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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

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Recredenciamento pelo Decreto n°17.228 de 25/11/2016
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENAÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

XXVI SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UEFS


SEMANA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA - 2022

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DE


ODONTOLOGIA SOBRE OS ANTIMICROBIANOS

Luana Souza Carneiro1; Jener Gonçalves de Farias2;

1. Bolsista FAPESB, Graduando em Odontologia, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:


luanascar8@gmail.com
2. Orientador, Departamento de nome, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: beltrano@provedor.br

PALAVRAS-CHAVE: Estudantes de Odontologia; Antibacterianos; Antivirais.

INTRODUÇÃO
Os fármacos antimicrobianos são substâncias químicas terapêuticas que tem como
objetivos promover melhora de algum quadro enfermidade ou a prevenção do mesmo.
O conhecimento a respeito desse grupo farmacológico e das suas características
farmacocinéticas e farmacodinâmicas são essenciais para seleção do medicamento e
aplicação correta no tratamento das infecções. Por isso, os cirurgiões-dentistas (CD)
devem estar aptos a sua prescrição e sempre atualizados quanto às indicações,
contraindicações, posologia, efeitos colaterais, mecanismos de ação e interações
medicamentosas (LINS et al., 2019).

Em uma pesquisa feita na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) sobre os aspectos


éticos, legais e farmacológicos de uma adequada prescrição medicamentosa na prática
clínica com estudantes de Odontologia, 89,3% disseram que a duração da disciplina
farmacologia não foi suficiente para se sentirem seguros para prescrever receitas
medicamentosas. Além disso, a maioria acredita que ela não foi ministrada num modo
que ao longo do curso esse conhecimento fosse reforçado nas atividades ambulatoriais
(DANTAS et al., 2020).

Por isso, de acordo com os dados apresentados, a justificativa desse projeto é avaliar o
conhecimento sobre a farmacoterapia dos antimicrobianos entre os acadêmicos de
Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) com um foco
voltado para os mais comuns dentro da prática clínica do cirurgião-dentista. Dessa
forma, espera-se avaliar o quanto eles sabem sobre os conceitos, indicações,
contraindicações e prescrição medicamentosa, de forma a demonstrar a importância da
educação continuada durante a formação acadêmica contribuindo para o aprimoramento
do ensino e formação do profissional cirurgião-dentista.

MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA (ou equivalente)


Trata-se de um estudo transversal de caráter exploratório com abordagem quantitativa.
A amostragem foi do tipo não-probabilística intencional tendo como instrumento para
avaliação dos entrevistados um formulário que foi aplicado de forma remota (Google
Forms) com 10 questões objetivas de apenas uma reposta correta. A amostragem total
contou estudantes de Odontologia da UEFS matriculados no período referente entre o
quarto e décimo semestre período de 2022.1. A amostra total contou com 122
estudantes, divididos em 02 grupos que tiveram a seguinte classificação:
• Grupo I - estudantes do 4° e 5° semestre da UEFS = 64
• Grupo II - estudantes do 6° a 10° semestre da UEFS – n = 58.

Os dados foram analisados descritivamente por meio de frequências absolutas e


percentuais. Para avaliar associação entre duas variáveis categóricas foi utilizado o teste
Qui-quadrado de Pearson ou o teste Exato de Fisher quando a condição para utilização
do teste Qui-quadrado não foi verificada. Para avaliar a força da associação no acerto ou
erro das questões foi obtido o valor do Odds Ratio (OR) (ou Razão das Chances) e
respectivos intervalos de confiança. A margem de erro utilizada na decisão dos testes
estatísticos foi de 5% e os intervalos foram obtidos com 95% de confiança. Os dados
foram digitados na planilha EXCEL e o programa utilizado para obtenção dos cálculos
estatísticos foi o IMB SPSS na versão 25.

RESULTADOS E/OU DISCUSSÃO


As três primeiras questões do formulário tratam-se de casos clínicos nos quais os
estudantes escolhiam a prescrição mais adequada de acordo com o caso proposto,
incluindo medicações da classe dos antimicrobianos, antiinflamatórios e analgésicos. Da
questão 04 a 08 atenta-se para pacientes que possuam alguma doença sistêmica que
necessitem de profilaxia antibiótica ou não, além das indicações de uso e os tratamentos
possíveis a serem realizados. As duas últimas questões tratam sobre os antivirais e
antifúngicos.

A disposição das questões foi escolhida dessa forma pelo fato de que na Odontologia há
uma tendência ao uso excessivo de antibióticos para condições clínicas não indicadas e
isso pode contribuir para o surgimento de resistência aos antibióticos, principalmente
entre as crianças (GOEL et al., 2020). De acordo com uma pesquisa feita com
estudantes de Odontologia em estágio clínico sobre as práticas de prescrição, somente
50,9% responderam que já prescreveram antibacterianos e se sentiam seguros pare
realiza-lo, contudo, em relação as normas de uma receita, 54,7% dos alunos afirmaram
que a realizam com a ausência de elementos que validariam a prescrição. Demonstrando
assim, que ainda é necessário que os acadêmicos aprofundem seus conhecimentos
acerca de uma correta prescrição e o uso desse medicamento (PORTO et al., 2020).

Quando é feita uma análise total do questionário, verifica-se que o segundo grupo
permaneceu com uma quantidade significativa de acerto maior que o primeiro.
Atentando-se para o fato de que esse resultado era esperado, pois, são estudantes que
têm uma experiência clínica maior na resolutividade de casos clínicos e a habilidade de
elencar o conteúdo teórico com o prático no cotidiano de atendimento. Além disso,
muitos estudantes do primeiro grupo abandonaram o questionário antes de finalizar com
a justificativa de que não sabiam resolver as questões devido ao conhecimento ainda
insuficiente na área.

Na tabela a seguir, que avalia diretamente os acertos e erros, se verifica diferença


significativa (p < 0,05 e intervalos para OR que excluem o valor 1,00) entre os grupos
de períodos para cada uma das questões. O que valida a teoria esperada de que o grupo
II teria e teve a maior porcentagem de acerto final.

Tabela 1. Avaliação dos acertos e erros nas questões de 01 a 10 no grupo total e


segundo o período que cursava
Grupo de períodos
Variável 4 e 5 (64) 6 a 10 (58) Grupo total (122) OR a (95%) Valor de p
n (%) n (%) n (%)

P1 p (1) = 0,023*
Certo 30 (46,9) 39 (67,2) 69 (56,6) 1,00
Errado 34 (53,1) 19 (32,8) 53 (43,4) 2,33 (1,11 a 4,86)

P2 p (1) = 0,010*
Certo 4 (6,3) 13 (22,4) 17 (13,9) 1,00
Errado 60 (93,7) 45 (77,6) 105 (86,1) 4,33 (1,32 a 14,18)

P3 p (1) = 0,001*
Certo 25 (39,1) 40 (69,0) 65 (53,3) 1,00
Errado 39 (60,9) 18 (31,0) 57 (46,7) 3,47 (1,64 a 7,34)

P4 p (1) < 0,001*


Certo 36 (56,2) 3 (5,2) 39 (32,0) 23,57 (6,67 a 83,32)
Errado 28 (43,8) 55 (94,8) 83 (68,0) 1,00

P5 p (1) = 0,001*
Certo 47 (73,4) 55 (94,8) 102 (83,6) 1,00
Errado 17 (26,6) 3 (5,2) 20 (16,4) 6,63 (1,83 a 24,03)

P6 p (1) = 0,005*
Certo 34 (53,1) 45 (77,6) 79 (64,8) 1,00
Errado 30 (46,9) 13 (22,4) 43 (35,2) 3,03 (1,39 a 6,72)

P7 p (1) < 0,001*


Certo 20 (31,3) 51 (87,9) 71 (58,2) 1,00
Errado 44 (68,7) 7 (12,1) 51 (41,8) 16,03 (6,19 a 41,47)

P8 p (1) = 0,174
Certo 15 (23,4) 8 (13,8) 23 (18,9) 1,91 (0,74 a 4,92)
Errado 49 (76,6) 50 (86,2) 99 (81,1) 1,00

P9 p (1) = 0,002*
Certo 5 (7,8) 17 (29,3) 22 (18,0) 1,00
Errado 59 (92,2) 41 (70,7) 100 (82,0) 4,89 (1,67 a 14,32)

P10 p (1) < 0,001*


Certo 35 (54,7) 52 (89,7) 87 (71,3) 1,00
Errado 29 (45,3) 6 (10,3) 35 (28,7) 7,18 (2,70 a 19,04)

Legenda: (*) Diferença significativa a 5%; (1) Pelo teste Qui-quadrado Pearson.

Ao final do questionário, foi solicitado que o estudante avaliasse o seu nível de


conhecimento na área de farmacologia/farmacoterapia. Aproximadamente 80% do total
de estudantes afirmou que era regular ou insuficiente, sendo que somente 15% julgou
ter conhecimento suficiente e 5% não soube ou não quis responder a essa questão. Além
disso, o estudante teve um espaço no qual pôde sugerir melhorias para o aprendizado e
as respostas mais comuns foram criação de cursos de extensão específicos para a área e
de espaços de práticas onde eles pudessem discutir casos clínicos onde fosse possível
juntar o conhecimento teórico com o prático.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse projeto de pesquisa foi bastante construtivo e esclarecedor quanto a avaliação do
conhecimento dos estudantes acerca do uso de antimicrobianos através das respostas
dadas no questionário e a análise estatística. Além disso, as sugestões dadas no final do
questionário sobre as propostas de melhoria no ensino foram de grande importância
para evidenciar as possíveis falhas durante o processo de aprendizagem e formação dos
futuros profissionais da Odontologia, bem como destacar a importância da educação
continuada durante a formação acadêmica, o que pode contribuir para o aprimoramento
do programa de ensino e redução da incidência de iatrogenias durante as prescrições de
fármacos.

REFERÊNCIAS
ALTMAN, D. G. 1991. Practical Statistics for Medical Research. Great Britain,
London, Chapman and Hall, 611p.
DANTAS, E. J. A.; ROLIM, A. K. A.; SOUZA, P. H. S. de; PEREIRA, J. dos S.;
SOUZA, S. L. X. de. 2020. Information level of Dental students and Dental Surgeons
on prescription in a city of Paraiba state, Brazil. Research, Society and Development 09
(07): e574974573.
GOEL, D.; GOEL, G. K.; CHAUDHARY, S.; JAIN, D. 2020. Antibiotic prescriptions
in pediatric dentistry: A review. Journal of family medicine and primary care 09 (02):
473-480.
LINS, L.S. DA S.; SANTOS, I.Q. DOS; SANTOS, M.Q. DOS; RIBEIRO, E.D.; LIMA
NETO, T.J. DE; SANTOS, A.M. DE S; HONFI JÚNIOR, E.S. 2019. Avaliação do
nível de conhecimento dos estudantes de odontologia do centro universitário de João
Pessoa em relação à prescrição de medicamentos. Archives of Health Investigation 8
(5): 237-244.
PORTO, G. C. C., CAPELÃO, G. D. S., OLIVEIRA, B. S. R. D. S., OLIVEIRA, N. R.,
MONTEIRO, F. A. B. D. S., PINHEIRO, J. C., . . . TEIXEIRA, B. V. F. 2020.
Prescrição de antibacterianos: Conhecimento de acadêmicos do curso de Odontologia.
Research, Society and Development 09 (11).

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