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1. Evoluções Recentes nas Matérias da Contabilidade atenção e análise por parte das entidades envolvidas
e Auditoria no Âmbito das Pequenas e Médias Empresas na elaboração, apresentação e credibilização das
Nos últimos tempos, os temas associados à contabili- demonstrações financeiras quer a nível internacional,
dade e auditoria ao nível das Pequenas e Médias quer a nível interno.
Empresas (PME’s) têm vindo a merecer uma maior
Auditoria
Certamente que a estes desenvolvimentos não será Embora partindo do princípio de que os utilizadores
alheia a relevância das PME’s ao nível do emprego das demonstrações financeiras das PME’s têm necessi-
gerado, particularmente no espaço europeu, conjunta- dades de informação distintas das dos utentes das enti-
mente com a aproximação da União Europeia às dades que possuem public accontability (responsa-
Normas Internacionais de Contabilidade, e o conse- bilidade pública), verificamos que a estrutura concep-
quente reforço da competência profissional dos diferen- tual proposta é semelhante e que os princípios relati-
tes intervenientes na elaboração, preparação e vos ao reconhecimento e mensuração não são significa-
certificação das demonstrações financeiras das PME’s. tivamente distintos dos aplicáveis às normas denomi-
nadas “full”, ou seja, ao conjunto completo das Normas
O presente artigo visa divulgar o documento publica- Internacionais emanadas do IASB e aplicáveis no seio
do em Dezembro de 2007, pelo IFAC1 denominado da União Europeia, de acordo com os Regulamentos e
“Guide to Using International Standards on Auditing disposições comunitárias em vigor, ocorrendo algumas
in the Audits of Small-and Medium sized Entities” simplificações, essencialmente, ao nível das divulga-
(adiante designado por Guia), o qual é objecto de aná- ções.
lise no ponto 2., abaixo.
Na opinião de muitos profissionais, partilhando o autor
1.1 Evoluções no Plano Externo esta posição, o projecto em questão foi incapaz de
reconhecer que as necessidades de informação dos
1.1.1 No Plano Contabilístico utentes são distintas, não só ao nível das divulgações,
Partindo do princípio de que os utilizadores das mas também ao nível das regras de reconhecimento e
demonstrações financeiras das PME’s possuem neces- mensuração, colocando-se, por exemplo, a questão se o
sidades distintas dos utilizadores das demonstrações justo valor será aplicável às PME’s nas situações em
financeiras das entidades que possuem public acconta- que não exista um mercado activo.
bility2 (responsabilidade pública), no decurso do segun-
do trimestre de 2003, o IASB3 iniciou um projecto com Contudo, como o tema do presente artigo não incide
vista à preparação e aprovação de normas de relato sobre a problemática da contabilidade, mas sim sobre
financeiro aplicáveis às PME’s tendo, no início do mês os aspectos da profissão, ou seja, da auditoria, não nos
de Junho de 2004, publicado um documento prelimi- alongamos na análise detalhada desta temática.
nar4, para discussão pública, relativo aos aspectos con-
ceptuais que se colocam quanto à elaboração de 1.1.2 No Âmbito da Auditoria
normas de relato financeiro aplicáveis, especificamen- Em Dezembro de 2007, na sequência de um projecto
te, às entidades em questão. interno, o IFAC publicou e divulgou no seu site –
www.ifac.org – um documento particularmente rele-
Com base nas respostas obtidas, foi realizado um pro- vante: “Guide to Using International Standards on
cesso de análise que deu origem, em Abril de 2005, a Auditing in the Audits of Small-and Medium sized
um questionário relativo aos aspectos do reconheci- Entities” (adiante designado por Guia).
mento e mensuração, tendo sido identificada a necessi-
dade de proceder a simplificações nesta matéria. Na opinião do autor, trata-se de um documento há
Posteriormente, verificaram-se um conjunto de reu- muito esperado e que visa abordar o tema específico da
niões / discussões de modo a aprofundar os conceitos aplicação das Normas Internacionais de Auditoria às
relevantes presentes naquele contexto. PME’s, sendo o objectivo do ponto 2., abaixo, a aná-
lise mais detalhada deste documento.
Por último, em 15 de Fevereiro de 2007, foi publicado
o Exposure Draft, tendo por data limite para a apre- 1.2 Evoluções no Plano Interno
sentação de comentários o dia 30 de Novembro de O Conselho Geral da Comissão de Normalização
2007. Contabilística (CNC), na sua reunião de 3 de Julho de
2007, procedeu à aprovação da proposta do Sistema de
Auditoria
Na opinião dos seus autores, o Guia deverá auxiliar os i) Em que consiste uma auditoria baseada no risco –
profissionais na realização de auditorias de PME’s de Risk based Audit;
elevada qualidade, promovendo a gestão dos recursos ii) O controlo interno; e
de uma forma eficiente, de modo a melhor poderem iii) As asserções das demonstrações financeiras.
servir o interesse público. Adicionalmente, os autores
consideram que o Guia poderá ser utilizado pelas enti- Face ao objectivo do presente documento, que consis-
dades responsáveis a nível nacional, ou seja, pelos te em promover a divulgação do Guia, iremos centrar
membros do IFAC, bem como pelas firmas de audito- a análise no ponto i), acima, sendo apresentados os
ria como documento de base na formação e treino dos aspectos mais relevantes.
seus profissionais.
Auditoria
2.3.1 Auditoria Baseada no Risco vantes nas demonstrações financeiras, a níveis aceitá-
veis; e
2.3.1.1 Em que Consiste uma Auditoria Baseada no Risco • Emissão de um relatório de auditoria, cuja redacção
traduza os resultados do trabalho realizado.
2.3.1.2 Aspectos Gerais
O objectivo do auditor aquando da realização de uma O processo de auditoria visa obter uma segurança
auditoria baseada no risco, consiste em obter uma razoável, devendo a mesma ser elevada, mas não abso-
segurança razoável de que as demonstrações financei- luta. O auditor não pode prestar uma segurança abso-
ras não se encontram afectadas por distorções mate- luta em virtude das limitações inerentes ao seu
rialmente relevantes, motivadas por erros ou fraudes. trabalho, dos julgamentos profissionais que realiza e da
Tal envolve três etapas: natureza da prova obtida.
• Avaliação do risco de distorções materialmente rele- O seguinte quadro procura evidenciar algumas das
vantes ao nível das demonstrações financeiras; limitações do processo de auditoria que impossibilitam
• Concepção e realização de procedimentos de audito- o auditor de prestar uma segurança absoluta: Quadro
ria que respondam aos riscos identificados, de modo
a reduzir os riscos de distorção materialmente rele-
Limitações Razões
Uso de testes Qualquer amostra que não represente 100% da população introduz
algum risco da ocorrência de erros que não sejam identificados.
Limitações do Controlo Interno Até o melhor sistema, com o melhor desenho e adequadamente
implementado pode ser ultrapassado por actos conduzidos pela ges-
tão ou conluio entre colaboradores.
Fraude não identificada Em virtude da fraude ser concebida de modo a não ser identifica-
da, existe sempre a possibilidade de a mesma não ser detectada.
Natureza da prova obtida A maioria da prova obtida em auditoria tende a ser indiciária e não
conclusiva.
Disponibilidade da prova Poderão existir situações em que existe um insuficiente acesso aos
elementos de suporte, não permitindo conclusões definitivas sobre
determinadas asserções, designadamente ao nível de estimativas
relativas ao justo valor.
Confiança nos julgamentos realizados pelo auditor O julgamento profissional é requerido para:
. Identificar de forma adequada os factores de risco e proceder à sua
avaliação;
. Decidir quanto à profundidade dos testes e prova obtida;
. Avaliar as estimativas realizadas pela gestão; e
. Concluir em função dos resultados obtidos e declarações presta-
das pelos responsáveis da gestão.
Dificuldade em assegurar integridade da informação Existe o risco de que informações importantes e relevantes não
tenham chegado ao conhecimento do auditor, não tenham sido
obtidas ou tenham, inclusive, sido ocultadas.
Auditoria
Auditoria
Risco Inerente Susceptibilidade de uma asserção que possa Estes riscos decorrem do negócio da entidade, dos seus objectivos,
ser material, quer individualmente ou quan- da natureza das operações e ambiente regulador específico da
do agregada a outras distorções, presumin- indústria, assim como da sua dimensão e complexidade. O risco de
do que não haja outros controlos distorções materiais varia em função da natureza dos saldos ou
relacionados. classes de transacções. Os riscos relativamente aos quais o auditor
O risco inerente é avaliado ao nível das deve ter uma particular preocupação, incluem:
demonstrações financeiras na sua globalida- • Cálculos complexos que poderão apresentar erros;
de e ao nível das asserções. • Existências com valorizações de montante elevado;
• Estimativas contabilísticas que se encontram sujeitas a um eleva-
do grau de incerteza;
• Insuficiência ao nível do fundo de maneio que possam pôr em
causa a continuidade das operações da entidade;
• Problemas ao nível do sector de actividade no qual a entidade se
insere;
• Desenvolvimentos tecnológicos que possam tornar obsoletos pro-
dutos ou processo de fabrico.
Risco de Fraude Risco de ocorrer actos intencionais produzidos por Existem dois tipos de erros intencionais que são relevantes para o
(Parte do risco uma ou mais pessoas responsáveis pela gestão, auditor:
inerente) pela governação, por colaboradores ou terceiros, • Erros resultantes de demonstrações financeiras fraudulentas; e
envolvendo a utilização de desvios de modo a • Erros decorrentes da apropriação indevida de activos.
obter uma vantagem ilegal ou indevida.
Risco de Controlo (O Risco de que possa ocorrer uma distorção A entidade deve identificar e avaliar os riscos de negócio e outros
controlo inter-no numa asserção e que possa ser material, (como os de fraude) e responder aos mesmos, concebendo e imple-
implemen-tado reduz o quer individualmente ou quando agregada mentando um sistema de controlo interno.
risco inerente?) com outras distorções, que não seja evitada Existirá sempre algum risco de controlo, por força das limitações
ou detectada e corrigida, numa base tem- inerentes do controlo interno. O auditor deve adquirir conhecimen-
pestiva, pelo controlo interno da entidade. to do sistema de controlo interno da entidade e realizar procedi-
mentos para avaliar o risco de ocorrerem distorções materiais ao
nível das asserções.
Risco Combinado Trata-se de um conceito utilizado para refe- O auditor pode efectuar uma avaliação separada ou conjunta do
rir o risco de distorção material ( risco ine- risco inerente e do risco de controlo, dependendo das técnicas e
rente e risco de controlo), quer ao nível das metodologias adoptadas e de considerações práticas.
demonstrações financeiras, quer ao nível das
asserções.
Risco de Detecção Risco do auditor não detectar uma distor- O auditor identifica as asserções relativamente às quais existem
ção que exista numa asserção que possa ser risco de distorção material e concentra os procedimentos de audi-
material, quer individualmente quer enquan- toria nessas áreas. Ao desenhar e avaliar os resultados dos procedi-
to agregada com outras distorções. mentos adoptados, o auditor deve considerar a possibilidade de:
Para um dado nível de risco de auditoria, o • Seleccionar um procedimento de auditoria inapropriado;
nível aceitável de risco de detecção está • Aplicação incorrecta de um dado procedimento de auditoria;
numa relação inversa para a avaliação do • Interpretação inadequada dos resultados do trabalho realizado.
risco de distorção material ao nível de
asserção.
Auditoria
Nível empresarial
Risco de Controlo Controlos gerais nas T .I.
(Respostas a riscos inerentes)
Estratégia
Processos de negócio Governação
Cultura / Valores
Rendimentos Competência
Tolerância ao risco Compras
Risco Combinado Atitude face ao controlo
da entidade
Vencimentos
Procedimentos de Auditoria
Nível aceitável (Testes de Controlo e Testes Substantivos )
Detecção do Risco
para o risco de auditoria
Fonte: “Guide to Using International Standards on Auditing in the Audits of Small-and Medium sized Entities”
• A avaliação do risco;
• A resposta do auditor aos riscos identificados; e
• O relato.
Auditoria
• Estratégia de Auditoria
Planeamento Elaboração do plano • Materialidade
da Auditoria global de auditoria • Discussão no seio da
equipa de auditoria
A realização de uma auditoria baseada no risco requer • Identificação dos procedimentos de controlo interno
que o auditor possua um conhecimento sobre a entida- relevantes e avaliação do seu desenho e implementa-
de e o seu meio envolvente, incluindo o sistema de con- ção (quais os controlos que previnem a ocorrência de
trolo interno. Ao deter esse conhecimento, o auditor erros ou asseguram a detecção e correcção dos erros
encontra-se em condições de identificar e avaliar os ris- após os mesmos terem ocorrido);
cos de distorção materialmente relevantes ao nível das • Avaliação dos riscos de distorção material ao nível
demonstrações financeiras. Em virtude do processo de das demonstrações financeiras;
avaliação do risco requerer um julgamento profissional • Identificação dos riscos significativos que requeiram
considerável, esta fase do trabalho deverá requerer uma atenção e consideração especial por parte do
maior dispêndio de tempo por parte do sócio respon- auditor e identificação dos riscos, relativamente aos
sável e dos membros da equipa com maior experiência, quais, a execução de procedimentos substantivos, de
quer na identificação e avaliação dos vários tipos de forma isolada, não é suficiente;
riscos, quer consequentemente, na concepção e elabo- • Comunicação aos responsáveis da gestão e da gover-
ração da adequada resposta ao nível do trabalho de nação de toda e qualquer situação de debilidade
auditoria. material na concepção e implementação do sistema
de controlo interno; e
A fase de avaliação do risco, no processo de auditoria, • Proceder à avaliação dos riscos de distorção material
compreende os seguintes passos: ao nível das demonstrações financeiras e ao nível das
asserções, e comunicar com a equipa de auditoria
• Procedimentos de aceitação/retenção do cliente; sobre esta matéria.
• Planeamento da auditoria;
• Realização de procedimentos de avaliação do risco, de Saliente-se, dois aspectos relevantes que decorrem da
modo a adquirir o conhecimento do negócio e a iden- aplicação das Normas Internacionais de Auditoria 3005
tificar os riscos inerente e de controlo; e 3156:
Auditoria
• A necessidade do auditor analisar não só o grau de a detecção das situações em que as fraudes efectiva-
implementação do sistema de controlo interno, mas mente ocorram;
também o seu desenho e concepção, o que significa • Realização de uma reunião final (próximo, ou mesmo,
que não é suficiente o auditor possuir um conheci- no final do trabalho de campo) para discutir as impli-
mento genérico do sistema de controlo interno; deve cações dos resultados do trabalho realizado, procu-
também obter conhecimento detalhado do mesmo, de rando identificar qualquer indício da prática de
modo a poder avaliar da adequacidade do seu dese- fraudes e determinar a necessidade (se alguma) de
nho e concepção; realização de trabalho(s) adicional(ais).
• O facto do auditor dever comunicar com a equipa de
trabalho os riscos de distorção materialmente rele- Ou seja, mesmo no universo das PME’s, o Guia reco-
vantes identificados e as respostas previstas ao nível nhece a necessidade da aplicação das Normas
do trabalho a desenvolver, devendo esta etapa encon- Internacionais de Auditoria relevantes ao nível dos
trar-se devidamente documentada nos papéis de tra- procedimentos de avaliação de risco que o auditor
balho. deverá aplicar, de forma a avaliar do risco de fraude.
Assim, já não estamos na anterior visão de que a audi-
Estes dois aspectos consistem em alterações significa- toria não tinha como objectivo identificar fraudes,
tivas do enfoque do auditor, sendo reforçado pelo Guia tendo apenas o auditor a responsabilidade de comuni-
a sua aplicação ao universo das PME’s. car a sua existência caso identificasse tais situações no
decurso do seu trabalho, competindo agora, ao audi-
Um planeamento eficaz requer que todos os membros tor, avaliar do risco de fraude. Esta é certamente uma
da equipa de auditoria se encontrem envolvidos nesta matéria que irá motivar discussões quanto ao seu
fase e comuniquem de forma efectiva. A equipa de tra- impacto na realização de auditorias às PME’s e meto-
balho deve reunir, ou falar com regularidade, de modo dologias a adoptar.
a partilhar o conhecimento detido por cada um dos
seus membros. Tal poderá ser garantido através de: Em virtude da lógica subjacente ao processo de avalia-
ção do risco, esta fase poderá ser realizada, na maior
• Realização de uma reunião de planeamento entre parte dos casos, bastante antes do encerramento das
todos os membros da equipa de auditoria, de modo a contas.
ser discutida a estratégia global de auditoria e o
plano de auditoria detalhado, assim como proceder à Refira-se que a implementação do preconizado nas
avaliação de como poderão ocorrer fraudes e conce- Normas Internacionais de Auditoria e no Guia poderá
ber procedimentos de auditoria que possam permitir motivar uma alteração da distribuição do tempo ao
longo do processo de auditoria, conduzindo, na maior
Auditoria
parte dos casos, a um acréscimo do tempo incorrido na Adicionalmente, o conhecimento adquirido pelo audi-
fase do planeamento, em particular do tempo dos tor do detalhe dos procedimentos de controlo nas áreas
membros da equipa mais seniores, podendo, e deven- críticas poderá ser utilizado para fornecer aos respon-
do, esse acréscimo de tempo dispendido na fase do pla- sáveis da gestão comentários práticos e recomendações
neamento, ser recuperado, reduzindo ou mesmo de como minimizar ou reduzir riscos.
eliminando, o trabalho nas áreas de baixo risco.
Planeamento da Auditoria
Campo de acção
Objectivos / Calendarização Plano detalhado de auditoria
Materialidade
Alterações significativas Resposta aos riscos avaliados
Aspectos chave a focalizar Natureza , duração e extensão de todos os procedimentos de risco
Necessidades de staff / Selecção de pessoal
Supervisão da equipa de auditoria
Relação com o auditado
Fonte: “Guide to Using International Standards on Auditing in the Audits of Small-and Medium sized Entities”
Auditoria
2.3.1.1.5. Os Procedimentos do Auditor em Resposta a Riscos rial e permitam obter prova/evidência necessária ao
Avaliados suporte da opinião expressa.
A segunda fase do trabalho de auditoria consiste em
desenhar, conceber e realizar outros procedimentos de O seguinte quadro evidencia as tarefas a desenvolver
auditoria que respondam aos riscos de distorção mate- nesta etapa: quadro
• Trabalho realizado
Executar outros procedimentos Reduzir o risco de auditoria • Resultados do trabalho
de auditoria a um nível aceitável • Supervisão da equipa
Alguns dos aspectos que o auditor deve tomar em con- • Testes substantivos, tais como procedimentos analíti-
sideração quando planeia os testes / procedimentos de cos e testes de detalhe.
auditoria consistem nos seguintes:
Mais uma vez, salientamos as exigências evidenciadas
• Asserções que não podem ser aferidas apenas através no Guia quanto à documentação a ser produzida nesta
da realização de procedimentos substantivos. Isto etapa do processo:
pode acontecer quando existam processamentos de
transacções bastante automatizados com reduzida, • Actualização da estratégia de auditoria, caso tal se
ou mesmo, nenhuma intervenção manual; revele necessário em função dos resultados do traba-
• Existência de controlos internos que se testados e lho realizado;
validados possam reduzir a necessidade, ou o âmbito • Elaboração dos programas detalhados, evidenciando
e profundidade, de outros testes substantivos; a ligação entre os procedimentos de auditoria a exe-
• A possibilidade de serem realizados procedimentos cutar e os riscos identificados;
analíticos que possam reduzir a necessidade, ou o • Trabalho realizado ao nível dos outros procedimentos
âmbito e profundidade, de outros testes substantivos; substantivos de auditoria;
• A necessidade de realizar testes de auditoria, de • Resultados do trabalho;
modo a avaliar da possibilidade de os responsáveis da • Supervisão e revisão dos papéis de trabalho.
gestão derrogarem os controlos existentes ou pratica-
rem outro tipo de fraudes; 2.3.1.1.6. Relato
• A necessidade de realizar testes específicos, de forma A fase final da auditoria consiste em avaliar a prova de
a promover trabalho específico face aos riscos signifi- auditoria obtida e determinar se a mesma é suficiente
cativos identificados. e apropriada, de modo a reduzir os riscos de distorção
materialmente relevantes nas demonstrações financei-
Os procedimentos de auditoria desenhados para res- ras a um nível suficientemente baixo, de forma a que o
ponder aos riscos identificados podem consistir numa mesmo seja aceitável.
combinação de:
Seguidamente apresenta-se um mapa com as tarefas a
• Testes de controlo, com o objectivo de validar a efi- desenvolver nesta fase. quadro
cácia do sistema de controlo interno; e
Auditoria
RELATO – A01.03
• Riscos adicionais
Determinar qual o trabalho • Revisão dos procedimentos
Avaliar os resultados obtidos de auditoria adicional (se algum) de auditoria
necessário • Alterações na materialidade
• Conclusões
É importante que nesta fase seja dispendido o tempo • Deve ser formada a opinião do auditor e elaborado o
necessário de forma a determinar: relatório de auditoria com a redacção adequada.
Auditoria
O Guia, evidencia como potenciais vantagens da sua mente relevantes, o auditor pode direccionar os esfor-
adopção: ços desenvolvidos pela equipa para as áreas de maior
risco, afastando-a das áreas de baixo risco. Tal aju-
• A flexibilização da gestão do tempo no trabalho de dará a garantir que os recursos humanos são utiliza-
auditoria – A fase inicial de avaliação do risco pode dos de forma eficiente;
ser realizada numa data bastante anterior ao encer- • A orientação dos procedimentos de auditoria para os
ramento das contas. Em virtude de a fase de planea- riscos específicos – De modo a poder minimizar os
mento não envolver testes de detalhe ao nível das riscos específicos identificados, o auditor deve conce-
transacções e saldos, a mesma pode ser realizada bas- ber outros procedimentos de auditoria. Consequente-
tante antes do final do exercício, desde que não se mente, os testes de detalhe orientados para
encontrem previstas alterações significativas no plano minimizar os riscos gerais podem ser significativa-
operacional. Tal poderá permitir uma melhor distri- mente reduzidos, ou mesmo eliminados. O requisito
buição das cargas de trabalho ao longo do ano, assim do auditor adquirir conhecimento de compreender o
como, permitir que o cliente tenha tempo para alte- sistema de controlo interno permite que possa tomar
rar ou corrigir pontos fracos detectados ao nível do decisões fundamentadas quanto à realização de tes-
sistema de controlo interno, assim como obter apoio tes, de modo a concluir quanto à eficácia operacional
a tarefas específicas antes do início do trabalho de do sistema de controlo interno. A realização de testes
campo na fase final; de controlo (alguns deles podendo ser realizados com
• Focalizar os esforços desenvolvidos pela equipa de uma periodicidade máxima de três anos) resultam,
auditoria nas áreas chaves – Ao compreender quais as normalmente, na realização de menos trabalho do
áreas nas quais existem riscos de distorção material-
Auditoria
que o requerido pela realização de testes de detalhe auditoria, sem a necessidade de qualquer esclareci-
exaustivos. mento oral sobre o trabalho realizado, o porquê da
• A comunicação de matérias relevantes para os res- sua realização, ou sobre como foram formuladas as
ponsáveis da gestão – O aprofundar da compreensão conclusões do trabalho.
do sistema de controlo interno por parte do auditor,
permitirá que o mesmo identifique, em detalhe, as É provável que no primeiro ano da implementação des-
debilidades daquele sistema e que anteriormente não tas metodologias possa ocorrer um acréscimo do traba-
haviam sido identificadas. Comunicar, atempada- lho, nomeadamente ao nível do envolvimento dos
mente, estes pontos fracos aos responsáveis da gestão, responsáveis do trabalho - sócio responsável e chefe da
permitirá que os mesmos implementem as acções equipa afecta ao cliente -, nomeadamente na fase de
adequadas. Tal, poderá conduzir a uma redução do planeamento e relato. Contudo, é expectável que o
tempo de execução de futuros trabalhos. aprofundar do conhecimento do cliente possa orientar
• Melhorar a documentação dos papéis de trabalho – de forma mais eficaz a equipa de auditoria para tare-
As Normas Internacionais de Auditoria colocam um fas nas áreas de risco elevado e, desta forma, compen-
ênfase significativo na necessidade de documentar sar o acréscimo de esforços nas fases anteriormente
cada um dos passos do processo de auditoria. referidas.
Embora tal possa motivar um acréscimo do custo do
trabalho, a documentação cuidada assegurará que o Um aspecto que assume particular relevância ao longo
dossier de auditoria evidencia todo o processo de do Guia consiste no enfoque prestado à documentação
do trabalho realizado e as suas conclusões. Caso não contexto das PME’s, sendo evidente a sua aplicabili-
seja adequadamente documentado o trabalho realizado dade, ainda que com as necessárias adaptações;
nas fases do planeamento e relato, será difícil avaliar • Basear o processo de auditoria na avaliação do risco,
(quer internamente, através do controlo de qualidade ou seja, reforçando o papel do planeamento e a neces-
interno, quer externamente, através do controlo de sidade da sua adequada documentação. O trabalho
qualidade da Ordem, ou outras entidades) os julga- realizado deve decorrer dos riscos identificados, sendo
mentos realizados pelo auditor e a fundamentação das essencial garantir a articulação entre os riscos identi-
opções tomadas. ficados e os testes realizados;
• Permitir uma clara identificação da ligação entre os
2.3.2 Controlo Interno e Asserções das Demonstrações riscos avaliados e os procedimentos de auditoria
Financeiras adoptados, nomeadamente a articulação entre tes-
O segundo e terceiro conceitos relevantes do Guia tes de controlo e testes substantivos. Não faz senti-
assentam no controlo interno e nas asserções das do numa entidade cujo sistema de controlo interno
demonstrações financeiras. não mereça confiança realizar testes de cumprimen-
to, assim como, naquelas cujo sistema de controlo
3. Conclusões mereça confiança por parte do auditor, (i) apenas
Na opinião do autor, face ao anteriormente exposto, o basear o trabalho em testes de cumprimento sem
Guia assume particular relevância em virtude de: que sejam executados testes substantivos, (ii)
suportar a opinião exclusivamente com testes subs-
• Evidenciar de forma clara a aderência das Normas tantivos, excepto nas situações em que tal seja mais
Internacionais de Auditoria ao universo das Pequenas eficiente;
e Médias Empresas. O Guia focaliza-se, especifica- • Evidenciar a relevância dos testes “walk-throught” e
mente, nas Normas Internacionais de Auditoria no testes analíticos. O trabalho do auditor deverá centrar-
se em testes ao sistema de controlo interno e testes