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Machine Translated by Google Revista Brasileira de Farmacognosia

Revista Brasileira de Farmacognosia


Recebido em 24 de junho de 2008; Aceito em 24 de novembro de 2008 20(1): 45-47, jan./mar. 2010

Atividade antimicrobiana de Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.


do Nordeste do Brasil contra isolados clínicos de Staphylococcus aureu
Artigo

Itácio QM Padilha,1 Andréia V. Pereira,2 Onaldo G. Rodrigues,2 José P. Siqueira-Júnior,*,1


Maria do Socorro V. Pereira1

1
Departamento de Biologia Molecular, Universidade Federal da Paraíba, 58059-900 João Pessoa-PB, Brasil
2
Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande, 58700-970 Patos-PB, Brasil

RESUMO: “Atividade antimicrobiana de Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. do Nordeste do Brasil, contra
isolados clínicos de Staphylococcus aureus”. A Mimosa tenuiflora é uma planta nativa da região
Nordeste do Brasil onde é conhecida como jurema-preta sendo amplamente utilizada na medicina popular.
No presente trabalho a atividade anti-Staphylococcus aureus do extrato etanólico de M. tenuiflora foi
avaliada pela determinação da concentração inibitória mínima (CIM), pelo método da diluição em ágar, em
30 isolados clínicos e pela cinética de inativação com a linhagem referência. Os valores da CIM foram 0,18
mg/mL em 16 isolados e 0,36 mg/mL nos demais, bem como na linhagem referência. A cinética de
inativação mostrou apenas efeito bacteriostático nas concentrações do extrato até aquela correspondente
a 4x CIM e um efeito bactericida rápido na concentração correspondente a 8x CIM.

Unitermos: Mimosa tenuiflora, extrato etanólico, atividade antimicrobiana, Staphylococcus


áureo.

RESUMO: Mimosa tenuiflora é uma planta nativa do Nordeste do Brasil onde é popularmente conhecida
como “jurema-preta” e é amplamente utilizada na medicina popular. Neste trabalho a atividade anti-
Staphylococcus aureus do extrato etanólico de M tenuiflora foi avaliada pela determinação da concentração
inibitória mínima (CIM) de isolados clínicos pelo método de diluição em ágar e pelo ensaio time-kill utilizando
uma cepa de referência. Os valores de CIM contra 30 isolados foram 0,18 mg/mL (16/30) ou 0,36 mg/
mL (14/30, e também a cepa de referência). Nas cepas de referência, em concentrações até 4x MIC, foi
observado apenas efeito bacteriostático, mas em 8x MIC foi observado rápido efeito bactericida.

Palavras-chave: Mimosa tenuiflora, extrato etanólico, atividade antimicrobiana, Staphylococcus aureus.

INTRODUÇÃO bronquite, tosse, febre, dor de cabeça e úlceras externas, e nos cultos
indígenas e afro-brasileiros como enteógeno (Albuquerque et al., 2007;
Staphylococcus aureus é reconhecido como um importante Agra et al., 2008; Souza et al, 2008). Investigações fitoquímicas de M.
patógeno nosocomial, adquirido na comunidade e responsável por uma tenuiflora resultaram no isolamento de diversas classes de compostos,
ampla gama de infecções. incluindo alcalóides indólicos, taninos, chalconas, esteróides,
Embora a introdução de antibióticos, desde o início da década de 1950, terpenóides e fenoxicomonas (Rivera-Arce et al., 2007; Souza et al.,
tenha reduzido a morbilidade e mortalidade devido a infecções por S. 2008 e referências nele contidas).
aureus , esta bactéria Gram-positiva desenvolveu/adquiriu mecanismos
de resistência a praticamente todos os antibióticos que foram Apesar da existência de relatos enfocando a atividade
introduzidos na prática clínica (Lowy, 2003; Hardy e outros, 2004). Na antimicrobiana de M. tenuiflora (Lozoya et al., 1989; Meckes-Lozoya et
verdade, os S. aureus resistentes à meticilina (MRSA) são al., 1990; Heinrich et al., 1992), estudos relativos a isolados bacterianos
frequentemente multirresistentes, um problema sério em todo o mundo. locais, bem como extratos de local espécimes de plantas são garantidos.
Novos agentes antimicrobianos são urgentemente necessários e Neste trabalho avaliamos a atividade antimicrobiana do extrato etanólico
atualmente tem havido um interesse crescente em avaliar a atividade de M. tenuiflora (EEMt) contra cepas de S. aureus isoladas de um
antimicrobiana de produtos naturais vegetais - extratos e fitoquímicos hospital universitário brasileiro.
(Gibbons, 2004, 2008; Stavri et al., 2007).

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. (Mimosaceae; Fabaceae- MATERIAL E MÉTODOS


Mimosoideae) é uma árvore ou arbusto perene, perene, nativo do
Nordeste do Brasil, onde é popularmente conhecida como “jurema- Material vegetal e preparação de EEMt
preta”. É usado na medicina popular contra

*E-mail: jpsiq@pq.cnpq.br. Tel./ Fax: +55 83 32167436/32167787 45


ISSN0102-695X
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Itácio QM Padilha, Andréia V. Pereira, Onaldo G. Rodrigues, José P. Siqueira-Júnior, Maria do Socorro V. Pereira

A casca vaporizada de M. tenuiflora foi coletada em um e outros, 1990). Estudos realizados por grupos de pesquisa mexicanos
município (São José dos Espinharas) do semiárido do Estado da apoiam as atividades biológicas pela existência de compostos como
Paraíba, Brasil. O material vegetal foi identificado por Lúcio Valério esteróides, terpenóides, alcalóides, flavonóides, taninos, chalconas e
Coutinho e um espécime voucher (nº HC001) está depositado no outros compostos fenólicos em Mimosae tenuiflora (Rivera-Arce et al.,
Herbário “Caatinga” (Universidade Federal de Campina Grande). 2007).
A maioria dos estudos sobre extratos vegetais baseia-se na
A casca a vapor seca e em pó (100 g) foi extraída exaustivamente com medição da CIM. Uma limitação deste procedimento é a incapacidade
etanol utilizando um aparelho Soxhlet. A solução concentrada (57,8 mg/ do método de determinar a rapidez com que um agente atua no
mL) obtida foi armazenada a ca. 4 ºC até usar. organismo. O presente estudo foi aprimorado com o ensaio time-kill.

Experimentos anteriores demonstraram 5,78 mg/


Cepas bacterianas mL uma diminuição do UFC abaixo do limite de quantificação após
duas horas de exposição. A Figura 1 mostra o efeito de diferentes
Trinta isolados de S. aureus obtidos no Hospital da concentrações de EEMt na viabilidade celular da cepa de referência
Universidade Federal da Paraíba. (Freitas et al., 1999) e a cepa de ATCC 25923. Todos os ensaios de tempo de morte foram repetidos
referência ATCC 25923 foram testadas. Todas as cepas foram mantidas duas vezes, com resultados consistentes. Em concentrações até 4x
em inclinações à base de ágar sangue (Difco) e, antes do uso, as MIC, apenas foi observado um efeito inibitório (bacteriostático), mesmo
células foram cultivadas durante a noite a 37 ° C em caldo de infusão após duas horas de exposição. A 8x MIC, um efeito bactericida [ÿ 3
de cérebro e coração (Difco ). log10 redução em células viáveis, ou seja,
ÿ 99,9% de morte (LaPlante, 2007)] foi observada já após 30 min de
Teste de suscetibilidade exposição. Esta concentração não impediu o novo crescimento das
bactérias sobreviventes após uma hora, não excedendo, no entanto, o
As concentrações inibitórias mínimas (CIM) do EEMt foram aumento de 1 log10 nas células viáveis até
determinadas pelo método de diluição em ágar utilizando um inóculo duas horas.
de ca. 104 ufc (unidade formadora de colônia) Esses dados são promissores e poderão incentivar novas
(Pereira & Siqueira-Júnior, 1995). A faixa de concentração do extrato pesquisas sobre aspectos fitoquímicos, toxicológicos e farmacológicos
nas placas Müller-Hinton (ágar MH (Difco) foi de 5,78 a 0,011 mg/mL de subprodutos de M. tenuiflora , a fim de apoiar seu possível uso
(diluições em série dupla). O MIC é definido como a concentração de racional na terapia antimicrobiana, particularmente na ação anti-S.
extrato mais baixa na qual nenhum crescimento é observado após terapia áurea .
18-24 h incubação a 37 °C.

Ensaio de eliminação do tempo

As bactérias foram cultivadas em caldo Müeller-Hinton


(Difco) até atingirem a fase exponencial tardia (16-18 h a 37 ºC) e
ressuspensas no mesmo meio a uma densidade de ca. 106 UFC/mL.
O extrato foi adicionado para obtenção das concentrações finais de
MIC, 2x MIC, 4x MIC e 8x MIC, e as culturas foram incubadas a 37 ºC
sem agitação. Alíquotas (100 µL) foram retiradas aos 0, 30, 60 e 120
min, diluídas em série em solução salina e espalhadas em ágar Müller-
Hinton. Após 18-24 h de incubação a 37 ºC, as colônias foram contadas
e o título bacteriano relativo foi calculado (título bacteriano no tempo t/
título bacteriano no tempo 0). No controle não foi adicionado nenhum
extrato. Figura 1. Efeito do extrato etanólico de Mimosa tenuiflora em diferentes
concentrações na viabilidade celular de Staphylococcus aureus ATCC 25923.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
RECONHECIMENTOS
Os valores de CIM de EEMt contra os trinta isolados clínicos
de S. aureus foram 0,18 mg/mL (16/30) ou 0,36 mg/mL (14/30, e O IQMP está muito grato a Amely Branquinho Martins pela
também a cepa ATCC 25923). O extrato etanólico de casca de vapor útil discussão durante o desenvolvimento deste trabalho. Este trabalho
da mesma espécie tem sido mencionado na literatura por sua atividade foi apoiado pelas agências brasileiras CNPq (PIBIC/UFPb) e FAPESQ-
antibacteriana sobre Staphylococcus epidermitis, Escherichia coli, PB.
Pseudomonas aeruginosa e atividade antifúngica sobre Candida
albicans (Lozoya et al., 1989; Meckes-Lozoya

Rev. Brás. Farmacogno.


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20(1): Jan./Mar. 2010
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Atividade antimicrobiana de Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. do Nordeste do Brasil contra isolados clínicos de Staphylococcus aureus

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