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Ana Rosa Carreiro de Morais, Katiana Ferreira de Sales, Maria Clara Sousa
Silva, Orientadora Tasia Peixoto.
Faculdade Estácio de Teresina, Avenida dos expedicionários, 790, São João - 64046-700 –
Teresina - PI, Brasil
Resumo
Introdução: O fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico é essencial para manter a
continência urinária. Objetivos: avaliar a aplicabilidade e eficiência dos métodos terapêuticos de
tratamento da IU. Metodologia: revisão sistemática baseada em pesquisas nas bases de dado
BVS e Pubmed usando a estratégia PICO para construção da pesquisa levando em consideração
no máximo os 5 anos anteriores. Resultados: foram encontrados 552 artigos sobre o tema
escolhido, após combinação dos descritores utilizados. Sendo aplicados os critérios de inclusão e
exclusão, restaram 8 artigos que foram inclusos nessa revisão. Conclusões: Existe uma
variedade de tratamento para IU em mulheres pelo mundo, onde ficou aprovado eficácia de
tratamento, contudo, levando em consideração o custo-benefício, acessibilidade e conforto, os
exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico são os mais eficazes.
Palavras-chave: Incontinência urinária. Fisioterapia. Mulher.
ABSTRACT:
Introduction: Strengthening pelvic protectors is essential to maintain urinary continence. Objectives:
to evaluate the applicability and efficiency of therapeutic methods for treating UI. Methodology:
review based on research based on VHL data and research on Pubmed databases to build the
PICO strategy taking into account at most previous years. Results: 52 articles were found on the
chosen topic, after the descriptors used. After applying the inclusion and exclusion criteria, 8
articles remained that were included in this review. Conclusions: There is a variety of treatment for
UI in women around the world, where the concern with treatment was adopted, taking into account
cost-effectiveness, accessibility and comfort, pelvic strengthening exercises are the most
appropriate.
Keywords: Urinary incontinence. Physiotherapy. Women.
Introdução
Os músculos do assoalho pélvico (MAP) apresentam função de sustentar os órgãos pélvicos e
manter as funções fisiológicas de armazenamento e eliminação dos produtos de excreção da
bexiga e do reto3, portanto a disfunção ou fraqueza do MAP pode causar incontinência urinária.
De acordo com a Associação Internacional de Uroginecologia (IUGA) e a International
Continence Society (ICS) definem como qualquer queixa de perda involuntária de urina 1 e é
classificada em 3 tipos: incontinência urinária de esforço (IUE), relacionada com a elevação da
pressão abdominal, incontinência de urgência (IUU), relacionada com bexiga hiperativa, com ou
sem hiperatividade do detrusor e incontinência urinária mista(IUM), quando existe
componente de esforço e de urgência reunidos.
A IU é um problema que atinge um percentual alto entre mulheres, de idades distintas. O impacto
que a condição causa nos pacientes vai muito além das questões de saúde e higiene,
comprometendo o âmbito social, pessoal e emocional, ainda mais que os sintomas são
menosprezados e poucas vezes são colocados como queixa principal nas consultas médicas,
dificultando o tratamento precoce.
Estudos ja comprovam que o treinamento de força do assoalho pélvico – especialmente atividades
em grupo, melhora a sustentação estrutural dos orgãos,além de facilitar um recruamento mais eficaz
das unidades motoras e contrações mais consistentes auxiliando na continencia urinária e/ou fecal.
Objetivo: O propósito desse artigo é discutir a eficácia dos exercicios de fortalecimento do MAP para
tratamento de incontinência urinária comparando com outros metodos de tratamentos - possiveis,
tendo em vista a sustentação dos orgãos e contrações eficazes para continência.
Serão selecionados os estudos que estiverem adequados dentro dos seguintes preceitos:
(1) ensaio clinico controlado, guia de pratica clínica, relato de casos; (2) artigos em idiomas
português, inglês e espanhol; (3) publicação dos últimos cinco anos (4) artigos que retratam ao
objetivo desse trabalho. Já como critério de exclusão foram adotados os seguintes preceitos: (1)
estudos de caso, revisão de literatura, bibliográficas, revisão sistemática com metanálise, teses e
dissertações e (2) artigos por repetição e (3) artigos não disponíveis para download nas bases de
dados.
Os termos utilizados foram adequados de acordo com os descritores de ciências e saúde
(DesCs): incontinência urinaria “E” fisioterapia “E” mulher. O Medical Subject Headings (MeSH)
também foi utilizado: urinary incontinence “E” physiotherapy “E” woman, os quais foram
combinados com descritores booleanos (and).
O levantamento dos dados bibliográficos foi realizado por três autoras/pesquisadoras
A.R.C.M, K.F.S, M.C.S.S, com base nos critérios de inclusão estabelecidos. A primeira etapa de
seleção dos artigos foi realizada mediante a leitura e a análise dos títulos e resumos de todos os
artigos encontrados. Após essa triagem inicial, na segunda etapa, procedeu-se à leitura na íntegra
dos estudos selecionados, a qual possibilitou que outros textos também fossem excluídos por não
atenderem à proposta da revisão. Na terceira etapa, os dados dos estudos foram analisados e
tabulados em uma tabela pré-estabelecida os quais compreendem os seguintes itens: autor/ano,
tema, objetivo, métodos e resultados.
Resultados
Foram encontrados 552 artigos sobre o tema abordado, sendo que após a combinação dos
descritores utilizados, sendo 390 na PubMed/ e 162 BVS. Inicialmente 452 artigos foram excluídos
por apresentarem duplicidade em mais de uma base de dados. 100 artigos foram submetidos a
leitura de títulos e resumo, em que 40 foram excluidos pós-leitura dos títulos e resumos. 60 artigos
foram submetidos a analise dos criterios de elegibilidade propostos pelo estudo, onde 52 estudos
foram excluidos. Ao fim dos critérios de elegibilidade, restaram-se apenas, 8 artigos, os quais
estão apresentados no respectivo fluxograma de busca (Fluxograma I)
Estudos (textos
Estudos identificados por meio de completos) para
pesquisa em base de dados Estudo excluido
avaliação de
(n=552), sendo (n=390) Pubmed, (n=452)
elegibilidade
(n=162) BVS (n=100)
Estudos (textos
completos) excluídos Estudos incluídos na
com base nos critérios revisão (n=8)
adotados (n=92)
Swati Jha, Stephen J Impacto do Avaliar a clínica e Ensaio controlado Em mulheres que
Walters, Oscar treinamento custo-efetividade da randomizado de grupo apresentam
Bortolami, Simon muscular do estimulação elétrica paralelo de dois braços incontinência urinária
Dixon, Abualbishr assoalho pélvico associada ao de centro único realizado em conjunto com
Alshreef na função sexual treinamento padrão dos em um hospital disfunção sexual, a
de mulheres com músculos do assoalho universitário na fisioterapia é benéfica
incontinência pélvico em comparação Inglaterra. Os para melhorar a
urinária e com o treinamento participantes eram função sexual geral.
comparação da padrão dos músculos mulheres com No entanto, nenhuma
estimulação do assoalho pélvico incontinência urinária e forma específica de
elétrica versus isolado em mulheres disfunção sexual. fisioterapia é benéfica
tratamento padrão com incontinência em relação a outra.
(ensaio IPSU): um urinária e disfunção
estudo controlado sexual.
randomizado
Discussão
A incontinência urinária pode ser causada por diversos fatores como enfraquecimento do assoalho
pélvico, por decorrência de partos vaginais e indicies elevados de massa corporal (Madalena
Ptak)8,9. os estudos feitos sobre os efeitos dos exercícios do MAP em mulheres que sofrem com
IUE após partos vaginais8 e com índices elevados de massa corpórea9, tem uma queda na
qualidade de vida da mulher e comprova através dos questionários realizado durante a pesquisa
em um período de três meses, que tiveram uma melhora significante ao método de exercícios para
a musculatura do assoalho pélvico e a musculatura acessória: m. transverso do
abdômen(PFM+TrA), em mulheres com IMC < 30 kg/m e em mulheres que tiveram partos
vaginais.
Natália de Souza Abreu, Bia de Castro Villas Boas, José Murilo Bastos Netto e André Avarese
Figueiredo11 comprovaram em sua pesquisa, através de um ensaio clinico controlado em que
inicialmente um fortalecimento do PFM e DLS não houve grande diferença no resultado, porem em
um período após 90 dias o melhor tratamento seria a DLS.
Heidi S HARVIE, Vivian W. SUNG, Simon J NEUWAHL, Amanda A HONEYCUTT, Isuzu MEYER,
Christopher J CHERMANSKY, Shawn MENEFEE, Whitney K. HENDRICKSON, Gena C
DUNIVAN, Donna MAZLOOMDOOST, Sarah J BASS, Marie G GANTZ6 no trabalho sobre a
efetividade da cirurgia de sling de uretra média mais terapia comportamental e muscular do
assoalho pélvico versus a cirurgia isolada, fica certo a eficácia dos dois métodos porem com o
custo benefício elevado para a terapia combinada, tornando a cirurgia isolada um método mais
prático e econômico.
Dumoulin, Chantale; Morin, Mélanie; Danieli, Coraline; Cacciari, Licia; Mayrand, Marie-Hélène;
Tousignant, Michel; Abrahamowicz, Michal7, no estudo Treinamento muscular do assoalho pélvico
em mulheres idosas, comparou através de um estudo simples cego, a eficácia dos exercícios do
MAP realizados em grupo ou individualmente onde foi observado que o exercício em grupo foi
mais ativo do quem individualmente, salvo no caso a paciente esteja com patologias psiquiátricas
adversas. Pode ser observado ainda no estudo dos autores Cinara Sacomori PT, PhD, Icon,Bary
Berghmans PT, MSc, PhD, Rob de Bie PT, PhD,Ilse Mesters PhD & Fernando Luiz Cardoso PhD5
que fala sobre preditores de adesão a um programa domiciliar de exercícios musculares do
assoalho pélvico que os resultados são mais positivos se feitos em grupo.
Adi Lausen, Louise Marsland, Samantha Head, Joanna Jackson & Berthold Lausen4 em seu
projeto sobre o uso do pilates para tratamento da IU realixado com base no estudo ECR piloto de
centro único, foi incisiva ao relatar que houve bons resultados ao realizar o pilates de maneira
adjunta aos exercicos, inclusive com melhoria na vida social da mulher.
Swati Jha, Stephen J Walters, Oscar Bortolami, Simon Dixon, Abualbishr Alshreef 10, pesquisaram
sobre a avaliação clínica e o custo-efetividade da estimulação elétrica associada ao treinamento
Conclusão
A incontinência urinária tem variados estilos de tratamentos funcionais, porém com analise nos
artigos revisados, observa-se que os exercícios de fortalecimento dos músculos do assoalho
pélvico – sendo individual ou em grupo, são os mais populares, confortáveis e acessíveis às
mulheres. A eletroestimulação10 ou o método do pilates4 são eficazes, mas com o custo-benefício
mais elevados já que precisam de um acompanhamento mais rigoroso ao realizar a pratica – as
pacientes não conseguem realizar esses procedimentos em sua casa, porem esses métodos
também trabalham o fortalecimento do Map até mesmo os músculos acessórios, concluindo-se
que, em um período de até 3 meses, o método mais eficaz para tratamento de IU são os
exercícios do assoalho pélvico.
Referências
1 (Kisner & Colby, 2016) Abrams P, Cardozo L, Fall M, Griffiths D, Rosier P, Ulmsten U, Van
Kerrebroeck P, Victor A, Wein A, Standardisation Sub-Committee of the International Continence
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standardisation sub-committee of the International Continence Society. Urology 2003; 61(1):37-49
3 Assis, Thaís Rocha et al. Efeito de um programa de exercícios para o fortalecimento dos
músculos do assoalho pélvico de multíparas. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia
[online]. 2013, v. 35, n. 1 [Acessado 11 Outubro 2022] , pp. 10-15. Disponível em:
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https://doi.org/10.1590/S0100-72032013000100003.
4 Lausen, A., Marsland, L., Head, S. et al. Modified Pilates as an adjunct to standard physiotherapy
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Women's Health 18, 16 (2018). https://doi.org/10.1186/s12905-017-0503-y
5 Cinara Sacomori PT, PhD, Bary Berghmans PT, MSc, PhD, Rob de Bie PT, PhD, Ilse Mesters
PhD & Fernando Luiz Cardoso PhD (2020) Predictors for adherence to a home-based pelvic floor
muscle exercise program for treating female urinary incontinence in Brazil, Physiotherapy Theory
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6 Harvie HS, Sung VW, Neuwahl SJ, et al. Cost-effectiveness of behavioral and pelvic floor muscle
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7 Dumoulin C, Morin M, Danieli C, et al. Group-Based vs Individual Pelvic Floor Muscle Training to
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10 Jha S, Walters SJ, Bortolami O, Dixon S, Alshreef A. Impact of pelvic floor muscle training on
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11 de Souza Abreu N, de Castro Villas Boas B, Netto JMB, Figueiredo AA. Dynamic lumbopelvic
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