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Abordagem Nutricional

no Envelhecimento
•• •••
Maria Sônia Lopes Duarte I Fabiane Aparecida Canaan Rezende
Eliana Carla Gomes de Souza

~
RUBlO
Abordagem Nutricional
no Envelhecimento
• • • ••

Organizadoras

Maria Sônia Lopes Duarte


Mestre e Doutora em Ciências e Tecnolog ia dos A limentos pe la Universidade
Federal de Viçosa (UFV), MG .
Professora Adju nta do Departamento de Nutrição e Saúde da UFV.
Nutricionista pela UFV.

Fabiane Aparecida Canaan Rezende


Mest re e Doutora em Ciência da Nutrição da Un iversidade Federa l de Viçosa (UFV), MG .
Professora Adjunta do Curso de Nutrição da Un iversidade Federal do Tocantins (UFT). TO .
Nutricion ista pela UFV.

Eliana Carla Go~es de Souza


Mestre em Agroquímica e doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos
pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), MG .
Professora Adjunta do Departamento de Nutrição e Saúde da UFV.
Nutricion ista pela UFV.

[1
RUBlO
Aborda gem Nutricio nal no Envelhe cimento
Copyright © 2017 Editora Rubio Ltda.

ISBN 978-85 -8411-0 53-7

Todos os direitos reservados.


É expressamente proibida a reprodução
desta obra, no todo ou em parte,
sem autorização por escrito da Editora.

Produção
Equipe Rubio

Capa
Thaissa Fonseca

Editoração Eletrônica
Elza Ramos

Imagem da Capa
© iStock / Halfpoint

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLIC AÇÃO


SINDICATO NACION AL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
D872a

Duarte, Maria Sônia Lopes


Abordag em nutricion al no envelhe cimento / Maria Sônia Lopes
Duarte,
Fabiane Apareci da Canaan Rezende, Eliana Carla Gomes de
Souza. 1. ed.
Rio de Janeiro: Rubio, 2016.
168 p.: il.; 25cm.

Inclui bibliogra fia e índice


ISBN 978-85-8411-053-7

1 . Geriatria. 2. Idosos - Nutrição. 3. Idosos - Saúde e higiene.


4.
Envelhecimento - Aspecto s nutricionais. 5. Dietética. I. Rezende
, Fabiane
Apareci da Canaan. 11. Souza, Eliana Carla Gomes de. 111. Título.

16-36807 CDD: 618.97


CDU: 616-053.9

11
RUB lO
Editora Rubio Ltda.
Av. Franklin Roosevelt, 194 s/I 204 - Castelo
20021-120 - Rio de Janeiro - RJ
Telefax: 55(21) 2262-3779 • 2262-1783
E-mail: rubio@rubio.com.br
www.ru bio.com .br

Impress o no Brasil
Printed in Brazil
Colaboradores

CAROLINA ARAÚJO DOS SANTOS LAís MONTE IRO RODRIGUES LOUREIRO


Nutr icionista pela Universidade Federal de Viçosa Nutricionista pela Universidade Federal de V içosa
(UFV), MG. (UFV), MG.
Mestre em Ciência da Nutrição pela UFV. Mestre em Ciência da Nutrição pela UFV.
Doutoranda em Ciências da Saúde pela
DALILA PINTO DE SOUZA FERNANDES Universidade de Brasília (UnB), DF.
Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa
(UFV), MG. LEONARDO COSTA PEREIRA
Doutoranda e Mestre em Ciência da Nutrição pela UFV. Educador Físico pela Un iversidade Católica de
Brasília (UCB), DF.
DANIELA MAYUMI USUDA PRADO ROCHA
Doutorando em Ciências e Tecno logia em Saúde
Nu t ricion ista pela Universidade Federa l de Viçosa
pela Universidade de Brasíl ia (UnB)
(UFV), MG.
Doutoranda e Mestre em Ciência da N ut rição pela Mestre em Ciências da Saúde pela UnB.
UFV.
Ll SIA N E LOPES DA CO N CE iÇÃO
DANIELA DA SILVA ROCHA Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa
Nutricionista pela Universidade Federa l de Viçosa (UFV), MG
(UFV), MG. Dout oranda em Ciência da Nutrição pela UFV.
Professora Adjunta da Universidade Federal da Mestre em Microbiologia Agrícola pela UFV.
Bahia (UFBA).
LU IZ SIN ÉSIO SI LV A NETO
Doutora e Mestre em Ciências da Saúde pela
Faculdade de Medicina da Universidade Federal Educador Físico pela Universidade Luterana de
de Minas Gerais (UFMG). Palmas (Ulbra), TO.
Professor Ad junto da Universidade Federal do
JOÃO PAULO CHIEREGATO MATHEUS Tocantins (UFT).
Fisioterapeuta pela Un ive rsidade de Uberaba Pós-doutorando em Patologia Muscular pe la
(Uniube), MG. Universidade Federa l do Estado de São Pau lo
Doutor e Mestre em Ciências Médicas pela (Unifesp), SP.
Universidade de São Paulo - Faculdade de Doutor em Ciências e Tecnologia em Saúde pela
Medicina de Ribeirão Preto (FMRP- USP). Un ivers idade de Brasília (U nB), DF.
Especia li sta em Fisioterapia aplicada a Geriatria Mestre em Gerontologia pela Universidade Catól ica
e Fisioterapia ap li cada a Traumat ologia pela de Brasília (UCB).
Un iversidade de Franca (Unifra n).
MARGÔ GOMES D E OLIVEIRA KARNIKOWSKI
JOSEFINA BRESSAN
Farmacêutica pela Universidade Federal de Santa
Nutricionista pela Universidade Federal de Viçosa
Maria (UFSM), RS.
(UFV), MG.
Professora Adjunta da Uni ve rsi dade de Brasíl ia
Professora Tit ula r da UFV .
(UNB), DF.
Pós -doutora pela Louisiana State University, EUA.
Doutora em Fisio logia y Nut rición pela Universidad Doutora em Patologia Molecular pela UnB.
de Navarra, Espan ha. Mestre em Ciênci a e Tecnologia Farmacêutica pela
Mestre em Microbiologia Agrícola pela UFV . UFSM.
MICHE LE PERE IRA NETTO Profess ora Pesqui sadora da Univers idade Federa l
Nutricionista pela Univers idade Federa l de Viçosa
do Tocant ins (UFT).
(UFV), MG.
Doutor a em Ciências do Movime nto Hu mano pela
Profess ora Adjunt a da Univers idade Federa l de
Univers idade Federal de Santa Maria (UFSM ), RS.
Juiz de Fora (UFJF) , MG. Mestre em Educaç ão pela Univers idade Estadu al
Doutor a em Ciência s da Saúde pela Univers idade
Paulista Júl io de Mesqui ta Filho (Unesp ), SP.
Federa l de Minas Gerais (UFMG ).
Mestre em Ciência s da Nutriçã o pela UFV. SANDR A APARE CIDA DOS REIS
Nutricio nista pela Univers idade Fed eral de Viçosa
NEILA BARBO SA OSÓRI O (UFV), MG.
Assiste nte Social pela Univers idade Católic a Dom Doutor anda e Mestre em Ciência da Nutriçã o pela
Bosco (USDB ). UFV.
Dedicatória

Dedicamos esta obra aos nossos familiares , alicerce de nossas vidas.


Agradecimentos

Agradecemos aos nossos colaboradores, essenciais, no desenvolv imento dessa obra.


Apresentação

A abordagem nutricional do idoso é um tema que o presente livro reflete a experiência viven -
atualmente se destaca devido às elevadas taxas ciada pelos autores com base nas evidências
de envelhecimento populacional no Brasil e no científicas mais atuais . Assim, seu objetivo é con-
mundo. Esta obra trata de vários aspectos do en - tr ibuir com a formação e a atualização de pro-
velhecimento desde alterações fisiológicas até as fiss ionais da saúde, especialmente de nutricio-
principais doenças que acometem o idoso, con- nistas, promovendo uma visão mais completa e
tando com temas que auxiliarão na condução da aprofundada do idoso e proporcionando melhor
avaliação e do planejamento dietético. Destaca-se qualidade de vida deste indivíduo.
a presença de novas descobertas da ciênc ia como
a microbiota no envelhecimento e a atividade físi- As Organizadoras
ca na sarcopenia.
Prefácio

o curso de nutrição da Universidade Federal de condições nutricionais dos traba lhadores sem
Viçosa (UFV) foi criado em julho de 1976 e a pri - perder o foco da introdução da educação alimen -
meira turma de alunos deu início às suas at ivida- tar para incrementar a qualidade de v ida, red uzir
des em março de 1977. Esta turma inaugurou a o número de acidentes de traba lho e aumentar a
graduação em nutrição em Minas Gerais . produtividade da classe. Este programa foi ins-
Até 1970 existiam apenas sete cursos de nu- tituído em 1976 e regulamentado em 1991 e era
t rição no Brasil. O Serviço de A li mentação da Pre- voltado, inicialmente, para os que ganhavam até
v idência Social (SAPS), criado no governo Vargas c inco salários mínimos mensais. Posteriormente,
em 1940 (Decreto-Lei nº 2.478, de 5 de agosto estendeu-se aos dem ais trabalhadores.
d e 1940), teve atuação marcante nas políticas de As políticas alimentar e nutricional que prece-
ed ucação e orientação da alimentação das classes deram o Inan já focavam os g rupos popu lacionais
populares brasileiras. Com a extinção desse órgão mais suscetíveis e tinham como meta prevenir e
governamental em 1967 (Decreto- Lei nº 224, de co m bater o fantasma da desnutrição tão alardea-
28 de fevereiro de 1967), ocorreu um esvaziamen- do à época. Elas foram inspiradas nas polít icas
to de programas existentes e de políticas para es- idealizadas por Josué de Castro, como a Associa -
sa área tão im portante no cenário naciona l. ção Mundial de Luta Contra a Fome (Ascofam) .
A profissão de nutricionista no Brasil teve Houve vários programas e polít icas vo ltados
o rigem em 1939 e foi instituída em 1967 ( Lei nº para a al imentação e a nutrição desde a era Va r-
5.276, de 24 de abril de 1967, com nova regu- gas. Entre eles, destaca-se a Campanha d a Me-
lamentação por meio da Lei nº 8.234 de 17 de renda Esco lar (CME), de 1955 (Decret o nº 37.106,
setembro de 199'1), fortemente influenciada pe- de 31 de março de 1955), subord inada ao Ministé-
las políticas do SAPS. Entretanto, com a ext in- rio da Educação, que em 1956, com a edição do
ção deste órgão, houve um lapso de tempo sem Decreto nº 39.007, de 11 de abril de 1956, passou -
m uito direcio nament o de políticas naciona is. Em se a denominar Campanha Naciona l de Merenda
1972, porém foi cr iado o Instituto Nacional de Escolar (CNME), com a intenção de promover o
Ali mentação e Nutrição ( Inan), que entre outros atendimento em âmbito nacional.
feitos cr iou e desenvolveu o Programa Nacional No ano de 1965, o nome da CNME fo i alte-
de A limentação e Nutrição (Pronan), retomando rado para Campanha Naciona l de Al imentação
e renovando programas e políticas de educação Escolar (CNAE) pelo Decreto nº 56.886, de 20
alimentar e nutricional, pri ncipa lmente voltados de setembro de 1965. Ass im , surgiu nesse perío-
para os grupos biologicamente vu lneráveis. do um elenco de programas de ajuda americana,
A inda que a ação primordial contemplasse os entre os quais se destacavam: o A limentos para a
grupos biologicamente vu lneráveis, outros vie- Paz, fin anc iado pela Agência dos Estados Unidos
ram nessa nova política da década de 1970, co- p ara o Desenvol v imento Internacional (Usaid); o
m o o Programa de A liment ação do Trabalha dor Prog ram a de Ali mentos para o Desenvolvimento,
( DA T), que tinha por objetivos principais melhores vo lt ado ao a endi mento das populações carentes
e à alimen tação de criança s em idade escolar ; e nº 399, de 30 de abril de 1938) e a institui ção des-
o Progra ma Mundia l de Alimen tos (PMA), da Or- te na era Vargas ; já percor reram os SAPS da vida
ganiza ção das Naçõe s Unidas para Agricu ltura e acadêm ica; e passar am pela Campa nha Nacion al
Alimen tação ( FAO/O NU). de Alimen t ação Escola r (CNAE ), sobre o Estudo
O cenário mundia l mudou e, com ele, o brasi- Nacion al de Despes as Familia res (Endef ). Tudo
leiro. A transiç ão nutricio na l foi tem a de inúmer os foi realiza do de maneir a tão criteriosa e atua liza-
trabalh os nas áreas de nutriçã o e epidem iologia da que hoje brinda m a nós profiss iona is da saú-
nutricio nal entre outros assunt os correla tos. A de e mais especi ficame nte da nutriçã o com esta
transiç ão demog ráfica assum iu os temas político s obra tão importante.
previde nciário s em substit uição à mortal idade in- Vivemo s outra realida de; os grupos popu-
fantil. O envelh ecimen to popula cional no mundo laciona is tornam -se cada dia mais longev os, e
e a inversã o da pirâmid e popula ciona l passar am daí vem a grande preocu pação da previdê ncia
a t ema central , tanto no campo da saúde quanto
na manut enção de benefíc ios por períod os bem
da previdê ncia . O Brasil faz parte desse mundo
mais longos . Por isso, os órgãos de saúde não
ainda que a longev idade aqui não seja exatam en-
podem neg ligenciar este fato.
te como nos países mais desenv olvidos .
É indispe nsável que na transiç ão demog ráfi-
A longev idade recebe um olhar diferen te en -
ca tão em evidên cia no mundo e em nosso país,
tre profiss ionais da saúde e da previdê ncia. En-
busque mos novas formas de lidar com o enve-
quanto os previde nciário s, talvez mais pragm á-
lhecim ento e a ativida de intelec tual; a inserçã o
ticos, busque m uma maneir a de assegu rar o pa -
e a reinser ção do idoso em ativida des que lhe
drão monet ário dos longev os, os profissionais da
propor cionem melhor qualida de de vida; a ati-
saúde comun gam també m com essas preocu pa-
vidade física adequa da à idade; e a ali menta -
ções, mas focam na adapta ção da longev idade
ção saudáv el e adapta da às condiç ões de saúde
as exigên cias e alteraç ões do organi smo à nova
ocasio nadas pela idade avança da e suas seque-
realida de de v id a da terceir a idade.
las. Em um passad o não tão remoto , houve uma
O mundo mudou e as política s de saúde, ali -
busca por salvar nossas criança s da miséria e da
menta ção e nutriçã o passar am a ter outro enfo-
fome, propor cionan do-lh es condiç ões saudáv eis
que. A inda assim, a desnut rição no Brasil conti -
de alimen tação e nutriçã o. Hoje, temos um ce-
nua a existir, po is, embor a o país seja um gran-
nário totalm ente distint o e comen tado em todos
de export ador de alimen tos, existe uma precár ia
os órgãos de política e previdê ncia do país (a
d istribui ção de re nda, além do desem prego.
transiç ão demog ráfica) . Com enorm e satisfa ção,
Fui profes sor do curso de nutriçã o da UFV
consta to que aquela s que passar am por nós em
desde o início deste e acomp anhei inúmer as tur-
tempo s ainda tão recente s cresce ram profiss io-
mas de alunos na gradua ção e, poster iormen te,
nalmen te a ponto de trazer para a geraçã o de
na pós-gr aduaçã o até me aposen tar da acade-
seus profess ores obra tão valiosa e est a, co m
mia. Atualm ente, sou Diretor de Seguri dade do
certeza , será franca mente uti lizada por nós em
Agros - Institut o UFV de Seguri dade Socia l. Tal
benefíc io próprio .
Diretor ia abrang e previdê ncia e saúde e, assim,
Agora em uma total inversã o dos papéis na
não poderi a deixar de visualiz ar esses dois cam-
vida, vem este velho profess or, altame nte lison-
pos que são os objeto s da minha reflexã o. Por-
jeado com o convite para prefac iar esse li vro, be-
tant o, é pela minha origem profiss ional com ên-
ber na fonte de suas mu ito querida s ex-alun as.
fase em nutriçã o o elo com as autora s deste livro,
Às querida s Maria Sônia Lopes Duarte , Eliana
que tenho a honra de prefaci ar.
Carla Gomes de Souza e Fabian e Aparec ida Ca-
Com enorm e satisfa ção recebi o tâo distin-
naan Rezende, meus agrade ciment os pela honra
to e amáve l convite de três ex-a lunas que hoje
que me foi presta da para escrev er aqui.
são profess oras doutor as dos cursos de Nutriçã o
da UFV e da Univer sidade Federa l do Tocant ins
(UFT). Se algum dia pude influen ciar e informá -Ias Gilbert o Paixão Rosad o
Nutricionista.
de algum dado de nutriçã o em suas gradua ções, Professor-associado aposentado
isso já faz muito tempo . A transiç ão do ensino já do Depart amento de Nutriçã o e
ocorre u . Elas são perfeit ament e inform adas so- Saúde da Universidade
Federal de Viçosa CUFV).
bre a Comiss ão do Salário Mínimo (Decre to-Lei
Advoga do.
Abreviaturas

25(H)D 25 -hidroxivitamina D DEXA absortometria com raios X de dupla


AA acido araquidônico energ ia

AAE aminoacidos essenciais DHA acido docosa-hexaenoico


ACAT acil-CoA:colesterol aciltransferase DHEA desidroepiandrosterona
ADA Associação Dietética Americana DNA acido desoxirribonucleico
AGB area de gordura do braço DP desvio padrão
AGE produtos finais de glicosilação DP dialise peritoneal
avançada DPd desvio padrão da diferença
AGS acidos graxos saturados DPi desvio padrão da ingestão
AI ingestão adequada (do inglés DRC doença renal crônica
adequa te intake) DRI ingestão dietética de referéncia (do
AIDS síndrome da imunodeficiência ing lês dietary reference intake)
adquirida EAR necessidade média estimada (do
AJ altura do joelho inglês estimated average requeriment)
ALA acido linolênico ECA enzima conversora da angiotensina
AMBc area muscular do braço corrigida EER estimativa das necessidades de
AMDR Acceptable macronutrient energia
distribuition range EMAD Equipes multi profissionais de
Anvisa Agência Nacional de V igilância Atenção Domiciliar
Sanitaria EMAP Equipes Multiprofissionais de Apoio
ATP adenosina trisfosfato EPA acido eicosapentaenoico
AVE acidente vascular encefalico ERG escore risco cardiovascular global
BCAA aminoacido de cadeia ramificada FAO Food and Agriculture Organization
CAF coeficiente de atividade física FPM força de preensão manua l
CCK colecistoquinina GH hormônio do crescimento
Ccr(e) estimativa da depuração de GLP-l peptídio semelhante ao glucagon
creatinina GME glicemia média estimada
CFN Conselho Federal de Nutricionistas GnRH hormônio liberador de gonadotrofina
CHCM concentração de hemoglobina HAS hipertensão arterial sistémica
corpuscular média Hb hemoglobina
CT colesterol tota l HbAl c hemoglobina glicada
CTL contagem total de linfócitos HCM hemoglobina corpuscular média
DASH Dietary approaches to stop HD hemodialise
hypertension
HDL lipoproteína de alta densidade
DCNT doença crônica não transmissível
HLC cromatografia de alta performance
DCSE dobra cutânea subescapu lar
HMB beta -h id róxi-beta- meti Ibutirato
DCT dobra cutânea tricipital
HOMA-IR Homeostasls Nodel Assessment -
DCV doença cardiovascular insulin resistence
DEP desnutrição energético-proteica Ht hematócrito
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e RI resistência à insul ina
Estatística
RNI razão normalizada internacional
IDL lipoproteína de densidade SBEM Sociedade Brasileira de
intermediária
Endocrinologia e Metabologia
IG índice glicêmico
Scr creatinina sé rica
IMC índice de massa corporal Sisvan Sistema de Vigilãncia Alimentar e
10M Institute of Medicine Nutricional
ISI índ ice de Sens ibi lidade Internacional SO sup lemento oral
LDL lipoproteína de baixa densidade SPPB bateria curta de desempenho fís ico
MAN Miniavaliação Nutricional SUS Sistema Único de Saúde
MGP proteína de matriz Gla TACO Tabela Brasileira de Composição de
Mi média de ingestão Alimentos
MM massa muscular TFG taxa de filtração glomerular.
MS Ministério da Saúde TG triacilgliceróis
MUFA ácidos graxos monoinsaturados TG triglicerídios
NAF nível de atividade física TMB taxa metabólica basal
NE nutrição enteral TNE terapia nutricional enteral
NEE necessidade en ergética estimada TNED terapia nutricional enteral
Nepa Núcleo de Estudos e Pesquisas em domiciliar
Alimentação TNPD terapia nutricional parenteral
NHANES III National Health and Nutrition domiciliar
Examination Survey TP tempo de protrombina
OMS Organização Mundial da Saúde TTOG teste de tolerância oral à
ONU Organização das Nações Unidas glicose
PB perímetro do braço TUG timed up & go test
PC perímetro da c intura UL nível máximo de ingestão tolerável
PE peso estimado (do inglês tolerable upper intake
PI levei)
peso idea l
Unicamp Universidade Estadual de Campinas
PMB perímetro muscular do braço
USDA United States Department of
PNAD Pesquisa Nacional de Amostras de
Agriculture
Domicílios
USP Universidade de São Paulo
POF Pesquisa de Orçamentos Familiares
UV ultravioleta
PP perímetro da panturrilha
VCM volume corpuscular médio
PTH hormônio da paratireoide
VCT valor calórico total
PUFA ácidos graxos poli-insaturados
Vi variância da ingestão
RCE razão cintura-estatura
VLDL lipoproteína de muito baixa
ROA ingestão diária recomendada
densidade
(do inglês recommended dietary
aflowance) Vn va riância da necessidade
Sumário

CAPíTULO 1
Epidemiologia e Processo Biológico do Envelhecimento
Elia na Carla Gomes de Souza' Ma ria Sônia Lopes Duarte

CAPíTULO 2
Recomendações Nutricionais para Idosos 11
Maria Sôn ia Lopes Dua rte' Eliana Carla de Souza Gomes' Laís Mont eiro Rodrigues Loureiro

CAPíTULO 3
A valiação N utricional em Idosos 29
Fabia ne Aparecida Canaan Rezende ' Michele Pereira Netto' Dan iela da Silva Rocha'
Laís Montei ro Rod rigues Loureiro' Ca roli na Araújo dos Santos

CAPíTULO 4
Conduta Nutricional nas D oenças Comuns em Idosos 65
Fabiane Aparecida Canaa n Rezende' Maria Sônia Lopes Dua rte '
Laís Montei ro Rod rigues Loureiro' El iana Carla Gomes de Souza

CAPíTULO 5
Conduta N utricional nas Síndromes Geriát ricas 95
Maria Sônia Lopes Dua rte' El ia na Carla Gomes de Souza

CAPíTULO 6
Interação Fármaco-nutriente em Idosos 103
Daniela Mayum i Usuda Prado Rocha

CAPíTULO 7
Terapia Nutricional Enteral Domiciliar em Idosos 111
Sa ndra Aparecida dos Reis' Li siane Lopes da Conceição' Josefina Bressan
CAPíT ULO 8
Micro biota Intes tinal em Idoso s
121
Lisiane Lopes da Conce ição· Sandra Aparec ida dos Reis· Dalila
Pinto de Souza Fernandes

CAPíT ULO 9
Exerc ício Físico como Adjuv ante no Trata ment o da Sarco
penia em Idoso s 133
Luiz Sinésio Silva Neto· Neila Barbosa Osório · Margô Gomes
de Oliveira Karnik owski •
Leona rdo Costa Pereir a· João Paulo Chiere gato Matheus

índice
145
CAPiTULO 1
Epidemiologia e Processo
Biológico do Envelhecimento

Eliana Carla Gomes de Souza


Maria Sônia Lopes Duarte

Introdução Epidemiologia do envelhecimento

l)e acordo com a Organização Mundial da Saú- Em 2012, a Organização das Nações Unidas (ONU)4
d el, uma pessoa idosa é aquela que tem mais divulgou uma projeção da população mundial por
d e 60 anos de idade. Em países desenvolvidos, continentes até 2100, na qual se destaca o cresci-
é considerado idoso o indivíduo com mais de mento da população acima de 65 anos de idade
6 5 anos de idade. A população idosa brasileira na América Latina e no Caribe (Figura 1.1).
t em crescido de maneira acelerada, e consta- No Brasil, o perfil demográfico da população
t a-se que o aumento da proporção de idosos tem sofrido modificações importantes. Em 2002,
v em sendo acompanhado por progressos na a proporção de idosos era de 9,3%; em 2011, de
q ualidade de vida 2 Em geral, eles são mais sau- 12,1%; e, de acordo com a Pesquisa Nacional de
d áveis e socialmente ativos, menos confinados Amostras de Domicílios (PNAD), em 2012 as pes -
ao leito e com menores limitações funcionais soas com mais de 60 anos de idade correspon-
q uando comparados aos idosos de algumas diam a 12,6% da população ou 24,85 milhões de
d écadas atrás. Muitos cont inuam trabalhando indivíduos e, em 2060, este número se elevará
depois da aposentadoria, e um percentual cres- para 26,8% e a maior parte vive em áreas urbanas
c ente consegue ter acesso às mesmas tecnolo- (20,94 milhões) 2
g ias que seus fi lhos e netos usam. 3 Em relação ao sexo, a população idosa fe -
O aumento progressivo do número de idosos minina é maior que a masculina, representando
t raz como desafio ao nutricionista a contribuição 55,5% e 44,5%, respectivamente. Em 2010, a po-
para melhorar a qualidade de vida destes pacien- pulação idosa feminina acima de 80 anos de ida-
t es. Uma dieta que atenda às novas exigências de representava 59% e, em 2050, a projeção é de
deve ser programada. Neste sentido, a ciência da que corresponda a 62% (Figura 1.2).5
Nutrição tem descoberto novas estratégias, as A ce lebração dos 60 anos de idade ou mais
qua is serão abordadas neste livro. to rn o u-se bastante comum. A expectativa de
2 ABORDA GEM NUTRICI ONAL NO ENVELH ECIMENT O

Proporç ão da populaç ão idosa (65 + 20-64) por área


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Aument o da proporç ão da populaç ão idosa (65 + 20-64) por


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África América do Norte

Ásia América Latina e Caribe

Europa Oceania

FIGURA 1.1 Projeção de crescimento da população idosa,


por continentes
Fonte: Organização das Nações Un idas. 2012.'

vida aumen tou drastic ament e nos últimos sécu - 78,3 anos de idade. Entre 2002 e 2012, a expec-
los em razão dos avanço s da ciência , das melho- tativa de vida do brasile iro aumen tou ma is de
res prática s alimen tares, do desenv olvime nto do três anos. A diferen ça da expect ativa de vida das
saneam ento básico e da queda nos coeficientes mulher es em relação aos homen s se deve a uma
d e fecund idade e de mortal idade ( Figura 1.3).2 maior taxa de mortal idade entre homen s mais
Em 2012, a média de expect a ti va de v ida no jovens . De acordo com o Institu to Brasile iro de
Brasil foi de 74,6 anos de idade, sendo que para Geogra fia e Estatís t ica (IBGE)2 (2013), os princi-
homen s era de 71 anos de idade e, para mulher es, pais fatores respon sá veis por essa diferen ça são
---"I

C A PiTULO 1 EPIDEMIOLOGIA E PROCESSO BIOLÓGICO DO ENVELHECIMENTO 3

Homens Mulheres

5.175.373 8.573.332

5.888.830

9.000.000 7.000.000 5.000.000 3.000.000 1.000.000 1.000.000 3.000.000 5.000.000 7.000.000 9.000.000
População

FIGURA 1.2 Evolução da população com 80 anos de idade ou mais, por sexo (Brasil, 1980-2050)
Fonte: IBGE. 2004-'

90~---.---,,---,----.---,----,----,---,----,----,---,----,---,

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55+_--~---+--~----~--4---_r--_f---'-~--+__--~--_+--_4--~
1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 2060 2070 2080 2090 2100
Anos

- - Ambos os sexos - - - Homens ••••••• Mulheres

FIGURA 1.3 Estimativas e projeção da expectativa de vida ao nascer, por sexo (Brasil, 1970-2100)
Fonte: IBG E. 2013.'
4 ABORDA GEM NUTRICI ONAL NO ENVELH ECIMENT O

as mortes por causas externa s (não natura is ou pode ser determ inante para que esse proces so
violent as).
seja bem-su cedido . A idade b iológic a corres pon -
A expect ativa de vida ao nascer deve che- de à idade fisiológ ica determ inada pela saúde
gar aos 80 anos de idade em 2041, alcanç ando e pelo estado funcion al e relacio na -se com as
os 81,2 anos em 2060, diferin do entre os esta - funçõe s orgânic as, sendo influen ciada por fato-
dos brasile iros. Em Santa Catarin a, deve alcanç ar
res ambien tais e escolh as pessoais. A idade cro -
os 80,2 anos de idade em 2020 e, nesse mesmo nológic a, por sua vez, é a idade real do idoso e
ano, para o Maranh ão será provav elment e de 71,7 não pode ser mudad a. É possíve l prever a idade
anos de idade 2
biológi ca por meio de uma série de questõ es re-
Apesa r de a expect ativa de vida no Brasil ter laciona das com tabag ismo, consum o de álcool,
aumen tado, ainda difere de outros países mais exposi ção ao sol, estado nutricio na l e nível de
desenv olvidos . O Canad á e diverso s países eu-
ativida de física, entre outros fatores . 3
ropeus, por exemp lo, têm expect ativa de vida
acima de 81 anos de idade. Mônac o aprese nta a
ma ior expect ativa de vida do mundo : pouco me-
Proce sso bioló gico do
nos de 90 anos de idade. 3
envel hecim ento
Os indivíd uos com 80 anos de idade ou mais
são consid erados idosos longev os, repres entan- O proces so de envelh ecimen to é natura l e ine-
do um grupo com projeç ão de aumen to. Desse vitável , sendo influen ciado por fatores genéti -
modo, em 2025, o Brasil será o quinto país do cos e ambien tais. As várias dimens ões do en-
ranking em idosos longev os O númer o de cen - velhec imento dos seres human os estão sendo
tenário s, pessoa s acima de 100 anos de idade e bastan te estuda das e ainda há muito a ser des-
superc entená rios, com mais de 110 anos, conti - venda d0 6 .7
nua també m a aumen tar. Em 2010, o IBGE identi- O envelh ecimen to se dá em cé lulas e tecidos
ficou 16.989 mulher es e 7.247 homen s com idade e alguns sinais, ta is como o bra nquea mento dos
igualo u superio r a 100 anos no Brasil, totaliza ndo cabelo s, não prejud icam a saúde. No entant o,
24.236 brasile iros centen ários. Na França , uma outras alteraç ôes re laciona das com a idade con-
mulher nascid a em 1875 sobrev iveu até os 122 tribuem para declínios em funcion a lidade, saúde
anos de idade e é tida como a pessoa que alcan- e bem-e star B .9 De acordo com o Ministé rio da
çou a idade mais avança da no mundo . Contud o, Saúde (2006),10 envelh ecer é um proces so pro-
a maioria dos pesqui sadore s concor da que uma gressiv o de diminu ição funcion al, denom inado
vida útil além de 125 a 130 anos é improv ável 2 .3 senesc ência, e desenv olvime nto de uma condi-
Deve-s e consid erar que o aumen to do núme- ção patoló gica por estress e emocio nal, aciden te
ro de idosos gera proble mas nos setores econô- ou doença s, definid o como seni li dade.
mico, social e de assistê ncia à saúde. Portan to, As teorias que explica m os mecan ismos do
avanço s nestes setores são necess ários para me- envelh ecimen to abrang em as Teorias de Enve-
lhor atendi mento à popu lação idosa . lhecim ento Progra mado e as Teorias de Dano
Para a maioria dos idosos, o objetiv o não é Biomo lecular (Tabel a 1.1).
vive r ta nto tempo quanto possível, mas desfru tar As duas linhas de teorias não são mutua men-
de boas condiç ões de saúde, com autono mia e te exclusi vas; ou seja, é prováv el que o envelh eci-
indepe ndênci a pelo ma ior tempo possível. Este mento resulte de uma comple xa interaç ão entre
co nceito de longev idade saudáv el é muitas ve - elas.
zes referid o como "expec tativa de vida ativa",
"envel hecime nto bem-s ucedid o", "comp ressão Fisiolo gia do envelh ecime nto
da morbid ade" e "envelh ecimen to ativo".3 A velhice é um mome nto em que o crescim ento
está comple to e os sistem as do corpo começ am
a se desgas ta r mais intensa mente, constit uindo
Idade crono lógica e bioló gica uma fase biológi ca natural . Vale ressaltar, contu-
do, que esse desgas te está, pelo menos em par-
As doença s, bem como as limitaç ões físicas e
te, sob contro le do indivíd uo. Por exemp lo, algu-
funcion ais não são conseq uência s inevitá veis do
mas das diminu ições observ adas na massa mus-
envelh ecimen to, já que o estilo de vida saudáv el
cular, na massa óssea e na resistê ncia muscu lar
C APiTU LO 1 E PI D EMI OLOGIA E P ROCESSO BI O LÓGICO DO EN VE LHEC IMENTO S

TABELA 1.1 Teorias do envelhecimento

MODELO DESCRiÇÃO INTERFACE COM A NUTRiÇÃO

Teorias de Envelhecimento Programado


Teoria do As células têm uma vida útil reprodutiva Não existe qualquer tipo de evidência
Envelhecimento de limitada; em essência, o número de
Hayflik divisão celular é programado e, depois,
elas já não são capazes de se proliferar
Teoria da O envelhecimento ocorre quando certos Indireta; uma dieta rica em antioxidantes,
Longevidade genes são ativados ou desativados; a como vitaminas C e E, pode reduzir os
Programada ativação ou a supressão desses genes danos causados ao DNA por radicais
acionam a perda de função que se livres
relaciona com a idade
Teoria do A senescência deve-se às mudanças Não existe evidência direta
Envelhecimento hormonais, tais como declínio na
Endócrino produção de GH, DHEA, estrogênio
e/ou testosterona
Teoria do O envelhecimento está relacionado com A adequação em proteínas, zinco, ferro
Envelhecimento perdas de atividade do sistema imune e vitaminas A, C e E ajuda a preservar a
Imunológico e/ou aumento de doenças autoimunes função imune remanescente
MODELO DESCRiÇÃO INTERFACE COM A NUTRiÇÃO

Teorias de Dano Biomolecular


Teoria do Desgaste Ao longo do tempo , as células A adequação em proteínas, zinco,
pelo Uso simplesmente se desgastam e, vitaminas A e C pode, teoricamente,
eventualmente, morrem. Quanto maior retardar o processo de envelhecimento
o tempo de exposição a toxinas e por melhorar o reparo e a recuperação
estressores, maior é a taxa de desgaste celular
Teoria das Ligações Danos a células e tecidos por ligações A glicosilação, uma ligação anormal
Cruzadas cruzadas anormais de proteínas, como da glicose com proteínas, pode ser
colágeno, prejudicam a função dos controlada pelos níveis de glicose
órgãos sanguínea. Ingestões adequadas de
vitamina C, selênio e cobre podem
reduzir outros tipos de ligações cruzadas
com proteínas
Teoria do Radical A senescência é atribuída ao dano Dietas e/ou suplementos ricos em
Livre cumulativo causado por vários radicais vitaminas C e E, selênio e fitoquímicos
livres antioxidantes podem limitar o acúmulo
de radicais livres nas cé lulas
TMB Em geral, quanto maior a TMB, menor Teoricamente, a restrição de energ ia
será a expectativa de vida do indivíduo pode diminu ir a TMB e prolongar a vida

DNA: ácido desoxirribonucleico: GH : hormônio do crescimento: DHEA: desidroepiandrosterona: TMB: taxa metabólica basal.
Fonte: adaptada de Thompson: Manore: Vaughan, 2014.3

são atribu ídas à prática reduzida de atividades Alterações na percepção sensorial


fís icas, Idosos que p raticam regularmente exer- Para a maioria dos indivíduos, o ato de se ali -
cícios de forta lecimento e atividades aeróbicas mentar é prazeroso; v isão, sons, odores e text u -
apresentam menores riscos de perda de massa ras associados aos alimentos estão int imamente
óssea, atrofia e fraqueza muscular e, portanto, de relacionados com o apetite, No entanto, essas
quedas, Alé m de as alterações f isiológicas diferi- percepções declinam com a idade, interferindo,
rem entre os indivíduos, ocorrem também v aria- assim, na ingestão alimentar e no estado nutri-
ções entre os sist emas orgân icos,3 ciona l do idoso."-'4
6 ABORDA GEM NUTRICI ONAL NO ENVELH ECIMENT O

Mais de 50% dos idosos perdem signific ati- també m diminu i signific ativam ente por causa da
va mente a percep ção o lfatória . A perda do pala - deficiê ncia v isual. reduzin do ainda mais o desejo
dar, por sua vez, é menos intensa .'5 Como esses dos idosos por refeiçõ es saudáveis. 3
sentido s estão intimam ente ligados , a reduçã o Um ajuste na perda sensor ial pode ser conse-
na percep ção do aroma, resulta nte do pa ladar guido por meio de seleçã o e técn ica adeq uadas
e odor perceb idos, pode impedi r que os idosos de prepar o dos alimen tos, com o uso de ervas,
desfru tem plenam ente de uma refeiçã o. A per- tempe ros e molhos que podem estimu lar o ape-
da do olfato també m restrin g e a habilid ade para tite. A escolh a de alimen tos com cores vivas e
detect ar al imento s deterio rados, aumen tando o a variaçã o na textura das refe ições també m po -
risco de intoxic ação alimen tar. Ainda, freque n- dem compe nsar a dim inuição de visão e pa ladar.
tement e, uma conseq uência do envelh ecimen to
relacio nada com a perda da percep ção de odor Altera ções orais
pode ser atribuí da à deficiê ncia de zinco ou ao Os proble mas de saúde bucal ma is freque ntes
efeito de medica mentos . 3.1 6
em idosos abrang em perda de dentes , secura
A percep ção gustat iva també m diminu i e le- oral, doença s period onta is, cáries e dim inu ição
va à disgeu sia, a qual é uma afecçã o caracte riza- da eficiên cia mastig atória 23 Define -se saúde oral
da por alteraç ões da sensaç ão de palada r, que adequa da como um pad rã o de saúde dos teci-
pode va riar de leve a grave, incluin do distorç ões dos bucais e afins, o que permit e ao ind ivíduo
grosse iras da qual idade do pa ladar. 17 A reduçã o alimen tar-se, comu nicar-se e social izar-se sem
dos botões gustat ivos das papilas altera o limiar descon fort o ou embar aço e que contrib ui para o
de detecç ão para gosto ' B e diminu i a sensibi l ida- bem -estar geral.'4 Um mau estado de saúde ora l
de por gostos primár ios (doce, amarg o, sa lgado, é preva lente em idosos, uma vez que resulta da
azedo e umami ).'9 Assim, para tornar a refeiçã o progre ssão de alteraç ões acumu ladas ao longo
mais saboro sa, é comum a ad ição excess iva de do temp0 23
sal e açúcar pelos idosos, o que pode resulta r em Em relação às alteraç ões b ucais, vários estu -
consum o além do recom endad o. A percep ção dos relacio nam o estado nutric ional com a saúde
gustat iva reduzid a pode ainda ser agrava da por ora l, mostra ndo que a má saúde buca l tem efei-
medica mento s, infecçõ es resp iratória s e de ou- to negati vo sobre o consum o alimen tar e estado
vido, radiaçã o para o tralam ento de câncer de nutrici onal quand o a capaci dade para mastig ar e
cabeça e pescoç o, exposi ção a certos qu ím icos, deglut ir é diminu ída. A diminu ição da capaci da -
lesão na cabeça , má hig iene bucal. proble mas de mastig atória é ocasio nada por cáries, doen -
dentár ios e tabagis mo. 20 ças periodo ntais, uso de prótes e tot al ou par-
Além disso, pode ocorre r perda auditiv a co- cial, prótes e mal adapta da e ausênc ia de dentes
nhecid a como presbia cusia, que causa graves (edent ulismo ).'4 O uso de prótes e t otal diminu i
distú rbios da comun icação , e não só provoc a a a eficiên cia mastig atória em 75% a 85%.24 A in-
privaçã o sensor ial de ouvir, como també m leva gestão de alimen tos ricos em carboi d ra tos e in-
à dificuld ade de compr eensão da fala,1l·21.22 im-
dustria lizados aumen ta com a perda de dentes ,
possib ilitando , por exemp lo, orienta ções nutri- pois eles não necessi t am de mastig ação intensa .
cionais .
Em contra partida , os alimen tos ricos em fibras
A perda da acuida de v isual també m ocorre (p. ex, frutas e hortaliç as) têm sua ingestã o di-
em função do proces so de envelh ecimen to e po- minuíd a 25
de levar à diminu ição da capaci da de pa ra realiza r No envelh ecimen to, a produç ão de saliva
ativida des cotidia nas, à perda de indepe ndênci a declina e causa xerosto mia (d imi nuição do flu-
e ao aum ento do risco de depres sã0 23 Muitos xo salivar) ,3 sendo que, em idosos, a prevalê ncia
t êm dificuld ade em ler os rótulos dos alimen - está em torno de 30% e pode dificu ltar a fala, a
tos, inclusive a inform ação nutricio nal contida mastig ação, a mordid a e a deglut içã0 26 Ocorre m
neles. A perda da habil idade na conduç ão limi- també m alteraç ões na compo sição da saliva, tor-
t a a capaci dade de alguns idosos em compr ar nando- a mais espessa. A saliva é import ante para
alimen tos. Os idosos co m perda de visão tam- umede cer e lubrific ar os alimen tos, de modo que
bém podem ter dificu ldade no p reparo dos ali - a ingestã o, princip alment e de alimen tos mais se-
mentos , preferindo aquele s de ma ior praticid ade. cos (p. ex., torrada s, farofas e biscoit os), torna-s e
A atraçã o pe lo aspect o co lorido dos alimen tos dificult ada. A secreç ão de ácido pelas glându las
-------

CAPiTULO 1 EPIDEMIOLOGIA E PROCESSO BIOLÓGICO DO ENVELHECIMENTO 7

sa livares reduz-se e, dessa maneira, o risco de muco. Desse modo, a absorção de minerais, co-
infecções fúngicas, como candidíase, aumenta. 3 mo cálcio, ferro e zinco, também pode ser re -
A xerostomia culmina também em menor pro- duzida. A dim inuição do fator intrínseco, produ -
dução de muco e menor proteção das mucosas zido pelas mesmas células que sec retam ácido
orais, as quais se tornam mais sensíveis a tempe- clorídr ico, reduz a absorção da vitam ina 812 3.25.29
raturas extremas. Dessa maneira, a tolerância por Portanto, a suplementação desta vitam ina pode
alimentos quentes ou gelados fica reduzida, e a ser necessária. Ressalta-se que a função bacte-
utilização de temperaturas brandas é preferível. ricida do ácido clorídrico fica reduzida pela me-
Uma dieta úmida, incluindo frutas descascadas nor secreção, podendo resultar em maior predis-
e vegetais cozidos, carnes cozidas e molhos em posição ao supercrescimento bacteriano CP. ex .,
carnes, é mais bem tolerada. Em casos extremos, Helictobacter pylori).3·25 O uso de bloqueadores
os idosos podem usar saliva artificial. H 2 e inibidores da bomba de prótons, muito co-
mum em idosos, pode também diminuir consi-
Alterações esofágicas deravelmente a produção de ácido no estômago
Modificações importantes na fisiologia do esô- e comprometer ainda mais a biodisponibilidade
fago predispõem os idosos a refluxo gastreso- de nutrientes.
fágico, definido como o fluxo retrógrado de su- Além disso, alguns idosos podem evidenciar
co gástrico e/ou os conteúdos duodenais para aumento no tempo de esvaziamento gástrico,
dentro do esôfago distai, frequentemente em que pode ser de 123min para esvaziar metade
decorrência da diminuição do tônus muscular do bolo alimentar versus 50min nos adultos jo-
do esfíncter esofágico inferior 27 A maioria dos vens. 30 Isso resulta em uma sensação prolongada
estudos sugere que os fatores potenciais desta de saciedade e em perda de apetite 29 As refei -
predisposição são: diminuição do fluxo salivar e ções deverão ser em pequeno volume, mais fra-
da secreção de bicarbonato, motilidade esofági- cionadas, com menor teor de gordura e menos
ca enfraquecida e/ou desordenada, relaxamento concentradas.
do esfíncter esofágico inferior, hérnia hiatal e au-
mento das taxas de obesidade e do tempo de es- Alterações intestinais
vaziamento gástric0 2 8 Alimentação fracionada e Há evidências de que a m icrobiota intestinal dos
em pequenos volumes e diminuição da ingestão idosos difere da dos adu ltos jovens, o que apre-
de café, refrigerantes, chocolate e alimentos gor- senta importante implicação nutricional. A mi-
durosos e concentrados amenizam os sintomas. '2 crobiota digere fibras, produz ácidos graxos de
Uma alteração possível no processo de enve- cadeia curta, os quais têm efeito anti-inflamató-
lhecimento é a disfagia, caracterizada por dificul - rio, e reduz o crescimento de microrganismos
dade na deglutição. Quando presente, deve-se patogênicos. As mudanças relacionadas com a
preferir alimentos mais espessos CP. ex., sopas, idade no padrão alimentar, o uso de medicamen-
cremes e vitaminas de frutas), que são fáceis de tos e outros fatores de estilo de vida contribuem
engolir, porém aqueles com texturas mistas CP. para a redução da biodiversidade na microbiota
ex., gelatina com pedaços de frutas) precisam ser intestinal e para o aumento de bactérias pato-
evitados; no caso de bebidas como café, chás, gênicas. O início do "envelhecimento intestinal"
sucos e água, a adição de espessante pode ser parece ser altamente individualizado e difícil de
necessária. A disfagia requer acompanhamento prever. As consequências potenciais, entretanto,
profissional especializado, com envolvimento de são claras: aumento do estado inflamatório, dimi-
terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, médico e nuição do funcionamento imunológico do trato
nutricionista. Se não for adequadamente diag- digestório e funcionamento debilitado das célu-
nosticada e tratada, a disfagia pode levar a des- las da mucosa intestinal. 3 Este tema será aborda-
nutrição, perda de peso, aspiração de alimentos do mais amplamente no Capítulo 8, Microbiota
ou fluidos e pneumonia aspirativa. 3 Intestinal em Idosos
Ao se comparar idosos com adultos jovens,
Alterações gástricas não há perda importante na atividade de enzimas
Nos idosos, a produção de suco gástrico dim i- digestivas, na habilidade de absorver nutrientes
nui, ocorrendo menor secreção de ácido clorí- e na motilidade intestinal. Dessa maneira, os ido-
drico Chipocloridria), fator intrínseco, pepsina e sos geralmente digerem e absorvem proteínas,
8 ABORDA GEM NUTRICI ONAL NO ENVE LHECIME NTO

lipídios e carboi dratos de forma tão eficien te presen ça de doença s crônica s contrib uem para
q uanto os adultos jovens . Uma exceçã o é para a a perda muscu lar, bem como dieta inadeq uada
digestã o de lactose , uma vez que somen te cer- e inativid ade física. A alimen tação adequa da em
ca de 30% dos idosos aprese ntam nível adequa - conjun to com ativida de física , incluin do exercícios
do de ativida de da lactase. 3.31 Assim, consta ta-se de força ou resistência, pode ajudar os idosos na
que a tolerân cia à lactose diminu i com a idade. A manute nção da força e da ativida de muscul ares. 3
alimen tação, portan to, necess itará de mod ifica- A gordur a co rporal começ a a aumen tar na
ções como a inclusã o de leite isento ou com teor meia-id ade, alcanç ando índice máxim o entre 55
reduzi do de lactose . a 65 anos de idade, sendo que o platô de au-
Alguns autore s consid eram que os idosos mento de peso ocorre aos 65 anos de idade nos
são mais propen sos à constip ação do que os homen s e aos 75 anos de idade nas mu lheres, se-
indivíd uos mais jovens As razões para a cons- guido por reduçã o do peso em decorr ência da
tipação incluem aLmen tação pobre em fibras, reduçã o de água e tecido muscu lar. As mulher es
ingestã o insufic iente de água e outros líquido s, experim entam um aumen to nítido no percen tual
sedent arismo , adiame nto da evacua ção e medi- de gordur a em compa ração aos homen s. Com o
camen tos .25.32
avança r da idade, a gordur a corpor al subcut â-
nea d iminu i e a gordur a viscera l aumen ta, parti -
Alterações na fome e saciedade
cularm ente nos homen s. O aumen to da gordur a
As pesqui sas recente s sugere m que as mudan - abdom inal coincid e com o risco maior de doen-
ças re laciona das com a idade na liberaç ão dos ças cardiov ascu lares, diabete s melito e síndro-
hormô nios intestin ais que partici pam da reg u- me metab ólica .35 A manut enção da ingestã o de
lação do apetite podem contrib uir para uma energia apropr iada e a prática regula r de ati vida-
condiç ão comum conhec ida como "anore xia do des físicas podem ajudar a conser var a gordur a
envelh ecimen to". Muitos idosos relatam menos corpor al em um nível saudáv el.
fome e aumen to da sensaç ão de sacied ade e Há elevaç ão do númer o de idosos com ris-
plenitu de, sendo que ambos os fatores podem co para obesid ade sarcop ênica, que se associa
contrib uir para uma ingestã o inadeq uada de nu- signific ativam ente a disfunç ão metab ólica, fra -
trientes . Os hormô nios gastrin testina is repres en- gilidad e, d ificu ldade e incapa cidade de realiza r
tam parte import ante do sistem a de regula ção ativida des diárias. 36 Enqua nto a gordur a corpor al
do apetite e são liberad os em respos ta a estímu - aumen ta, ocorre perda de massa e força muscu -
los nutricio nais. Eles podem ser classifi cados em lar (sarcop enia), a qual não é adequa da para su-
anorex ígenos (promo tores da sacied ade), como porta r a mobilid ade normal . 3
peptíd io YY (PYY), peptíd io semelh ante ao glu- A estatu ra reduz- se de 0,5 a 2cm por década
cagon (G LP-l) e colecis toqu inina (CCK), ou ore- após os 40 anos de idade, em razão da mudan ça
xígeno s (promo tores da fome), como a grelina . na estrutu ra vertebr al, como achata mento dos
Alguns estudo s sugere m que, na velhice , a libera- discos interve rtebrai s, reduçã o do tônus muscu -
ção de hormô nios anorex ígenos está aumen tada lar e arquea mento dos memb ros inferior es. É co-
e a de grelina está diminu ída. Durant e o jejum, mum o aparec imento da cifose. 37
os níveis de grelina são inferior es, equiva lendo a
A densid ade m ineral óssea també m declina
20% a 35%, em idosos. Essas alteraç ões podem com a idade e, eventu alment e, pode levar à zo -
modific ar a regula ção do apetite, diminu indo a na crítica de fratura . Entre as mu lheres idosas, o
ingestã o de alimen tos 33.34 início da menop ausa induz perda óssea drásti-
ca e repent ina em conseq uência da queda nas
Alterações na composição corpor al
concen traçõe s de estrogê nio. Homen s també m
No envelh ecimen to, a gordur a corpor al aumen t a aprese ntam perda óssea causada, em parte pela
e a massa muscu lar diminui. Tem sido estima do diminu ição das concen traçõe s de testost erona 3
que mulher es e homen s perdem 20% e 25% da O metab olismo alterad o de cálcio e vitamin a D
massa corpor al magra, respec tivame nte, na faixa també m interfe re na saúde óssea . Com o enve-
etári a de 35 a 70 anos, ou seja, em torno de 6% lhecim ento, ocorre m diminu ição na ativaçã o da
por década , após os 30 anos de idade, reduzi ndo vitamin a D nos rins, menor ingestã o e absorç ão
a capacidade func ional. A produç ão diminu ída de de cálcio e vitamin a D, além de reduçã o na pro-
alg uns hormô nios, inclu indo testost erona e GH, e a dução desta última. 38
--------~--------------------------

C APiTULO 1 EPID EM IO LOG IA E PROCE SSO BIOLÓGICO DO ENVELHECIMEN TO 9

Alterações nas funções dos órgãos outros fatores capazes de contribuir para um es-
Órgãos envelhecidos são menos adaptáveis aos tilo de vida saudável e auxiliar no adequado fun-
estressores fisiológicos e ambientais. Adultos cionamento cognitivo 42
jovens adaptam-se prontamente, por exemplo, às
variações na ingestão de sódio porque seus rins
apresentam habilidade em manter o equilíbrio Referências
hidreletrolítico Entretanto, com o aumento da
1. WHO (2002) Active Ageing - A Police Framework.
idade, os rins perdem a habilidade de concentrar
A Contribution of the World Health Organization
produtos de excreção, conduzindo a um aumento to the second United Nations World Assembly on
da diurese e maior risco de desidratação. 3 A taxa Aging. Madrid, Spain; 2002.
de filtração glomerular pode reduzir-se em até 2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
60% entre os 30 e 80 anos de idade. "Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade
Em idosos, o fígado é menos eficiente na "bio - para o Período 2000/2060 e Projeção da Popula-
transformação dos fármacos, na síntese protei- ção das Unidades da Federação por Sexo e Idade
ca, no metabolismo lipoproteico e na secreção para o período 2000/2030". Disponível em: http://
biliar. 3 .39 A sensibilidade da vesícula biliar pode www .ibgegov.br/home/estatistica/populacao/pro-

diminuir, e o pâncreas é menos preciso na regu- jecao_da_populacao/2013. Acesso em: 2 de dezem-


bro de 2014.
lação das concentrações de glicose sanguínea 4 0
3. Thompson JJ, Manore M, Vaughan L. The science of
O coração envelhecido não tem resistência
nutrition. 3. ed.; 2014.
para sustentar um aumento repentino da ativida-
4. Organização das Nações Unidas (ONU). Depart-
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guíneos ficam cada vez mais rígidos. Dor nas arti- chart Disponível em: http://esa.un.org/unpd/wpp/
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guíneo dificultado são consequências típicas 41 5. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pele dos idosos pode ser mais fina, seca e "Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade
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sões. Podem ocorrer demora na cicatrização de nível em: www.ibge.gov.br/home/estatistica/popu-

feridas e aumento do risco de infecções. O cres- lacao/projecao_da .. ./metodologiapdf. Acesso em: 2


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ing-added evidence. Exp Gerontol. 1990; 25(2):91-5.
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em alguns casos e melhorar o processo de cica- the nematode model Caenorhabditis elegans. Exp
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O comprometimento cognitivo é uma das prin-
10. Brasil. Ministério da Saúde; Secretaria de Atenção
cipais causas de morbidade e incapacidade dos
à Saúde; Departamento de Atenção Básica. Enve-
idosos, constituindo um dos desafios mais sérios
lhecimento e saúde da pessoa idosa (Cadernos de
e caros no envelhecimento da população. Sua
Atenção Básica, n. 19). Brasília; 2006.
prevalência aumenta com a idade e pode aco- 11. Batista ACM, Sampaio FM. Nível de satisfação dos
meter 20% das pessoas com 65 anos de idade ou idosos usuários de próteses auditivas doadas pela
mais. Até mesmo o comprometimento cognitivo APAC_NAMI_UN IFOR, Rev Bras em Promoção da
leve está associado a maior risco de mortalida- Saúde. 2005; 18:7-10.
de. Dess'e modo, ressalta-se a necessidade de ali- 12. Chinzon D, Rossini ARA, Kiburd B, Navarro-Rodri-
mentação saudável, atividades fís icas regulares, gues T, Barbuti RC, Hashimoto CL et aI. Associação
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10 A BORDAGEM N UTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

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CAPíTULO 2
Recomendações Nutricionais
para Idosos

Maria Sôn ia Lopes Duarte


Eliana Carla de Souza Gomes
Laís Monteiro Rodrigues Loure iro

Até 1990, as recomendações nutricionais pa-


Introdução ra idosos não eram específicas para as diferen -

o processo de envelhecimento está associado à tes categorias de idade, porém atualmente con-
redução progressiva dos tecidos ativos e da ca- sideram-se duas faixas etárias: 51 a 70 anos de
pacidade funcional e à modificação das funções idade e acima dos 70 anos de idade. As reco-
metabólicas. As recomendações nutricionais pa- m endações para idosos são equivalentes às dos
ra idosos levam em consideração as mudanças adultos em relação a muitos nutrientes, porém o s
relacionadas com a idade em termos de compo- primeiros podem ter necessidades diferentes em
sição corpora l, bem como as funções que afe- razão de alterações na mastigação, na degluti -
tam a absorção e a utilização desses nutrientes ção, na absorção, no metabolismo e na excreção
no organismo. A ingestão alimentar tende a di - dos nutrientes. Desse modo, as necessidades de
minuir com o envelhecimento para compensar as v ita m inas e minerais mantêm-se ou aumentam e,
necessidades energéti cas redu zidas associadas a em algu ns casos, podem ser reduzidas (como é
menores gastos energéti cos em atividades físi - o caso do ferro para idosas) 2-S
cas e taxa metabólica basal (TMB).
O iníc io do est abelecimento das recomenda-
ções nutricionais ocorreu após a Segunda Guerra Necessidade de energia
Mund ial. Em 1997, foram defi nidas as recomenda-
ções para ind ivíd uos saudáveis, abrangendo in- Em virtude de menor TMB pela perda de massa
gestão dietética de referência (DRI, do inglês die- magra e d im inui ção das atividades físicas, veri -
tary reference intake), que engloba necessidade fica-se uma redução na necessidade de energia
média estimada ( EA R. do inglês estimated ave- durante o processo de envelhecimento. De acor-
rage requeriment), ingestã o diária recomendada do com o sexo, os homens necessitam de mais
(ROA. do inglês recommended dietary allowan- calorias que as mu lheres; entretanto, suas de-
ce), ingestão adequada (AI, do inglês adequa te mandas diminuem mais rapidamen t e com a ida-
intake) e nível máximo de ingest ão tolerável ( UL, de 6 Vale ressaltar, contudo, que a ingestão ina -
do ing lês tolerable upper intake levei).' dequada de energia e o baixo índice de massa
12 ABORDAGEM N UTRICIONAL NO ENVELHECIM ENTO

corpor al (IMC) encont ram-se relacio nados com carros ou motos para se desloc ar. Não prati-
declíni o funcion al e aumen to da morbim ortali- cam esport es regula rmente e despen dem a
dade 9 maior parte do tempo livre ouvind o música ou
As fórmul as que estima m a necess idade de usand o o compu tador.
energia para o idoso são propos tas pelo Institut e • Estilo de vida moderado: inclui pessoa s c ujo
o f Medici ne ( IOM)6 ( Tabela s 2.1 e 22) e pela Food trabalh o exige um pouco mais de esforç o físi-
and Ag ricultur e Organi zation (WHO/ FAO)'O ( Ta- co para ser realiza do ou aquelas cujo trabalh o
bela 23) não req uer muito esforço físico, mas que dedi-
A necess idade energé tica estima da (NEE) é cam, regula rmente , parte do seu tempo à prá-
ca lculada multipl icando -se o valor do CA F pelo ti ca de ativida des físicas modera das.
valor da TMB. • Estilo de vida intenso: englob a indivíd uos cujo
O NAF pode ser estima do ou, també m, cal- trabalh o exige intenso esforç o físico para rea-
cula do. li zá-lo ou que pratica m ativida des físicas inten -
O NAF assum e diferen tes faixas de valores sas (correr, nadar etc.) regular mente, com du-
de acordo com o estilo de v ida do indivíd uo: ração de mais de uma hora .
• Estilo de vida leve: abrang e indivíd uos que
não necess itam de muito esforço físico para O valor de CAF (Tabela 2.4) pode ser calcu-
realiza r as ativida des diárias, não são obriga - lado a partir do valor de ativida de física (AF) por
dos a ca minha r longas distânc ias para che- hora de determ inada ativida de realiza da pelo in-
gar ao local de trabalh o ou geralm ente usam divíduo durant e o dia, multipl icado pelo tempo

TABELA 2.1 Equações para cá lculo da estimat iva das


necessidades de energia ( EER) em ind ivíduos com 19 anos
de idade ou mais

SEXO CÁLCU LO DA ESTIMA TIVA DAS NECESS IDADES DE ENERG


IA (EER)
Feminino 354 - 6,91 x idade [anos] + CAF' x (9,36 x peso [kg] + 726 x altura
em])
'Coefic iente de atividade física (CAF):
1,00 - se nível de atividade fís ica (NAF) sedentário (~1,0 e <1,4)
1,12 - se NAF pouco ativo (~ 1,4 e <1,6)
1,27 - se NAF ativo (~1,6 e <1,9)
1,45 - se NAF muito ativo (~1,9 e <2,5)
Masculino 662 - 9,53 x idade [anos] + NAF x (15,91 x peso [kg] + 539,6 x
altura em])
1,00 - se NAF sedentário (~1,0 e <1,4)
1,13 - se NAF pouco ativo (~1,4 e <1,6)
1,26 - se NAF ativo (~1,6 e <1,9)
1,42 - se NAF muito ativo (~1,9 e <2,5)
NAF: nível de atividade física.
Fonte: 10M, 2002'

TABELA 2.2 At ividades fís icas re lacionadas com o NAF

NíVEL DE ATIVIDA DE ATIVIDA DES FíSICAS


FíSICA (NAF)

Sedentário (~1 e <1,4) Trabalhos domésticos de in tensidade leve a moderada, caminh


adas para
atividades relacionadas com o cotid iano, ficar sentado por várias
horas
Leve (~1,4 e <1,6) Caminhadas (6,4km /h), além das mesmas atividades relacionadas
com o NAF
sed entário
Moderado (~1,6 e <1,9) Ginástica aeróbica, corrida, natação e tênis, além das mesma s
atividades
relacionadas com o NAF sedentário
Intenso (~1,9 e <2,5) Ciclismo de intensidade moderada, corrida , pular corda e jogar
tênis, além das
mesmas atividades relacionadas com o NAF sedentário
Fonte: 10M, 2002'
CAPiTULO 2 RECOMENDAÇÕES NUTRICI ONAIS PARA IDOSOS 13

TABELA 2.3 Equações para estimar a TMB a part ir do


peso co rporal em idosos
Recomendações de macronutrientes

SEXO CÁLCULO DA TAXA A Tabela 2.5 mostra a Acceptab/e Macronutrient


METABÓLICA BASAL (TMB) Distribuition Range (A MDR), além d e RDA, A I e

Feminino 9,082 x peso (kg) + 658,5 EAR dos macronu t rientes de acordo co m o 10 M
(2002) 6, bem como a faixa de d istri b uição pa ra
Masculino 11 ,711 x peso (kg) + 587,7
macronutrientes com base no q ue é preconi zado
"onte: W HO/ FAO. 2004'0 pelo Guia Alimentar para a População Brasi le ira
(2005)l1
TABELA 2.4 Cl assificação dos esti los de vida com
base na inte nsidade de ati vi dade física habitua l ou Proteínas
CAF Proteínas cons istem em nutrient es import antes
para idosos por ajudarem a reduzir a perda mus-
CATEGORIA VALOR DE
cu lar, atuarem na imunidade, na c icatrização de
CAF
f eridas, na recuperação de do enças e na preven-
Sedentári o ou estilo de vida leve 1,40 a 1,69 ção da perda excessiva d e t eci do ósseo. A limen-
Ativo ou estilo de vida moderado 1,70 a 1,99 tos ricos em prot eínas representa m ta m bém fon-
Muito ativo ou estilo de vida intenso 2,00 a 2,40 t es importantes de vitaminas e mi nera is que se
CAF: coeficiente de atividade fisica.
encontram geralmente reduz idos na ali men t ação
Fonte: W HO/FAO, 2004. '0 de idosos, inclu indo algu m as v ita minas do com -
pl exo B e zinco.
A recomendação de p roteínas é igua l para
de execução dessa atividade. A soma dessas adultos e idosos. Contu do, alg uns pesqu isado-
multiplicações (A F x tempo) p erm ite encontrar res têm defend ido ma ior ingestão desse nut rien-
o va lor de CA F dos indivíd uos. Ao dividi r por 24, t e pelos idosos (l,2g/dia) para oti m iza r o status
te m -se a méd ia do val o r d e CA F d iário do indi - p ro te ico. ' 2 Uma revisão sist emática13 real iza d a
v íd uo e, de acordo co m o val or encon t rado, sua em 2014 sob re o efeito da ingest ão p rote ica na
classificação em um d os três estilos de vida . saúde dos idosos co nsidero u q ue, p rovavelmen-
Deve-se ressaltar que est es métodos são t e, a EAR de 0,66g/kg/dia e a RDA de 0 ,83g de
aplicáveis à população sadia, pois as doenças al - proteína de boa q ualidade/kg/dia representem o
te ram o gasto energético e o consumo alimen- mínimo da necessidade de proteína na alimenta-
tar. ção de pessoas idosas e a conclusão é que, desse

TABELA 2.5 Distribuição de macro nutrientes segundo AMDR e Guia Ali mentar e ingestão dietética de referência
(DRI) para macronutrientes

(% DE ENERGIA) DRI
MACRONUTRIENTES
AMDR GUIA ALIMENTAR RDA (g/DIA) AI (g/DIA) EAR (g/DIA)

Lipídios totais 25 a 35 15 a 30
Ácidos graxos sat urados <10 <10
Ácidos graxos poli -insaturados ~O 6 a 10
Ácidos graxos monoinsaturados >10 Completar
Ácido linoleico 5 a 10 11 (M), 14 (H)
Ácido li nolênico 0,6 a 1,2 1,1(M), 1,6 (H)
Proteínas 10 a 35 10 a 15 46 (M), 56 (H) - 38 (M), 46 (H)
Carboid ratos 45 a 65 55 a 75 130 100
Açúcar de adição Até 25 Até 10
ROA: ingestão diária recomendada; AI: ingestão adequada; EAR: necessidade média estimada; H: homem; M: mulher.
Fonte: 10M, 2002;6 Brasil, 2006."
14 A BORDAGEM N UTR ICIONAL NO E NV ELHECIMENTO

modo, o nível ótimo de ingestão seja maior que De maneira gera l. a gordura saturada eleva a
a RDA. Em relação aos efeitos nocivos do consu - concentração p lasmática de colestero l, especial-
mo de uma alta ingestão proteica, os estudos são ment e o mirístico, enqua nto o esteárico é neu-
inconclusivos. Pode ser que ocorra comprometi- tro sob re o co lestero l. Os m ecan ism os propos -
m ento da função renal. tos são: redução dos receptores de lipoproteí-
No envel hecimento, deve-se considerar a na de baixa densidade (LDL) hepáticos e m aior
qualidade e a quantidade de proteínas para re- atividade da acil -coA:colesterol aciltransferase
duzir a perda proteica corporal. A ação anaból ica (ACA T), aumentando a esterifi cação do coleste-
de prot eínas na dieta depende da sua composi- rol das li poproteínas contendo apoproteína B e
ção em termos de aminoácidos indispensáveis; a q uantidade de colesterol esterificado presente
por exemplo, a leucina, que é um potente am i- no LDL, devido à conformação química ret ilínea
noácido de cadeia ramificada (BCAA), atuando dos AGS.17 A substituição de gordura sa tu rada
como um substrato para a síntese de proteínas da alimentação por mono- e poli-insaturada é
e também como um sinal para ativar tradução. uma boa estratégia pa ra controle adeq uado da
A modulação de proteínas é mais importante hiperco lesterolemia e red ução da suscet ibi lidade
na alimentação do que aumenta r sua ingestão a doenças ca rdiovascu lares.
quando o objetivo é melhorar a síntese e a re- Os ácidos graxos trans são isômeros geomé-
te nção proteica em idosos. A lém disso, proteí- tricos dos ácidos graxos insaturados, sintetiza-
nas de ráp ida digestão promovem anabolismo dos por fer mentação bacteriana em ruminantes.
São também produzidos pela hidrogenação pa r-
ma is ráp ido em indivíduos idosos. Assim, além
c ial de ó leos vegetais, e o mais comu m é o ácido
do perfil e da quantidade de aminoácidos, a taxa
ela ídico (18:1,9t). Nesse processo, forma-se uma
de digestão de proteínas deve agora ser co nsi-
molécu la com estrutura semelhante ao AGS. O
derada na modu lação de deposição de proteína
consumo de gordura trans relac iona-se com ele-
pós -prand ial. Ela deverá também ser oferecida
vação do LDL plasmático e aumento de risco
de maneira fracionada para garantir seu melhor
de doença cardiovascular, estando p resente em
aproveitamento. 14 .1S
produtos indust ria li zados, como biscoi t os, sorve-
Vários estudos ind icam que o músculo senes-
tes, tortas e diversos itens de panificação ls.19
cente é menos sensível às p ropriedades anabóli-
Após a consta t ação de que ácidos graxos
cas de aminoácidos, um conceito conhecido co -
trans se corre lacionam com risco cardiovascu lar,
mo resistência anabólica para síntese de proteí-
houve ex igênc ia, por parte da Agência Naciona l
na muscular em idosos. Assim, tem sido sugerido
de Vigilãncia Sanitária (Anvisa).20 de especifica-
que o au mento do teor de leucina na al iment a-
ção da q uantidade que os alimentos contêm des-
ção pode efetivamente compensar a síntese pro-
sa gordura na rotu lagem nutricional. Como alter-
teica muscular dificultada em idosos.'4
nativa, a indústri a substituiu o processo de hidro-
genação pelo de interesterificação, obtido po r
Lipídios
meio da mistura de gorduras sólidas altamente
O cons umo de lipídios na alimentação associa -se satu radas (p. ex., óleo de pa lma) com óleos para
a doenças c rônicas, podendo ter efeito p rejudi- produzir go rduras com caract erísticas interme-
cial ou benéfico sobre elas, dependendo do tipo d iárias. Estudos t êm demonstrado que a gordura
e da q uantidade ingerida . Os lipíd ios tota is da ali- int erest erif icada também pode aumentar o risco
mentação representam a soma dos ácidos g ra- de doenças cardiovascu lares. '8 .'9
xos satu rados (AGS), ácidos graxos trans, ácidos O MUFA mais comum é o o leico (18:1), série
g raxos mono insa t urados (MU FA) e ácidos gra- ômega-9, com ma ior concentração no óleo de
xos po li-insaturados (PUFA). oliva. As o leaginosas e o abacate também são
Os AGS de cade ia lo nga são os m ais encon- fontes im porta ntes d e ômega-9. O consumo de
trados na ali mentação, destacando-se o mirísti- MUFA aumenta os níveis de li pop roteína de alta
co (1 4 :0), p resen t e no leite e em seus derivad os; densidade ( H DL) e diminu i a oxidação de LDL.
o pa lmítico (16:0), c ujas principa is fontes são a De acordo com a I Diretriz sobre o Consumo de
gordura animal e o ó leo de pa lma; e o esteá ri- Gorduras e Saúde Ca rd iovascu lar (2013),'6 os
co (18:0), presente na gordura do caca u. O áci- AGS da d ieta devem ser substituídos por MUFA
do pa lm ítico é o m ais p reva lente na al imentação para otimizar a redução das concentrações plas-
humana. '6 máticas de LDL.
C A PiT U LO 2 R ECOM EN DAÇÕES N UTR ICION AIS PA RA I DOSOS 15

Os ácidos graxos ômega-3 exercem efeitos O colesterol alimentar é encontrado nas gor-
d e proteção contra doenças cardiovasculares, duras de origem animal e su as princ ipais fontes
como melhora da função autonômica e antiarrít- são gema de ovo, leite integral e derivados, ca-
mica, diminuição da agrega ção plaquetária e da marão, ca rne bovina, pele de aves e víscera s, sen -
pressão arterial e melhora da função endotelial. do que a ingestão não deve ultrapassar 300mg/
A ação hipotrigliceridêmica é atribuída à redu - dia. Existe uma associação entre alto consumo
ção da síntese e ao aumento do catabolismo da de col esterol e maior incidência de aterosclerose.
apoproteína B, bem como à aceleração do cata- Apesar disso, no tratamento da hipercolesterole-
bolismo dos quilomícrons por meio de estímulo à m ia familiar, sabe-se que o colesterol alimentar
atividade da enzima lipase lipoproteica. As prin - pouco influencia na concentração de colesterol
cipa is fontes de ácido alfa linolênico (ALA) são os san g uíneo e no risco de aterosclerose precoce. '6
ól eos vegetais, principalmente de soja e cano la; o De acordo com a Pesqu isa de Orçamento Fa-
ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido doco- mili ar ( POF) 2008-2009,25 o consumo médio de
sa-hexaenoico (DHA) são mais encontrados em lipídios tota is, de acordo com a energ ia total, em
peixes de águas muito frias e profundas. '6 idosos foi de 27% e o de co lesterol correspon -
Os ácidos graxos ômega-6 podem sofrer al - deu a 186,3mg, apresentando adequação para
t erações e ser convertidos para ácido araquidô- essa fai xa etária. Para gorduras saturadas, houve
nico (AA), que serve como substrato para uma inadequação, com ingestão excessiva de 80% e
v ariedade de metabólitos, entre os quais molécu - 84% para homens e mu lheres, respectivamente.
las pró-inflamatórias, sendo encontrado em óleos
v egetais como de soja, canola, cártamo e milho16 Carboidratos
Os ácidos ômega-6 e ômega -3 são benéficos A ingestão aumentada de carboidratos, princi-
para a saúde cardiovascular. Entretanto, convém pa lmente os de rápida absorção, favorece um
observa r a rela ção ômega -6/ômega-3 devido à desequ ilíb rio entre a oferta de lipídios e os de-
com petição destes pela enzima delta-6 dessatu - mais nutrientes, levando a excesso de peso e
rase, que os converte em diferentes subespécies alterações cardiometaból icas em idosos 26 Des-
de eicosanoides. Por um lado, o consumo eleva - sa maneira, os ca rboidratos mais indicados pa-
do de ô mega-6 pode diminuir o metabolismo do ra consumo são aqueles com menor índice gli -
A LA a EPA e DHA, limitando os benefícios des- cêmi co, menor densidade calórica e maior teor
tes . Por outro, a afinidade maior da enzima pelo de fibras n Assim, deve-se priorizar o consumo de
ômega -3 pode reduzir a produção de metabó- frutas in natura, veg etais e ce reais integrais. Con -
litos indispensáveis obtidos a partir da b iocon - vém ressa ltar que, no Brasil , o consumo médio de
versão do ômega-6, o que justificaria uma reco- açú cares de adição foi de 20,1% do total de ener-
mendação da rela ção ômega-6/ômega-3 de 5:1. '6 gia e que 50% da população idosa apresentou
Va le considerar que a ali mentação ocidental nor- ingestão excessiva (POF, 2008-2009).25
malmente é rica em ômega-6, prejudicando os A recom endação de carbo idratos é igual pa-
processos metabólicos do ômega-3 e reduzindo ra adultos e idosos. A ROA é suficiente para dar
seu papel biológico. Assim, o organismo pas- suporte à utilização de glicose pelo cérebr0 6
sa do estado f isiológico normal ao estado pró -
-trombótico, pró-inflamatório e pró -agregatório, Fibras
podendo comprometer mais a saúde do idoso. A AI de fibras é lige iramente menor para idosos
Em relação ao ômega-3, ressalta -se que as em relação a adultos jovens porque os primeiros
principais fontes veg etais possuem o ALA, o qual consomem menos energia, sen do suficiente para
pode ser convertido em EPA e DHA; contudo, reduzir o risco de constipação e doenças diver-
essa conversão é baixa, devendo-se priorizar o ticulares, ma nter concentrações adequadas de
consumo de peixes de água salgada e profunda, g licose e lipídio e prover boa densidade de nu -
os quais são fontes direta s de EPA e DHA.21-23 O trientes 6 Para a prevenção de doenças crônicas
filé é a forma mais utilizada de consumo de pei - relacionadas com a dieta, a FAO recomenda o
xe no Ocidente;24 dessa maneira, mesmo sendo consumo de, p elo menos, 25g/dia de fibras na
restrito em ômega-3, seu consumo deve ser in- dieta m.27 A American Heart Association preconi-
centivado em assoc iação a alimentos ricos nesse za que, pelo menos, 25% desse total seja do t ipo
componente, como linhaça, chia e nozes. solúv el. 28 De acordo com o 10M, a AI é de 30 e
16 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

21g/dia, para homens e mulheres idosos, respec- levar a uma deficiência; além disso, polimorfis-
tivamente 6 mos genéticos, síndromes de má absorção, co n-
O consumo de fibras por idosos no Brasil, de sumo de álcool e efeitos colaterais provocados
acordo com a POF ( 2008-2009),25 foi de 17,6g/ por medicamentos antifolatos, como o metotre-
dia, apresentando inadequação próxima de 60% xato, também podem causá-la. 32 A ingestão de
em ambos os sexos. Essa alta inadequação po- folato não deve exceder a recomendação pela
de ser atribuída ao fato de os idosos terem di- possibilidade de mascarar a deficiência da vita -
ficuldade em mastigar e engolir alimentos ricos mina B'2' porque esta última é mais comum do
em fibra s, recorrendo, assim, ao uso de alimen - que a deficiência do primeiro. 3'
tos macios que, normalmente, apresentam baixo A recomendação de vitam ina B'2 é igual para
teor de fibras. ad ultos e idosos 3 . Entretant o, cerca de 30% dos
Deve-se priorizar o consumo de al imentos idosos apresentam gastrite atrófica e não podem
que são fontes tanto de fibras insolúveis, como absorver essa vitamina dos alimentos em quan-
vegetais folhosos, frutas com casca, sementes e tidade suficiente. 33.34 Desse modo, eles estão em
grãos integrais, farelo de arroz e trigo, quanto risco de desenvolver a deficiênc ia, que pode in -
de fibras solúveis, como aveia, feijão, frutas e le- cluir cond ições hematológicas (anemia megalo-
gumes. blástica macrocítica) e muda nças neurológ icas
(parestesia, perda de sensação, ataxia, demência,
transtornos psiquiátricos e transtornos de me-
Recomendações de micronutrientes mória).31 Além d isso, deve-se considerar que o
uso contínuo de medicamentos para combater a
A Tabela 2.6 relaciona todas as recomendações secreção de ácido clo rídrico também pode levar
de micronutrientes para idosos e também as que a uma deficiência de vitamina B'2' A gastrite atró-
mudam com a idade, bem como as alterações fi - fica pode resu ltar em colonização de bactérias
siológicas que as justificam. no trato gastrintestinal superior e, dessa maneira,
comprometer ainda mais as concentrações séri -
Vitaminas do complexo B cas de vitamina B'2' já que pequenas quantida-
Idosos necessitam de maior atenção quanto ao des dessa vitamina poderiam ser utilizadas pelas
consumo adequado de vitaminas do complexo bactérias. 35
B, especialmente vitamina B6' vitamina B'2 e fola- A v itamina B'2 só é encontrada em alimentos
t0 3. A inadequação desses nutrientes aumenta os de origem ani mal, e suas principais fontes são
níveis sanguíneos de homocisteína, que podem carnes vermelhas, leite e derivados e ov os. Con -
estar assoc iados a elevado ri sco de doenças car- vém ressaltar que é comum a restrição desses ali -
diovasculares, demência relac ionada com a ida - mentos na alimentação dos idosos pelas seguin-
de e perda da função cognitiva 2 9 As recomen - tes razões: dificuldade de mastigação, deficiên-
dações de v itam ina B6 são maiores para adultos cia de lactase, teor de gorduras, preço elevado
com 51 anos de idade ou mais. 3 Esse aumento etc. As principais fontes de foi ato são vegetais
fundamenta-se em dados indicando que mais vi - folhosos, legumes, milho, amendoim e levedo.
t amina B6 é requerida para manutenção do seu É difícil a comprovação da deficiência de vi-
estado norma l. Essa maior quantidade parece ser tamina B'2 em adu ltos, e ex iste uma recomenda-
necessária para d iminuir os níveis de homocisteí- ção de que idosos devam consumir alimentos
na e otimizar a atenção e a cognição, bem como fortificados ou suplementos com esse nutrien-
reduzir os riscos de depressão. 30 te. 33 Idosos com anemia perniciosa (aproximada-
Embora o estado nutricional relativo ao fola- mente 2%) não conseguem absorver a vitamina
to, medido no soro ou pelos níveis de eritrócitos, sob nenhuma forma e, neste caso, devem rece-
não demonstre diminuição com a idade, a inges- bê-Ia por v ia endov enosa ou intramuscular. 31
tão em idosos encontra-se em níveis margina is,
o que pode ser atribuído ao consumo insuficien- Vitamina C
te de hortaliças e frutas. 3' De acordo com a POF A vitamina C tem um papel importante como
(2008 -2009),25 no Brasil, a inadequação é de antioxidante. Embora possa reduz ir o dano cau -
33,2% e 46,5% para homens e mulheres, respec - sado por estresse oxidativo e espécies reativas
tivamente. A ingestão insuficiente de foi ato pode de oxigênio, existem evidências de seus efeitos
CAPiTULO 2 RECOMENDAÇÕ ES NUTRICIONAIS PARA IDOSOS 17

TABELA 2.6 Recomendações nutricionais de micronutrientes para idosos

AUMENTO DAS RECOMENDAÇÕES

Sexo e faixa EAR ROA UL AI Razões para as mudanças


etária (anos)
Vitamina D (iJg/ d ia) M eH: Diminuição da densidade óssea
51 a 70 10 15 100 Redução da habilidade de sintetizar
>70 10 20 100 vitamina D pelo organismo
Cálcio (mg/dia) M: >51 Redução da absorção de cálcio
H: 51 a 70 1000 1.200 2.000 Diminuição da densidade óssea
>70 800 1000 2.000 (início mais precoce em mulheres)
1000 1.200 2.000
Vitamina B6 (mg/dia) M: >51 1.3 1.5 100 Manutenção das taxas sanguíneas
H: >51 1,4 1.7 100 adequadas para redução dos
níveis de homocisteína e melhora
da função imune
Diminuição das recomendações
Fibras (g/dia) H: >51 30 Diminuição da ingestão de
M: >51 21 energia
Ferro (mg/dia) M: >51 5 8 45 Cessação da menstruação na
mulher
Sem alterações nas recomendações
Vitamina E (mg/dia) M e H:
>51 12 15 1000
Vitamina K (iJg/d ia) M: >51 ND 90
H: >51 ND 120
Biotina (iJg/dia) M e H:
>51 ND 30
Folato (iJg/dia) M eH:
>51 320 400 1000
Niacina (mg/dia) M: >51 11 14 35
H: >51 12 16 35
Ácido pantotênico M e H:
(mg/dia) >51 ND 5
Riboflavina (mg/dia) M: >51 0.9 1,1 ND
H: >51 1,1 1,3 ND
Tiamina (mg/dia) M: >51 0,9 1,1 ND
H: > 51 1,0 1,2 ND
Vitamina A (iJg/dia) M: >51 500 700 3.000
H: >51 625 900 3.000
Vitamina B12 (iJg/dia) M e H:
>51 2,0 2,4 ND
lodo (mg/dia) M e H:
>51 95 150 1100
Selênio (iJg/dia) MeH
>51 45 55 400
Zinco (mg/dia) M: >51 6,8 8 40
H: >51 9,4 11 40
Sódio (g/dia) M e H:
51 a 70 2,3 1.3
>70 2,3 1,2
Ferro (mg/dia) H: >51 6 8 45

ROA: ingestão diária recomendada; A I: ingestão adequada; EAR: necessidade média estimada; UL: nível máximo de ingestão tolerável: H:
homem; M: mulher; NO: Não Determinado.
Fonte: adaptada de Thompson et aI.. 2014 9
18 A BORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELH ECIMENTO

sobre os marcadores da biogênese mitocondrial. Vitamina E


Além disso, é essencial na cicatrização de feridas, A v itami na E é u m te rmo genérico que compree n-
já que participa da formação do tecido conectivo de oito con g êneres naturais: quatro tocofe róis e
e também da proliferação de linfócitos. É encon - quatro tocotrie nóis a, 13, y e D, de modo que o al -
tra da, principalmente, em frutas cítricas. 35 fatocofero l apresenta maior atividade biológica.
Estudos epidemiológicos têm associado A principa l função da vitamina E é como antioxi -
maiores concentrações plasmáticas de vitam i- dante, te ndo um papel fundamental na proteção
na C à redução do risco de doenças crônicas, in- das membranas celulares, sendo co nsiderada a
cluindo câncer e doenças cardiovasculares, bem primeira lin ha de defesa contra a peroxidação de
como a maior desempenho físico em idosos. No lípidos, pois in ibe a oxidação de LDL. Além disso,
entanto, há pouco conhecimento sobre os m eca - o alfa t ocoferol tem atividade anti -inflamatór ia e
nismos que explicam esses efeitos, e a literatura modula a expressão de proteínas envolvidas na
apresenta resultados inconsistentes e co ntrad i- absorção, no transporte e no armazenamento de
tó rios. 36 lipidios (p. ex., co lesterol). 3l.35.40
A ingestão de vitamina C pelos idosos varia Não existe modificação na absorção e na uti-
considerave lmente, sendo reduzida naqueles li zação dessa vitam ina com a idade 4 Parte dos
que são edentados, têm demência e/ou moram idosos pode apresentar consumo menor que o
em casas de repouso. A absorção e o metabolis- recomendado, quando limitam a ingestão de ali -
m o não se modificam com a idade. mentos gordurosos que são fontes de vitamina
E, como ó leos vegetais. Se a ingestão for defi -
Vitamina A cie nte, o sistema nervoso pode sofrer danos em
A vitamina A é lipossolúvel e pode ser encon- ra zão do maior estresse ox idativo. 41
trada sob forma de retinoides (origem an imal) Concentrações elevadas de tocofero l e toco -
e provitamina A (origem vegetal), como betaca - trienol associam -se à diminuição de comprome-
roteno, alfacaroteno e betacript oxantina. É im- timento cognit ivo em idosos 42
nnrtr=l n tp TJrir.-:=! a s:aLJdo ÓSSG3, a m.:Jnutcnção do
tecido epitelial e a função imune e antioxidante. Vitamina K
As p rincipais fontes de origem animal são fíga- Há três form as de v ita m ina K (K" K 2 e K 3 ), que
do, gema de ovo, leite, manteiga, atum, queijo e podem se comportar de maneira diferente. A vi -
creme de leite; de origem vegetal, são hortaliças tamina K, é encontrada em al imentos de origem
e frutas de cor amarela, verde, vermelha e alaran - vegetal; a K2' produzida na microbiota intestinal;
jada. Os carote no ides podem ser b iomarcadores e a K3' sintética. Esta última é utilizada em su-
de um estilo de v ida saudável, pois suas concen - plementos. A vitamina K é im portante na coa -
trações se associam ao consumo adequado de gulação sanguínea e também na síntese da os -
frutas e vegetais. 3 '.35 teocalc ina, uma proteína óssea, relacionando- se,
A recomendação de vitamina A é igual para portanto, com a saúde óssea. Está associada a
adultos e idosos 4 As consequênc ias da toxicida- menor perda mineral óssea e redução na poro-
de dos retinoides em idosos podem ser sign ifi - sidade e na elasticidade atribuídas ao envelheci -
cat ivas, levando a da nos hepáticos, p roblemas mento, o que explica o efeito protetor da vitami -
neurológi cos e aumento do risco de f raturas do na K contra fraturas osteoporóticas 43
quad ril. 37 .38 O consumo de ali mentos ricos em be- A v itamina K desempenha também um pa -
tacaroteno e outros carotenoides, por sua vez, pei essencial na síntese de proteína de matriz
não conduz à toxic idadeY Gla (MG P), um inibidor da calcificação de tecido
Com base na POF (2008-2009),25 houve ina - vascular, tornando -se um importante preditor de
dequação da ingestão de vitam ina A correspon - doença cardiovascular 4 4
dente a 80,6% e 68% em homens e mulheres ido-
sos, respectivamente. Possivelmente, essa baixa Vitamina D e cálcio
ingestão deve-se à restrição de alimentos de ori - Nos últimos anos, vem ocorrendo um crescen-
gem animal pela alta prevalência de d islipidemia te interesse nas funções da vitamina D na saú -
nesse grupo e pela dificuldade de mastigação de de humana. Tem sido sugerida rel ação da inges-
frutas e hortaliças. tão de v itamina D com aument o da imunidade
- -- -------------

CAPiTULO 2 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA I DOSOS 19

e possíveis papéis na prevenção do diabetes 45 osteoporose, A recomendação é maior para ido-


Quanto ao cálc io, existe a preocupação de que sos do que para adultos jovens por causa da re-
muitos idosos possam não obter quantidades dução, relacionada com a idade, na produção de
suficientes na alimentação; desse modo, o cá lcio vitam ina D pelo organismo e da insuficiê ncia re-
tem sido muito usado para fortificar alimentos e, nal na conversão de 25(OH)D para a sua f o rma
também, como suplemento, ativa 8 .45 Vale ressa lta r, ainda, que idosos institu -
O Institute of Med ici ne (IOM)8 realizou uma cionalizados e acamados apresentam maior ris -
revisão das recomendações de vitamina D e cál - co de deficiência de v itamina D, porque não são
cio em 2011 e, com base em evidências científicas expostos a quantidades sufic ientes de luz solar,
atuais sobre os papéis de ambos na saúde huma- Atua lmente, as preocupações com câ ncer
na, propôs os valores da DR I. de pele pratica m ent e excluem a possib il idade da
Os potenciais indicadores de estudos, rela - produção de vitamina D pelo orga nism o; portan -
cionando cálcio e vitamina D com a saúde hu - to, a melhor abordagem é estimar a recomenda -
mana, utilizados para as novas recomendações, ção de vitamina D em cond ições de expos ição
estão descritos na Tabela 2,7, mínima ao sol, já que o uso de protetor so lar blo -
O nível adequado de vitamina D é essencial queia a produção dessa v itam ina 8
para evitar e/ou minimizar as consequências da O aumento da ingestão de v itamina D pelos
idosos é difícil porque somente alguns alimentos
fornecem quantidades significativas, como pei-
TABELA 2.7 Potenciais indicad ores para as novas re- xes oleosos e produtos fort ificados, porém não
co mendações de cá lcio e vi tami na D suficientes para atender às necessidades diá-
rias,9,31.35
• Câncer:
Quando a ingestão aliment ar e a exposição
• Todos os tipos de câncer
• Câncer de mama solar forem insuficientes e houver alto risco de
• Câncer colorretal e pólipos de cólon osteoporose, suplementos de vi t amina D são re -
• Câncer de próstata come ndados pa ra a manutenção da saúde óss ea,
• Doenças cardiovasculares e hipertensão arterial A Soc iedade Brasile ira de Endocrinologia e
• Diabetes melito (tipo 2) e síndrome metabólica Met abologia (SBEM)45 recomenda testes para
(obesidade) aval iação laboratorial de 25(OH)D em idosos que
• Catarata têm osteoporose e história de quedas e fraturas,
em decorrência do risco de hipovitaminose D,
• Respostas imunes:
Em relação ao cálcio, sua ingestão é menor
• Asma
• Doenças autoimunes do que os níveis recomendados para a maioria
• Diabetes melito (tipo 1) dos idosos,25 A discrepância entre a necessida-
• Doença inflamatória do intestino e doença de de e o consumo é a maior dos micronutrientes e,
Crohn
desse modo, uma medida corretiva deve sempre
• Esclerose mú ltipla
ser co nsiderada,31 Os idosos também podem li-
• Artrite reumatoide
• Doenças infecciosas: m ita r a ingestão de fontes de cá lc io por omit irem
• Tuberculose, influenza e infecções das vias leites e produtos lácteos na dieta devido à pre-
respiratórias superiores sença de intolerância à lactose ou por preocu-
• Funcionamento neuropsicológico: pação com o teor de lipídios desses alimentos,
• Função cognitiva Quanto aos produtos lácteos, um mínimo de três
• Depressão porções deve ser ingerido por dia para atender
• Desempenho físico às necessidades n
• Saúde óssea: Em resposta às necessidades especificas dos
• 25-hidroxivitami na D [25(OH)D] sérica idosos, as indústrias colocam no mercado uma
• Hormônio da paratireoide var iedade de alimentos com baixo teor ou sem
• Absorção de cálcio
lactose, inclui ndo leite e derivad os, Ex ist em, ain-
• Balanço de cálc io
• Densidade mineral óssea da, bebidas fort ifi cadas co m cá lcio, como suco
• Risco de fratura de laranja e extrato de soja,
• Raquitismo e osteomalacia A UL de cá lc io baseia -se em dados relat ivos à
Fonte: adaptada de 10M, 2011,· incidência de litíase rena l em t raba lhos realizados
20 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELH ECIMENTO

com mulheres na pós -menopausa que usavam Ferro


suplementos de cálcio B A deficiência nutricional ma is preva lente no
Como já dito, quanto ao cálcio, a RDA8 re- mundo é a de ferro, o que resulta em alternâncias
laciona-se com a prevenção de várias doenças em função imune, metabolismo energ ético, de-
crônicas, porém seu papel na saúde óssea é a senvo lvimento cognitivo e desempenho do tra -
consideração mais importante na determinação balh0 49.50 A deficiência grave de ferro resulta em
das necess idad es que aumentam com a idade anem ia e pode aumentar a mortalidade s1 A ina-
em razão da sua menor absorção. Essa menor dequação do status de ferro pode ocorrer quan -
ab sorção é atribu ída à acloridria presente em do há diminuição da sua absorção pela redução
10% a 30% dos idosos e à diminuição do status na síntese de ácido clorídric0 48 A deficiência de
de vitamina D. A absorção de cálcio em mulheres ferro é a pr incipal causa de anem ia nesta popu-
declina, em média, 0.21% ao ano 46 A partir dos
lação, contribuind o para aproximadamente dois
60 anos de idade, a absorção é aproximadamen -
terços dos casos de anemia por deficiência de
te de 30% a 50% do total de cálc io ingerido, em
nutrientes S2 Sugere-se que a anemia ferropriva
ambos os sexos. Idosos com 80 anos de idade
é a que mais fortemente predi z mortalidade car-
ou mais absorvem cerca de 26% desse mineral
díaca do q ue outros t ipos de anemia. A aten-
como consequência da menor ativação renal da
ção e a identificação precoce de desnutrição e
vitamina D47
medição das concentrações de ferro sérico são
Existem fatores que podem interferir na ab-
importantes pa ra melhorar a sobrev ivência, bem
sorção de cálcio sob forma de suplemento, como
como a qualidade de vida dos idososs 3 .54
a presença ou não de alimentos. Cerca de 20%
Apesar de as necessidades fisiológicas de fer -
do cálcio é absorvido quando o estômago está
ro não diferirem ent re homens adultos e id osos
vazio, e 30% a 35% dele é absorvido quando in -
e mulheres idosas pós-menopausa, há cada vez
gerido juntamente a alimentos. Outro fator im-
mais evidências de que o metabolismo do ferro é
portante é que, se o ferro e o cálcio estiverem na
afetado no envelhecimento. Assim, a deficiência
mesma fórmula, um dos dois deverá estar sob
de ferro torna-se um problema no processo de
forma de quelato, para que não haja comprome-
en velhecimento, pois se relaciona com mudan-
timento da absorçã0 48
ças na hemoglobina, efeitos da medicação, dis-
As reco m endações de cá lc io são maiores pa-
túrbios e doenças e aumento das concentra ções
ra todos os idosos acima de 70 anos de idade e
de ferritina em associação a estados inflamató-
para as mulheres com 51 a 70 anos de idade em
comparação a adu ltos. A recomendação de cál - rios. A deficiência deve ser corrigida por meio de

cio aumentada mais cedo para as mulheres em dieta adequada e suplementos 49


relação aos homens se deve ao início mais pre-
Zinco
coce da perda óssea, geralmente no início da
menopausa. A diminuição do estrogênio influi na O zinco desempenha várias funções cata líticas,
ação do pa ra tormôn io e também na absorção do estruturais e reguladoras; é um componente ne-
cálcio, e esse estado perma nece até aprox imada- cessário para mais de 300 metaloenzimas e tam-
mente 40 anos após a menopausa B bém para a expressão genética. A essencialidade
De acordo com a POF (2008-2009),25 o con - do zinco para humanos, porém, foi estabelecida
sumo de cálcio está inadequado em 85,9% dos há apenas 50 anos. O zinco atua no sistema imu-
homens de 60 a 70 anos de idade, em 94,3% dos nológico e regula diversos fatores de transcrição
homens acima de 70 anos de idade e, entre mu- da expressão de genes de c itocinas inflamatórias
lheres acima de 60 anos de idade, a inadequação e de moléculas de adesã0 48.55.56 A deficiência de
alcança 95,8%. Em re lação à vitam ina D, a inade- zinco é prevalente nos países em desenvolv i-
quação é ainda maior, estando presente em qua- mento. Isso afeta negativamente a imunidade e
se toda a população idosa . aumenta o estresse oxidativo e as citocinas infla-
É fundamental que idosos consumam ali- matórias, de modo que as concentrações plas-
mentos ricos em cálcio e vitamina D e, quando máticas de zinco estão inversamente relaciona-
necessário, usem suplementos em q uantidades das com a atividade inflamatória s5.56
apropriadas e sob a orientação de médico ou nu- O envelhec im en to está associado à redução
tricion ista. da resposta imune, que, em parte, é atribuída à
CAPiTU LO 2 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA I DOSOS 21

diminuição das concentrações plasmática s de p lasmático, inferior a 12SmEq/L, pode ser acom-
zinco. Estudos com suplementação de zinco em panhada de letargia, fadiga, anorexia, náuseas e
idosos têm demonstrado redução da incidência dores do múscu lo e, em situações mais graves,
de infecções, diminuição do estresse oxidativo, levar a confusão e coma com convulsões 61
diminuição da geração de citocinas inflamatórias
e melhor cicatrização de feridas, mas ainda não Potássio
são suficientes para recomendá-IaS? O potássio regula os processos cel ulares (p. ex.,
A recomendação de zinco é igual para adul - síntese de p rot eína e g licogênio) e o equilíbrio
tos e idosos,5 de modo que sua ingestão pode acidobásico; mantém o potencial elétrico através
ser inadequada se não houver consumo regular da m embrana ce lular; e participa da transmissão
de carne vermelha, aves e peixes. No Brasil, esses nervosa, da contração muscular e da manuten -
alimentos são relativamente caros, e idosos nor- ção do tônus vascular. Considerando-se seu pa-
ma lmente têm uma renda limitada para a aqu i- pei natriurético, auxilia no controle da p ressão
sição deles. A lém disso, a perda de dentes ou o arteria l, com redução média de 2 a 3mmHg na
uso de prótese dent ária podem dificultar a mas- pressão sistól ica quando se consome 1.2 a 1,8g de
tigação de carnes. Deve-se cons iderar também a potássio por dia. As fontes ali mentares são fru-
menor absorção e t ransporte desse mineral em tas, hortal iças, legumes e leguminosas 62
idosos, o que pode agravar o risco de deficiência. A deficiência de potássio pode ser decor-
rente de cond ições co m o vôm itos e d iarreia e,
Sódio em idosos, o uso de diuréticos espol iadores de
O sódi o é um eletrólito fundamental para a ma- potás sio pode contribuir pa ra a hipopotassemi a
nutenção do vol ume e da osmo laridade plasmá- «3,SmmoI/L), que, quando grave, leva a fraque -
ticos, o equilíbrio acidobásico, a absorção de nu - za muscular e arritmia s cardíacas 62
trientes, a contração muscular e a transmissão
nervosa. É facilmente encontrado nos alimentos, Magnésio
e a forma que contribui mais pa ra seu aumento O magnésio participa como cofator de mais de
na alimentação é o sal de adiçã0 48 Assim, as fon - 100 reações enzimáLica s e está erlVo lvido IlO me-
tes al imentares com maiores teores são os pro - tabolismo energético e ósseo, no sistema neuro-
d utos ind ustria liza d os, como t emperos e molhos muscular e no equil íb rio eletro lític0 63 As princi-
prontos, sopas e macarrões instantâneos, ca ldos pais fontes alimentares de magnésio são v ege-
co ncentrados, conservas, enlatados, embutidos, tais verde-escuros, legumes, pei xes, o leaginosas,
queijos, pães e b iscoitos. leite e derivados, leguminosas, cereais integrais
No Brasil, seg undo a PO F (2008-2009),25 e cacau.
80,4% da população idosa consome quantida- Alé m de ter um im pacto negativo sobre as
des elevadas de sódio. Esse co nsu mo excessivo v ias de prod ução de energia pela m itocôndria
associa-se pos iti vamente a elevação da pressão para gera r adenosina trisfosfato (AT P), a defi-
arterial e perda mineral óssea, devendo ser evi - ciência de magnésio também reduz a capacidade
tado, principa lmente por idosos que apresentam antioxidante no envelhecimento e sua resistê ncia
gra nde preva lência de hipertensão arterial e os- a danos por rad ica is livres 64 O envelhecimento
teoporose. A diminuição do consumo em 1,8g/ é acompanhado por redução na quant idade de
dia pode reduzi r as pressões art eria is sistólica e magnésio, pois sua absorção tende a ser menor
d iastólica em 5,2 e 3,7mmHg, respectivamente SB e sua excreção, aumentada. A hipermag nesemia
A hiponatremia é um achado comum em ido- pode ocorrer em decorrência do uso d e la xantes
sos, e as conce ntrações plasmáticas diminuem e antiácidos à base de magnési0 63 A RDA au-
com o envel hecimento em vi rtude d as mod ifica - menta aos 31 anos de idade e, depois, não é mais
ções no equilibrio hidreletrolítico. Muitas doenças modificada 2
e medicamentos utili zados por idosos podem
causar sín drome de secreção inap ropriada de Água
hormônio antidiurético (SIADH)S9.60 As conse- A ingestão de líquidos é fundamental para man-
quências podem ser neurológ icas, afetando mar- ter o vol ume vascula r, regular a temperatura
cha e at enção, além de aumentar o risco de que- corporal, re m over resíduos do corpo e manter a
das. A queda abrupta na concentra ção de sódio homeostase celular. 64 A necessidade de líquidos
22 A BORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECI MENTO

em idosos é var iável e muito influenciada pelo Quando há indicação de suplementação para
nível de atividade física, temperatura ambiental idosos, deve-se atenta r às dosagens, já que este
e uso de med icamentos. Enfatizar a ingestão de grupo apresenta um risco aumentado de efeitos
água em idosos é importante porque a sensa- adversos, por causa da redução d o tec ido magro
ção de sede é comprometida, o que pode resu l- corpóreo e da função renaI. 31.34.66
tar em desidratação. Essa preocupação é maior Ou t ros compl icadores referentes ao consu -
em períodos quentes e em idosos que praticam mo de suplemento são a falta de adesão à tera-
atividades físicas ma is intensas 7 A ingestão de- pêutica e a presença de eventos adversos, como
ve ocorrer pelo uso de água potável, água em náuseas, vômitos ou diarreia. Algumas caract e-
outras bebidas e alimentos H A AI para o total de ríst icas do suplemento poderiam ser usadas pa ra
água (bebidas e alimentos), conf orme estabele- mot ivar seu uso e reduzir o abandono da tera-
cido pelo 10M, é de 3,7 e 2,7L/dia para homens e pêu t ica: o suplemento líquido m elhora o consu-
mulheres, respectivamente. 7 mo, especialmente em pacientes edentados to-
tais ou naqueles com falta de apetite. Ele é con-
siderado um medicament o pelo paciente, o que
Suplementação de nutrientes pode at é m elhorar a adesão à te rapêutica . O uso
para idosos de suplementação tem pouco efeito supressor
do apetite, representando um au m ento no con -
Os idosos representam um grupo de risco em sumo global de energia 67 -69
relação às carências nutricionais, de modo que Na Tabela 2.8, encontram-se listados alguns
a supl ementação pode ser importa nte para ate - suplementos alimentares, no me comerc ial e in-
nuar e prevenir as deficiências nutricionais, com- Form ações para administração.
p lementando a dieta.
A Anvisa 20 (Po rtaria nº 32, de 13 de janeiro
de 1998) define suplementos do seguinte modo : Guias alimentares para idosos
"Suplementos Vitamínicos e ou de Mi nera is,
doravante denominados simplesmente de 'su- A elaboraçã o de guias alimentares simplifica
plementos', são alimentos que servem para com - o entend imento pela população a respei t o de
plementar com estes nutrientes a d ieta diária de alimentação saudável. Considerando -se as re-
uma pessoa saudável. em casos onde sua inges- come nd ações re centes para idosos, foram ela -
tão, a partir da al imentação, seja insuficiente ou borados o MyPyramid em 2008 (Figura 2.1)70
quando a diet a req uerer suplementação. Devem e o MyPlate em 2011 (Figu ra 2.2) 71 Estes guias
con te r um mínimo de 25% e no máx im o até 100% servem como base para o desenvolvimento de
da Ingestão Diár ia Recomendada ( IOR) de vita - mate rial sup lemen t ar pa ra os idosos em educa -
m inas e ou minerais, na porção diária indicada ção nutricional e escolha saudável de alimentos.
pelo fabricante, não podendo substituir os ali - É dada ên fa se a fibras, densidade de nutrientes,
mentos, nem serem cons iderados como dieta balanço hídrico, eventual necessidade de su-
exclusiva". p lementação d e nutrie ntes e ati v id ades f ísicas
A regu lamentação da prescrição dietética de regulares.
suplementos nutriciona is pelo nutricionista en - O MyPyramid modificado apresenta ilustra-
contra - se na Resolução CFN nº 390/2006,65 sen- ções que rep resentam os diferentes grupos de
do que ele poderá prescrever os segu intes su - aliment os e ati vidades físicas para idosos, con -
p lementos: "formulados de vitaminas, minerais, forme descrito a segui r:
proteínas e aminoácidos, lipídios e ácidos graxos, • Grãos integrais, en riquecidos e cereais fortifi -
carboidratos e f ibras, isolados ou associados en - cados.
tre si". • Horta liças de co res fortes.
Os níveis máximos de segurança são re- • Frutas de cores escuras.
gu lament ados pela Anvisa 20 e, na fa lta destes, • Produtos láct eos com baixo teor ou sem gor-
utiliza - se UL2-5,7 A prescrição de suplementos dura.
nutrici onais poderá ser rea lizada em es tado s fi- • Feijões, nozes, peixes, aves, carnes magras e
siológicos específicos, patológicos e alterações ovos.
metaból icas. • Óleos veg etais.
- - - - - - - - -- - -----_._------------------------------------------------------.,

C A PiTULO 2 RECO MENDAÇÕES N UTRICIONAIS PARA IDOSOS 23

TABELA 2.8 Sup lement os alimen t ares, nome come rcial e inf orm ações pa ra administração

NUTRIENTE SUPLEMENTO NOME COMERCIAL INFORMAÇÕES

Ferro Fumarato ferroso (33% Fe) Iloban'" Tomar com o estômago vazio. Se
Gluconato ferroso (12% Fe) Ferrin'" for ingerido com alimentos, diminui
Sulfato ferroso (20% Fe) Fer-in-sol® o desconforto gastrintestinal, mas
Ferriprotinato (5% Fe) Fisiofer® também reduz a absorção em 50%.
Ferromaltose (30% Fe) Noripurum (ácido Pode causar manchas dentárias
Sacarato de óxido de ferro fólico)® (forma líquida), anorexia, dispepsia,
Noripurum (injetável)® flatulência, constipação e diarreia
Cálcio Carbonato de cálcio Calsan® Tomar junto às refeições. Com fontes
Citrato de cálcio Miocalven® de vitamina D, aumenta a absorção.
Deve-se assegurar ingestão hídrica
adequada para evitar nefrolitíase em
altas doses em longo prazo. Pode
causar anorexia, boca seca, redução
de diarreia e flatulência
Selênio Doses elevadas de vitamina C
reduzem a absorção. Pode causar
paladar metálico, hálito de alho,
disfagia e diarreia
Zinco Cloreto de zinco (48% Zn) Tomar 1h antes ou 2h após refeições
Gluconato de zinco ou com alimentos em caso de
(14,3% Zn) desconforto gastrintestinal. O
Sulfato de zinco (23% Zn) excesso de zinco pode causar
deficiência de cobre e anorexia
Vitamina B6 A dose de 2,5 a 10mg/dia é
recomendada para tratar a
deficiência . Para tratar a deficiência
induzida por medicamento, a dose é
de 20 a 50mg/dia. Doses elevadas
podem causar náuseas, cefaleia,
sonolência e parestesia
Vitamina B'2 OH-cobalamina Rubranova® Para absorção adequada, são
necessários fator intrínseco e cálcio
suficientes. Caso contrário, optar por
via endovenosa ou subl ingual
Vitamina C Ácido ascórbico Cebion® A solução oral pode ser misturada
Redoxon® com sucos ou al imentos. Pode
causar dispepsia, cólicas gástricas e
diarreia. Doses elevadas suspensas
abruptamente podem causar
escorbuto de rebote
Vitamina D Colecalciferol (D 3 ) Pode ser ingerida pura ou mistu rada
Ergocalciferol (D 2) a alimentos e sucos. Aumenta a
absorção de cálcio e pode causar
anorexia, perda de peso, aumento da
sede, constipação e d iarreia
Fonte: adaptada de Martins et aI., 2003 72

• Líquidos. e menor peso corporal. Além d isso, pode melho -


• At ividades físicas: caminhar, trabalho domésti- rar e aumenta r a q ual idade de v ida dos idosos .
co e c u idar do quintal. O Mypyramid para idosos t ambém enfa -
ti za figuras representando frutas e ho rta liças
A prát ica regu lar de at ividades fís icas está as - p ré-prepa radas e emba ladas em ad ição aos
sociada a red u ção do risco de doenças crônicas mesmos a lime ntos frescos, por considerar que
24 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

1(1 [7\

FIGURA 2.1 Mypyramid para idosos


Fonte: Lichtenstein et ai .. 2008.'0

pod em ser mais apropriados. Vale ressaltar o idoso co nsome poderia originar-se de alimen-
q ue, nesse aspecto, como o Brasil te m gra nde tos em vez de suplementos.
d is ponibi lidade de t ais alimentos, o uso destes Como nos EUA foi lançado o MyP/ate para a
embalados não se justifica. Contin ua também população em gera l, com a adaptação para os
a ser enfatizada a importâ ncia do consumo de idosos (F ig ura 22) pela Tufts University. O guia
alimentos ricos em fibras , o que significa, prin- chama a at enção para as necessidades nut ricio-
c ipalmente, a escolha de g rãos integ rais em vez na is e para atividades físicas específicas associa-
de formas refinadas e o u so de frutas inteiras das à idade avançada. Traz exemplos de alimen-
em vez de sucos. t os com al ta densidade de v ita minas e m inerais
O consumo de água também é cons idera - por porção. Inclui atividades fís icas regulares e
do, já que no processo de envelhecimento pode também dá ênfase à ingestão adequada de líqu i-
ocorrer redução da sensação de sede. dos, preocupação particularmente importante
A bandeira no topo sugere a possível neces- para os idosos.
sidade de utilização de su pl ementos de cálcio e Os seguintes grupos de alimentos, líquidos e
v itaminas D e B'2 pelos idosos; contudo, essa su- atividades físicas são representados no MyP/ate
plementação deve ser avaliada com caute la pelo para idosos:
nutricionista e pela equipe multi profissional. De- • Vegetais de cores fortes.
v e-se enfat izar que a maioria dos nutrientes que • Frutas de cores intensas.

...
- -_._- --~----- ~~----------~------------------------------

CAP iTUL O 2 R ECOMENDAÇÕES N UTRICIO NAIS PARA IDOSOS 25

FIGURA 2 .2 MyPlate para idosos


Fonte : http://www .nutritio n. tufts.edu/ resea rch/ myplate-ol der -adu Its"

• Grãos e cereais integrais, enriquecidos e for- deve-se ao declínio da sede comum em idosos, o
tificados. qual pode colocá-los em risco de desidratação,
• Produtos lácteos de baixo teor ou sem gordu- particularmente no verão.
ra. Um ponto que não é destacado na ilustração
• Feijões secos e nozes, peixes, aves, carnes ma- é a suplementação de nutrientes . Dessa maneira,
gras e ovos. para este item, deve-se usar o que é estabelecido
• Óleos vegetais e especiarias para substituir o no MyPyramid.
sal. Va le ressa ltar que os do is gu ias foram pro-
• Líquidos. postos para a popu lação norte-americana e, por -
• At iv idades f ísicas: caminhar, treino de resistên- tanto, suas aplicações devem ser adaptadas aos
cia e limpeza leve. hábitos alimentares da população brasileira.

Cinquenta por cento do MyPlate para idosos Referências


inclui frutas e vegetais, o que reflete a importân-
c ia de ingerir várias porções por dia de cores va - 1 Institute of Medicine. Dietary reference intakes: the

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2. Institute of Medicine. Food and Nutrition Board. Di -
sugeridas algumas opções vegetais, como feijão
etary reference intakes: calc ium, phosphorus, mag-
e tofu, bem como peixe e carne magra. O Die -
nesium, vitamin D, and fluoride. Washington (De):
tary Guide/ines for Americans de 2010 enfatiza
National Academy Press; 1997.
que a ingestão de sódio seja li m itada a menos de 3. Institute of Medicine. Food and Nutrition Board . Di-
1500mg/dia e, assim, o MyP/ate para idosos su - etary reference intakes: thiamin, riboflavin, niacin,
gere alternativas ao sal, já que a pressão arterial vitamin B6, folate, vitamin B12, panthotenic ac id,
tende a aumentar no envelhecimento. A inclusão biotin, and choline. Washington (De) National Aca -
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26 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

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CAPITULO 2 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA I DOSOS 27

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CAPíTULO 3
Avaliação Nutricional em Idosos

Fabiane Aparecida Canaan Rezende


Michele Pereira Netto
Daniela da Silva Rocha
Laís Monteiro Rodr ig ues Loure iro
Caro li na Araújo dos Santos

padrão alimentar (história alimentar) podem ser


Introdução
usados na avaliação dietética .'
Alterações fisiológicas, carga de doenças crôni- Em virtude da limitação de memória do ido-
cas e polifarmácia, comumente encontradas em so, recomenda-se que a avaliação dietética se-
idosos, aumentam a probabilidade de deficiên- ja conduzida por métodos que demandem me-
cias nutricionais. Diante disso, o planejamento mória recente. Deve-se considerar com caute la
nutricional para idosos deve ser feito com base a duração da entrevista, a condição fis iológica e
no diagnóstico nutricional g lobal, abrangendo a cognitiva, o nível de escolaridade e a presença
aplicação de um conjunto de métodos compos- e a gravidade das enf erm idades.'
tos por ava liação clínica, exame físico, avaliação A escolha do método a ser ut ilizado depende
b ioquímica, ava liação dietética e avaliação antro- do objetivo do nutric ionista com a ava liação die-
pométrica, que serão deta lhados a seguir. tét ica 2 Dessa maneira, caso o nutricionista tenha
mais de um objetivo, talvez possa ser necessário
aplicar mais de um método de avaliação.
Avaliação dietética
Recordatório 24h
A avaliação dietética permite ao nutricionista co- Trata -se de um método que obtém informações
nhecer as característ icas da alimentação do ido- comp letas sobre os alimentos (sólidos e líqu idos)
so, possibil itando a elaboração de um plano ali - ingeridos pelo indivíduo em um período de 24h
mentar adequado. (dia anterior ou nas 24h precedentes) por meio
de uma entrevista. 3 O questionamento sobre o
Inquéritos alimentares dia anterior em geral é mais fácil, pois o idoso
Os métodos de avaliação quantitativa da inges- pode associar sua rot ina à al imentação do d ia.'
tão de nutrientes (Recordatório 24h e Diário ou A qualidade das in formações obtidas pelo
Registro Al imentar), de avaliação do consumo Recordatório 24h dependerá da memóría e da
de ali mentos o u grupos al im entares (questioná- cooperação do idoso ou seu cuidador, sendo in-
rio de frequência ali mentar) e de ava lia ção do fluenciada por fatores como idade, sexo, nível de
30 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

escolaridade, humor e atenção sobre a importân- jantar) e tendem a omitir as dema is por não as
cia dos dados relatados. 3 Também dependerá da considerarem importantes
capacidade do entrevistador em estabelecer um Cinco informações precisam ser preenchidas
canal de comunicação em que se obtenha a in- para a realização do Recordatório 24h: 4
formação por meio do diálogo e da sua habi li da- 1. Horário em que foi consumido qualquer tipo
de em estimar as quantidades consumidas 4 de alimento ou bebida.
No caso de idosos com demência ou difi - 2. Local onde foi realizado o consumo.
culdade em memorizar informações recentes, 3. Tipo de preparação.
pode haver uma margem de erro maior na es - 4. Detalhamento do alimento ou preparação.
timativa do consumo alimentar. Para minimizar 5. Quantidade cons umida.
esses erros, o ideal é obter as informações por
intermédio do cuidador ou de um membro da Na Tabela 3 .1, pode-se observar um exemplo
famílias de Recordatório 24h.
A omissão da ingestão de alimentos por ido- De posse dos horários das refeições, o nu-
sos pode ocorrer também em virtude da dificu l- tricionista pode verificar o número e o interva-
dade de audição ou por limitações no processa- lo entre elas, além da presença de pequenas
mento das informações. refeições. Essas info rmações permitem ava liar
Deve-se ini cia r a entrevista explicando os ob- o compo rtamento e os hábitos alimentares e o
jetivos e a importância do levantamento de in- perfil do idoso, facil itando a prescrição dietética"
formações para garantir ma ior cooperação do O detalhamento das preparações também
idoso. De maneira geral. solicita-se que o idoso é fundamental, pois aumenta a precisão da es -
recorde o consumo em ordem cronológica. Pa- timativa de consumo de energia e nutrientes 4 O
ra auxiliá-lo, recomenda-se que a entrevista seja questionamento da marca consum ida é interes-
conduzida em local apropriado, sem interferên- sante diante da grande variedade de produtos
cias externas que levem à distração. Deve-se so - no mercado e das diferenças em sua composição
licitar um breve histórico do seu dia para facili- nutriciona l. Além desses detalhes, deve-se ques-
tar a recordação e questioná -lo com perguntas tionar sobre ad ição de sal, açúcar, óleo e molhos.
específicas, como: "Você comeu ou bebeu algo O reg istro das quantidades consumidas deve
entre as refeições?" 6-9 ser feito em medidas caseiras e, depois, transfor-
A lguns autores10-l3 vê m uti lizando a técnica mado em pesos e vo lumes pelo entrevistador. É
conhecida como "passagens múltiplas" para fa- fundamental que as quantidades sejam descritas
cilitar a lembrança. Esta técnica tem t rês etapas: de acordo com os utensílios uti lizados (copo ame-
na primeira, denominada "listagem ráp ida", o ricano, copo de requeijão, xícara de café, colher de
idoso é questionado sobre seu consumo e o en - servir, colher de sopa), o nivelamento destes (co-
trevistador não deve interrompê-lo, nem mesmo lher cheia ou rasa) , unidades ou tamanhos (peque-
solicitar que a descrição seja em ordem crono ló- no, médio, grande, fino, grosso, entre outros). Este
gica. Na segunda etapa, denominada "descrição cu idado é necessário para que a conversão de pe-
detalhada", o entrevistador sonda o idoso para sos e volumes ocorra adequadamente. 3
obter mais informações, como quantidade, mo- Para auxiliar na realização do Recordatório
do de preparo e tipo de alimento. Na última eta - 24h, podem ser utilizados recursos v isuais, co-
pa, chamada de "revisão", o entrevistador revê a mo álbu ns fotográficos e réplica s. Algumas dicas
lista com o idoso, co m pletan do-a para a realização do Recordatório 24h SãO:3.4.7.14.1S
É importante que o idoso ou seu cuidador re- • Evi tar qualquer sinal de surpresa, aprovação
latem a quantidade realmente consumida, e não ou desaprovação.
a p o rção d isposta no prato; para isso, deve-se • Evitar questionar sobre alimentos específicos
questionar sobre sobras de alimentos nas refei- para evitar indução.
ções. É o método ma is utilizado tanto em nutri- • Insistir nos detalhes de q ua ntidade ingerida,
ção cl ínica quanto em estudos populacionais no t ipo de preparo, ingredientes da preparação,
Brasil e em todo o mundo. marcas e tamanho das emba lagens.
Ou t ra questão relevante é que muitos idosos • Não se esquecer de questionar sobre bebidas
entendem como refeições apenas aquelas con- alcoólicas, balas, doces, cafés e chás, suple-
sideradas principais (café da manhã, almoço e mentos e consumo de alimentos à noite.
CA PiTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM IDOSOS 31

TAB ELA 3.1 Exemp lo de Recordatório 24h aplicado a idosos

REFEIÇÃO/ ALIMENTO/PREPARAÇÃO DETALHAMENTO (TIPO, QUANTIDADE (MEDIDAS


LOCAL/ MARCA, INGREDIENTES CASEIRAS)
HORÁRIO ETC.)

Café da manhã Café com leite Leite desnatado Y2 copo americano


Em casa Café Y2 copo americano
06:30 Açúcar cristal 1 colher de sobremesa
Pão com margarina Pão francês 1 unidade
Margarina comum 2 pontas de faca médias
Colação Banana Banana-prata 1 unidade média
Em casa
9:00
Almoço Salada de alface com tomate Alface-americana 3 folhas médias
Em casa Tomate comum 3 rodelas médias
11:30 Carne moída refogada Patinho 2 colheres de sopa cheias
Couve refogada Couve-manteiga 2 colheres de sopa cheias
Arroz Arroz polido 3 colheres de sopa
Feijão batido Feijão-carioca 1 concha média
Lanche Broa de milho Broa simples 2 fatias médias
Em casa Café com leite Leite desnatado Y2 copo americano
15:30 Café Y2 copo americano
Açúcar cristal 1 colher de sobremesa
Jantar Sopa de macarrão com Macarrão padre-nosso 2 conchas médias
Em casa legumes Batata-inglesa, beterraba,
1830 couve-flor e cenoura
Ceia Leite desnatado Leite desnatado 1 copo americano
Em casa
21:00

• Ve ri ficar se o cons umo daquele dia não fo i atí- entrevistado seja alfabet izado e esteja mot iva-
pico. do s Deve ser detalhado, trazendo o nome da
• Não co municar com antecedência o dia do in- preparação, os ingred ientes que a compõem, a
quérito. marca do alimento e a forma de preparo, além
• Não provocar respostas monossilábicas. de detalhes como adição de sal, açúcar, óleo e
• Ter persistência e paciência ao fazer a entre- molhos.'
v ista. O período de ap li cação do Diário ou do Re-
gistro A limentar gera lmente varia ent re um dia
Na Tabela 3.2, são destacadas as principais a uma sema na. Comumente, ut iliza -se o registro
características do Recordatório 24h. de três dias, sendo um deles sábado ou domingo,
a fim de verificar as diferenças de consumo nos
Diário ou Registro Alimentar fins de sema na. Não se recomenda o reg istro de
Trata -se de um m étodo prospectivo de avaliação períodos superiores a sete dias, pois pode com -
dietética que reflete a ingestão alimenta r atual e prometer a adesão.'·7
tem sido util izado como inq uérito na Pesquisa de Deve- se destacar que, embora o inquérito
Orçamentos Fam iliares (POF), sendo aplicado ocorra em mais de um dia, as informações obti-
em dois dias.'9 das por este método reflet em a ingestão alimen-
Neste inquérito, o idoso ou seu cuidador tar atual. Entretanto, a aplicação de vários regis-
registram, durante ou logo após o consumo, tros ao longo de um ano ( mensalmente, a cada
todo alimen t o e bebida ingeridos, bem como dois o u três meses) pode caracterizar o co nsumo
suas quantidades. 3 Este método exige que o alimentar habitual 4
32 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

TABELA 3.2 Principai s características do Recordatório 24h, quando aplicado a idosos

CARACTERíSTICAS POSITIVAS CARACTERíSTICAS NEGATIVAS

• Baixo custo • Não representa a ingestão habitual


• Pode fornecer informações detalhadas sobre • Podem ocorrer subestimativa ou superestimativa dos
a ingestão (número de refeições, horários e alimentos relatados
forma de preparação dos alimentos, entre • A omissão é maior em alguns grupos de alimentos
outros) ( líquidos, pequenos lanches, álcool e gorduras)
• Pode ser utilizado para estimar o valor • Não reflete as diferenças entre consumo de alimentos
energético total da dieta e a ingestão de durante a semana e nos fins de semana
macronutrientes • Depende da memória do idoso, podendo tornar-se
• Comparado ao Diário ou Registro Alimentar, inadequado para aqueles que têm dificuldades na
exige menor cooperação do idoso memória recente
• Quando aplicado em maior número (em • Não fornece dados quantitativos adequados sobre a
série), pode estimar a ingestão habitual de ingestão de alguns nutrientes
al imentos • Pode haver dificuldade do entrevistador em estimar o
• Pode ser aplicado a idosos com baixa tamanho da porção consumida
escolaridade • Exige que o entrevistador tenha habilidade de
• Não influencia o padrão alimentar habitual comunicação, sem influenciar as respostas do idoso
• Tem boa confiabilidade entre entrevistadores • Não engloba a sazonal idade
Fonte: adapta da de Fisberg et aI., 2005;' Egashira et aI., 2009 ;' Martins, 2008;8 Santos et al.;9 Ka mimura et aI., 2009;" Juzwi ak, 2010;15 Cintra et
aI., 199 7;'6 Dwyer, 2003;17 Pereira & Uheara, 2008'8

o Diário ou Registro Alimentar pode ser feito caseiras descritas pelo idoso em unidades de pe-
por estimativa de peso (mais comum) ou pesa- so ou vo lume. Por isso, o detalhamento do tama -
gem. Na primeira, a quantidade de al imentos e nho da porção é muito importante 6
bebidas é estimada por medidas caseiras, álbum Na Tabela 3.4, estão listadas as principais ca -
fotográfico e réplicas O método que util iza pe- racterísticas do Diário ou Registro A li mentar.
sagem é mais preciso, mas requer cooperação
e treinamento dos participantes; pode alterar o Estimativa da composição nutricional da dieta
hábito alimentar do indivíduo; requer mais t em- Uma vez coletadas as informações dietéticas por
po no caso de preparações mais elaboradas; e meio das medidas case iras, estas são transfo rm a-
apresent a custo ma is elevado por necessitar de das em unidades de peso ou volume (com ajuda
aquisição da ba lança. 3 .5 .8 de álbuns fotográficos ou tabelas de conversão
Neste método, a qual idade da informação de medidas caseiras) e, posteriormente, a com-
obtida depende p rincipalmente de treinament o posição dos alimentos da dieta deve ser estimada
e cooperação do idoso ou seu cuidador 4 .7.9 Outra (multiplicando-se o tamanho da porção co nsumi-
questão importante é manter o registro do con- da em g ramas pelo teor de nutrientes por grama).
sumo logo após a refeição, pois o atraso pode A transformação incorreta de medidas ca -
resultar em erros por falhas de memória 4 .8 Para sei ras em unidades de peso ou vo lume consiste
o idoso, não depender da memória é uma das em uma das grandes fontes de erro dos méto-
principa is vantagens do método. dos dietéticos,'·" devendo, portanto. ser feita de
A principal li mitação do método é a possível maneira cu idadosa para que as falhas sejam mi-
alteração do padrão normal da ingestão, pelo nimizadas.
fato de o idoso "perceber" suas inadequações e Esta estimativa pode ser realizada a partir
pela dificuldade em registrar adequadamente as de tabelas de composição quím ica dos alimen -
refeições. Além disso, alguns pac ientes tendem tos 20 Os valores previamente estabelecidos são
a preferir al imentos que simplifiq uem o Diário ou aproximações, ou seja, podem ocorrer erros na
Registro A limentar B estimativa de nutrientes devido à variabilidade
O preenchimento do Diário ou Registro Ali- aleatória na composição dos alimentos e a dados
mentar é semelhante ao do Recordatório 24h, enviesados de composição atribuídos à amostra -
confo rme mostrado na Tabela 3.3. gem inadequada.'7
Após a entrega do registro preenchido, o Uma das tabelas de composição de alimentos
nutricionista precisa transformar as medidas mais antigas e completas é a do United States
CAPiTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM IDOSOS 33

TABELA 3.3 Exempl o de preench imento do Diário ou Reg istro Alimentar

Nome: ______ __ Dia da semana: ____ Data: _ / _ / __

Instruções gerais:
o Nesta folha. você deve registrar todos os alimentos consumidos no dia. incluindo bebidas. lanches e
temperos. É importante que você não altere seu consumo habitual nestes dias.
o Faça o registro logo após cada refeição. pois. desse modo. você não se esquecerá de nada.

o Certifique-se de registrar a maneira como o alimento foi preparado. ou seja. assado. grelhado. frito ou no

vapor. além de outras informações importantes. como marca e ingredientes utilizados.


o Não se esqueça de incluir suplementos e complementos dietéticos.

o Os alimentos deverão ser quantificados em medidas caseiras: colher (de sopa. sobremesa. chá. café); copo

(de requeijão. americano ou pequeno); xícara (de chá ou café); escumadeira (grande. média ou pequena);
concha (grande. média ou pequena); prato (fundo. raso ou de sobremesa). Outras medidas: folha de alface
(grande. média ou pequena); um tomate ou uma rode la (grande. média ou pequena); fruta (grande. média
ou pequena).
Refeição/ Alimento/Preparação Detalhamento (tipo, Quantidade (medidas
Horário/Local marca, ingredientes etc.) caseiras)

TABELA 3.4 Principais características do Diário ou Regist ro Ali mentar, quando aplicado a idosos

CARACTERíSTICAS POSITIVAS CARACTERíSTICAS NEGATIVAS

o Não depende da memória o Pode interferir no padrão alimentar


o Proporciona maior precisão quantitativa dos o Requer tempo
alimentos o Exige que o indivíduo saiba ler e escrever
o Identifica os tipos de al imentos e prepa rações o A subestimação é com um
consum idas e o horário das refe ições o Exige alto nível de motivação e colaboração
o Quando realizado em vários dias. reflete a o Pode resultar em baixa taxa de resposta
ingestão al imentar habitual o Análise dos dados requer trabalho intenso
o Apresent a dificuldade para estimativa da
quantidade ingerida, exigindo treinamento do
paciente
Fonte: Fisberg et aI.. 2005:' Egashira et al.:' Pereira & Sichieri. 2007;7 Martins. 2008: s Santos et aI.. 2008;' Kamimura et aI.. 2009;" Pereira &
Uheara. 2008."

Department of Agr icu lt ure (USDA),21 que dispõe Existe m ai nda t abelas de co m posição de ali -
d e informações nutrici o nais em m edi d as caseiras ment os im pressas, co nfecc io nadas a p artir de
e por peso ou vo lu me. A consu lta da tabel a pode d ados de anál ises q uímicas e consulta de rótu los,
ser fe ita pelo website www.usd a.gov. entre outros 24 -26
No Brasil. a Un ive rsidade de São Paulo (USP) Na estima ti va da compos ição nutricional da
d ispo nib iliza uma t abela de co mposição quím i- di eta, ta m bém é possível a uti li zação de softwa -
ca dos ali mentos 22 q ue pode ser cons u lt ada pelo res que perm item a conversão de m edidas ca -
website www f cf. usp.b r. O Núcleo de Est udos e seiras e a análise da composição nutricio nal. A
Pesq uisas em A li m en taçã o (N epa) d a Uni ve rsi- g rande vantagem em sua utilização é a eco no-
dade Estadua l de Campinas ( Unicamp) desen- mia de tempo e t raba lho, além do menor ri sco de
vo lveu a Tabela Brasileira de Com p osição de A li- erros na est imat iva 20 Em contrapart ida. co m o se
mentos (T ACO), 23 q ue está dis p o nível para con- baseiam em dados d ietéticos de tabelas nacio-
su lta e down/oad no website www.saude.gov.br/ nais e int ernac io nais. eles apres enta m as m esmas
nutricao. Est e m at eria l encontra-se disponível desvant agens das t abelas.
para cons ulta naciona l e apresenta a composi - A lém da avaliação diet ét ica, estes progra-
ção qu ímica d e um g ran de nú mero d e alimentos mas tam bém realizam o ar mazena m ent o dos
e nutrientes. dados de cadast ro dos pacie ntes e a av al iação
34 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

nutricional. bem como auxiliam na prescrição TABELA 3.5 Estimativas para a va riabilidade intrapes-
dietética. Assim, atualmente, é muito comum que soai de ingestão expressa como DP para vitaminas e
o nutricion ista faça uso de algum dos softwares minerais em indivíduos com mais de 51 anos de idade
existentes no mercado. NUTRIENTES ESTIMATIVA DE DP
INTRAPESSOAL
Avaliação da adequação do consumo MULHERES HOMENS
alimentar
Vitamina A (f.lg) 1.255 1.619
Na avaliação do consumo alimentar de idosos, a
Caroteno (R E) 796 919
necessidade méd ia estimada (EAR) deve ser uti-
Vitamina E (mg) 6 9
lizada para rea lizar a estimativa quantitativa da
Vitamina C (mg) 61 72
adequação do consumo habitual, se o valor da
EAR para o referido nutriente estiver disponível. Tiamina (mg) 0,5 0,7
Em co ntrapartida, caso a EA R não esteja dispo- Riboflavina (mg) 0,6 0,8
nível. utiliza -se a ingestão adequada (AI) como Niacina (mg) 7 9
referência; entretanto, neste caso, só é possível Vitamina B6 (mg) 0,6 0,8
determinar quantitativamente se a ingestão ha- Folato (l1g) 12 150
bituai está acima da AI, com determinado nível
Vitamina B'2 (l1g) 10 14
de confiança , sem poder atribuir inadequação
Cálcio (mg) 256 339
quando se ut iliza este conceit0 27
Fósforo (mg) 313 408
Dada a variab il idade do cons umo alimentar, a
análise da adequação deve ser ba seada no con - Magnésio (mg) 74 94
sumo ha bitual do idoso. Define-se como consu- Ferro (mg) 5 7
mo habitual aquele obtido pela média de con- Zinco (mg) 5 8
sumo de alimentos por um intervalo de tempo, Cobre (mg) 0,5 0,7
no qual o padrão dietético é mantido. 3.8 Sódio (mg) 1016 1323
A variação do cons umo de al imentos pe los Potássio (mg) 723 922
indivíduos, denominada variabi lidade intrapes-
DP: desvio padrão.
soal. é estimada a partir de estudos de consumo Fonte: adaptada de 10M, 2000. 27
ali mentar na população norte-americana (Tabela
3.5), já que não há dados disponíveis na popula -
ção brasileira 27
Com os dados selecionados, inicia-se o pro- Existem três possíveis interpretações dos re-
cedimento para calcu lar a adequação do nutrien- sultados. A diferença (D) pode ser grande e po-
te ava liado. Esta adequação é calculada utilizan- sitiva; neste caso, a ingestão é muito maior que a
do-se uma abordagem estat ística que estima o necessidade, sendo provável que a ingestão do
grau de con fiança com o qual a ingestão do nu- indivíduo seja adequada. A diferença (D) pode
triente alcança a necessidade do indi víd uo ( in- ser grande e negativa; neste caso, a ingest ão é
gestão re latada x EAR). A lém da ingestão (obti - muito menor que a necessida de, sendo prová-
da pela méd ia dos inquéritos) e da EAR. também vel que a ingestão do indivíduo está inadequa-
convém co nhecer a variabilidade intrapessoal e da. Entreta nto, o D (independentemente de po-
da necessidade. O resultado final determ ina a sitivo ou negativo) pode ser pequeno e, neste
probabilidade de o consumo est ar adequado. 3 caso, não há como concluir sobre a adequação
A seguir, o passo a passo para os cálcu los de do nutriente. Percebe -se, então, a necessidade
adequação quando existe EAR:27 de se con hecer a magnitude de D para que se
assegure se há ou não adequação, Para conhe -
1º passo: cálc ulo da d iferença (D) cer a mag nitude de D, deve-se real izar a etapa
seguinte:
D = Mi - EAR
2º passo: cá lc ulo do desvio padrão da diferença
Em que: (DPd)
Mi: méd ia de ingestão.
EAR: necessidade méd ia estimada. DPd = ..J Vn + (Vi + n)
C APiTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM IDOSOS 35

Em que: Em que:
V n: va riân cia da necessidade = (DPn)2. Mi: média de ingestão.
DPn: desvio padrão da necessidade = EAR do AI: ingestão adequada.
nutriente x coeficiente de variação (valor tabe- Dpi: desvio padrão da ingestão (va lor tabelado
lado - Tabela 3.6) - Tabela 35).
V i: va riância da ingestão = (DPi)2. n: número de dias de ava liação da ingestão.
Dpi: desvio padrão da ingestão (va lor tabelado
- Tabela 35) . 2º passo: interpretação do Z (teste Z)
n: número de dias de av al iação da ingestão.
A interp retação dos resu ltados baseia -se na
Tabela 3.8. Pode-se ve rifi car, de acordo com o
Em segu ida, deve-se calcular a razão entre
va lo r do teste Z, qual a conclusão e qua l a pro-
a diferença ( D) e o desvio padrão da diferença
babil idade de ela estar co rreta . Entretanto, cabe
( DPd):
destacar que apenas uma conclusão é possível (a
ingestão habitua l está adeq uada) e apenas varia
3º passo: cá lcu lo da razão (R)
o grau de probabilidade. Isso acontece em v irtu-
D de de uma questão co nceitual p rópri a da AI, que
R = --
DPd representa uma ingestão adequada. Por exem-
plo, se Z é igual a 0,5, diz-se que a ingestão ha -
4º passo: interpretação da razão (R)
bituai está adequada, com 70% de probabilidade
A interpretação dos resultados baseia-se na de concl ui r co rretamente.
Tabela 3.7. Pode-se v erifi car, de acordo com o
valor d e R. qual a co ncl usão e qual a pro babilida - TABELA 3.7 Valores para a razão D/ DPd e a probabi-
de de ela estar correta. Por exemplo, se R é igual lidade correspondente de concl uir corretamente que
a 1,5, diz-se que a ingestão habitual está adequa - a ingestão habitual está adequada ou inadequada
da, com 93% de probabilidade de concluir co r-
RAZÃO CONCLUSÃO PROBABILIDADE
retamente. DIDPD DE CONCLUIR
Quando o nutriente ava liado não te m a EAR CORRETAMENTE
disponível e o nutriente apresenta apenas a AI , o >2,00 Ingestão habitual 0,98
cálculo e sua interpretação são diferentes. Veja o adequada
passo a passo a seguir: >1,65 Ingestão habitual 0,95
adequada
1º passo: cálculo do Z ( t est e Z) >1.50 Ingestão habitual 0,93
adequada
Z = (M i - AI) + (DPi + -Vn)
>1.00 Ingestão habitual 0,85
adequada
TABELA 3.6 Coeficiente de variação por nutriente
>0,50 Ingestão habitua l 0,70
para cálculo do DPn
adequada
VITAMINAS CV MINERAIS CV >0,00 Ingestão habitual 0,50
adequada/
A 20 Cobre 15
inadequada
B6 10 lodo 20
<-0,50 Ingestão habitual 0,70
B'2 10 Ferro inadequada
C 10 Magnésio 10 <-1,00 Ingestã o habitua l 0 ,85
E 10 Molibdênio 15 inadequada
Folato 10 Fósforo 10 <-1,50 Ingestão habitual 0,93
inadequada
Niacina 15 Selênio 10
<-1 ,65 Ingestão habitual 0,95
Riboflavina 10 Zinco 10
inadequada
Tiamina 10
<-2,00 Ingestão habitual 0 ,98
. Nutriente sem coeficiente de variação estabelecido por apresentar inadequada
distribuição assimétrica.
CV: coeficiente de variação. D/DPd: razão entre a diferença e o desvio padrão da diferença.
Fonte: adaptada de 10 M, 200 6.'· Fon te: adaptada de Snedecor & Cochran. 1980."
36 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

TABELA 3.8 Valo res selecionados de Z e o nível de TABELA 3,9 Va lores selecionados de Z e o nível de
confiança associado, co ncluindo-se que a ingestão con fiança associado, concluindo-se que a ingestão
habitual é maior que a AI habitual é menor que a UL

CRITÉRIO Z CONCLUSÃO PROBABILIDADE CRITÉRIO Z CONCLUSÃO PROBABILIDADE


DE CONCLUIR DE CONCLUIR
CORRETAMENTE CORRETAMENTE
>2,00 Ingestão habitual 0,98 >2,00 Ingestão habitual 0,98
adequada excessiva
>1,65 Ingestão habitual 0,95 >1,65 Ingestão habitual 0,95
adequada excessiva
>1,50 Ingestão habitual 0,93 >1,50 Ingestão habitual 0,93
adequada excessiva
>1,25 Ingestão habitual 0,90 >1,25 Ingestão habitual 0,90
adequada excessiva
>1,00 Ingestão habitual 0,85 >1,00 Ingestão habitual 0,85
adequada excessiva
>0,85 Ingestão habitual 0,80 >0,85 Ingestão habitual 0,80
adequada excessiva
>0,68 Ingestão habitual 0,75 >0,68 Ingestão habitual 0,75
adequada excessiva
<0,50 Ingestão habitual 0 ,70 >0,50 Ingestão habitual 0,70
adequada excessiva
>0,00 Ingestão habitual 0 ,50 >0,00 Ingestão habitual 0,50
adequada excessiva/segura
>-0,50 Ingestão habitual 0,30 >-0,50 Ingestão habitual 0,70
adequada segura
>-0,85 Ingestão habitual 0,20 >-0,85 Ingestão habitual 0,80
adequada segura
>-1,00 Ingestão habitual 0,15 >-1,00 Ingestão habitual 0,85
adequada segura
Fonte: adaptada de Snedecor & Cochran, 1980." Fonte: adaptada de Snedecor & Cochran, 1980."

É possível uti lizar o nível má x imo toleráve l a probabilidade de ela estar correta. Neste ca-
(UL) para determinar se a ingestão do indivíduo so, duas conc lu sões são possíveis (excessiva ou
encontra-se excessiva e, assim, em ri sco de ocor- segura), var iando a probabilidade de acerto. Por
rência de efeitos adversos. Neste caso, utiliza-se exemplo, se Z é igua l a 1,25, diz-se que a ingestão
o passo a passo a seguir: habitual está excessiva, com 90% de probabi lida -
de de concluir corret amente.
1º passo: cá lculo do Z (teste Z)

Z = (Mi - UI) 7 (DPi + ..fn)


Avaliação antropométrica
Em q ue:
Durante a v ida adulta, ocorrem mudanças na
Mi: média de ingestão.
composição corpora l que são intensificadas após
UL: níve l máximo tolerável.
os 65 anos de idade. As gorduras subcutânea e
DPi: desvio padrão da ingest ão (va lor tabelado
v isceral aumentam, ao passo que as massas mus -
- Tabela 3.5).
cu lar e óssea e a água dim inuem w A sarcopen ia
n: número de dias de aval iação da ingestão.
pode afetar a qual idade de vida dos idosos, re-
duzindo sua autonom ia, aumentando o risco de
2º passo: interpretação do Z (teste Z)
quedas e alterando o metabolismo. Ocorre de
A interpretação dos resultados baseia- maneira mais pronunciada e acelerada em idosos
-se na Ta bela 3.9. Pode-se verificar, de acordo sedentários e reduz ainda mais sua mobilidade,
com o va lo r do teste Z, qua l a conclusão e qual formando um círculo v icioso. Também acomete
CAPiTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM IDOSOS 37

os idosos ativos, porém de forma lenta e mode- • Solic itar que o idoso suba na ba lança, ofere-
rada. 31 Na obesidade sarcopênica, o excesso de cendo ajuda para ele se apoia r.
tecido adiposo reduz ainda ma is a atividade fí- • O idoso deve p ermanecer o mais ereto possí-
sica em idosos, acelerando o processo sarcopê- vel e no cent ro da plataforma, com os braços
nico, juntamente aos processos inflamatórios da ao longo do co r po e com o o lhar f ixo em um
obesidade. 32 ponto à sua fre nte de modo a evitar oscil ações
A lgumas medidas antropométricas comu- na leitura da medida.
mente utilizadas em adultos têm limitações • Destravar a b alança, efetuar a pesagem, t ravar
quando aplicadas a idosos em virtude das modi- a ba lança, solicit ar que o idoso desça e anotar
ficações físicas e met abólicas do envelhecimen- o peso no pront uário.
to." Por exemplo, a est atura red uz-se nos ido- • No caso de bal ança el et rôn ica, anotar o peso
sos cerca de 1 a 2cm por década, em decorrência enquanto o idoso estiver sobre a plataforma.
de compressão das vértebras, arqueamento dos
membros inferiores e dim inuição do arco p lan - Peso ideal ou desejável
tar. Além disso, as deformações na co luna, como O peso ideal é aquele obtido a partir do IMC ideal
cifose, popularm en t e co nhecida com o "corc un- ou desejável e d a estatu ra do idoso. Consid era-
da", podem dificu ltar a medida. A elasticidade e -se IMC méd io para idosos o va lor de 24,5kg/
a hid rat ação da pele di m inuem, podendo aumen- m 236.37 A fó r mula para o cá lcu lo é a seguinte:
ta r a compressib ilidade da gordura subcu t ânea
e de tecidos conjunt ivos, alterando o resu ltado Peso ideal = IMC ideal (médio) x Estatura (m)'
de medidas como perím etros e dobras cutâ -
Em q ue:
neas 34 Sempre que p ossível, é important e utili-
IMC: índice de massa corpora l.
zar os pontos de co rte próprios para idosos na
classificação do estado nutric ional. Quando não
Peso ideal para amputados
fo r viáve l, co m o no caso do perímetro d a cintura,
Caso o idoso tenha algum membro amputado,
é necessário usá-los com cautela e em conjunto
recomenda-se o cálculo a segu ir ( Tabela 3.1 0) :
co m o utras med idas.
PI para amputados = [(100% - % do segmento
Peso am p utado) + 100] x PI
O peso é uma med ida simples e fáci l de ser rea-
lizada, desde que o idoso não possua significa- Em que:
t ivas lim itações fís icas e cog nitivas . Para a afe- PI: peso ideal.
rição, fazem -se necessários equ ipa m ento e es -
trutura adequados e t écn icas padronizadas para Adequação do peso
red uzir os erros inter- e intraindivid uais. É uma A porcent agem d e adeq uação do peso é o b t i-
medida de va lor lim itado na avaliação nut ricional, da a partir da comparação do peso atual com o
se utili za da isolada mente . Porém, q ua ndo com- id ea l, con fo rme mostrado na fórmul a a seg uir e
pa rada ao peso habit ual ou peso idea l, pode for- na Tabela 3.11:
necer índices im portantes para avaliação da per- Adequação d o peso (%) = (Peso atual x 100)
da ou d o ganho de peso. 35 Além d isso, é uma das + Peso ideal
medidas necessárias para o cá lculo do índice de
TABELA 3.10 Contribui çã o percentual do seg mento
m assa corporal ( IMC) .
corporal amputado
Técnica para aferição do peso MEMBRO AMPUTADO % DO SEGMENTO
Os idosos devem ser pesados descalços e usan-
Mão 0,7
do roupas leves. Devem ser o r ientados a re t irar
Antebraço 1,6
it ens pesados, como chaves, cintos, ócu los, tele-
Braço até o ombro 5
fon es celulares e qu ai sq uer outros o bj etos que
possa m interferir no peso total. Pé 1,5
As orient ações para aferição do peso são: Perna abaixo do joelho 5,9
• Em caso de balança mecânica de plataforma, Perna inteira 16
nivelá-Ia e travá -Ia . Fonte: Osterkamp, 1995."
38 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

TA BELA 3.11 Classificação do estado nutricional de


TABELA 3.12 Significado da perda de peso em rela-
acordo com a adequa çã o do pes o çã o ao tempo
ADEQU AÇÃO DO PESO ESTADO NUTRIC IONAL PERíOD O PERDA PERDA GRAVE
(%)
SIGNIF ICATIVA DE PESO (%)
<70 Desnutrição grave DE PESO (%)
71 a 80 Desnutrição moderada 1 semana 1a 2 >2
81 a 90 Desnutrição leve 1 mês 5 >5
91 a 110 Eutrofia 3 meses 7,5 >7,5
111 a 120 Sobre peso 6 meses 10 >10
>120 Obes idade Fonte: Blackburn et aI.. 1977."

Fonte: Blackburn & Thornton . 1979 39

Estatu ra
A esta t ura també m é uma m edida de aferiçã o
Peso estima do sim ples. Con tu do, há grande possib i lidade de er-
Em idosos. a m edida do peso pode ser influen - ros e im p recisão se as técn icas correta s não fo-
ciada por fatores como desidra tação . hiperid ra- rem uti lizadas com rigor e se os idosos ti v erem
tação. ascite e edema ou até m esmo impedi da alg uma limitaç ão física ou cogn iti v a. Como medi -
de ser obtida nos pacien tes acama dos. 34 Nestes da isolada, t em pouca va lia, porém é necess ária
ca so s. o peso pode ser estima do por me io de fór- para o cálculo do IMe.
mu las que cons ideram as medi das de períme tros
da pantur rilha e do braço. altura do joelho e d o- Técnica para aferição da estatura
bra cu t ânea subesc apul ar. • O idoso deve ser pos icionad o descal ço, de
cost as para o antrop ômetro, com os calcan ha -
• Homen s idosos: 40 res unidos e os pés fo rmand o um ângu lo de
PE = [(0.98 x PP) + (1.16 x AJ ) + (1.73 x PB) + 45°, em posiçã o ereta, se possível, o lhando pa -
(0.37 x DCSE) - 81.69J ra o horizo nte. Calcan hares, g lúteos e dorso da
cabeça (sem adereç os) devem to car o antro-
• Mulheres idosas :40 pôm et ro, e os braços d evem ficar para bai xo
PE = [(1.27 x PP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x PB) + e relaxad os .
(0,4 x DCSE) - 62,35J • A leitura deve ser fe ita no ce nt ímetro mais pró-
x imo quand o a hast e hori zontal da barra v erti -
Em que: cal da escala de est at ura encost ar na cabeça .
PE:peso est imado (kg). • Util izar antrop ômetro vertical com cursor que
PP:perím etro da pan t urril ha (cm). desli ze suavem ente, m as seja firmem ente p er-
AJ:altura do joelho ( cm). pendic ula r ao dorso do antrop ômetro .
PB:períme tro do b raço (cm).
DCS E: dobra cut ânea subesc ap ular ( m m). Estatura estimada
Em idosos q ue estão acama dos, cade irantes ou
Perda de peso
aquele s com deform ações na co luna verteb ral, a
O peso do idoso deve ser monito rado, pois a per - estatu ra pode ser est imada pela medida da en -
d a de peso pode ind ica r cata b olismo acentu ado ve rgadur a d os b raços ou pela fórmul a que con-
e au m ento do risco de m ort alidade 4 ' Vale ressa l- sidera a altu ra do joelho e a idade. É import ante
t ar que este métod o d epend e do aut orrela t o do co nsidera r q ue a enverg adu ra dos braços pode
p eso ha b itual pelo idoso, po dendo ser um dado ap resen t ar a limi tação da dificuld ade de posicio -
im preciso em razão da poss íve l fa lha de memó - namen to correto do idoso em v irt ude da rigidez
ria de le. A perda de peso deve ser ava liada con - das articulações. Uma v ez encont radas lim ita -
forme mostra do na fórmu la a seguir e na Tabela ções físicas para a obtenç ão direta da esta t ura,
3.12 pode -se o p tar pela estima tiva por meio da altu-
Perda de peso (%) = (Peso habitua l - Peso ra do joelho, por ser uma med ida de mais fác il
atua l) x 100 .;- Peso ha bi tual obtenç ão e que pratica m ente não se altera co m
C A PiTUL O 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM IDOSOS 39

o tem po 43 A inda assim, é opção do profissional de cort e, ai nda mais sensíveis para ba ixo peso e
aferir a estatura no momento da consu lta. espec íficos para sobre peso. A lém d isso, te m um
ponto pa ra classifica r obesid ade, diferentemente
Técnica para aferição da envergadura dos d o MS ( Tabela 314). A O rg anização Mundia l da
braços Sa úde (OMS),48,49 p o r sua vez, não uti liza pontos
• Os braços do idoso devem ficar estend idos, d e co rte p róprios pa ra os id os os, sen d o adota -
fo rmando um ângu lo de 90 9 com o corpo. dos os mesmos dos adul t os para ava liação ( Ta-
• Mede-se a distância entre os dedos médios bela 3.15) . A OMS propõe pont os de corte prin-
das mãos com um a fita métri ca f lexível. cipais e adicionais, a f im d e class if ica r o IMC de
modo mais deta lhado.5O
Técnica para aferição da altura do joelho A p rincipal limitação do IMC é não diferenci ar
• Com o idoso sent ado, dobrar preferencialmen- o peso at ribuído aos teci d os muscular e ad ipo -
te a p erna esquerda de modo a formar um ân - so, além d e não av aliar a distrib uição da g ordura
gulo de 90 0 com o joelho. entre os compa rti m en t os co rp ora is. Por isso, de-
• Posicionar a base d o ant ropõ m etro no ca lca - ve semp re ser util iza d o em co njunto co m o utras
nhar do pé es q uerdo. Est en d er o curso r do an- m edidas, como o p erím etro d a c intu ra, q ue é um
t ropõmetro pa ralelam ent e à t íbia até a b orda bom m arcador de loca lização da gord ura abdo-
superior da patela ( rótula do joelho). m ina l, além do perím etro da p anturrilha, o q ua l se
relac iona com a massa muscular.
• Homens idosos:44
Estat ura estimada [ 64,19 - (0,04 x idade) + Dobras cutâneas
( 2, 02 x AJ) ] A s d obras cutâneas são medidas antropom é-
tricas que podem ser util izadas para calc ular a
• Mulheres idosas: 44 g ordura corpora l total ou ava liar a distribuição
Est atura estimada [84 ,88 - (0,24 x idade) + d as reservas de tec ido adi poso. As ma is usadas
(1,83 x AJ)] no ca m po d a ava liação nutricional são as dob ras
c utâneas bi cipi t al, tr icip ital, suprail íaca e sub es-
Em que: ca pular.
AJ: altura do joelho (cm). Os principais problemas na aferição das do -
b ras cutâneas ab ra ngem possív el infl uência da
índice de massa corporal
Este é o ind icador ant ropométrico m ais comu - TABELA 3,13 Classifi cação do estado nutricional de
mente utilizado, pela simpli cidade d e cálculo, idosos segundo o IMC (Ministério da Saúde)
além da boa correlação com a gord ura co r pora l
IMC (kg/m' ) CLASSIFICAÇÃO
e a predição do ri sco de m orbimorta lidade 4s É
<22 Ba ixo peso
dado pela fó rmu la:
22 a 27 Eutrofia
IM C = Peso ( kg ) + Est atu ra ( m )2 >27 Excesso de peso
IMe: indice de massa corporal.
Em que: Fonte: Brasil, 2011 37
IMC: índ ice de massa corpora l.

TABELA 3,14 Classificação do estado nutricional de


Em idosos, a cla ssificação proposta por Lips -
idosos segundo o IMC (Organização Pan-americana
chitz (1994)36 e adotada pelo Ministério da Saúde
de Saúde)
(MS)37 ( Tabela 3.13) é m ais sensível para ba ixo
IMC (kg/m' ) CLASSIFICAÇÃO
peso e ma is esp ecífi ca para sobrepeso, qua nd o
comp arad a à usada p ara adu ltos. Cons idera- <23 Baixo peso
-se q ue o ba ixo peso nest e g ru po est á altamen- 23 a 28 Eu trofia
t e assoc iado à m ortal idade e q ue o sobrepeso 28 a 30 Sobrepeso
considerado em adultos não re presenta o mes- >30 Obesidade
mo risco nos idosos 46 A Orga nização Pan-ame - IMe: indice de massa corporal.
r ica na d e Saúde (O PAS)47 ad ota outro s p on tos Fonte: Organización Panamericana de la Salud, 20 01."
40 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

TABELA 3.1S Classificação do estado nutricional de ido- o ponto equidistante deve ser marcado com
sos segundo o IMC (Organização Mundial da Saúde) uma caneta e uti lizado na medida.
IMC (kg/m 2 ) CLASSIFICAÇÃO • Estando o braço rela xa do, pinçar a pele e o te-
PONTOS DE CORTE cido subcutâneo entre o polegar e o indicador.
PRINCIPAIS • Posicionar o adipõmetro 1cm abaixo dos de-
<18.5 Baixo peso dos que seguram a prega.
<16 Baixo peso - magreza • Não soltar a prega no momento da leitura.
grau 111 • Realizar o procedimento três vezes para mini-
16 a 16.99 Baixo peso - magreza mizar o erro de aferição.
grau 11 • Utilizar a média das duas mais próx imas, no
17 a 18.49 Ba ixo peso - magreza milímetro mais próximo.
grau I
18,5 a 24,99 Peso normal Após aferir a dobra, deve ser calculado o per-
225 Sobrepeso centual de adequação da DCT por meio da se-
25 a 29,9 Pré-obesidade guinte fórmula:

230 Obesidade
% de adequação = (DCT aferida "" DCT
30 a 34,99 Obesidade grau I
percentil 50) x 100
35 a 39,99 Obesidade grau II
240 Obesidade grau III Para a classificação do percentual de ade-
IMe índice de massa corporal. quação, utilizam-se os pontos de corte da Tabela
Fonte: World Health Organization, 1995;" World Health Organization,
1998;" e World Health Organization, 2000 s0
3.16, e o valor da dobra pode também ser com-
parado aos percentis propostos como forma de
acompanhamento. Há uma variedade de referên-
cias para este objetivo. O estudo NHANES 111 (Na-
idade e do estado de hidratação, erro interava - tiona l Healt h and Nutr ition Examination Survey)
liador, pouca confiabilidade da medida em obe - propõe padrões de referência para DCT a partir
sos, diferentes compressibilidades das dobras dos 60 anos de idade s1 (Tabela 3.17) Frisancho
e incerteza da re lação entre gordura subcutâ- (1990)52 apresenta os valores até 74,9 anos de
nea e visceral 43 Em relação aos idosos obesos, idade (Tabela 3.18), podendo ser complementa-
a aferição das dobras torna-se dispensável pa- do por Burr & Phillips (1984),33 que mostram os
ra o diagnóstico de obesidade, uma vez que é padrões de referência para DCT a partir dos 65
possível fazê- lo por meio do IMe. Esta medida é anos de idade (Tabela 319)
mais útil quando existe suspeita de baixo peso
ou desnutrição, Dobra cutânea subescapular
A aferição da dobra cutânea subescapular (DC-
Dobra cutânea tricipital SE) é importante para o cálculo do peso estima-
No caso dos idosos, a dobra cutânea tricipital do, quando necessário.
(DCT) é um bom parâmetro para a avaliação de
desnutrição. Esta medida isolada pode ser utili - TABELA 3.16 Classificação do estado nutricional se-
zada para acompanhamento e evolução do ido- gundo a adequação da DCT
so ao longo do tempo quando não for possíve l
ADEQUAÇÃO DA DCT (%) CLASSIFICAÇÃO
aferir o pe so. 39
<70 Desnutrição grave
Técnica para aferição da dobra 70 a 80 Desnutrição
cutânea tricipital moderada
• Medir com fita métrica inextensível no ponto 80 a 90 Desnutrição leve
médio entre o acrõmio da escápula e o olécra- 90 a 110 Eutrofia
no da ulna. Para a obtenção desse ponto, o in- 110 a 120 Sobrepeso
divíduo deve permanecer em pé, com o braço >120 Obesidade
fletido a 90°; com a fita, deve-se medir a dis- DCT: dobra cutânea tricipital.
tância entre os dois pontos citados, sendo que Fonte: Blackburn & Thornton, 1979."
...

CAPiTULO 3 AVALIA ÇÃ O N UTRICION A L EM 100505 41

TABELA 3.1 7 Distribu ição em percentis da DeT (mm)

IDADE PERCENTIL
(ANOS) 10 lS 25 50 75 85 90

Homens
60 a 69 7,7 8,6 10,1 12,7 17,1 20,2 23,1
70 a 79 7,3 7,9 9 ,0 12.4 16,0 18,8 20,6
80 + 6,6 7,6 8,7 11,2 13,8 16,2 18,0
Mulheres
60 a 69 14,5 15,9 18,2 24,1 29,7 32,9 34,9
70 a 79 12,5 14,0 16.4 21,8 27,7 30,6 32,1
80 + 9,3 11,1 13,1 18,1 23,3 26.4 28,9
Fonte: Kuczmarski et aI., 2000.'1

TABELA 3.18 Distribuição em percentis da DeT (mm)

IDADE PERCENTIL
(ANOS) 5 10 15 25 50 75 85 90 95

Homens
60 a 64,9 5 6 7 8 11.5 15,5 18,5 20,5 24
65 a 69,9 4,5 5 6,5 8 11 15 18 20 23,5
70 a 74,9 4,5 6 6,5 8 11 15 17 19 23
Mulheres
60 a 64,9 12,5 16 17,5 20,5 26 32 35,5 38 42,5
65 a 69,9 12 14,5 16 19 25 30 33,5 36 40
70 a 74,9 11 13,5 15,5 18 24 29,5 32 35 38,5
Fonte: Frisancho. 1990."

TABELA 3.19 Distribuição em percen tis da DeT (mm)

IDADE PERCENTIL
(ANOS) 5 10 25 50 75 90 95

Homens
65 a 69 3.6 4,3 5,9 8,1 11,3 15,2 18.2
70 a 74 3,7 4,3 5,8 8.0 10,9 14,6 17,3
75 a 79 3,6 4,2 5,3 7,0 9,2 11,7 13,6
80 a 84 3,5 4,1 5,1 6,6 8,5 10,7 12,3
85 + 3.4 3,9 5,0 6,5 8.4 10,6 12,2
Mulheres
65 a 69 9,9 11,3 14,1 18,0 22,9 28,5 32,5
70 a 74 8,2 9,5 12,1 15,9 20,9 26,8 31,1
75 a 79 7,5 8,6 11.1 14,6 19,1 24,5 28.4
80 a 84 6,2 7,2 9,5 12.7 17,1 22.4 26,2
85 + 6,0 7,0 8,8 11,5 14,9 19,0 21.8
Fonte: Burr & Phillips, 1984."
42 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

Técn ica para aferição da dobra cutâ nea por Lee & Nieman (1993)53 (Tabela 3.20) Simi -
subescapu lar larmente à DCT, calcu la-se a adeq uação d o PB e
• Medir logo abaixo da extremidade da escápula. dos demais índices, conform e a fórmula a seguir,
• A pele e o tecido subcutâneo devem ser p in- classifica ndo-os d e acordo com os percentuais
çados logo abaixo da borda da escápula, e a de adequação (Tabela 3.21), podendo também
prega é angu lada em 4 5° a partir do plano ho- ser utilizados isolada m en te no acompanhame nto
rizontal. por meio dos percent is ao longo do t empo ( Ta-
• Posicionar o adipômetro lcm abaixo dos de- belas 3.22 a 330).
dos que seguram a prega. % de adequação =: (parâmetro aferido +
• Não soltar a prega no momento da leitura . parâmetro percentil 50) x 100
• Realizar o procedimento três vezes para mini-
m izar o erro de aferição. Perímetro muscular do braço
• Utilizar a média das duas ma is próx imas, no É uma medida q ue permite avaliar a reserva de
m il ímet ro ma is p róximo. massa muscular do idoso, sendo obtida a partir
da seguinte fórmula:
Perímetros e índices derivados
Além das dobras cutâneas, outros parâmetros re- PMB =: PB (em) - 1t x [ DCT (mm) + 10J
lacionados com a reserva de tec ido muscular e/ou
Em que:
adiposo são úteis na investigação de perda de peso
PMB: perímetro muscula r do braço.
e risco de desnutrição,43 como perímetro do bra-
PB: perímetro do braço.
ço (PB), perímetro muscular do braço (PMB), área
DCT: dobra cutânea tricipital.
muscular do b ra ço corrigida (AMBc), área de gor- 1t =: 3,14.
dura do braço (AGB) e perímetro da panturrilha.
A lém d isso, medidas como perímetro da cintura e TABELA 3.20 Guia para interpretação dos parâmetros
razão cintura-estatura podem ser utilizadas para do braço
avaliar o ri sco de alterações card iometabólicas. 32
PERCENTIL TECIDO TECIDO
ADIPOSO MUSCULAR
Perímetro do braço
<5 Magro/baixa Magro/baixa
É uma medida que reflete a soma da massa m us- reserva
reserva
cular, da massa de gordura e da massa óssea na
5 a 15 Abaixo da Abaixo da
região do braço. Isolada men te, não permite infe- média/risco de média/risco de
rência acerca dos compartimentos corporais, po- déficit déficit
rém é necessária para calcular a área muscular do 16 a 85 Média Média
braço. Acima da média
86 a 95 Acima da média
~95 Excesso de Boa nutrição
Técnica para aferição do perímetro do braço
gordura
• Med ir co m fita métrica inexte nsível no ponto
Fonte: Lee & Nieman. 1993. 53
m édio entre o acrômio da escápula e o o lécra -
no da ulna. Para a obtenção desse ponto, o in-
divíduo deve permanecer em pé, com o braço TABELA 3.21 Classificação do estado nutricional se-
fletido a 90° ; com a fita, deve- se m edir a dis- gundo a adequação dos parâmetros do braço CPB,
tân cia entre os do is pontos citados, sendo que PMB, AMBc e AGB)
o ponto equidist ante deve ser marcado com ADEQUAÇÃO DO CLASSIFICAÇÃO
u ma canet a. PARÂMETRO (%)
• Para se obter o perímetro do braço (PB), o in- <70 Desnutrição grave
divíduo deve rela xa r o braço, que deve ser cir- Desnutrição moderada
70 a 80
cundado com a f ita, sem comp ri mi r as partes
80 a 90 Desnutrição leve
moles.
90 a 110 Eutrofia
• Fazer a leitura no centímetro ma is próximo.
110 a 120 Sobrepeso
Existe a opção d e classificação direta des- >120 Obesidade
tes parâmetros pelos percentis, q ue foi proposta Fonte: Blackburn & Thornton, 1979. 39
CAPiTULO 3 A V ALI AÇÃO N UTRI CIONAL EM 100505 43

ABELA 3.22 Distri buição em pereenti s do PB (em)

IDADE PERCENTIL
( ANOS) 10 15 25 50 75 85 90

Homens
60 a 69 28.4 29.2 30.6 32.7 35.2 36.2 37.0
70 a 79 27.5 28.2 29,3 31,3 33.4 35,1 36,1
80 + 25,5 26,2 27.3 29,5 31,5 32,6 33,3
Mulheres
60 a 69 26,2 26,9 28,3 31,2 34,3 36.5 38,3
70 a 79 25.4 26,1 27.4 30,1 33.1 35,1 36,7
80 + 23,0 23,8 25,5 28.4 31.5 33.2 34,0
51
Fonte: Kuczmarski et ai" 2000.

TABELA 3.23 Di stribui ção em pereenti s do PB (e m)

IDADE PERCENTIL
(ANOS) 5 10 15 25 50 75 85 90 95

Homens
60 a 64,9 26,6 27,8 28,6 29,7 32.0 34.0 35,1 36,0 37,5
65 a 69,9 25.4 26,7 27.7 29.0 31,1 33.2 34,5 35,3 36,6
70 a 74,9 25,1 26,2 27,1 28,5 30,7 32,6 33,7 34,8 36,0
Mulheres
60 a 64,9 25,0 26,1 27,1 28.4 30,8 34,0 35,7 37,3 39,6
65 a 69,9 24,3 25,7 26,7 28,0 30,5 33.4 35,2 36,5 38,5
70 a 74,9 23,8 25,3 26,3 27,6 30,3 33,1 34,7 35,8 37,5
Fonte: Frisancho, 1990. 51

TABELA 3.24 Pereentis para PB (mm )

IDADE PERCENTIL
(ANOS) 5 10 25 50 75 90 95

Homens
65 a 69 206 218 238 260 282 302 314
70 a 74 209 219 236 255 274 291 301
75 a 79 197 208 226 245 264 282 293
80 a 84 193 202 219 237 255 272 281
85 + 189 198 213 230 247 262 271
Mulheres
65 a 69 212 223 243 264 258 305 317
70 a 74 201 213 233 255 277 297 309
75 a 79 193 206 226 249 272 293 305
80 a 84 179 192 212 235 258 279 291
85 + 164 176 198 221 245 266 278
Fonte: Burr & Phillips, 1984."
44 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

TABELA 3.25 Di stribui çã o em pereen ti s do PMB (em)

IDADE PERCENTIL
(ANOS) 10 15 25 50 75 85 90
Homen s
60 a 69 24.9 25.6 26.7 28.4 30,0 30,9 31.4
70 a 79 24.4 24,8 25,6 27,2 28,9 30,0 30,5
80 + 22,6 23,2 24,0 25,7 27,5 28,2 28,8
Mulher es
60 a 69 20,6 21,1 21,9 23,5 25.4 26,6 27.4
70 a 79 20,3 20,8 21.6 23,0 24,8 26,3 27,0
80 + 19,3 20,0 20,9 22,6 24,5 25.4 26,0
Fonte: Kuc zmarski et ai.. 2000.~

TABELA 3.26 Di st ribuição em p ereenti s do PMB (em)

IDADE PERCENTIL
(ANOS) 5 10 25 50 75 90 95
Homens
55 a 64,9 23.6 24,5 26,0 27,8 29,5 31,0 32,0
65 a 74,9 22,3 23,5 25,1 26,8 28.4 29,8 30,6
Mulheres
55 a 64,9 18,7 19,6 20,9 22,5 24.4 26,6 28,0
65 a 74,9 18,5 19,5 20,8 22,5 24.4 26.4 27,9
Fonte: Frisancho, 1981"

TABELA 3.27 Pereen tis p ara PMB (mm)

IDADE PERCENTIL
(ANOS) 5 10 25 50 75 90 95

65 a 69 187 196 213 231 249 266 275


70 a 74 184 194 209 227 245 260 270
75 a 79 182 190 205 221 237 252 260
80 a 84 176 184 199 215 231 246 254
85 + 172 180 193 208 223 236 244
Mulheres
65 a 69 163 172 187 204 221 236 245
70 a 74 158 168 184 201 218 234 244
75 a 79 161 169 184 200 216 231 239
80 a 84 151 160 175 192 209 224 233
85 + 141 150 165 182 199 214 223
Fonte: Burr & Phillips, 198433

~=========
-~----

CAPiTU LO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM IDOSOS 45

TA BELA 3.28 Distribuição em pereentis da AMBe (em')

IDADE PERCENTIL
(ANOS) 5 10 15 25 50 75 85 90 95

Homens
60 a 64.9 34,5 38,7 41,2 44,9 52,1 60,0 64,8 67,5 71,6
65 a 69,9 31,4 35,8 38,4 42,3 49,1 57,3 61,2 64,3 69,4
70 a 74,9 29,7 33,8 36,1 40,2 47.0 54,6 59,1 62,1 67,3
Mulheres
60 a 64,9 22,4 24,5 26,3 29,2 34,5 41,1 45,6 49,1 55,1
65 a 69,9 21,9 24.5 26,2 28,9 34,6 41,6 46,3 49,6 56,5
70 a 74,9 22,2 24,4 26,0 28,8 34,3 41,8 46,4 49,2 54,6
Fonte : Frisancho, 1990.52

TABELA 3.29 Pereentis para AMBe (mm')

IDADE PERCENTIL
(ANOS) 5 10 25 50 75 90 95

Homens
65 a 69 2.680 3.040 3.650 4.320 4.990 5420 5460
70 a 74 2.710 3.030 3.560 4.140 4.720 5.250 5.570
75 a 79 2.530 2.840 3.360 3.940 4.520 5.040 5.350
80 a 84 2.370 2.660 3.160 3.710 4.260 4.760 5.060
85 + 2.270 2.540 2980 3470 3.960 4400 4.670
Mulheres
65 a 69 2.020 2.310 2.810 3.350 3.890 4.390 4.680
70 a 74 1840 2.160 2.690 3.270 3.850 4.380 4.700
75 a 79 1970 2.240 2.710 3.230 3.750 4.220 4490
80 a 84 1720 2.000 2460 2.970 3480 3.940 4.220
85 + 1430 1700 2.170 2.690 3.210 3.680 3.950
Fon te: Burr & Phillips, 1984.33

TABELA 3.30 Distribuição em pereentis da AGB (em')

IDADE PERCENTIL
(ANOS) 5 10 15 25 50 75 85 90 95

Homens
60 a 64,9 6,9 8,7 9,9 12,1 17,0 23,5 28,3 31,8 38,7
65 a 69,9 5,8 7,4 8,5 10,9 16,5 22,8 17,2 30,7 36,3
70 a 74,9 6,0 7,5 8,9 11,0 15,9 22,0 25,7 29,1 34,9
Mulheres
60 a 64,9 15.3 19,1 21,9 26,0 34,8 45,7 51,7 58,3 68,3
65 a 69,9 13,9 17,6 20,0 24,1 32,7 42,7 49,2 53,6 62,4
70 a 74,9 13,0 16,2 18,8 22,7 31,2 41,0 46,4 51,4 57,7
Fonte: Frisancho, 1990. 52
46 ABORDA GEM NUTRICI ONAL NO ENVELH ECIMENT O

Área muscu lar do braço corrigida • O idoso deve perma necer parado , co m o mús-
Permit e avaliar a reserva de massa muscu lar por cu lo abdom inal relaxad o, e seu peso distri-
meio da diferen ça entre PB e DCT co rrigida pela buído igualm ente nos dois pés, que devem fi-
massa óssea, confor me mostra do a seguir: car aproxi madam ente 25 a 30cm separa dos.
• Circun dar o perímetro com uma f ita flexível e
• Homens idosoS: 55
inelástica, tomand o-se o cuidad o para não haver
AMBc = {[PB (cm) - n x DCT ( mm ) -o- 10]' ~ 4n} compre ssão dos tecidos . Fazer a leitura o mais
-10
próxim o de O,lcm durant e a expiraç ão norma l.
• Mulheres idosas: 55
AMBc = {[ PB (cm) - n x DCT (mm) -o- 10]' -o- 4n} Os pontos de corte utilizad os para a avalia-
- 6,5 ção do períme tro da cintura são proven ientes de
estudo s com adultos (Tabel a 3.31), uma vez que
Em que: não há pontos especí ficos para idosos.
AMBc: área muscu lar do braço corrigid a. Alguns estudo s 56 -58 conduz idos co m idosos
PB: períme tro do braço. objetiv ando verifica r quais seriam os pontos de
DCT: dobra cutâne a tricipita l. corte apropr iados para avaliaç ão do PC chega-
n = 3,14. ram a amplos resulta dos. Para homen s, variara m
de 86cm a 106cm ; e, para mulher es, de 79cm a
Área de gordur a do braço 95,6cm . Sabe-s e que a distribu ição de gordu ra
É uma medida que indica a reserva adipos a, sen- nos setores corpor ais sofre mudan ças ao longo
do calcula da com base na fórmul a a seguir: das d écadas . Por isso, a avaliaç ão com os pontos
de corte da OMS pode ser falha , especi alment e
AGB ={PB (cm) x [DCT (mm) -o-10]}/2 - em idosos mais velhos . Desse modo, ela deve ser
{n x [DCT (mm) -o- lO]'} -o- 4 realiza da com cautela e em associ ação a outros
Em que: parâm etros.
AGB: área de gordur a do braço.
Razão cintur a-estat ura
PB: períme tro do b raço.
DCT: dobra cutâne a tricipita l. A razão cintura -estatu ra (RCE) é um indicad or
n = 3,14. de adipos idade abdom inal, destac ando-s e como
um índ ice simples e barato , que pode ser utiliza-
Perímetro da cintura do para prever o risco de diabete s melito tipo 2 e
O períme tro da ci ntura (PC) é consid erado um hiperte nsão arterial . A utilizaç ão deste índice está
bom ind icador de gordur a viscera l e gordur a fundam entada no pressu posto de que a estatu -
corpor al total e está fortem ente correla cionad o ra exerça influên cia no acúmu lo e na distribu ição
com risco cardiov ascula r 3 2 Há várias técnica s de da gordur a corpor al, bem co mo na amplitu de do
aferiçã o de acordo com diferen tes locais na re- PC. 59 -62 A fórmul a utilizad a para cálculo da RCE é
gião abdom inal. Uma das técnica s consis te em a seguin te:
posicio nar a fita métric a entre a última costela RCE = PC (cm) -o- estatur a (cm)
e a crista ilíaca (este é o padrão -ouro, a medida
conhec ida interna cionalm ente). Outras técnica s Em que:
posicio nam a fita na cicatriz umbilic al ou, ainda, RCE: razão cintura -estatu ra.
na cintura natura l ou na menor curvatu ra. PC: períme tro da cintura .
Em idosos, especi alment e os obesos , é im-
preciso utilizar a cicatriz umbilic al, que pode es- TABELA 3.31 Classificação do risco de acordo com as
tar desloc ada, e a cintura natura l pode não mais medidas do PC
exist ir. Por isso, a medida mais confiáv el é o pon - RISCO DE COMPL ICAÇÕE S
to médio entre a última costela e a crista ilíaca. METAB ÓLICAS ASSOC IADAS À
OBESID ADE
Técnic a para aferiçã o do períme tro da cintura ELEVAD O MUITO ELEVAD O
• A medida deve ser feita no ponto médio entre Homens ~94cm ~102cm
a marge m inferio r da última costela e a crista Mulheres ~80cm ~88cm
ilíaca, no plano horizon tal. Fon te : World Health Organiza tion, 1998"
CAPiTULO 3 A VA LIAÇÃ O NUTRIC IONAL EM IDOSOS 47

o resultado superior a 0 ,5 indica risco de os métodos de avaliação da desnutrição e da


doença cardiovascular em ind ivíduos adu ltos, o obesidade, nest e g rupo, variam; e seu diagnóst i-
que reforça a importâ ncia de m anter o PC sem- co muitas vezes é subestimado na prática clínica.
pre menor que a m etade da estatura 60 A util iza- Nesse sentido, um co njunto de procedimentos
ção d e apenas um va lor de risco para homens deve ser adotado na aval iação d os idosos com a
e mul heres é apont ada como vantagem deste fina lidade de au mentar a sensib il idade d iag nósti -
método, destacando ai nda mais sua p rat icidade. ca e intervir precocemente.
Ainda não exist e ponto de co rte próprio pa - Além dos métodos objetivos, o exame fís ico
ra idosos. Portanto, este índ ice também deve ser é uma etapa importante da ava liação nutric ional
ut ilizado em associação a outros pa râmetros na e co m preende a inspeção sistemát ica e m inuc io-
aval iação nutricional deste grupo. Outro ponto sa do pacient e no intuito de identificar sintom as
importante é decidir se será ut ilizada a estatura e sinais físicos decorrentes de alte rações nut ri-
atual ou a estimada para cálculo d este ín dice, le- cionais. Isso exige do nutricionista habi lidades de
vando em conta a possível red ução da estatura observação, comu nicação, palpação e interpre-
nos idosos . tação de sina is f ís icos de d oenças ou alte rações
sugestivas de pat o log ias s .64
Perím etro da panturrilha Com base nas modificações do processo de
O perímet ro da pan t urrilha (PP) é a medida mais envelhecimento, a semiologia nutriciona l do ido-
sensível para avaliar a massa muscular em ido- so configura -se como um desafi o para o ava lia-
sos, indicando as mudanças decorrentes do en- dor, pois d ist ing ue o est ado fi siológ ico do p ato-
velhecimento e da redução da ati v idade f ísica. É lógico. Exige ana m nese clín ica e nut r iciona l de-
uma medida simples e muito im portan t e, princi - talhada, elev ado grau de t re inam ent o do exa m e
pa lmente para idosos acamados e/ ou em risco da cabeça aos pés ( Figura 3.1) e habil idades para
de desnutriçã0 45 lidar com as limitações sensoriais (visão e audi-
ção), fís icas (mobil idade e postura). cogn itivas
Técnica para aferição do PP (mem ória, linguagem, perce pção e f unção vi suo-
• O idoso pode es t ar sent ado ou deitado. espacial) e motivaciona is do idoso. 65.66
• Se estiver sentado, posicionar a perna de mo- A demora na avaliação, a fa lta de habili dad e
do que o joelho est eja em um ãngu lo de 90° . para lidar com as barreiras multidimensiona is do
Se estiver deitado, dobrar a perna de manei -
ra a conseguir o mesmo ângulo. Colocar um
Cabeça - -- -...f.
apoio no pé, se necessário.
• A fita deve ser posicionada ao redor da pantur-
rilha na circunferência máxima, no plano per- - -""'"-.".-,..- - - Pescoço
pend icular à linha longitud ina l da pantu rrilha. e tórax
anterior
• A fita métrica deve passar em toda a extensão e posterior
da pan tu rrilh a, sem co m p ri m ir os t ecidos .
s uperiores
A avaliação é fe ita segundo o parâmetro de
Vellas et aI. (1999),63 que classificam medidas
acima de 31cm como adequadas, para ambos os
sexos. Apesar de o va lor sugerido diferenciar a
Pele - -- -\
avaliação dos idosos por sexo, os homens costu -
pelve ant erio r,
mam ter medidas superiores. A lém disso, os va - poste rio r e lateral
lores tendem a diminuir com a idade, tanto em
homens quanto em m ulheres .
+ - - - - Membros
inferiores

Exame físico

O est ado nutricion al interfe re d iret amente no ris- FI GU RA 3.1 Reg iões do corpo avaliadas no exame fí-
co de morb imorta lid ad e dos idosos; no entanto, sico da avaliação nutricional
48 ABORDA GEM NUTRICI ONAL NO ENVELHE CIMENTO

idoso e a ausênc ia de empati a entre nutricio nista devem apenas a alteraç ões nutricio nais. A Tabela
e pacien te podem interfe rir negativ amente no le- 3.32 aprese nta uma síntese de sinais físicos e sin-
vantam ento da história clínica e nutricio nal, pre- tomas, bem como as possíve is causas.
judican do ou imposs ibilitan do a obtenç ão de um
diagnó stico nutricio nal confiáv el.
Adotar uma sistem atizaçã o do exame fís ico
Avali ação bioqu ímica
contrib ui para reduzir o tempo de avaliaç ão. Rea-
lizar a anamn ese clínica e nutricio nal detalha da A avaliaç ão bioquím ica configu ra-se como uma
anterio rmente ao exame fís ico pode contrib uir das etapas da avaliaç ão nutricio na l dos idosos ,
para a investi gação mais cuidad osa de sinais e pelo fato de este grupo etário aprese ntar, fre-
sintom as associa dos às deficiê ncias nutricio nais. quente mente, elevad a carga de morbid ades,
Informa ções referen tes a consum o alimen tar, es- alteraç ões import antes da ingestã o ali mentar e
tado nutricio nal, morbid ades associa das e medi- uso de mú ltiplos med icamen tos,8o.s,
camen tos podem auxiliar na hipótes e diagnó sti- O proces so de envelh ecimen to, por si só, re-
ca e nortea r a solicita ção de exame s bioquím icos sulta em morte celular com reduçã o import ante
para confirm ação s.67-69 das reserva s funcion ais, como massa óssea, mas-
Em idosos, as alteraç ões nutricio nais mais sa muscul ar, neurôn ios e neurotr ansmis sores.
freque ntemen te observ adas no exame físico são A lém disso, as funçõe s hepátic a, renal, endócr i-
decorr entes da desnut rição energé tico-pr oteica na e imunol ógica encont ram-se redu zidas, o que
e da deficiê ncia de micron utrien tes. Ambas po- afeta a homeo stase metabó lica e nutricio nal. Es-
dem ser de origem primári a, ou seja, diretam en- sas alteraç ões típicas da senesc ência podem ser
te relacio nadas com a inadeq uação do consum o mais intensa s e prejudi ciais à saúde dos idosos,
alimen tar, ou de origem secund ária, associa das depend endo do seu estilo de vida, da qualida de
ao uso de medica mentos , doença s ou alteraç ões da d ieta, do estado nutricio nal e da condiç ão psi-
fisiológ icas. cossoc ial e econôm ica B2
Idosos que consom em alimen tos e/ou pre- A realiza ção de exame s bioquím icos pelos
paraçõ es de baixa densid ade energé tica ou que idosos é fundam ental para o estabe lecime nto
têm o consum o restrito de um ou ma is grupos adequa do das condut as nutricio nais e o planeja -
alimen tares estão sob maior risco de desnut rição mento dietétic o, bem como para a avaliaç ão da
e deficiê ncias de cá lcio, ferro, zinco, vitamin a 8'2 eficácia das interve nções propos tas. No entanto ,
(cianoc oba lamina) , 8, (tiamin a), D (calcitr iol) e 8 a interpr etação dos resu ltados laborat oriais é ta-
9
(folato ). Além disso, outras situaçõ es aumen tam refa comple xa e exige a realiza ção de uma boa
o risco da carênc ia de nutrien tes, como etilis- anamn ese, além de amplo conhec imento sobre
mo crônico , síndrom es disabso rtivas, hospita li- as condiç ões determ inantes de variaçõ es dos
zações frequen tes, demên cias, depend ência de exame s e possíve is causas das alteraç ões B3
cuidad os, diarreia s crônica s e polifarm ácia. 70 ,7' Os fatores que podem interfe rir nos resulta -
As informa ções obtidas por meio do exame dos dos exame s bioquím icos podem ser dividi-
físico comple menta m e/ou confirm am os acha- dos em: 83
dos da avaliaç ão antrop ométri ca, dietétic a, bio- • Controláveis: variaçã o circadia na, perman ên -
químic a e subjetiv a. A história patológ ica pre- cia prolon gada no leito, postura do pacien te,
gressa, a história familia r de doença s e o contex - ati vidade física, jejum, dieta e ingestã o de ali-
to social també m contrib uem com informa ções mentos , consum o de bebida s alcoólic as, taba -
import antes para a conclu são da ava liação nu- gismo e uso de medica mentos e suplem entos.
triciona l 68 • Não controláveis: idade e sexo.
É import ante ava liar o estado geral do idoso • Interferentes: hemólise, lipemia , aplicaç ão de
(bom, regular ou ruim), o estado de consciê ncia torniqu ete, proced imento s diagnó sticos e te-
(como se situa no tempo e no espaço ), a saúde rapêut icos e infusão de soluçõe s.
emocio nal (humor , depres são) e a capaci dade
funcion al (auton omia e indepe ndênci a) e cogni- A garant ia da qualida de dos resulta dos de
tiva (demên cias)n exame s bioquím icos depend e de um conjun to
As alteraç ões d etectad as no exame físico de fatores que englob a o prepar o do pacien te,
podem ter etiolog ias diversas. Portan to, não se o treinam ento do técnico e os proced imento s
...
CAPiTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM IDOSOS 49

TABELA 3.32 Si nai s físicos. sintomas e possíveis causas associ adas direta ou indiretamente à alimentação e ao
estado nu tricional. segundo a reg ião do corpo

REGIÃO DO CORPO SINAIS FíSICOS E SINTOMAS POSSíVEIS CAUSAS

Queda (alopecia). fios finos e Deficiência de proteína. ferro. zinco.


quebradiços e despigmentação vitaminas C e do complexo B. iodo
Região occipital Úlcera por pressão Desnutrição. imobilidade
Face Fácies aguda Desnutrição aguda
Fácies crônica Desnutrição crônica
Eritema em asa de borboleta Deficiência de niacina
Seborreia nasal e nasolabial Deficiência de riboflavina
Bola de Bichat Atrofia (sinal da asa quebrada) Desnutrição primária ou secundária
e musculatura
temporomandibular
Olhos Palidez conjuntival Deficiência de ferro. vitamina B'2 ou
folato
Fissuras nos epicantos Deficiência de riboflavina ou piridoxina
Xantelasma Hiperlipidemia
Lábios Estomatite aftosa Hipersensibilidade ao g lúten. doença
ce líaca
Língua Atrofia e inflamação ("língua Deficiência de folato. ferro. vitaminas
avermelhada e lisa") B2 e B'2

Disgeusia. hipogeusia Deficiência de zinco


Mucosa bucal Úlceras aftosas Deficiência de ferro. folato. zinco.
vitaminas do complexo B e C
Glândulas salivares Xerostomia Desidratação
Dentes Edentulismo Cáries e outras doenças periodontais
Cáries Ingestão excessiva de açúcares. má
higienização bucal e redução da
produção de saliva
Gengivas Sangramento. edema Má higienização bucal
Pescoço
Musculatura da fúrcula Atrofia Desnutrição primária ou secundária
esternal. supra- e
infraclavlcular

Braços e mãos Xantomas Hiperlipidemia


Atrofia da musculatura interóssea da Desnutrição primária ou secundária
mão e abdutora do polegar
Ombros Úlcera por pressão Desnutrição. imobilidade
Cotovelo Úlcera por pressão Desnutrição. imobilidade

Inchaço. dor Gota

Tórax - anterior
Musculaturas Atrofia (retração intercostal) Desnutrição primária ou secundária
intercostais
Tórax - ~osterior
Ombros Úlcera por pressão Desnutrição. imobilidade
(continua)
50 A BORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

TABELA 3.32 Sinais físicos, si ntomas e possíveis causas associadas direta ou indiretamente à alimentação e ao
estado nutricional, segundo a região do corpo (continuação)

REGIÃO DO CORPO SINAIS FíSICOS E SINTOMAS POSSíVEIS CAUSAS


Região subescapular Redução de panículo adiposo e Desnutrição primária ou secundária
muscular
Musculaturas Atrofia Desnutrição primária ou secundária

Aspecto geral Pendular (em avental) Obesidade


Umbigo "em chapéu" Desnutrição primária ou secundária,
perda rápida de peso
Escavado Desnutrição primária ou secundária
Globoso/timpânico Constipação, doença celíaca,
intolerância à lactose, gases intestinais

Região de ísquio Úlcera por pressão Desnutrição, imobilidade


(nádegas), crista

Pernas e pés Xantomas Hiperlipidemia


Edema (sinal do cacifo ou de Godet) Hipoproteinemia
Atrofia da musculatura da panturrilha e Desnutrição primária ou secundária,
da coxa inatividade física, imobilidade
Região do trocanter Úlcera por pressão Desnutrição, imobil idade
Maléolo lateral e Úlcera por pressão Desnutrição, imobilidade
calcâneo

Unhas ________~~--------__------~~--~--~------~~--~~--~------~~~~
Aspecto geral Foscas Desnutrição
Brancas Deficiência de zinco ou selênio
Ouebradiças ou rugosas Deficiência de iodo e ferro
Coiloníquia (em forma de colher) Deficiência de ferro
Hiperpigmentação Deficiência de vitamina 8'2
~p
~e~le
---~~~~~~------

Cor Palidez Anemia

Hiperpigmentação Deficiência de niacina e vitamina B'2


Cianose Anemia grave
Integridade epitelial Xantomas Hiperlipidemias
Tecido subcutâneo Edema Desnutrição, hipoproteinemia
Elasticidade e turgor diminuídos Desidratação, desnutrição primária ou
secundária
Fonte: Leão, 2012:" Fraiha et aI., 200 2;" Meneghelli & Martinelli, 2004: 74 Rauen et ai" 2005;75 Nehme et ai " 2006 ;76 Leão, Gomes, Porte r, 200 7;"
Oliveira Júnior et aI., 2008;" de An drade Júnior et ai" 2009,79

de coleta e armazenamento das amostras, bem A solicitação e/ou a aval iação de exames la-
como as técnicas de anál ise e a qualidade dos boratoriais complementares necessários à aten -
reagentes utilizados, Desse modo, orientar ade- ção d ietética e nutriciona l pelo nu tricionista no
quadamente o idoso e/ou seu cu idador sobre o âmbito ambu latorial, domiciliar ou hospitalar
p reparo co rreto para o exame e conhecer a cer- são asseguradas pela Resolução nº 417/2008
tificação dos laboratórios é uma forma de me- do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN)B4
lhorar a confia b ilidade dos exames realizados Bl,83 Conforme a Resolução nº 306/ 2003 do CFN,85
CAPiTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM IDOSOS 51

"o nutricionista, ao solicitar exames laboratoriais, ati va no organismo. É o parâmetro indicado para
deve avaliar adequadamente os critérios técni- triagem e monitoramento de doenças ósseas e
cos e científicos de sua conduta, estando ciente distúrbios da homeostase do cálcio BS Várias si-
de sua responsabilidade frente aos questiona - tuações clínicas podem interferir em sua eleva -
mentos técnicos decorrentes". ção (hiperparatireoidismo primário, neoplasias e
Cabe ressaltar que a solicitação de exames hipervitaminose D) ou em sua redução (hipopa-
para o diagnóstico de doenças é atividade priva- ratireoidismo, hiperparatireoidismo secundário e
tiva do médico e que o nutricionista poderá re- deficiência de vitam ina D)Bl
querer exames essenciais ao acompanhamento A saúde óssea dos idosos deve ser monito-
nutricional. rada haja vista que alterações hormonais (p. ex.,
Os exames a serem solicitados aos idosos redução da produção estrogênica) resu ltam em
dependerão da avaliação global e da análise
absorção intestinal diminuída e maior excreção
dos riscos de doenças e/ou carências nutricio-
urinária do cá lcio, com conseq uente redução da
nais. Sabe-se que eles frequentemente apresen-
massa óssea e aumento dos riscos de osteopo-
tam maior risco de alterações cardiometabólicas,
rose, quedas e fragilidade B9 Comparados aos jo-
anemias e demências, fazendo, de maneira geral,
vens, os idosos apresentam concentrações me-
com que a aval iação laboratorial seja mais ampla .
nores de cálcio iônico, e esta condição também
Os parâmetros bioquímicos mais importantes no
tem sido associada a hipertensão e diabetes. Isso
contexto alimentar e nutricional dos idosos serão
sugere que reduzidas concentrações de cálcio
descritos a seguir.
possam integrar a gênese destas patologias tã o
frequentes nesse grupo etári0 90
Ácido úrico
A análise do cálcio iônico é realizada no soro
O ácido úrico, ou urato, é o produto final da oxi-
pelo método de eletrodo seletivo e exige para a
dação derivado do processo de catabolismo das
coleta do sangue jejum de, no mínimo, 4h, estabi -
pu rinas (bases orgânicas nitrogenadas), que po-
lidade postural de, pelo menos, Smin e frequência
dem ser oriundas tanto dos alimentos, especial-
resplratonCl normallzaaa por, pelo menos, IUmlh."'"
mente de origem an imal, quanto da síntese en-
dógena. A hiperuricemia pode ser decorrente da
Vitamina D
prod ução excessiva de ácido úrico ou da redu-
As concentrações séricas de calcitriol ou 1,2S-di-
ção da depuração renal.81
-hidroxiv itam ina D (forma metabolicamente mais
Concentrações séricas elevadas de ácido úri-
ativa) sofrem influência de fatores como estação
co são frequentemente associadas a doenças de
do ano, latitude, exposição solar, cor da pele e
elevada prevalênc ia em idosos (hipertensão, dia-
oetes, dislipidemias e insuficiência renal crônica) ingestão dietética 91 ,92 A integridade intestinal,
e medicamentos (tiazídicos, furosemida, ciclos- hepática e rena l também é fundamental para ga-
porina, aspirina, ácido nicotínico, pirazinamida, rantir concentrações adequadas. Estudos recen-
etambutol, levodopa) prescritos para tratamento tes têm apontado que polimorfismos genéticos
de algumas cond ições clínicas também comuns explicam a variabilidade entre ind ivíduos e po-
nesse grupo etárioBl.s6.s7 dem implicar fenótipos que protegem ou predis -
A hiperuricemia pode resultar em precipita- põem à deficiência de vitamina D93
ção de cristais nos tecidos, principalmente ar- Como repercussões do quadro de defici-
ticulações, e desencadear o quadro conhecido ência, ocorrem elevação das concentrações de
como gota, caracterizado por inflamação, dor e hormônio da paratireoide (PTH), bem como au-
inchaço nas áreas afetadas. A litíase renal tam- mento do risco de osteomalacia, fraturas e oste-
bém pode ser uma das consequências da hiperu- oporose 92.93
ricosúria e de alterações do pH urinário B1 As concentrações séricas de 2S-hidroxivita-
A análise do ácido úrico é realizada no soro mina D são utilizadas para avaliar a reserva de
pelo método enzimático e exige coleta do san- vitamina D por causa da sua meia-vida mais lon-
gue em jejum de 8h. ga (2 a 3 semanas versus 4 a 6h do ca lcitrio l).
A análise deve feita a partir do soro ou do plas-
Cálcio iônico ma em ácido etilenodiaminotetracético (EDT A)
O cálcio iônico (ionizado ou ionizável) corres - pelo método cromatografia de alta performance
ponde à fração de cálcio que é fisiol ogicamente (HPLC), e não é necessário estar em jejum 93
52 ABORDA G EM NUTRICI ONAL NO ENVELHE CIMENTO

Fósfo ro Vitam ina 8'2


No contex to alimen tar e nutricio nal, identifi car A v itamina B'2' ou cianoc obalam ina, é transp orta-
a presen ça de hipofos fatemia é particu larmen te da no plasma por proteín as denom inadas trans-
import ante em idosos com desnut rição grave, al- coba laminas , atuand o como cofato r enzimá tico
coolism o, síndrom e de má absorç ão ou deficiê n- nas reaçõe s de met ilação e remet ilação da ho-
cia de vitamin a DB1 mocist eína 98
No proces so de realime ntação de idosos gra- A deficiê ncia desta vitamin a em idosos pode
vemen te desnut ridos, pode ocorre r queda nas estar associa da a menor ingestã o de alimen tos-
concen traçõe s séricas de fósforo e de outros -fonte, gastrit e atrófic a e/ou uso de antiáci dos,
eletróli tos, como magné sio e potáss io, atribuí da resulta ndo, alguma s vezes, em anemia megalo -
ao estímu lo anaból ico intenso decorr ente da so- blástica e hiper-h omocis teinem ia 98
brecar ga calórica , que resu lta em migraç ão do As manife staçõe s clínicas da deficiê ncia po -
fósforo do leito vascula r para o meio intrace lular. dem demora r, em razão dos estoqu es hepáti-
Esta reduçã o pode ser assinto mática ou resulta r cos, e aprese ntar-se como déficits de memór ia
na chama da síndrom e da realime ntação , carac- e cogniti vos, demên cia, depres são e neurop atias.
terizad a por alteraç ões hemato lógicas , rabdo- Nos idosos, essas manife staçõe s podem ser con -
miólise aguda, insufici ência respira tória, altera- fundida s com condiç ões típicas da idade. A defi -
ções neuroló gicas e cardíac as e outras manife s- c iência crônica pode levar a quadro s neuroló gi-
tações clínicas decorr entes da queda abrupt a cos irrevers íveis. 98
das concen trações séricas de eletróli tos. 94 A análise de cianoc obalam ina pode ser fe ita
O fósforo inorgâ nico é analisa do no soro ou a partir do soro, pelo métod o de quimio lumine s-
no plasma , por espect ofotom etria ultravio leta cência, sendo necess ário jejum de, no mínimo , 4h
(UV) ou colorim etria, sendo necess ário jejum de e suspen são do consum o de bebida s alcóolic as
8h para a coleta do sangue . na vésper a do exame .

Folato Zinco
O folato, conhec ido també m como ácido fólico, O zinco destac a-se como um minera l import a nte
fo lacina ou vi tamina B9' circula no sangue princi- nas funçõe s de defesa do organis mo. Numer osos
palmen te como 5-meti l-tetra- hidrofo lato. Ba ixo estudo s têm aponta do que a deficiê ncia de zinco
consum o de alimen tos-fon te, ingestã o excess iva é freque nte em idosos. Além disso, sua etiolog ia
de álcool, reduçã o da acidez gástrica e má ab- é multifa toria l. envolv endo aspect os associa dos
sorção intestin al redu zem as concen traçõe s sé - a qualida de da dieta, integri dade intestin al, fun -
ricas de fo lato. ção absort iva, mastig ação inadeq uada, fatores
A princip al conseq uência da deficiê ncia des- anti nutricio na is na dieta e medica mentos 99.10o
ta vitamin a é a anemia megalo blástica, marcad a O adequa do funcion amento do sistem a imu-
por eritróc itos macroc íticos que sofrera m inter- nológ ico está associa do ao bom estado nutricio -
ferênci as no proces so de matura ção na medula nal do zinco, pois este atua no comba te às espé -
óssea 95 cies reati vas de o xi gênio e particip a de reaçõe s e
Taxas reduzid as de folato podem també m proces sos fisiológ icos que estimu lam a ativida de
resulta r em elevaç ão da concen tração sérica de de fagócit os, células T e natura l killers 9 9
homoc isteína (hiper- homoc isteine mia), repre-
Para a avaliaç ão do zinco, é necess ário jejum
sentan do risco de doença s ósseas, cardio- e ce - de, no mínimo , 8h. A análise é feita a partir do
rebrova sculare s. Estudo s mais recente s têm in- soro por meio da espect ofotom etria de absorç ão
vestiga do a relação entre deficiê ncia de folato e atômic a (chama ).
doença s neurod egener ativas, como Alzheim er e
câncer 96.97 Ferriti na
A análise de folato pode ser feita a partir do É reconh ecida como a princip al forma de arma -
soro, pelo métod o de quimio lumine scência , sen- zenam ento de ferro no organi smo human o, espe-
do necess ários jejum de, no mínimo , 4h e suspen - cificam ente nas células hepátic as W1 Além de ser
são do consum o de bebida s alcóolic as na véspe- útil na aval iação nutricio nal de ferro, a ferr itina
ra do exame . tem sido aponta da como elemen to import ante
r

C A PiTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM IDOSOS 53

na av aliação do risco cardiovascular e de síndro- parâmetro para a avaliação da depleção imuno -


me metaból ica Bl.l02.103 lógica. No entanto, seu uso é limitado, pois pode
No quadro de anemia ferropriva, muito co- sofrer interferência de quadros infecciosos, infla -
mum em idosos, a ferritina encontra-se reduzida. matórios, neoplásicos, alérgicos e tóxicos, entre
É importante destacar que se trata de uma p ro- outros Bl
teína de fase aguda positiva, ou seja, sua síntese As alterações plaquetá ri as geralmente não
encontra-se aumentada em processos inflama- apresentam relação direta com o estado nutri-
tórios e infecciosos, podendo, nestas situações, cional, com exceção da plaquetopenia, que pode
mascarar a presença de anemia B1.101.104 estar associada à anemia megaloblástica e à in-
A análise de ferritina sérica é feita pelo mé- gestão aguda ou crôn ica de álcool B1
todo de quimioluminescência, sendo desejáv el A coleta de sangue para a avaliação do he-
jejum de, pelo menos, 4h. mograma exige jejum de, no mínimo, 4h, deven-
do-se evitar a aplicação prolongada do tornique-
Hemograma te durante a coleta. A aná lise é feita a partir do
Por fornecer informações sobre quantidade e ca - sangue total em EDT A em ana lisado r hemato-
racterísticas de eritrócitos, leucócitos e plaque- lógico automatizado. Vale ressaltar que o taba-
tas, o hemograma é um exame útil na avali ação gismo eleva a concentração de hemoglobina, o
de anem ias, infecções, alergias, inflamações, leu- VCM e o número de hemácias e de leucócitos.
cem ias e distúrbios de coagulação B1
Na ava liação bioquímica do idoso, com fo- Tempo ou atividade de protrombina
co nas anemias carenciais, os parâmetros mais O tempo (medido em segundos), ou a ativ idade
úteis da série eritrocitária são a dosagem de he- (medida em percentual) de protrombina, tam-
moglobina e os índices hematimétricos. Estes bém conhecido como tempo de Qu ick, é utiliza-
últimos permitem avaliar o tamanho médio dos do na avaliação de coagulopa tias. Este é um pa -
eritrócitos (volume corpuscu lar médio [VCM]),
râmetro monitorado em idosos que utilizam an-
a concentração de hemoglobina neles contida
ticoagulantes e, na maioria dos casos, deseja-se
(hemoglobina corpuscu lar média [HCM] e con-
o prolongamento do tempo de coagulação para
centração de hemoglobina corpuscu lar média
a prevenção de quadros trombóticos. Outras si-
[CHCM]).81
tuações como hepatopatias e deficiência de fa-
A concentração reduzida de hemoglobina
tores do complemento e vitamina K podem pro-
é uma cond ição que caracteriza o estágio ma is
longar indesejavelmente o tempo de coagulação,
grave da depleção de ferro; quanto menor sua
aumentando os riscos de hemorrag ias 81
concentração, mais grave é o quadro. Nesta si-
Os resultados do teste também podem ser
tuação, o transporte de oxigênio para os tecidos
expressos em RNI (razão normalizada interna-
fica comprometido, afetando diretamente os
cional), o que permite melhor padronização dos
processos bioquímicos intracelulares dependen-
resultados. A RNI é derivada da razão do tempo
tes de oxigênio e resultando em sinais e sintomas
de protrombina (TP) do paciente e do tempo de
clássicos, como palidez de pele e mucosas, ton-
protrombina norma l ou de referência com o índi-
tura, fadiga, palpitações, dor de cabeça e dificul-
ce de Sensibilidade Internacional (ISI) específico
dade de concentração, entre outros.101.104
do reagente utilizado (disponív el no kit):81
A deficiência de ferro é a causa mais comum
de anemia microcítica e hipocrômica (VCM , HCM RNI = (TP paciente + TP normal)'sl
e CHCM reduzidos) por afetar diretamente a sín-
tese do grupo hem e da hemoglobina. Por sua A análise do TP é realizada por coagulome-
vez, as deficiências de folato e de vitamina 8 12 tria automatizada a partir do plasma citratado, e
são causas de anemia normocrômica e macrocí- a coleta exige jejum de, no mínimo, 4h.
tica (mega loblástica) (VCM aumentado e HCM e
CHCM normais)95 Albumina e pré-albumina
Em relação à série leucocitária, no contexto A album ina é uma proteína plasmática, produ-
da avaliação nutricional, a contagem total de lin- zida pelo fígado, com meia-vida de aproxima -
fócitos (CTL), dada pela fórmula CTL = [(% linfó- damente 20 dias, cujas funções principais são
citos x leucócitos) + 100], é bastante cita da como manutenção da pressão oncótica do p lasma e
54 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

transporte de cálcio, de ácidos graxos livres, de mite ava liar a capacidade do organismo em nor-
pigmentos (p. ex., bilirrubina) e de alguns hormô- ma lizar as concentrações d e g licose ap ós in -
nios (p. ex., aldosterona e cortisol )81 gestão de uma carga glicêmica. Para o teste, o
Idosos com d iagnóstico de desnutrição, doen- paciente deve real izar jejum de, no m ín imo, 8h,
ça hepática crônica, doença renal crônica, má manter a ingestão diária 150g de carboidratos
absorção intestinal e/ ou doenças catabólicas po- nos t rês dias que antecedem o exame, manter
dem apresentar hipoalbuminemia acompanha- atividade física normal e comunicar a presença
da ou não de sintomas, sendo os ma is co muns de infecções, medicamentos em uso e inativida-
o aparec imento de edema em graus variados e de. São realizadas d uas co letas, sendo uma em
anorma lidades no metabolismo lipídico. Condi- jejum e o utra com 120m in após a ingestão da so-
ções clínicas caracterizadas por estresse agudo brecarga de 75g de g li cose 83 ,lo7
também reduzem as con centrações plasmáticas O automonitoramento da glicemia pré-pran-
desta proteína 81.1 0S dial e pós -prandial, por meio de punção digital, fi-
Devido à meia-vida relativamente longa des- tas reagentes e glicosímetro, é importante para o
ta proteína e ao fato de sua concentração p las- acompanhamento da g licemia ao longo do dia e
mática variar em função do grau de hid rat ação a aval iação da efi cácia das cond utas terapêuticas
e função renal, a albumina não é bom indicador e da adesão do paciente d iabético ao tratamen-
do estado nutricional. Para essa finalidade, a pré- to nutri cional. O idoso e/ou seu cu idador devem
-album ina (transtiretina) é mais indicada por ser ser o ri entados com bastante c uidado sobre a
mais sensível às modificações recentes do ba lan- maneira adequada de coletar e analisar o sangue
ço proteico (meia-vida de 2 a 3 dias). Ela permite capila r, bem como acerca das informações que
monitorar a efetividade do suporte nutricional, precisarão ser registradas para t ornar a ava liação
desde que combinada com a dosagem de pro- mais precisa e co nfiável. s3 ,107
t eína C-reati va, po is a pré-albumina é uma pro- A análise da glicemia de jej um o u do TTOG
teína plasmática de fase aguda negativa, ou seja, é feita a partir do soro ou do plasma fluoretado
seu nível pode estar reduzido na presença de um pelo método enzimático.
processo inflamatório. ,o6
A pré-albumina é dosada no soro por meio Insulina
do método de nefelometria, a partir de amostra O principal interesse nutricional na dosagem de
de sangue coletada em jejum de, no mínimo, 4h. insulina é a avaliação da resistência à insulina
(R I), um quadro muito prevalente na população
Glicemia de jejum e teste de tolerância mundial, principalmente em idosos e naqueles
oral à glicose com obesidade abdominal. Além do quadro de
A avaliação periódica da glicemia é fundamen- resistência, os idosos também podem apresentar
ta i em idosos pela maior prev alência de diabetes redução da síntese da insulina atribuída à disfun-
melito. Em virtude do caráter silencioso da doen- ção das célu las betapancreáticas em decorrência
ça, os sintomas podem aparecer apenas quando do processo de envelhecimento mS
as concentrações glicêmicas já estão bastante Essas alterações na produção e/ou ação da
elevadas e/ou acompanhadas de complicações insulina desencadeiam a hiperglicemia e, conse-
decorrentes da hiperglicemia, principalmente re- quentemente, o diabetes melito. Além do t rata -
t inopatia. ,o7 mento medicamentoso, a adesão à terapia nutri -
A glicem ia de jejum é avaliada após jejum de, cional e à prática de exercícios físicos , com redu-
pelo menos, 8h e, no máximo, 12h. Quanto maio- ção do perímetro da cintura, prom ove melhora
res suas co ncentrações plasmáticas, maior a das concentrações glicêmicas e da sensibilidade
chance de detectar na anamnese sintomas como à insulina.,o7
poliúria, polidipsia e perda de peso não explica- Por meio da insulina e da g licemia de jejum,
da . Na anamnese dos idosos, deve-se investigar é possível avaliar a RI com o método Homeosta-
o uso de d iuréti cos tiazídicos, pois podem cau - sis Model Assessment ( HOMA-IR), dado p ela se -
sa r hiperglicemia e reduzir a tolerância à glicose, guinte fórmu la:107
principalmente em diabéticos. 107
O teste de to lerância oral à glicose ( TT OG),
HOMA-IR =[(Glicemia em mg/dL 718) x
co nhecido também co m o cu rva glicêmica, per- Insulina (/olU/mL)] 722,5

- - - - -- - - - -
-----~----------------------------------------------------------------------------

CAPiTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM I DOSOS 55

o diagnóstico de RI é positivo quando HO- Os triglicerídios (TG) são dosados a partir da


MA-IR é maior que 4,65 ou quando HOMA-IR é sua concentração nas partícu las de lipoproteína
maior que 3,6 combinado com IMC >27,5kg/ m'.107 de muito baixa densidade (VLDL), lipoproteí-
A análise de insu li na é feita a partir do soro na de densidade intermediária (IDL) e qui lomí-
pelo método de quimioluminescência, sendo de- crons HO
sejá vel coleta do sangue em jejum de, pelo me- Nas hipertrigl iceridemias graves (TG
nos,8h. >400mg/ dL), recomenda-se o uso do co leste-
rol não HDL para avaliar o risco de aterosclerose
Hemoglobina glicada porque esse parâmetro, nesta situação específi-
A hemoglobina glicada (HbA1c) é utilizada como ca, permite quantifica r melhor as lipoproteínas
indicador de hiperglicemia crônica nos últimos 2 aterogênicas circulantes no plasma Ho
a 4 meses e, a partir dos resultados, é possível Para a dosagem dos lipídios séricos, reco-
obter a g licemia média estimada (GME) do pa - menda-se ao idoso, nas duas semanas que ante-
ciente por meio da seguinte fórmula: 107 cedem o teste, manter a al imentação habitual e
o peso estável. Mudanças metabólicas nesse pe-
GME =28,7 x HbA1c - 46,7 ríodo podem interferir nos resultados do exame
Valores elevados de HbA1c associam-se d ire- e, portanto, devem ser investigadas. O consumo
tamente a complicações crônicas como retino- de bebidas alcoólicas deve ser evitado três dias
patia, nefropatia e neuropatia e elevam o risco antes da co leta de sangue H O
cardiovascular do paciente.lO? O lipidograma deve ser realizado em jejum
Idosos já com diagnóstico de diabetes e em de 12 a 14h, com o paciente sentado há, pelo me-
tratamento estável da doença devem realizar a nos, 10min. A análise de CT e HDL é realizada a
partir do soro pelo método enzimático.
dosagem deste parâmetro bioquímico a cada
A VLDL é obtida a partir da concentração
seis meses. Para aqueles que t iveram alterações
de TG, quando estes se encontram abaixo de
na conduta dietoterápica ou que não estão al-
400mg/dL, por meio da seguinte fórmula:
cançando os objetivos do tratamento, recomen-
da-se que a avaliação ocorra a cada três meses.lO? VLDL = TG (mg/dL) x 0,2
Para a aná lise da HbA1c, a coleta de sangue
do idoso não precisa ser em jejum. O sangue de- A fração LDL é avaliada pela fórmula de Frie-
ve ser colocado em tubo contendo anticoagu lan - dewald:

te (EDT A ou heparina) e analisado, preferencial - LDL = CT - (H DL + VLDL)


mente, por HPLC ou pelos métodos de imunoen-
saio turbidimétrico, eletroforese e croma t ografia Ureia
de troca iônica e enzimática. 109 A ureia é uma substância produzida no fígado,
derivada do metabolismo intermediário de pro-
Lipidograma teínas, responsável pela excreção de amônia do
Classicamente, a dosagem de colesterol total organ ismo por meio da filtração glomerular. Faz
(CT) e suas frações é utili zada na avaliação do parte dos métodos laboratoriais utilizados na
risco cardiovascular. Concentrações reduzidas avaliação da função renal. No entanto, sua con -
de li poproteína de alta densidade (HDL) e ele- fiabilidade é afetada por outros fatores interfe-
vadas de lipoproteína de baixa densidade (LDL) rentes, como doenças hepáticas, dieta hiper-
e colesterol total não HDL são fatores predis- proteica, depleção de volume intravascular por
ponentes a aterosclerose e, conseq uentemente, desidratação ou uso de diuréticos tiazídicos, si -
doenças cardiovasculares, como infarto agudo tuações muito comuns em idosos81
do miocárdio, acidente vascula r encefálico e É dosada no soro ou no p lasma pelo método
doença arterial periférica Ho enzimático, não sendo necessário jejum.
Além de perm itir a avali ação do risco cardio -
vascu lar em idosos, a concentração de coleste- Creatinina
ro l sérico tem sido utilizada como marcadora da A creatinina também é utilizada na avaliação da
desnutrição quando inferior a 100mg/ dL em pa- função renal e, contrariamente à ureia, suas con -
cientes com doença renal aguda e crônica m centrações sofrem pouca interferência da dieta.
56 ABORDA GEM NUTRICI ONAL NO ENVELH ECIMENT O

É uma substâ ncia derivad a do metab olismo da


creatin a e da fosfocr eatina no múscu lo, e suas Avali ação nutric ional subje tiva
co ncentr ações relac ionam- se diretam ente com a
A Miniav aliação Nutrici onal (MAN®) é um métod o
quantidade de massa muscu lar do indivíduo, que,
de screen ing e de avaliaç ão do estado nutric ional
por sua vez, é influen ciada por fa t ores como se-
de idosos q ue inclui compo nentes subjeti vos e
xo, etnia, idade e nível de ati vidade fís ica B1 .83
objetiv os. Alé m de aprese ntar custo muito baixo,
A fu nção renal deve ser ava liada em idosos,
não só por causa do seu compr ometim ento pro- é simples , de fáci l aplicaç ão e não invasiv o, per-
gressiv o com a idade, mas especi alment e pe- mitind o identifi car idosos em risco nutric ional o u
lo fato de esse grupo etá rio aprese ntar elevad a com desnutrição.112
prevalê ncia de diabete s melito e hiperte nsão ar- A MAN® fo i desenv olvida a partir de um pro-
terial. Qua ndo ocorre reduçã o da taxa de filt ra - jeto conjun to entre o Centro de Pesq uisa Nestlé
ção g lomeru lar, espera -se um aumen to da con - (Su íça), o Centro de Medici na Interna e de Ge-
centra ção sérica de creati nina, que, em idosos, rontolo gia Clínica de Toul ouse (Franç a) e a Uni-
pode estar masca rada pela perda de massa mus- vers idade do Novo México (EUA) . A va lidação
cu lar e por dieta hipopr oteica B1 fo i real izad a em uma popula ção d e m ais de 600
Diante desta limitaç ão, recome nda -se es- idosos, com idad e entre 65 a 90 anos, a partir de
timar a depura ção da creatin ina por meio de dois critério s diag nóst icos: ll2
equaçõ es, sendo a mais utili zada a de Cockc roft- • Avaliaç ão clínica de forma indepe ndente por
-Gault, embor a não va lidada em idosos: dois médico s treinados.
• Ava liação nutricio nal compo sta por m ed idas
140-ida de (anos) x peso (kg)
Ccr(e) = - - - -- - - - - - - antrop ométric as, avali ação dietétic a e dosa-
72 x Scr (x 0,85, se mulher ) gem de ma rcador es bioquím icos do estado
Em que: nutricio nal.
Ccr(e) : estima tiva da depura ção de creatini na
(m L/m in/ l,73m2). Trata-s e d e um métod o com sensib ilidade de
Scr: creatin ina sérica (mg/dL ). 96% e especificidad e de 98%. Confo rme a pon-
tuação obtida ao final da aplicaç ão do questio -
Para o exame , necess ita -se de jejum de 4h, e nário, é possíve l classifi car o idoso em uma das
a creatin ina é avaliad a no soro pelo métod o ci - seguin tes catego rias: ll3
nético. • Estado nutricio nal normal .
• Sob risco de desnut rição.
Consi deraçõ es finais sobre a avalia ção • Desnu trido.
bioqu ímica
Os va lores de referên cia dos parâm etros bio- Para fins de triagem , pode-s e utilizar a ver-
químic os estão descrit os na Tabela 3.33. Esses são reduzid a da MAN®, compo sta pelas seis pri -
va lo res podem aprese ntar variaçõ es em função meiras questõ es (A a F). Caso a pontua ção final
do t ipo e das cond ições de análise do materia l resulte em risco de desnu trição ou desnut ri -
co letado, de modo que as metas ou os alvos te- ção, recom enda-s e comp letar a aplicaç ão das
rapêut icos podem se alterar em decorr ência do 18 questõ es para maior precisã o diagnó stica" 4
quadro clín ico e/ou dos ri scos do pacien te. (Tabel a 334).
.

CAPiTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM IDOSOS 57

TABELA 3.33 Valores de referência dos parâmetros bioquímicos de interesse na avaliaçâo nutricional do idoso

EXAME BIOQuíMICO VALOR DE REFERÊNCIA


Ácido úrico sérico • Homens: >7mg/dL: alto
• Mulheres: >6mg/dL: alto
25-hidroxivitamina D • <20ng/mL: deficiência
• 20 a 30ng/mL: insuficiência
• >30ng/mL: normal
Cálcio iônico sérico • 1,1 a 1,35mmo1/L ou 4,4 a 5,4mg/dL
Fósforo sérico • Homens: 2,4 a 4,6mg/dL
• Mulheres: 2,3 a 4,3mg/dL
Tempo de protrombina • Tempo de protrombina: 10 a 14s
• Atividade (%): 70% a 100%
• RNI:
• 1 a 1,08 em pessoas sadias
• 2 a 3,5 em pacientes em uso de anticoagulantes orais
Colesterol total • <200mg/dL: desejável
• 200 a 239mg/dL: limítrofe
• ~240mg/dL: alto
Colesterol não HDL • <130mg/dL: ótimo
• 130 a 159mg/dL: desejável
• 160 a 189mg/dL: alto
• ~190mg/dL: muito alto
LDL-C • <100mg/dL: ótimo
• 100 a 129mg/dL: desejável
• 130 a 159mg/dL: limítrofe
• 160 a 189mg/dL: alto
• ~190mg/dL: muito alto

HDL-C • >60mg/dL: desejável


• <40mg/dL: baixo
Triglicerídios • <150mg/dL: desejável
• 150 a 199mg/dL: limítrofe
• 200 a 499mg/dL: alto
• ~500mg/dL: muito alto
Creatinina sérica 0,6 a 1,3mg/dL
Ureia sérica 10 a 45mg/dL
Glicemia de jejum • <100mg/dL: normal
• ~100 e <126mg/dL: tolerância à glicose diminuída
• ~126mg/dL: diabetes melito
Hemoglobina glicada • <6,5%: desejável
• ~6,5 %: diabetes melito
Insulina sé rica de jejum 2,5 a 25mU!L
Teste de tolerância oral à glicose • <140mg/dL: normal
• ~140 e < 200mg/dL: tolerância à glicose diminuída
• ~200mg/dL: diabetes melito
Hemácias • Homens: 4,5 a 5,5 x 106 /mm 3
• Mulheres: 3,8 a 5 x 106/mm 3
Hematócrito • Homens: 36% a 52%
• Mulheres: 35% a 45%
Hemoglobina Classificação Mulheres Homens
Normal ~12g/dL ~13g/dL
Anemia leve 11 a 11,9g/dL 10 a 12,9g/dL
Anemia moderada 8 a 10,9g/dL 8 a 10,9g/dL
Anemia grave <8g/dL <8g/dL
(continua)
58 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

TABELA 3.33 Valores de referên cia dos parâme tros


bioquím icos de interesse na avaliação nutricio nal do idoso
(contin uação)

EXAME BIOQuí MICO VALOR DE REFERÊ NCIA


VCM (Ht/nº hem) 80 a 95fl
HCM (Hb/nº hem.) 27 a 34pg
CHCM (Hb/Ht ) 30% a 35%
Leucóc itos totais 4.000 a 10.000 /mm3
Linfócit os 1.500 a 4.000/ mm 3 (20% a 40%)
Neutróf ilos 1.8000 a 7.000/ mm 3 (45% a 70%)
Basófilos 10 a 50/mm 3 (0% a 1%)
Eosinófilos 50 a 300/m m 3 (1% a 3%)
Monóci tos 100 a 700/m m 3 (3% a 7%)
Plaquetas 150.00 0 a 45000 0/mm 3
Contag em total de linfócito s • Depleção leve: 1.200 a 2.000 células /mm 3
• Depleção moderada: 800 a 1.199 células /mm 3
• Depleção grave: <800 células /mm 3
Albumi na sérica • 3,5 a 5g/dL: normal
• 3 a 3,5g/dL: depleçã o leve
• 2,4 a 2,9g/dL : depleçã o modera da
• <2,4g/d L: depleçã o grave
Pré-albumina • <5mg/dL: depleçã o grave
• 5 a 10,9mg/dL: depleçã o modera da
• 11 a 14,9mg/dL: depleçã o leve
• 15 a 35mg/d L: normal
Cianocobalamina sé rica • <203pg /mL: deficiên cia
Ferritin a sé rica • Homem: 20 a 300Jhg/mL
• Mulher: 15 a 120Jhg/mL
Folato sérico • <4ng/mL: carência
• ;::4ng/mL: normal
Zinco sérico 70 a 120Jhg/dL
TFG reduzida <60mL /mg/1.7 3m'
RNI: ra zão normalizada internacional: HDL: lipoprote ina de
alta densidade: LDL: lipoprote ina de baixa densidade; Hb:
hematóc rito; VCM: volume corpuscular médio; HCM: hemoglob hemoglobina: Ht:
ina corpuscular média; CHCHM: concentr ação de hemoglob
média; TFG: taxa de filtração glomerular. ina corpuscular

TABELA 3.34 Miniava liação Nutricio nal'"

TRIAGE M
A. Nos últimos três meses, houve diminuição da ingestão alimen
tar devido a perda de Pontuação
apetite, "roblemas digestivos ou dificuldade para mastigar
ou deglutir?
O: Diminu ição grave da ingestã o
1: Diminu ição modera da da ingestão
2: Sem diminui ção da ingestã o
B. Perda de peso nos últimos três meses:
O: Superio r a três quilos ~.--------~----~--~~~----~

1: Não sabe informa r


2: Entre um e três quilos
3: Sem perda de peso
C. Mobilidade:
Pontuação
O: Restrito ao leito ou à cadeira de rodas
1: Deambula. mas não é capaz de sair de casa
2: Norma l
C APiTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM 100505 59

TRIAGEM
D. Passou por estresse psicológico ou doença aguda nos últimos três meses?
O: Sim
_-----
.....
2: Não
Pontuação
O: Demência ou depressão grave
1: Demência ligeira

O:
1: 19 $ IHC <21
2: 21 $ IHC <23
3: IHC~23

Se o cálculo do IHC não for possível, substituir a questão F1 pela F2. Não preencher a questão F2 se a
questão F1 já tiver sido completada.
F2. Perímetro da panturrilha (PP): Pontuação
O: PP <31cm
3: PP ~3lcm
Pontuação da triagem (máximo de 74 pontos) - subtotal
Diagnóstico nutricional por meio da triagem _ _ _~_ _ _-::--::-~____ Marque X
12 a 14 pontos: Estado nutricional normal
8 a 11 pontos: Sob risco de desnutrição
O a 7 pontos: Desnutrido
Se a pontuação da triagem for inferior a 12, prosseguir com as perguntas G a R para uma avaliação mais
detalhada
Avaliação Global
G. O paciente vive na sua pr,,;;
ó&.;.;,,;;,.;=~:.=
1: Sim
O: Não
Pontuação
O: Sim
1: Não
I. Tem lesões de pele ou escaras? Pontuação
O: Sim
1: Não
J. Quantas refeições o paciente faz por dia? Pontuação
O: Uma refeição
1: Duas refeições
2: Três refeições
K. O paciente consome: Pontuação
• Pelo menos uma porção diária de leite ou derivados? ()S()N
• Duas ou mais porções semanais de leguminosas ou ovos? ()S()N
• Carne, peixe ou aves todos os dias? ()S()N
O: Nenhuma ou uma resposta «sim»
0,5: Duas respostas «sim»
1: Três respostas «sim»
(continua)
60 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

TABELA 3 .34 Miniava liação Nu t ric ional® (continuação)


TRIAGEM

L. O paciente consome duas ou mais porções diárias de fruta ou produtos hortícolas?


O: Não
1: Sim
M. Quantos copos de IíÇluidos (água, sumo, café, chá, leite o paciente consome por dia?
O: Menos de três copos
0.5: Três a cinco copos
1: Mais de cinco copos
N. Modo de se alimentar:
O: Não é capaz de se alimentar sozinho
1: Alimenta-se sozinho. porém com dificuldade
2: Alimenta -se sozinho, sem dificuldade
O. O paciente acredita ter algum problema nutricional? Pontuação
O: Acredita estar desnutrido
1: Não sabe dizer
2: Acredita não ter um problema nutricional
--~~--~--~----~----~~~--~~
P. Em comparação a outras pessoas da mesma idade, como o paciente considera sua Pontuação
ró ria saúde?
O: Pior
0,5: Não sabe
1: Igual
2: Melhor
Q. Perímetro braÇluial, em cm: Pontuação
0= PB <21
0,5 = 21 ~ PB ~22

1= PB >22

~R~.~p~e~r~ím
~e~tr~o_d~a~p~a~
nt~u~r~ri~lh~a~(p~p~)~e~m~cm
~:__~~~~==~~====================~~pontuação
0= PP <31
1 = PP ~31

Pontuação da Avaliação Global (máximo de 76 pontos) - sub to tal


Avalia ão do nutricional por meio da pontuação total (máximo de 30 pontos) MarQue X
24 a 30 pontos: Estado nutricional normal
17 a 23,5 pontos: Sob risco de desnutrição
<17 pontos: Desnutrido
Fonte: Rubenstein et aI., 2001. 114

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64 ABORDA GEM NUTRICI ONAL NO ENVELH ECIMENT O

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CAPiTULO 4
Conduta Nutricional nas
Doenças Comuns em Idosos

Fabiane Aparecida Canaan Rezende


Maria Sônia Lopes Duarte
Laís Monteiro Rodrigues Loureiro
Eliana Carla Gomes de Souza

f requentemente res identes de casas de repou-


Osteoporose so em comparação à população idosa em geral 8
Além d isso, essas fraturas levam a ma ior ri sco de
A osteoporose é uma doença predominante em
infecções, podendo resultar em morte prematu-
idosos e sua prevalência aumenta com a idade.
ra. Cerca de 24% dos adultos acima de 50 anos
Consiste em uma condição mu ltifatorial do es -
de idade que têm fratura do quadril morrem den-
queleto na qua l a resistênc ia óssea está reduzi-
t ro de um ano após a f ratura, e as taxas de mor-
da o sufic iente para que ocorra fratura mesmo
ta li dade são maiores para os homens em re lação
nos traumatismos menores.' -S É o distúrbio ós -
às mulheres 9
seo mais prevalente no mundo e caracteriza-se
A osteoporose na coluna vertebra l leva a
por perda de massa óssea que leva a enfraque-
uma redução da altura, que pode ser dolorosa
cimento e porosidade do tecido ósseo, afetando
e deformar a postura 4 Nas fases iniciais, a os-
uma em cada três mu lheres e um em cada cinco teoporose pode ser uma doença si lenciosa, ou
homens 4 Após os 50 anos de idade, o risco de seja, a pessoa pode não ter consciência da con -
fraturas é de 40% nas mulheres e 15% nos ho- d ição até que ocorra uma fratura.
mens, as quais são ocas ionadas por mudanças O osso sofre um processo contínuo de for-
estruturais que induzem menor habilidade para mação e reabsorção, de modo que cerca de 10%
suportar peso. 3 do esqueleto adu lto é remode lado a cada ano.
O perfil etário varia para as diferentes fratu- A perda óssea é resu ltado de um desequ ilíbrio
ras, com maior incidência de fraturas vertebrais nas taxas de formação e reabsorção . O esque -
e do quadril, que são muito dolorosas e debili- leto humano é composto por aproximadamente
tantes, conforme o aumento da idade 6 - 7 A in- 80% de osso cort ical e 20% de osso trabecular, o
cidência de fraturas do quadril é a que mais se qual é mais metabolicamente ativo, e as fraturas
associa à morbimorta li dade, elevando-se expo - osteoporóticas tendem a ocorrer em locais com
nencialmente até cerca de 84 anos de idade, mais de 50% de osso trabecu lar. A perda óssea
de modo que, após esse período, o aumento é leva a afinamento e, às vezes, perfuração das pla -
ma is lento'> Esse tipo de fratura acomete mais cas trabeculares. 3
66 A BORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

Fatores de risco para osteoporose Tabagismo e uso excessivo de álcool e cafeína


Os fato res de r isco para osteoporose classifica- O tabagismo é conhecido por diminui r a densida-
dos como não modificáveis são idade, sexo, ge- de óssea pelo seu efei to na produção de estrogê-
nética e história familiar. Já os modificáveis são nio e na inibição dos osteoblastos pela nicotina.
tabagismo, uso excessivo de álcool e cafeína, nu - O uso crônico de álcool também resulta em
trição e prática de atividades fís icas. perda da dens idade óssea atribuída, possivel -
mente, ao efeito direto sobre osteoblastos, à di-
Envelhecimento minuição nos níve is de osteoca lc ina nos estágios
O envelhecimento é um fator de risco para osteo- iniciais, às mudanças histomorfométricas em eta-
porose porque, conforme a idade aumenta, a den- pas posteriores, ao aumento da reabsorção e às
sidade óssea declina, já que ocorrem mudanças concentrações séricas diminuídas de v itam ina D
hormonais. A perda óssea é em torno de 0,3% a e seus metabólitos."-1 3
0,5% por ano, após os 30 anos de idade. Na meno- O excesso de cafeína re laciona -se com per-
pausa, o nível de estrogênio reduz-se culm inando da da densidade óssea por au m entar a elimina-
com uma perda óssea de 3% ao ano durante os ção de cá lcio na urina. As pessoas mais jovens
primeiros cinco anos de menopausa. O estrogênio podem compensar essa perda pelo aumento da
e a testosterona limitam a atividade dos ost eo- absorção intestinal, poré m os idosos costu mam
clastos. Atividades físicas e capacidade de meta- ter dificuldade em realizar essa compe nsação.
bolizar v itamina D reduzidas em idosos aceleram a Em geral, as mulheres não sofrem o efeito de-
perda óssea relacionada com a queda hormonal.'o letério da cafeína se ela for consum ida com mo-
deração. '4 .IS
Sexo feminino e genética e história familiar
As mulheres estão ma is predispostas a te rem Fatores nutricionais
osteoporose, porque apresentam menor densi- A dieta rica em frutas e vegetais associa-se a au-
dade m ineral óssea em re lação aos homens. As mento da massa óssea, pois estes são fontes de
mudanças hormonais que ocorrem nas mulheres nutrient es essencia is para a formação óssea, co-
têm um efeito mais acentuado na perda óssea mo magnésio, vitaminas C e K'6
do que as verificadas nos homens; em geral, as O efeito do elevado consumo de proteínas
mulheres vivem mais do que os homens, o que na saúde óssea é controverso. Contudo, já é es-
aumenta a probabilidade de acometimento pela tabelecido que a d ieta hiperproteica aumenta a
osteoporose. O risco de desenvolver osteoporo - perda de cálcio. Vale salientar que uma alimen -
se pelas mulheres pode ser atenuado por meio tação pobre em proteínas também se relacio-
de reposição hormonal, quando apropriado'o na com perda óssea, de modo que precisa ser
A pressão socia l sofrida pelas mulheres pa- considerada uma ingestão proteica adequada no
ra manter um corpo magro também têm impac- planejamento al imentar. O perfil de aminoácidos
to na incidência. Dietas radica is, principalmente específicos, especia lmente dos que contêm en -
na adolescência, quando a massa óssea está em xofre, determ ina o efeito calciurético da proteína.
desenvolvimento, podem ser muito prejudiciais. O sulfato gerado a partir do metabolismo destes
Nas meninas, a perda de peso excessiva causa aminoácidos, ma is presentes nas carnes, aumen-
uma redução no nível de estrogênio, ocorrendo ta a acidez urinária, levando a maior perda de
comprometimento na formação óssea. Em con- cálcio na urina. '7 Ressalta -se que proteínas puri -
trapartida, a sociedade impõe aos homens um ficadas têm efeito mais significativo na excreção
ganho de massa muscu lar, o que resulta em au- renal de cálcio.
mento da densidade óssea. IO O sódio também aumenta a excreção renal
A história familiar de osteroporose também de cálcio; contudo, não existe evidência de que
aumenta o risco de desenvol v imento deste dis- o consumo excessivo se associa à osteoporose.
túrbio. Mulheres caucas ianas com ba ixo peso O sódio aumenta a perda urinária de cálcio, pois
corporal , que têm parentes de primeiro grau ambos compartilham alguns dos mesmos sis -
com osteoporose, apresentam risco mais ele - temas de transporte no túbulo proximal, send o
vado . Mu lheres asiáticas t ambém evidenciam que, a cada 2.300mg de sódio excretados pelo
maior risco em comparação a outros grupos rim, 40 a 60mg de cá lcio também são carreados
não brancos. 'o para excreção. '8

_ _ _ _ _ _ _ _ _.
..
L
-
~
------------------------------- -------------------------------------------------------------------------

CAPíTULO 4 CONDUTA N UTR ICIONAL NAS DOENÇAS COMUNS EM IDOSOS 67

Prática de atividades físicas adesão a essa orientação é baixa. O le ite e seus


As atividades físicas regulares protegem con- derivados fornecem cerca de 70% do cá lci o ali-
tra a perda óssea e a osteroporose.'- 4 Durante o mentar. Deve-se considerar o conteúdo de fa -
exercício, os músculos contraem-se e movimen - tores anti nutricionais que diminuem a absorção
tam o osso; esse estresse gerado é uma forma de cá lcio, tais como fitato e oxalato. Em geral. a
saudável de estimular o aumento da densidade absorção de cálcio é inversamente proporc ional
óssea. 10 Contudo, o fornecimento dos nutrientes ao teor de ácido oxá li co dos al imentos. Assim, a
para a formação da massa óssea deve ocorrer biodisponibilidade de cálcio é baixa em espinafre
de modo adequado para que a atividade física e ruibarbo, intermediária em batata -doce e alta
seja benéfica. O tre inamento físico leva a aumen - em brócolis e couve. Uma exceção a essa regra
to da massa e força musculares, e a combinação é a soja, que é r ica em oxalato e fitato; no en -
da ingestão adequada de proteínas e exercícios tanto, os produtos de soja têm relativamente alta
físicos resulta em maior grau de acréscimo de biodisponib il idade de cálcio. O cálcio absorvível
proteína muscular do que qualquer intervenção em d iversos alimentos, em comparação ao leite,
isolada. Do mesmo modo, a ingestão adequada é mostrado na Tabela 4.1.22
de proteínas e os exercícios de resistência são Além do cálcio e da v itamina D, outros nu-
fatores que contribuem para a manutenção da trientes influenciam na saúde óssea, como pro-
res istência óssea4.l7.l9-2l teínas (a relação entre proteína vegetal e pro-
teína animal), potáss io e sódio. As proteínas e
Abordagem nutricional na osteoporose o sódio devem ser ingeridos de acordo com as
A ingestão adequada de cálcio é necessária co - recomendações, pois uma alta ingestão pode le-
mo uma das medidas terapêuticas na osteoporo- var a ma ior perda de cálcio na urina, sendo que
se. Em associação à ingestão de cálcio, recomen- esta eliminação aumenta quando a proteína é de
dam -se exposição solar diariamente por 20min, origem an imal e/ou purificada. Em re lação ao
sem filtro solar, e prática regular de atividades potássio e ao magnésio, eles produzem uma alta
fís icas. 1-4 carga alcalina renal que retarda a reabsorção ós -
A ingestão de cálcio pelos idosos pode ser sea e dim inui as perdas de cálcio na urina H
marginal, pois eles tendem a omitir leites e de- A dieta do idoso deve ser bem planejada, le-
rivados da alimentação em virtude do conteú- vando em consideração os seguintes fatores:
do de lactose e, também, do teor de gorduras • Recomenda-se o consumo de alimentos que
desses alimentos. Apesar da indicação de leites sejam fontes de cálcio, como leite e deriva-
e derivados desnatados para essa faixa etária, a dos e vegetais verde-escuros. Quando houver

TABELA 4 .1 Cálcio absorvível em diversos alimentos, em comparação ao leite

ALIMENTO PORÇÃO (g) CONTEÚDO ABSORÇÃO (%) CÁLCIO NÚMERO DE PORÇÕES


DE CÁLCIO ABSORVíVEL NECESSÁRIAS PARA
(mg) (mg) IGUALAR A 240ml DE
lEITE

Leite 240 300 32,1 96,3 1,0


Feijão-vermelho 172 40,5 24.4 9,9 9,7
Repolho-chinês 85 79 53,8 42,5 2,3
Brócolis 71 35 61,3 21,5 4,5
Queijo cheddar 42 303 32,1 97,2 1,0
Couve-chinesa 85 239 39,6 94,7 1,0
Espinafre 85 115 5,1 5,9 16,3
Batata-doce 164 44 22,2 9,8 9,8
Ruibarbo 120 174 8,54 10,1 9,5
Tofu com cálcio 126 258 31 80 1,2
Iogurte 40 300 32,1 96,3 1,0
Fonte: Weaver et aI., 1999. 22
68 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

intolerância à lactose, pode-se ingerir leite des- Os idosos sofrem mais rapidamente as con-
lactosado, leite hidrolisado ou extrato hidros- sequências da anemia, e os sinais clássicos de
solú vel de soja fortificado com carbonato de pa lidez cutâneo-mucosa, taquicardia e dispneia
cálcio. Alimentos fortificados, como sucos de poderão ser mascarados pelas próprias caracte-
frutas contendo malato e citrato de cálcio, são rísticas do envelheciment0 29 .3o
boas fontes de cálcio altamente biodisponível; A anemia pode ser causada: 20 ,31
extrato (leite) de arroz e cereais podem con- • Por deficiência de ferro: ocorre por el imina-
tribuir com quantidades significativas de cálcio ção de ferro, sendo mais f requente e associada
na alimentação. normalmente à perda de sangue em distúrbios
• Deve-se ingerir hortaliças v erde-e scuras com gastrintestinais, urinários ou ginecológicos.
baixo teor de oxalato (p. ex., brócolis, couve- Também pode ocorrer má absorção de ferro
chinesa e couve) Uma prática cul inária que atribuída à redução da acidez estomacal. por
pode promover a redução de ácido oxálico utilização de antiácidos ou redução da secre-
nos alimentos é a fervura segu ida do descarte ção de ácido clorídrico.
da água. • Por deficiência de vitamina 8'2: esse tipo de
• O consumo de cafeína deve ser limitado a uma anem ia representa apenas 1% a 2% dos casos
quantidade igualou menor que duas xícaras de anemia em idosos e é a única anemia nutri-
de café ou quatro xícaras de chá por dia.'s ciona l com predileção para esse grupo, resul-
• Em relação aos refrigerantes, apesar de não tando frequentemente da redução na produ-
serem consumidos hab itualmente por idosos, ção do fator intrínseco.
alerta -se para o fato de que eles possuem alto • Por deficiência de folato: é a única anemia nu-
teor de fosfato, o que reduz a absorção intesti- tricional geralmente causada por baixa inges-
nal. aumenta a reabsorção óssea e a excreção tão deste nutrient e e quase desapareceu nos
rena l de cálcio. Dessa maneira, o consumo de países em que os alimentos são fortificados
refrigerantes deve ser ev itado. com ácido fól ico. Va le ressa ltar que a deficiên-
cia de fo lato pode ocorrer também em razão
do consumo excessivo de álcool. Os níveis de
Anemia ácido fólico são frequentemente ba ixos em
idosos.
A anem ia nutricional. de acordo com a Organiza- • Por deficiência de cobre: gera lmente resulta
ção Mundial da Saúde (OMS).23 é um estado no de d istúrbios de má absorção ou do excesso
qua l a concentração de hemoglobina no sangue de zinco, pela competição na absorção, sendo
encontra-se abaixo do valor considerado norma l cada vez mais reconhecida.
para idade, sexo, estado fis iológico e altitude, co- • Por associação a inflamação e neoplasias: ma-
mo consequência da fa lta de nutrientes essen - nifesta -se pela inibição do efeito da eritropoe-
ciais. É comum em idosos, com preva lência de tina em precu rsores de hemácias ou pelo blo-
aproximadamente 10% em homens e mulheres queio de ferro nas células de macrófagos ou,
com 65 anos de idade ou mais e de 20% a 35% ainda, por uma redução do tempo de vida dos
naqueles com idade superior a 85 anos de idade. eritrócitos.
De acordo com a OMS,23 em países em desenvol- • Por insuficiência renal: ocorre pela dim inuição
vimento, a prevalênc ia de anemia na população do estímulo para a produção de eritrócitos.
com mais de 60 anos de idade é de 40% a 50%, • Por motivos desconhecidos: pode ser atribuí-
bem superior aos valores encontrados em paí- da à frequência de anomalias cromossômicas
ses desenvolvidos, que oscilam entre 10% a 15%. encontradas em pessoas mais ve lhas.
Os estudos têm consistentemente demonstrado
uma associação entre anemia na população ido- A deficiência de ferro em idosos é determi-
sa e diminuição do desempenho físico e da força, nada pela concentração de hemog lobina sérica.
menor mobilidade, comprometimento das ativi- A medida de ferritina sérica pode fornecer ade-
dades cotidianas, aumento da fragilidade, redu - quação diagnóstica, mas se eleva em presença
ção da função cogn itiva e aumento da mortali - de inflamação, situação frequente na população
dade 24 -28 idosa. 20 ,24 ,25,32,33
l CAPiTULO 4 C ONDUTA N UTRICIO N A L NAS DOEN ÇA S C O MUNS EM I DOSOS 69

A abordagem nutriciona l no combate à ane - ta ngerina, kiw i, caju e morango, entre outros)
mia ferropriva deve-se basear na modificação é importante. A vitamina e mantém o ferro
dos hábitos al imentares: não heme no estado ferroso e fo rma quelato
• Inclusão de alimentos que são fontes de fer- fe rro-ascorbato, que é mais so lúvel, portanto
ro: carnes vermelhas magras e v ísceras (no pronto pa ra ser absorvido.
mínimo, uma vez por semana) e veget ais ver- • Uso de alimentos fort ificados com ferro.
de-escuros com t écn ica de preparo específica • Suplementação co m sa is de ferro.
para aj ustar a textura adequada a esta popu -
lação; q uando coz idos e refogados, estes últi- Pa ra idosos em uso de sup lementos de ferro,
mos são ma is bem to lerados. Os vegetais de- podem ocorrer efeitos adversos como náuseas,
vem ter baixo teo r de ácido oxá lico e de fitato vômitos, d ispepsia, constipação intestinal, diar-
para aumenta r a biodisponibilidade do ferro in- reia ou fezes escuras. As estratég ias para min imi-
gerido. As Tabelas 4.2 e 4.3 apresentam os ali- zar esses efeitos são: iniciar com uma dose bai -
mentos com alto t eor desses compostos, res - xa e aumentar gradua lmente em q uatro a cinco
pectivame nte. Dessa ma neira, eles devem ser d ias, ad mi nistrando doses d ivi di das ou a menor
evitados o u cons umi dos em menores q uanti- dose eficaz, o u toma r suplem entos junto às re-
dade e frequência. feições. A absorção de ferro é aumentada se os
• Inclusão de alimentos que otimizam a ab- suplementos forem ingeridos com o estômago
sorção de ferro: a vitam ina e aumenta a ab- vazio, 1 ou 2h antes das refeições 23
sorção de ferro não heme; desse modo, a in- A absorção de fe rro pode ser d iminuída por
gestão de al imentos que são fontes desse nu- vários med ica m entos e suplementos; assim, es -
triente (abacaxi, acerola, goiaba, laranja, limão, t es devem ser administrados com intervalo de,
pelo menos, 2h. A ingestão de sucos de frutas
TABELA 4 ,2 Quantidade de ácido oxálico em alimen- cítricas, juntamente aos suplemen t os, aument a a
tos absorção de ferro.

ALIMENTO ÁCIDO OXÁLlCO (mg/l00g)


Ruibarbo 257 a 1336
Desnutrição
Espinafre 320 a 1260
Acelga 300 a 920 A OMS define desnutrição como o desequi líbrio
Chocolate 500 a 900 entre a oferta e as necessidades de nut rientes e
Café 50 a 150 ca lorias que garantem o crescimento, a manuten-
Chá (foi has) 300 a 2.000 ção e as fu nções específicas do organismo. 36 A
Chá (infusão) 10,1 a 18,5 expressão "desnutrição relacionada com a doen-
Farelo de trigo 457,4 ça" fo i proposta para refletir essa interação entre
Fonte: Ferrando, 1987." o estado nutricional e as cond ições de saúde. 37
Nos idosos, a desnutrição pode ser defini -
da como perda involuntária de peso superior a
TABELA 4 .3 Teor de fitato em porções de aliment os
10% em 6 meses, de 7,5% em 3 meses ou ma is do
(g/ porção)
q ue 5% em 1 mês e/ou índice de massa corporal
ALIMENTO PORÇÃO (g) FITATO (IMe) inferior a 20kg/m 238
(g/PORÇÃO)
As taxas de preva lência de desnut rição au-
Farelo de trigo cru 28 0,8 mentam com a idade, em decorrência de fatores
Gérmen de trigo cru 6 0,2 como diminu ição do apetite, alterações senso -
Granola 28 0,2 riais, recusa em consum ir refeições associadas a
Cereais pré -coz idos 28 0,1 diet as terapêuticas restritivas, permeabilidade al-
Pão de t rigo integ ral 28 (1 fatia) 0,1 t erada da mucosa, doença ce líaca, d iarreia crôn i-
Arroz integra l cru 25 (1/2 copo) 0,1 ca, const ipação intestinal, saúde o ral, indisponibi -
Feijões cozidos 92 (1/2 copo) 0,3 lidade de alimentos, uso de m edicamentos, inca-
Proteína texturizada 28 0,4 pacidade de alimentar-se sozinho o u com ajuda,
de soja declín io cognitivo, depressão, isolamento social e
Fonte: Harland & Oberleas, 1987 35 doenças de Parkinson e A lzheimer. ,o.39.40
70 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

A desnutrição também é uma complicação Diagnóstico


frequente em idosos com demência. Pacientes O diagnóstico de desnutrição pode ser feito por
deprimidos, com alucinações ou transtornos de meio da combinação de dois ou mais métodos,
comportamento estão mais expostos à desnutri- como antropometria e dados bioquímicos.
ção em comparação aos que apresentam apenas Na avaliação antropométrica dos idosos, é
prejuízo cognitiv0 4 1 comum a avaliação de gravidade da perda de
Muitas enfermidades crônicas, como doença peso, baixo peso segundo o IMe. reservas corpo-
renal, câncer, insuficiência cardíaca e artrite reu- rais reduzidas com base na dobra cutânea tricipi-
mato ide, apresentam inflamação como um com- tal e no perímetro de braço, especialmente quan-
ponente que aumenta o risco de desnutrição, do o peso não puder ser aferido, e no perímetro
mesmo entre os pacientes que estão com sobre- da panturrilha, que é a med ida mais sensível da
peso ou obesos. Em condições clínicas agudas,
massa muscular nessa populaçã0 48.49
como infecção grave, cirurgia, queimaduras e
Os dados bioquímicos que mais auxiliam na
sepse, os marcadores de inflamação contribuem
monitoração da resposta à terapia nutricional e
para perpetuar o risco de desnutrição grave 4 2 A
que detectam o risco nutricional são: proteínas
caquexia é associada a uma doença subjacente,
plasmáticas como albumina, níveis reduzidos de
como câncer e insuficiência cardíaca grave, e ca-
colesterol e baixa contagem de linfócitos. 48 Em
racteriza -se por perda de massa muscular, com
ca sos de desidratação e doença renal crônica, o
ou sem perda de massa gorda 43
volume plasmático pode estar alterado, compro-
metendo a confiabilidade dos resultados.
Sintomas44
A Miniavaliação Nutricional CMAN) é outro
Os sintomas mais frequentes de desnutrição
método para diagnóstico de desnutrição, que
abrangem:
é subjetivo, não invasivo, fidedigno e de baixo
• Perda de peso.
custo para a avaliação nutricional nos idosos. Ela
• Fadiga muscular, dificultando a realização das
identifica o risco do desenvolvimento de desnu-
ati v idades diárias.
trição em um estágio precoce, a partir de antro-
• Cansaço, que também pode ser atribuído à
pometria, avaliação dietética, avaliação clínica
anemia causada pela desnutrição.
global e auto percepção da saúde e do estado
• Aumento de suscetibilidade a infecções.
nutricional. 50
• Irritabilidade.
• Tonturas.
Tratamento
• Pele e cabelo secos.
O tratamento da desnutrição depende de vários
• Diarreia persistente ou constipação intestinal
crônica. fatores, como gravidade, causa subjacente, ca-

• Depressão, que pode ser tanto a causa quanto pacidade do paciente em alimentar-se, estado
a consequência da desnutrição. mental e local de moradia.
A terapia nutricional não é limitada a oferecer
A desnutrição em idosos institucionalizados é suplementos alimentares. Ela também inclui o au-
frequente e afeta significativamente o funciona- mento da frequência de ingestão de alimentos e
mento físico e a cognição, bem como aumenta o da densidade de energia e nutrientes, pois estes
risco de úlceras de pressão, má cicatrização, com- maximizam a recuperação nutricional nos casos
plicações infecciosas e readmissões hospitalares, de desnutrição S1 O sucesso do uso de suplemen -
resu ltando em maior morbimortalidade e elevado tos nutricionais orais pode ser limitado em razão
custo direto ou indireto para a sociedade 45 .46 da baixa pa latabilidade, dos efeitos ad versos Cp.
As consequências da desnutrição ocasionam ex., náuseas e diarreia) e do custo. Melhores re -
um círculo vicioso: a desnutrição leva a diminui- sultados são verificados quando maior variedade
ção da mobilidade, aumento do risco de quedas de sabores, consistências e temperaturas é ofe-
e/ou fraturas, maior vulnerabilidade a doenças recida. Os suplementos, quando utilizados, de-
infecciosas e doenças crônicas, que contribuem vem ser administrados preferencialmente entre
para a redução do apetite e da autonomia e o as refeições.
aumento do catabolismo, os quais, por sua vez, Para ajustar o suporte nutricional, é essencial
tornam mais elevado o risco de desnutrição. 47 monitorar a ingestão alimentar. A periodicidade
CAP iTULO 4 CONDUTA NUTRICIONAL NAS DOENÇAS COMUNS EM 100505 71

de monitoração dependerá da situação clínica Proteín as


do paciente, da gravidade da desnutrição e da A ingestão de proteínas maior do que a ingestão
alteração no peso corporal (Tabela 4.4). diária recomendada (ROA, do inglês recommen-
ded dietary a//owance) é necessária para a recu-
Planejamento da dieta 40,51-55
peração dos estados nutricional e imunológico,
Hidratação a cicatrização de feridas e o controle da pressão
Em casos graves de desnutrição, primeira- arterial. Dessa maneira, a recomendação da in-
mente, deve-se garantir a ingestão adequada gestão aceita para o tratamento da desnutrição
de líquidos e eletrólitos. A desidratação é co- é de 1,2 a 1,5g de proteínas/kg/dia
mum na desnutrição, apresentando alterações
eletrolíticas, como hipocalemia, hipocalcemia, Estratégias para otimizar o consumo
hipofosfatemia e hipomagnesemia. Esses de- alimentarO,51-55
sequilíbrios podem levar a alterações do ritmo O ato de alimentar-se relaciona-se com aspec-
cardíaco e respiratório, muitas vezes fatais, em tos nutricionais, satisfazendo as necessidades fi-
especial quando a realimentação não ocorre siológicas; com aspectos sensoriais, pelo prazer
gradativamente. obtido nas propriedades organolépticas dos ali-
mentos; e com a dimensão psicoafetiva, que está
Energia associada a contexto e significados da ingestão
Após a reidratação, é necessário que a reposição de alimentos. Na tentativa de otimizar a nutrição
calórica seja feita lentamente para evitar o apare- oral adequada, são propostas estratégias para al -
cimento da "síndrome da realimentação", que se gumas alterações frequentes em idosos.
caracteriza por alterações respi ratórias, arritmias
e falência cardíaca decorrente de desequilíbrios Perda de apetite
de líquidos e eletrólitos derivados da sup lemen- Convém procurar minimizar os efeitos adversos
tação nutricional v ia oral, enteral ou parenteral, dos medicamentos; incentivar o consumo de três
após um período de jejum prolongado ou des- pequenas refe ições e oferecer lanches ricos em
nutrição. energia e proteínas nos intervalos; estimular o
Idosos que mantiveram baixa ou nenhuma in- consumo de alimentos a cada 2 a 3h; maximizar
gestão alimentar por cinco dias ou mais devem o consumo de alimentos no período de melhor
receber a realimentação lenta mente, via oral, apetite; servir refeições e lanches atraentes em
enteral ou parenteral, em cerca de 20kcal/kg/ tamanho e aparência; servir as bebidas após as
dia ou, em média, lOOOkca l/d ia inicialmente, ou refeições, já que elas podem diminuir o apetite;
ainda 25% das necessidades calóricas diárias es- e estimular o apetite, por meio de uma curta
timadas, avançando de três a cinco dias para o caminhada antes das refeições, evitando também
va lor total. interrompê -Ias.

TABELA 4.4 Estratégia de suporte nutricional aos idosos

INGESTÃO DIETÉTICA ESTADO NUTRICIONAL


EUTROFIA DESNUTRiÇÃO DESNUTRiÇÃO GRAVE
Normal Monitoração Aconselhamento dietético Aconselhamento dietético
Dieta fortificada Dieta fortificada e 50
Reavaliação após 1 mês Reavaliação após 15 dias
Reduzida, mas superior Aconselhamento dietético Aconselhamento dietético Aconselhamento dietético
a 50% da habitual Dieta fortificada Dieta fortificada Dieta fortificada e 50
Reavaliação após 1 mês Reavaliação após 15 dias; Reavaliação após 1
se falhar, usar 50 semana; se falhar, usar NE
Reduzida, mas inferior Aconselhamento dietético Aconselhamento dietético Aconselhamento dietético
a 50% da habitual Dieta fortificada Dieta fortificada e 50 Dieta fortificada e NE
Reavaliação após 1 Reavaliação após 1 Reavaliação após 1
semana; se fa lhar, usar 50 semana; se falhar, usar NE semana
50: suplemento oral; NE: nutrição enteral.
Fonte: Raynaud-5imon et aI., 2011. 52
72 ABORDA GEM NUTR ICIONAL NO ENVELH ECIMENT O

Proble mas com a mast igação incidên cia t em amplas impli cações para a eleva-
Incenti var a higiene buca l e o consum o de ali- ção dos custos em cuidad os de saúde. Há inves -
mento s com consis tência mais macia, que re- timent os import antes em pesqui sas buscan do in-
queira m menos mastig ação, quand o necess ário. vestiga r as causas e o progre sso corres ponde nte
para a comp reensão da evoluç ão da doença . 57
Dificu ldade de degluti ção A Confer ência Interna cional sobre Nutri ção
Consid erar o encam inhame nto para avaliaç ão e Cérebr o, em julho de 2013,58 rev iu as possíveis
fonoau diológi ca e modifi car a consis tência dos orienta ções dietétic as e de estilo de vida para a
alimen tos utilizan do espess antes como amido, preven ção da doença de A lzheim er, orienta ndo
carrage na, goma- arábica , goma guar, amidos o desenv olvime nto de medida s prática s a serem
modific ados, clara de ovo e gelatin a. recome ndadas :
• Minimi zar a ingestã o de gordur as saturad as e
Dificul dade em obter ou prepar ar alimen tos gordur as trans. As gordur as saturad as são en-
Usar alimen tos de fácil prepar o que possua m co ntradas , mais comum ente, em produt os lác-
densid ade ca lórica e nutrien tes adequa dos. Na teos, ca rnes e determ inados ó leos (de coco e
prática , é possíve l prepar ar alimen tos em maior de palma) . As gordur as trans estão presen tes
quantid ade, porcio nar, congel ar e aquece r no em muitos lanche s doces e alimen tos fritos,
mome nto do uso. A lém disso, deve-s e estimu lar sendo list adas nos rótulos .
o apoio familia r e do cuidad or. • A vitam ina E deve provir de alimen tos, em vez
de suplem entos. As melhor es fontes são no-
Dificuld ade de locomo ção zes, semen tes, vegeta is de folhas verd es e ce-
Consid erar a avaliaç ão de um fisiote rapeut a ou reais integrais. A RDA é de 15mg/d ia.
de um terape uta ocupac ional e certific ar-se de • Uma fonte co nfiável de v itam ina B'2' como ali-
q ue a assistê ncia a compr as e ao prepar o de ali- mento s fortifi cados ou suplem entos que for-
mento s está dispon ível. neçam , pelo menos , a RDA (2,4\Jg /dia para
adultos ), deve fazer parte da dieta. Os níve is
Isolam ent o social e depres são sa ng uíneos de vitamin a B I2 devem ser ve rifica-
dos regular mente.
Incenti var as refeiçõ es em famíl ia ou outro gru -
• Os sup lemen tos v itam íni cos não devem con-
po; tentar envolv er o idoso no p lanejam ento e no
ter ferro e cobre. O co nsumo de sup lement os
prepar o das refeiçõ es; verifica r o uso de medica -
com ferro d eve ocorre r apenas quand o indica-
ção; e consid erar acomp anham ento médico e/o u
do pel o nutric ionista ou pelo médico .
psicoló gico.
• Embor a a f unção do alumín io na doença de A I-
zheime r perma neça sob investi gação, aquele s
que deseja rem minimi zar sua exposi ção po-
Doen ça de Alzhe imer dem evitar o uso de utensíl ios de cozinh a, an -
tiácido s, fermen to em pó o u o utros produt os
A doença de A lzheim er é incuráv el e agrava -se
que conten ha m esse compo nente.
ao longo do tempo . Acome te princip alment e
• Convé m incluir exercíc ios aeróbicos rotinei ra-
idosos e aprese nta-se como demên cia ou per-
mente, o equiva lente a 40m in de caminh ada,
da das funçõe s cogniti vas (memó ria, orienta ção,
três vezes por sema na.
atençã o e linguag em ), provoc adas pela morte de
cé lulas cerebr a is s6
O papel da Nutriçã o na modula ção da doen-
As causas ainda não foram elucidadas, mas
ça de Alzheim er perma nece incerto . Vale ressal-
existem lesões do céreb ro que são características.
tar que indivíd uos que consom em dieta do tipo
As duas alteraç ões mais import antes são as placas
medite rrânea parece m ser menos propen sos a
senis decorr entes do depósi to de proteín a beta-
desenv olver essa doença .
-amiloide e os emaran hados neurof ibrilares, atri-
buídos à hiperfo sfo ri lação da proteín a tau. Ocorre
també m diminuição de neurõn ios e sinapses, com
Hiper tensã o arteri al sistêm ica
reduçã o progre ssiva do vo lume do cérebr o s6
A doença de Alzheim e r é devast adora, A hiperte nsão arteria l sistêm ica (HAS) é uma
de m odo q ue o recent e aumen to nas taxas de doença de alta prevalê ncia na popula ção idosa,
----_.~----~-------

CAPiTULO 4 CONDUTA NUTRICIONAL NAS DOENÇAS COMUN S EM IDOSOS 73

que se caracteriza por pressão arterial eleva- como retinopatia hipertensiva, hipertrofia ventri-
da e sustentada em níveis maiores ou iguais a cular esquerda ( com risco de evoluir para insufi-
140mmHg para a sistólica ou 90mmHg para a ciência cardíaca), e nefropatia .59
diastólica .59 Trata-se de uma doença de etiolo- O controle inadequado da doença pode re-
g ia multifatorial que contribu i consideravelmente su ltar também em aumento súbito da pressão
para o aumento da mortalidade, em razão de seu arterial que pode causar acidente vascu lar ence-
caráter silencioso e difícil controle decorrente da fálico (AVE), edema pulmonar, isquemia do mio-
baixa adesão ao tratamento.60 cárdio e dissecção aguda da aorta.59
A maioria dos estudos de prevalência de HAS O tratamento medicamentoso é obrigató-
no Brasil encontra-se nas regiões Sul e Sudeste, rio, bem como o conjunto de medidas não far-
apontando taxas superiores a 50% no grupo etá- macológicas, entre elas: alimentação saudá v el
rio de 60 a 69 anos e ainda maiores em idosos (Tabela 4.5), ati v idades físicas regulares, aban-
longevos 61 dono do tabagismo e controle do estresse psi -
Com o envelhecimento, ocorrem mudanças cossocial.
morfológicas e funciona is no sistema circulató- Segundo as VI Diretrizes Brasile iras de Hi -
rio que contribuem para o aumento da pressão pertensão, s9 o controle do peso corpora l e a
arterial. A maior rigidez da aorta e a perda da adoção de um estilo alimentar saudável contri-
sua conformidade são apontadas como fatores buem para reduções significativas da pressão
que afetam diretamente a homeostase pressó- arterial. Entre os padrões alimentares estabele-
rica, pois resultam em aumento da resistênc ia cidos em diversas partes do mundo, as Dietary
periférica e do esforço cardíaco para bombear o Approaches to Stop Hypertension (DASH) têm
sangue 62 Além dos prejuízos que ocorrem com o sido as únicas até o momento indicado para a
envelhecimento, existem outros fatores de risco redução da pressão arteria l64 (Figura 4 .1 e Ta-
que aumentam os níveis pressóricos, destacan- bela 46).
do-se genética, excesso de peso e obesidade, se- Estudos demonstram também redução dos
dentarismo, tabag ismo e ingestão excessiva de níveis pressóricos a partir do consumo de ali -
álcool e de sódi0 63 mentos que são fontes de gorduras insaturadas
O tempo de doença e a baixa adesão ao tra- (ácido oleico e ácidos graxos ômega-3), fibra s
tamento são os principais fatores responsáveis alimentares (especialmente fibras solúveis), olea-
pelo aparecimento de complicações da HAS em ginosas (castanhas), laticínios magros (cálcio),
idosos. A cronicidade das alterações fisiopato- alho (alicina), café e chás (polifenóis) e choco la-
lógicas (vasoconstrição periférica e aumento da te amargo (alto teor de cacau). No entanto, em
frequênci a cardíaca)62 desencadeia uma série de relação a essas fontes alimentares ainda não há
alterações micro- e macrovasculares em órgãos- quantidades recomendadas para consumo com
-alvo, fazendo com que o indivíduo desenvolva grau de recomendação e nível de evidência es-
complicações, na maioria das vezes, irreversíveis, tabelecidos .59

TABELA 4.5 Modificações recome ndadas no planejamen to dietético para hipertensão arterial

GRAU DE
MODIFICAÇÕES RECOMENDAÇÕES RECOMENDAÇÃO; NíVEL
DE EVIDÊNCIA
Controle do peso Manter IMC normal, preferencialmente abaixo de 25kg/m 2 I; A'
Padrão alimentar Dietary Approaches to Stop Hypertension (DAS H): I; A'
alimentação rica em hortaliças e frutas, fibras, minerais e
laticínios com baixo teor de gorduras
Redução do Limitar a ingestão de sódio a 2g/dia, considerando tanto 11; B"
consumo de sal o sa l de adição quanto o sódio presente nos alimentos
industrializados
tRevisão sistemáti ca (com homogeneidade) de ensa ios cl ínicos controlados e ran domi zados.
"Estudo de coort e (incluindo ensaio clinico randomiza do de menor qualidade).
IMe: índice de massa corporal.
Fonte: adaptada a partir das VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão s•
74 ABORDAGEM NUTR ICI ONAL N O ENVELHECIMENTO

o que é uma porção:


• 1 copo de iogurte com baixo
teor de gordura
• 1/ 2 copo de sorvete de iogurte
. , colher de sopa de açúcar,
geleia ou compota

o que é uma porção:


• 1 colher de chá de marga rina ou óleo ou
o que é uma porção:
• 1/ 2 xícara de feijão cozido • 1 colher de sopa de m aionese Iíght
• 1/ 2 xfcara de castanhas nozes, • 1 colher de sopa de molho de salada
sementes maionese
• 2 colheres de sopa de
(2-3 por dias)
. 2 colheres de sopa de molho de salada light
sementes de girassol (1 por dia)

o que é uma porção:


Laticlnios com Frutos do mar,
o que é uma porção:
baixo teor de aves e ca rn es
. 85 gramas de frutos do mar ou
• 1 xfcara de leite ou iogurte de frango sem pele ou de ca rne
gordura magras
(0-2 por dia) magra grelhada ou assada
• 409 de queijo (2-3 por dia)

o que é uma porção:


• 1 fati a de pão
Grãos (preferencialmente integrais) • 1/ 2 copo de cereal seco
(7 -8 por dia)
• 112 xfcara de arroz, massa
ou outro cereal cozido
o que é uma porção:
• 1 fruta m éd ia o que é uma porção:
• 1/2 copo de suco de fruta Vegetais e f rutas • 1 xfcara de chá de alface
fresca, congelada ou en latada 18-10 por dia) • 1/2 xícara de chá de legu mes
• 1/ 2 x fcar a de chá de fru ta seca
• 3/ 4 copo de su co de fruta

FIGURA 4.1 Pirâmide alimentar da DAS H


Fonte: U.s. Departmen t of Health and Human Services, 2003"

TABELA 4.6 Composição nutricional da DASH dia, em três sessões de 10m in. Idosos devem ser
avaliados por um médico antes de iniciar um pro-
NUTRIENTES QUANTIDADE DIÁRIA
grama de atividades fís icas, e a condição ideal é
• Gordura total • 27% das calorias
que estas sejam rea li zadas com a m onitoração
totais
de um educador físico. Caso as pressões arteri ais
• Ácidos graxos • 6% das calorias totais
saturados diastólica e sistólica sejam superiores a 105 e/ou
160mmHg, a atividade física não deve ser reali-
• Carboidratos • 55% das calorias
totais zada 65

• Proteínas • 18% das calorias totais


• Colesterol • 150mg
Dislipidemia
• Fibras • 31g
• Potássio • 4.700mg A dislipidem ia é o fator de risco cardiovascular
• Magnésio • 500mg mais prevalente na popu lação idosa 66 -68 As alte-
• Cálcio • 1.240mg ra ções do metabol ismo lipídico surgem a partir
Fonte: Appel et aI., 1997." do desequi líbrio entre biossíntese e degradação
das lipoproteínas, podendo ter orig em pri m ária
ou secundária 69
No que se refere à ingestão de bebidas al- A d islipidem ia primária associa -se às va rian-
coó licas, deve-se limitar o consumo a 30g/d ia de tes genéticas de enzimas envolvidas no meta-
etanol para os homens e 15g/ dia para as mulhe- bolismo de lipoproteínas ou de apoproteínas,
res (grau de recomendação 11; nível de evidên - bem como às mutações de genes codificadores
cia B). Para aqueles que não têm o hábito de de receptores destas partículas nos tecidos. A
ingerir bebidas alcoól icas, não se recomenda o dislipidemia secundária é decorrente de outras
consumo S 9 doenças e/ou uso de medicamentos frequentes
A prática de atividades físi ca s em nível mo- em idosos, como diabetes melito, hipotireoidis-
derado, por 30min, na maioria dos dias da sema- mo, obesid ade, síndrome nefrótica, administra-
na, promove redução dos níveis p ressóricos. Este ção de diuréticos t iazídicos e bloqueadores beta-
período mínimo pode ser dividido, ao longo do -adrenérgicos não seletivos 6 9

- - - -- - - -_ ....
...

C APiTULO 4 CONDUTA NUTRICIONAL NAS DOENÇAS COMUNS EM IDOSOS 75

De acordo com os exames bioquím icos, as • Doença arterial coronariana, cerebrovascular


dislipidemias são classificadas em quatro tipos: 69 ou obstrutiva perifér ica, com manifestações
1. Hipercolesterolemia isolada: lipoproteína de clínicas.
bai xa densidade (LDL) ?:160mg/dL • Aterosclerose na forma subclínica, significati -
2. Hipertrigliceridemia isolada: triac ilgliceróis va, registrada por metodologia diagnóstica .
(TG) ?:150mg/dL • Procedimentos de revascularização arterial.
3. Hiperlipidemia mista: LDL ?:160mg/dL e TG • Diabetes melito tipos 1 e 2.
?:150mg/dL. • Doença renal crônica.
4. Lipoproteína de alta densidade (HDL) baixa: • Hipercolesterolemia familiar.
<40mg/ dL em homens e <50mg/dL em mu-
lheres. Para aqueles sem as condições listadas, de-
ve -se obter o somatório de pontos atribuídos
Na maioria dos casos, a elevação dos li pídios aos fatores de risco (Tabelas 4.7 e 4.8) e verifi-
plasmáticos não provoca sinais ou sintomas e, car a probabilidade de apresentar os principais
por isso, recomenda -se ao idoso realizar anual- eventos cardiovasculares (doença arterial co-
mente o lipidograma . A persistência de eleva - ronariana, acidente vascular encefálico, doença
das concentrações de lipídios séricos causa ate- arterial obstrutiva periférica ou insuficiência car-
rosclerose, uma doença progressiva, silenciosa, díaca) em 10 anos (Tabela 49). A partir dessas
caracterizada por inflamação crônica e por acú - informações, é possível classificar o indivíduo
mulo de lipoproteínas na camada íntima das ar- segundo a categoria de risco de acordo com o
térias, especialmente as de médio e grande ca- sexo (Tabela 4.10) . Em idosos, a idade avançada
libre 69 por si só representa um fator de risco cardio-
A aterogênese é iniciada por meio de dano vascular importante que é potencializado pela
endotelial que pode ser atribuído a dislipidem ia, presença de outros fatores de risco passíveis de
hipertensão arterial, tabagismo e/ou diabetes modificação.
melito. A lesão aumenta a permeabilidade vas- A estimativa do ERG permite identificar os
cular e favorece o depósito de LDL na camada idosos com necessidade de monitoração mais
íntima, que pode ser oxidada, dando origem a rigorosa e definir a dieta mais apropriada ao al-
um complexo imunogênico que ativa o processo cance das metas clínicas e bioquím icas para a
inflamatório local de forma progressiva. A par- redução do risco de morbimortalidade cardio -
tir deste ponto, moléculas de adesão, citocinas vascular.
proinflamatórias e fatores de crescimento celular A concentração sérica elevada de LDL é
estimulam a formação irreversível do ateroma, apontada como o principa l fator de risco para a
que progride com a deposição de co lágeno e o doença arterial coronariana e, segundo a V Dire-
acúmulo de elementos celulares 69 triz de Dislipidemias e Prevenção da Ateroscle-
A formação de uma capa fibrosa espessa rose,68 reduzir o LDL deve ser a meta primária do
confere ao ateroma maior estabilidade e ativida- tratamento. Para idosos classificados em risco al -
de inflamatória intensa associada à maior ativi- to e intermediário pelo ERG, a meta de LDL é de
dade proteolítica que causa instabilidade da pla- 70 e 100mg/dL, respectivamente.
ca, tornando -a mais vulnerável à ruptura. Isso re- As restrições alimentares, quando necessá-
sulta em aterotrombose e manifestações clínicas rias, devem ser realizadas sem compromete r o
da aterosclerose 69 fornecimento de energia, proteínas e micronu-
Tendo em vista o caráter silencioso da ate- trientes, dado o risco mais elevado de desen-
rosclerose, estimar o risco cardiovascu lar é uma volvimento de carênc ias nutricionais em idosos.
forma de identificar os idosos mais propensos a Controlar a ingestão de alimentos ricos em gor-
eventos cardiovasculares (p. ex., doença arterial duras saturadas e trans e colesterol e melhorar
coronariana, AVE, doença arterial periférica obs- o consumo de gorduras insaturadas (ALA, EPA,
trutiva ou insuficiência cardíaca) 69 DHA e ácido oleico) e fibras, especialmente as
Independentemente do r isco calculado, ido- solúveis, são condutas importantes para redu-
sos com uma das seguintes condições clínicas zir as concentrações de LDL. Por sua vez, as
devem ser class ificados como indivíduos com al - concentrações de triglicerídios podem ser re -
to risco de eventos cardiovasculares: 69 duzidas ajustando-se a ingestão energética, de
76 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

TABELA 4.7 Pontos atribuídos aos fatores de risco de acordo com o ERG para homens

PONTOS IDADE HDL COLESTEROL PRESSÃO PRESSÃO TABAGISMO DIABETES


(ANOS) (mg/dL) TOTAL ARTERIAL ARTERIAL
(mg/dL) SISTÓLICA (NÃO SISTÓLICA
TRATADA) (TRATADA)
(mmHg) (mmHg)

o. I
-1 • •
o

O 30 a 34 45 a 49 <160 120 a 129 <120 Não Não


1 34 a 44 160 a 199 130 a 139
2 35 a 39 <35 200 a 239 140 a 159 120 a 129
3 240 a 279 160+ 130 a 139 Sim
4 280+ 140 a 159 Sim
5 40 a 44 160+
6 45 a 49
7
8 50 a 54
9
10 55 a 59
11 60 a 64
12 65 a 69
13
14 70 a 74
15+ 75+
HDL: lipoproteína de alta densidade.
Fonte: Xavier et ai .. 2013. 69

TABELA 4.8 Pontos atribuídos aos fatores de risco de acordo com o ERG para mulheres

PONTOS IDADE HDL COLESTEROL PRESSÃO PRESSÃO TABAGISMO DIABETES


(ANOS) (mg/dL) TOTAL ARTERIAL ARTERIAL
(mg/dL) SISTÓLICA SISTÓLICA
(NÃO TRATADA) (TRATADA)
(mmHg) (mmHg)

-2 60+
-1 50 a S9 <120
O 30 a 34 45 a 49 <160 120 a 129 Não Não
1 34 a 44 160 a 199 130 a 139
2 35 a 39 <3S 140 a 149 120 a 129
3 200 a 239 130 a 139 Sim
4 40 a 44 240 a 279 150 a 159 Sim
5 45 a 49 280+ 160+ 140 a 149
6 150 a 159
7 50 a 54 160+
8 55 a 59
9 60 a 64
10 65 a 69
11 70 a 74
12 75+
HDL: lipoproteína de alta densidade.
Fonte: Xavier et aI., 2013 69
..
CAPiTULO 4 CONDUTA NUTRICIONAL NAS DOENÇAS COMUNS EM IDOSOS 77

TABELA 4.9 ERG em 10 anos para homens e mulheres níveis de HDL e melhora a sensibilidade à insuli -
PONTOS RISCO (%) PARA RISCO (%) PARA
na, além de contribu ir com nutrientes e compos -
HOMENS MULHERES tos bioativos que reduzem a inflamação crõnica
::;-3 <1,0 subclínica. O padrão mediterrâneo caracteriza-
-2 (::;-2)* 1,1 <1,0 -se por elevada proporção de ômega -3 marinho,
baixa relação ômega-6:ômega -3 (2:1), uti lização
-1 1,4 1,0
de vegetais frescos, frutas, grãos e cereais inte-
O 1,6 1,2
grais, legumes, castanhas e óleo de o li va (alto
1,9 1,5
teor de ácido graxo oleico), ingestão moderada
2 2,3 1,7
de produtos lácteos com baixo teor de gorduras
3 2,8 2,0
e consumo reduz ido de carne vermelha?4
4 3,3 2,4
Revisões sistemáticas e metaná lises têm mos-
5 3,9 2,8 trado que a ingestão de alimentos como alho,
6 4,7 3,3 choco late com alto teor de cacau, café, amên-
7 5,6 3,9 doas e castanhas, vegeta is, frutas e grãos inte-
8 6,7 4,5 grais, peixes e produtos lácteos com baixo teor
9 7,9 5,3 de gorduras resu lta em benefícios na prevenção
10 9,4 6,3 primária de doenças cardiovascu lares 71.74.75
11 11,2 7,3 Cons iderando-se ainda o risco de ateroscle-
12 13,2 8,6 rose associado às d islipidem ias, além de reduzir
13 15,6 10,0 as concentrações séricas de lipídios, é funda-

14 18,4 11,7 mentai controlar ou eliminar outros fatores de


13,7 risco (diabetes melito, hipertensão, sedentaris-
15 21,6
mo, tabagismo etc.) e priorizar o consumo de ali -
16 25,3 15,9
mentos que são fontes de antioxidantes (vitami-
17 29,4 18,5
nas, minerais, compostos fenó licos etc.).69
18 (18+)* >30 21,6
19 24,8
20 28,5
Constipação intestinal
21+ >30
N ota: risco estimado para infarto do miocárdio, acidente vascular Segundo a Organização Mundial de Gastrente-
encefálico, insuficiência vascular periférica ou insuficiência cardíaca.
·Para mulheres.
rologia, a constipação intestina l funciona l é de-
;:Conte: Xavier et ai" 2013 69 finida como "um transtorno caracterizado por
uma dif iculdade persistente para evacuar ou
TABELA 4 .10 Classificação de ERG em 10 anos de uma sensação de evacuação incompleta e/ou
acordo com o sexo movimentos intestinais infrequentes (a cada três
a quatro d ias ou com menor frequência), com
SEXO ERG EM 10 ANOS
ausência de sintomas de alarme ou causas se -
BAIXO* INTERMEDIÁRIO ALTO
cundárias" 77
Masculino <5% ~5% e::;20% >20%
O cr itério de Roma III é o sistema mais uti -
Feminino <5% ~5% e ::;10% >10% lizado para classificar os distúrbios funcionais
~Na presença de histórico familiar de doença cardiovascular pre- do trato digestório?B Sua revisão ma is recente,
matura , reclassificar como risco intermediário.
ERG: risco cardiovascular global. pub licada em 2006, recomenda a avaliação dos
Fonte: Xavier et aI.. 2013 69 aspectos relacionadas na Tabela 4.12 para diag-
nóstico da constipação intestina l7B
A avaliação do trâns ito colônico pode ser fei -
gordura total, carboidratos e açúcares de adi-
ta por meio da Escala Bristol, que categoriza sete
ção e interrompendo o consumo de álcool 7o.71
formatos das fezes (Tabela 4 .13). A escala segue
( Tabela 411). uma ordem de acordo com o tempo de trânsito
Em termos de padrão alimentar, a dieta me- colônico, considerando que o tipo 1 é o mais len-
d iterrânea (Figura 4.2) reduz significativamente to (em torno de 100h) e o tipo 7, o mais rápido
as concentrações de triglicerídios, aumenta os (aproximadamente 10h)?9
78 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIM ENTO

TABELA 4.11 Recomendações nut ricionais específicas para a prevenção primária ou secundária de doenças
card iovascu lares

NUTRIENTE DOSE INDICAÇÃO

Ômega-3 marinho 2 a 4g/dia Hipertrigliceridemia grave (>500mg/dL), com risco de


pancreatite refratária a medidas não farmacológicas e
tratamento medicamentoso
19/dia Indivíduos com risco baixo a intermediário que não
consomem duas refeições à base de peixe por semana
19/dia Indivíduos com alto risco, como os sobreviventes de infarto
do miocárdio ou insuficiência cardíaca sistólica
Peixes 2 porções por Para reduzir o risco em qualquer condição, especialmente
semana em idosos classificados com risco elevado de DCV
Fitosteróis 2 a 3g/dia Hipercolesterolemia
Fibras 25g/dia Hipercolesterolemia
Lipídios <30% das calorias Obesidade e hipertrigliceridemia
totais
Gorduras saturadas <7% das calorias Hipercolesterolemia
totais
Gorduras trans <1% das calorias Qualquer indivíduo, independentemente do risco
totais cardiovascular
Colesterol dietético <200mg/dia Hipercolesterolemia
Gorduras monoinsaturadas 15% da energia Hipercolesterolemia
total
Energia Redução de Obesidade
· 500kcal/dia
DCV: doença cardiovascular.
Fonte: Simão et aI., 2013: Santos et aI., 2013.'2.73

Semanalmente
Vinho t into
Doces ~2 porções
com moderação

Ca rne vermelha : < 2 porções;


carne processada: S:1 po rção;
batatas : $3 porções
Carne branca : 2 porções; peixe e frutos do mar:
?:2 porções; ovos: de 2 a 4 porções;
leguminosas: ?:2 porções
I--------------+------'------~._. _ . _ . _ . _ , _ . _ ._. _ ._._. _ . _ .-.-. - . - . - . -. -. - .-.

Laticfnios: 2 porções (p ref erir com Diari amente


ba ixo teor de gordura)

Azeitonas, castanhas e sementes:


2 porções
1-- - - - - - - - - -+-- : - - - - - - - - -- - - - - - ----'<._._._. _._._._.-. _._._._. - .- .- .-.-
Frutas: 1 a 2 porções Diariamente em
Vegeta is: 2:2 porções todos as principais
Cereais: 1 a 2 porções refeições
(preferir integrais )

Águ a e chás de ervas

Atividade f ísica
reg ul ar, adeq uado
descanso, vida
social

FIGURA 4.2 Pirâ mide ali mentar da dieta mediterrã nea


Fonte: adaptada de Bach-Faig et aI., 2011.'5

- ------~
-
CAPiTULO 4 CONDUTA NUTRICIONAL NAS DOENÇAS COMUNS EM IDOSOS 79

TABELA 4.12 Critério de Roma 111 para o diagnóstico de recomendação C; nível de evidência 111) e de
de constipação intestinal psy//ium como fonte de fibras solúveis (grau de
Presença de dois ou mais dos seguintes critérios recomendação B; nível de evidência 11) para au-
em um período de 3 meses com sintomas há, no mentar a frequência das evacuações e melhorar
mínimo, 6 meses: a consistência das fezes B7
• Esforço para evacuar em, pelo menos, 25% das O aumento da ingestão hídrica também é re-
defecações. comendado. Deve-se estimular o consumo de lí-
• Fezes endurecidas ou fragmentadas em, no
mínimo, 25% das defecações. quidos em quantidades adequadas (1,5 a 2L/dia),
• Sensação de evacuação incompleta em, no especialmente para idosos com percepção de
mínimo, 25% das defecações. sede diminuída B6 .87
• Sensação de obstrução/bloqueio anorretal em, O uso de probióticos tem sido considerado
no mínimo, 25% das defecações. um potencial recurso terapêutico para a consti-
• Manobras manuais (evacuação com o auxilio dos
pação intestinal nesses pacientes, pelo fato de
dedos ou com o suporte do assoalho pélvico).
Para facilitar, no mínimo, 25% das defecações. alguns estudos demonstrarem presença de d is-
• Menos que 3 evacuações por semana. biose, acompanhada de aumento do índice de
• Adicionalmente, os critérios devem ser C/ostridia e Enterobacteriaceae em idosos com
insuficientes para diagnosticar síndrome do esse quadro. No entanto, os resultados dos es-
intestino irritável, e o paciente raramente deve
tudos são divergentes em razão das diferenças
evacuar sem o uso de laxativos.
no desenho experimental e do uso de diversas
Fonte: Drossman, 2006. 78
bactérias probióticas. Apesar de alguns estudos
demonstrarem aumento da motilidade intesti-
A prevalência estimada de constipação intes- nal com a utilização de Lactobaci//us e Bifido-
tinal em idosos com mais de 65 anos de idade bacterium, não há evidências científicas suficien-
varia de 25% a 40% na literatura internacional, tes para dar suporte à recomendação de probió-
sendo maior entre as mulheres, em idosos insti - ticos no tratamento da constipação intestinal em
tucionalizados e naqueles com mais de 80 anos idososB 5 .8B
de idade Bo -82 No Brasil, um estudo de base popu- Em relação ao efeito das atividades físicas
lacional realizado por inquérito domiciliar em Pe- na melhora da constipação intestinal, estudos
lotas (RS) encontrou prevalência de constipação observacionais demonstram que a prevalência
de 28,4% (intervalo de confiança de 95%: 24,6% a é menor em idosos fisicamente ativos; portanto,
32,2%) entre os indivíduos com 60 anos de idade deve-se estimular a prática de atividades físicas
ou mais B3 A prevalência pode variar em razão de regulares sob orientação de um educador físi-
fatores demográficos, cr itérios de amostragem e CO B6 -87
definição diagnóstica da constipação intestinal. Outras recomendações orientam os idosos a
O trânsito colônico lento ou os distúrbios evacuar no momento em que se sentirem esti-
da defecação causam constipação intestinal e, mulados e a fazê-lo no mesmo horário todos os
entre os fatores que contribuem para o quadro dias, mantendo uma regularidade B7
em idosos, incluem-se mobilidade reduzida, co -
morbidades (acidente vasc ular encefálico [AVE],
demência, depressão, diabetes ou doença de Doença diverticular do cólon
Parkinson), medicamentos (opioides ou anti-
colinérgicos) e sensação de comprometimento A doença diverticular do cólon, ou diverticulose,
anorretal B4 refere-se à presença de divertículos (herniações)
Recomenda-se o consumo de 25g/dia de fi- na parede colônica, mais frequentemente no có-
bras por meio da alimentação e/ou suplementos lon sigmoide. Idosos estão no grupo de maior
para o tratamento da constipação intestinal Bs.86 risco, e a frequência da doença eleva-se com a
A Italian Association of Hospital Gastroenterolo- idade, podendo acometer até 80% dos idosos
gists, em conjunto com a Italian Society of Colo- longevosB9.9o
-Recta l Surgery, publicou recentemente um con- O aparecimento dos divertículos está asso-
senso sobre diagnóstico e tratamento da cons- ciado a aumento da pressão intracól ica e redu-
tipação intestinal, no qual se recomenda o uso ção do tônus muscular do intestino. Fatores co-
de farelo como fonte de fibras insolúveis (grau mo constipação intestinal crônica, uso constante
80 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECI MENTO

TABELA 4 .13 Escal a Bristol do formato das fezes indicativa do tempo de trânsito co lôn ico

TIPO APARÊNCIA DESCRiÇÃO

Fezes em forma de cíbalos, difíceis de eliminar. Constipação


intestinal

2 Fezes volumosas. em forma de salsicha, com presença de


rachaduras, difíceis de eliminar, Constipação intestinal

3 Fezes volumosas, em forma de salsicha, com fendas na


superfície. Relativamente mais fáceis de eliminar

4 Fezes lisas e macias em forma de salsicha. Fáceis de eliminar

5 Fezes em pedações moles, com contornos nítidos, macias e


de fáci l eliminação

6 Fezes aeradas, amolecidas

7 Fezes aquosas, sem pedaços sólidos, indicando trânsito


co Iônico rápido

Fonte: adaptada de Lewls & Heaton, 1997.79

de laxativos, fatores emocionais, padrão ali men- especialmen t e nas partes mais terminais, eleve
tar pobre em fibras e baixa ingestão hídrica con - a pressão de contração e cause herniações nas
tribuem para o aparecimento da doença B 1.91 áreas de hiperpressão.
A doença diverticular pode ocorrer sob duas • Hipotônica: é a forma mais comum, caracte-
formas: 92 rizada por divertículos d istribuídos por todo
• Hipertônica: divertículos situados predomi - o intestino, que afetam principalmente idosos
nantemente no sigmoide, mais frequentes em em vi rtude das modificações funcionais (dege-
adultos em torno de 50 anos de idade que neração e hipotonicidade muscular) no intesti-
apresentam constipação intestinal persisten - no atribuídas ao envelhecimento.
te, na maioria das vezes em v irtude da baixa
ingestão de líquidos e dieta pobre em fibras. De maneira geral, a diverticulose é uma doen-
A formação de bolo fecal endurecido dificul - ça assintomática, e estima -se que até 25% dos
ta a defecação, fazendo com que o cólon, casos evoluam para diverticulite. Os sinais e
q

CAPiTULO 4 C ONDUTA N UTRICION AL NAS D OENÇAS C O MUN S EM 100505 81

sintomas da inflamação podem ser: hábito intes- do tempo, pode ser necessária a insulinoterapia
tinal alternado, dor abdominal aguda (quadran - para obter melhor controle metabólico. 98
te inferior direito), náuseas, vômitos, leucocitose, São aceitos três critérios para o diagnóstico
febre baixa e sangramento intestinal. De acordo de DM com utilização da glicemia:99.1oo
com as características da inflamação, pode-se • Sintomas de poliúria, po li d ips ia e perda ponde-
classificar a diverticulite aguda em não comp li- rai acrescidos de glicemia casual >200mg/d L.
cada e compli cada, sendo esta última marcada A g licemia casual é aquela dosada a qualquer
pela presença de abscesso que pode evo luir para hora do dia, independentemente do horário
fístula, peritonite purulenta difusa, hemorragia ou das refe ições.
obstrução intestinal, exigindo tratamento cirúrgi - • Glicemia de jejum :2:126mg/dL. Quando ocor-
co com urgência 91.93 rem pequenos aumentos da g li cemia, o teste
Na fase sintomática, além do tratamento me- deve ser repetido outro dia para confirmar o
dicamentoso ( antibióticos, anti-i nflamat órios, an- diagnóstico.
tiespasmódicos e analgésicos) e/ ou cirúrg ico, • Glicem ia de 2h pós-sobrecarga de 75g de gli-
a terapia nutricional ajuda a minimizar os sinto - cose >200mg/dL (teste de tolerância oral à
mas 91 A conduta nutricional depende do grau gl icose - TTOG)
da inflamação e da natureza das comp li cações
associadas, podendo ser necessária dieta líquida, Há um grupo de indiv ídu os cuja glicemia não
enteral ou até mesmo parenteral. 91 .94 se enquadra nos critérios para diagnóstico do
Cessada a inflamação, a orientação é man- DM, porém é muito elevada para ser considerada
ter alimentação sa udável, com enfoque maior normal. Eles se encaixam nas categorias de gli-
em adequação da ingestão de fibras (>25g/dia), cemia de jejum alterada ou tolerância à g licose
ingestão hídrica satisfa t ória ( >2L/dia) e ativida - diminuída:99.10o
des físicas regula res, que auxi liarão no adequado • Glicemia de jejum :2:100mg/ dL e <126mg/ dL.
funcionamento intestinal e na prevenção de nova • Ocorre tolerância à glicose diminuída quan-
inflamação dos d ivertículos 95.96 do, após uma sobrecarga de 75g de glicose,
o va lor de g licemia de 2h situa -se en t re 140 e
199mg/dL
Diabetes melito
Há ainda a possibilidade de diagnóst ico com
o diabetes melito (DM) é um grupo heterogê- a utilização da hemoglobina glicada (HbA1c) . A
neo de distúrbios metabólicos que apresenta em hemoglobina, cujo tempo de duração no orga-
comum a hiperglicemia como resultado de alte- nismo é de 120 dias, reage irreversivelmente com
rações na ação e na secreção de insu lina o u em a glicose. Portanto, quanto maior a quantidade
ambas 97 de glicose, ma io res serão os níveis de HbA1c. Os
O número de diabéticos vem elevando-se em critérios para diagnóstico com este marcador
virtude do crescimento e do envelhecimento po- SãO:99.100
pu laciona l, da crescente preva lência de obesida- • Diabetes melito: HbAlc >6,5%, a ser confirma -
de e sedentarismo, bem como da ma ior sobrevi - da em outra colet a. Dispensável em caso de
da de pacientes com DM. Sabe-se que a preva- sintomas ou gl icemia >200mg/ d L.
lência aumenta com o avançar da idade, assim • Indivíduos com alto risco para o desenvolvi-
como as complicações crônicas da doença 97 mento de diabetes: HbA1c entre 5,7% e 6,4%.
O DM tipo 2 é a forma presente em 90% a
95% dos casos, sendo a mais comum em idosos As críticas à utilização deste marcador para
e caracterizando-se por aumento da resistência d iagnóstico do DM con sideram que ele não re-
ou menor secreção da insulina. Em geral, am - p resenta um va lor atual da glicemia, devido à
bas as falhas ocorrem na hiperglicemia, contudo, longa duração da hemoglobina no organismo.
uma delas pode predominar. Pode ocorrer em De fato, ele é um bom marcador para acompa-
qualquer idade, mas é geralmente diagnostica- nhamento e monitoração do tratamento, após o
do após os 40 anos de idade. No início do trata- diagnóstico.
mento, os pacientes não dependem de insuli na O DM tem consequências específicas em
exógena para sobreviver, porém, com o d ecorrer idosos. Nos casos de má nutrição e redução do
82 A BO RDAGE M N UTRICIONAL NO ENVELHECIM ENTO

apetite. a reserva de glicogênio hepático pode Planejamento dietético no diabetes melito


ficar comprometida. ocorrendo glicogenólise tipo 2
insuficiente com consequente hipoglicemia e Energia
possível lesão de órgãos vitais. como cérebro e A s necessidades energéticas de idosos diabéti-
coração. Quando há hiperglicemia crônica. os
cos são calcu ladas pelos mesmos métodos uti li-
rins também podem ser afetados. provocando
zados em indivíduos saudáveis. e deve-se avaliar
a nefropatia d iabética. Além disso. a frequência
a necessidade de restrição energética quando
de catarata na população idosa diabética é três
houver obesidade e excesso de adiposidade vis-
vezes maior do que na popu lação geral e. quando
ceral. A melhora no controle glicêm ico pode ser
assoc iada à retinopatia. pode comprometer a
observada quando ocorre redução do peso cor-
visão. o que dificu lta ainda mais a alimentação.
poral em 5% a 7%98
a aplicação da insulina e a utilização de outros
medicamentos 97 Carboidratos
Os danos microvasculares resultantes do ex -
Alimentos que são fontes de carboidratos devem
cesso de g licose podem provocar o "pé diabé-
compor o plano alimentar. desde que sejam ricos
tico". com diversas alterações e complicações
em fibras. como cereais integrais. leguminosas.
que ocorrem isoladamente ou em conjunto nos
frutas e vegetais Contudo. não só a qualidade
pés e nos membros inferiores.lol Além destes. a
de carboidratos. mas também a quantidade. in-
neuropatia diabética tem como sintomas ma is
f luencia na resposta g licêmica . Assim. atualmen-
frequentes as dores em queimor e formigamen-
te utiliza -se o conceito de carga glicêmica (que
to em ambos os pés e. ocasionalmente. também
não possui unidade). que une o índ ice glicêmico
nas mãos por causa dos danos aos nervos peri-
à quantidade de carboidrato consumido (Tabela
féricos.,o2
414)
Episódios de hipog licemia são muito comuns
• índice glicêmico (IG): é a classificação de um
em idosos d iabéticos e podem levar a eventos
alimento em relação ao efeito sobre a glicemia
agudos de doença cardiovascular (DCV) e cere-
pós-prandial. em comparação àquela observada
brovascular. Nestas situações. as metas de con-
após o consumo de um alimento de referência
trole glicêmico devem ser menos rígidas Em
(pão branco ou glicose). Os dois alimentos con-
contrapartida. níveis glicêmicos constantemen-
te elevados e res istência à insulina estão direta - têm a mesma quantidade de carboidratos dis-

mente relacionados com estes mesmos eventos. ponível (50g ou 25g. respectivamente). sendo
porém a longo prazo. Recomenda-se manter um testados no mesmo indivíduo. O IG é expresso
ajuste entre fracionamento das refeições. medi- como a porcentagem da área abaixo da curva
camentos e atividades físicas. seguindo rigorosa - da resposta glicêmica pós-prandial do alimento
mente os horários e não omitindo ou reduzindo o teste. em relação a este mesmo tipo de resposta
consumo dos alimentos prescritos.lo3 após a ingestão de um alimento-padrão. lo4
Os princip ios básicos no tratamento de ido-
sos com d iabetes não diferem daqueles estabe- Carga glicêmica = ( IG x 9 de carboidrato na
lecidos para diabéticos mais jovens. incluindo porção) -o- 100
critérios de diagnóstico. class ificação e metas de
controle metabólico (glicêmico e lipídico). pres- A carga glicêmica é um fator de risco impor-
são arterial e IMe. tante para DCV e DM tipo 2. sendo importante
Em relação ao tratamento nutricional. idosos considerá-Ia no planejamento dietético
diagnosticados com intolerância à g licose devem
receber a mesma conduta dietoterápica reco - Fibras
mendada para aqueles com DM tipo 2. A conduta Segundo a Associação Dietética Americana
dietética deve ser rigorosa. pois. na maioria das (ADA).lo6 a ingestão adequada de fibra alimentar
vezes. o controle g licêmico é feito sem auxílio de para os idosos diabéticos deve ser igual à dos in-
insulina. Podem ser prescritos hipoglicemiantes divíduos saudáveis. 30g para homens e 21g para
ora is pelo médico quando a dieta. em associação mulheres.lo7.lo8 Em razão do seu efeito benéfico
às atividades fís icas. não for suficiente para nor- na glicemia pós-prandial e no controle de lipí-
malizar os níveis glicêmicos. 98 dios séricos. normalmente elevados em idosos
C A PiTULO 4 CONDUTA NUTRICIONAL NAS DOENÇAS COMUNS EM IDOSOS 83

TABELA 4.14 índice glicêmico e ca rga glicêm ica de alimentos

ALIMENTO íNDICE GLICÊMICO PORÇÃO (9 OU mL) CARGA GLlCÊMICA


(%)

Pães e bolos
Bolo de banana com açúcar 47 60 14
Bolo de banana sem açúcar 55 60 12
Pão branco 95 30 15
Pão de centeio integral 56 30 7
Pão de trigo integral 71 30 10
Bebidas
Coca-cola® 63 250 16
Gatorade® 78 250 12
Suco de laranja sem açúcar 50 250 12
Grãos
Arroz-branco 89 150 43
Arroz integral SO 150 16
Cuscuz 65 150 9
Milho na espiga 60 150 20
Quinoa 53 150 13
Biscoitos
Biscoito doce de baunilha 77 2S 14
Biscoito salgado 74 25 12
Produtos lácteos e opções
Iogurte desnatado com frutas 33 200 11
Leite desnatado 32 250 4
Leite integral 41 250 5
Sorvete 57 50 6
Frutas
Ameixa 29 60 10
Banana madu ra 62 120 16
Laranja 40 120 4
Maçã 39 120 6
Melancia 72 120 4
Pera 38 120 4
Pêssego 42 120 5
Pêssego em calda 40 120 5
Uva 59 120 11
Uva-passa 64 60 28

Amendoim 7 50 O
Castanha-de-caju 27 50 3
Ervilhas 33 150 10
Feijão 40 150 6
Grão-de-bico 10 150 3
Lentilha 29 150 5
Soja 15 150
(continua)
84 A BORDAGEM N UTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

TABE LA 4 .14 índice glicêmico e carga glicê mica de alimentos (con tinuação)

ALIMENTO íNDICE GLICÊMICO PORÇÃO (9 OU mL) CARGA GLlCÊMICA


(%)
Massas
Macarrão com queijo 64 180 32
Macarrão cozido 46 180 22
Macarrão integral cozido 42 180 18
Snacks
Amendoim confeitado 33 30 6
Chips de batata 51 50 12
Chips de milho 42 50 11
Pipoca de micro-ondas 55 20 6
Vegetais
Batata-doce cozida 70 150 22
Batata-inglesa cozida 82 150 21
Cenoura crua 35 80 2
Ervilha-torta 51 80 4
Purê de batatas 87 150 17
Alimentos processados
Homus de grão-de-bico 6 30 O
Mel 61 25 12
Pizza com molho de tomate e queijo 80 100 22
Fonte: Atkinson et al. 105

diabéticos, o consumo de fibras deve ser incen - Lipídios


tivado, porém sempre de maneira individual iza- O consumo diário de lipídios deve obedecer às
da, respeita ndo a pa latabilidade e os possíveis recomendações para idosos saudáveis, de 20% a
efeitos gastrintestinais. 106 As fontes podem ser 35% do VCT,107 com atenção para os t ipos de áci-
horta liças, frutas, leguminosas e cereais integrais. dos graxos componentes da dieta, principalmen-
Além disso, para ajudar na escolha dos alimentos te quando o idoso apresentar dislipidem ia (Tabe-
industrializados, estes podem ser class ificados la 4.15). Uma ingestão de gorduras totais menor
de acordo com o teor de f ibras:
que 15% do VCT pode dim inuir as concentrações
• A lto conteúdo de fibras, apresen t ando mínimo
de HDL e aumentar a glicemia, a insu linemia e
de 5g de f ibras por porção.
os níveis de triglicerídios, já que essa redução é
• Fonte de fibras, apresentando mínimo de 2,5g
compensada pelo aumento de carboidratos.
de fib ras por porção.

Micronutrientes
Proteínas
Minerais como zinco, cromo, magnésio e potássio
A ingestão de proteínas é recome ndada no per-
estão relac ionados com a homeost ase glicêmica,
centual de 10% a 20% (ADA, 2008)106 do valor ca-
de modo que a deficiência destes pode agravar o
lórico total (VCT), caso não haja a presença de
quadro de intolerância à gl icose. A dieta deve ser
m icroalbum in úria, respeitando a recomendação
equilibrada, seguindo as recomendações para a
de 0,8 a 1,5g/kg de peso corporal. O consumo de
carnes verme lhas não deve ser superior a duas idade do paciente. É importante seguir um plano
vezes por semana, por causa do elevado teor de alimentar que contenha frutas e horta liças em
gorduras saturadas. O controle glicêmico inade- porções adequadas. Não há evidências científicas
quado aumenta o catabolismo proteico, intensi - de que a suplementação de micronutrientes
ficando o processo de sarcopen ia. Nestes casos, seja necessária para os idosos diabéticos . Os
é necessário corrigir a glicemia e monitorar as re - suplementos comumente utilizados por esses
servas proteicas, incrementando o consumo, se indivíduos em decorrência da idade podem ser
necessário. administrados também aos d iabéticos 9 8

...... -
T

CAPiTULO 4 CONDUTA NUTRICIO NAL NAS D OENÇAS COM UNS EM IDOSOS 85

TABELA 4 .15 Recomendações de lipídios para trata mento do DM tipo 2

NUTRIENTE DOSE INDICAÇÃO

Lipídios 20% a 35% do VCT Idosos


Gorduras saturadas <10% do VCT Idosos diabéticos sem hipercolesterolemia
Gorduras saturadas <7% do VCT Idosos diabéticos com hipercolesterolemia
(LDL acima de 100mg/dL)
Gorduras poli-insaturadas 10% do VCT Idosos
Ácidos graxos ômega -3 0,5% a 2% do VCT Idosos, principalmente aqueles com
hipertrigliceridemia
Gorduras monoinsaturadas 12% a 15% do VCT Idosos diabéticos, visando à proteção das
células beta e à homeostase glicémica
Gorduras trans Não exceder 2g/dia Idosos
Colesterol dietético <200mg/dia Idosos com hipercolesterolemia
VCT: valor calórico total, LDL: lipoproteina de bai xa densidade.
Fonte: Institute of Medicine, 2006;'07 Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2013. 59

Adoçantes
Doença renal crônica
Os adoçantes podem ser uti lizados pelos dia-
béticos sem prejuízos pa ra a saúde, desde que A doença renal crônica (ORe) consiste em lesão
até as doses diárias máximas recomendadas, de renal e perda progressiva e irreversível da fun-
acordo com o produto de esco lha. Podem ser ção dos rins (g lomerular, tub ul ar e endócrina),
calóricos ou não calóricos e, ainda, artificiais ou Em sua fase mais avançada, denominada fase
naturais. No Brasil, a Resolução ROC nQ 18, de 24 terminal , os rins não conseguem mais manter a
de março de 2008,'09 autoriza o uso de aditivos homeostase do organismo m
edu lco rantes em alim entos, com seus respecti- A função rena l é avaliada pela taxa de fi ltra-
vos li m ites máximos por 100g ou 100mL do ali- ção g lomerular (TFG) e sua diminuição é obser-
mento. As doses máximas q ue podem ser consu - vada na ORe, em conjunto com a perda das fun-
midas com segurança por d ia pelos usuários são
ções endócrinas, regulatórias e excretórias do
encontradas na AOA."o Em geral, as quantidades
rim m Idosos são mais suscetíveis à diminuição
permitidas estão muito acima do q ue é consumi -
da função renal atribuída à redução fisio lógica da
do normalmente. Além disso, a melhor esco lha
TFG e também às doenças típ icas da idade, co-
é associa r vários tipos, o que soma vantagens e
mo OM e hipertensão arterial, além de d istúrbios
reduz potenciais riscos de cada um.
primários (p. ex" glomeru lo nefrites)H4
Ao escolher os produtos industrializados da
O diagnóstico da ORe e seus estágios ba-
dieta, é necessário observar as ca lorias totais,
seiam-se em três componentes: anatômico ou
pois a substituição da sacarose por adoçantes
estrutural (marcadores de dano renal); funcional
não garante red ução do valor calórico, conside-
(baseado na TFG); e tempora l (Tabela 4.16).
rando -se que pode ocorrer adição de outros in-
O tratamento-pad rão da ORe consiste em
gredientes, como óleos ou go rduras.
Em re lação aos exercícios físicos, a Socieda- Bastos e Kirsztajn :"6
de Brasileira de Endocrinologia e Metabologia • Diagnóstico precoce da doença.
(SB EM )'" recomenda 150min de atividades (pre - • Encaminhamento rápido para tratamento.
ferencia lmente aeróbicas) por semana realizadas • Efetivação de medidas para preservação da
em, no mínimo, três dias. Esta prática melhora a função renal.
tolerância à glicose, eleva a sensibil idade à insu -
lina, reduz os fatores de risco para aterosclero- O diagnóstico precoce depende da investiga-
se, diminui a pressão arterial e me lhora a apti - ção da doença nos grupos de risco. Além disso,
dão cardiovascu lar. Para ser eficiente, o exercício idade avançada, hipertensão, d iabetes, doença
deve manter 50% a 70% da frequência cardíaca cardiovascular, litíase renal, neoplasias e uso de
máxima, sendo necessá rio o acompanhamento med icação nefrotóx ica são fatores de risco para
de um educador físico. ORe. Idosos com familiares portadores de ORe
86 A BORDAGEM N UTRI CIONAL N O ENVELHECI MENTO

TABELA 4 .16 Estad iamento da DRC

ESTÁGI O CLASSI FICAÇÃ O TFG (mL/min /1,73m' ) PROTEI NÚRIA


Lesão renal, TFG normal ou aumentada ~90 Presente
2 Lesão renal, redução leve da TFG 60 a 89 Presente
3A Lesão rena l, redução moderada da TFG 45 a 59 Presente ou ausente
38 Lesão renal, redução moderada da TFG 30 a 44 Presente ou ausente
4 Lesão renal , redução grave da TFG 15 a 29 Presente ou ausente
5 Insuficiência renal terminal ou fase dialítica <15 Presente ou ausente
TFG: taxa de filtração g lomerular.
Fonte: National Kid ney Foundati onj KDOQI. 2002.'15

e/ou com TFG de 60 a 90mL/ min/ 1,73m' tam- Indepe ndente mente da quantid ade, ao menos
bém requer em investi gação m É difícil diferen ciar 50% do tota l de proteín as dev e ser de alto valor
entre diminu ição da TFG relacio nada com a idade biológi co, em geral com alimen tos de origem an i-
e ORe no idoso. Por isso, a investi gação de outros mai. Outra opção eficien te pa ra pacien tes com
fatores també m deve ser consta nte, abrang endo TFG inferior a 30mL/ min/1, 73m' é uma dieta com
microa lbumin úria, protein úria e hematú ria. '17 0,3g de proteín a/kg/d ia, suplem entada com ce-
O encam inhame nto precoc e dos casos re- toácido s e aminoá cidos essenciais (AAE). Os
cém-di agnost icados para acomp anham ento com cetoác idos são análog os de aminoá cidos essen-
especia l istas em nefrolo gia e o contro le ade- ciais sem o nitrogê nio. Assim, ao mesmo t empo
quado de pressã o arterial , protein úria, diabete s, em que suprem as necess idades do organis mo,
peso, anemia , hiperp aratire oidism o secund ário, há menor dispon ibilidad e de nitrogê nio, reduzin -
di slipide mia e desnut rição podem retarda r a pro - do a formaç ão de corpos nitroge nados tóx icos na
gressã o da doença e reduzir a incidên cia de com- Nesta fase, as necess idades energé ticas são
plicaçõ es." 6 O tratam ento da ORe compr een - sem elhante s às dos indivíd uos saudáv ei s, mesmo
de duas fases distinta s: a fase não d ialítica (ou com restriçã o proteic a. Os idosos obesos podem
tratam ento conser vador) e a fase dialític a (ou te- benefic iar-se da restriçã o calóric a leve a mode-
rapia renal substit utiva), em que são empre gadas rada , porém , em outros casos, pode ser necess á-
a hemod iálise (HO) ou a diál ise periton eal (OP). ria uma ingestã o calóric a maior, caso estejam em
condiç ão de des nutriçã o energé tico-pr oteica. A
Fase não dialíti ca ou tratam ento
Tabela 4.17 mostra as recome ndaçõe s de proteí-
conse rvado r
nas e energia para idosos em tratam ento con-
Esta fase tem como objetiv os retarda r o ritmo de serv ador.
progre ssão da disfunç ão renal. preven ir as com- Em casos de diabete s descom pensad o, a
plicaçõ es, tratar as comor bidade s e prepar ar o quanti dade de proteín a recome ndada é de 0,8g/
pacien te para a terapia renal substit utiva, se ne- kg/dia. Quand o há protein úria, a recome ndação
cessári o. é de 0,6 a 0,8g/k g/dia. Quand o há protein úria
Uma dieta com elevad a quanti dade de pro- >3g/ 24h, ela é de 0,8 + 19 de proteín a para ca -
teínas promo ve protein úria, causan do danos his- da g de protein úria. A recome ndação de energia ,
tológic os renais. Em contra partida , a restriçã o para todos os idosos, indepe ndente mente do es -
de proteín as proteg e o rim e reduz o ritmo de tágio de doença renal, é de 30 a 35kcal /kg/ dia e
progre ssão da doença , além de preven ir e tratar de carbo idratos e lipídios é de 50% a 60% e 25%
hiperp aratire oidism o secund ário, acidos e meta- a 35% do valor energé tico total. respec tivame n-
bólica, intolerâ ncia à glicose , hiperte nsão, hiper- te. Aqui t ambém convêm utilizar peso desejá vel
calemi a e outros distúrb ios eletrolí ticos. ou ajustad o para o cálculo das recome ndaçõe s
Em geral. pacien tes com ORe nessa fa se caso a adequa ção do peso seja superio r a 115%
são capaze s de ativar mecan ismos adapta tivos ou inferio r a 95%."9
que possibi litam a manut enção do ba lanço ni-
trogen ado e do estado nutricio na l, mesmo com Fase dialíti ca ou terapi a renal subst itutiva
uma ingestã o reduzid a de proteín as, desde que A diá lise é uma terapia utilizad a para a remoçã o
as necess idades de energ ia sejam alcança das. de solutos urêm icos anorm alment e acumu lados,
CAPiTULO 4 CONDUTA NUTRI CIONAL NAS DOENÇAS COMUNS EM IDOSOS 87

TABELA 4.17 Recomendação de proteínas e energia Doenças cardiovasculares, infecções e des-


para idosos na fase não d ialítica da DRC nutrição energético-proteica (Tabela 4.18) são
ESTÁGIO(S) PROTEíNAS (MíNIMO DE 50% DE as principa is causas de morbimorta lidade de pa-
ALTO VALOR BIOLÓGICO) cientes em diálise.
1e 2 Normal: 0,8 a 19/kg/dia Em relação à recomendação de proteínas na
3 0,6 a 0,75g/kg/dia fase dia lítica , estima -se que 1,1 a l,2g/kg/dia seja
4e5 0,6 a 0,75g/kg/dia o ideal para um balanço nitrogenado neutro ou
ou positivo. Para os pacientes em DP, a quantida-
0,3g/kg/dia suplementada com de de 1,2 a l,3g/kg/dia previne o balanço nega-
AAE e cetoácidos
t ivo por perdas diárias de proteínas . Em todos
Nota: utilizar peso desejável ou ajustado para o cá lcu lo das
os casos, 50% das proteínas devem ser de alto
recomendações caso a adequação do peso sej a superior a l15% ou
inferior a 95%. valo r biológico, com cuidado e atenção para que
AAE: aminoácidos essenciais.
o consumo total nunca seja menor que 19/kg/
Fonte: adaptada de Cuppar;, 2014." 9
dia. ll9
além do excesso de água. Tanto na HD quanto A recomendação de energia é semelhante
na DP, o plasma urêmico do paciente é colocado à dos indivíduos em tratamento conservador. A
em contato com o dialisato, separado por uma particularidade está na DP, em que a energia pro-
membrana permeável (artificial na HD e a mem- venie nte da glicose absorvida do dialisato (40%
brana do peritônio na DP). A HD e DP são tera- a 60% da glicose infundida) deve ser subtraída
pias dialíticas empregadas quando não é possível do tota l de energia recomendada. Essa regra
a rea li zação de transplante renal. ' 20 não é aplicada aos pacientes com desnutrição

TABELA 4 .18 Causas de desnutrição energético -proteica e possíveis intervenções em pacientes em diálise

CONSUMO ALIMENTAR INSUFICIENTE INTERVENÇÃO


I Diálise insuficiente (uremia) Melhorar a eficiência da diálise
Dietas muito restritas ou pouco palatáveis Dietas mais liberais e adequadas ou instituir terapia
oral/enteral
Doenças gastrintestinais Tratamento medicamentoso e dietético
Sobrecarga hídrica Restrição hídrica e adequar ultrafiltração
Anemia (fadiga, desânimo) Uso de eritropoetina e/ou ferro
Quantidade excessiva de med icamentos e interação Reavaliar e restringir medicamentos dentro do
su bstâ ncia/nutriente possível e avaliar interações
Doenças associadas (diabetes, insuficiência cardíaca, Tratamento medicamentoso e nutricional adequado
infecção, inflamação)
Pressão intraperitoneal (em DP) Diminuir o volume da solução de diálise
Absorção contínua de glicose (em DP) Soluções com menor concentração de glicose
Peritonites (em DP) Tratamento medicamentoso precoce e terapia
nutricional com dieta hiperproteica
Fatores psicológicos (depressão, solidão) e sociais Prover suporte psicológico e social
(baixa renda, falta de estrutura familiar)

Perda de aminoácidos, proteínas e vitaminas na Adequação do consumo alimentar


diál ise
Ac idose metaból ica (proteólise muscular) Manter bicarbonato sérico >22mmol/L
Inflamação (aumento do catabolismo proteico e Terap ia nutricional adequada e tratar causas da
energético) inflamação
Resistência à ação dos hormônios anaból icos e Tratar anormalidades
aumento dos catabólicos
Hiperparatireoidismo secundário Prevenir/tratar precocemente
Atividades fís icas reduzidas Orientar/incentivar atividades fís icas regulares
Fonte: adaptada de Cuppar;, 2014'"
88 A BO RDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHEC IM ENTO

energético-proteica. As recomendações de pro- optar por pontos de corte de IMC mais sensí-
teínas e energia para idosos em terapia renal veis para baixo peso, como Lipschitz '22 ou Or-
substitutiva encontram-se na Tabela 4.19. ganización Panamericana de la Salud. 123
Quando ocorre acompanhamento por equi- • Hipertensão arterial: além de ser uma das
pe mu lti profissional, os idosos com DRC apre- principais causas da doença, é um fator de ris-
sentam diminuição dos riscos de mortalidade co de progressão; desse modo, recomenda-se
por todas as ca usas e tendência de redução da manter as pressões arteriais sistólica e diastó-
hospitalização quando comparados aos idosos lica menores q ue 130mmHg e 80mmHg , res -
acompanhados unicamente por nefrologistas. '14 pectivamente. As medicações preferíveis para
O nutricionista destaca-se nesta equipe como o controle da pressão têm efeito sa lutar adi-
membro responsável por monitorar e intervir no ciona i na redução da proteinúria. Em caso de
controle de diversos aspectos: proteinúria ma ior que 19/dia, o nível p ressóri -
• Consumo alimentar e estado nutricional: os co recome ndado é menor que 125/75mmHg;
pacientes com DRC devem ser submetidos, re- quando for menor que 19/dia, a recomendação
gularmente, à ava liação da ingestão ca lórico- é que a p ressão arteria l se mantenha menor
-proteica e do estado nutric ional. A frequência que 130/80 mmHgm As mod ificações dietéti-
recomendada é de uma avaliação a cada 1 a cas devem seguir as recomendações para con-
3 meses nos pacientes em estágios 4 e 5 e a trole da hipertensão.
cada 6 a 12 meses nos estág ios 1 a 3 (se não • Proteinúria: é um importante marcador de
houver evidências de desnut rição).'2' No caso lesão renal e fator de risco para progressão
de pacientes em HD, o peso deve ser obtido da DRC e morbimortalidade cardiovascular.
sempre após a sessão. assim como os demais Quando presente em pelo menos duas de três
parâmetros antropométricos. Pa ra a DP, o vo- ava liações urinárias, é considerada persistente.
lume do dia li sato deve ser descontado do peso A intervenção nutricional inclui ingestão ade-
aferido ng quada de proteínas e d im inuição do peso cor-
• Desnutrição energético-proteica (DEP) e so- poral (pacientes com IMC acima do normal) n3
brepesojobesidade: há grande relação entre a • Anemia: em geral, é do tipo normocrômica e
DEP e a morbimortalidade em idosos com DRC. normocítica, sendo causada por produção de-
Entre os fatores causais, destacam-se o estado ficiente da eritropoetina pelos f ibroblastos pe-
inflamatório, causador de catabolismo proteico, ritubulares renais. O tratamento consiste na
e a redução do apetite. Contudo, t em -se ob - administração de agente estimulador da eri-
servado aumento da prevalência de sobrepeso tropoese. Contudo, é importante lembrar que
e da obesidade em idosos com DRC. Ao con- a resposta terapêutica está condicionada à
trário do que se espera na população em ge- concomitância de reserva de ferro adequada.
raI, nos idosos com DRC, mais que nos idosos As deficiências de ácido fó lico e vitam ina 6 '2
saudáveis, o excesso de peso tem se mostrado são menos comuns, mas, se presentes, devem
como fator de proteção, espec ialmente naque- ser corrigidas m .114
les em HD. A maior reserva corporal previne a • Alterações no metabolismo mineral: a dimi-
desnutrição d iante de frequentes episódios ca - nuição da TFG associa-se à elevação de fosfa-
tabó licos. Para esses idosos, deve-se sempre to e cálcio no sa ngue, desempenhando papel
importante na fis iopatologia da doença óssea
e na ca lcificação vascular. A síntese renal de
TABELA 4.19 Rec om endaç ões de proteínas e energia l,25-di-h idroxivitamina D, forma ativa da vi-
para pacientes em HD e DP
tamina D, diminui, causando hiperplasia das
PROTEíNAS (MíNIMO DE 50% glândulas paratireoides e consequente hiper-
DE ALTO VALOR BIOLÓGICO) paratireoidismo secundário. A monitoração de
Hemodiálise 1,1 a 1,2g/kg/dia cá lcio, fósforo, fosfatase alcalina, calcidiol, cal-
Diálise peritoneal 1,2 a 1,3g/kg/dia citriol e hormôn io da paratireoide (PTH) deve
Energia ser realizada em todos os pacientes com DRC
Hemodiálise e 30 a 35kcai/kg/dia em estágios 4 e 5 e nos pacientes em estágio
diálise peritoneal 3 que apresentarem redução progressiva da
Fonte: Cuppari. 2014.''' TFG.
CAPiT ULO 4 C O NDUTA N UTRICIONAL NAS D OENÇAS C O M UNS EM I DOSOS 89

Em caso de hiperfosfatemia , indica-se somados à diurese de 24h. O controle do pe -


dieta com baixo teor de fósforo «700mg/ so interdia lítico é o me lhor indica t ivo pa ra
dia), seguida de quelantes de fósforo, além conferir se o consumo de sód io e de líquidos
da administração de ca lcitriol caso o PTH está correto .119
continue elevado n3·114 Na fase dial ítica, o con- • Acidose metabólica: os ácidos não voláteis
trole do consumo de fósforo f ica compro - são elim inados principalmente pelo rim; desse
metido porque os alimentos proteicos (que modo, a redução da TFG diminu i a excreção
também são fonte deste mine ral) podem ser destes ác idos, induzindo acidose metaból ica
consumidos em maior quantidade. Portanto, compensada ou descompensada. A co rreção
deve ser dada maior atenção à escolha das deve ocorre r com ut ilização de bica rbonato
fontes de proteína 123 de sódio ora l para ma nte r alca lin idade sérica
A hiperpotassemia, ou hipe rca lem ia, tem (bicarbonato acima de 22mEq/L dosado em
como consequência a oco r rência de arrit - sangue venoso) e, assim , tem -se redução de
mias cardíacas. No tratamento conservador, queda da TFG .
o cont role do consu m o de potáss io deve • Dislipidemia: a DRC evol ui com alterações do
oco rrer em casos de elevação sérica ou TFG metabolismo lipídico. Ass im, mostram -se es-
menor que 15mL/mi n/ 1, 73 m2 Em pac ientes
sencia is o rastreamento, a ava liação e o trata-
em HD, a restrição deve ser m ais rigo rosa, es -
mento das alterações em colesterol total, HDL,
pecialmente nos anúricos. Os med icamentos
LDL e trig licerídios. São adotadas as mesmas
devem ser invest igados, po is p odem repre -
recome ndações aplicadas à população com
senta r um p apel importante no acúmu lo de
d islipidemian3.124
potássio, como diurét icos, betab loqueadores
• Diabetes melito: representa a principa l causa
ou ini b ido res da enz ima de conversão da an -
de DRC e, no Brasil, constitu i a segunda cau -
giotens ina.
sa mais comum de d iálise. Nesses pacientes, o
Reco m enda -se ingestão de potássio me-
co ntro le g li cêm ico é um desafio que envolve
nor que 70mEq/dia, aprox imadamente 3g/dia .
intervenção dietética difícil, adesão m ed ica -
Cozinhar as hortal iças reduz o teor deste ele-
mentosa e limitação do uso dos hipoglicemian-
tró li to em ce rca de 60% e deve ser dada aten -
tes orais, principa lmente nos estágios ma is
ção à escolha de todos os vegeta is de acordo
avançados. Os níveis de HbAlc devem ser m e-
com o seu teo r nos alimentosn 9 A carambola e
nores que 7% e a g li cem ia pós -prand ial, inferior
seus su b produtos não podem ser consumidos
a 140mg/dL. O pac iente prec isa estar ciente da
por pacientes com DRC, em razão da presença
possibi lidade de ocorrer hipog licemia e, dessa
de um composto neu rotóxico q ue se acu mu-
la no organismo na ausência da função re nal maneira, deve ser orientado a reco nhecê-Ia e

norma l. t ratá -Ia, principalmente aquele em uso de in-


A rest ri ção de sódio potencia liza a res - su lina m .124

posta aos ant i-hipertensivos . Na fase não dia- • Mudanças no estilo de vida: é com um que os
lít ica, a ingestão pode se r med ida de acordo pac ientes com DRC exibam fato res de risco
com a excreção uriná ri a em 24h. Normalmen- comuns pa ra DM e DCV. Desse modo, algu m as
te, nesta fase não é necessário cont role da in - med idas devem ser tomadas, como interro m-
gestão hídrica, pois o balanço de sódio ade - per o tabagismo, tratar obes idade e sobrepe -
qua d o perm ite regulação da sede. Na HD, a so, d iminu ir ou cessar o consumo de álcoo l e
restrição na ingestão do sódio é necessária praticar exercícios d iariamente por, pelo me-
para controle da hipertensão e do consumo nos, 30 a 60m in (no caso de pacientes com
de líqui d os, a f im de evitar o ganho de pe - DRC sem contra indicação médica) m
so entre as sessões, que não deve ultrapas-
sar 4% a 4,5% do peso seco (pós -sessão). A É importante estimular a presença dos fami-
recomendação é de 2 .000 a 2.300mg/dia de liares ou de um c uidador do paciente durante as
sód io, cerca de 5 a 6g de sa l, sendo que o sa l consultas nutricionais, em decorrência da neces-
light não deve ser ut ilizado, pois contém po - sidade do uso de vários med icamentos junta -
táss io. A ingestão de líquidos para os pacien - mente a grandes modificações na dieta e even-
tes em HD pode ser de 500 a 1 000mL/dia tual presença de défic it cogn itivo.114
90 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

elderly women and interacts with v itamin D recep-


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CAPiTULO 5
Conduta Nutricional nas
Síndromes Geriátricas

Maria Sônia Lopes Duarte


Eli ana Carla Gomes de Souza

A justificativa para o uso dos dois critérios


Sarcopenia é que a força muscular não depende da massa
muscular exclusivamente, e a relação entre a for-
A sarcopenia é prevalente em id osos, sendo re-
ça e a massa não é linear.
conhecida como uma das síndromes geriátri-
cas. l - S É um processo complexo e multifatoria l,
Sarcopenia e outras síndromes
derivado da comb inação de fatores biológicos e
Caquexia
ambientais (Figura 5.1), que conduz a distúrbios
A caquexia (do grego cac = "ruim" + hexis =
de mobilidade, aumento do risco de quedas e
"cond ição") é uma síndrome reconhecida como
fraturas, dificuldade na realização de atividades
emagrecimento grave associado a outras doen-
diárias, perda de independência e maior risco de
ças, entre elas câncer, card iopatia congestiva e
morte 6
doença renal em estágio final. Caracteriza-se por
A inc id ência de sarcopenia aumenta com a
perda de massa muscular com ou sem perda de
idade e é mais expressiva no sexo masculino em massa gorda e redução do desempenho físico
razão de fatores hormonais, com queda nos ní- e/ou força muscular. Desse modo, na caquexia
veis de hormônio do cresc imento (GH) e testos- tem -se a sarcopenia 9 .10
terona. -4 Idosos com obesidade sarcopênica têm
'
qualidade de vida pior em relação aos sarcopêni- Fragilidade
cos não obesos. Além disso, os idosos acamados A sarcopenia leva à fragilidade, que é uma síndro-
podem apresentar queda mais rápida de massa me geriátrica relacionada com a idade, apresen-
e força musculares 7 .8 tando declínios em vários sistemas fisiológicos
com aumento nos índices de quedas, hospital iza-
Diagnóstico ção, institucionalização e mortalidade B Fried et ai."
O diagnóstico de sarcopenia baseia -se na identi- propuseram que idosos frágeis deverão apresen-
ficação de dois critérios: 9 tar pelo menos três dessas cinco características:
1. Perda de massa muscular com perda de força • Perda de peso involuntária (5% do peso no últi-
muscular. mo ano ou perda de, pelo menos, 3kg ou índice
2. Perda de desempenho fisico. de massa corporal [IMC] <21kg/m 2 ).
96 ABORDAGEM NUTRI CIONAL NO ENVELH ECIMENTO

• Queda no número de neurônio s e velocida de de cond ução


dos estímulo s
• Mudanç as nas fibras muscula res
• Mecanis mos de contraçã o-relaxa mento diminuíd os
• Danos oxidativ os
• Prolifera ção/ativ ação reduzida de células- satélites
• Express ão reduzida de genes de proteína s contráte is
• Mudanç as no metabol ismo muscula r
• Aumen to de citocina s
• Mudanç as endócrin as e/ou resposta reduzida dos tecidos
aos hormôni os
• Respost a redu zida aos nutrient es e/ou m á nutri ção
• Inativida de

FIGURA 5.1 Fatores en vo lvidos na gênese da sarcope


nia
Fonte: Panddon -Jones et aI., 2008'

• Exaust ão física, autorre lato que deve estar e força muscu lares são re lativam ente novas . Os
presen te na maior parte dos d ias. nutrien tes que têm sido ma is relacio nados com a
• Reduç ão da força da mão, dinamo metria sarcop enia são v itamina D, proteín as, ácidos gra -
<30kg p ara homen s e <18kg para mu lheres. xos õmega -3 e nutrien tes antioxi dantes (carote -
• Re dução da velocid ade de march a/ caminh ada noides, selênio e v itamina s E e C) 6,7,9
de 4m em 6s ou mais.
• Baixo níve l de capaci dade física, prática de ati - Proteinas
vidade s físicas ausent e nos últ imos t rês meses
Os idosos aprese ntam maior taxa de catabo li s-
o u quand o o idoso não caminh ou no último
mo p roteico , de modo que suas necess idades
mês e quand o passa pelo menos 4h por dia
de p roteína são ma io res. Estão em risco de ina -
sentad o.
dequa ção do consum o p roteico se a ingestã o
de proteín as for abaixo da ingestã o d iária reco -
Obesid ade sarcop ênica
menda da (R DA. do ing lês recom mende d dietary
As cond ições q ue levem a perda de massa magra
a//owa nce) (0,8g/ kg/d ia), sendo que de 15% a
e excess o de tec ido adipos o resulta m em obesi-
38% dos homen s id osos e 27% a 41% das mulhe-
dade sarcop ênica. De acordo com Daviso n et al.,'2
res idosas co nsome m m enos do que o recom en-
a obesid ade sarcop ênica ocorre quand o a sarco-
dado. '3
penia e a obesid ade estão presen tes ( Tabela 5.1).
Alé m da ocorrê ncia de baixa ingestã o protei -
A obesid ade sarcop ên ica induz ma ior proba-
ca, as altera ções metabó licas em idosos ta mbém
bi lidade de limitaç ões funcion ais em idosos.
resulta m em menor produç ão de proteín a mus-
cular do que em adultos jovens que consom em a
Abord agem nutric ional na sarco penia
mesma quanti dade de proteín a. A dim inuição da
O estado nutricio nal é essenc ial na m anuten ção
sensibi lidade à ação anaból ica da insulina pode
da força muscu lar. Embor a a import â nc ia da nu-
preced er mudan ças eviden tes na massa muscu -
trição adeq uada seja reconh ecida há bastan t e
lar esquel ética. Além disso, a reduçã o da respos -
t empo, as pesqui sas que associa m diet a a massa
ta v asodila tadora muscu lar à insulina em idosos
pod e causar menor anabol ismo, por levar à d imi-
TABELA 5.1 Va lores de sarcopenia e obesidade para nuição do flu xo de sang ue e da dispon ibilidad e
classificação de obesidade sarcopê nica de precur sores para a síntese muscu lar 6 ,13,14
A recome ndação da ingestã o de 1 a 1,5g/ kg/
SEXO 5ARCO PENIA OBESID ADE
dia tem sido consid erada adequa da para pro -
Mascu lino MM <9,12kg/m 2 %GC >37,16% mover a síntese proteic a. '5 Para a síntese pro -
Feminino MM <6,53k g/m2 %GC >40,01% teica muscu lar, são necess ários cerca de 30g de
MM : massa muscular (antropo metri a - equação preditiva
) « 2' proteín a. Deve-s e consid erar que a d istribui ção
quint il da população); %GC: percentual de gord ura corporal
(SIA
equação predit iva) ( > quintil da populaçã o) ocorra em três refeiçõ es por dia para otimiza r da
Fonte : adaptada de Davison et ai .. 2002."
síntese proteic a. 14,16
CAPiTULO 5 CONDUTA NUTRICIONAL NAS SiNDROMES GERIÁTRICAS 97

A lgumas mod ificações, como suplementa - relativamente baratos e saborosos, enqua nto su-
ção da alimentação com proteínas de soro de p lementos, como aminoácidos indispensáveis,
leite, poderiam ser benéficas porque forneceriam geralmente são caros e com sabor que não se
os am inoácidos em proporção adequada para a assemelha ao ali mento in natura 6 Vale conside-
síntese de músculo esquelético.l7,la Entretanto, a rar, porém, que a suplem entação de am inoácidos
recomendação da ingestão de quantidades mais ou proteínas na forma purificada pode ser bené-
elevadas de proteína na população idosa deve fica em casos de ca t abolismo proteico acelerado
ser cautelosa quando houver comp rometimento (p. ex., na sarcopenia avançada) .32 Para a maioria
da função renal. dos idosos, o meio mais fácil de incrementar o
Dietas com alto teor de proteína (>45% do anabolismo de proteína muscular esquelética é
total de energi a ingerida) tém sido as socia das a incl uir uma porção moderada de proteínas de al-
uma série de eventos adversos, co m o náuseas, to va lor biológico em cada refeição 6
d iarrei a e aumento da exc reção de cálc io (ali - Entre as d icas para aumentar a ingestão de
mentação rica em aminoácidos que contêm en- proteínas, incluem-se: '3
xofre).'9.20 Por sua vez, as dietas co m quantidade • Adicionar queijo a legumes, saladas, batat as,
m enor de proteína (20% a 35% do total de en er- arroz e macarrão.
gia ingerida) não pa recem estar associadas a re - • Usar ovos cozidos em saladas.
sultados negativos para a saúde. 21 .22 • Consumir iogurte isoladamente ou com fru ta s
Além da quant idade de proteína ingerida, e ce reais.
existem difere nças sutis entre capac idades de • Ad ic ionar leite em pó a sopas, purê d e batatas,
diferentes fontes proteicas para promover a sín - coz id os, pudins e sobremesas à base de leite.
tese de proteínas do múscul0 6 Por exemplo, a • Adicionar uma colher de leite em pó ou pro-
combinação de proteínas do soro e caseína do teína d e soro de leite para cada xícara de leite
leite pode fornecer m aior aum ento da sínte se (duas vezes por dia).
proteica muscular m ais do q ue uma bebida de • Quando utilizar suplementos proteicos, esco-
soja com a mesma quantidade de am inoáci- lher aqueles com proteína de alta qua lidade
dos 23 .24 • Consumir nozes, castanhas, amend oim, se-
Essas d iferenças são atribuídas, p ossivelmen - mentes e gérmen de trigo.
te, a d ois principais fatores. O primeiro relac io - • Adicionar feijão e lentilhas a sopas, refogados
na-se com as diferenças na digestib ilidade e na ou saladas.
biodisponibil idade de alguns alimentos ricos em
proteínas que podem influenciar a síntese prote i- Idosos sarcopênicos que ut il izarem sup le-
ca muscu lar.'6,25,26 O seg undo, e ta lvez o prin ci- m entos proteicos, comb inados ou não com ati-
pal, é o co nteúdo de aminoácidos indispensáveis v idades físicas, para aumento da massa magra,
de uma proteína, particularmente a leuc ina, que terão suas necessidades de energia aumentadas
estimu la a v ia intracel ular específica re lac io na- para dar suport e ao adequado metabolismo do
da com a síntese proteica mu scu lar, em es pecial tecido m agro formado. Nesse aspecto, deve-se
quando em ma io r proporção em uma mistu ra de acompanhar o ganho de massa mag ra e conse-
am inoác idos 23 ,27,28 Pesquisadores propõem que quente ganho de peso para alteração da inges-
o aporte recomendado de leucina deva ser de tão energét ica .3.4,6,7,13,14,29,30,31,33-35
2,74g, duas vezes ao dia, ou uma mistura de am i-
noác idos indi spensáveis de 7,5g, duas vezes ao VitaminaD
d ia 6 ,1 4,lS.29 A deficiência de v itamina D é a ma is prevalente
Além da leucina, tem sido demonstrado que em idosos, ind ependentemente de raça ou et-
um dos seus metabólitos, o beta -hidróxi-beta-me- nia . As concentrações de 25-hi drox iv itam ina D
t il butirato (HMB), aumenta a síntese proteica e ini- [25(OH)D] dim in uem com a idade, associando-
be sua degradação quando suplementado.'4,30,3' -se ao esgotamento da força muscular B
Promover o anabo lismo muscul ar com ali- Receptores de v itamina D presentes no mús-
mentos ricos em proteína, sempre q ue possível, culo medeiam a ativação de segu ndos m ensa-
tem vár ias vantagens sob re a suplementação. geiros e fosforilação de proteínas intra celulares
Muitos alimentos que contêm proteínas de ori - envolvidas na síntese proteica. A lém disso, a vi t a-
gem vegeta l ou anima l são facilmente acessíveis, m ina D atua na regu lação do transporte de cálcio
98 A BORDAG EM NUTRICI ONAL NO ENVELH ECIMENT O

e a cinéti ca da co ntraçã o do múscu lo, contrib uin- É evitáve l em 30% a 40% dos casos; portan to,
do para o ganho de massa muscu lar e o aumen to esse aspect o d eve ser cons iderado em saúde pú-
da força 36
blica para reduz ir os custos associa dos às com -
A suplem entaçã o de vitam ina D em idosos p li cações . 42
co m baixos níve is séricos dest a vitamin a au- Apesar de já ter sido d escrita há mais de
menta a f orça muscu lar. Suplem entaçã o em do- 2.500 anos, a etiolog ia q ue leva a essa síndrom e
ses suficie ntes para elevar os níveis acima de no idoso é aind a descon hecid a 43 Existem hipó-
100nm ol/L deve ser utilizad a como terapia adju- teses fisiopa tológic as do delirium que incluem
vante. As doses equiva lentes a 50.000 U I de vita - deficiê ncia de neurot ransmi ssor, citocin as pró-
mina D por seman a são segura s.'5 -in flamató rias, respos tas agudas ao estress e e
lesões neuronais. Muitos fat o res associa dos a es-
Nutrie ntes antiox idante s
ta sínd ro me coincid em com os fatores de risco
Há c rescen te interesse no papel do estress e para epilepsia, entre eles desequ il íbri o eletro líti-
oxidati vo na etiolog ia da sarcop enia. Danos a co, hipogli cem ia, resposta inflama tória sist êm ica
biomol éculas como ácido desoxi rribonu cleico e fármac os especí ficos. Outros fatores de risco
(DNA) , lipíd ios e proteínas ocorre m quand o as identifi cados são demên cia ou prejuíz o cognit i-
espécie s reativa s de oxigên io estão presen tes vo, compr ometim ento funcion al. deficiê ncia vi-
em excess o nas células , poden do contr ibuir pa- sual. história de abuso de álcool e idade avança -
ra a perda de massa e força muscu lares. Mu itos da (>70 anos)4 2-44 A aborda gem nutricio nal m ais
estudo s têm demon strado associa ções positiv as ampla mente aceita é manter a hidrata ção e a ali-
entre m aior capaci dade antioxi dante e medida s mentaç ão adequa das.
de função fís ica em idosos. Dessa maneir a, a ade-
q uação dos nut r ien tes ant ioxidan tes na alimen -
tação pode preven ir a sarcop enia. 37.38
Demê ncia
Ácidos graxos ômega -3 Demên cia é um comp rometi mento cogn itivo,
A sarcop enia é cada vez mais reconh ecida co- adquir ido e progre ssivo que compr omete as
m o sendo resu ltado també m da presen ça de ci - ativida des diárias. Pode ter etio logia vascula r,
t oci nas inflam atór ias. Os eicosan o ides, derivad os infeccio sa, tóxica, m eta bólica, traumá tica, neo-
de ácidos graxos poli -insatu rados, encont ram - se plásica ou inflama tória. No enta nto, a doença de
en tre os mediad ores e regulad ores de infla ma- Alzheim er é a causa mais comum de demên cia
ção; desse modo, o equ il íb ri o na ingestã o dos nos idosos, sendo respon sável por 50% a 60%
ômega s-3 e 6 deve ser consid e rado. Particu lar- dos casos 45.46
m ente, os eicosa no ides derivad os do ôm ega -3 Ainda não há consen so sobre a fisiopa tologia
t êm potenc ial anti-in flamató rio e podem co nt ri- da doença . Idosos com demên cia aprese n t am al-
buir com meno r produç ão de c itocina s inflama - ta p revalên cia de como r bidade s, as quais podem
tórias, reduzin do a incidên c ia de sarcop enia. No prejud icar a capaci dad e cog nitiva e aumen tar o
entanto , mais estudo s são necess ários pa ra que declíni o funcion al 45.46
sejam estabe lecidos os benefíc ios dessa sup le- Muitos pacien tes com demên cia manife s-
ment ação em idosoS. 39 -41Deve-se consid erar que tam agitaçã o, agress ividade , desnor teame nto e
a ad equaçã o na ingestã o é essenc ial e poderá transto rnos psicóti cos . Pelo menos um desses
ocorre r pela inclusã o de ali mento s como peixes sintom as pode estar presen te em grande pa rte
de água fria (salmã o, atum, sard inha) e linhaça. dos pacien tes com demên cia 45
Os resulta dos de alguns estudo s epidem ioló -
gicos sugere m q ue o consum o de gordur as sa -
Delir ium turada s ou trans e as baixas conce nt rações séri -
cas de v itamina D podem ser consid erados como
O delirium é uma sínd rome aguda, comum , tran - import antes fatores de risco modific áveis para o
sitória e potenc ialmen te reversí vel, que anterio r- desenv olvime nto de demên cia 46
m en te era conhec ida co mo estado de confus ão Estudo s in vitro mostra m que a vitamin a D
aguda 42-44 É causa princip al de morbim ortalid a- melhor a a depura ção da substâ ncia beta-a mi -
de em idosos e pode aco meter até 50% destes 43 loide estimu lada por macróf agos, reduzin do sua

-i« .
- --- - -- - - - - - --
-
CAP iTULO 5 CONDUTA NUTRICIONAL NAS SiNDROMES GERIÁTRICAS 99

citotoxicidade e, também, a apoptose de neurô-


Depressão
nios 4 7 .4 8 A deficiência de vi tamin a D também tem
sido associada a disfunção vascular e isquêmica A depressão é uma doença de elevada preva -
e risco de acidente vascu lar encefálico, bem co- lência em idosos, com estimativa de 350 milhões
mo atrofia cerebral 49 Todavia, o inverso também de casos no mundo, e resulta de uma complexa
é possível, já que o aparecimento de demência interação de fatores biopsicossociais. É uma sín -
pode levar a mudanças na dieta e à redução da drom e psiquiátrica caracterizada por red ução do
atividade ao ar livre, o que, por sua vez, resulta humor, perda do interesse o u prazer e alterações
em menor concentração de vitamina D. do funcionamento biológico, podendo durar me-
Outro fator que també m q ue pode levar a ses a anosS1
comprometimento cognitivo, direta ou indireta- Os sintomas depressivos são mais comuns
mente, é a adipos idade por me io dos seguintes em mulheres idosas do que em homens idosos
mecanismos: 50 (16% e 11%, respectivamente), especialmente aci-
• Hiperinsulinemia: o excesso de insu lina pode ma de 85 anos de idade. A depressão tem sido
ter efeito direto no cérebro pela interferência associada a d iversas doenças crôn icas, como
na depuração da substânc ia beta-amiloide e diabetes, câncer e doença ca rdi ovascu lar. Tam-
contribuir, dessa maneira, para os danos ce- bém tem sido re lacionada com deficiênc ia fu n-
rebrais. cionai aumentada, morbimortalidade e uso mais
• Produtos fina is de glicação avançada (AGE): frequente dos serviços de sa úde SI-57
os AGE são produzidos em excesso no dia- A depressão pode afetar o apetite e leva r a
betes e podem causar lesão cerebral. Os AGE recusa al imentar e consequent e perda de peso,

t êm sido encontrados em placas amiloides e poden do ter um impacto negati vo no estado nu-
tricional dos idosos. No entanto, os sintomas de-
em emaranhados fibrilares; a gl icação da subs-
pressivos menos graves podem aumenta r o ape-
tân cia beta-amiloide aumenta sua agregação e
tite, induzindo ganho de peso S3.54 .58
pode fa cilitar o dano neurona l.
Essa síndro me pode levar a esco lh as ali-
• Adipocinas e citocinas: o tecido adiposo pro-
mentares pouco saudáveis, com maior prefe-
duz citocinas inflamatórias que podem aumen -
rência por alimentos doces e baixa ingest ão de
tar o estado inflamatório do cérebro e afetar
frutas ou vegeta is. Várias deficiências nutricio-
regiões envolvidas na demência (p. ex., hipo-
nais têm sido associadas à depressão, como
cam p o), alterando a função cogn itiva
baixos níveis de ác ido f ól ico, z inco, ômega-3,
• Doenças cerebrovasculares: a ad iposidade
selênio, vitamina 8 12> vitamina D, ferro e magné-
pode aumentar o risco de doença cerebrovas-
sio. Dessa mane ira, uma dieta equi librada com
cular e acidente vascular encefá lico (AVE), que
f oco nos nutrientes citados deve ser a aborda-
estão forte m ente associados à demência. gem utilizada.

A abordagem nutricional m ais adequada é


uma dieta balanceada com alimentos de todos Referências
os grupos, com foco no controle da ingestão
de ác idos graxos saturados e trans, adequação 1. Chien MY, Huang TY, Wu YT. Preva lence of sarco-
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CAPíTULO 6
Interação Fármaco-nutriente
em Idosos

Dan ie la Mayum i Us u da Prado Rocha

apresentando em sua composição uma ou mais


Introdução
substâncias, denominadas fármacos ou princípios
o uso de medicamentos, a polifarmácia e a au - ativos, as quais são responsáveis pelos efeitos te-
tomedicação são práticas comuns entre idosos. rapêuticos. A produção e a comercialização dos
Dada a elevada prevalência de doenças crônicas medicamentos seguem determinações legais de
não transmissíveis em idosos,' eles constituem segurança, eficácia e qualidade, devendo atender
um grupo de risco para efeitos adversos, reações às especificações determinadas pela Agência Na-
e interações fármaco-fármaco, doença-fármaco cional de Vigilância Sanitária (Anvisa)S
e fármaco-nutriente, principalmente quando da Quando prescritos e utilizados de maneira
utilização da polifarmácia 2
Além disso, mudan- apropriada, os medicamentos melhoram a saú-
ças fisiológicas próprias do enve lhecimento po- de dos idosos, além de reduzir custos com ser-
dem afetar a farmacocinética e a farmacodinâ- viços médicos 6 Contudo, é importante ressaltar
mica dos med icamentos, aumentando o risco de que eles devem ser utilizados com precaução, de
efeitos adversos 2 - 4 Neste contexto, o estado nu- acordo com a orientação médica e farmacêutica S
tricional tem impacto sobre o efeito dos medica-
mentos, bem como pode ser afetado ou agrava-
do pelo uso destes 3 Dessa maneira, é importante Polifarmácia
compreender a relação entre o uso de medica-
A utilização de múltiplos medicamentos para tra-
mentos e o estado nutriciona l nos idosos, anali-
tamento de uma ou várias condições de saúde é
sando suas interações, possíveis riscos e orienta-
denominada polifarmácia .7 Embora não haja um
ções terapêuticas.
consenso, em geral, cons idera -se para sua defini-
ção o uso de cinco ou ma is medicamentos 2 Essa
prática relaciona -se com o aumento dos custos e
Uso de medicamentos
a menor adesão ao tratamento terapêutico, além
Os med icamentos fazem parte do tratamen- de efeitos colaterais e alterações do estado nu-
to das doenças e do alívio de seus sintomas, tric ional dos idosos. 3
104 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

Aliado ao envelhecimento populacional , en- ou adversos associados à sua adm inistração,


contra-se também o aumento da prevalência de mesmo quando ut ilizados corretamente S As rea-
doenças crônicas entre idosos B Dessa maneira, a ções adversas aos medicamentos mais comuns
polifarmácia é um problema que merece atenção são aquelas dependentes da dose (toxicidade)
dos órgãos públicos e da sociedade, principal- ou a inesperada falha terapêutica. Outras, me-
mente neste grupo etário. nos frequentes, associam -se reações imunoló-
A preva lência de polifarmácia pode variar gicas ou idiossincráticas (não dependentes da
de 5% a 78%, dependendo do tipo de popula - dose), que têm elevado risco de mortalidade, e
ção estudada e dos critérios adotados para sua reações crônicas as quais são dependentes de
definiçã0 9 No Brasil, um inquérito postal identi- dose e tempo, por exemplo.l7 Reações adversas
ficou que 35,4% de 985 idosos encontravam-se a med icamentos representam 5% a 6% das ad-
em uso de polifarmácia. 'o Essa prevalência variou missões hospitalares, podendo chegar a 12% en -
de 13,9% a 36% nos municípios de Carlos Barbo- tre idosos.1B
sa (RS) e São Paulo (SP), respectivamente n.12 A Além disso, diversas interações são possí-
incidência entre moradores de regiões urbanas veis com os medicamentos, como as interações
foi maior em relação aos das áreas rurais,'2 sendo fármaco-fármaco, que aumentam exponencial-
ligada positivamente a idade, sexo feminino, pre- mente com a quantidade de medicamentos ad-
sença de várias doenças e atuação no mercado ministrados, e as interações fármaco-nutriente,
de trabalho. ,o.ll que incluem alimentos, p lantas medicinais, suple-
Além dos medicamentos prescritos por mé- mentos vitamínicos e minera is. Essas interações
dicos e/ou farmacêuticos, os idosos podem au- podem diminuir ou aumentar a eficácia do me-
tomedicar-se para o alívio de sintomas relacio- dicamento, bem como proporcionar efeitos in-
nados com doenças ou problemas de saúde, de desejados. Além disso, há também as interações
modo que estudos apontam tais ocorrências em doença-fármaco, que se relacionam com a piora
cerca de 36% desse grupo.'3 Entre os medica- do estado de enfermidade a partir da administra-
mentos mais utilizados na automedicação por ção de um medicamento para tratar outra doen-
essa população, incluem-se ana lgésicos, anti -hi - ça. Esse tipo de interação é bastante comum en-
pertensivos, fitoterápicos e anti-inflamatórios B tre idosos hospitalizados. ,a
O consumo de suplementos dietéticos e fito- Diante do exposto, acred ita-se que a eleva-
te rápicos pela população idosa é também bas- da preva lência de pol ifarmácia, associada à au-
tante d ifundido,l4 e há risco potencia l de reações tomedicação e ao consumo de suplementos die-
adversas associadas às interações fármaco -nu- téticos, continue a aumentar a probabilidade de
triente. Va le considerar que tem sido crescente a efeitos adversos, reações e interações fármaco-
inserção dos f itoterápicos nos serviços de aten- fármaco, doença-fármaco e fármaco -nutri ente
ção primária à saúde como opção terapêutica na população idosa. 2
complementar ou alternativa.'s
Um estudo realizado em Belo Horizonte Polifarmácia e estado nutricional
(MG), identificou que 10,6% dos entrevistados fa - Os medicamentos também apresentam efeitos
ziam uso de fitoterápico; destes, mais da metade no estado nutricional, incluindo alterações do
utilizava o produto há mais de um ano e 25% ti- apetite, paladar, olfato e gastrintestinais, além
veram recomendação por indicação de amigos, de influências na digestão, absorção, utilização,
parentes ou vizinhos. O uso de medicamentos excreção e/ou metabolismo de nutrientes (Ta-
nessa população era elevado (4,1 ± 3,0 medica - bela 6.1).3.19·20
mentos/d ia), com prevalência de polifarmácia Além disso, com a idade ocorrem mudanças
equivalente a 40%. Ainda neste estudo, 45% dos fisiológicas próprias do envelhecimento, como a
idosos em uso de fitoterápico estavam expostos, modificação da composição corporal resultan-
pe lo menos, a uma interação potencial entre fito- do tanto no aumento do percentual de gordura
terápicos e med icamentos sintéticos.'6 quanto na redução da massa magra. Além disso,
as funções hepáticas e renais reduzem -se e ou-
Polifarmácia e efeitos adversos tras alterações (p. ex., anemia e disfunção imuno-
Os medicamentos apresentam tanto benefícios lógicas) também ocorrem, podendo interferir no
(efeito terapêuticos) quanto efeitos indesejáveis estado nutricional. 2l.22 Essas mudanças alteram a
-~-----

CAPiTULO 6 INTERAÇÃO FÁRMACO-NUTRIENTE EM I DOSOS 105

TABELA 6.1 Possíveis efeitos dos medicamentos no estado nutricional

EFEITOS DO MEDICAMENTO ALTERAÇÕES CAUSADAS EFEITOS NO ESTADO


NUTRICIONAL
Alteração do apetite Supressão ou aumento do apetite Perda/ganho de peso
Alteração do palada r Disgeusia ou parageus ia (percepção Anorex ia e perda de peso
desagradável de gostos)'
Hipogeusia (diminuição do paladar)
Alterações orais Xerostomia (boca seca) Anorexia e perda de peso
Alterações olfati vas Redução da percepção olfati va Anorexia e perda de peso
Alterações gastrintestinais Náuseas Anorexia e perda de peso
Vômitos Desequilíbrio hidreletrolítico,
Diarreia anorexia e perda de peso
Redução da motilidade gastrintestinal. com Redução da ingestão
consequente distensão abdominal. plenitude
gástrica e constipação intestinal
Influência na absorção de Redução da absorção de vitaminas e Risco de deficiência
nutrientes minerais
Influência na excreção de Aumento da excreção de vitaminas e Risco de deficiência
nutrientes minerais
Influência no metabolismo Aumento do metabolismo e catabolismo Perda de peso
' Por exem plo: pal adar metalico, salgado, putrefato ou ra nçoso.
Fonte: adaptado: Zadak et aI., 2013;' Van Zyl, 2011;19 W hite, 2010.20

farmacocinética ("d istribuição") e a farmacodi- EUA, estima -se que a digoxina é responsável
nâmica ("ação terapêutica") dos medicamentos, por 3.1% dos casos de urgência relacionados
aumentando o risco de efeit os adversos 2.3.4 com o uso de fármacos entre os id osos, cau-
Com o ava nçar da idade, o percentua l de sando efe itos adversos ca rdiovasc ul ares, neu-
água do organismo e os fluxos hepático e renal rol ógicos, gastr intestinais ou sistêmicos, quan -
diminuem. Isso pode elevar a biodispon ibilidade do utilizada em dose, duração ou frequência
e reduzir o volume de distribuição de medica- inapropriadas 25
mentos hidrossolúveis. levando à d iminuição do A lém disso, os idosos são mais propen sos a
metabol ism o dest es e ao aument o de sua m eia- alterações nut riciona is. como desnutri ção e/ ou
vida plasmática e à probabilidade de toxicidade. ca rências nutricionais 21 No estado desnutrido.
O contrário ocorre com os medicamentos lipos- a concentração de proteínas plasmáticas pode
so lúveis; em razão do aumento do tecido adipo- ser reduzida, o que eleva a fração de fármaco
so com a id ade, o vo lume de distribuição desses liv re no plasma, bem como seu catabolismo e
medicamentos aumenta e a co ncentração plas- sua eli minação do organismo (a ume nto do tur-
mát ica dim inui. Alterações nas proteínas plas m á- nover). Isso leva a aume nto da dose, da fre -
ticas, como redução da concentração da albumi- quência de administração ou do uso de outros
na em idosos, aumentam a fração de fármacos medicamentos. 3 Assim, o processo de envelhe-
li vres no plasma (não ligados a proteínas) 4,23 c imento em associação a alterações no estado
Des sa maneira, alguns medicamentos po - nutric ional e o metabol is mo dos fármacos po-
dem ser considerados impróprios para os ido- dem lev ar a comp licações. com reações ad v er-
sos por f alta de eficácia terapêutica o u pelo sas. e propiciar o acometimento de doenças ou
maior risco de efeitos adversos, em compara- agravos à saúde,
ção aos benefícios proporcionados 4 Um estu - Desse modo, tem-se um círcu lo vicioso no
do rea lizado em Diam ant ina (MG) mostrou que qual o uso excess ivo de medicamentos afeta o
o consumo inapropriado de medicamentos es - esta do nutricional. sendo necessário o aumento
teve presente em mais de '/3 das prescrições das dosagens, o que induz ma ior probabilidade
para idosos, sendo a d igoxina o principal fár- de efeitos adversos associados. Isso resulta em
maco pot encia lmente inapropri ado prescrito mais agra vos ao estado nutricional , norma lmente
( aprox imadamente 27% das prescrições )24 Nos já alterado em idosos. 3
106 A BORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECI MENTO

trintestinal/metabolismo (hipoglicemiantes, an-


Interações fármaco-nutriente tiácidos, vitaminas e minerais).1O-12 As principais
interações fármaco -nutriente estão descritas na
As interações fá r maco-nutriente são defin idas
Tabela 6.2.
como alterações cinéticas ou dinãmicas de fár-
Os riscos de interações aumentam com a do-
macos ou nutrientes, ou efeitos da medicação
se e com o tempo de uso do medicamento. A
sobre o estado nutricional. De modo mais abran-
ava liação individua lizada minim iza os riscos ad-
gente, pode-se dizer que são resu ltantes de in-
versos causados pelos medicamentos e os cus-
terações físicas, químicas, fisiológicas ou fisiopa-
tos com cuidados de saúde, além de prevenir
tológicas entre um fármaco e um ou vários nu-
alterações ou piora do estado nutric ional. Dessa
trientes, alimentos em gera l ou sobre o estado
maneira, medidas profi láticas como prescrição
nutricional 26 cautelosa e identificação dos potenciais riscos
Essas interações são frequentemente menos são importantes, principalmente ao se conside-
reconhecidas ou evitadas em relação às intera- rar o quadro de saúde dos idosos. Ressa lta -se
ções fármaco-fármaco, mas nem por isso menos também a importãncia da famíli a no acompa-
importantes no desfecho clínico dos pacientes 27 nhamento e no monitoramento desses pacientes
Nos idosos, os medicamentos mais utilizados durante as consultas médicas e a administração
são aqueles com ação sobre o sistema cardio- dos medicamentos, bem como na observação de
vascular (anti-hipertensivos, antitrombóticos e efeitos adversos. Em caso de qualquer sintoma, a
hipolipemiantes), o sistema nervoso (analgési- busca por orientação e o acompanhamento mé-
cos, sedativos e antidepressivos) e o trato gas- dico são indicados.

TABELA 6.2 Princ ipais interações fármaco-nutriente

MEDICAMENTOS EFEITOS DA INTERAÇÃO RECOMENDAÇÕES


Analgésicos
Paracetamol2 8.29 Alimentos: atrasam ou J- absorção do Como a extensão da absorção não
medicamento, retardando o pico de é aFetada, pode ser administrado
concentração. juntamente às reFeições.
Etanol (consumo excessivo): i risco Evitar o consumo
de hepatoxicidade
Aspirina e ibuprofeno Descon forto gastrintestinal. Tomar juntamente às refe ições ou com
(não esteroides)28.30.31 Etanol: i risco de danos hepáticos e leite.
sangramento gástrico Evitar o consumo
Anticoagulantes
Varfarina23.32.33.34 Cranberry e chá-verde: J- efeito do Evitar o consumo
medicamento (?)
Alho, papaia, coenzima Q, ginkgo Evitar o consumo
bi/oba, ginseng, vitamina E: i eFeito
do medicamento .
J- conversão da vitamina K na sua Manter dieta balanceada, com consumo
forma ativa adequado de vitamina K
Vitam ina K: J- efeito do medicamento Evitar grandes variações no consumo de
vitamina K
Etanol: i eFeito do medicamento Evitar o consumo
Antiepiléticos
Fenitoína 23.35.36 J- Cálcio e vitamina D Manter diefa balanceada, com consumo
adequado desses nutrientes
J- Ácido Fólico Manter dieta balanceada, com consumo
adequado de ácido Fólico.
Monitorar para evitar deFiciência
Ácido Fólico: J- eFeito do medicamento Doses muito elevadas de ácido fólico
reduzem a ação do medicamento
----~--------------------------- -- - - - - - - - - - - - - -- - -- - - - - -- - - - - - - - - - - -

CAPiTULO 6 INTERAÇÃO FÁRMACO-NUTRIENTE EM IDOSOS 107

MEDICAMENTOS EFEITOS DA INTERAÇÃO RECOMENDAÇÕES


Fenifofna23.35.36 Erva-de-são-joão: .j, efeito do Evitar consumo
medicamento
Etanol: i efeito do medicamento Evitar consumo
Nutrição enteral: .j, concentrações Evitar adm inistração concomitante à
plasmáticas de fenitoína nutrição enteral
Antidepressivos
Inibidores da MA023 Tiramina: i pressão arterial Evitar alimentos ricos em tiramina
(queijos, vinhos, carnes processadas e
curadas, chocolate)
Antimicrobianos
Tetraciclinas e Cálcio, alumínio, magnésio e ferro: Não administrar o medicamento
fluoroquinolonas 23 . .j, absorção do medicamento juntamente a refeições ricas nesses
minerais (principalmente com leite, iogurte
e suplementos vitamínicos, entre outros)
Penicilina " Alimentos: .j, absorção do Recomenda-se o uso aproximadamente
medicamento 1 ou 2h após a refeição

A ente anti diabético


Metformina 23 .j, Vitamina B
'2 Manter dieta balanceada.
Monitorar concentrações séricas da
vitamina, suplementando quando for
necessário
Tratamento do hipotireoidismo
Levotiroxina 23.38 Sulfato ferroso, cálcio, dietas ricas em Evitar administração concomitante ao
fibras, uvas, soja, papaia e café: consumo de alimentos ou suplementos .
.j, absorção do medicamento. Recomenda-se o uso aproximadamente
Alimentos (em geral): .j, absorção do lh antes das refeições
medicamento
Prevenção e tratamento da osteoporose
Bifosfonatos 23 Laranja e café: .j, efeito do Recomenda-se o uso em jejum,
medicamento. aproximadamente lh 30min antes das
Alimentos (em geral): .j, efeito do refeições.
medicamento. Manter dieta balanceada
Cálcio e vitamina D: i efetividade do
medicamento
Anti-hipertensivos
Captopril ( inibidor da .j, Zinco Manter d ieta balanceada.
ECA)39.40 Monitorar concentrações séricas,
suplementando quando for necessário
Furosemida, .j, Cálcio, magnésio, potássio, zinco Manter dieta balanceada.
hidroclorotiazida Monitorar concentrações séricas dos
( diuréticos)'7.39 minerais, suplementando quando for
necessário
Propanolol .j, Zinco Manter dieta balanceada.
(betabloqueador)39 Monitorar concentrações sé ricas,
suplementando quando for necessário
Antiácidos
Omeprazol, ranitidina Sucos ácidos: i absorção do Recomenda-se o uso em jejum,
(inibidores da bomba de medicamento. aproximadamente lh 30min antes das
prótons)23.41 Alimentos (em geral): .j, efeito do refeições.
medicamento . Tomar com suco ácido (p. ex., laranja)
.j, Vitamina B,2. em vez de leite .
.j, Ferro, magnésio, cálcio Manter dieta balanceada.
Monitorar concentrações séricas da
vitamina e dos minerais, suplementando
quando for necessário
(continua)
108 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

TABELA 6.2 Prin cipa is interações fá rmaco- nutriente (continuação)

MEDICAMENTOS EFEITOS DA INTERAÇÃO RECOMENDAÇÕES


Agentes hipolipemiantes
Colestiramina, colestipol Má absorção de gorduras. Manter dieta balanceada, com baixo teor
(sequestra dores de ácido esteatorreia. de gorduras.
biliar)23.37 1 Absorção de vitaminas lipossolúveis Monitorar concentrações séricas das
(A. D, E,K) vitaminas, suplementando quando For
necessário.
Não usar suplementos vitamínicos
juntamente à medicação
Sinvastatina 43 Suco de grapefruit: Consumir, no máximo, 1 copo de
ibiodisponibilidade do medicamento suco/dia (250mL)
Agentes antineoplásicos
Metotrexato 37 1 Vitamina B12' ácido fólico Manter dieta balanceada.
Monitorar concentrações séricas,
suplementando quando for necessário
Agentes parkinsonianos
Levodopa + Alimentos (em geral): 1 eFeito do Manter dieta balanceada, normoproteica.
carbidopa 23 ,44,45 medicamento. Monitorar concentrações séricas da
1 Vitam ina B6 (Ievodopa). vitam ina, suplementando quando for
Fibra: i biodisponibilidade do necessário, muito embora a carbidopa
medicamento. evite o metabolismo acelerado da
Proteína (aminoácidos aromáticos): 1 vitamina B6
eFeito do medicamento
Banana: 1 biodisponibilidade do
medicamento.
Ácido ascórbico: i absorção do
medicamento
Laxativos
Laxativo 23 ,46 Desequilíbrio hidreletrolítico. Manter dieta balanceada.
Esteatorreia. Monitorar concentrações séricas das
1 Absorção de vitam inas li possolúveis vitaminas e dos minerais, suplementando
(A, D, E, K) quando for necessário.
1 Vitamina B12. Não usar suplementos vitam ínicos
1 Absorção de cálc io e potássio juntamente à medicação.
Evitar o uso crônico do medicamento
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CAPíTULO 7
Terapia Nutricional Enteral
Domiciliar em Idosos

Sandra Apa recida dos Reis


Lisiane Lopes da Conceição
Josefina Bressan

meio da prescrição da dieta com base no diag -


Introdução
nóstico nutricional de cada paciente. A lém de
A atenção do m icil iar compreende um conjun- respe itar as lim itações impostas pelas doenças,
to de ati vidades de promoção, prevenção, tra- deve-se considerar a disponibilidade de pessoal
tamento e reabilitação prestadas em dom icílio. e financeira do serviç02
Dessa maneira, a atenção domiciliar engloba os
níve is de cuidados de atenção primária, secun-
dária e terciária' Terapia nutricional enteral
Entre as atividades de atenção dom iciliar que domiciliar
podem ser realizadas pelo profissional de saúde,
encontra -se a terapia nutricional enteral domici - A te rapia nutricional enteral (TN E) é defin ida co-
liar (TNED), que se apresenta em constante cres- mo a ingestão contro lada de nutrientes, na forma
cimento em todo o Brasi l. 2 isolada ou combinada, de compos ição definida ou
A principal vantagem da TNED em relação à estimada, especialmente formulada e elaborada
hospitalar es t á no fato de que ela apresenta cus - para complementar e/ou substituir a alimentação
to inferior. A TNED reduz o número de leitos e oral em pacientes desnutridos ou não, conforme
equipamentos ocupados, a quantidade de mão suas necessidades nutricionais, em reg ime hospi-
de obra e, principalmente, o risco de in fecção talar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese
hospitalar, d iminuindo a necess idade de rein- ou à manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas 4
ternações . Além disso, esse t ipo de terapia pro- A admin istração da TNE ao paciente é fe ita
porciona melhor qualidade de v ida, human iza o por meio de uma sonda fina de material biocom-
atendimento e favorece o restabelecimento da patível (tubo fino, macio e flexível), não porosa,
independência e/ou preserva a autonomia dos posicionada via nasal/oral ou imp lantada no es-
pacientes 2 .3 tômago, no duodeno ou no jejuno. Atua lmente,
Nesse contexto, o nutricionista, juntamente existem vá ri as técnicas de inserção da sonda
a uma equipe interdisciplinar, é responsável por (acesso transnasal, endoscópico, cirúrg ico), bem
adequar a oferta dos alimentos/nutrientes por como diferentes materiais de escolhas
112 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

Desse modo, a TNED corresponde à cont i- temporariamente o u definitivamente impossibili-


nuação da administração hospitalar de fórmu- tados de utilizar a nutrição oral e/ou enteral, co-
las líqu idas, industrializadas ou não, via sonda no mo nos casos de distúrbios de absorção, inviabi-
ambiente domici liar, associada à assistência nu- lidade de acesso do TGI, além de situações com
tricional e clínica ao paciente.2,3 maior probabilidade de infecções oportunistas,
A TNED tem como principal objetivo recupe- são candidatos à terapia nutricional parentera l
rar ou manter a saúde, a funcionalidade e a co - domici liar (TNPD), A lém disso, q uando a TNED
modidade do paciente É considerada seg u ra e fornece m enos de 60% das necessidades calóri-
ap resenta custo-benefício sa t isfatório,3 Além dis- cas, indica-se a TNPD7,8
so, reduz os riscos inerentes à internação hospi- São considerados fortes candidatos à TNPD
talar e permite ao paciente um convívio familiar indivíduos com síndrome do intestino curto,
com maior privacidade em sua residência 6 câncer, isquemia mesentérica, falência intestina l,
Uma abordagem multiprofissional é essen- queimadura grave, pancreatite grave necrosan-
cial para garantir o sucesso da TNED , Além dis - te, fís tul a digestiva de alto débito, obstru ção me-
so, os princípios da TNE devem ser respe itados câ n ica do intestino delgado inoperável, trauma -
e real izados, Eles incl uem minim izar os r iscos de tismo mú lt iplo, enteri te act ín ica, síndrome de má
infecção, por meio de manuseio cuidadoso e do absorção e/ou diarreia, enteropatia da síndrome
menor número possível de conexões; administrar da imunodeficiência adquirida (AIDS), hiperême-
fá rm acos via sonda para nutrição apenas com se gravídica e fibrose cística, bem como pacien -
prescrição, buscando reduzir possíveis intera - tes em pré -operatório com desnutrição modera-
ções fármaco-nutriente e a obst ru ção da sonda; da ou grave e doença de Crohn grave,3,S,7,8
e, finalmente, garantir que as necessidades nutri- Além desses critér ios de indicação, existem
ciona is tanto de macronutrientes quanto de mi- alguns parâ metros de aprovação que devem ser
cro nut rientes sejam alcançadas,s ana lisados antes do início da terapia nutricional
domiciliar, Primeiramente, o paciente deve apre-
Indicações sentar estabilidade hemodinâm ica e metabólica,
Os critérios para a indicação da TNED são os Quanto ao domicílio, est e deve fornecer as con-
mesmos aplicados a pacientes hospitalizados, dições adequadas para higienização (água potá-
Os candidatos são, na maioria das vezes, identi- vel e luz) e manipulação da dieta, além de um lo-
ficados durante o processo de internação hospi- cai apropriado e refr igerado pa ra armazenamen -
talar e geralmente são pacientes de média e alta to desta, No que se refere ao cu idador, ele deve
complexidade,3 apresentar capacidade intelectual suficiente para
A TNED é indicada para pacientes com tra- compreender as orientações ,3 Desse modo, a es-
to gastrintestina l (TG I) íntegro estrutural e fun - colha da te rapia nutricional correta para idosos é
cionalmente, mas que não conseguem ou não uma etapa importante e deve levar em conside -
querem se alimen t ar, apresentando ingestão oral ração alguns critérios (Figura 7,1).
inferior às necessidades para manutenção do es- O término da TNED ocorre quando o pacien -
tado nutricional, Ou seja, é inferior a dois terços te apresenta melhora clínica e nutricionaL6 No
a três qu artos das necessidades nutr ic ionais e de entanto, para os casos em que o cuidador ou fa-
hidratação,3,S,7,8 miliar não conseguirem aprender e/ ou executar
Dessa m aneira, os candidatos à TNED são os procedimentos exigidos pela TNED, a interna-
aqueles que apresentam doença inflamatória ção hospitalar torna-se necessária,s,7,8
intestinal, obstrução mecânica do TGI superior,
neuropatias, lesões do sistema nervoso central Vias de acesso
(SNC), queimad u ras, desnutrição ou d isfagia e Para a TNE ser implement ada, o paciente deve
pacientes gravemente en ferm os, em uso de qui- estar com o intestino em funcionamento inte-
mioterapia e radioterapia, além de indivíduos grai ou parcial. Logo, a escolha da via de admi -
com anorex ia, hipertireoidismo e em estados hi- nistração dependerá da patologia de base, bem
permetabólicos, 3,s,7,8 como do tempo estimado de duração da TNED.
A TNE deve ser sempre a primeira op - Fatores como estado de consciência do pacien -
ção de escolha quando comparada à parente- t e, risco de broncoaspiração, condições de ab-
raL No enta nto, pacientes que se encontram sorção e presença de patologia do TGI também
CAP iTULO 7 TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DOM ICILIAR EM IDOSOS 113

o idoso consegue se alimentar via oral


em quantidade suficiente para alcançar
suas necessidaes nutricionais?

o idosoco nsegue alimentar- se por v ia oral


em quantidade suficiente para alcan çar
suas necessidad es nutricionais?
( Mon itorar )
I
+
Em presença de 2 ou mais das
y Sim )

~
condições abaixo, considerar a ( TNP )
implementação da TNE : Suprimento de < 60 % das Suprimento de <: 6 0 % das
necessidades nutricionais
• Uso de múltiplos
medicam entos
• Uso de prótese dentária
inadequada _h_m _ h h __ m _ m h +[ T NE
+
Estimul ar nutrição oral
• Edentulismo + uso de suplementos
nutricionais
• Presença de reflu xo
gastresofág ico
• Disfagi a
~
• Desnutrição .....I - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - -- ---i( Mon it orar )
• Perda de peso significante
• X erostomia
• Hiporex ia
• Presença de síndrome de
má absorção

FIGURA 7.1 Algoritm o para indicaçã o da terapi a nut ri cional enteral em idosos

devem ser considerados na etapa de seleção da Ostomias


v ia de acesso .s·9 Após d efin ir se o t ipo de acesso A gastrostomia é a via de acesso recomendada
a ser utilizado será po r sonda ou ostomia (pro- para pacientes que necessitarão de TNED por
ced imento cirúrgico rea lizado com a final idade m ais de quatro semanas. Como principais vanta-
de estabelecer uma co m unicação entre o inte- gens em seu uso, têm-se a fac il idade da higieni -
rior de um órgão oco com o meio externo por zação, o conforto aos pacientes e a impossibili -
meio de uma sonda), o passo segu inte é escolher dade de retirada da sonda por eles. 'o
o melhor posicionamento da extrem idade distai Para os casos de ausência de motilidade gás-
da sonda (gástrica ou intestinal)B trica, neoplasias gástrica e pancreática, obstru -
ção, ressecção maciça do intestino delgado e
Sondas nasogástricas e nasoentéricas fístula do estômago ou do duodeno, indica -se
Essas vias de acesso são recomendadas para pa- a jejunostom ia. Assim como a gastrostom ia, ela
cientes que necessitarão de TNED por um cur- é recomendada para longos períodos. No en -
to espaço de tempo, de três a quatro semanas. tanto, pacientes que fazem uso da jejunostom ia
Além disso, reco m endam-se trocas periódicas, a não to leram bem a dieta quando esta é ad m in is-
fim de diminuir o risco de erosã o da nasofaringe t rada com a ajuda de uma seringa ou por meio
e desintegração do cateter. IO de infusão gravitacional rápida A dieta deve ser
114 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

administrada preferencialmente de forma contí- Administração noturna


nua ou por meio de infusões intermi tentes e fre- Neste modo de administração, a dieta é ofere-
quentes de pequeno volume ,s·lo cida durante a noite, sendo útil quando se usa
al imentação por sonda para suplementar a dieta
Métodos de administração
oral. Permite também maior liberdade do pacien-
A dieta pode ser administrada com o auxíl io de te durante o dias
diferentes métodos, como será descrito a seguir.
Tipos de fórmulas
Infusão em bólus
A escolha do tipo de fórmula a ser utilizada de-
É geralmente feita com o auxílio de uma seringa,
penderá de fatores como osmolaridade, conteú-
sendo, portanto, do tipo intermitente e realiza-
do de nutrientes, densidade calórica, necessida-
da três a seis vezes ao dia. Recomenda-se que a
des nutricionais e de líquidos, tolerância do TGI.
velocidade de administração não exceda 30mL/
via de acesso e estado patológico do paciente'O
m ino É uma técnica recomendada quando o pa-
A seguir, estão descritas as principais parti -
ciente se encontra agitado ou não quer estar li-
cularidades dos dois tipos de fórmulas existentes
gado continuamente a uma bomba de infusão,
para pacientes em TNED.
ou em casos de indisponibilidade desta s .lo
Como principal desvantagem, esse tipo de Fórmulas artesanais/ caseiras/semiartesanais
infusão fornece grande volume de dieta em um
São fórmulas preparadas a partir de alimentos in
curto espaço de tempo, o que aumenta o risco
natura d isponíveis no ambiente domicil iar, pro-
de ocorrência de regurgitação, aspiração e into-
dutos alim entícios e/ou módulos de nutrientes.
lerância do TGI. Em função disso, não se reco-
Esses tipos de dieta são indicados para pacientes
menda o uso deste método com acesso intes-
que possuem TGI apto aos processos de diges-
tina l. Em contrapartida, a uti li zação de equipa-
tão e absorção, possibilitando o fornecimento de
mento simples e barato, a velocidade com que as
nutrientes na forma intacta, que necessitarão de
administrações podem ser realizadas e sua simi-
TNED por longos períodos"
laridade com as refeições regulares são as vanta-
A dieta artesanal apresenta como principais
gens deste modo de administração. lO
vantagens a possibilidade de individualização
Gotejamento/infusão gravitacional quanto à composição nutricional e ao volume e o
intermitente baixo custo. Quanto às desvantagens, inclui-se a

A dieta é oferecida em um período de 24h, com instabilidade bromatológica, microbiológ ica e or-
intervalos de descanso, o que possibilita maior ganoléptica do produto final. '2 Em razão da falta
mob il idade ao paciente. A principal vantagem do de padronização das medidas caseiras, dos pro-
uso deste método é que ele não ex ige o uso de cedimentos para preparo e do tempo de cocção,
bomba de infusão. A lém disso, oferece volumes pode haver comprometimento da composição
de dieta em intervalos durante o dia. No entan- nutricional da fórmula'3
to, a tolerância a esse tipo de ad mi nistração é O controle da qualidade físico-química e mi-
variável. 5.lO crobiológica deste tipo de fórmula deve ser rigo -
roso" Assim, há a necessidade de que os cuida -
Infusão contínua/bomba de infusão dores estejam bem treinados na sua elaboração.
A oferta da d ieta é controlada por bomba de in-
fusão . Portanto, a fórmula é administrada a uma Fórmulas industrializadas
taxa constante. É o melhor método de admi - São dietas industriali zadas e, por isso, muito prá-
nistração para pacientes com acesso intestinal, ticas, nutricional mente completas e mais seguras
pois minimiza a ocorrênc ia de complicações. lO quanto aos aspectos microbiológicos e nutricio-
A broncoaspiração é uma das principais com - nais. Outras vantagens deste tipo de dieta abran-
p licações, e os idosos acamados, neurológicos gem menor manipulação que as dietas artesa-
ou não, apresentam alto risco de manifestá-Ia. nais, adequado fornecimento dos micronutrien -
Isso justifica o posicionamento da sonda ente- tes, tempo de preparo reduzido, mínima chance
ral no duodeno e a cabeceira do leito mantida de contaminação e elevada estabilidade. No en-
a 30°. tanto, apresentam custo relativamente elevado'2
CAP iTULO 7 TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DOMICILIAR EM IDOSOS 115

As dietas industrializadas podem ser apre- pecul iarid ades relativas às reco m endações nu -
sentadas em três d iferentes formas, de modo tricionais e metabólicas de cada doença, sen-
que a indicação dependerá do custo, do manipu - do mais caras que as fórmulas poliméricas, por
lador e das condições de instalação da área de exemplo. Ex istem atualmente no mercado fór-
manipul ação: ' 2.'4 mulas especialmente destinadas a pac ientes
• Pó: forma pronta pa ra reconstituição em água diabéticos, imunoss uprimidos, com trau mat is-
ou outros alimentos líquidos. Essas dietas de- mo, sepse, disfunção gastrintest inal e portado-
vem ser envasadas em embalagens próprias res de insuficiências hepática, renal, ca rdíaca,
para serem acopladas ao equipo. Em função pulmonar e respiratória.
da necessidade de m an ipulação, são mais pro- • Modulares: são fontes conce ntradas de pro -
pensas à conta m inação. Podem ainda apre- teínas, gorduras/ óleos ou ca rboidratos, que
sentar problemas de viscosidade, conforme a podem ser admin istradas de forma isolada ou
reconstituição feita. em combinação Esse tipo de fórmula requer
• Líquidas semi prontas: são acond ic ionadas em manuseio intens ivo, o que pode aumentar o
quantidade pa ra suprir um horário de dieta risco de uma eve ntual contaminação micro-
(230 a 260mL) e encontram-se em emba la- biológica.
gens q ue podem ser acop ladas direta m en te
ao equipo. Sistemas de administração
• Líquidas prontas para consumo: são acon - Os sistemas de administração compreendem um
dicionadas em quantidade suficiente para frasco e um equipo de infusão, q ue contêm uma
a ad m inistração de fo rm a contínua (500 a pinça rol ete pa ra controlar o fluxo da infusão.
1.000mL), com o auxílio de uma bomba de in- Podem, ainda, apresentar uma v ia adiciona l pa -
fusão. Em função d isso, esta favo rece perdas, ra administ ração de fármacos. Recomenda-se a
caso haja mudanças na prescrição da quanti- troca diária tanto do equipo quanto do frasco s
dade a ser administrada. Podem ser acopladas As dietas enterais estão disponíveis em siste-
d iretamente ao equipo. ma aberto, quando há necessidade de manipu-
lação anterior à sua administração, e em sistema
Em relação à complexidade dos nutrientes, fechado, em que não há manipulação da fórmula
as dietas industrializadas podem ser classifica - entera l, a qual é diretamente acoplada ao equipo.'5
das em :5.12.14
• Poliméricas: fo rnecem os macronutrientes na Cuidados gerais
forma intacta, como polipeptídios e pol issaca - O cu idador deve receber trei nam ento ainda no
rídios, sendo ind icadas para pacientes com TGI hospital e continuá-lo d urante as visitas dom ici-
funcionante. Apresentam osmolaridade com - liares periódicas a serem rea lizadas pelo treina-
patível aos níveis fisiológicos, uma vez que os dor. As orientações devem ser claras, objetivas e
nutrientes se encontram íntegros, o que expli - adequadas à escolaridade dos fa miliares, levando
ca sua boa tolerância. Têm baixo c ust o e, por- em consideração os recursos disponíveis na res i-
tanto, são utilizadas com freq uência em hospi- dência do paciente para a execução da TNED. 3
tais e residências. Os pacientes devem receber as instru ções es-
• Oligoméricas: os macronutrientes encontram- cri tas e verbais, seguidas por demonstração. Além
se na forma pa rci alm ente hidroli sada, co m o os disso, é de extrema importância que o orientador
oligopeptídios, req uerendo, porta nto, capaci- realize visitas domiciliares, em intervalos regulares,
dade digestiva e absort iva mínima. No entanto, at é que se certif ique do aprend izado, da seguran-
são dietas hiperosmolares, o que pode causar ça e da competência do paciente e/ ou cu idador
d iarreia osmótica. para a realização dos procedimentos 2 .1o
• Elementares: os macronutrientes encontram- Em relação aos cuidados gerais, paciente e
se totalmente hidrolisados, na forma de ami- cuidador devem sempre estar atentos ao posi-
noácidos, monossacarídios e ácidos graxos. cionamento adequado da sonda - cabeceira da
Requerem apenas capacidade absortiva, po- cama elevada e posicionada em um ângulo de
dendo, no entan t o, causar diarreia osmótica . 45º; às técnicas de higiene no preparo da dieta,
• Especiais: destinadas a pacientes com con - além de cautela com a pele e/ou local da inserção
dições clín icas específicas. Respeitam as das sondas qua ndo ostom ias são necessárias; ao
116 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

ma nejo e à estocagem corretos da d ieta; à lava- pode ser tratada ou prevenida, desde que o pa-
gem da sonda; e à administração de remédios e ciente seja bem m onitorado e o cu idador e o pa-
água .' ciente estejam bem inst ruídos. Simultaneamente
Os cuidados com o preparo e a administra- a isso, as p rincipais causas das comp licações ad-
ção da fó rmula SãO:4.15.16 vêm da inadequ ação da fórmula, bem como de
• O manipu lador deve adotar as técnicas de hi- sua velocidad e de infusão e do local de adminis-
giene pessoal, bem como se paramentar para tração. O tratamen to medica men toso e as com-
tal função, lem brando -se sem pre de higienizar plicações inerentes à doença de base t ambém
as mãos . devem ser considerados ,s Essas complicações
• O local d e manipulação das dietas, seja na co- podem ser class ificadas em gastrintestinais, me-
zin ha hospitalar ou na residenc ial. deve ser cânicas, metabólicas, infecc iosas, resp irat órias e
mantido sempre limpo e desinfetado; é o prin- ps icológ icas. 17
cipal local onde ocorre a contaminação. As comp licações gastrintestina is, que são as
• Nunca utilizar ingredientes contaminados no ma is comuns da TNE D, abrangem vômi t os, náu-
preparo da dieta .
seas, refl uxo gastresofágico, estase gástrica, có-
• Desinfetar corretamente os equipamentos uti -
licas, d istensão abdomi nal, flatulência , empacha-
lizados no preparo da d ieta.
mento, diarrei a e constipação intest inal. Entre as
• A dieta não pode ser viscosa e conter pedaços
metaból icas, destacam-se alterações na hidrata-
de alimentos que possam en t upir a son da.
ção, na glicemia, na função hepática e anormali-
• Man ipular a fórmula o mínimo necessário antes
dades de eletrólitos e elementos-tra ço.17
de sua administração.
Complicações mecân icas relacionadas com o
• Utilizar sempre água potá vel, filtrada e/ou fer-
uso da sonda nasoentérica também podem es -
vida no preparo e na reconstituição das dietas,
tar presentes e ma nifestam -se como erosão na-
uma vez que a água não tratada pode ser veí-
sa l, necrose, sinusite agu da, rouquidão, abscesso
culo de microrganismos patogênicos.
septonasal, faringite, est enose, otite, esofagite,
• Os medicamentos devem ser admin istrados
ulceraçã o esofágica, físt ula traqueoesofágica,
separadame nte para evitar p ossíveis conta mi -
nações com m icrorgan ismos. ruptura de varizes esofágicas, obstru ção da son-
• As fórmu las industrializadas devem ser arma - da e saída ou migração acidental da son d a. 17
zenadas sob refrigeração, segundo t emperatu- Existem também as complicações infeccio-
ra recomendada pelo fab ricante. sas e respiratórias. Assim, podem ocorrer gas-
• As dietas artesana is devem ser adm inistradas troenteroco lites, por contaminação m icrob ia na
após seu preparo. durant e o preparo, nos utensílios e na adminis-
• Lim itar o te m po de admin istração pa ra as fór- tração das fórmulas, além de aspiração pulmo -
mulas reconstituídas em 4h; fórmu las prontas nar, com síndrome de Mendelson o u p neumon ia
para uso em 8 a 12h; e fórmulas em sistema fe- infecciosa. 17
c hado entre 24 e 48h, respeitando-se sempre Por f im, as complicações psicológicas mani -
as recomendações do fabricante. festam -se por meio de ansiedade, depressão, fal-
• Retirar a dieta do congelador uma hora antes ta d e estímulo ao paladar, monotonia alimentar,
de fornecê-Ia ao paciente. insociabilidade e inatividade d os pacientes em
• Não aquecer a dieta, nem mesmo em banho- TN EDu
-maria.

Para evitar obstru ção, as sondas devem ser Legislação


lavadas com 20 a 30mL de ág ua a cada 4h, bem
como também antes e após a administração da O Ministério da Saúde (MS), por meio da Porta-
dieta ,s·8 Deve-se sempre utilizar água potável, fil - ria nº 2.416, de 23 de março de 1998, reconhe-
trada e/ou fervida para a realização deste pro- ceu a importância dos serviços domiciliares e
cedimento. publicou medidas para sua execução e seu con-
trole, estabelecendo critérios para que hospitais
Complicações sejam credenciados e para a internação domi-
De modo geral, a TNE D não é aco m pa nhada de ciliar pe lo Sistema Único de Saúde (SUS). Essa
comp licações clínicas importantes, pois a maioria Portaria considera que a internação domiciliar

- - - _. _ - -
- ----_._----------------------------~""' ...

CAPíTULO 7 TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DOMICILIAR EM IDO SOS 117

proporciona a humanização do atendimento e de 2011, estabeleceu normas para o cadastro de


o acompanhamento de pacientes cronicamen- equipes e estabelecimentos que integrarão a
te dependentes do hospital. Além disso, leva em Atenção Dom iciliar no âmbito do SUS no Siste-
conta que a desospitalização adequada pode ma de Cadastro Nacional de Estabelecimentos
propiciar maior contato do paciente com a famí- de Saúde 25
lia, favorecendo sua recuperação e diminuindo o Representando a prioridade da atenção do-
risco de infecções hospitalares.'8 m iciliar, foi lançado pelo MS, em 8 de novembro
O Conselho Regional de Nutricionistas da de 2011, o programa "Me lhor em Casa", que habi-
3ª Região, por meio da Portaria nº 0112, de 12 de lita equipes que prestam atendimento domic ili ar
dezembro de 2000, definiu as atribuições e os pelo SUS e qualificou o que já existia em alguns
procedimentos que devem nortear a atuação locais, além de expandi-lo para outras local ida -
técnica e ética da Nutrição Clínica em nível do- des 26
miciliar, os quais posteriormente foram descritos Ainda neste contexto, foi publicada a Por-
também na Resolução do Conselho Federal de taria Interministerial (MS e Ministério de Minas
Nutricionistas (CFN) nº 380/2005. '9 e Energia) nº 630, de 8 de novembro de 2011, a
Em 15 de abril de 2002, foi sancionada a Lei nº qual instituiu o benefício Ta r ifa Social de Energia
10.424, uma das mais importantes para o avanço Elétrica (d iminuição ou, até mesmo, a isenção de
do setor, que regulamenta a assistência domici- tar ifa de energia elétrica de acordo com o con-
liar no SUS, reconhecendo-se os t ipos de atendi- sumo dos equipamentos por mês) para fam íl ias
mento e internação domiciliares 20 Em 3 de junho inscritas no Cadastro Único para Programas So-
de 2003, o Conselho Federal de Medicina (CFM)
ciais do Governo Federal , que tenham renda , no
pub li cou a Resolução nº 1668 como primeira me-
máximo, de três salários mínimos mensais e que
dida que regula a assistência domiciliar, além de
tenham algum portador de doença ou deficiên-
d ispor sobre normas técnicas, definindo as res-
cia cujo tratamento necessite do uso contínuo de
ponsabilidades do médico e das empresas públi-
aparelhos, equipamentos ou instrumentos que
cas e privadas e a interface multiprofissional 21
consumam energia elétrica 2 7
A maior demanda por serviços domiciliares
Cita-se também a Portaria nº 963, de 27 de
levou também ao crescimento no setor das em-
maio de 2013, do MS, que redefiniu a Atenção
presas que oferecem esse tipo de serviço e, as-
Domiciliar no âmbito do SUS. Dessa manei ra, a
sim, a Agência Nacional de Vig il ância Sanitária
atenção domiciliar é uma nova modalidade de
(Anvisa) publicou a Resolução da Diretoria Co -
cuidado à saúde, que substitui ou comp lemen-
legiada nº 11, de 26 de jane iro de 2006, que trata
ta as já existentes. Caracteriza - se por uma sé-
do Regulamento Técnico de Funcionamento de
rie de ações para promover a saúde, prevenir e
Serviços para Atenção Domicil iar 22
tratar doenças e reabilitar pessoas em domicílio,
A Resolução nº 211, de 11 de janeiro de 2010,
que têm garantia de seguimento dos cuidados e
que entrou em vigor em junho desse mesmo ano,
estão integradas a todas as redes de atenção à
determina a cobertura total em casos nos quais
as operadoras forneçam internação dom ic il iar saúde 28
como alternat iva à internação hospitalar, sem Esta legislação define ainda as Equipes Mul-
que seja previsto no contrato. Se isso ocorrer, a tiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e
operadora deverá cobr ir medicamentos e todos Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP) As
os materiais necessários. Nos outros casos em EMAD podem ser dos tipos I e 11, cuja compo-
que a atenção domicilia r não substitua a inter- sição mínima engloba médicos, enfermeiros, au-
nação, a cobertura estará condicionada ao con- xiliares e/ou técnicos de enfermagem, fisiotera-
trat0 23 peuta e/ou assistente social no primeiro tipo, e
Em 2011, surgiram as legislações em âmbi- médico, fisioterapeuta, enfermeiro ou assistente
to nacional ma is recentes, no que diz respe ito social e auxiliares e/ou técnicos de enfermagem
à atenção domiciliar. O MS, por meio da Por- no segundo tipo. Já as EMAP devem ser com-
taria nº 2.029, de 24 de agosto de 2011, insti- postas por três profissionais de nível superior, no
tu iu a Atenção Dom ic iliar no âmbito do SUS24 mínimo fisioterapeuta, assistente social, odontó-
e, através da Secretaria de Atenção à Saúde, logo, farmacêutico, fonoaud iólogo, nutricionista,
por meio da Portaria nº 672, de 18 de outubro psicólogo e terapeuta ocupac ional. 28
118 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

10. Shronts EP, Ireton -Jones C, Winkler MF, Williams


Considerações finais DM. Bases da terapia nutricional domiciliar na prát i-
ca clínica. In: Waitzberg, DL Ced.). Nutrição oral,
A indicação da TNED depende de uma série de
enteral e parenteral na prática clínica. São Paulo:
critérios que abrangem desde o estado de saúde
Atheneu; 2009. p. 1085-108.
do paciente às suas condições de moradia, como 11. Mitne C. Preparações não-industria li zadas para nu-
presença de luz elétrica e água potável. trição enteral. In: Waitzberg, DL Ced.) Nutrição o ral ,
A TNED apresenta uma série de vantagens e enteral e parenteral na prática clín ica. São Paulo:
benefícios ao paciente em relação à TNE hospi- Atheneu; 2000. p. 629-40.
talar. No entanto, o uso bem-sucedido depende 12. Baxter YC, Waitzberg DL. Fórmulas enterais: com-
de como o paciente e o cuidador sã o orientados plexidades de nutrientes e categorização. In: Silva,
em re lação ao manejo da TNED. Para garantir o SMC, Mura, JDP Ced.). Tratado de alimentação, nu-
sucesso, o nutricionista, juntamente ao restante trição e dietoterapia. São Paulo: Roca; 2007. p. 883-

da equipe, d eve fazer vis ita s periódicas para es - 92.


13. Jansen AK, Silva KC, Henriques GS, Coimbra JR,
clarecer possíveis dúvidas e reforçar as orienta -
Rodrigues MG, Rodrigues AMSet aI. Relato de ex-
ções.
periência: terapia nutricional enteral domici liar -
promoção do direi t o humano à alimentação ade-
quada para portadores de necessidades alimentares
Referências especiais Demetra. 2014; 9:233-47.
14. Coppini LZ, Vasconcelos MIL. Preparo da nutrição
1. Brasil. Portaria nQ 2029, de 24 de agosto de 2011:
enteral industrializada. In: Waitzbe rg, DL Ced). Nu-
Institui a atenção domiciliar no âmbito do Sistema
triçao o ral , entera l e parenteral na prática clínica .
Único de Saúde CSUS). Brasília, 2011.
São Paulo: Atheneu; 2009. p. 823-30
2. Moreira SPL, Galvão NRL, Fortes RC, Zaban ALS. Te-
15. Oliveira GPC, Waitzberg DL. Contaminação microbi-
ra pia de nutrição enteral domiciliar: principais impli-
ológica em nutrição enteral. In: Waitzberg, DL Ced.).
cações dessa modalidade terapêutica. Comun Cien
Nutrição oral, enteral e parentera l na prática clínica.
Saude. 2010; 21(4):309-18.
São Paulo: Atheneu; 2009. p. 831 -40.
3. Van Aanholt DPJ, Dias MCG, Marin MLM, Silva MFB,
16. Ciosak SI. Cuidados de enfermagem na nutrição en-
Cruz MELF, Fusco SRG et aI. Terapia Nutricional Do-
teral. In: Waitzberg, DL Ced.). Nutrição oral, enteral
m iciliar. Sociedade Brasileira Nutrição Pa renteral e
e parenteral na prática clinica. São Paulo: Atheneu;
Enteral; e Associação Brasileira de Nutrologia. Pro-
2009. p. 897 -905.
jeto Diretrizes; 2011.
17. Coppini LZ, Waitzberg DL. Comp li cações em nu-
4. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária CAn- trição enteral. In: Waitzberg, DL Ced.). Nutrição oral,
visa). RCD nº 63 de 6 de julho de 2000: Regulamen - enteral e parentera l na prática clinica. São Pau lo:
to t écnico para a terapia de nutrição enteral. Brasília; Atheneu; 2009. p. 907-18.
2000. 18. Brasi l. Portaria nº 2.416, de 23 de ma rço de 1998: Es-
5. Sobotka L. Nutrição enteral. In: Sobotka, L Ced.). Ba- tabelece requisitos para credenciamento de hospi -
ses da nutrição clínica. Rio de Janeiro: Rub io; 2008. tais e critérios para realização de internação domi-
p.181-210. ciliar no SUS Brasília; 1998.
6. Van Aanholt DPJ, Silva FBF, Lagoa RR, Silva ML T, 19. CFN. Resolução CFN nº 380/2005, de 9 de dezem-
Hafez VCB. Terapia nutricional domiciliar. In: Waitz- bro de 2005: Dispõe sobre a definição das áreas de
berg, DL Ced.). Nutrição oral, enteral e parenteral na atuação do nutricionista e suas atribuições, estabel-
prática clínica. São Paulo: Atheneu; 2009. p. 1109-25. ece parâmetros num éricos de referência, por área
7. Pertkewicz M, Nabe r T, Du dri ch SJ. Terapia nutricio- de atuação, e dá outras providências. Brasília; 2005.
na l domiciliar In: Sobotka, L Ced.). Bases da nutrição 20. Brasil. Lei nº 10.424, de 15 de abril de 2002 Acrescen-
clínica. Rio de Janeiro: Rubio; 2008. p. 413-7. ta capítulo e artigo à Lei no 8.080, de 19 de setem-
8. Alves Cc, Waitzbe rg DL. Indicações e técnicas de bro de 1990, que dispõe sobre as condições para a
ministração em nutrição enteral. In: Waitzberg, DL promoção, a proteção e a recuperação da saúde, a
Ced.). Nutrição oral, enteral e parenteral na prática organização e o funcionamento de serviços co rres-
clínica. São Paulo: Atheneu; 2009. p. 787-97. pondentes e dá outras providências, regulamenta -
9. Serpa LF, Kroger MMA. Dispositivos para implemen- ndo a assistência domiciliar no SUS. Brasília; 2002.
tação da nutrição enteral. In: Waitzberg, DL Ced.). 21. CFM. Resolução nº 1.668, de 03 de junho de
Nutrição oral, ente ra l e parentera l na prática clínica. 2003: Dispõe sobre normas técnicas necessárias
São Paulo: Atheneu; 2009. p. 881-96. à assistência domiciliar de paciente, definindo as

C APiTULO 7 TERAPIA N UTRICIONAL ENTERAL DOMICILIAR EM I DOSOS 119

responsabil idades de médico, hospital, empresas 24. Brasil. Portaria nO 2.029, de 24 de agosto de 2011:
públicas e privadas; e a int erface multi profissional Institui a atenção domicil iar no âmbito do Sistema
neste tipo de assistência. Brasília; 2003. Único de Saúde (SUS). Brasília; 2011
22. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An- 25 . Brasil. Portaria no 672, de 18 de outubro de 2011: es-
v isa). Resolução da Diretoria Colegiada n2 11, de 26 tabe lece normas para o cadast ramento de estabe-
de janeiro de 2006: Dispõe sob re o regu lamento lecimentos e equipes que fa rão parte da atenção
técnico de funcionamento de serviços que prestam domiciliar no SUS, no sistema d e cadastro nacional
atenção domiciliar Brasília; 2006. de estabelecimentos de saúde. Brasília; 2011.
23. Brasil. Resolução nº 211 , de 11 de janeiro de 2010: atu- 26. Brasil. Caderno de atenção domiciliar. Brasíl ia;
ali za o rol de procedimentos e eventos em saúde, 2012.
que constitui a referência básica para cobertura as- 27. Brasil. Portaria interministerial nO 630, de 8 de no-
sistencia l mínima nos p lanos privados de assistên- vembro de 2011. Brasília; 2011.
cia a saúde, contratados a partir de 10 de janeiro de 28 . Brasil. Porta ria no 963, de 27 de maio de 2013: re-
1999, fixa as diretrizes de atenção a saúde e dá ou - define a atenção domiciliar no âmbito do Sistema
tras providências. Brasília; 2010. Único de Saúde (SUS). Brasília; 2013.
CAPíTULO 8
Microbiota Intestinal em Idosos

Lisiane Lopes da Conceição


Sandra Aparecida dos Reis
Dalila Pinto de Souza Fernandes

relação simbiótica e pode ocorrer por diferen-


Introdução tes mecanismos: produção de compostos anti-
o termo microbiota é definido como uma cole- microbianos e competição por nutrientes e por
ção de microrganismos que vivem em um local sítios de adesão, além de modulação do siste-
ou ambiente particular. 1 Enquanto isso, o micro- ma imune, pelas bactérias residentes no intesti-
bioma humano descreve o genoma de todos os no, o que estimula o sistema de defesa do hos-
simbiontes microbianos que colonizam o corpo, pedeiro. 3
incluindo boca, cavidade nasal, faringe, estôma- A microbiota participa do processo de de-
go, intestinos, trato urogenital e pele? gradação do amido por meio dos membros do
Com o recente avanço das técnicas molecu- gênero Bacteroides; da síntese das vitaminas K
lares, da bioinformática e dos programas de se- e B por bactérias dos gêneros Bacteroides, Eu-
quenciamento, a caracterização da composição bacterium, Propionibacterium e Fusobacterium;4
e dos efeitos potenciais das comunidades micro- da síntese de aminoácidos;3 da geração de áci-
bianas tornou-se uma realidade, possibilitando o dos orgânicos que são uma importante fonte de
isolamento de seus membros sem a necessidade
energia para o hospedeiro; da fermentação de
de cultiv0 2
proteínas por bactérias proteolíticas do cólon,
A simbiose, o comensalismo e a patogeni-
como as espécies Bacteroides e C/ostridium; da
cidade são as interações que podem ocorrer
biotransformação dos ácidos biliares;4 e da troca
entre os microrganismos do intestino e o hos-
de cobre, cobalto, ferro e zinco entre as bactérias
pedeiro. A primeira se dá quando a relação é
e o hospedeiros
benéfica para ambas as partes e, na segunda, o
benefício ocorre para uma das partes sem ne- Concomitantemente, a microbiota intestinal
cessariamente prejudicar a outra; por fim, nas atua também no desenvolvimento da respos-
re lações de patogenicidade, o detrimento de ta imunológica inata e adaptativa do hospedei-
uma das partes obrigatoriamente existe. Por ro, bem como na regulação da sua homeostase
exe mplo, a inibição de patógenos é um tipo de energética e da adiposidade. 5
122 A BORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

que nascem por cesariana inicialmente têm a


Aquisição da microbiota intestinal
microbiota intestina l similar à presente na pele
e fatores associados materna e no meio am biente (pele dos profis-
sionais de saúde, superfícies e meios cirúrgicos).
A m ic robiota intestina l possui aproximadamente
Esses recém-nascidos também apresentam con -
1014 microrganismos. Apresenta distinções indiv i-
t agens bacterianas intestinais inferiores e com
duais em sua composição e, no mesmo indivíduo,
menos diversidade nas primeiras semanas de
varia nos d iferentes segmentos intestinais. Dessa
vida, quando comparados a bebês que nascem
maneira, representa um "superorganismo", pois
por parto normal. Estes últimos são inicialmente
tem cerca de 100 vezes mais genes que o geno-
colonizados pela microbiota intestinal e vaginal
ma humano. 6-8
materna e, também, pela microbiota presente no
A maioria das bactérias da microbiota intes-
meio ambiente.1.7·10 Assim, o processo de co lo ni-
tinal pertence ao filo Firmicutes (incluindo Clos-
zação intestinal é diferente entre bebês nascidos
tridium, Enterococcus, Lactobacillus e Rumino-
por cesariana e parto normal. 14
coccus) ou Bacteroidetes (que inclui os gêneros
Outros fatores podem influenciar na com -
Bacteroides e Prevotella), constituindo mais de
posição da microbiota intestinal, como idade
90% das categorias filogenét icas conhecidas e
gestaciona l, hospita li zação da criança, uso de
encontradas no intestino humano. Ev idências su -
antibióticos e alimentação infantil. Por exemplo,
gerem que a m icrobiota da maioria dos indiví-
lactentes alimentados com leite materno têm
duos pode ser classificada em três variantes pre- uma microb iota domi nada por Bifidobacterium
dominantes, dominadas por um dos três diferen- e Ruminococcus, com menor colonização por
tes gêneros: Bac teroides, Prevotella e Ruminococ- Escherichia coli, Clostridium difficile, Bacteroi-
cus. Esses gêneros parecem refletir as principais des fragilis e Lactobacillus em relação a bebês
tendências em larga escala na população micro- alimentados exclusi v amente por fórmula. Em
biana do intestino e sugerem que a estrutura das contrapartid a, a microbiota de crianças ali men-
comunidades bacterianas intestinais é impulsiona- tadas por fórmula é mais comp lexa, incluindo
da por abundância e variabilidade elevadas 9 Esta enterobactérias, Streptococcus, Bacteroides e
variante é independente de idade, sexo, naciona- Clostridium, bem como Bifidobacterium e Ato-
lidade e índice de massa corporal ( IMC)? pobium. 7
Contudo, a m icrobiota intestinal av aliada em A alimentação nos primeiros meses e anos
nível de gênero bacteriano, presente em 95% de vida pode afetar o sistema imune e a saúde
dos idosos recrutados na Pensilvân ia, revelou a na idade adulta B Após o desmame, a microbio-
presença de Firmicutes, Bacteroidetes e Tene - ta fica mais estável e rica, assemelhando-se à de
ricutes 9 adultos,7 p rocesso que pode levar até 24 meses
A composição e a atividade da m icrobiota in- para acontecer.14
testinal podem ser influenciadas por uma série de Existe grande variação interindividua l na
fatores, como idade, alimentação e tratamento composição da microbiota intestinapo e, no pro-
com antibióticos, de modo que seu desenvolvi- cesso de envelhecimento, ocorre diminuição da
mento corresponde a um processo dinâmico, com diversidade da microbiota. 1s Há também uma va-
variações ao longo da vida (Figura 8.1) ?10-12 riação considerável nas composições mic robia-
A microbiota humana é estabelecida no par- nas, que parecem depender do tipo de residên-
to, inicialmente por anaeróbicos facultativos. 13 cia e da loca lização geográfica n.16
Nos últimos anos, porém, as co ndições de higie- A lgumas das alterações fundamentais que
ne tornaram-se mais rigorosas durante o parto. ocorrem com o avançar da idade são: decrésci-
Ass im , a exposição bacteriana também diminuiu, mo do número e diversidade de espécies tota is
o que levou a mudanças no padrão de coloniza - de Bifidobacterium e Bacteroides, bem como
ção inicial, sendo os primeiros colon izadores do redução da atividade amilolítica e da disponibi-
intestino infantil os estafilococos derivados da lidade de ácidos gra xos de cadeia curta ( AGCC)
pele e não derivados das fezes, tais como os do totais. Além disso, v erificam-se elevação conco-
gênero Enterobacteriaceae.7.13 mitante no número de anaeróbios facultativos,
O tipo de parto também influ i na composi- fusobactéria s, eubactérias e clostrídios e aumen-
ção da microbiota intestinal (Figura 8 .1). Bebês to da ati vidade proteolítica. 7
CAPiTULO 8 MICROBIOTA I NTESTINAL EM IDOSOS 123

Aleitamento
m aterno ou artificial

Uso de probióticos
prebióticos ou
simbi óticos

FIGURA 8.1 Fatores extrínsecos e intrínsecos que podem modular a composição da microbiota intestinal ao
longo da vida

oloca l onde o idoso vive tem in fluên c ia nos (20 a 35 anos de idade) e de 32 idosos (60 a 75
parâmetros de saúde e na composição da mi- anos de idade) reve la ram uma modificação na
crobiota intestinal. Foram observados maior fra- composição da comunidade bacteri ana com o
gi lidade e estado de saúde prejudicado entre envelhecimento. A microbiota dos idosos apre-
idosos institucionalizados a longo prazo, supon - sentou maior proporção de Bacteroidetes, en -
do-se que este aumento da frag ilidade, bem co - quanto a dos jovens tinha taxas m ais altas de Fir-
mo a redução da massa muscular e da atividade micutes. 19 Corroborando este achado, Claesson
mental. diferencia sua m icrobiota daquela pre- et aI. (2011 )10 também encontraram Bacteroidetes
sen te entre idosos que vivem em um ambiente como o filo dominante da microbiota intestinal
comu nitário. 17 em idosos irlandeses. Contrariamente, Biagi et aI.
(2010)20 observaram que a proporção de Bacte-
roidetes permaneceu inalterada em idosos italia-
Modificações na composição da nos, com média de idade de 70 anos. Este último
microbiota intestinal associadas à estudo mostrou ainda que, entre os centenários,
idade a microbiota intestinal apresentou-se significati -
vamente comprometida, enriquecida com grupos
Tanto as anál ises metagenômicas quanto as bacterianos oportunistas e possivelmente pato-
metabolômicas sugerem que a estabilidade do gênicos.
ecoss istema intestinal associada à idade ê forte - O filo bacteria no Firmicutes prod uz metabo-
mente influenciada pelas co ndições social e ali - lismo mais comp leto a partir de uma dada fon -
menta r do indivíduo. la te de energia em comparação ao Bacteroidetes,
Dados metagenômicos comparativos da mi- promovendo, ass im, absorção m ais efic iente de
crobiota feca l de 29 indivíduos jovens saudáveis calorias e subsequente ganho de pes0 21
124 ABORDAGEM N UTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

Outros fatores como uso de medicamentos1 9 He/cococcus e Weekse//a, bem como redução de
e condições de vida têm efeito sign ifi cativo na Enterococcus e Leuconostoc25
composição da microbiota em idosos. A m icro- De modo geral, a modificação relacionada
biota intestinal de um subgrupo de idosos, com com a idade na estrutura da m icrobiot a intesti-
e sem o uso de fármaco anti-inflamatório não es- na l deve ser co nsiderada um passo importante
teroide, e de adultos jovens foi caracterizada, a no processo de remode lação, o que caracteriza o
fim de expor as diferenças atribuídas à idade e envelheciment0 20 Os recentes achados da con-
ao uso deste fármaco. Os resultados revelaram tribuição do microbioma intestinal no envelheci-
maiores quantidades de Lactobaci/lus no sub- mento e na saúde geram um grande avanço c ien -
grupo de idosos, em comparação aos adultos tífico, que pode ser utilizado no desenvolvimento
jovens Foram observadas também proporção de novas es tratégias terapêuticas para melhorar
mais elevada de Bacteroides em idosos e taxas as condições gera is da popu lação idosa. la
mais altas de Ruminococcus em adultos jovens.
Entre os idosos que não faziam uso do fármaco,
foram verificadas maiores quantidades de Lacto- Modulação da composição
baci//us e Co//inse//a, ao passo que, em usuários, da microbiota intestinal pela
observou-se maior quantidade de Roseburia. Es- alimentação
ses achados sugerem que a utilização do fárma-
A alimentação constitui um dos principais fato-
co, juntamente à idade, pode influenciar a com-
res extrínsecos que contribuem para mudanças
posição da microbiota intestina l 22
na composição da microbiota intestinal 17 (Figura
A antibioticoterapia tem impacto sobre a mi-
8.1) . Isso acontece porque ela é capaz de alterar
crobiota intestinal em idosos, causando redução
as condições do microambiente do trato gastrin-
na contagem de Bifidobacterium spp. na amos-
testina l (TGI), como pH, tempo de trânsito intes-
tra fecal, com efeitos mais prejudiciais após a ad -
tina l e disponibilidade de substrato energético a
ministração de antib iótico inibidor da síntese de
ser utilizado pela microbiota 26
ácido nucleico (redução de 23 vezes) e de an t i-
Uma alimentação saudável, rica em fibras e
biótico composto por uma combinação inibidora
pobre em lipídios, correlaciona-se positivamente
da síntese de ácido nucleico e do envelope celu- com uma microbiota mais diversa. 17 No entanto,
lar (redução de 13 vezes). Em relação à compo- na maioria das vezes, como mostrado em outros
sição microbiana, não foram observadas diferen- capítulos, os indivíduos idosos apresentam baixo
ças entre os idosos tratados e não tratados com consumo de fibras, o que diminui o suprimento
antibióticos 23 de substrato e, consequentemente, a prolifera-
Quanto ao estado nutricional, em idosos com ção de bactérias benéficas produtoras dos ácidos
IMC normal, as contagens totais de bactérias in- graxos de cadeia curta (AGCC). Nos casos em
testinais e bactérias anaeróbicas foram superio- que ocorre um elevado consumo de proteínas,
res e de Staphy/ococcus, menores do que naque- estas podem servir como substrato para algumas
les com excesso de peso e/ou obesidade. Além bactérias patogênicas, que, ao fermentá-Ias, pro-
disso, contagens mais elevadas e/ou proporções duzem fenóis, nitrosaminas e cresóis, os quais es-
de anaeróbios como Bacteroides, cocos Gram- tão associados a maior risco de desenvolvimento
-positivos e clostrídios foram associadas à bai - do câncer colorretal, condição a ser considerada
xa concentração de glicose sanguínea, ao passo na suplementação proteica em idosos 27
que a maior concentração de gl icose no sangue Outro ponto importante a ser ressaltado con-
fo i relacionada com a redução de Bacteroides24 siste na forma como a alimentação é ingerida,
Uma redução acentuada na diversidade mi - pois este fator também pode alterar a compo-
crobiana foi observada em idosos com diarreia sição da microbiota intestinal. Sabe-se que a in-
associada a C. diffici/e no momento da amostra- gestão pela via enteral pode causar disbiose na
gem. Concomitantemente, diferenças significati- microbiota da cavidade oral. Como os al imentos
vas na abundância de gêneros na população com não passam pela boca , os substratos disponíveis
cu lturas positivas para C. diffici/e foram também para a proliferação das bactérias mudam ; além
notadas, de modo que houve aumento na abun- d isso, no envelhecimento, a quantidade e a com-
dância dos gêneros Aerococcus, Anaerococcus, posição de saliva produzida são alteradas. Tudo
CAPiTULO 8 M IC ROB IOTA IN TESTINAL EM 100505 125

isso contribu i pa ra que bactérias patogênicas se produção de bacteriocinas, da competição por


proli ferem, o que pode favorecer o desenvolv i- nutrientes e locais de adesão e da dispon ib ilida-
mento de doenças respiratórias, como a pneu- de de substrato. 32
monia 28 A modulação da compos ição da m icrobiota
Adic io nalmente, idosos que vivem em am - intest inal de ma neira positiva cons iste, na ma io -
biente comunitá rio alimentam-se de maneira d i- ria das vezes, em aumento da quantidade de
ferenc iada, com d ieta ma is saudável e d iv ersifi - bactérias dos gêneros Lactobaci//us, Bifidobacte-
cada, e apresentam uma microbiota mais ampla rium e Enterococcus e diminuição das bactérias
(ma ior número de Fi rmic utes e m eno r proporção do gênero Enterobacter. Este constit ui um dos
de Bacteroidetes) em comparação à daq ueles principa is benefícios que o consu m o dos pro -
instituciona lizados por longo prazo. 17 b ióticos, prebióticos e sim bióticos proporciona
Grandes mu danças nos níveis de Bacteroide- ao hospedeiro , pois, desse modo, as c hances de
tes e Firm icutes observadas entre adultos, jovens ocorrência de infecções intestinais diminuem. 33 O
e idosos podem ser consequência das d ife renças consumo desses alimentos é capaz ainda de re-
na f isiologia do TGI destes indivíduos 22 duzir a quantidade de bactérias q ue pertencem
Desse modo, a co m posição, a d iversidade e ao nú cl eo do C/ostridium XI. Clostridium diffici/e,
a fo rma de ingest ão da ali mentação influenciam C/ostridium perfringens, Enterococcus faecium e
na composição e na d ivers idade da m icrob iota Campy/obacter, as qua is podem causar d iarreia e
intestinal, que, por sua vez, afet am o estado d e infecção intest inal. 34
saúde dos idosos. A alimentação não somente interfere na com-
posição da m icrobiota intestinal. como ta m bém
atua no efeito dos alimentos probióticos e pre-
Probióticos. prebióticos e bióticos sobre esta. Wa lton et aI. (2012)35 obser-
sim bióticos .varam que o efeit o bifidogênico dos ga lacto-ol i-
gossacarídios (8g/ dia durant e t rês sem anas) fo i
A limentos p robióti cos, p reb iót icos e simbióti - maio r em idosos que consumiam ma is de 200g
cos são capazes de modular a composição da de carboidratos/dia ou mais de 70g de proteí-
m icrobiota int estinal d e forma positiva e dev em nas/dia. Esses diferentes resulta d os se devem à
ter seu consumo estimulado, principalmente por diferença na disponibilidade de substrato ener-
idosos.1l gético para Bifidobacterium no TG I.
A pa lavra probiót ico tem origem grega (pro A seguir, estão descritos os principais bene-
= para + bios = v ida) e denomina m icrorganismos fícios à saúde e os respecti vos mecanismos pe-
v ivos que, quando consum idos em quantidades los quais o cons umo dos alimentos prob ióticos,
adeq uadas, con ferem benefícios à saúde do hos- prebióticos e simbióticos benefic ia os idosos (F i-
pedeiro. As bact érias mais uti li zadas como pro- gura 8.2).
bióticos pertencem aos gêneros Lactobaci//us,
Enterococcus e Bifidobac terium. 29 Os p rebióti-
cos, por sua vez, são definidos como ingred ien - Imunomodulação
tes ali m entares não digeríveis que af eta m bene-
ficamente o hospedeiro, estimu lando de m aneira O processo de envelhecimento causa também
seletiva o cresc imento e a atividad e de uma ou um declínio significativo da função imunológica,
m ais bactérias benéficas do cólon e melhorando inclusive em nível intestinal. As alterações asso -
a saúde do hospedeiro. Os frutanos tipo inulina, ciadas à idade podem ser observadas no siste -
f ruto-o ligossacaríd ios, ga lacto-o ligossacaríd ios ma im une das m ucosas do TGI ma is cedo do q ue
e xilo-oligossacarídios são alguns exemplos de em compartimentos imunes sistêmicos.1.36 A mi -
p rebiót icos. 3o Por sua vez, os si m b ióticos são c robiota int est inal e o sistema imune interagem
uma combinação de probióticos com prebióti- uns com os outros, mantendo um estado de ho-
cos, cujo objetivo principal é estimu lar o cresci- meostase no contexto do habitat intestinal. No
m ento do probiót ico na microbiota intestina l 31 entanto, com o en velhecimento, ambos os siste -
Dest aca-se que a capac idade de modular a mas sofrem modificações, podendo levar a um
m icrobi ota intest inal de maneira positiva é con - estado inflamatório de ba ixa qual idade que, por
sequência da d iminu ição do pH intraluminal , da sua vez, pode evoluir para estados patológicos
126 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

( Imu nomodu lação

• ! Deficiências Modu la
Probióticos,

•!
nut ricionais
Co nstipação
prebióticos e . pos it iva mente a
composição da
simbióticos
intestinal microbiota int estinal

,
( l' Saúde óssea J
FIGURA 8.2 Principais efeitos benéfi cos à saúde dos idosos proporcionados pelo consumo de alimentos pro-
biót icos, prebióticos e simbióticos
i: melhora; l diminuição

mais graves, como doença inflamatória intestinal produção de citocinas com atividade imunomo-
e câncer colorretal. 6 dulatória e de imunog lobulina A e a at ividade das
Assim, o processo d e imunossenescência, ca- cé lulas natural killer. Além disso, pelo fato de os
racterizado por queda na atividade do sistema colonócitos passarem a uti lizar o butirato como
imune inato e adaptativo,37 poderá servir como fonte preferencial de energia, as quantidades do
uma relação causal para explicar a associação aminoácido glutamina disponíveis para serem
entre a alteração da microbiota intestinal e a fra- utilizadas como fonte de energia pelas cé lulas
gilidade observada em idosos.1B imunes aumentam. 32 Com o aumento da oferta
Idosos apresentam redução na população de de substrato energético, as células imunes me-
fagócitos, principalmente das células natural kil- lhoram seu desempenho, combatendo mais efi -
ler; m igração celu lar alterada; mudanças no nú- cientemente as infecções.
mero e no tipo de células produzidas; aumento Os idosos que receberam a alimentação en-
na produção de citocinas pró-inflamatórias; e teral juntamente ao probiótico Bifidobacterium
habilidade diminuída de produzir alguns anticor- longum BB536 (5 x 1010 UFC/2g), duas vezes ao
pOS.38 Essas alterações aumentam a chance de dia, durante 12 semanas, evidenciaram aumento
desenvolvim ento de infecções, sobretudo aque- na produção de imunoglobu lina A e manutenção
las relacionadas com o TGI.37 na atividade das células natural killer. 38 Com is-
Foram verificados níveis significativamente so, pode-se afirmar que o probiótico em questão
maiores dos marcadores de inflamação ( TNF-a, foi capaz de modular a resposta imune inata e
IL-6, IL-8 e proteína C-reativa) entre os idosos adaptativa.
em cu idado res idencial de longo prazo e em rea-
bilitação hospitalar de curto prazo (menos de
seis semanas) do que entre os resid entes em co- Deficiências nutricionais
munidade n
Por fornecer diariamente uma grande quan- A má absorção de macro- e micronutrientes é
tidade de antígenos, a microbiota intestina l é ca- comum em idosos. Isso acontece em função das
paz de modular diretamente o sistema imune e mudanças fisiológicas inerentes à idade, do uso
induzir tolerância imunológica às bactérias co- de medicamentos, da presença de doenças e das
mensa is que a compõem. 38 mudanças nas necessidades nutriciona is. 33 Essas
O efeito imunomodu latório dos probióticos, alterações contribuem para o desenvolvimento
prebióticos e simbióticos está, em parte, associa- da desnutrição na população de idosos,>7 a qual
do ao aumento da produção dos AGCC. O ácido favorece a ocorrência de danos ao epitélio intes-
butírico diminui a expressão das citocinas infla- tinal, piora o funcionamento do sistema imune
matórias por meio de sua ação inibitória sobre e reduz a absorção de nutrientes, contribuindo
o fator de transcrição nuclear NF-KB. Por sua para maior probabilidade de doenças infecciosas
vez, os ácidos acético e propiônico estimulam a intestinais. 39
CAP iTULO 8 M IC ROBIOTA INTESTINAL EM 100505 127

A microbiota intestinal pode contribuir pa - da motilidade do TGI e aumento do tempo de


ra o desenvolvimento da desnutrição, uma vez trânsito intestinal.3 2 Concomitantemente, o baixo
que, com o avançar da idade, observa-se um au- consumo de fibras pode contribuir para o surgi-
mento na quantidade das bactérias presentes no mento do quadro de constipação intestinal. 31
intestino delgado . Assim, estas passam a utilizar O aumento do tempo de retenção das fezes
os nutrientes ali presentes como substrato, di- possibilita que substâncias nocivas, como fe-
minuindo o fornecimento deste ao hospedeiro. 33 nóis, cresóis, aminas e ácidos biliares secundá-
No entanto, alguns tipos de bactérias probióticas rios, sejam produzidas pela microbiota intestinal
podem diminuir o risco de desnutrição, já que in- e entrem em contato com os colonócitos. Essas
terferem no func ionamento das vias metabólicas substâncias podem causar alterações nos pro-
e podem aumentar o fornecimento de nutrientes cessos de proliferação, diferenciação e morte ce-
e energia para o organismo, mediante incremen- lular, contribuindo para o surgimento de doenças
to na produção dos AGCC. Estes podem contri- intestinais, como câncer colorretal.32
buir com até 10% do total de energia fornecido O consumo de probióticos e prebióticos po-
diariamente ao hospedeiro. Assim, acredita-se de auxiliar na melhora desse quadro, em virtude
que o consumo dos probiót icos, prebióticos e do aumento na produção de substâncias osmo-
simbióticos seja capaz de melhorar o estado nu- ticamente ativas, as quais estimulam a motilida-
tricional de tal populaçã0 27 .39 de intestinal e contribuem para a eliminação das
fezes. 32 ,39

Saúde óssea
Evidências científicas
o processo de envelhecimento contribui para a
perda progressiva da massa óssea, o que favo- A literatura aponta diversos efeitos benéficos
rece o desenvolvimento da osteoporose. 32 Além proporcionados pelo consumo dos probióticos,
disso, a absorção intestinal de cálcio é prejudi- prebióticos e simbióticos à saúde dos idosos; no
cada em idosos, em virtude da hipocloridria e da entanto, alguns resultados permanecem contro-
diminuição na absorção ativa e passiva desse mi- versos. Isso pode ser consequência das diferen-
nera1. 32.33 tes características dos idosos estudados, como
Alguns prebióticos e simbióticos têm mostra- idade, localização geográfica, composição inicial
do a capacidade de aumentar a absorção de cál- da microbiota e estado de saúde, além do tipo
cio pelo hospede iro. Os principais mecanismos de estirpe utilizada, da dose e da duração do tra-
são: 4 0 tamento.21 A seguir, serão descritos alguns resul-
• Aumento da solubilidade do cálcio em decor- tados de estudos que avaliaram o efeito do con-
rência da maior produção dos AGCC. sumo desses alimentos sobre alguns marcadores
• Aumento da superfície de absorção atribuído do estado de saúde dos idosos.
à maior proliferação celular induzida pelo bu- O consumo diário de um biscoito contendo
tirato. os probióticos Bifidobacterium /ongum Bar33 e
• Aumento da expressão de proteínas transpor- Lactobaci//us he/veticus Bar13, durante 30 dias,
tadoras de cálcio na membrana dos enteróci- por idosos com média de idade de 76 anos, foi
tos. eficaz em restabelecer algumas das disbioses
• Aumento da degradação do ácido fítico, libe- relacionadas com a idade. Assim, o tratamento
rando o cálcio ligado a ele. com os probióticos reverteu o aumento de agen-
• Potencialização do efeito dos fitoestrógenos, tes patogênicos oportunistas relacionados com a
aumentando a biodisponibilidade das isoflavo- idade, como C/ostridium XI, C/ostridium diffici/e,
nas. C/ostridium perfringens, Enterococcus faecium,
e do gênero enteropatogênico Campy/obacter.34
Já o consumo de leite fermentado sem pro-
Constipação intestinal bióticos (placebo) ou leite fermentado suple-
mentado com L. para casei Lpc-37 durante qua-
Com o avançar da idade, ocorrem degenerações tro semanas resultou em efeito li mitado nos mar-
nos nervos entéricos, o que leva a diminuição cadores do sistema imune (IL -10, TNF-a, IL -8,
128 ABORDAGEM N UTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

IL-17, IL-1 2p70, atividade fagocitica, IgA, cal pro - também aumentaram após o tratamento com
tectina, prostagland ina E2, proteína C-reativa), GOS, especialmente o butirato. Os resultados
na composição da microbiota, bem como em demonstraram que o GOS pode ser usado como
sua atividade metabólica, avaliada pela dosagem um ingrediente seletivo, que afeta beneficamen-
dos AGCC e das aminas biogênicas. Os autores te a composição bacteriana intestinal e reduz os
consideraram que a limitada resposta observada fatores de risco associados às mudanças na mi-
entre o grupo placebo e o tratado se deve ao crob iota do cólon e na fermentação advinda do
recrutamento dos idosos, que eram todos sa udá- processo de envelhecimento. 35
ve is e residentes em insti tui ções de longa perma - Um estudo in vitro avaliou os possíveis efei-
nência de uma mesma cidade espanhola, sendo, tos sinérgicos da suplementação de um probió-
então, uma amostra mais homogênea. Além dis- tico na modulação da m icrob iota intestinal, com
so, ressaltam que a estirpe bacteriana escolhida possível influência na fermentação de dois pre-
pode não ter um impacto significativo sobre a bióticos em pessoas idosas. Para ta l, a m icrobiota
função imune ou a microbiota nessa população fecal obtida dos voluntários que ingeriram o pro-
e que o uso de leite fermenta do como placebo biótico Baci//us coagu/ans G81-30, ou o placebo,
pode mascarar os efeitos do produto probiótico, durante 28 d ias, foi inoculada em fermentadores,
em função da dificuldade em se obter um p la- e ava lio u-se a resposta aos suplementos prebióti-
cebo neutro, quando há estudos com produtos cos fruto-o ligossacarídios (FOS) e GOS. Tanto o
fermentados contendo bactérias vivas. 37 FOS quanto o GOS apresentaram um efeito po-
Em con trapa rtida, idosos hospitalizados ali - sitivo so bre as populações de Lactobaci//us spp.,
mentados por meio de nutrição enteral recebe- Bifidobacterium spp., E. recta/e, Faeca/ibacterium
ram 2 vezes ao dia, durante 14 semanas de inter- prausnitzii e bactérias t otais. Além disso, concen -
ve nção, 2g de placebo em pó ou o probiótico Bi- trações maiores de AGCC fo ra m detectadas nos
fidobacterium /ongum 88536 (5 x 10'0 UFC/2g), vo luntários que fizeram uso do probiótico em
sendo que o pó foi misturado à fórmula de ali - comparação ao placebo, e houve ainda concen-
mentação enteral por sonda, aproximadamente trações significativamente diferentes destes áci-
1h antes de administrá-Ia . Os autores verificaram dos orgânicos em função do tipo de suplemen-
que, após a intervenção, o número de bifidobac- tação de carboidrato usado nos fermentadores.
térias totais, Bifidobacterium /ongum subsp. /on - Tal estudo mostrou que o consumo de G8 1-30 e
gum e 88536 aumentou sign if icativamente no a posterior uti lização dos prebióticos resu ltaram
grupo tratad o em comparação ao grupo place- em elevação de populações de bactérias benéfi-
bo. Além disso, foi verificada uma potencializa - cas, bem como na produção de ácido orgânico 41
ção da função imune inata e adaptativa desses O uso de simbiótico (8 /ongum v iável liofi-
idosos. Os resultados sugerem que o consumo lizado + Synergy 1®, mistura de inulina e oligo -
do probiótico 88536 pode ser útil na manuten- frutos e) 2 vezes ao dia, durante 4 semanas, no
ção das condições de saúde de pacientes idosos, delineamento do tipo crossover, foi benéfico no
com efeitos mais pronunciados naqueles com aumento de bifidobactérias, no aumento da pro-
função imune comprometida, e que componen- dução de butirato e na redu ção da citocina pró-
tes das bactérias probióticas ingeridas, como -inflamatória TNF-a. A proporção de Firm icutes/
peptideog licanos, podem contribuir para a me- 8acteroidetes no grupo simbiótico aumentou de
lhora da função imu ne inata e adaptativa. Logo, 1,3 na linha de base para 3,1 e 6,6 na segunda e
infere-se que a ingestão de 88536 pode ser útil na quarta semanas, respectivamente, não sendo
na modulaçã%tim ização da função imune em encontradas diferenças nos placebos. Este estu-
idosos. 38 do sugere que o uso a curto prazo de tal simbió-
Outro estudo avaliou se o consumo de sucos tico pode ser eficaz na melhora da composição
contendo 4g de galacto-o ligossacarídios (GOS) e nas atividades metabólicas das comunidades
e placebo 2 vezes ao dia, d urante 3 semanas, po - bacterianas do cólon, bem como nos parâmetros
deria levar a uma mudança benéfica na microbio- imunológicos em idosos. 31
ta feca l de homens e mulheres com mais de 50 Um estudo real izado em idosos saudáveis,
anos de idade. Tanto anál ises in vivo quanto in sob uso regular de fármaco anti-inflamatório não
vitro revelaram elevação significativa no número esteroide, ver ificou aumento nos níveis de bifido-
de bifidobactérias. As concentrações dos AGCC bactérias durante a suplementação com produto
CAPiTU LO 8 MICROBIOTA INTESTINAL EM 100505 129

simbiótico, ingerido 2 vezes/dia, juntamente a leva a uma redução da hospital ização, do con-
uma dose diária total de 10g de lactitol e 2 x 10'0 sumo de fármacos e, consequentemente, das
célu las d e bactérias p robióti cas (Lactobaci//us despesas com saúde. No entanto, a eficácia dos
acidophi/us NCFM)42 modu ladores depende da dose, da estirpe, da
Outro estudo crossover objetivou acompa- formulação e do tempo de uso.
nhar as mudanças induzidas pela suplementa ção,
na microbiota intestina l, no estado inflamatório
e na capacidade de resposta do sistema imune Referências
de idosos saudáveis. Para tanto, os idosos rece-
bera m ma ltodextrina (8g/dia), prebiótico GOS 1. O'Connor EM, O'Herlihy EA, O'Toole PW . Gut micro-

(8g/d ia), probiótico Bi-07 (10 9 UFC/d) e sim bi ó - biota in older subj ects: variat ion, health consequen-
ces and dietary intervention prospeets. Proc Nutr
tico GOS + Bi -07. Os sup lementos foram f o rneci-
Soe. 2014; 73:441-51.
dos durante 21 dias, com um período de 28 dias
2. Ferreira-Machado AB, Ol iveira MNV, Carmo AP. Co-
de washout. Os resultados demonstraram q ue
mo estudar a m icrobiota gastrintestinal humana. In:
o consumo do probi ótico Bi-07 melhorou a ati-
Ferreira -Machado AB, Rosa DD, Peluzio MCG, Tei -
vidad e fag oci tária de monócitos e granulócitos.
xeira TFS, Moreira APB (eds) Microbiota gastrin-
No en tanto, os outros parâmetros ava liados não
testinal: evidências de sua influência na saúde e na
foram alterados. Logo, os autores sugerem que
doença. Rio de Janeiro: Rubio; 2015. p. 288.
os efeitos e/ou alterações de alguns probióti- 3. Ferreira-Machado AB, O liveira MNV, Freitas FS. O
cos e prebióticos podem ser mais duradouros na mundo microbiano: evolução e d iversidade. In: Fer-
m icrobiota dos idosos em co m paração à de reira -Machado AB, Rosa DD, Peluzio MCG, Tei xeira
adultos 43 TFS, Moreira APB (eds) . Microbiota gastrintestinal:
A suplementaçã o co m VSL#3®, suplemento evidências de sua influ ência na saúde e na doença.
alimentar muito util izad o na Europa e na América Rio de Janeiro: Rubio; 2015. p. 288.
do Norte, foi associada à redução da t axa de se- 4. Paiva AD, Mantovani HC. Produtos da atividade me-
dimentação de eritrócitos e da concentração da tabólica da mierobiota intestinal e suas impl icações
homocisteína e ao aumento dos níveis plasmá - no metabolismo humano. In: Ferreira -Ma chado AB,
t icos de folato e vitamina B'2' A lém d isso, entre Rosa DD, Peluzio MCG, Teixeira TFS, Moreira APB
os idosos que receberam o supl emento, 2 cápsu - (eds.). Mierobiota gastrintestinal: evidências de sua
la s por dia, com o estômago vaz io (pelo menos influênc ia na saúde e na doença. Rio de Janeiro: Ru-

30m in antes do almoço e do jantar), observou-se bio; 2015. p. 288.


5. Moreira APB, Barra AA. Papel da m icrobiota na fisio -
q ue as bifidobactérias aumentaram em uma pro -
logia do hospedeiro. Microbiota gastrint estinal: evi-
porção média de 11,6 vezes. Nenhum efeito nos
dências de sua influ ência na saúde e na doença. Rio
parâmetros inflamatórios foi detectado nos tra -
de Janeiro: Rubio; 2015. p. 288.
tamen tos avaliados. 44
6. Magrone T, Jirillo E. The interaction between gut mi -
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- - - ------------ ----- -------- - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - -- - - - -

CAPíTULO 9
Exercício Físico como Adjuvante no
Tratamento da Sarcopenia em Idosos

Luiz Sinésio Silva Neto


Neila Barbosa Osório
Margô Gomes de Oliveira Karnikowski
Leonardo Costa Pereira
João Paulo Chieregato Matheus

"A forma como optamos por tratar dos desafios e maximizar as oportunidades
de uma crescente população idosa é que determinará se a sociedade
co lherá os beneficios do d ividendo da longevidade .'"

às vezes considerado "exagerado", acerca das


Introdução preocupações decorrentes do processo de en-
velhec imento populacional , mais especificamen-
o Secretário-geral da Organização das Nações
te aspectos de saúde.
Un idas (ONU) Ban Ki-moon ressaltou no Prefá -
Na literatura, dados sobre o perfil de morbi-
cio do re latório Envelhecimento no Século XXI
mortalidade da população brasileira evidencia m
- Celebração e Desafio que a sociedade e as
a prevalência das doenças crônicas não trans-
instituições precisam tratar com prioridade as
missíveis (DCNT), e informações do Min istério da
transformações demográficas e epidemiológi -
Saúde (MS)2 destacam que 8 em cada 10 idosos
cas resultantes do processo de envelhecimento
no Brasil são acometidos por, pelo menos, uma
popu lacional. Dessa maneira, se o aumento no DCNT. Como consequência, essas doenças po-
nú mero de idosos no mundo não for contraba- dem levar a incapacidades, ocasionando sofri-
lançado pe la perspectiva de melhores benefícios mentos e custos materiais d iretos aos pacientes
e qualidade de v ida, iremos nos deparar com um e suas famílias, além de um importante impacto
grande "as ilo" na humanidade, ou seja, uma po- financeiro sobre o sistema de saúde. 3 Dessa ma-
pu lação marcada por grande proporção de ido- neira, Veras et aI. (2013)4 propõem que aná lises
sos acometidos por multimorbidades e sem os referentes a promoção em saúde, prevençã o e
devidos cuidados .' retardamento de doenças e fragilidades, manu-
Tal rea lidade é destacada em vários perió- tenção da independência e da autonomia em
dicos, relatórios de institutos especializados e idosos precisam ser ampl iadas.
mídia, entre outros. Nossa experiência cotidiana Neste cenário, os autores propõem-se a
no cu idado e em pesqu isas com idosos nos mo- discutir a sarcopenia, uma das doenças crô-
tiva frequentemente a proclamar um discurso, nicas que se instalam durante o processo de
134 A BORDAGEM NUTRI CIO NAL NO ENVELHEC IMENTO

envelhecimento e que é responsável por alto o envelhecimento é a fase da v ida acompa-


grau de dependência, incapacidade, fragilidade nhada de uma série de modificações fu ncionais,
e mortalidade. O capítulo será divido em dois independentem ente da raça/etnia, com reper-
momentos: no primeiro, são apresentados con- cussões sobre o ind ivíduo, os famil iares, o sistema
ceitos, definições, fisiopato logia, diagnóstico e de saúde, a econom ia e a sociedade, requerendo,
tratamento farmacológico desta síndrome ge- portanto, planejamento, sobretudo do ponto de
riátrica e, no segundo, uma abordagem do tra- vista das políticas de saúde pública. Um dos sis-
tamento (não farmacológico) e da profilaxia da temas orgânicos afetados pelo avançar da idade
sarcopenia, com foco no exercício f ísico. é o musculoesquelético. Uma re levante alteração
reconhec ida é a perda de massa magra e, parti-
cularmente, de massa muscu lar esquelética, com
Sarcopenia concomitante redução da força muscular?
Após os 30 anos de idade, aproximadamen -
O contexto demográfico e epidemiológico tem te 0,5% a 1% da massa muscula r d im inui por ano
despertado o interesse dos pesqu isadores em em humanos, com aceleração de taxa de declínio
relação às alterações fisiológicas decorrentes do após os 65 anos de idade B Um estudo rea liza-
avançar da idade. O envelhecimento é caracteri- do por Frontera (2008)9 ressalta que, no período
zado por um processo contínuo, durante o qual entre 20 e 80 anos de idade, há redução de apro-
ocorre redução de diversas funções orgânicas. ximadamente 30% da massa muscular.
Um dos sistemas orgânicos afetados pelo en ve- Lexell et aI. (1983)10 verificaram que as alte-
lhecimento é o musculoesquelético, o qual está rações musculoesqueléticas acontecem em vir-
envolvido em importantes funções corporais, co- tude da diminuição tanto em tamanho quanto
mo capacidade de realizar movimentos, contra- em número das fibras musculares. Contudo, essa
ção muscular e locomoção. De acordo com Ka- assoc iação sobre a ex istência de perda seletiva
mel et aI. (2002),5 as alterações no tec ido muscu - de tipos especificos de fibras musculares preci-
lar que acompanham o envelhecimento são: sa ser ma is bem elucidada. Estudos transversais
• Redução da massa muscular e da área de sec- iniciais demonstraram mudança na composição
ção transversa. da fibra muscular, evidenciando maior propor-
• Infi ltração de tecido gorduroso e conectivo no ção de fibras do tipo II com o avançar da ida -
músculo. de. 11 Em 1983,12 os mesmos autores reforçaram a
• Decréscimo do tamanho e do número de fibras poss ibilidade de perda p referencial de fibras do
do tipo 11. t ipo 11 com o aumento da idade, potencia lmente
• Diminuição do número de fibras do tipo I. a partir do início da idade adulta. Fibras do tipo II
• Desarranjo dos miofilamentos e das linhas Z demonstram atrofia seletiva (com preservação
dos sarcômeros. da área das fibras do tipo I) com o avançar da
• Decréscimo do número de unidades motoras. idade. 13.14 Pesqu isas apontam associação à redu -
ção nas ati v idades de alta intensidade que recru-
A perda de massa magra, particularmente a tam as fibras do tipo 11, enquanto as fibras do tipo
massa muscular esquelética, de fo rça e desem- I são requeridas para a maioria das ati v idades de
penho físico vem sendo cada vez mais reconhe- vida diária e durante o exercício submáximo (p.
cida, pois tem importantes consequências entre ex., caminhada) I5.16
os idosos. Esses declínios relac ionam-se de mo- O termo sarcopenia tem origem grega (sarco
do negativo e significativo com a autonomia dos = "músculo" + penia = "deficiência") e foi utiliza-
idosos em real izar as atividades de vida d iária, a do pela primeira vez por Irwin Rosenberg. 17 Um
incapacidade, a fragi lidade e a mortalidade. Em estudo realizado por Evans & Campbell (1993)18
um estudo pioneiro, Roubenoff et al. 6 atribuem a descreveu originalment e o conceito, que foi de-
denominação sarcopenia às alterações na quan - finido por Evans (1995)19 como perda de massa
tidade e na qualidade muscular que acompa- muscular re lacionada com a idade.
nham o envelhecimento, terminologia que vem Essa cond ição é altamente prevalente e pode
sendo extensamente util izada no campo científi - ter impacto na saúde pública; estima-se que a di-
co especia lizado e abrange uma área de estudo minuição de 10,5% na prevalência de sarcopenia
em evidência. pode levar à redução dos custos de saúde em
C A PiTULO 9 EXERCíCIO FíSICO CO MO AOJUVANTE NO T RATAMENTO DA 5ARCOPENIA EM 100505 135

1,1 bilhão de dólares por ano nos EUA.20 Não se maior que 50% em uma amostra de indivíduos
tem conhecimento sobre dados dessa relevância com 80 anos de idade ou mais.
identificados na população brasileira. A definição de sarcopenia como perda mus-
A sarcopenia tem sido associada a fragilida- cu lar e da força muscu lar relacionada com a ida-
de, morbidade, aumento do risco de quedas e de tornou-se foco de pub licações. No término de
fraturas, prejuízos na capacidade funciona l, per- 2010, mais de mi l trabalhos foram identificados
da de independência, menor qualidade de vida e no portal de periód icos PubMed s6 Dificuldades
maior risco de morte 21 -27 no diagnóstico correto da sarcopenia são facil -
O interesse pela fisiopatologia da sarcopen ia mente compreensíveis. Vá ria s defini ções e crité-
tem sido crescente na literatura por ser conside- rios diagnósticos fora m propostos d urante os úl-
rada um fenômeno comp lexo e multifatoria l que t imos 20 anos, porém mui tos não são facilm ente
inclui hereditariedade genética,28-30 estado nutri- aplicáveis na prática c línica diária.
ciona l (ingestão de proteínas, consumo energé- Destacam-se, neste capítu lo, para critério
tico e de vitamina D),31-36 atividade física,37-40 mu- diagnóstico de sarcopen ia, o documento pro -
danças hormonais (declínios nos níveis séricos posto pelo The European Working Group on Sar-
de testosterona e hormôni o do crescimento),4142 copenia in O ld er People ( EWGSOP) em 2010,57
resistência à insu li na:3-45 aterosclerose 46-48 e mu- que apresentou uma definição pa ra prática clí-
danças na circulação de citocinas pró-inflama - nica e um consenso de critério diagnóstico para
tórias. 49 São mecanismos que envolvem, entre a sarcopenia relac ionada com a idade. O EWG -
outros processos, síntese de proteínas, proteóli - SOP inclui quatro organizações participantes no
se, integridade neuromuscular e teor de gordura estudo (Europea n Geriatric Medicine Society,
muscular. European Society for Clinicai Nutrition and Meta-
Segundo Morley (2012),50 mesmo ut ili zan- bolism, International Association of Gerontology
do est im ativa conse rvadora, estima-se que a and Geriatrics - European Region e Internationa l
sarcopenia acomete anualmente cerca de 50 Association of Nutrition and Aging), que endos-
milhôes de pessoas no mundo, cerca de 3,6 saram o traba lho final.
milhões de indivíduos nos EUA. Contudo, os A sarcopenia pode ser class ifi cada, segundo
critérios de diagnóstico podem levar a conclu - o EWGSOP (Tabela 9.1) como primária, quando
sões diversas e consequente tratamento dife- não existe outra causa evidente, exceto o enve-
re nc iado. lhecimento, e secundária, quando há outras cau-
A prevalência de sarcopen ia va ri a muito en- sas mais evidentes, como sono inadequado, es-
tre idosos de 60 a 79 anos de idade, com va- t ilo de vida sedentário, doenças inflamatórias e
lores que vão de 7% a 50%; em gerontes acima endócrinas, dieta inadequada, distúrbios gastrin-
de 80 anos de idade, os valores podem variar de testinais e uso de medicamentos que provocam
11% a 50%. 25.51-54 O estudo proposto por Bijlsma anorexia. No caso de indivíduos mu ito idosos,
et aI. (2013)55 analisou a concordância entre di - a sarcopenia é multifatorial, o que dificu lta sua
ferentes c ritéri os de diagnóstico de sarcopenia cla ss ificação em primária o u secundária. Portan-
em homens e mulheres idosos, concluindo que a to, a identificação das categorias de sarcopenia
prevalência da sarcopenia depende dos critérios pode ser útil na prática clínica .
de diagnóstico utilizados. Não foi identificado na Os estágios da sarcopenia (Tabe la 9.2) re -
literatura estudo epidem iológico avaliando a pre- fletem a gravidade da condição e auxi liam no
valê nc ia de sarcopenia na população brasileira. manejo clín ico, diferenciando-se em: pré-sarco-
A d ificuldade em estabelecer um ponto de pen ia, caracterizada por baixa massa muscular;
corte para esta condição foi inicialmente abor- sarcopenia, caracterizada por ba ixa massa mus-
dada por Baumgartner et aI. (1998),52 que defi - cular, pouca força muscular e/o u baixo desem-
niu sarcopenia baseando-se na análise da mas- penho físico; e sarcopenia grave, estág io identifi-
sa muscular esquelética por absortometria com cado quando todos os três critérios da definição
raios X de dupla energia (DEXA) em relação ao estão reunidos. Reforça -se a importâ ncia do re-
tamanho do corpo; o ponto de corte mencionado conhecimento das fases da sarcopenia para sele-
no estudo foi massa muscular apendicular relati- cionar os tratamentos adequados e, também, do
va menor que 7,26kg/m 2 para homens e 5,45kg/ estabelecimento de metas para obter uma recu -
m 2 para mulheres, q uando se relatou prevalência peração adequada.
136 ABORDAGEM NUTR ICIONAL NO ENVELHECIMENTO

TABELA 9.1 Categorias da sarcopenia segundo a causa

Sarcopenia primária
Sarcopenia relacionada com a idade Não existe outra causa evidente, exceto o envelhecimento
Sarcopenia secundária
Sarcopenia relacionada com a atividade Pode resultar de repouso na cama, estilo de vida sedentário,
descondicionamento ou condições de gravidade zero
Sarcopenia relacionada com a doença Assoc iada a falência avançada de órgãos (coração, pulmão,
fígado, rim, cérebro), doença inflamatória, neoplasia ou doença
endócrina
Sarcopenia relacionada com a nutrição São os resultados da ingestão inadequada de energ ia e/ou
proteínas, como má absorção, distúrbios gastrintestinais ou
uso de medicações que causam anorexia
Fonte: Cruz-Jentoft et aI., 2010. 57

TABELA 9 .2 Estágios da sa rco penia

ESTÁGIO MASSA MUSCULAR FORÇA MUSCULAR DESEMPENHO FíSICO


Sem sarcopenia
Pré-sarcopenia J,
Sarcopenia Ou J,
Sarcopenia grave J,
l redu zida/ redu zido
Fonte: Cru z Jentoft et aI., 2010 57

Ao longo do tempo, novas descobertas pa- físico (SPPB). ve locidade de marcha habitual,
ra os parâmetros de diagnóstico da sarcopenia teste de cam in hada de 6m in e teste de potên -
foram apresentadas e diversos estudos vêm de- cia de subida de escada. O timed up & go test
monstrando a importância de avaliar medidas de (TUG) é um teste func ional q ue tem grande apli -
força muscular e função física e/ou desempenho cabilidade; em estudos, o TU G demonstrou as -
muscular, e não somente quantidade muscu - sociação positiva aos indicadores de sarcopenia
lar s7 -59 Por conseguinte, é necessário reconhecer absol uta 66-69
os métodos de análise para essas variáveis rela- Em relação à mensuração da força muscular,
cionadas com o diagnóstico de sarcopenia. a dinamometria isocinética consiste no padrão-
Para a análise da massa muscular em seres -ouro reconhecido, cuja uti lização é limitada pe-
humanos, a literatura apresenta possibilidades lo custo e pela disponibi lidade de equipamentos
como análise direta de creatin ina urinária medi- dispendiosos 70 A análise por meio de flexão e
da ao longo de um período de 24h 60 As medidas extensão do joelho pode ser realizada por diver-
indiretas abrangem antropometria,61 impedância sos equipamentos. 71 A baixa força de preensão
b ioelétrica e DE XA,61 técnicas de imagem (tomo- manual (FPM) tem sido associada a resultados
grafia computadorizada [TC] e ressonância mag - negativos de saúde, como incapacidade das ati-
nética [RM]), radiografia, ultrassonografia e análi - vidades de vida diária, aumento do risco de com -
se de potássio corporal total e por ativação com p licações e hospitalização prolongada n -74 Di-
nêutrons 62 -64 Med idas antropométricas, como versos estudos utilizam a FPM como critério de
perímetro do braço e espessura das dobras cutâ- diagnóstico de sarcopenia59.75.76 e ressaltam posi-
neas, também têm sido utilizadas para estimar a tivamente sua ap licação na prática e em ensaios
massa muscular em idosos ambu latoriais; contu - clínicos. No entanto, há variação considerável na
do, em ra zão da baixa sensibilidade, não devem FPM com a idade e limitação de uso em alguns
ser ut ilizadas para rastreamento de sarcopenia 65 pacientes, como aqueles com artrite avançada. 77
A variável "desempenho físico" apresenta A s dificuldades no diagnóstico e no manejo
vasta gama de testes disponíveis na literatura, clínico da sarcopenia também são encontra das
como versão da bateria curta de desempenho no tratamento. Recentemente, foi publicada uma
C AP iTULO 9 EXERClclo FíSICO COMO AOJUVANTE NO TRATAMENTO DA SARCOPENIA EM 100505 137

revisã0 78 com possíveis tratamentos de sarco -


penia em idosos. Em relação ao tratamento far-
macológico, existem opções terapêuticas como
ATP
inibidores da enzima conversora da angiotensi -
Q)

na (ECA), estatinas, testosterona, desidroepian- " lO

drosterona (D HEA), grelina e moduladores de "' iijc:: ATP-CP N


o
andrógenos sintéticos, tais como moduladores ...
Q)

de receptores de andrógeno seletivo (SARM).


-= Glicolítico lático
Di versos estudos têm buscado apresentar me-
lhores opções de fármacos para os pacientes Glicolítico alático
sarcopênicos; no ent anto, análises mais abran-
gentes devem ser rea lizadas para a utilização Tempo
destes fármacos no tratamento da sarcopenia FIGURA 9.1 Contribuição do O, de acordo com vo lu-
em idosos fráge is na prática c línica. me e intensidade de atividade física

Tratamento (não farmacológico) e


profilaxia Ao se trabalhar com as variáveis de intensi-
Quando se planeja a estratêgia terapêutica pa - dade, vo lume e frequência de treino, não se pode
ra sarcopenia , logo se pensa em um comprimido esquecer que existem métodos mais apropriados
que irá repor a massa muscular; no en tanto, nos- para contro lá-Ias. Os métodos de treino são ex -
so o rganismo não funciona dessa maneira. Para tremamente importantes; por meio deles, serão
que não haja dim inuição ou perda da m assa ma- alcançados os níve is desejados das variáv eis do
gra, nosso corpo precisa ser estimulado para que treinamento e as adaptações esperadas. Podem
ocorram microlesões no tecido muscular,79.8o de- ser subdividos em dois grandes grupos: treina-
sencadeando um processo regenerat ivo que se mento aeróbio e treinamento anaeróbio B9 -91
denom ina hipertrofia muscular B1 Deve-se ressaltar que, no idoso, há diminui-
Vários estudos vêm sendo desenvo lvidos ao ção da secção transversa dos músculos, não im-
longo dos anos, a fim de se entender os proce - portando o tipo de fibra que os compõe. Essas
dimentos que podem ser capazes de gerar hi- fibras musculares reagem de acordo com a in-
pertrofia muscular de modo mais efic iente para tensidade do estímulo ( Figura 9.2) e respondem
combater a sarcopenia em idosos.79.8o.82-84 Méto- com base em suas especificações, seus poten -
dos, dose e resposta sobre exercício físi co têm c iais e suas capaci dadesBl.92.93
muitas va riáveis e suas respostas reagem de
acordo com a popu lação-alvo.79.85 Marcadores fi -
siológ icos são gerados em detrimento da prática
de at ividade física e predizem a intensidade des-
ta;86-88 eles especificam a zona metabólica envol -
v ida naquele momento, caracterizando-a como
~
lO
atividade aeróbia ou anaeróbia, de acordo com u· m
a utilização dos substratos energéticos utilizados .E Q)
"S
o
~
Cf) ~

pa ra repo r adenosina trifosfato (ATP), con fo rme " Q)


:J
E
.!!!
:J
o
ex plicado na Figura 9.l.81.89 " lO
'" Cf)
l; :J
A intens idade do exercício também reve la "c::
' iij
ü: E
co ~
~ l; :J
o
o vol ume deste, ou seja, o períod o durante o
-= ü: Cf)
:J
qual o metabolismo humano pode sustentar E
d eterminada intensidade de uma atividadeBl.89 ~'"
u..
Comp letando a lista de grandes variáveis do
treinamento físico, é necessário ava liar quando
se deve rea li zar a próxima sessão de treino, sem Tempo
que haja prejuízo às adaptações geradas pela FIGURA 9.2 Resposta das fibras musculares de acor-
sessão anterior, determinando a frequência de do com tipo de fibra, intensidade da força e grau de
reino. fatigabilidade
138 ABORDAGEM NUTRICIONAL NO ENVELHECIMENTO

Essas diferenças se devem a fatores fisiológi- ventilatório, sensação de prazer, maior indepen-
cos que respondem ao maior potencial oxidativo dência motora, social e psíquica e alívio de dores
das fibras do tipo I, devido à presença da mito- articu lares e musculares. 85.1 02 Com a prescrição
côndria em seu citosol. Nessas fibras, ainda se de exercícios físicos , priorizando o tratamento ou
disponibiliza de um menor grau de excitabilidade a prevenção da sarcopenia, deve-se elaborar um
pelos potenciais de açãoBl.93.94 Tais característi- programa de treinamento no qual sejam viabili-
cas fazem com que esse tipo de fibra se mani- zadas, prioritariamente, as adaptações crônicas
feste em baixas intensidades de esforço e com que possibilitem o aumento da massa magra e o
baixo grau de fatigabilidade. Assim, elas também ganho de força.
são chamadas de fibras musculares de contra ção
lenta, oxidativas e/ou vermelhas 90.93 Prescrição de treinamento aeróbio para idosos
As f ibras do tipo II são consid eradas fibras rá- O treinamento aeróbio ou cardiorrespiratório
pidas, necessitam de maiores valores de poten- corresponde à capacidade de captação mecâni-
ciais de ação para que sejam excitadas e apre- ca do O2 e transporte deste para que haja hidró-
sentam um número redu zi do de mitocôndrias lise por oxidação de substratos energéticos, de
em relação às fibras vermelhas 95 Em razão das modo que a remoção de metabólitos t ermine em
diferenças metabólicas, as fibras do tipo II divi- seu próprio cicloHl.8589.103
dem-se em dois subgrupos: fibras d o tip o li A, que Uma das formas de se mensurar e prescrever
realizam a hidrólise da glicose, tanto na form a esse tipo de exercício é por meio do V0 2 máximo,
aeróbia quanto na anaeróbia, e fibras do tipo IIB, que também está facilmente correlacionado com
que somente realizam a hidrólise de substratos a frequência cardíaca máxima.104.105 Os métodos
energéticos sem a necessidade de oxidaçã0 9o.93 de treinamento devem calcular seus estímulos
Para tratamento e profilax ia da sarcopenia, é im- para que não ultrapassem o limiar anaeróbio de
portante compreender que as fibras muscu lares cada indivíduo, evitando, assim, que o músculo
do tipo II têm maior capacidade hipertrófi ca 96 -99 sofra alterações em seu pH, com fadiga antes do
tempo previsto de atividade w6
Respostas e adaptações aos treinamentos Dos vários métodos que podem trabalhar
aeróbio e anaeróbio abaixo do limiar anaeróbio, destacam-se a cami-
Qualquer atividade física que o corpo realize re- nhada, a hidroginástica e a dança, modalidades
quer a quebra da homeostase, fazendo com que que recebem um grande número de praticantes
nosso organismo reaja em busca deste equilíbrio oriundos da fai xa etária tida como idosaH5
em todos os sistemas existentes no corp092 No As adaptações geradas pelo treinamento ae-
entanto, quando se realizam exercícios físicos, róbio são de inegável importância para melhorar
estamos realizando uma atividade física de ma - a autonomia do idoso; no entanto, contribuem
neira planejada; 'Oo assim, trata-se de uma inter- efetivamente para o bom funcionamento dos
v enção pela qual se esperam resultados. sistemas cardiorrespiratório, neuromotor, hor-
Os exercícios aeróbios e anaeróbios devem mona I e metabólico, não havendo tanta eficiên-
ser planejados na expectativa de resultados, cia no declínio ou no retardamento sarcopêni-
por meio de adaptações agudas e crônicas 90 co 98.107-110
As adaptações agudas ocorrem imediatamente
ao se iniciar uma seção de atividade física e são Prescrição de treinamento anaeróbio para
responsá veis pela manutenção das funções fisio- idosos
lógicas, de energia e de equilíbrio homeostático O treinamento anaeróbio é caracterizado pela
do organismo. Assim, fazem com que a atividade grande intensidade imposta ao praticante, de
executada seja realizada no tempo e na intensi- modo que os métodos de treino preveem cargas
dade suportados pelos indivíduosBl.89.92 de trabalho acima do limiar anaeróbio, impossi-
As adaptações crônicas ocorrem em virtude bilitando, assim, a execução do exercício por um
de uma sequência de adaptações agudasH9.101 Es- longo período, pois ocorrerá o acúmulo de meta-
sas adaptações proporcionam modificações que bólitos que irâo alterar o pH muscular H1.10l
geram re spostas capazes de promover melho- Existem vários parâmetros fisiológicos que
rias estruturais, metabólicas, psíquicas e sociais, possibilitam a prescrição de exercícios anaeró-
tais como: regulação hormonal, maior controle bios; no entanto, as variáveis mais palpáveis para
CAPiTULO 9 EXERCíCIO FíSICO COMO AOJUVANTE NO TRATAMENTO DA SARCOPENIA EM IDOSOS 139

se alcançar os limiares necessários são a ve loci - idade)? Como o idoso pode ser estimulado a en-
dade e o implemento de carga. gajar-se no programa de exercícios físicos ? Para
Em virtude de desgastes articu lares advindos idosos com limitações físicas, quais são as alter-
do envelhecimento, a var iável velocidade deve nat ivas a um programa de exercício físico habi-
ser muito bem calculada ao ser prescrita para tuai ? Qual o programa adequado de exercícios
idosos, pois pode agravar este quadro, causando físicos e nutrição para prevenção e tratamento
lesões extremamente dolorosas e prejudicando a da sarcopenia?
autonomia do indivíduo lll - ll3
Pesquisa dores vêm avalia ndo o trei namento
de força como intervenção terapêutica para vá- Referências
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em Saúde. Departamento de Análise de Situ açã o de
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Saúde. Plano de açôes estrat égicas para o enfren-
respostas diferentes89.1I8.1I9
tamento das doenças crôn icas não transmissíveis
Embora haja algumas divergências na lite-
( DCNT) no BrasiI2011-2022/M inistério da Saúde. Se-
ratura quanto às suas resposta s no manejo de
cre taria de V igilância em Saúde. Departamento de
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.-~---------------------- ---- ---------------------- - - - - - - - - - - - - - - - - =

,
Indice

- no metabolismo mineral, doença renal crônica, 88


A
Analgésicos, 106
Abdome, 50
Anemia, 68
Abordagem nutricional
- doença renal crônica, 88
- na osteoporose, 67
- por associação a inflamação e neoplasias, 68
- na sarcopenia, 96
- por deficiência
Ácido(s)
- - de cobre, 68
- fól ico, 52
de ferro, 68
- graxos
- - de folato, 68
- - monoinsaturados (MUFA), 14
- - de vitamina B'2' 68
- - ômega-3, 15, 78, 98
- por in suficiência renal, 68
- - ômega-6, 15
- por motivos desconhecidos, 68
- - poli- insaturados (PUFA), 14
Anorexia do envelhecimento, 8
- - saturados (AGS), 14
Anti-hipertensivos, 107
- - trans, 14
Antiácidos, 107
- oxálico, 69
Anticoagulantes, 106
- pantotênico, 17
Antidepressivos, 107
- úrico, 51
Antiepiléticos, 106
- - sérico, 57
Antim icrobianos, 107
Acidose metabólica, doença rena l crônica, 89
Apetite, perda de, 71
Acu idade visua l, perda da, 6
Área
Adequação do peso, 37
- de gordura do braço, 46
Adipocinas, 99
- muscular do braço corrigida, 46
Adoçantes, 85
Aspirina, 106
Aferição do peso, 37
Atividades físicas, prát ica de, 67
Agente(s)
Avaliação
- antidiabético, 107
- antropométrica, 36
- antineoplásicos, 108
- bioquímica, 47
- endócrinos, 107
- da adequação do consumo alimentar, 34
- hipolipemiantes, 108
- dietética, 29
- pa rkinson ianos, 108
- nutricional subjetiva, 56
Água, 21
Albumina, 53
- sérica, 58
B
A li mentos Basófilos, 58
- d ificu ldade em obter ou preparar, 72 Bifosfonatos, 107
- fontes de ferro, 69 Biotina,17
- que otim izam a absorção de ferro, 69 Bola de Bichat, 49
A lterações Braços e mãos, 49
- na composição da saliva, 6
146 ABORDAGEM N UTRICIONAL NO ENV ELHECIMENTO

c Diário alimentar, 31-33


Cabeça, 49 Dietas industrializadas, 115
Cabelos, 49 - elementares, 115
Cafeína, excesso d e 66 - especiais, 115
Calcâneo, 50 - líquidas p rontas para co nsumo, 115
Cálcio, 17, 18, 23 - líquidas semi prontas, 11 5
- iônico, 51 - modulares, 115
- - sérico, 57 - oligoméricas, 115
Calcitriol, 51 - poliméricas, 115
Captopril,107 Disfag ia,7
Carga g licêmica de ali mentos, 83, 84 Dis lipidemia,74
Caquexia, 95 - doença rena l crônica e, 89
Carboidratos, 15 Divertículos, 79
- diabetes melito e, 82 Diverticulose, 79
Cianocobalamina sérica, 58 Dobra(s) cutânea(s), 39
Citocinas,99 - subescapular, 40
Colesterol - t ric ipit al, 40
- dietético, 78 Doença de Alzhei mer, 72
- não HDL, 57 Doença diverticu lar do cólon, 79
- total(CT) , 55, 57 - hipertônica, 80
Colestipol,108 - hipotônica, 80
Colesti ramina, 108 Doença renal crônica, 85
Comensalismo, 121 - fase dialítica, 86
Compos ição nutricional da dieta, estimativa da, 32 - fase não dialítica, 86
Compressão da morbidade, 4 Doenças cerebrovascu lares, 99
Comprometimento cognitivo, 9
Constipação intest inal, 77 E
- prob ióticos, 127 Edentulismo, 6
Co nsumo alim ent ar Ene rgia, 71
- doença renal crô nica e, 88 - desnutrição e, 71
- estratégias para otimiza r o, 71 - diabetes melito e, 82
Coração, 9 - prevenção de doenças vasculares, 78
Cotovelo, 49 Envelhecimento, 1, 66
Crea t inina, 55 - alteraçôes esofágicas, 7
Creatinina sérica, 57 - alteraçôes gástricas, 7
Crista ilíaca, 50 - alterações intestinais, 7
- alterações na composição corporal, 8
D - alterac ões na fome e na saciedade, 8
Deficiência(s) - alteraçôes na percepção sensorial, 5
- de ferro em idosos, 68 - alterações nas funções dos órgãos, 9
- nutricionais, prob ióticos e, 126 - alte rações orais, 6
Deglutição, dificuldade d e, 72 - at ivo, 4
Delirium, 98 - bem-sucedido, 4
Demência, 98 - fisiologia do, 4
Densidade mineral óssea, 8 - processo biológico do, 4
Dentes, 49 Eosinófilos, 58
Depressão, 99 Escala Bristol do formato das fezes, 80
Desnutrição, 69 Estatura, 38
- diagnóstico de, 70 - estimada, 38
- energético-proteica, doença renal crônica, 88 Exame físico, 47
- sintomas ma is frequen t es de, 70 Expectativa de vida
- t ratamento da, 70 - ao nascer, 4
Diabetes me lit o, 81 - ativa, 4
- doença renal crôn ica, 89 - no Brasil, 2
- micronutrientes e, 84
- t ipo 2, planejamento dietético no, 82 F
Diálise, 87 Face, 49
íNDI CE 147

Fatores nutricionais, 66 Imunomodulaça o, 125


Fenitoína, 106, 107 índice de massa corporal, 39
Ferritina, 52 índice glicêmico (IG), 82-84
- sérica, 58 Infusão
Ferro, 17, 20, 23 - contínua, 114
Fibras, 15, 17, 78 - em bólus, 114
- diabetes melito, 82 - gravitacional intermitente, 114
Fígado, 9 Ingestão
Fitosteróis, 78 - adequada (AI), 11
Fluoroquinolonas, 107 - dia ria recomendada (R DA), 11
Folato, 17, 52 - dietética de referência (DRI), 11
- sérico, 58 Inibidores da MA0 2 , 107
Fórmulas, 114 Inquéritos alimentares, 29
- artesanaisjcaseirasjsemiartesanais, 114 Insulina, 54
- industrializadas, 114 - sé rica de jejum, 57
Fósforo, 52 Integri dade epitel ial, 50
- sérico, 57 Interações fármaco-nutriente, 106
Fragilidade, 95 lodo, 17
Fu rosemida, 107 Isolamento social e depressão, 72

G J
Gastrostomia, 113 Jejunostomia, 113
Geng ivas, 49
Glândulas sa livares, 49 L
Glicemia de jejum, 54, 57 Labios,49
Gordura(s) Laxativos, 108
- corporal. 8 Leu cócitos totais, 58
- monoinsaturadas, 78 Levodopa + carbidopa, 108
- saturadas, 78 Levotiroxina, 107
- trans, 78 Linfócitos, 58
Gotejamento, 114 - contagem total de, 58
Guias alimentares para idosos, 22 Língua, 49
Lipídios, 14, 78
H - diabetes melito e, 84
Habilidade na condução, perda da, 6 Lipidograma, 55
Hemacias, 57 Lipoproteína
Hematócrito, 57 - de alta densidade (HDL), 55, 57
Hemoglobina, 57 - de baixa densidade (LDL), 55, 57
- g li cada, 55, 57 Locomoção, dificuldade de, 72
Hemograma, 53 Longevidade saudavel, 4
Hidratação, 71
Hidroclorotiazida, 107 M
Hiperinsulinemia, 99 Macronutrientes, recomendações de, 13
Hipertensão arterial Magnésio, 21
- doença renal crôn ica e, 88 Maléolo latera l, 50
- sistémica, 72 Mastigação, problemas com a, 72
Hiponatremia,21 Membros
Hipotireo idismo, 107 - inferiores, 50
Hormônios gastrintestinais, 8 - superiores, 49
- anorexígenos, 8 Metformina, 107
- orexígenos, 8 Metotrexato, 108
Microbiota intestinal, 121
- aquisição e fatores assoc iados, 122
Ibuprofeno, 106 - modificações na compos ição associadas à idade, 123
Idade - modulação da composição pela alimentação, 124
- biológica, 4 Micronutrientes, recomendações de, 16
- cronológica, 4 Miniavaliaça o Nutricional (MAN), 56, 58
14 8 ABO RDAGEM N UTRICIO NAL NO E NVELHECIMENTO

Monócitos, 58 Pirâmide aliment ar da dieta mediterrânea, 78


Mucosa bucal, 49 Planejamento da dieta, 71
Mudanças no esti lo de vida - Doença renal crônica Plaquetas, 58
(DRC),89 PÓ,115
Musculatura(s) Polifarmácia, 103
- da fúrcula esternal, supra e infraclav icu lar, 49 - e efeitos adversos, 104
- intercostais, 49 - e estado nutricional, 104
- paravertebrais, 50 População idosa, crescimento da, 1, 2
- tem poromand ibular, 49 Potássio, 21
MyPlate, 22, 24-25 Pré-albumina, 53, 58
MyPyramid, 22-25 Preb ióticos , 125
Probióticos, 125
N Produtos finai s de glicaça o ava nçada (AGE), 99
Necessidade Propanolol , 107
- energética est imada ( NEE), 12 Proteínas, 13, 71 .
- média estimada (EAR), 11 - diabetes me li to e, 84
Neutrófilos, 58 - sa rcopenia e, 96
Niacina,17 Prot einúria, doença renal crônica, 88
Nível máximo de ingestão tolerável (UL), 11 Protrombina, 53
Nutrientes antioxidantes, 98
R
o Ranitidina, 107
Obesidade sarcopénica, 8, 96 Razão cintura-estatura, 46
Olfato, perda do, 6 Recordatório 24h, 29, 30, 32
Olhos, 49 Região
Ombros, 49 - de ísquio (nádegas), 50
Omeprazol, 107 - do trocanter, 50
Osteoporose, 66, 65 - occipital, 49
- fatores de risco para, 66 - sacral, 50
- prevenção e tratamento da, 107 - subescapular, 50
- probióticos e, 127 Registro alimentar, 31-33
Ostomias, 113 Riboflav ina,1 7

p 5
Pa ladar, perda do, 6 Sarcopenia, 95, 134, 137
Paracetamol,106 - abordagem nutri cional na, 96
Patogenicidade, 121 - definição de, 135
Peixes, 78 - estágios da, 135, 136
Pele, 9, 50 - prescrição de treinamento
Pelve anterior, posterior e lateral, 50 - - aeróbio, 138
Penicilina, 107 - - anaero bio, 138
Pe rcepção - - respostas e adaptações ao, 138
- gustativa, 6 - prevalência de, 135
- olfatória, 6 - primária, 136
Perímetro - profilaxia, 137
- da cintura, 46 - secundária, 136
- da panturrilha, 47 - tratamento, 137
- do braço, 42 Saúde
- muscular do braço, 42 - oral adequada, 6
Pernas e pés, 50 - o ssea, probióticos e, 127
Pescoço, 49 Selênio, 17, 23
Peso, 37 Sensoria l, perda , 6
- estimado, 38 Sexo feminino e genética e história familiar, 66
- ideal ou desejável, 37 Simbiose, 121
- - para amputados, 37 Simbióticos, 125
- perda de, 38 Síndrome
Pessoa idosa, 1 - da realimentação , 71

----~-
= - - -
íNDICE 149

- de secreção inapropriada de hormônio antidiurético - vias de acesso, 112


(SIADH),21 Terapia renal substi tutiva, 86
Sinvastatina, 108 Teste de tolerância oral à glicose, 54, 57
SOb repes%besidade, doença renal crônica e, 88 Tetraciclinas, 107
Sódio, 17, 21 Tiamina,17
Sondas nasogástricas e nasoentéricas, 113 TMB (taxa metaból ica basal), 5
Suplementação de nutrientes para idosos, 22 Tórax, 49
Treinamento
T - aeróbio, 138
Tabag ismo, 66 - anaeróbio, 138
Taxa de filtração glomerular, 58 - cardiorrespiratório, 138
Tecido subcutâneo, 50 Triglicerídios (TG), 55, 57
Técnica para aferição
- da altura do joelho, 39 u
- da dobra cutânea subescapular, 42 Unhas, 50
- da dobra cutânea tricipital, 40 Urato, 51
- da envergadura dos braços, 39 Ureia,55
- da estatura, 38 - sé rica, 57
- do perímetro da ci ntura, 46 Uso crônico de álcool, 66
- do perímetro do braço, 42 Uso de medicamentos, 103
- do peso, 37 Uso excessivo de álcool e cafeína, 66
- do PP, 47
Tempo de protrombina, 63, 57
v
Tempo de Quick, 53
Va rfarina, 106
Teoria(s)
Vitamina(s)
- da Longevidade Programada, 5
- A , 17, 18
- das Ligações Cruzadas, 5
- B6' 17, 23
- de Dano Biomolecular, 4
- B'2' 17, 23, 52
- de En velhecimento Programado, 4
- C, 16, 23
- do Desgaste pelo Uso, 5
- D, 17, 18, 23, 51
- do Envelhecimento de Hayflik, S
- - sarcopenia e, 97
- do Envelhecimento Endócrino, 5
- E, 17
- do Envelhecimento Imunológico, 5
- K, 17, 18
- do Rad ical Livre, 5
- do complexo B, 16
Terapia nutricional enteral domiciliar, III
- admin istração noturna, 114
- complicações, 116
x
- cuidados gerais, 115 Xerostomia, 6, 7
- indicação, 112
- legislação, 116 z
- métodos de adm inistração, 114 Zinco, 17, 20, 23, 52
- sistemas de admin istra ção, 115 - sérico, 58

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