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Livro-Texto Unidade II Norma Contb
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Unidade II
5 AJUSTE A VALOR PRESENTE
A seguir, iremos estudar o trâmite desta norma para ser incorporada nas práticas contábeis brasileiras
e suas principais implicações.
No dia 5 de dezembro de 2008, o CPC resolveu aprovar uma norma que trouxesse orientações sobre
o ajuste a valor presente no Brasil. Essa norma não tem uma correlação imediata com uma norma
internacional emitida pelo IASB, mas, como a Lei nº 11.638/07 já estava em vigor e o assunto envolve, ou
circula entre outros diversos pronunciamentos, houve a necessidade de um pronunciamento específico
para o ajuste a valor presente. O pronunciamento foi divulgado em 17 de dezembro de 2008. Nessa
ocasião, CPC (2008) redigiu o seguinte Termo de Aprovação:
Termo de Aprovação
O CPC organizou uma audiência pública, na qual a norma pode ser discutida. É possível observar que,
também para este pronunciamento técnico, houve uma intensa atividade para a melhoria dessa norma
no âmbito brasileiro. Houve também muita inquietação sobre as decisões. É o que diz o “Relatório da
Audiência Pública”, de acordo com CPC (2008):
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Como podemos ver aqui, apesar de não haver uma norma em específico dentro das normas
internacionais sobre o ajuste a valor presente, apenas indicações esparsas, o CPC julgou por bem
preparar um pronunciamento específico para os contadores brasileiros, assumindo um risco de haver
alguma incorreção, mas reconheceu que esse é um tema importante para o Brasil.
Observação
A partir da publicação da norma CPC 12 para o Brasil, outras organizações que emitem normas
contábeis ou com consequências contábeis, ou como se diz, “reguladoras”, também realizaram suas
próprias publicações.
Lembrete
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
CPC
12
IASB
Diversos
ORG 1 pronunciamentos
ORG 3
No Conselho Federal de Contabilidade, onde a norma recebe a nomenclatura NBC TG 12, houve a
redação da seguinte resolução (CFC, 2012b):
99
Unidade II
Resolve:
Art. 2º. Esta Resolução entra em vigor na data da sua publicação, aplicando‑se
aos exercícios sociais iniciados em 2008.
Observe que essa resolução também foi um ato cerimonial, sendo a CPC 12 publicada na íntegra. Essa
resolução continua em vigor, apenas teve nomenclaturas e outros aspectos corrigidos pela Resolução
CFC nº 1.329, de 2011.
Saiba mais
Na CVM também temos um ato cerimonial, formal, com a publicação da Deliberação 564, de 17 de
dezembro de 2008 (CVM, 2008):
100
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Deliberou:
A Aneel, por sua vez, incorporou a norma em sua Resolução Normativa nº 605/14 e no manual de
contabilidade das empresas do setor elétrico. A ANTT e a Susep também incorporaram a norma em seus
manuais de contabilidade. A ANS aprovou as Resoluções nº 3.847 e 3.848/12.
Lembrete
5.2 Alcance
Segundo Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 242), o momento de se realizar a mensuração contábil
a valor presente é sempre quando do “reconhecimento inicial” de ativos de longo prazo e de curto prazo
que sejam relevantes. Os autores enfatizam que os prazos de realização financeira e valores são dois
fatores básicos para determinar que ativos e passivos de curto prazo são relevantes para fins de ajuste
a valor presente.
101
Unidade II
Saiba mais
No CPC 12 – Ajuste a Valor Presente (2008), ajustes somente devem ser realizados em situações
muito excepcionais, como quando a empresa decide realizar uma renegociação de dívida. É o que
explicam Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 242): “em uma renegociação de dívida em que novos
termos são estabelecidos, o ajuste a valor presente deve ser aplicado como se fosse uma nova medição
de ativos e passivos”.
Observação
6.1 Mensuração
O CPC 12 – Ajuste a Valor Presente (CPC, 2008), enumera as seguintes situações passiveis
de mensuração:
Diretrizes gerais
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
12. Outra questão relevante para fins de mensuração diz respeito à forma
pela qual devem ser alocados em resultado os descontos advindos do ajuste
a valor presente de ativos e passivos (juros). A abordagem corrente deve
ser eleita como método de alocação de descontos por apresentar uma
informação de qualidade a um custo desprezível para sua obtenção. Por essa
sistemática, vale dizer, deve ser utilizada para desconto a taxa contratual
ou implícita (para o caso de fluxos de caixa não contratuais) e, uma vez
aplicada, deve ser adotada consistentemente até a realização do ativo ou
liquidação do passivo.
Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 242) comentam que nos lançamentos contábeis de mensuração
de ajustes a valor presente, a contrapartida será sempre uma despesa ou receita financeira. Isso somente
não ocorrerá quando a empresa tiver condições de fundamentar que o financiamento feito a seus
clientes faz parte de suas atividades operacionais. Nesse caso, as reversões serão apropriadas como
receita operacional. Os autores citam um exemplo dessa situação quando a empresa opera em dois
segmentos distintos:
• financiamento das vendas a prazo, desde que sejam relevantes esse ajuste e os efeitos de
sua evidenciação.
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Passivos não contratuais são situações muito específicas, mas não são raras de acontecer. Surgem
quando simplesmente não há informações sobre um passivo, o que dificulta o cálculo para trazê‑lo
a valor presente. Esses itens são imprescindíveis para o contador ter um bom relacionamento com os
outros profissionais da empresa e envolver a todos na tarefa de buscar um valor presente.
Muitas vezes, os profissionais, na ânsia de realizar negócios, esquecem ou não se importam com
detalhes da transação. Por sua vez, os profissionais da outra empresa também apresentam o mesmo
problema. Surge então um passivo truncado, difícil de entender, com contratos complexos ou mesmo
sem contratos. Envolver os outros profissionais em uma atitude multidisciplinar pode inclusive contribuir
para que essas situações sejam minimizadas.
A seguir, reproduz‑se o conceito que consta no CPC 12 (2008, p. 9) sobre passivos não contratuais:
25. Passivos não contratuais são aqueles que apresentam maior complexidade
para fins de mensuração contábil pelo uso de informações com base no
valor presente. Fluxos de caixa ou séries de fluxos de caixa estimados são
carregados de incerteza, assim como são os períodos para os quais se
tem a expectativa de desencaixe ou de entrega de produto/prestação de
serviço. Logo, muito senso crítico, sensibilidade e experiência são requeridos
na condução de cálculos probabilísticos. Pode ser que em determinadas
situações a participação de equipe multidisciplinar de profissionais seja
imperativo para execução da tarefa.
Exemplo de aplicação
Não é sempre que se faz necessário uma empresa adotar ajuste a valor presente de ativos e passivos,
isso depende também das operações em que as empresa se envolve e do julgamento do contador e dos
demais profissionais da empresa.
A seguir, reproduz‑se um trecho das notas explicativas das demonstrações contábeis da empresa
Bardella S.A. (2013), em que é declarado que a empresa não procede ajustes a valor presente porque em
sua operação isso seria irrelevante.
Observações
Exemplo de aplicação
Nos escritórios de uma empresa eletrônica em Seul, na Coreia do Sul, próximo ao canal
Cheonggyecheon, alguns executivos decidem que uma nova fábrica será construída em uma cidade do
interior do estado de São Paulo.
Tempos depois, uma requisição chega a uma imobiliária da cidade de Indaiatuba, na região
metropolitana de Campinas. A ordem ao corretor era a de comprar, pelo valor mais baixo possível, um
determinado terreno.
Havia uma foto de satélite acompanhando a requisição de compra, indicando o exato local onde o
terreno que deveria ser comprado. Logo o corretor percebeu: esse local não era por acaso! A localização
era privilegiada, próximo a grandes rodovias, com fácil acesso ao aeroporto e a poucos quilômetros da
fábrica de um dos principais fornecedores da empresa coreana.
Após alguma pesquisa, o corretor descobriu que o tal terreno era um sítio, onde vivia um homem
muito simples acompanhado de sua mulher. O homem, um típico sertanejo do interior de São Paulo,
mantinha um pomar e cuidava de seus animais com muita dedicação. O sítio era bonito, florido, com
uma porteira sempre branquinha, pintada com cal.
O corretor conversou com esse homem e ofereceu o negócio. Fixou um valor x de acordo com o
preço médio de mercado do hectare de terra na região de Indaiatuba, ou seja, R$ 200.000,00. O homem
não aceitou, por sinal, ficou ofendido! Não gostaria de sair daquele lugar onde havia nascido, criado
seus filhos e onde colhia suas frutas. Seria até uma ofensa ao seu falecido pai que lhe deixou o sítio de
herança. Aquele era um pedaço de terra que foi conquistado ao longo de muito suor derramado na roça
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
e onde as lembranças eram muito mais importantes do que o dinheiro. O homem pediu para o corretor
não mais o incomodar e foi embora.
O corretor entrou em contato com o executivo que contratou seus serviços, na sede da empresa na
cidade de São Paulo. Relatou o ocorrido e perguntou se não seria possível comprar outro terreno nas
imediações. Era uma sexta‑feira.
No dia seguinte, o corretor recebeu uma ligação do próprio presidente da empresa no Brasil, que
estava preocupadíssimo com o atraso do projeto. Ao saber que havia uma questão sentimental que
impediria o negócio de ser realizado, o presidente pensou em algo até então inimaginável: disse que era
para ele pagar o que fosse necessário para o homem sair daquela terra o quanto antes. Disse para que o
corretor voltasse ao sítio e oferecesse trinta vezes o valor de mercado do terreno! Uma pequena fortuna
de R$ 6.000.000,00.
E assim foi feito. Após muita negociação, porque de fato a questão sentimental falava mais alto, o
homem aceitou o negócio e ficou feliz, pois, pensando bem, com o dinheiro poderia comprar outro sítio
e dar melhores condições de vida aos seus filhos.
Depois de finalizado o negócio, o corretor foi muito elogiado pelo trabalho e por ter conseguido
fechar o negócio em pouco tempo. O corretor então, curioso, disse ao presidente da empresa coreana
que não havia entendido o que havia acontecido. Pagar trinta vezes mais por aquele terreno não seria
um exagero sem justificativa? O presidente então respondeu: se ele soubesse o projeto que eles tinham
para aquela região, iria pagar não trinta, mas cem vezes mais!
Logo após esse diálogo com o corretor, o presidente da empresa ligou para o controller comunicando
que haviam acabado de fechar negócio para a construção de todo o prédio e todas as obras de construção
civil. Para tal, serão liberados R$ 12.000.000,00 pelo Banco Exempel S.A. com pagamento de juros de 3%
ao ano e prazo de financiamento por 10 anos.
A compra do terreno foi efetuada à vista, com pagamento diretamente do caixa da empresa.
Pergunta‑se: na situação fictícia acima, por qual valor o contador deve registrar o terreno nos livros
contábeis da empresa? Pelo valor médio do hectare de terras para a região de Indaiatuba? Ou pelo valor
negociado? Pelo valor Presente? Qual o valor justo para esse terreno?
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Unidade II
Resumo
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NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
Exercícios
Questão 1. (Enade, 2009) Para o exercício da profissão contábil, é necessário observar o código de
ética, cujo objetivo é fixar a forma pela qual se devem conduzir os contabilistas.
A) Assinar os balanços de uma empresa, elaborados por profissional não habilitado, sem orientar,
sem supervisionar e sem fiscalizar sua preparação.
B) Emitir parecer favorável de auditoria a uma empresa, sem a realização de testes suficientes para
fundamentar a sua opinião.
C) Propor honorários aviltantes para clientes de outros escritórios, a fim de aumentar a receita que recebe.
D) Publicar, no sítio do seu escritório de contabilidade, artigo técnico, sem citar a fonte consultada.
E) Renunciar às suas funções, ao perceber a ocorrência de desconfiança, por parte de seu cliente,
sem prejudicá‑lo.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: os atos indicados nessa alternativa revelam atitude bastante negativa e não profissional. Os
demonstrativos podem apresentar uma série de impropriedades e, eventualmente, fraudes e dados irregulares.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: trata‑se de atitude que não vai ao encontro da boa conduta e do profissionalismo
exigidos em um processo de auditoria.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: trata‑se de um procedimento condenável. O escritório deve procurar obter meios que
permitam a realização de seus serviços de forma eficiente, com a redução de custos desnecessários,
por exemplo.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: essa prática é condenável e sujeita o profissional e a empresa a multas e penas judiciais.
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Unidade II
E) Alternativa correta.
Justificativa: é o que deve ocorrer se não for possível o cumprimento da tarefa sob sua responsabilidade,
de forma lícita e ética.
Questão 2. (Enade, 2009) A empresa XYZ adquire mercadorias para revenda, com promessa de
pagamento em 3 parcelas iguais, sendo a primeira parcela com vencimento para 30 dias.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a aquisição foi feita com a expectativa de obtenção de uma receita futura, que
ocorrerá na venda das mercadorias aos clientes.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: o passivo é alterado em função da criação ou do aumento dos saldos das contas
que identificam os compromissos junto aos fornecedores da empresa.
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E) Alternativa correta.
Justificativa: no instante da aquisição das mercadorias, não ocorre modificação do patrimônio líquido.
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