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Inanna: Descida ao submundo

Inanna era a deusa do sexo e do amor dos povos da antiga Mesopotâmia. Estavam sob os domínios
dela: a fertilidade e as batalhas, pontos extremamente importantes para aqueles povos. Inanna, a
grande mãe, dominava a abundância das colheitas, a fertilidade dos campos e dos ventres e o
sucesso nas guerras. Inanna era luminosa e com seu poder, conquistou quase todos os domínios.
Quase! O que faltava então?

Inanna, no tempo certo, precisamente (nem mais, nem menos), se deparou com a entrada do
inverno e observou as folhas caindo das árvores, o que não tinha sido colhido, murchando...
morrendo... Inanna observou uma força que até então, ela não dominava. E então, ela que pulsava
força criadora, seja em seu estado Jovem - no semear nos campos ou Madura - nas grandes
colheitas; ela que era capaz de tomar a forma de cada mulher que escolhia cada um dos seus
parceiros nos ritos do gamo rei e se deitar sobre eles, trazendo as próximas gerações e povoando a
Terra. Agora, era tomada por uma necessidade incontrolável de ampliar seus domínios e conhecer
essa outra força, sob a qual tudo era, a seu tempo, submetido.

Nesse momento, ela decide descer ao submundo para tomar o lugar de sua irmã Ereskigal, rainha do
submundo e estender, assim, seus domínios. Para isso, ela se prepara com sete peças de
roupas/insígnias (os sete “me”, decretos universais de autoridade divina) e parte.

Chegando à entrada do submundo, ela bate na porta do palácio do mundo dos mortos

“Quando chega a Ganzir, grão palácio, golpeia os umbrais, em fúria, frente ao abismo, grita aos
portões:

- Abre as portas, ó porteiro, abre as portas!


- Abre as portas, venho só e quero entrar!”

Inanna é, então, recebida pelo porteiro Neti

“Neti, grão guardião do abismo, diz à divina Inanna

- Tu, quem és?


- Sou Inanna e sigo o rumo do Sol nascente
- Jovem, o que te trazes ao abismo sem retorno?
- Por quê presente no juízo, esta via de onde ninguém retorna?”
Divina Inanna lhe diz:

“Vim visitar a minha irmã mais velha, a divina anciã Ereskigal”

Ereskigal, do grande trono do submundo, desconfia e pede ao porteiro que a deixe entrar, mas que
prepare as sete portas.

Inanna entra e a cada uma das sete portas, ela deixa uma de suas peças de roupa/insígnias (a cada
porta, ela deixa algo, a cada porta mais a essência) e por fim, chega ao núcleo do submundo,
completamente nua e desprotegida, despida de qualquer coisa que “servisse” no mundo externo.
Ela estava dentro, no interior. Ela havia cumprido os ritos do abismo. Neste momento, Ereskigal, sua
irmã anciã, se ergue do trono e Inanna se senta. E então, os sete juízes do submundo deitam os
olhos sobre ela e Inanna morre.

Do abismo, após 3 dias e 3 noites, mensageiros da vida, lançam sobre Inanna, a erva e a água da vida
e Inanna se levanta, pronta para retornar do submundo, pronta para um novo ciclo.

E assim, Inanna, se permitiu, se permitiu morrer, invernar, explorar o seu oculto, se despir de tudo e
descer até o abismo de sua alma. E então, retornar para mais um ciclo de plantio e outro de colheita.

Inanna, jovem...

Inanna, madura...

Inanna – Ereskigal, anciã...

Gratidão a Inanna!

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