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Pesquisa Agropecuária Tropical
Abstract Text (EN) PDF
Nota Científica • Pesqui. Agropecu. Tropa. 53 • 2023 •
https://doi.org/10.1590/1983-40632023v5376359
CÓPIA DE
Eficácia do herbicida S-metolacloro no controle de
Urochloa decumbens em solos do Cerrado
Brasileiro 1
ABSTRATO
As características do solo desempenham um papel fundamental na definição da eficácia dos
herbicidas pré-emergentes no contexto do controlo de ervas daninhas e na sua influência
fitotóxica na cultura alvo. Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito dos atributos do solo
na eficácia do herbicida S-metolacloro, bem como determinar sua dose ideal em relação aos
atributos do solo. O experimento foi conduzido em casa de vegetação, em esquema fatorial 6 x
8, com cinco repetições, utilizando 6 tipos de solo [GMd (Typic Humaquept), NVe (Rhodic
Eutrustox), CXbd (Typic Dystrustepts), LVw (Rhodic Acrustox), LVdf (Rhodic Haplustox) e RQo
(Typic Quartzpsamment)] e 8 doses do produto [0, 1/8x, 1/4x, 1/3x, 1/2x, 1x, 2x e 4x (com x =
1.920 g ha -1 )]. Curvas dose-resposta foram construídas e os resultados mostraram que, para
os solos LVw, RQo e CXbd, houve um controle superior a 90% com menos da metade da dose
recomendada, enquanto, para os demais tipos de solo, são possíveis reduções menores . A
saturação por bases e o teor de matéria orgânica do solo apresentaram correlação negativa
substancial (-0,73 e -0,74, respectivamente) com a eficácia do produto. As doses de S-
metolacloro necessárias para atingir um controle de 90% dependem de atributos específicos do
solo, especialmente das variáveis saturação por bases e matéria orgânica. O teor de argila não
apresentou correlação com as doses de S-metolacloro para os solos estudados.
PALAVRAS-CHAVE:
Biodisponibilidade; herbicidas pré-emergentes; controle de ervas daninhas
RESUMO
As características do solo desempenham papel fundamental na eficácia de herbicidas pré-
emergentes, no contexto do controle de plantas específicas e da sua influência fitotóxica na
cultura alvo. Objetivou-se avaliar o efeito dos atributos do solo na eficácia do herbicida S-
metolacloro e determinar sua dose ideal em função dos atributos do solo. O experimento foi
desenvolvido em casa-de-vegetação, em esquema fatorial 6 x 8, com 5 repetições, utilizando-se
Brazil
6 tipos de solo [Melânico Distrófico (GMd), Nitossolo Vermelho Eutrófico (NVe), Cambissolo
Háplico Tb Distrófico (CXbd) , Latossolo Vermelho Ácrico (LVw), Latossolo Vermelho
Distróférrico (LVdf) e Neossolo Pesquisa
Quartzarênico Órtico (RQo)]
Agropecuária e 8 doses do produto [0, 1/8x, 1/4x,
Tropical
-1
1/3x, 1/2x, 1x, 2x e 4x (com x = 1,920 g ha )]. Curvas de dose-resposta foram construídas e
os resultados demonstraram que, para LVw, RQo e CXbd, a dose pode ser reduzida, sendo
obtidos controle acima de 90% com menos da metade da dose recomendada, enquanto, para
os demais solos, menores reduções são possíveis. A saturação de bases e a teoria de matéria
orgânica do solo apresentaram brilho forte (-0,73 e -0,74, respectivamente) com a eficácia do
produto. As doses de S-metolacloro permitem garantir 90% de controle são afetados pelos
atributos do solo, especialmente a saturação de bases e matéria orgânica. O teor de argila não
apresentado com as doses de S-metolacloro nos solos treinados.
PALAVRAS-CHAVE:
Biodisponibilidade; herbicidas pré-emergentes; controle de plantas
A investigação existente sublinha a influência substancial dos atributos do solo na eficácia dos
herbicidas pré-emergentes no controlo de ervas daninhas, o seu impacto fitotóxico na cultura
alvo (Damin et al. 2021,Pacheco et al. 2022), práticas de gerenciamento (Alletto et al. 2013),
condições ambientais e sua interação (Mancuso et al. 2011). As frações orgânicas e o teor de
argila são os atributos do solo mais influentes em relação ao comportamento herbicida (
Brazil
Inoue et al. 2003,Boivin et al. 2005,Rossi et al. 2005,Monquero et al. 2010).
O herbicida S-metolacloro foi administrado em oito doses diferentes [0, 1/8x, 1/4x, 1/3x, 1/2x,
1x, 2x e 4x], em relação à dose máxima recomendada, sendo x representando 1.920 g ha -1 de
princípio ativo.
Cada unidade experimental foi composta por vasos com volume equivalente a 0,2 L. Os vasos
foram preenchidos com solo fino seco ao ar coletado na camada de 0,0-0,2 m. A caracterização
química do solo foi realizada de acordo comSantos e cols. (2018), e o perfil químico do solo é
apresentado emTabela 1 , enquanto oA Tabela 2 mostra a composição granulométrica dos
solos.
A umidade do solo foi ajustada para 60% da capacidade máxima de retenção de água no solo
(CRA) e, posteriormente, foram semeadas dez sementes de Urochloa decumbens em cada
vaso, apresentando taxa de germinação de 80%. Os níveis de umidade foram mantidos em
60% da CRA durante todo o experimento por meio de pesagem diária em balança eletrônica.
Em até 24 horas após a semeadura, o herbicida foi aplicado nas doses de 0; 240; 480; 640;
960; 1.920; 3.840; e 7.680 g ia ha -1 . O produto comercial utilizado foi o Dual Gold ® , contendo
960 g L -1 de princípio ativo. Foi administrado volume de solução de 200 L ha -1 com pressão de
Brazil
trabalho de 2,0 kgf cm -2 . A aplicação foi realizada com pulverizador costal pressurizado com
CO 2 , acoplado a uma barra pulverizadora de 2 m de largura e quatro bicos de jato plano (XR
110.02), espaçados de 0,50 m entre si. Agropecuária Tropical
Pesquisa
As avaliações de emergência e fitotoxicidade foram realizadas em intervalos de 7, 14, 21 e 28
dias após a aplicação (DAA), enquanto a emergência foi quantificada por meio da contagem do
número de plântulas emergidas. As avaliações de fitotoxicidade basearam-se na pontuação
visual, que variou de 0%, significando nenhum impacto nas espécies bioindicadoras, a 100%,
representando a mortalidade completa das plantas (SBCPD 1995).
Aos 28 DAA foi realizada a colheita da parte aérea das plantas. Após secagem em estufa com
circulação forçada de ar a 65 ºC, por 72 horas, o material coletado foi pesado em balança de
precisão (0,0001 g) para determinação da matéria seca, cujos dados foram então convertidos
em percentual de redução de matéria seca referente ao controle. tratamento (dose 0), que foi
designado como tendo 100% de matéria seca. Outros tratamentos apresentaram percentual
dessa massa em decorrência da redução induzida pelo produto herbicida (Pacheco et al. 2022).
As doses de DMR80 e DMR90 foram estimadas a partir do modelo de regressão não linear e
estão apresentadas emTabela 4 . Essas doses estão abaixo do máximo recomendado no
rótulo do produto (1.920 g ia ha -1 ).A Tabela 5 apresenta os resultados das análises de
correlação entre o percentual de redução de matéria seca (MSR%) e os parâmetros do solo.
Estas análises revelaram uma forte correlação negativa (-0,74) entre o teor de matéria orgânica
e saturação por bases com DMR%, implicando que valores mais elevados destes parâmetros
correspondem a um controle reduzido de Brachiaria . A capacidade de troca catiônica
demonstrou correlação moderada (-0,68) com a TMS%. Notavelmente, não houve correlação
significativa entre o teor de argila e a % de DMR (-0,05 ns ).
O S-metolacloro, por ser um herbicida não iônico, não doa nem aceita prótons, permanecendo
na forma molecular, e é classificado como uma molécula lipofílica e apolar (
Universidade de Hertfordshire 2023). Este herbicida apresenta solubilidade moderada e sorção
moderada às partículas do solo (Dollinger et al. 2019,Peña et al. 2019,Sigmund et al. 2019).
Apresenta maior afinidade com a fração orgânica do solo. Na verdade, estudos anteriores
indicaram que a sorção de S-metolacloro no solo se correlaciona positivamente com a matéria
orgânica do solo e o teor de argila (Weber et al. 2003,Inoue et al. 2011,Gannon et al. 2013).
Uma variação no teor de matéria orgânica de 0,9 a 5,7% aumenta o coeficiente de sorção (Kd)
do S-metolacloro aproximadamente seis vezes. Este parâmetro quantifica a retenção do
herbicida pela fase sólida (Weber et al. 2003). Em outra investigação,Gannon et al. (2013)
demonstraram que os valores de Kd do S-metolacloro variaram de 1,08 a 9,32 L kg -1 em solos
com teores de matéria orgânica de 1,2 e 4,5 %. Além disso, estudos indicaram que a atividade
residual do S-metolacloro em solos com atributos variados, independentemente da dose,
prolongou-se com o aumento do teor de argila e matéria orgânica no solo (Inoue et al. 2011).
Normalmente, o teor de carbono orgânico é maior na camada superficial do solo devido à
presença e decomposição da cobertura morta, diminuindo gradualmente com a profundidade (
Lal et al. 1994,Seis et al. 2000,Pinheiro e cols. 2004). Esta variação na distribuição da matéria
orgânica exerce um impacto pronunciado nas propriedades do solo, modificando
substancialmente a ação dos pesticidas.Alletto et al. 2010).Bedmar et al. (2011)observaram uma
sorção de S-metolacloro 1,78 vezes maior na superfície do solo (0-5 cm), com 4,4% de carbono
orgânico, do que no subsolo (> 81 cm), com 0,2% de carbono orgânico. Resultados
Brazil
semelhantes foram relatados porMarín-Benito et al. (2018).
Embora alguns estudos tenham estabelecido uma ligação entre a sorção de S-metolacloro e o
Pesquisa Agropecuária Tropical
teor de argila (Weber et al. 2003,Inoue et al. 2011,Gannon et al. 2013 ), a presente pesquisa não
revelou correlação entre a % de DMR e o teor de argila do solo. Aleto et al. (2013) examinaram
a sorção de S-metolacloro em mais de 50 solos e também não conseguiram identificar uma
correlação entre a sorção e o teor de argila. Este padrão também foi relatado para outros
herbicidas em solos do Cerrado Brasileiro, conforme confirmado porArruda (2020),
Damin et al. (2021)ePacheco et al. (2022). Esses autores não discerniram correlação entre a
eficácia ou efeito residual de herbicidas pré-emergentes e o teor de argila dos solos do Cerrado
brasileiro.
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Datas de publicação
» Publicação nesta coleção
12 de janeiro de 2024
» Data de emissão
2023
História
» Recebido
em 02 de junho de 2023
» Aceito
em 13 de setembro de 2023
» Publicado
em 10 de novembro de 2023
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