitido estudar a
arte e a prática do Ifá. Essas passam por iniciação em Ifáe devem cultuar o Ifá
do seu
Babalawo. .
Àyábatè-Ifá, aquelas mulheres que recebem somente os 16 Ikin-Ifá, sem
passar por ritual de
Elegan-Aworo-Ìyánifá (iniciação em Ifá), com exclusiva finalidade de cultuar
Ifá dentro de
sua casa residencial, para os seus interesses bem pessoais.
Àyálase-Ifá, aquela que só recebem os 16 Ikin para cultuar e cuidar de Ifá,
aprendendo as
cantigas e as danças do culto, mas não possuem um saber mais aprofundado
sobre a forma de
consultar Ifá.
Ìyánifà-Olokun, aquelas mulheres que recebem seu Oráculo de 16 Búzios,
chamado de IfáEkuró ou somente Ekuró, na cidade Osogbo e Ota, Ifálokun
em Obeokuta, Mwerindilogun no
Brasil, recebendo exatamente ao passar pelo ritual Aworo-Elegan-Iyanifá.
Após profundos
estudos sobre o meridilogun a fim de se aprofundarem nos conhecimentos de
Ifá,
exclusivamente na finalidade de se tornaram profissionais do Ifá e atender os
seus muitos
clientes. Esse tipo de Iyanifá chega a receber de 16 até 32 Ikin, na finalidade
de executar o
ritual semanal chamado de Òsè-Ifa, executado de 05 em 05 dias.
Ìyálòòrìsà, aquelas mulheres que são Iyanifá, mas vão além de Ìyánifá após
passarem pelo
ritual chamado Opin-Ìyálòrìsà, quando se tornam Ìyálòrìsà (sacerdotisa de
Orisa), isso em
seu próprio Ile-Òshún, onde também cultuam Ifá de 05 em 05 dias,
praticando consultas com
o seu Ekuró/Ifálokun, e ainda iniciarão pessoas no culto dos Irunmolé
(Orisa), porém jamais
iniciam qualquer pessoa em Ifá, direcionando-as para o seu Babalawo, a fim
de executar tal
evento proibitivo à elas.
A PROIBIÇÃO DA
MULHER EXECUTAR
SACRIFICIO DE ANIMAIS.
Quanto ao fato proibitivo da Iyanifá executar sacrifício de animais, seja em
Èbò ou qualquer
tipo de magia, Ifá ensina e esclarece que toda Ìyánifá deve buscar apoio no
seu próprio
Babalawo ou em um Ojuboná, mas se tratando de Ìyálòrìsà, ela pode buscar
apoio nos homens
em seu próprio Ile-Asè, homens que foram preparados em Ifá como Olunipa,
isso
rigorosamente preparado através do seu próprio Babalawo, fora ou dentro do
próprio Ile-Asè
da Ìyálòrìsà. Potanto seja uma Ìyánifá ou Ìyálòrìsà, antes da menopausa, são
proibidas por Ifá
e Òshún, de executarem qualquer tipo de sacrifício animal, ou seja, proibidas
de matarem
qualquer ser vivo, praticar qualquer tipo de execução letal, se tornando
agressivo à sua própria
natureza reprodutiva. Este tabu é tão sério, que quando violado certamente
acarreta vários
tipos de problemas na vida ou no corpo da sacerdotisa que se atreve a
infringir essa lei da
terra; como doenças, infertilidade, improdutividade, perda do domínio sobre
os filhos, perda
do respeito em sua casa ou no templo em que dirige, bem como dificuldades
financeiras e até
completa miséria, manifestações de fofocas, confusões, desequilíbrios,
grandes
aborrecimentos e desentendimentos, tanto conjugal como no templo,
separações, perda da
calma, perseguições, desrespeito, desonra, desconsiderações, desmoralização,
vários
empecilhos e até ameaça de morte etc. Esse tabu à matar, é porque só
compete a mulher é
produzir, enriquecer, florescer, criar, embelezar, suprir, manter, e não à
exterminar. Porém,
uma Ìyánifá ou Ìyálòrìsà, só estão livres dessa proibição após passarem pela
menopausa,
exatamente quando a terra a considera uma Anciã, após seus 60 a 65 anos de
idade, dessa
época em diante, algumas naturalmente já podem executar qualquer tipo de
sacrifício animal,
com o direito de dar ou tirar a vida. Há outras mulheres, que mesmo após a
menopausa,
necessita consultar Ifá a fim de saber se tem tal permissão ou não. Quando a
mulher atinge a
fase da menopausa, ela chegando no seu ápice de pureza e esterilidade sobre
a terra, sendo
bem comparada ao homem.
É através do conhecimento e do treinamento que uma pessoa pode ser
reconhecida
como sacerdote de Ifá. Já as mulheres que estudam e aprendem a arte do Ifá,
entretanto, não
podem jamais ser chamadas de Babalawo ou Oluwo, como qualquer palavra
que mencione
ligação com esses títulos. As mulheres são vistas e chamadas de Ìyánifá,
mulher que tem o
conhecimento sobre Ifá. Da mesma forma, a iniciação não transforma uma
pessoa de imediato
em um sacerdote ou sacerdotisa.
Se uma cerimônia de iniciação pode ser feita para um bebe, um garoto de
cinco anos ou
adolescente de 12 anos, isso não significa que ele já se torna um sacerdote
imediatamente.
Assim também acontece com um adulto que passem pela iniciação, o mesmo
ainda
necessitará ser bem orientado, treinado e testado, antes de possuir o domínio
e se tornar um
sacerdote em qualquer que seja o culto de Òrìsà em que foi iniciado. Na
Nigéria, tanto os Reis
como vários tipos de chefes e os homens de negócios, necessitam de
iniciação primeiramente
em Ifá, recebendo o assentamento de Orunmila-Ifa para cultuá-lo,
acompanhado de ÈsúÒdárà.
Mas, receber Orunmila-Ifá e Èsù, não significa que já são sacerdotes.
Inicialmente, serão
apenas Òmò-Ifá, Awotun ou Òmò-Awo. A partir de então, necessitará de
empenhos, um bom
tempo para estudo e a observação do seu sacerdote, concomitantemente
poderá ir recebendo,
gradativamente, os seus objetos consagrados, isso com muita calma.
AWO EDE IFÁ
MINI DICIONÁRIO De IFÁ
Aboru aboye Aboshishé = Principal saudação usada entre os iniciados e
sacerdotes do Ifá.
Significando: ―Que meu sacrifício possa ser aceito e abençoadoǁ.
Agbamaté = Nome dado àquele que recebe alguns Ikin-Ifá, sem iniciação
(sem raspar),
utilizando-o somente para cultuar Òrúnmilà, na finalidade exclusiva de
proteção e boa sorte
pessoal. Uma rara e prestigiosa possibilidade para quem o recebe, apenas
através da
imposição de 16 Ikin sobre a cabeça, isso após ter recebido consagração.
Agbònniregun = Nome do topo da palmeira, o avô mítico de Òrúnmilà. Do
topo da Palmeira
se extrai as folhas novas e são usadas nos novos iniciados como marca de
mais um novo
descendente de Agbonniregun, mais um novo Òmò-Ifá.
Ibari = Bolsa sagrada usada pelo Babalawo para carregar Opele ou Ikin.
Akapo = Nome de um devoto tesoureiro do Ifá.
Akawoleri = Um tipo de folha usada para lutar. Coloca-se a folha sobre a
cabeça de uma
pessoa e a mesma chora.
Apetebii = Palavra que se refere à mulher que curou a sua mãe da lepra ao se
casar com
Orunmila, depois, este título foi dado a todas as mulheres casadas com um
Babalawo, a
esposa do sacerdote de Ifá.
Airagbokefonun = O trovão que ressoa nas alturas.
Asedo = Nome da cidade mítica, aonde Òrúnmilà curou uma mulher leprosa
e deu-lhe filhos;
Mulher que mendigou para um sacerdote de Ifá e foi batizada como Apetebi
ao se casar com o
mesmo.
Asoso = O nome de um pássaro.
Awogidá = Prato de barro, fundo e largo, muito usado para receber oferendas
dedicadas à
uma divindade.
Awojé = Prato comum. Prato de refeição.
Awokonkun yungba – Um tipo de pássaro.
Awokoto = Bacia de barro ou cabaça.
Awogida = Prato fundo de barro para Sacrifícios e oferendas.
Ayanmo = Destino; é impossível para qualquer um rejeitar seu carma sobre a
terra.
Babalawo = Pai da palmeira sagrada, chamada Ope Ifa. Essa é especial e
diferente, pois seus
coquinhos possuem três, quatro ou cinco olhos, enquanto as palmeiras
comuns fornecem
coquinhos comuns possuindo apenas dois olhos.
Dida Owo = Previsões feitas batendo os Ikin com as mãos. Jogo de ikin com
as mãos durante
o processo de consulta a Ifá.
Edu = Outro nome de Òrúnmilà.
Eba-Idé = Nome dado a Pulseira de bronze usada em Ifá como símbolo da
eterna união de Ifá
com Òshún.
Ebu-Ifá = Pó preto consagrado como algum tipo de magia de Ifá.
Egun-Pin = A maldição parou, cessou.
Eguntan = Palavra que se refere ao Fim da Maldição.
Eja-Ifá = Peixe oferecido à Ifá.
Elegan = Aqueles que não vêem Odu durante uma cerimônia de Ifa.
EIerii-Ipin – A testemunha do destino; um nome de louvor a Ifa.
Epo = Azeite de Palma (o óleo de dendê bem limpo).
Esè'ntaye = Nome da cerimônia executada três a nove dias após o nascimento
de uma
criança, quando é feita a previsão de Ifá para se conhecer o Odù original, o
futuro e as
interdições do recém-nascido. Serve também para se saber se a criança é a
reencarnação de
algum dos Avôs ou Bisavôs; quando o Pé do recém nascido é fixado no
mundo. Uma
cerimônia para se saber o futuro e a possibilidade de ser uma reencarnação de
um dos
antepassados da criança.
Iba = Saudação.
Ibáàshè = Que isto seja aceito!
Idileke = O nome de Odù-Ifá; um dos menores Odu Ifa.
Idikaa = O nome de um Odù-Ifá com 71 capítulos.
Ifá = Palavra referente ao ―conhecimento geralǁ. A sabedoria que
Olodumare deu a Õrúnmilà
e que abrange todas as coisas existentes no universo: Nome do Orisa da
sabedoria; Nome da
primeira sociedade religiosa existente na face da terra.
Ifà = Atrair.
Ifa = Jogo de aposta.
Ifé Ooyelagbomoro = Existem várias Ile-Ifé. Esta é aquela que foi salva da
destruição no
Além. No mundo é a ―cidade do amorǁ, local onde o culto de Ifá foi fixado
na Nigéria, após
ter descido do Egito, e assim é até hoje!
Ijero = Local sagrado e calmo situado no Além. Na terra é o nome da Cidade
que faz fronteira
com Ekiti, no estado de Ondò, Nigéria.
Ijuba = Oração de Saudações.
Ikéké-Ifá = Altar de Ifá.
Ikéké-Orisa = Altar de um Orisa.
Ikin = Qualquer coquinho de palmeira sagrada.
Ikin-Ifa = O coquinho sagrado extraído da palmeira de Ifá.
Ipin-Iyalorisa = Ato de apagar a luz de Òdu, uma cerimônia feita durante a
consagração de
uma Iyalorisa.
Irò = Tecido muito comprido, usado para envolver na cintura de mulheres ou
homens, em
reverencia à Iyaami, se nivelando com o principio feminino, na finalidade de
não ser rejeitado
pelas Èlèyè.
Iroke = Nome de uma sineta feita em madeira, exclusivamente usada no culto
de Ifá, servindo
para evocação ou tocar a bandeja durante o processo de consulta.
Irofá = Nome do bastão de Ifá, usado para evocação e fixar lado Ire de um
Odù ao batê-la no
Opon-Ifá.
Irukere = Bastão coberto de pelos de cavalo, branco ou preto. Um dos
símbolos da
supremacia e domínio de Ifá no mundo sobrenatural e físico. Enquanto o
branco representa a
realeza de Obatala sobre todos os Orisa.
Irunmale – Nome dado às Duzentas divindades que descem do Além para a
terra.
Ìyágbere / Agbere = Nome da contraparte feminina de Èshù, considerada
como esposa
mitológica de Èshù, cultuada à esquerda no assentamento de Èshù. Algumas
vezes, chamada
de Ogogoro.
Ìyáworoko = Nome da fonte geradora de Èsù, considerada como a mãe
mitológica de Èshù,
cultuada sempre na parte de trás do assentamento do mesmo. Algumas vezes,
é chamada de
Èlèguwá, porém não dá transe como Orisa.
Ìyálàsé = São mulheres que tomam conta do Ajere que guarda os Ikin-Ifa do
Babalawo. Essas
mulheres não possuem qualquer treinamento formal para se tornarem
sacerdotisas de Ifá, elas
apenas zelam pelo recipiente sagrado do Babalawo, e até de muitos outros
Orisa.
Ìyánifá = Nome dado à qualquer mulher que iniciou/casou com Ifá, na
finalidade de
desempenhar uma função dentro do Ilê-Ifá, ou estudar e desempenhar a arte
do Ifá-Ekuró/
Ifálokun (16 búzios). Algumas chegam até possuir o conhecimento sobre os
16 Odù e sobre o
universo dos Orisa.
Iyawo = Condição de uma mulher como esposa de um sacerdote de Ifa; assim
é também
designada qualquer pessoa no momento em que esteja passando pelo período
de iniciação em
Ifá ou em Orisa.
Iyò = Sal refinado.
Iwure = Oração diária pela manhã. Súplica de proteção, boa sorte e
manifestação do Ashé.
Kiki = Palavra e forma de Oração em Homenagem à um Orisa
Òbàrà Òsè – nome do 120º Odù Ifá; outro nome do Odu Ifa.
Obi = Fruto do nascimento, consagração e amizade.
Òdu = Nome do Òrìsà que é a Mãe de todos os destinos, a enigmática e
secreta esposa de Ifá.
Odù-Ifá = Palavras sagradas que saem da boca de Olodumare para Òrúnmilà,
na forma de
256 códigos e inúmeras biografias, expostas através do Oraculo-Ifá (Ikin ou
Opele).
Oberó = Panela de barro, pertencente ao culto das Iyaami.
Ogbe yonu = O nome do 24º Odu Ifa; um Òmòdù.
Ogbegii = A filha mítica de Òrúnmilà.
Ogunda-Eerin = Ogundalonrin, nome do 142º Odu Ifa, um Odu menor.
Ohuntè-Alè = Ato de riscar um Odù-Ifá diretamente na terra; a fim de
conhecer cada um dos
Odu e aprender marcá-los no Opan.
Òjò-Osè-Ifá = Dia especial, sagrado, que marca o início da semana de culto à
IFÁ.
Òjò-Òshún = Dia especial de culto ao Òrìsà Òshún. Geralmente no 2° dia
após o dia de culto
àIfá, realizado de 21 em 21 dias
Òjò-Èsù = Dia especial de culto à Èshù. Geralmente realizado
simultaneamente com Ifá,
quando executado por um Iniciado em Ifá. Ou de 17 em 17 dias realizados
pelos filhos de
Èsú.
Òjò-Òbátálà = Dia especial de culto à Obatala. Geralmente de 16 em 16 dias.
Òjò-Ilé = Dia especial de culto aos Ancestrais. Geralmente no 3° dia da
semana de Ifá.
Òjòborì = Dia especial de culto à Orì. No 4° dia da semana de Ifá.
Ojomode = Uma semana curta.
Okara-Èbo = Processo de aprendizado de como se faz uma oferenda.
Oke-Ipori = Uma referencia aos dedões dos Pés, igualmente as raízes da
Palmeira, parte de
culto ao alto Ancestral de Òrúnmilà, onde se cultua um antepassado
legitimado.
Okika = Um tipo de árvore cujos frutos são comestíveis, chamada também de
Igi-Yeye.
(Cajá)
Olodu = Uma referencia aos 16 Odù-Meji, àqueles que são os 16 primeiros
sacerdotes de Ifá,
vistos como superiores, mas um provérbio diz: ―Tanto Elegan quanto Olodu
pertencem ao
mesmo antepassadoǁ.
Olodunmare = Nome de referencia à ―Fonte suprema criadora de tudoǁ, e de
todos os
destinos. No ocidente é conhecido como o Deus Patriarcal, respeitado como o
Todo Poderoso.
Olofin = Também conhecido como Òduwa; é proibido à uma mulher vê-la,
cultuá-la ou
recebê-la como Orisa e qualquer tipo de relação.
Oluweri = ―Aquela que purifica as cabeças no rioǁ. Outro nome da
Divindade dos rios,
Òshún.
Òmò-Àwo = Nome que se dá ao homem que se torna discípulo do Ifá, aquele
que foi
permitido estudar para se tornar um sacerdote de Ifá;
Ooyilagbemoro = Nome da comunidade de pessoas em Ile-Ife;
Òpè = A palmeira sagrada para Ifá.
Oriki = Exaltação. Uma forma de exaltar os atributos de um Orisa.
Òrúnmilà = O sagrado e mais antigo nome do Profeta Divino; seu nome
significa: ―Só o
além sabe quem será salvo!ǁ.
Oshetura = É o nome do 239º Odù Ifá, porém por prestigio passou à ser o 17°
Odù Ifá, o
mais velhos entre os 240 Òmòodù.
Òshúnmilàyá = Principal nome de Òshún como primeira esposa de Òrúnmilà.
Òshúnmilèyò = Outro nome de Õsún como esposa de Õrúnmilà, significando:
―Aquela que é
fonte de pureza e de dinheiro dentro de casaǁ. Outro nome de Õshún dentro
do culto de Ifá.
Òshún = A divindade dos rios: Aquela que abençoa a mulher estéril para que
tenha filhos: A
única mulher mitológica entre as primeiras divindades que Olodumare enviou
à este planeta.
Osè-Ifá = Culto semanal à Ifá, o qual é rigorosamente executado de 05 em 05
dias.
Ósin = Águia que come peixes (aypohiera angolensis).
Osùn-Ifá = O bastão sagrado de Ifá. Símbolo da retidão, honestidade,
ancestralidade e
proteção do Babalawo.
Owonrinwofun = O nome do 106º Odù Ifá.
Otin-Olojé = Gim. Também chamado de Otin-Èbò.
Oyeku-Meji = O segundo mais importante Odù Ifá. Gênero feminino, esposa
de Ifá.
Associada ao crepúsculo do Sol, ao passado, antepassado, reencarnação, ao
mar, os
antepassados, a morte, o fim dos ciclos. Odù que responde pelas cabeças dos
falecidos.
Oyin = Mel puríssimo
Pin-Pin-Pin-Lomo-Odo-Segun = Terminou, terminou, este é o som do pilão.
Woso-woso = Um tipo de pássaro africano.