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Escola Técnica

Sandra Silva

Guia de Estudos
Eixo Tecnológico de Controle e Processos

Industriais

Curso Técnico

MÁQUINAS ELÉTRICAS E
TRANSFORMADORES

www.escolatecnicasandrasilva.com.br
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores

ÍNDICE
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................ 4
MÁQUINAS ELÉTRICAS ........................................................................................ 4
1.2 – DEFINIÇÃO .................................................................................................. 4
1.3 – MOTORES ELÉTRICOS ................................................................................... 4
1.3.1 – FUNCIONAMENTO................................................................................ 4
1.3.2 – TIPOS DE MOTORES ............................................................................ 5
1.4 – GERADORES ELÉTRICOS................................................................................ 5
1.4.1 – GERADOR DE CORRENTE ALTERNADA (ALTERNADOR) .............................. 6
1.4.2 – GERADOR DE CORRENTE CONTÍNUA ...................................................... 7
1.5 – FUNDAMENTAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DAS MÁQUINAS ELÉTRICAS .................. 8
1.5.1 – MAGNETISMO ..................................................................................... 8
1.5.2 – ELETROMAGNETISMO ........................................................................ 10
1.6 – EXERCÍCIOS .............................................................................................. 12
CAPÍTULO 2 ...................................................................................................... 14
MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS ................................................................. 14
2.1 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO .................................................................. 14
2.2 – PARTES COMPONENTES DO MOTOR DE INDUÇÃO............................................ 15
2.3 – CAMPO GIRANTE ........................................................................................ 16
2.3.1 – VELOCIDADE DO CAMPO GIRANTE ...................................................... 16
2.4 – CONJUGADO .............................................................................................. 17
2.5 – VELOCIDADE DO ROTOR.............................................................................. 17
2.6 – DESLIZAMENTO ......................................................................................... 18
2.7 – FREQUÊNCIA INDUZIDA .............................................................................. 18
2.8 – RENDIMENTO............................................................................................. 19
2.9 – LIGAÇÕES DE MOTORES TRIFÁSICOS PARA VÁRIAS TENSÕES .......................... 20
2.10 – EXERCÍCIOS .............................................................................................. 23
CAPÍTULO 3 ...................................................................................................... 24
MOTORES MONOFÁSICOS .................................................................................. 24
3.1 – FASE DESDOBRADA .................................................................................... 24
3.1.1 – MOTOR DE FASE DESDOBRADA (OU FASE DIVIDIDA) ............................ 25
3.1.2 – MOTOR DE FASE DESDOBRADA COM PARTIDA À RESISTÊNCIA ............... 26
3.1.3 – MOTOR DE FASE DIVIDIDA COM PARTIDA A CAPACITOR ........................ 26
3.1.4 – MOTOR DE FASE DIVIDIDA COM CAPACITOR PERMANENTE .................... 27
3.1.5 – MOTOR A DUPLO CAPACITOR .............................................................. 27
3.2 – PÓLOS SOMBREADOS ................................................................................. 28
3.3 – SÍNCRONOS .............................................................................................. 28
3.4 – REPULSÃO ................................................................................................. 29
3.5 – REPULSÃO INDUÇÃO................................................................................... 29
3.6 – SÉRIE UNIVERSAL ...................................................................................... 30
3.7 – LIGAÇÕES DE MOTORES MONOFÁSICOS PARA VÁRIAS TENSÕES ...................... 31
3.8 – EXERCÍCIOS .............................................................................................. 33
CAPÍTULO 4 ...................................................................................................... 35
MOTORES SÍNCRONOS TRIFÁSICOS .................................................................. 35
4.1 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO .................................................................. 35
4.2 – CONSTRUÇÃO ............................................................................................ 36
4.3 – PARTIDA ................................................................................................... 37
4.4 – APLICAÇÃO INDUSTRIAL ............................................................................. 37

Índice 2
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
4.5 – EXERCÍCIOS .............................................................................................. 38
CAPÍTULO 5 ...................................................................................................... 39
ALTERNADORES ................................................................................................ 39
5.1 – CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E ELÉTRICAS ...................................................... 39
5.1.1 – FUNÇÃO DAS PARTES COMPONENTES .................................................. 39
5.1.2 – DESCRIÇÃO DAS PARTES COMPONENTES ............................................. 42
5.1.3 – ACIONAMENTO ................................................................................. 42
5.1.4 – TIPOS DE ROTOR .............................................................................. 42
5.2 – PRINCÍPIO DE GERAÇÃO DE UMA ONDA CA .................................................... 44
5.3 – GRUPO POLAR............................................................................................ 44
5.4 – EXERCÍCIOS .............................................................................................. 45
CAPÍTULO 6 ...................................................................................................... 47
MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA................................................................ 47
6.1 – GERADORES E MOTORES DE CC.................................................................... 47
6.2 – MODELO MATEMÁTICO DO MOTOR DE CC....................................................... 50
6.3 – TIPOS DE MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA ............................................... 51
6.3.1 – MOTOR CC SÉRIE .............................................................................. 51
6.3.2 – MOTOR PARALELO OU SHUNT ............................................................. 53
6.3.3 – COMPOSTO CURTO E LONGO .............................................................. 54
6.4 – INVERSÃO NO SENTIDO DE ROTAÇÃO E CONTROLE DE VELOCIDADE ................. 54
6.5 – TORQUE DO MOTOR.................................................................................... 55
6.6 – EXERCÍCIOS .............................................................................................. 56
CAPÍTULO 7 ...................................................................................................... 57
TRANSFORMADORES ......................................................................................... 57
7.1 – DEFINIÇÃO ................................................................................................ 57
7.1 – PERDAS .................................................................................................... 58
7.2 – POTÊNCIA E RENDIMENTO DOS TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS ................ 59
7.3 – TRANSFORMADOR IDEAL ............................................................................. 59
7.4 – TIPOS DE FECHAMENTOS DOS TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS...................... 60
7.5 – CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DOS FECHAMENTOS ........................................ 61
7.6 – CUIDADOS NA CONDUÇÃO........................................................................... 61
7.7 – MÉTODOS DE REFRIGERAÇÃO ...................................................................... 62
7.8 – AUTO TRANSFORMADOR ............................................................................. 63
7.8.1 – VANTAGENS E DESVANTAGENS........................................................... 64
7.9 – TRANSFORMADOR DE CORRENTE ................................................................. 64
7.9.1 – EMPREGO ......................................................................................... 64
7.10 – CUIDADOS NA MANUTENÇÃO ....................................................................... 65
7.11 – EXERCÍCIOS .............................................................................................. 66
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 67

Índice 3
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores

CAPÍTULO 1

MÁQUINAS ELÉTRICAS
1.1 – DEFINIÇÃO

Máquinas elétricas são dispositivos que fazem conversão eletromecânica de


energia. O equipamento que converte energia elétrica (relacionada com tensão e
corrente) em energia mecânica (torque, rotação) é denominado MOTOR
ELÉTRICO. Ao contrário, a máquina que converte energia mecânica em energia
elétrica é chamada de GERADOR ELÉTRICO. As máquinas elétricas são
reversíveis, isto é, podem operar como motor ou gerador, como ilustra a figura
abaixo.

1.2 – MOTORES ELÉTRICOS

Um Motor elétrico ou atuador elétrico é qualquer dispositivo que


transforma energia elétrica em mecânica. É o mais usado de todos os tipos de
motores, pois combina as vantagens da energia elétrica – baixo custo, facilidade
de transporte, limpeza e simplicidade de comando – com sua construção simples,
custo reduzido, grande versatilidade de adaptação às cargas dos mais diversos
tipos e melhores rendimentos.

1.2.1 – FUNCIONAMENTO

A maioria dos motores elétricos trabalham pela interação entre campos


eletromagnéticos, mas existem motores baseados em outros fenômenos
eletromecânicos, tais como forças eletrostáticas. O princípio fundamental em que
os motores eletromagnéticos são baseados é que há uma força mecânica em todo
o fio quando está conduzindo corrente elétrica imersa em um campo magnético. A
força é descrita pela lei da força de Lorentz e é perpendicular ao fio e ao campo
magnético. Em um motor giratório, há um elemento girando, o rotor. O rotor gira
porque os fios e o campo magnético são arranjados de modo que um torque seja
desenvolvido sobre a linha central do rotor.
A maioria de motores magnéticos são giratórios, mas existem também os
tipos lineares. Em um motor giratório, a parte giratória (geralmente no interior) é

Capítulo 1 – Máquinas Elétricas 4


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chamada de rotor, e a parte estacionária é chamada de estator. O motor é
constituído de eletroímãs que são posicionados em ranhuras do material
ferromagnético que constitui o corpo do rotor e enroladas e adequadamente
dispostas em volta do material ferromagnético que constitui o estator.

1.2.2 – TIPOS DE MOTORES

Motores de corrente contínua: Precisam de uma fonte de corrente


contínua, neste caso pode ser necessário utilizar um circuito retificador para
converter a corrente alternada, corrente fornecida pela concessionária de energia
elétrica, para corrente contínua. Podem funcionar com velocidades ajustáveis
entre amplos limites e se prestam a controles de grande flexibilidade e precisão.
Por isso seu uso é restrito a casos especiais em que estas exigências compensam
o custo muito mais alto da instalação, ou no caso da alimentação usada ser
contínua, como no caso das pilhas em dispositivos eletrônicos.
Motores de corrente alternada: São os mais utilizados, porque a
distribuição de energia elétrica é feita normalmente em corrente alternada. Seu
princípio de funcionamento é baseado no campo girante, que surge quando um
sistema de correntes alternadas trifásico é aplicado em polos defasados
fisicamente de 120º. Dessa forma, como as correntes são defasadas 120º
elétricos, em cada instante, um par de polos possui o campo de maior intensidade,
cuja associação vetorial possui o mesmo efeito de um campo girante que se
desloca ao longo do perímetro do estator e que também varia no tempo. Os
principais tipos são os motores:

 Motor síncrono: funciona com velocidade constante; utiliza-se de um


induzido que possui um campo constante pré-definido e, com isso,
aumenta a resposta ao processo de arraste criado pelo campo girante. É
geralmente utilizado quando se necessita de velocidades estáveis sob a
ação de cargas variáveis. Também pode ser utilizado quando se requer
grande potência, com torque constante.
 Motor de indução: funciona normalmente com velocidade estável, que
varia ligeiramente com a carga mecânica aplicada ao eixo. Devido a sua
grande simplicidade, robustez e baixo custo, é o motor mais utilizado de
todos, sendo adequado para quase todos os tipos de máquinas acionadas
encontradas na prática. Atualmente é possível controlarmos a velocidade e
a potência dos motores de indução com o auxílio de inversores de
frequência.

1.3 – GERADORES ELÉTRICOS

Um gerador elétrico deve estar mecanicamente acoplado a uma máquina


motriz (ou máquina primária), capaz de fornecer energia mecânica, para
movimentar a parte móvel do gerador, ou seja, o gerador é uma máquina elétrica
que converte energia mecânica em energia elétrica, por meio da indução
eletromagnética. Exemplos de máquinas motrizes são: turbinas hidráulicas,
turbinas à vapor, motor à combustão, motor elétrico, turbina eólica, etc. A figura a
seguir, ilustra um exemplo de máquina motriz.

Capítulo 1 – Máquinas Elétricas 5


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1.3.1 – GERADOR DE CORRENTE ALTERNADA (ALTERNADOR)

Um gerador de corrente alternada é chamado de Gerador CA ou


Alternador, sendo o meio mais importante para a produção da energia elétrica
que usamos atualmente.
Alternador monofásico é uma maquina elétrica rotativa que gera correntes
alternadas monofásicas obtidas pela conversão da energia mecânica fornecida por
um motor ou turbina. A base de seu funcionamento é a indução eletromagnética
(Lei de Faraday e a Lei de Lenz). Num alternador monofásico um conjunto de
espiras forma uma bobina que se movimenta em velocidade constante num campo
magnético uniforme e constante no tempo. Desta maneira, induz-se uma força
eletromotriz (FEM) variável e alternada nas extremidades deste circuito aberto.
Para que surja e FEM é essencial que haja variação no concatenamento entre
o circuito elétrico e o campo magnético, pouco importando qual deles estará em
movimento em relação ao outro.
Portanto, pode-se manter fixa a bobina e fazer girar o campo magnético, ou
pode-se manter fixo o campo magnético e fazer girar a bobina. Em ambas as
situações, cria-se uma f.e.m. induzida no circuito aberto.

G e ração de u ma t en são alt e rn ada se n oidal

Capítulo 1 – Máquinas Elétricas 6


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1.3.2 – GERADOR DE CORRENTE CONTÍNUA

Um gerador de corrente contínua (CC), também chamado Dínamo, converte


energia mecânica em eléctrica, através de indução eletromagnética. É constituído
por um eletroímã e uma bobina. A energia mecânica faz girar um eixo no qual se
encontra o eletroímã, fazendo alternar os polos norte e sul na bobina e por
indução, geram uma energia eléctrica e campo magnético. O contrário e/ou contra
- partida, ou seja, com a bobina no eixo, também é possível fazer o mesmo,
desenvolvendo daí o campo. Os dínamos podem retirar energia mecânica das
turbinas, que podem ser frias (no caso da queda d'água) ou quentes (no caso do
vapor da água).
O gerador de corrente contínua também gera corrente alternada em seu
interior, porém, por meio de um dispositivo chamado comutador, a tensão
alternada é convertida em tensão contínua.

Capítulo 1 – Máquinas Elétricas 7


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F or ma da t en são con t ínu a ao ser re t ir ada v ia comu t ador

1.4 – FUNDAMENTAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DAS MÁQUINAS ELÉTRICAS

Conhecer alguns conceitos é fundamental para compreendermos, o princípio


de funcionamento das máquinas elétricas. São eles: o magnetismo e o
eletromagnetismo.

1.4.1 – MAGNETISMO

Campo magnético: É todo espaço que circunda o imã onde a força


magnética age e podem ser salientes ou consequentes.

Capítulo 1 – Máquinas Elétricas 8


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F igu r a de u m imã e o e spa ço on de se u campo magn é t ico e x e r ce su a in flu ê n cia

Linhas de força: São linhas imaginárias usadas para representar


graficamente um campo magnético. Suas principais características são:
 São contínuas e sempre formam circuitos fechados
 Nunca se cruzam;
 Circulam do norte para o sul externamente;
 Circulam do sul para o norte internamente
 São elásticas; e
 Atravessam todos os materiais magnéticos ou não.

Obs.: Não existe isolante para o magnetismo.

Lin h as de for ça do campo magn é t ico

Força magnetomotriz: É a força que causa o aparecimento do campo


magnético. É similar a voltagem el
Unidade – ampér ou ampér-espira
Símbolo – F

Obs.: Em um condutor reto F = I (corrente);


Em uma bobinaF = N x I, onde “N” é o número de espiras.

Fluxo magnético: É o número total de linhas de força usadas na


representação do campo magnético. É similar a corrente elétrica.
Unidade – Weber (Wb)
Símbolo –  (Fi)

Capítulo 1 – Máquinas Elétricas 9


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Obs.:

“Quando um condutor é submetido a um campo magnético, e este campo


variar do máximo a zero, no tempo de 1 segundo, provocando o aparecimento de
1 volt nos seus terminais dizemos que o fluxo magnético é de 1 weber’’.

Relutância: É o inverso da permeância. É a oposição que um circuito oferece


ao estabelecimento do campo magnético, varia diretamente com o comprimento
do circuito e inversamente com a área da seção reta e a permeabilidade. É similar
e resistência elétrica.
Unidade – ampér / weber (A/Wb)
Símbolo – R (Rells)

Onde:
R = relutância;
P = permeância em weber/ampér;
= permeabilidade;

Lei de Rowland: Esta lei é similar a lei de OHM dos circuitos elétricos.
“O fluxo magnético é diretamente proporcional a força
magnetomotriz e inversamente proporcional a relutância.”


Onde:
 = fluxo magnético em Weber;
F = força magnetomotriz em ampér ou ampér-espira
R = relutância em A/Wb

1.4.2 – ELETROMAGNETISMO

É o estudo do magnetismo quando produzido pelo fluxo de corrente elétrica


ou da eletricidade quando produzida pelo magnetismo.
Obs.: O fluxo de corrente elétrica SEMPRE produzirá alguma forma de
magnetismo.

O magnetismo é o meio mais usado para a produção e utilização de


eletricidade. O comportamento da eletricidade sob certas condições é causado por
influências magnéticas.

Eletroímãs: É um dispositivo elétrico constituído de um condutor em forma


de espiral em torno de um núcleo de material ferromagnético, cuja finalidade é
intensificar o campo magnético.

Capítulo 1 – Máquinas Elétricas 10


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Histerese: É uma propriedade apresentada pela substância magnética que
provoca o atraso da magnetização em relação a força que a produz.

Consequência da histerese: A principal consequência do fenômeno da


histerese é o aquecimento dos diversos equipamentos que utilizam o fenômeno do
magnetismo como princípio de funcionamento. Este aquecimento é devido a
fricção molecular que ocorre no momento da aplicação da força coercitiva,
principalmente em equipamentos de corrente alternada como transformadores.
Então os seus núcleos deverão possuir um material de alta permeabilidade, para
atenuar essas perdas.

Indução eletromagnética:
Lei de Faraday – “Sempre que houver um movimento relativo entre um
condutor e um campo magnético, será induzida no condutor uma FEM.”
Explicação – Um condutor ao ser submetido a um campo magnético variável,
ou seja móvel, terá entre seus extremos uma FEM, que é conhecida como
induzida. Esta mesma FEM, poderá ser induzida aproximando-se e afastando-se o
condutor de um campo fixo.

Obs.: O valor da tensão induzida em um condutor submetido a um campo


magnético variável é proporcional a rapidez com que o fluxo varia.

Expressão matemática –

Lei de Lenz – “A fem induzida em qualquer circuito, é de polaridade tal


que se opõe ao efeito que a produziu.”
Sentido da FEM induzida (regra de Fleming) – Dispondo os dedos polegar,
indicador e médio da mão esquerda perpendiculares entre si, o dedo polegar
indicando o sentido do movimento do condutor; o dedo indicador indicando o
sentido do campo magnético, o dedo médio, indicará o sentido da FEM induzida.

Indutância: É a característica de um circuito ou de um condutor de se opor à


variação do fluxo de corrente. A indutância exerce sobre a corrente, a mesma
influência que a inércia exerce sobre uma determinada. A inércia é a característica
da massa de se opor a variação de movimento.

Capítulo 1 – Máquinas Elétricas 11


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1.5 – EXERCÍCIOS

1) Qual o nome do fenômeno magnético que faz surgir as linhas de força de um


imã?

a) ( ) Força magnética
b) ( ) Linhas de força
c) ( ) Relutância
d) ( ) Força magneto motriz

2) É a oposição ao surgimento das linhas de força. Toda substância possui, em


maior ou menor valor:

a) ( ) Relutância
b) ( ) Permeância
c) ( ) Resistência
d) ( ) Condutância

3) Qual é a definição de fluxo magnético?

a) ( ) Total de linhas de força


b) ( ) Corrente magnética
c) ( ) Polos magnéticos
d) ( ) Força magneto motriz

4) O fluxo magnético é diretamente proporcional a força magneto motriz e


inversamente proporcional a relutância. Este enunciado corresponde a Lei de:

a) ( ) Ohm
b) ( ) Lenz
c) ( ) Rowland
d) ( ) Kirchoff

5) Como chamamos o fenômeno do magnetismo que provoca o atraso da curva de


magnetização?

a) ( ) Corrente parasita
b) ( ) Histerese
c) ( ) Atrito magnético
d) ( ) Resistência

6) Quando houver movimento relativo entre um campo magnético e um condutor,


uma força eletromotriz será induzida neste condutor. Este enunciado é da Lei de:

a) ( ) Ohm
b) ( ) Lenz
c) ( ) Faraday
d) ( ) Kirchoff

Capítulo 1 – Máquinas Elétricas 12


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7) Como os motores são feitos para diminuir os efeitos da histerese?

a) ( ) Laminar o núcleo
b) ( ) Núcleo altamente permeável
c) ( ) Núcleo com alta relutância
d) ( ) Núcleo paramagnético

8) É um dispositivo constituído de um condutor enrolado em torno de um núcleo


de ferromagnético, estamos falando do:

a) ( ) Eletroímã
b) ( ) Imã
c) ( ) Rotor
d) ( ) Ampère espira

9) Toda tensão induzida se opõe a tensão indutora, este enunciado diz respeito a
Lei de:

a) ( ) Faraday
b) ( ) Ohm
c) ( ) Ampère
d) ( ) Lenz

10) Podemos dizer que a indutância é a:

a) ( ) Oposição à passagem da corrente


b) ( ) Oposição à tensão
c) ( ) Oposição à variação da corrente
d) ( ) Oposição à variação da tensão

Capítulo 1 – Máquinas Elétricas 13


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CAPÍTULO 2

MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS


2.1 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

O motor de indução tem seu princípio de funcionamento baseado na indução


eletromagnética. Sua função é converter energia elétrica em energia
mecânica. Ao aplicarmos tensões defasadas nas bobinas de campo do motor
trifásico, surgirá um campo magnético “girante”. Este campo magnético girante irá
induzir uma tensão no rotor do motor.

C on v er são de e n er g ia e lé tr ica e m e n e r gia me cân ica

O campo magnético induzido, segundo a Lei de Lenz, terá polaridade oposta à


tensão indutora. Por este fato, o campo induzido será atraído (polos apostos de
uma imã se atraem) pelo campo indutor e girará por atração magnética.

M ot or de in du ção

Capítulo 2 – Motores de Indução Trifásicos 14


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2.2 – PARTES COMPONENTES DO MOTOR DE INDUÇÃO

Rotor – é a parte girante da máquina e constituída basicamente por um eixo,


por um circuito magnético e por um ou mais enrolamentos. É comum possuir
também um ventilador para bombear para fora o calor gerado internamente.

R ot or t ipo gaiola de e squ ilo

Estator – é a parte estática da máquina, composta de um circuito magnético


e um ou mais enrolamentos.

E s tato r d o mo to r d e i nd uç ão

Carcaça– serve como suporte para o rotor e o estator. Nas máquinas CC a


carcaça faz parte do circuito magnético do estator.

Car c aç a d o mo to r d e i nd uç ão e s eu es tato r l ami nad o

Capítulo 2 – Motores de Indução Trifásicos 15


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Bobina de Campo – responsável pela magnetização do circuito magnético da
máquina;

B obin as de campo se n do colo cadas n o e st at or

2.3 – CAMPO GIRANTE

A partir de enrolamentos distribuídos simetricamente no estator do motor,


aplicando-se tensões polifásicas de amplitude constante e defasadas em graus
simétricos, surgirá nos enrolamentos um campo magnético que girará na
velocidade síncrona.

De se n v olv ime n t o do campo gir an t e

2.3.1 – VELOCIDADE DO CAMPO GIRANTE

A velocidade do campo girante em um motor de indução é chamada


velocidade síncrona. Como já mencionado, essa velocidade depende da
frequência da tensão trifásica de alimentação do motor. Quanto maior a
frequência, maior a velocidade. Porém, os motores de indução podem ser
construídos com número de pólos diferentes de dois e, nesse caso, o número de
pólos precisa ser levado em conta. Para motores de indução, a relação entre
velocidade do campo girante, frequência da tensão e número de pólos é a mesma
deduzida, anteriormente, para os alternadores, ou seja:

Capítulo 2 – Motores de Indução Trifásicos 16


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Onde:
Ns: velocidade síncrona do campo girante (em RPM)
120: constante trifásica
f: frequência da rede
p: número de pólos

2.4 – CONJUGADO

O campo girante dos enrolamentos do estator corta os condutores do rotor e


induz neles uma tensão. Flui corrente no rotor porque as espiras do rotor estão
curto circuitadas. O torque resultante tende a girar o rotor no sentido de rotação
do campo girante. O torque é proporcional ao produto da corrente, da intensidade
do campo e do fator de potência.
O conjugado motor é produzido pela reação das correntes do rotor sobre o
campo girante. As correntes acham-se defasadas de um ângulo “” em atraso
sobre as FEM induzidas no rotor (E R) em virtude da resistência (R r) e da reatância
indutiva (Xl2) dos enrolamentos ou barras do rotor.

C ir cu it o e qu iv ale n te de u ma fase do mot or de in du ção

O conjugado desenvolvido é proporcional ao produto do fluxo, pela corrente e


Cosseno do ângulo de defasagem.

C = K x I x IR x Cos R
C: conjugado.
K: é uma constante de torque para o nº de pólos, tipo de enrolamento, etc
I: fluxo de entreferro
IR x Cos R: é o componente da corrente do rotor em fase com o fluxo

2.5 – VELOCIDADE DO ROTOR

As características de funcionamento normal de um motor de indução ocorrem


no intervalo entre o funcionamento a vazio e à plena carga.

Condição a vazio: A vazio o escorregamento (deslizamento) é muito


pequeno (fração de 1%), e a frequência do rotor, sua reatância e sua FEM
induzida são todas muito pequenas. A corrente do rotor será pequena e apenas o
suficiente para produzir o torque necessário para superar as perdas do motor a
vazio. Pode ser comparado ao motor paralelo de CC: o aumento de deslizamento
(e também da frequência do rotor e da força eletromotriz induzida no rotor)

Capítulo 2 – Motores de Indução Trifásicos 17


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produz um aumento na corrente do rotor e no fator de potência necessários a
contrabalançar o torque aplicado.
Fórmula da frequência do rotor:

Onde:

S: deslizamento
fs = frequência da rede (no estator)
100 = constante.

Condição de meia carga: Quando uma carga mecânica é aplicada ao rotor,


a velocidade decresce um pouco. O pequeno decréscimo na velocidade causa um
aumento no deslizamento, na frequência do rotor, na sua reatância e na força
eletromotriz induzida. O aumento da corrente induzida no rotor reflete-se num
aumento da corrente do estator.

Condição de plena carga: O motor girará a um valor de deslizamento que


promove o equilíbrio entre o torque aplicado e a corrente do rotor.
À medida que mais carga for aplicada, maior será o deslizamento.

2.6 – DESLIZAMENTO

Deslizamento absoluto: É a diferença entre a velocidade do campo girante


e a velocidade do rotor.

Sa: N1– N2.


S: deslizamento (RPM).
N1:velocidade síncrona (campo girante do estator em RPM).
N2: velocidade do rotor (RPM).

Deslizamento relativo (Sr): É a razão entre o deslizamento absoluto e


velocidade síncrona. É expresso em percentagem.

2.7 – FREQUÊNCIA INDUZIDA

A frequência das tensões induzidas no rotor varia inversamente com a


velocidade do rotor desde um máximo (frequência de linha) com o motor em
repouso à frequência zero na velocidade síncrona. O escorregamento também
varia desde um valor máximo para o rotor em repouso até zero à velocidade
síncrona.
A frequência do rotor pode ser expressa como uma função da frequência do
estator e do deslizamento.

Capítulo 2 – Motores de Indução Trifásicos 18


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fr = fs x S
fr = Frequência da tensão senoidal e das correntes induzidas no rotor a um
dado deslizamento (Hz).
S = Deslizamento em porcentagem.
fs = Frequência do estator (campo girante), em Hz.

Exemplo: Um motor de indução trifásico com 4 pólos opera a freqüência de


60 Hz e tem um deslizamento a plena carga de 5%. Calcule a freqüência do rotor.

1) No instante da partida:

para Nr = 0

fr = fs x S fr = 60 x 1 f r = 60 Hz

2) A plena carga:

Para S = 5% fr = 3 Hz

2.8 – RENDIMENTO

Perdas: As perdas em um motor de indução incluem:

 Perda no cobre ( do estator e perda ( ) do rotor.


 Perdas no núcleo do rotor e do estator (histerese e correntes parasitas).
 Perdas por atrito (perdas mecânicas devido ao atrito nos rolamentos e
ventilação do rotor, etc.)

Obs.: Para todos os fins práticos as perdas no núcleo por atrito são
consideradas constantes para todas as cargas de um motor de indução com
pequeno deslizamento.

Eficiência: É igual a relação da potência de saída para a potência de entrada


e para carga total , ela variaentre 85% para pequenos motores até mais de 90%
para motores de grande porte.

Rendimento: É a relação expressa em percentagem, entre a potência


produzida ou fornecida por um motor e a potência por ele absorvida, ou seja, é a
perda de energia útil na etapa de transformação da energia mecânica, segundo a
seguinte fórmula:

Onde:

η = rendimento em porcentagem
Ps = potência de saída (é a potência mecânica, podendo ser em CV ou HP)
Pe = potência de entrada (potência elétrica)

Capítulo 2 – Motores de Indução Trifásicos 19


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Obs:
1 CV corresponde a 736Watt.
1 HP corresponde a 746Watt.

2.9 – LIGAÇÕES DE MOTORES TRIFÁSICOS PARA VÁRIAS TENSÕES

O motor trifásico tem as suas bobinas distribuídas no estatore ligadas de


modo a formar três circuitos simétricos distintos, chamados de fase de
enrolamento. Essas fases são interligadas, formando ligações em estrela, ou em
triângulo para o acoplamento a uma rede trifásica. Para isso, deve-se levar em
conta a tensão na qual irá operar.

Fechamento delta paralelo: É utilizado para a tensão de 220V.

Fechamento dos motores de indução trifásicos de seis terminais:

- Ligação em triângulo:

F e ch ame nt o de lt a par ale lo


- Ligação estrela:

F e ch ame nt o e str e la

Capítulo 2 – Motores de Indução Trifásicos 20


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Motor de doze terminais:

Diagrama esquemático do
fechamento delta paralelo para
220V.

L1 = 1 – 7 – 6 – 12

L2 = 2 – 8 – 4 – 10

L3 = 3 – 9 – 5 - 11

F e ch ame nt o doz e t e r min ais par a 2 20 V parale lo.

Diagrama esquemático do
fechamento estrela paralelo
para 380V.

L1 = 1 – 7

L2 = 2 – 8

L3 = 3 – 9

Terminais comuns:
4 – 10 – 5 – 11 – 6 – 12

F e ch amen t o do z e t er min ais par a 3 80 V par ale lo

Diagrama esquemático do
fechamento delta série para
440V.

L1 = 1 – 12

L2 = 2 – 10

L3 = 3 – 11

Terminais comuns:
4–7e5–8e6–9
F e ch amen t o do z e t er min ais par a 4 40 V par ale lo

Capítulo 2 – Motores de Indução Trifásicos 21


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Diagrama esquemático do
fechamento estrela série para
760V.

L1 = 1
L2 = 2
L3 = 3

Terminais comuns:
4–7e5–8e6–9

10 – 11 – 12

F e ch ame nt o doz e t e r min ais par a 7 60 V sér ie

Capítulo 2 – Motores de Indução Trifásicos 22


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2.10 – EXERCÍCIOS

1) Qual é o princípio de funcionamento do motor de indução?

a) ( ) Repulsão magnética
b) ( ) Lei de Ohm
c) ( ) Indução eletromagnética
d) ( ) Lei de Ampère

2) Como é possível criar um campo magnético girante?

a) ( ) Aplicando-se tensões monofásicas assimétricas


b) ( ) Aplicando-se tensões trifásicas simétricas
c) ( ) Movimentando-se os enrolamentos eletricamente
d) ( ) Aplicando-se tensões rotativas no rotor do motor

3) De quais fatores depende a velocidade síncrona?

a) ( ) Tensão e corrente
b) ( ) Potência e corrente
c) ( ) Número de polos e frequência da rede
d) ( ) Frequência da rede e do torque

4) Chamamos a diferença de velocidade entre o campo girante e a do rotor?

a) ( ) Deslizamento b) ( ) Desdobramento
c) ( ) Indutância d) ( ) Torque

5) Qual é a definição de eficiência?

a) ( ) Capacidade de realizar trabalho


b) ( ) Relação entre potência de saída e a de entrada
c) ( ) Capacidade de produzir perdas
d) ( ) são as perdas do motor

6) Identifique abaixo uma das perdas do motor de indução:

a) ( ) torque
b) ( ) campo girante
c) ( ) corrente parasita
d) ( ) rendimento

7) A voltagem de 220V, deve ser aplicada a motores trifásicos de seis terminais,


fechados de que maneira?

a) ( ) Delta série b) ( ) Delta paralelo


c) ( ) Estrela série d) ( ) Estrela paralelo

Capítulo 2 – Motores de Indução Trifásicos 23


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CAPÍTULO 3

MOTORES MONOFÁSICOS
3.1 – FASE DESDOBRADA

Quando se aplica uma FEM monofásica ao estator de um motor monofásico,


origina-se uma corrente magnetizante que gera um campo magnético alternado
na direção do eixo do enrolamento. Esse campo não é girante porque os binários
motores (conjugados) atuam em sentidos opostos e não há momento de arranque
para fazer o rotor girar automaticamente.

M ot or mon ofásico

M ot or mon ofásico ape n as com e nr olame n t o pr in cipal (campo pu lsan t e )

Capítulo 3 – Motores Monofásicos 24


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Em virtude do motor monofásico não arrancar (partir) por si próprio,
necessita, por isso, de algum meio auxiliar para a partida. Após um giro inicial o
motor continuará a girar desenvolvendo um conjugado próprio ajudado pela
inércia do rotor no sentido de rotação em que se lhe aplique o impulso de
arranque.
Normalmente os meios auxiliares para o arranque consistem em introduzir no
estator um enrolamento auxiliar independente ligado em paralelo ao bobinamento
principal.

3.1.1 – MOTOR DE FASE DESDOBRADA (OU FASE DIVIDIDA)

O motor com fase divida é dotado de um estator laminado onde ficam


alojados em ranhuras um enrolamento auxiliar (de partida) e um enrolamento
principal (de trabalho, de funcionamento), como mostra a figura abaixo.

M ot or mon ofásico com fase div idi da

A defasagem entre os enrolamentos, principal e auxiliar é obtida com o uso


de um enrolamento auxiliar que possui uma maior resistência e uma menor
indutância em relação ao enrolamento principal.

Características dos enrolamentos:

Principal: Muitas espiras de fio grosso, baixa resistência e elevada reatância.


Devido à sua impedância mais baixa a corrente no enrolamento principal é maior
que no enrolamento de partida.

Auxiliar: Tem menos espiras que o principal e é enrolado com fio de


diâmetro menor. Elevada resistência e baixa reatância.

Os eixos dos dois enrolamentos estão deslocados de um ângulo de 90º.


No início de funcionamento o enrolamento principal e o auxiliar funcionam em
paralelo (só na partida). Quando o motor atinge 75% da sua velocidade, um
interruptor centrífugo retira o campo auxiliar e o componente defasador.

Capítulo 3 – Motores Monofásicos 25


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3.1.2 – MOTOR DE FASE DESDOBRADA COM PARTIDA À RESISTÊNCIA

O motor de fase desdobrada com partida à resistência é normalmente um


motor fracionário. Possui baixo torque de partida.
Para inverter-se o sentido de rotação de qualquer motor de fase dividida é
necessário inverter-se as ligações do enrolamento auxiliar de partida em relação
as do enrolamento principal de funcionamento.
O motor de fase dividida com partida à resistência é classificado como não
reversível.

Reversível: inverte a rotação em funcionamento.

No tipo partida à resistência é necessário que o motor pare a rotação para


que o sentido de rotação possa ser invertido.

3.1.3 – MOTOR DE FASE DIVIDIDA COM PARTIDA A CAPACITOR

O motor com partida a capacitor é uma forma modificada do motor de fase


dividida por resistência.
Nesse tipo de motor é inserido um capacitor em série com o enrolamento de
partida, produzindo com isso um defasamento de aproximadamente 90º entre as
correntes nos enrolamentos de partida e do principal.
Apresenta um maior torque em relação ao de partida à resistência.

M ot or de fase div idida com par t ida a capac it or

Potências e capacitâncias características:

POTÊNCIA (HP) 1/8 1/16 1/4 1/3 1/2 3/4


CAPACITÂNCIA (nF) 80 100 135 175 250 350

Capítulo 3 – Motores Monofásicos 26


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3.1.4 – MOTOR DE FASE DIVIDIDA COM CAPACITOR PERMANENTE

O motor com capacitor permanente é elaborado com dois enrolamentos


idênticos, como mostra a figura abaixo. Essa característica permite a reversão no
sentido da rotação do motor e, também, permite a permanência dos dois
enrolamentos em funcionamento.

M ot or de fase div idida com capac it or pe r man e nt e

Portanto, este tipo de motor não requer chave centrifuga. O capacitor


utilizado é projetado para uso contínuo e é do tipo a óleo.
Tem torque de partida menor que o partida a resistência e partida a
capacitor.
Possui como vantagem o controle da velocidade através da variação da
tensão aplicada e é muito silencioso.

Utilização: ventiladores e exaustores.

3.1.5 – MOTOR A DUPLO CAPACITOR

Combina as vantagens da operação silenciosa e do controle de velocidade de


um motor a capacitor permanente com o torque de partida elevado de um motor
com partida a capacitor. Utilizam dois capacitores durante o período de partida,
como mostra a figura abaixo.

Capítulo 3 – Motores Monofásicos 27


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M ot or a du plo capacit or

Um dos capacitores, o eletrolítico de partida, (10 a 15 vezes maior que o de


funcionamento) é desligado do circuito através da chave centrífuga.
O outro capacitor é do tipo a óleo.É um motor do tipo reversível.

3.2 – PÓLOS SOMBREADOS

Consiste de um anel de cobre que curto circuita o núcleo do motor


intensificando o fluxo magnético nas proximidades do anel. Na parte do núcleo
onde não possui o anel o fluxo é menos intenso e assim é criado um campo
magnético girante que circula pelo núcleo do motor.

3.3 – SÍNCRONOS

O motor síncrono monofásico, assim como o síncrono trifásico, necessita de


uma alimentação contínua nos enrolamentos do rotor.
Após a partida do motor monofásico, por um dos métodos anteriormente
citados, terá o seu enrolamento de campo excitado por uma alimentação contínua
que irá ser atraída pelo campo girante do estator. Uma vez atraído o rotor girará
na mesma velocidade do campo girante, até o valor máximo de carga que seu
projeto suportar.

Capítulo 3 – Motores Monofásicos 28


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3.4 – REPULSÃO

O estator de um motor à repulsão é idêntico ao de um motor de indução no


qual as ranhuras estejam uniformemente distribuídas na periferia do estator. O
enrolamento é também um enrolamento padronizado de dois, quatro ou seis
pólos, distribuído em volta do estator de forma que se produzam os pólos
necessários. Não se utilizam enrolamento auxiliares. A estrutura do estator é
idêntica a qualquer motor de indução monofásico.
O rotor de um motor de repulsão é semelhante à armadura de um motor de
corrente contínua, normalmente de enrolamento imbricado, com um ou mais
pares de escovas, dependendo do número de pares de pólos do enrolamento do
estator. Estas escovas são, entretanto, curtocircuitadas (podendo girar de forma a
alterar a posição).
De acordo com a Lei de Lenz, uma FEM induzida que se opõe ao fluxo do
campo, estabelecer-se-á na armadura. As FEM induzidas combinam-se
vetorialmente em cada um dos dois caminhos, para produzir uma polaridade
instantânea positiva na escova esquerda e uma polaridade negativa na direita. A
corrente máxima circula pelo condutor que liga as duas escovas em curto.
Quando se inverte o campo, 180 graus elétricos mais tarde, inverte-se
também a polaridade das escovas.

3.5 – REPULSÃO INDUÇÃO

Caso curto circuitemos completamente o comutador de um motor de repulsão


ele produzirá um rotor bobinado do tipo gaiola de esquilo.
O motor de repulsão indução é capaz de torques de partida extremamente
elevados, enquanto que outros motores monofásicos, funcionando segundo o
princípio de indução não possuem essa capacidade de torque de partida.
Estes fatos levaram ao desenvolvimento inicial do motor de indução
monofásico. Sua eficiência e simplicidade na construção, fizeram deste motor um
sucesso em vendas.
O motor de indução com partida à repulsão parte (conforme indica o seu
nome) como um motor de repulsão, com as escovas colocadas na posição
correspondente ao torque máximo. Quando se atinge cerca de 75% da velocidade
síncrona um dispositivo centrífugo embutido coloca em curto as barras do
comutador, tornando a armadura idêntica a de um rotor gaiola. O motor então
passa a funcionar como um motor de indução.

Capítulo 3 – Motores Monofásicos 29


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M ot or de r e pu lsão -in du ção e se u diagr ama e squ e mát ico

Desvantagens: Requer maior manutenção, difícil reversão, maior custo,


apresenta maior ruído, produz interferência em rádio e TV. Geralmente é utilizado
para potências acima de1 HP, pois, possui um elevado torque.

Vantagens: Torque de partida elevado; regulação de velocidade elevada e


desenvolve torque mesmo sob elevadas cargas aplicadas subitamente.

3.6 – SÉRIE UNIVERSAL

Este motor é conhecido como motor universal e é construído como um motor


série de CC, embora necessite de algumas modificações para poder funcionar
satisfatoriamente em CA (trabalha com qualquer freqüência). Tem grande
variação de velocidade entre o funcionamento a plena carga e em vazio.

M ot or sér ie un iv e r sal

O motor série monofásico de CA é quase que o único motor de pequeno


tamanho empregado na tração elétrica. O conjugado de partida e as
características de velocidade são adequadas para esse serviço.
A velocidade regula-se variando a tensão aplicada ao motor.
Para inverter o sentido de rotação trocam-se as ligações ou do campo ou da
armadura.
Os motores série assemelham-se muito quanto a estrutura, funcionamento e
características de rotação aos motores de corrente contínua.

Capítulo 3 – Motores Monofásicos 30


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Algumas modificações:

- Laminas mais finas (reduz perdas por correntes parasitas);


- Número menor de espiras no campo (reduz histerese e quedas por I.XL);
- Maior número de pólos (melhora o torque); e
- Mais condutores na armadura (aumenta o fluxo).

3.7 – LIGAÇÕES DE MOTORES MONOFÁSICOS PARA VÁRIAS TENSÕES

Os motores monofásicos podem ser projetados para trabalhar com mais de


uma tensão, ou seja, 127V ou 220V.
Isto é possível alterando-se as ligações dos terminais do motor.
Na ligação para 127V (figura 3.11) o enrolamento principal é ligado em
paralelo entre si, portanto, terá uma menor impedância e uma maior corrente
nominal de linha.
Já a ligação para 220V (figura 3.12) o enrolamento principal é fechado em
série e, com isto, aumenta a impedância e diminui a corrente nominal de linha.

Diagrama esquemático do fechamento para 127V:

F e ch ame nt o par a 1 27 V par ale lo

Observe que o enrolamento principal está ligado em paralelo, ou seja, há dois


caminhos para a corrente. Outro ponto a ser observado é o sentido da corrente
em cada bobina. Eles precisam ser opostos para que formem pólos magnéticos
sucessivos opostos.

Numeração do fechamento:

Linha 1 (L1) = 1 – 2 – 5
Linha 2 (L2) = 3 – 4 – 6

Capítulo 3 – Motores Monofásicos 31


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Diagrama esquemático do fechamento para 220V:

F e ch ame nt o par a 2 20 V sér ie .

Observe que no fechamento 220V o enrolamento principal tem todas as


bobinas ligadas em série, assim, aumenta-se a impedância e diminui-se a corrente
de linha. Já o enrolamento auxiliar permanece ligado em série como no paralelo,
porém, o terminal 6 está ligado na junção dos terminais dois (2) e três (3), dessa
forma o enrolamento auxiliar receberá apenas 110V, ou seja, a metade dos 220V
aplicados na linha.

Numeração do fechamento:

Linha 1 (L1) = 1 – 5
Linha 2 (L2) = 4
Junção = 2 – 3 – 6

Capítulo 3 – Motores Monofásicos 32


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3.8 – EXERCÍCIOS

1) Por que o motor monofásico necessita de um dispositivo de partida?

a) ( ) Não tem torque de partida


b) ( ) Não tem corrente alternada
c) ( ) Não possui bobinas de arranque
d) ( ) Suas correntes não são defasadas

2) O motor de fase desdobrada possui quantos e quais enrolamentos?

a) ( ) Três, trifásicos
b) ( ) Três, sem defasagem
c) ( ) Dois, auxiliar e principal
d) ( ) Dois, principal e trifásico

3) O enrolamento auxiliar de um motor monofásico, possui as seguintes


características:

a) ( ) maior resistência e menor indutância


b) ( ) maior resistência e maior indutância
c) ( ) menor resistência e menor indutância
d) ( ) menor resistência e maior indutância

4) Qual é o ângulo de deslocamento entre os enrolamentos principal e auxiliar?

a) ( ) 30°
b) ( ) 45°
c) ( ) 60°
d) ( ) 90°

5) Nos motores monofásicos, o enrolamento auxiliar é retirado com quantos


porcentos da velocidade nominal?

a) ( ) 100%
b) ( ) 75%
c) ( ) 50%
d) ( ) 25%

6) Como podemos inverter o sentido de rotação dos motores de fase dividida?

a) ( ) Trocando os enrolamentos de posição


b) ( ) Invertendo-se os terminais do enrolamento auxiliar
c) ( ) Invertendo-se os terminais do enrolamento principal
d) ( ) Aumentando a resistência dos enrolamentos

Capítulo 3 – Motores Monofásicos 33


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7) Para que é acrescentado um capacitor nos motores monofásicos de fase
desdobrada?

a) ( ) Aumentar o defasamento entre os campos principal e auxiliar.


b) ( ) Diminuir o defasamento entre os campos principal e auxiliar.
c) ( ) Alternar o defasamento entre os campos principal e auxiliar.
d) ( ) Manter o defasamento entre os campos principal e auxiliar.

8) Dentre as características abaixo, qual pertence ao motor monofásico síncrono:

a) ( ) Necessita de uma alimentação CC.


b) ( ) Precisa de anéis para pôr em curto.
c) ( ) Necessita de interruptor centrífugo.
d) ( ) Precisa de enrolamento imbricado.

9) Qual é o motor monofásico de corrente alternada e de pequeno porte que pode


ser utilizado para serviços de tração?

a) ( ) Fase dividida com capacitor de partida


b) ( ) Fase dividida com capacitor permanente
c) ( ) Série universal
d) ( ) Síncronos

10) Nos motores monofásicos pra 127V, como estão ligados os enrolamentos do
campo principal?

a) ( ) Em série entre si
b) ( ) Em estrela
c) ( ) Em paralelo entre si
d) ( ) triângulo

Capítulo 3 – Motores Monofásicos 34


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CAPÍTULO 4

MOTORES SÍNCRONOS TRIFÁSICOS


4.1 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

É um tipo de motor em que o rotor gira com a mesma velocidade do campo


magnético do estator, ou seja, o rotor está em sincronia com o estator.
Com exceção de algumas modificações que tornam a sua operação mais
eficiente o motor síncrono é bastante similar ao gerador de CA de campo rotativo
com pólos salientes. Por exemplo: um gerador de 8 pólos, alimentado com
frequência de 60Hz, girará na velocidade de 900 RPM.

M ot or sín cr on o

De maneira similar às máquinas de CC, que são reversíveis, um gerador de


CA se comporta como um motor síncrono se for fornecida potência elétrica externa
aos seus terminais de saída. Em outro exemplo: suponha que dois geradores de
CA de tipo pólo saliente operam em paralelo alimentando a mesma barra. Se for
desligada a conexão mecânica de tração em um dos geradores, ele se tornará um
motor síncrono e continuará a girar na mesma velocidade anterior, drenando
potência elétrica do outro gerador.

A lt e rn ador e mot or sín cr on o

Deve-se notar que sendo a frequência de alimentação e também o número de


pólos constantes, o motor síncrono é essencialmente uma máquina de velocidade
constante.

Capítulo 4 – Motores Síncronos Trifásicos 35


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4.2 – CONSTRUÇÃO

Basicamente a construção de um motor síncrono CA é a mesma do


alternador. O estator tem um enrolamento mono ou polifásico idêntico ao do
alternador. O rotor geralmente é de pólos salientes, exceto nos tipos que têm
velocidade excessivamente elevadas.

Rotor: recebe CC (produz campo magnético fixo).


Estator: recebe CA (produz campo magnético rotativo).

Como não existe torque de partida no motor síncrono, os pólos do rotor


contêm condutores nas faces polares, que são curto circuitados nas suas
extremidades. Estes “enrolamentos amortecedores” consistem de barras sólidas
de cobre embutidas na superfície da face polar e curto circuitados em cada
extremidade por meio de anéis.
Num instante um pólo norte é atraído por um pólo sul do estator que se
aproxima produzindo torque anti-horário, no instante seguinte o mesmo pólo
norte é atraído no sentido oposto por um pólo sul passante que produz um torque
no sentido horário, sendo depois nulo.
O torque resultante é nulo na partida do motor.

Explicação: Ambos os pólos (norte e sul) serão submetidos ao torque


eletromagnético (regra Fleming) movimentando os condutores em sentidos
contrários. O sentido do fluxo magnético inverte-se no instante seguinte
invertendo o sentido da corrente, invertendo o torque no sentido oposto. Devido à
inércia do motor o torque resultante produzido em um segundo é zero. Entretanto,
se de alguma forma o rotor se movimentar numa velocidade próxima a da
velocidade síncrona, haverá um torque desenvolvido pelos lados da bobina A e B,
o que fará o rotor continuar a se movimentar.
Assim, um pólo norte do rotor está em sincronismo com um pólo sul do
estator, e vice-versa, ambos girando em sincronismo na velocidade síncrona.
Se o torque resultante for tão grande que supere o torque máximo
desenvolvido e se o rotor sair do sincronismo o motor síncrono parará.

Conclusão:

 Os campos do estator e do rotor reagem um sobre o outro de forma que o


rotor é atraído através de seus pólos pelos pólos do estator de polaridade
contrária.
 O motor síncrono acompanha precisamente a voltagem e a corrente de
alimentação e só poderá manter sua rotação se estiver com a velocidade
síncrona. Se a velocidade for abaixo da velocidade síncrona à atração dos
pólos será desfeita e o motor parará.
 A velocidade síncrona é diretamente proporcional à freqüência e
inversamente proporcional ao número de polos .
 O motor síncrono não tem torque de partida.
 É um motor de velocidade essencialmente constante.
 Pode-se variar o fator de potência do motor através da corrente de
excitação do campo.

Capítulo 4 – Motores Síncronos Trifásicos 36


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Enrolamentos do campo individual, para evitar adição das tensões induzidas
de pólo a pólo. (tensões induzidas altas provocam ruptura nos isolamentos).
Quando se remove o curto circuito do campo e se aplica CC ao e nrolamento
de campo do rotor numa velocidade que é a síncrona ou próxima dela, o rotor
entra facilmente em sincronismo com o campo girante do estator.
Durante a partida do motor síncrono por seus enrolamentos amortecedores:
O enrolamento de campo CC é curto circuitado enquanto se aplica CA no
estator, trazendo o motor até sua velocidade a vazio como um motor de indução
de anéis.
Aplica-se CC ao enrolamento de campo e ajusta-se está corrente para que a
corrente de linha CC seja mínima.

4.3 – PARTIDA

Os torques dos motores síncronos com enrolamentos amortecedores são


geralmente 30 a 50% do torque a plena carga, suficiente para ventiladores,
compressores a ar cujas cargas são função da velocidade e não necessitam de
altos conjugados.
Para maiores torques de partida (para cargas pesadas) a melhor técnica será
utilizar um rotor bobinado,idêntico ao de um motor de indução,ao invés de utilizar
o enrolamento em gaiola nas faces polares, o chamado enrolamento amortecedor
tipo rotor bobinado.
Reconhece-se imediatamente o enrolamento balanceado porque ele utiliza
cinco anéis coletores, doispara enrolamento CC do campo e três para o
enrolamento bobinado do rotor ligado em estrela. Utiliza ainda um grupo de
resistência para melhorar o torque de partida.
O motor parte com toda resistência externa e com os enrolamentos do rotor
curto circuitados. O rotor se aproxima da velocidade síncrona à medida que se
reduz a resistência e quando se aplica uma tensão CC ao campo, o motor entra
em sincronismo.
Com este método conseguimos combinar um torque de partida elevado do
motor de indução de rotor bobinado (até três vezes o torque nominal de plena
carga), com as características de funcionamento de velocidade constante e
correção de fator de potência inerentes ao motor síncrono.

4.4 – APLICAÇÃO INDUSTRIAL

Os motores síncronos são largamente utilizados em serviços que requeiram


velocidade constante independente de alteração de carga.

Capítulo 4 – Motores Síncronos Trifásicos 37


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4.5 – EXERCÍCIOS

1) Qual é a principal característica do motor síncrono?

a) ( ) Grande deslizamento
b) ( ) Alta frequência do rotor
c) ( ) Velocidade constante
d) ( ) Rotor tipo gaiola de esquilo

2) Quanto a alimentação do rotor, o motor síncrono recebe uma alimentação:

a) ( ) trifásica
b) ( ) monofásica
c) ( ) bifásica
d) ( ) corrente contínua

3) Quanto ao torque de partida, os motores síncronos:

a) ( ) não possuem torque de partida


b) ( ) alto torque de partida
c) ( ) baixo torque de partida
d) ( ) médio torque de partida

4) A qual dos fatores abaixo a velocidade síncrona está associada?

a) ( ) Amplitude da tensão
b) ( ) Frequência da rede
c) ( ) Tensão eficaz da rede
d) ( ) Ângulo de fase

5) Qual é a melhor técnica utilizada para auxiliar na partida dos motores


síncronos?

a) ( ) Adicionar um rotor bobinado de indução


b) ( ) Utilizar um motor de arranque
c) ( ) Inverter os polos magnéticos
d) ( ) Alterar a frequência da rede

Capítulo 4 – Motores Síncronos Trifásicos 38


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CAPÍTULO 5

ALTERNADORES
5.1 – CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E ELÉTRICAS

Partes componentes: peças polares, armadura, anéis coletores, mancais,


excitatriz, enrolamento de campo, enrolamento de armadura (fig. 5.1).

Par t e s compon e n te s de u m alt e rn ador

5.1.1 – FUNÇÃO DAS PARTES COMPONENTES

Peças polares: sustentam as bobinas de campo, concentram e aumentam a


intensidade do campo magnético, melhorando a eficiência.

Capítulo 5 – Alternadores 39
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Pe ças polar e s

Armadura: é de onde retira-se a tensão induzida, podendo ser no rotor ou


no estator.

Anéis coletores: são anéis de cobre que servem de contato entre o circuito
interno e o circuito externo do alternador, servindo para a retirada da tensão
gerada quando for através da armadura girante.

R ot or do ge r ador e se u s an é is cole t or e s

Mancais: servem de sustentação para a parte rotativa do gerador.

E ix o se n do fix ado e m se u man cal

Capítulo 5 – Alternadores 40
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Excitatriz: é a fonte externa ao gerador que irá proporcionar uma
alimentação contínua para formar o campo magnético fixo.
Na figura abaixo podemos visualizar o rotor de um gerador de alta potência,
em seu eixo, encontramos o enrolamento de campo (maior) e o enrolamento da
excitatriz (menor e à frente).

E ix o e r ot or do ger ador

Enrolamento de campo: são os enrolamentos onde será aplicada a


alimentação contínua, criando o campo magnético fixo indutor.

Enrolamentos da armadura: são os enrolamentos onde será induzida a


tensão de saída do gerador.
A figura abaixo mostra os alternadores quanto aos enrolamentos da armadura
e de campo.

E x e mplo de e n r olame nt o da ar madur a do ge r ador

Capítulo 5 – Alternadores 41
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
5.1.2 – DESCRIÇÃO DAS PARTES COMPONENTES

Estator: é a parte fixa do gerador, é composto pelas peças polares, bobinas


de campo ou armadura, serve de núcleo e completa o circuito magnético.
Sua construção é de aço silício laminado que atenua o efeito da histerese,
sendo o aço laminado para atenuar os efeitos das correntes parasitas.

Rotor: é a parte móvel que aloja os enrolamentos de campo ou armadura e


os anéis coletores. Também é construído com aço silício laminado.

Excitatriz: é um gerador de CC que fornece energia para excitar o campo do


alternador. Geralmente é de 125 ou 250V, potência de 6 a 8% da potência
máxima do alternador. Normalmente é acoplada ao próprio eixo do alternador.

Regulador de tensão:embora não seja parte do alternador,é essencial ao


seu funcionamento, pois mantém a tensão de saída do alternador constante
apesar das variações de valores de carga.

Tipos de alt e r n ador e s qu an t o ao campo e a ar madur a

5.1.3 – ACIONAMENTO

Os alternadores normalmente são acionados por turbinas ou motores a


combustão.

5.1.4 – TIPOS DE ROTOR

Pólos salientes: são usados em alternadores de baixa rotação, movidos por


motores ou turbinas.

Capítulo 5 – Alternadores 42
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores

G e rador com pólos sal ie n t e s

Rotação:

 a menos de 1200 RPM;


 grande número de pólos;e
 é utilizado em usinas hidrelétricas.

Pólos Cilíndricos: são usados em máquinas de altas rotações, acima de


1200 RPM, normalmente de2pólos e no máximo 4.

G e rador de pólos cilín dr ico s

Independente do tamanho, todos os geradores operam segundo o mesmo


princípio básico:

a) um campo magnético cortando condutores, ou


b) condutores passando através das linhas de força de um campo magnético.

Dessa forma, todo gerador tem pelo menos dois conjuntos distintos de
condutores:

 um grupo de condutores no qual a FEM (força eletromotriz) é gerada ou


induzida e;
 um segundo grupo de condutores pelos quais é feito passar uma corrente
contínua para produzir um campo magnético de polaridade fixa.

Capítulo 5 – Alternadores 43
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
Os condutores onde a tensão de saída é gerada formam os denominados
enrolamentos da armadura.Os condutores onde se produz o campo magnético fixo
formam os enrolamentos de campo.

Armadura girante: o estator fornece campo magnético estacionário. O rotor


atuando como armadura gira dentro do campo magnético e corta as linhas de
força, produzindo-se dessa forma a tensão de saída. São usados em baixa
potência e baixa tensão.

Campo girante: neste tipo de gerador a corrente contínua de uma fonte


externa (excitatriz) flui pelos enrolamentos do rotor através de escovas e anéis.
Isto mantém um campo magnético girante de polaridade fixa (similar ao imã de
barra rotativa).
O campo magnético girante, seguindo o rotor, estende-se para fora e corta os
condutores da armadura que ficam no estator.

5.2 – PRINCÍPIO DE GERAÇÃO DE UMA ONDA CA

Quando um condutor estiver sendo submetido a um campo magnético


variável, ou este condutor estiver se movimentando em relação a um campo
magnético, surgirá neste condutor uma força eletromotriz. O valor desta FEM
obedecerá à Lei de Faraday.

Onde:

N = número de espiras

Equação da tensão instantânea:

e(t) = Emax. seno ɵ


onde:
e(t) = tensão instantânea
Emax = Tensão máxima
ɵ = ângulo de corte entre o campo magnético indutor e as bobinas da
armadura.

5.3 – GRUPO POLAR

É um determinado número de bobinas nas quais é induzida uma FEM no


mesmo sentido e instante.
Encontram-se os grupos polares dos alternadores multiplicando-se o número
de pólos pelo número de fases.

Capítulo 5 – Alternadores 44
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
5.4 – EXERCÍCIOS

1) Qual é o componente do gerador que irá fornecer tensão contínua para formar
o campo magnético fixo?

a) ( ) Peças polares
b) ( ) Excitatriz
c) ( ) Mancais
d) ( ) Anéis coletores

2) É o enrolamento onde será induzida a tensão de saída do gerador:

a) ( ) da armadura
b) ( ) da excitatriz
c) ( ) do mancal
d) ( ) das escovas

3) É o tipo de polo utilizado em rotores de baixa rotação:

a) ( ) cilíndricos
b) ( ) oval
c) ( ) axial
d) ( ) salientes

4) Qual o limite de rotações por minuto (RPM) para o rotor de polos salientes?

a) ( ) 20000
b) ( ) 12000
c) ( ) 1200
d) ( ) 750

5) Como chamamos o enrolamento onde a tensão de saída do gerador é gerada?

a) ( ) Armadura
b) ( ) Campo
c) ( ) Imbricado
d) ( ) Ondulado

6) Os geradores de alta potência possuem o enrolamento de campo:

a) ( ) girante
b) ( ) fixo
c) ( ) imbricado
d) ( ) ondulado

Capítulo 5 – Alternadores 45
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
7) A Lei que determina o valor da tensão induzida em um gerador:

a) ( ) Lenz
b) ( ) Ohm
c) ( ) Ampère
d) ( ) Faraday

8) Os rotores de polos cilíndricos são adequados para velocidades acima de


quantas rotações por minuto (RPM)?

a) ( ) 1200
b) ( ) 2200
c) ( ) 3500
d) ( ) 4400

9) Os geradores convertem energia mecânica em energia elétrica, sendo assim,


necessitam de:

a) ( ) Eletricistas
b) ( ) Máquinas acionadoras
c) ( ) Motor de arranque
d) ( ) Escovas

10) É a parte fixa do gerador:

a) ( ) rotor
b) ( ) ventoinha
c) ( ) estator
d) ( ) fases

Capítulo 5 – Alternadores 46
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores

CAPÍTULO 6

MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA


6.1 – GERADORES E MOTORES DE CC

Dentre as máquinas de corrente contínua, podemos destacar os geradores e


motores de CC. Afigura abaixo ilustra a montagem básica tanto do gerador como
do motor, lembrando que no caso do gerador devemos aplicar energia mecânica
ao eixo e retirar energia elétrica dos terminais, ao passo que no caso do motor
devemos aplicar energia elétrica o rotor e retirar energia mecânica do mesmo.
Pela figura abaixo, verificamos que o rotor tem uma bobina enrolada ao
mesmo e que a mesma é cortada por um fluxo fixo, que na prática correspondente
ao fluxo dos pólos do motor fixados no estator.

C ompon e n t e s de u ma máqu in a básica de cor r en t e con t ín ua

As figuras abaixo nos mostram a configuração física e a representação básica


de um motor CC. Pela figura (a), verificamos a presença da bobina de campo
presa a peça polar e a bobina da armadura presa ao rotor. A bobina da armadura
é ligada ao comutador, que por sua vez está em contato com as escovas. É graças
à escova e ao comutador que é possível alimentar o enrolamento da armadura
(bobina do rotor).

C on figu r ação básica da máqu in a C C

Capítulo 6 – Máquinas de Corrente Contínua 47


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O motor de corrente contínua apresenta quatro terminais acessíveis, dois
para as bobinas de campo (terminais 3 e 4) e dois para as bobinas de armadura
(terminais 1 e 2). Em alguns motores de baixa potência, as bobinas de campo são
substituídas por ímãs permanentes. Neste caso, o motor apresenta apenas dois
terminais de acesso (terminais 1 e 2).
O princípio de funcionamento elementar de um motor de corrente contínua
está baseado na Força mecânica que atua sobre um condutor imerso num campo
magnético, quando sobre ele circula uma corrente elétrica. Observe a figura 6.3.
Na bobina 1, as forças são iguais e opostas, não produzindo nenhuma força de
rotação (torque ou par binário), mas as bobinas 2, 3 e 4 tem sobre elas um torque
Fx tal que impulsiona o rotor para girar, levando consigo a bobina 1, que então
entra na região (da bobina 2)onde estava a bobina 2, e então passa a exercer
uma força de giro também.
Observe que para este esquema funcionar, é necessário inverter o sentido da
corrente da armadura a cada 180º. O elemento que faz a comutação do sentido
da corrente é o comutador.

F or ça de in te ção n as bobin as de u m mot or C C

Sabemos que, quando um condutor está imerso num campo magnético, se


deslocando com uma certa velocidade “v” dentro deste campo, sobre ele é
induzido uma corrente elétrica. Observe que o sentido desta corrente elétrica é
contrário ao sentido mostrado na figura 6.3. Por isso essa força eletromotriz
induzida é chamada de Força-contra-eletromotriz induzida – fcem - simbolizada
pelas letras Ec.
A equação fundamental do torque nos motores é dada por:

Capítulo 6 – Máquinas de Corrente Contínua 48


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Onde:
= Fluxo magnético produzido pelos pólos;
Ia = corrente que circula pelas bobinas da armadura;
K1 = constante construtiva do rotor das máquinas elétricas.

A fcem gerada pelo movimento do motor é dado por:

Onde:
n = número de rotações por minuto;
K2=constante construtiva do campo magnético;

O fluxo magnético, por sua vez, depende da corrente de campo If, pela
seguinte expressão:

Tanto as bobinas de campo como as bobinas de armadura apresentam uma


resistência elétrica à passagem da corrente, e chamamos aqui de Rf e Ra
respectivamente.
Analisando o circuito do rotor, podemos conclui que:

Va = IaRa + Ec
Ec = Va - IaRa

Como Ec varia com a velocidade e o fluxo, podemos substitui Ec na equação


anterior e isolar a velocidade n (em rpm). Então:

Esta equação é fundamental, pois nos diz que a velocidade do motor depende
da tensão aplicada na armadura, da corrente na bobina e do valor do fluxo
magnético. Note que a velocidade do motor tende ao infinito quando o fluxo tende
a zero. Consequentemente, não devemos tirar, sob hipótese alguma, a corrente
de campo, pois o motor “dispara”.
O princípio de funcionamento do motor de corrente contínua também pode
ser baseado na ação de forças magnéticas sobre o rotor, geradas pela interação
do campo magnético criado pelas bobinas de campo com o campo magnético
criado pelas bobinas da armadura, conforme mostra a figura abaixo.
Observa-se que o comutador possui a função de inverter o sentido da
corrente na bobina da armadura em 90º e 270º dando continuidade ao
movimento rotativo do motor.

Capítulo 6 – Máquinas de Corrente Contínua 49


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S e n t ido de r ot ação da ar madur a

6.2 – MODELO MATEMÁTICO DO MOTOR DE CC

Para fins de computo das correntes de armadura e de campo utiliza-se um


modelo clássico de máquinas de CC, que serve a geradores e a motores de CC.
Embora simplificado é bastante adequado para fins de uso prático.

Ka – cte. de projeto da máquina


Rc – resistência ôhmica do
enrolamento do estator
Ra – resistência ôhmica do
enrolamento do rotor
– fluxo de excitação
Ea – tensão gerada no enrolamento
do rotor devido a c

C ir cu it o in t er n o do mot or C C

Capítulo 6 – Máquinas de Corrente Contínua 50


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6.3 – TIPOS DE MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

Os motores CC são divididos de acordo com o tipo de conexão entre as


bobinas do rotor e do estator. Se forem conectados em série, são chamados de
Motor Série. Se for em paralelo, são chamados de Motor Paralelo. Se for misto,
são chamados de Motor Misto ou Composto.

Tipos de mot or e s C C qu an t o a ligação da ar madu r a.

6.3.1 – MOTOR CC SÉRIE

Neste tipo de motor a corrente que circula pelo campo é a mesma que circula
pela armadura. Como o torque é proporcional ao fluxo magnético, que por sua vez
é proporcional à corrente de campo, concluímos que neste motor o torque é dado
por:

R e lação cor r en t e da ar madu r a v ez e s t or qu e e cir cu it o do mot or sé r ie

O torque apresenta uma relação quadrática com a corrente de armadura. A


corrente de armadura é grande na partida, já que Ec é zero, pois não há
movimento do rotor.
Concluí-se, portanto, que o torque de partida do motor série é muito
grande.

Capítulo 6 – Máquinas de Corrente Contínua 51


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Devido a esta característica este motor é utilizado para acionar trens
elétricos, metrôs, elevadores, ônibus e automóveis elétricos, etc. Este motor é
conhecido como motor universal por poder funcionar em corrente alternada,
porém este tipo de aplicação só é viável economicamente para pequenos motores
de fração de CV. A velocidade do motor série é dada por:

Capítulo 6 – Máquinas de Corrente Contínua 52


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R e lação cor r en t e n a ar madu r a v e ze s a v e locidade

Então, no motor série a vazio, com baixa corrente de armadura, a sua


velocidade tende a ser alta, o que é indesejável. Assim, este tipo de motor deve
partir com uma carga mecânica acoplada no seu eixo. Também se percebe que
este motor nunca vai disparar a sua velocidade, pois não depende da corrente de
campo e se a corrente de armadura for a zero, não há torque e sua velocidade cai
a zero também.

6.3.2 – MOTOR PARALELO OU SHUNT

C ir cu it o do mot or par ale lo

No caso do motor Shunt a corrente de armadura somada a corrente de campo


nos dá a corrente da fonte de alimentação do motor. Nesse caso, a tensão
aplicada na armadura é a mesma que é aplicada no campo. Dessa forma o fluxo
magnético produzido pelo campo é praticamente constante, já que IF permanece
praticamente constante. Então, o torque do motor é função apenas da corrente de
armadura.

R e lação cor r en t e da ar madu r a v ez e s t or qu e n o mot or par ale lo

Para a inversão do sentido de rotação nos motores de corrente contínua,


basta inverter as conexões das bobinas de campo ou inverter as conexões da

Capítulo 6 – Máquinas de Corrente Contínua 53


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bobina da armadura. Caso o motor seja de ímã permanente, basta inverter os
terminais da armadura.
Neste tipo de motor, o torque de partida não é tão alto quanto no motor
série, portanto não deve ser usado em cargas que exigem alto torque de partida.
A velocidade do motor paralelo depende de Ia, já que o fluxo é constante, pela
seguinte equação:

R e lação cor r en t e da ar madu r a v ez e s a v e locidade n o mot or par ale lo

Então, se a corrente de armadura for grande (na partida), a velocidade do


motor é pequena e cresce à medida em que aumenta a Ec (que por sua vez
diminui Ia) até alcançar o seu valor nominal. Este motor não tem problemas de
excesso de velocidade na partida sem carga.
A curva ao lado, mostra a velocidade em função da corrente de armadura.

6.3.3 – COMPOSTO CURTO E LONGO

Neste caso também existe apenas uma fonte CC que alimenta tanto a
excitação paralela como a série. A conexão entre os enrolamentos resulta na
excitação composta curta ou longa, com características similares (figura abaixo).

C ir cu it os dos mot or e s comp ost os

6.4 – INVERSÃO NO SENTIDO DE ROTAÇÃO E CONTROLE DE VELOCIDADE

Para inverter o sentido de rotação de qualquer motor CC é necessário inverter


a corrente de armadura em relação a corrente de campo. Deve-se inverter
somente um deles, e a inversão em ambos os circuitos manterá o mesmo sentido
de rotação.
No momento da inversão, o motor que está girando num sentido, entra num
processo de frenagem (freio) até alcançar a velocidade zero e depois começa a
girar no sentido contrário.

Capítulo 6 – Máquinas de Corrente Contínua 54


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Essa etapa de frenagem é muito importante para trens, elevadores,
guindastes que necessitam de força de frenagem.
A principal aplicação dos motores de corrente contínua é o acionamento de
máquinas com controle preciso de velocidade. Os métodos mais utilizados para
este fim são:

 Ajuste da tensão aplicada na armadura do motor;


 Ajuste da corrente nas bobinas de campo, ou seja, controle do fluxo
magnético do motor;
 Combinação dos anteriores.

O controle de velocidade pode ser realizado através de um conversor estático


CC ou por meio de um reostato como mostra a figura 6.13. Neste caso estamos
controlando a velocidade através do ajuste da corrente das bobinas de campo.

C on t r ole de v e locidade do mot or C C

6.5 – TORQUE DO MOTOR

O torque do motor é a medida do esforço necessário para fazer girar um eixo.


No caso de qualquer motor, o torque de partida deve ser maior do que o
torque resistente acoplado ao eixo. Após um certo tempo depois que o motor
partiu, na velocidade nominal, há o encontro das curvas de Torque do motor e do
torque resistente.
Na curva abaixo percebemos que, quando a carga mecânica no eixo varia, o
torque do motor varia junto, e consequentemente a velocidade de rotação do
motor também varia. Por exemplo, se a carga mecânica diminui, o torque do
motor também diminui e a velocidade aumenta, estabilizando num novo regime.
Na curva ao lado, vemos este comportamento:

R e lação t or qu e do mot or e t or qu e r e sist e n t e v ez e s a v e locidade

Capítulo 6 – Máquinas de Corrente Contínua 55


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6.6 – EXERCÍCIOS

1) Qual é o componente que permite a alimentação do enrolamento da armadura


em um motor de corrente contínua?

a) ( ) Anéis coletores b) ( ) Escovas


c) ( ) Peças polares d) ( ) Estator

2) Caso as bobinas de campo e da armadura de um motor de corrente contínua


estejam ligadas de maneira que só aja um caminho para o fluxo de corrente, este
motor será chamado de:

a) ( ) paralelo b) ( ) misto
c) ( ) série d) ( ) aditivo

3) Como chamamos o motor de corrente contínua que tem o mesmo valor de


tensão aplicada aos enrolamentos de campo e na armadura?

a) ( ) Composto b) ( ) Paralelo
c) ( ) Subtrativo d) ( ) Série

4) Quando um condutor está imerso num campo magnético, se deslocando com


uma certa velocidade “v” dentro deste campo, sobre ele é induzido uma:

a) ( ) corrente elétrica b) ( ) Histerese


c) ( ) Resistência d) ( ) Relutância

5) O comutador possui a função de:

a) ( ) criar um campo magnético girante


b) ( ) inverter o sentido da corrente na bobina
c) ( ) aplicar tensões trifásicas
d) ( ) criar resistência para as escovas

6) O torque de partida do motor série é:

a) ( ) não existe b) ( ) Pequeno


c) ( ) grande d) ( ) médio

7) O que é necessário para inverter o sentido de rotação de qualquer motor CC?

a) ( ) inverter a corrente da armadura em relação a corrente de campo


b) ( ) Trocar os terminais do campo trifásico
c) ( ) Inverter a corrente no campo paralelo e série
d) ( ) Manter a corrente no campo da armadura no mesmo sentido da do campo

Capítulo 6 – Máquinas de Corrente Contínua 56


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CAPÍTULO 7

TRANSFORMADORES
7.1 – DEFINIÇÃO

Um transformador é um equipamento capaz de realizar a alteração no nível


de tensão por meio da transferência de fluxo magnético entre dois ou mais
enrolamentos acoplados por um núcleo.
Dentre as suas principais aplicações, pode-se citar:

 a transferência de energia de um circuito elétrico a outro com o ajuste do


nível de tensão;
 o acoplamento entre sistemas elétricos, objetivando o casamento de
impedância e isolação; e
 a eliminação de corrente CC entre dois ou mais circuitos.

Seu princípio de funcionamento está baseado nas Leis de Faraday e de Lenz e


se dá da forma descrita a seguir.
O transformador é constituído de duas ou mais bobinas de múltiplas espiras
enroladas no mesmo núcleo magnético, isoladas deste, não existindo conexão
elétrica entre a entrada e a saída do transformador. Uma tensão variável aplicada
à bobina de entrada (primário) provoca o fluxo de uma corrente variável, criando
assim um fluxo magnético variável no núcleo. Devido a esta variação de fluxo é
induzida uma tensão na bobina de saída (ou secundário), que varia de acordo com
a razão entre os números de espiras dos dois enrolamentos

Capítulo 7 – Transformadores 57
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
7.1 – PERDAS

Os transformadores reais apresentam perdas que devem ser consideradas,


pois nem todo o fluxo está confinado ao núcleo, havendo fluxo de dispersão nos
enrolamentos. Da mesma forma, há perdas ôhmicas nos enrolamentos e há
perdas magnéticas (histerese magnética) no núcleo:

1) Perdas no cobre: resultam da resistência dos fios de cobre nas espiras


primárias e secundárias. As perdas pela resistência do cobre são perdas sob a
forma de calor (Perdas Joule) e não podem ser evitadas.

2) Perdas no ferro:

a) Por histerese: energia transformada em calor na reversão da polaridade


magnética do núcleo transformador e, também, devido ao atraso da curva de
magnetização.

C u rv a de h ist er e se

b) Por correntes parasitas: quando uma massa de metal condutor se


desloca num campo magnético, ou é sujeita a um fluxo magnético móvel, circulam
nela correntes induzidas. Essas correntes produzem calor devido às perdas na
resistência do ferro (perdas por correntes de Foucault).

F lu x o de corr en t e par asit a n o nú cle o

Capítulo 7 – Transformadores 58
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
7.2 – POTÊNCIA E RENDIMENTO DOS TRANSFORMADORES
MONOFÁSICOS

O transformador é uma máquina projetada para transferir a potência que ele


recebe de um gerador para uma carga. Portanto, seus enrolamentos precisam
suportar as correntes que por eles circularão.
Essa potência é o produto da tensão que o transformador recebe do gerador,
pela corrente que circulará pelo seu enrolamento primário, então:

Onde:
: potência no primário
: tensão no primário
: corrente no primário

Onde:
: potência no secundário
: tensão no secundário
: corrente no secundário

Pot ê n cia n o tr an sfor mador

O rendimento do transformador é a razão em porcentagem entre a


potência de saída (secundário) e a potência de entrada (primário), então:

7.3 – TRANSFORMADOR IDEAL

Os transformadores podem ser representados por um modelo idealizado,


levando ao que se convencionou chamar transformador ideal.
Para considerar um transformador ideal, as seguintes hipóteses devem ser
assumidas:

Capítulo 7 – Transformadores 59
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
 todo o fluxo deve estar confinado ao núcleo e enlaçar os dois
enrolamentos;
 as resistências dos enrolamentos devem ser desprezíveis; e
 as perdas no núcleo devem ser desprezíveis;
 a permeabilidade do núcleo deve ser tão alta que uma quantidade
desprezível de FMM é necessária para estabelecer o fluxo.

7.4 – TIPOS DE FECHAMENTOS DOS TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

Um transformador trifásicoé constituído de pelo menos três enrolamentos no


primário e três enrolamentos no secundário, os quais podem estar conectados
tanto em Y (estrela) quanto em Δ (triângulo ou delta). A ligação em Y ou Δ dos
enrolamentos é estabelecida através da conexão dos seus terminais.

F e ch ame nt os e st r e la e t r iân gu lo

O fechamento estrela possui as características de um circuito série, enquanto


o fechamento triângulo possui as características de um circuito paralelo.
O transformador trifásico possuindo dois ou mais enrolamentos por fase
possibilita até quatro tipos de fechamentos, sendo eles:

Y-Y, Y-Δ, Δ-Y e Δ-Δ.

Os transformadores trifásicos podem ser construídos a partir de três


transformadores monofásicos, ou de um único bloco contendo apenas um núcleo.

N ú cle os dos t r an sfor mador e s tr ifásicos

Capítulo 7 – Transformadores 60
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
7.5 – CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DOS FECHAMENTOS

Relação de tensão e corrente:

Fechamento estrela:

Fechamento triângulo:

Onde:
= tensão da linha
= tensão de fase
= corrente da linha
= corrente de fase

As principais tensões extraídas em transformadores trifásicos são:

 Residencial: 127 e 220V.


 Industrial: 220, 380, 440 e 760V.

Não significa que estas sejam as únicas tensões de saída de transformadores


trifásicos, mas, estas são as tensões mais usuais.

7.6 – CUIDADOS NA CONDUÇÃO

Vida útil: A vida útil dos transformadores refrigerados a óleo com isolamento
de papel efuncionando a uma temperatura de 55 a 75 graus, é de 15 a 20 anos.
Frequências de inspeções: depende de cada setor responsável. Haverá
inspeções, cujos itens podem ter variações quanto às frequências de inspeções,
por exemplo: aparelhos que estiverem sujeitos aos ambientes corrosivos devem
receber determinadas inspeções até semanalmente.

Notas:
a) Para efetuar inspeções deve-se consultar uma tabela de inspeções.
b) Qualquer inspeção que exija aproximação será preciso desalimentar o
transformador.

Tipos de óleos:
 Mineral: é inflamável, oxida-se e acumula umidade.
 Ascarel (sintético) não é inflamável, no entanto, é tóxico e cancerígeno.
(atualmente seu uso é condenado).

O óleo tem a função de isolar e refrigerar, por isso o elemento refrigerante


dos transformadores são o ar ou óleo isolante.

Capítulo 7 – Transformadores 61
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
Estes dois tipos de óleo possuem as seguintes características:

 Elevada rigidez dielétrica;


 Boa fluidez; e
 Capacidade de funcionamento com temperatura e levada.

O óleo do tipo ascarel recebe também as seguintes designações:

 pinarol, pelos americanos; e


 clofen, pelos alemães.

Vantagens do ascarel:
 Possui todas as características dos óleos minerais sem ser, porém,
inflamável;
 Não acumula umidade;
 Não sofre oxidação; e
 Apresenta vida útil longa.

Os transformadores instalados em postes e subestações, onde não precisam


de cuidados especiais, usam óleo mineral.
Já nos locais onde o perigo de incêndio, pode gerar uma catástrofe tais como:
cinema e conjunto residenciais emprega-se o ascarel.

7.7 – MÉTODOS DE REFRIGERAÇÃO

Tipo seco:
 Resfriamento por circulação de ar (natural);
 Resfriamento a circulação forçada de ar: presta-se a aparelhos cuja
tensão não exceda a 25.000 volts, tem seu emprego em subestações de
distritos densamente povoados.

A banho de óleo:
 Auto resfriado: circulação natural do óleo;
 Com resfriamento por ventilação forçada: bobinas e núcleos são
imersos no óleo e o ar soprando sobre parte externa;
 Resfriado por água: núcleo e bobinas imersos no óleo, através de
serpentina imersa no óleo também, no seu interior água fria; e
 Resfriamento por circulação forçada do óleo: núcleo e bobinas imersos
no óleo o qual é conduzido a um meio qualquer externo resfriador.

Capítulo 7 – Transformadores 62
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores

7.8 – AUTO TRANSFORMADOR

Seu princípio de funcionamento é baseado na auto-indução. São


transformadores cujo primário e secundário estão no mesmo enrolamento, isto é,
não são isolados eletricamente.

É Constituido físicamente de:


 Enrolamento primário;
 Enrolamento secundário; e
 Núcleo.

Diagrama esquemático:

A concepção de primário e secundário depende dos pontos onde se aplica, ou


se retira a tensão.
As mesmas relações estudadas para os transformadores convencionais são,
também aplicadas, para o autotransformador.

Capítulo 7 – Transformadores 63
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
7.8.1 – VANTAGENS E DESVANTAGENS

Vantagens: Maior economia de cobre e ser mais compacto.

Desvantagens: Não fornece isolação elétrica entre os circuitos primário e


secundário e não serve para grandes potências.

7.9 – TRANSFORMADOR DE CORRENTE

Transformadores para instrumentos são transformadores destinados a


reproduzir no circuito secundário uma amostra de tensão ou de corrente
necessária para o uso de medição e controle, não sendo prático projetar
instrumentos para operar com tensões e corrente de valores altos, pois, eles
teriam que ser robustos, muito bem isolados e de alto custo, além disso, os
instrumentos se tornariam imprecisos devido às induções eletrostáticas na carcaça
e painel.
É um transformador abaixador de corrente que em conseqüência é um
elevador de tensão, já que a relação entre tensão e corrente justifica este fato.
É comum o primário ser a própria linha (figura 711), e, como é elevador de
tensão, o secundário sempre terá umnúmero maior de espiras do que o primário.

7.9.1 – EMPREGO

Os transformadores de corrente são largamente utilizados em associação a


aparelhos de medida. Devido ao fato do transformador de corrente utilizar o
condutor da carga que deseja medir como primário, consegue-se um bom
isolamento e a utilizaçãode uma pequena fração da potência que seria necessária
caso se usasse um transformador comum para tal medição.
Aparelhos que podem utilizar o transformador de corrente:
 Amperímetro;
 Walttímetro;
 Indicador de fator de potência; e
 Relés de proteção.

Capítulo 7 – Transformadores 64
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
7.10 – CUIDADOS NA MANUTENÇÃO

Deve-se curtocircuitar o secundário caso seja necessário retirar o


instrumento, evitando, assim, a formação de uma alta tensão no secundário que
poderá danificar o isolamento do mesmo e provocar acidentes com o pessoal da
manutenção.

Notas:
 O transformador é ligado em série com a carga;
 Os transformadores de instrumentos são de baixa potência;
 Possuem alta razão de transformação; e
 Tem seus secundários ligados à massa.

Capítulo 7 – Transformadores 65
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores
7.11 – EXERCÍCIOS

1) O princípio de funcionamento está baseado na Lei de:

a) ( ) Ampère b) ( ) Ohm
c) ( ) Rowland d) ( ) Faraday

2) Como chamamos o enrolamento do transformador que recebe alimentação da


rede elétrica?

a) ( ) Série b) ( ) Paralelo
c) ( ) Primário d) ( ) Secundário

3) Quando uma massa de metal condutor se desloca num campo magnético, ou é


sujeita a um fluxo magnético móvel, circulam nela correntes induzidas. Como
chamamos o fluxo dessa corrente?

a) ( ) Corrente de histerese b) ( ) Corrente no cobre


c) ( ) Corrente parasita d) ( ) Corrente de fuga

4) Qual é o fechamento dos transformadores que possui características de circuito


paralelo?

a) ( ) Estrela b) ( ) Triângulo
c) ( ) Imbricado d) ( ) Ondulado

5) Indique qual das equações abaixo é relativa ao fechamento triângulo.

a) ( )
b) ( )
c) ( )
d) ( )

6) A vida útil dos transformadores refrigerados a óleo com isolamento de papel e


funcionando a uma temperatura de 55 a 75 graus, é de:

a) ( ) 15 a 20 anos
b) ( ) 25 a 30 anos
c) ( ) 35 a 40 anos
d) ( ) 20 a 25 anos

Capítulo 7 – Transformadores 66
Guia de Estudos de Máquinas Elétricas e Transformadores

BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Centro de Instruções Almirante Alexandrino. F.I. Controle de
Velocidade e Potência em Máquinas Elétricas de Corrente Alternada. Rio
de Janeiro; 2014.

EUA. US NAVY. Curso Completo de Eletricidade Básica/BasicElectricity.


São Paulo: HEMUS, 1980.

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