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Procopio
Como usar um Multímetro
Um Multímetro é um aparelho para testes e medição de grandezas elétricas,
extremamente popular entre técnicos e engenheiros eletrônicos devido à sua grande
utilidade, permitindo, mesmo nos modelos mais simples, efetuar a medição de Corrente,
Tensão e Resistência Elétricas, permitindo assim realizar diversos tipos de diagnósticos
em circuitos elétricos. Alguns modelos mais incrementados permitem realizar medições
adicionais, como Capacitância, Frequência, Temperatura, Indutância e outras.
Vamos utilizar neste artigo um Multímetro Digital, pois é o tipo mais amplamente usado
hoje em dia, em larga escala. Porém, existem também os multímetros Analógicos, dos
quais falaremos posteriormente. Os multímetros também podem ser de Bancada, que
geralmente possuem várias funções extras, mais alcance de escala e maior precisão, e
portáteis (de mão), muito úteis para carregar em uma maleta de ferramentas ou bolsa.
Vamos usar um multímetro portátil neste artigo para realizar medições.
Partes de um Multímetro
Um multímetro possui três partes principais:
Display (Visor)
Botão de Seleção (Chave Seletora)
Bornes onde são conectadas as Pontas de Prova (Ponteiras)
Na foto abaixo podemos ver um exemplo de um multímetro típico (um Minipa modelo ET-
2020), o qual usarei nas medições apresentadas no artigo:
Multímetro Minipa ET-2020
Para efetuar essas medições, é necessário conectar as pontas de prova nos bornes
corretos. A figura a seguir mostra as funções que são medidas em cada borne, lembrando
que a ponteira preta sempre deve ser conectada ao borne COM, e a vermelha, ao demais
bornes, conforme o teste que se deseja realizar:
Efetuando Medições
Para efetuarmos medições, a primeira coisa a se fazer é determinar a grandeza a ser
mensurada. Vamos começar efetuando medição de Tensão Elétrica. Para isso, vamos
conectar as pontas de prova nos bornes conforme segue:
Agora, precisamos determinar que tipo de tensão elétrica vamos medir: Contínua (DCV) ou
Alternada (ACV) . Vou efetuar a medição de uma Bateria de 9V, que opera com Tensão
Contínua. Para isso, precisamos localizar no Multímetro a escala de tensão contínua, e
ajustar sua precisão para acomodar o valor que pretendemos medir, que é de
aproximadamente 9V. Para isso, escolhemos na escala o valor que for mais próximo e
acima do valor esperado na medição, para evitar danos ao multímetro. Se estiver com
dúvida com relação ao valor da tensão que será medida, coloque a chave de seleção no
valor mais elevado e depois vá baixando, para aumentar a precisão, até o valor máximo
ainda seguro para a medição.
Vamos à medição. Após selecionar a escala correta no aparelho girando a chave seletora,
conecte as pontas de prova aos pólos da bateria, com firmeza, e verifique no visor do
multímetro o valor medido. Caso você inverta a polaridade das ponteiras, não haverá
problema, pois o multímetro mede a tensão em relação ao ponto comum (COM). Neste
caso, a única diferença que você verá é que o sinal aparecerá com o sinal de negativo no
visor.
Note o valor medido: 9,81 V, um pouco acima do esperado para esta bateria, que é de 9 V.
Isso pode se dar por conta de ajustes de calibração do multímetro ou por conta de
variações na tensão da bateria em si. Note que esse multímetro possui uma posição
específica para medição de baterias, tando de 9V quanto pilhas de 1,5V. Mas muitos
multímetros não possuem essa opção, então a forma mais comum de efetuar essa
medição é a que acabamos de mostrar.
Vamos medir agora a tensão da rede elétrica, em uma tomada de 110 V. Essa tensão é
alternada, portanto vamos ter de alterar a posição da chave seletora para ACV,
escolhendo a escala de 200 V (neste caso sabemos o valor que será medido; caos não
soubéssemos se a tomada é de 110 V ou de 220 V, deveríamos colocar a chave seletora
na posição 750 V para não danificar o multímetro). Veja a medição na figura a seguir:
Medindo Tensão Alternada com um Multímetro
O valor medido foi de 116,3 V, dentro da normalidade para a rede elétrica convencional.
Lembre-se de que se for medir uma tomada de 220 V, ou se não souber a tensão da
tomada, coloque o multímetro na escala de 750 ACV (ou a mais alta que seu multímetro
possuir) para evitar acidentes.
Na posição 200M (que mede até 200 MΩ), o multímetro mostra o valor 01,0. A precisão do
valor mostrado é muito baixa, e isso nos indica que a faixa da escala escolhida está muito
elevada. Vamos alterar a posição da chave seletora para 20M para conseguirmos maior
precisão nessa medição:
Medindo Resistência: Posição 20 M
Note que agora o valor mostrado é de 0,05, ainda muito impreciso. Vamos mudar
novamente a posição da chave seletora, abaixando um nível da escala, para 2000K (que
equivale a 2M):
Na posição 2000K temos uma precisão melhor. Veja que o multímetro agora mostra o
valor 051, e como a escala está em KΩ, isso indica que a resistência do resistor é de 51
KΩ. Podemos obter maior precisão nessa medição alterando novamente a escala, pois
temos uma posição mais próxima de 51 KΩ, que é a posição 200K:
Medindo Resistência: Posição 200 K
Conseguimos a melhor precisão possível para essa medição: 51,6 na posição 200K, o que
significa que a resistência medida é de 51,6 KΩ. Esse resistor é, na verdade, um resistor
de 47 KΩ, e o valor apresentado (um pouco acima) se deve à tolerância do valor da
resistência, que é de 10%. Portanto, o resistor pode ter sua resistência entre 42,3 KΩ e
51,7 KΩ (47 ±10%), o que indica que nosso resistor está em bom estado.
O que acontece se tentarmos medir esse resistor em uma escala mais abaixo? Vamos
medi-lo agora alterando a posição da chave seletora para 20 K:
Veja que agora o multímetro não mostrou nenhum valor de resistência, e em vez disso,
mostrou o valor “I”. Interpretamos esse valor com sendo “Infinito”, ou seja, o valor medido
está além do valor máximo que pode ser medido nessa posição da escala. Neste caso,
basta alterar a chave seletora para uma posição acima, ou até que um valor concreto seja
mostrado no visor.
O valor medido foi de apenas 6,7 Ω e, na prática, pode ser até um pouco menor, devido ao
contato entre as pontas de prova e o pedaço de fio, que é imperfeito. Também usei uma
garra jacaré para fixar uma das ponteiras ao fio, pois precisei de uma das mãos para
disparar a fotografia!
Esse tipo de medição é muito útil para testar, por exemplo, cabos de força de
equipamentos, que podem estar rompidos e, assim, impedir que a energia elétrica chegue
ao aparelho, tornando-o inoperante. Caso a resistência medida seja maior do que alguns
poucos ohms, ou se aparecer o valor “I”, então o cabo estará com problemas –
provavelmente rompido.
Vamos às medidas. Primeiramente vamos determinar qual escala do multímetro usar. Para
isso, vamos determinar a corrente total neste circuito, usando a Lei de Ohm.
Primeiramente vamos calcular a resistência equivalente do circuito, que é dada por:
Com o valor de resistência equivalente de 199Ω, vamos agora calcular a corrente total que
passa pelo circuito:
Sabemos agora que a corrente total no circuito é de 45 mA. Podemos então selecionar a
escala mais adequada de medição no multímetro, que no caso é a escala de 200 mA,
corrente contínua. Claro que nem sempre será possível efetuar os cálculos de corrente
como fizemos neste exemplo, pois os circuitos podem ser muito complexos ou os valores
dos resistores podem estar ilegíveis, sem contar que podem haver outros tipos de
componentes conectados, como capacitores, indutores, integrados, etc.; Na dúvida,
sempre comece medindo pela escala mais alta.
Para medir a corrente que atravessa R1, vamos desconectar um de seus terminais do
circuito e então colocá-lo em série com o multímetro (função de amperímetro, A), como
mostra a ilustração a seguir:
O multímetro nos mostra o valor de 45,5 mA, muito próximo do valor calculado da corrente
total, que foi de 45 mA. Essa pequena diferença se deve às tolerâncias dos resistores e às
resistências dos fios (que não foram consideradas no cálculo), além da precisão do
multímetro. Esperávamos esse valor, pois toda corrente atravessa esse resistor, que está
ligado diretamente à fonte de alimentação do circuito.
Medição #02: Corrente que passa por R2
Agora vamos medir a corrente que passa pelo resistor R2. Conectamos de volta R1 e
desconectamos um dos terminais de R2 para efetuar a medição. Esperamos obter um
valor de corrente menor do que o que foi medido em R1, pois a corrente se divide entre os
dois ramos do circuito, onde estão R2 e R3 respectivamente. Veja como deve ser feita a
conexão no circuito para a medição:
Agora o multímetro mostra o valor de 45,1 mA. Como sabemos, a corrente total é de 45,5
mA, portanto faltam 45,5 – 45,1 = 0,4 mA. Onde está essa corrente? Atravessando o
resistor R3 provavelmente. É o que veremos agora:
Medição #03: Corrente que passa por R3
Vamos medir a corrente que atravessa o resistor R3, cuja resistência é de 10 KΩ.
Reconectamos R2 e desconectamos um dos terminais de R3 para efetuar a medição,
conforme ilustra o diagrama esquemático abaixo:
Eis os 0,4 mA que faltavam. Essa corrente circulou pelo ramo do circuito onde está R3,
mostrando que a corrente se divide ao encontrar resistores em paralelo. Estudaremos
esse fenônemo com muito mais detalhes nas lições sobre Análise de Circuitos, Leis de
Kirchhoff, Teorema de Thevenin, e outras.
É isso aí! Aprendemos a medir corrente com um multímetro nesta lição. Não se esqueça:
para isso, você deve colocar o multímetro em série com o ramos do circuito cuja corrente
deseja medir, frequentemente desconectando algum componente desse circuito.