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PROPÓSITO
Compreender as regras básicas de apresentação do desenho técnico de peças mecânicas,
destacando a execução das vistas ortográficas e o complemento com cortes e seções.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos o material para elaboração de desenho
técnico: folha de papel liso (tamanho A4), lápis com grafite preto, borracha branca macia,
instrumentos básicos (régua, par de esquadros, transferidor, compasso).
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
Empregar o desenho técnico das vistas ortográficas de peças mecânicas no 1º diedro
MÓDULO 3
BEM-VINDO AO ESTUDO DA
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE PEÇAS
MECÂNICAS
Carregando conteúdo
MÓDULO 1
INTRODUÇÃO
Surge uma ideia, uma necessidade: nasce um projeto. Em Engenharia, o desenho técnico é a
ferramenta de expressão gráfica. É por meio do desenho técnico que o engenheiro desenvolve
e orienta a execução, seja para fabricação de um produto ou a prestação de um serviço.
Mesmo com a utilização de computação gráfica, vimos que os conhecimentos sobre desenho
técnico são fundamentais.
Tão importante quanto ter uma ideia ou atender a uma necessidade, é apresentar os desenhos
técnicos de um projeto em uma linguagem que todos entendam. Afinal, esse projeto deverá ser
interpretado e executado por equipes multidisciplinares para que se obtenha o resultado
esperado. Assim, deve haver uma forma padronizada de elaboração e apresentação dos
desenhos, possibilitando haver comunicação entre as equipes.
VOCÊ SABIA
No Brasil existe uma entidade sem fins lucrativos, a Associação Brasileira de Normas Técnicas,
considerada o Foro Nacional de Normalização, que estabelece normas para a elaboração e
apresentação de desenhos técnicos. Apesar de as normas serem de uso voluntário, quase
sempre são usadas por representar consenso sobre o estado da arte de determinado assunto,
obtido entre especialistas.
NORMAS BRASILEIRAS
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma entidade privada e sem fins
lucrativos, que cuida de diferentes normalizações no país. Criada em 1940, a organização
estuda e propõe formas de sistematizar processos, sejam eles de cunho tecnológico, industrial
ou acadêmico.
A ABNT elabora as Normas Brasileiras (NBR), identificadas por números. Essas normas são
reconhecidas pelo governo federal e seguidas por profissionais, empresas e entidades
acadêmicas de todo o Brasil. Cada norma é criada por meio de comissões ou comitês
formados por pessoas que possuem conhecimentos técnicos em diferentes áreas de atuação.
(ABNT, s. d.).
Fornecem aos governos uma base técnica para saúde, segurança e legislação ambiental, e
avaliação da conformidade.
Compartilham os avanços tecnológicos e a boa prática de gestão.
Disseminam a inovação.
Protegem os consumidores e usuários em geral, de produtos e serviços.
Como estamos tratando da expressão gráfica por meio do desenho técnico instrumental,
vamos apresentar, destacar e comentar alguns aspectos importantes das principais normas da
ABNT, que, juntas, nos permitem executar e apresentar o desenho técnico de peças
mecânicas.
Vamos começar listando o objetivo de várias Normas Brasileiras (NBR), indicando as que serão
exploradas em outros temas e escolhendo as que iremos explorar neste módulo:
ABNT NBR 8196:1999 – DESENHO TÉCNICO:
EMPREGO DE ESCALAS
Esta Norma foi cancelada em agosto de 2016. A ABNT NBR 16752:2020 sintetiza o assunto em
seu item 6 (EMPREGO DE ESCALAS). O assunto foi abordado em outro tema.
Cabe aqui ressaltar que isso não nos isenta de conhecer a norma na íntegra.
Os caracteres devem ser claramente distinguíveis entre si, para evitar qualquer troca ou algum
desvio mínimo da forma ideal.
No caso de larguras de linha diferentes, a distância deve corresponder à da linha (d) mais
larga.
Para facilitar a escrita, deve ser aplicada a mesma largura de linha para letras maiúsculas e
minúsculas.
A altura h possui razão 2 correspondente à razão dos formatos de papel para desenho técnico.
A altura h das letras maiúsculas deve ser tomada como base para o dimensionamento.
As alturas h e c não devem ser menores do que 2,5 mm. Na aplicação simultânea de letras
maiúsculas e minúsculas, a altura h não deve ser menor do que 3,5 mm.
A escrita pode ser vertical ou inclinada, em um ângulo de 15° para a direita em relação à
vertical.
Altura das
(10/10)
letras h 2,5 3,5 5 7 10 14 20
h
maiúsculas
Distância
mínima (2/10)
a 0,5 0,7 1 1,4 2 2,8 4
entre h
caracteres
Distância
mínima
(14/10)
entre b 3,5 5 7 10 14 20 28
h
linhas de
base
Distância
mínima (6/10)
e 1,5 2,1 3 4,2 6 8,4 12
entre h
palavras
Largura da (1/10)
d 0,25 0,35 0,5 0,7 1 1,4 2
linha h
A2 arestas visíveis
linhas de
Contínua
B B1 interseção
estreita
imaginárias
B2 linhas de cotas
B3 linhas auxiliares
B4 linhas de
Linha Denominação Aplicação Geral
chamadas
B5 hachuras
contornos de
B6 seções rebatidas
na própria vista
linhas de centros
B7
curtas
limites de vistas
ou cortes parciais
Contínua ou interrompidas
C estreita à mão C1 se o limite não
livre coincidir com
linhas traço e
ponto
esta linha
Contínua destina-se a
D estreita em D1 desenhos
zigue-zague confeccionados
por máquinas
arestas não
E2
visíveis
Linha Denominação Aplicação Geral
arestas não
F2
visíveis
Traço e ponto
G G1 linhas de centro
estreita
linhas de
G2
simetrias
G3 trajetórias
Traço e ponto
estreita, larga
nas
H H1 planos de cortes
extremidades
e na mudança
de direção
indicação das
linhas ou
Traço e ponto
J J1 superfícies com
largo
indicação
especial
posição limite de
K2
peças móveis
linhas de centro
K3
de gravidade
cantos antes da
K4
conformação
detalhes situados
K5 antes do plano de
corte
Vamos apresentar uma síntese comentada dessas condições, além do quadro de tipos de
linhas e suas aplicações, ressaltando que isso não nos isenta de conhecer a norma na íntegra.
A relação entre as larguras de linhas largas e estreitas não deve ser inferior a dois.
Assim, devemos ter o traço da linha larga com pelo menos o dobro da espessura da linha
estreita. Logicamente, o tipo de lápis ou caneta técnica utilizado no desenho influenciará
na execução dessas linhas.
As larguras das linhas devem ser escolhidas conforme o tipo, dimensão, escala e
densidade de linhas no desenho. Se o desenho for pequeno (podemos imaginar uma
redução em escala, desenhado em folha A4) e tiver muitas linhas, por exemplo, a largura
(espessura) da linha não será a mesma de um desenho maior (podemos imaginar uma
ampliação em escala, desenhado em folha A0).
Para diferentes vistas de uma mesma peça, desenhadas na mesma escala, as larguras
das linhas devem ser conservadas.
Vamos apresentar uma síntese comentada dos principais tópicos dessas normas, que não
tenham sido apresentados em outros módulos do conteúdo dos temas da disciplina,
ressaltando que isso não nos isenta de conhecer a norma na íntegra.
Convém que a representação do desenho seja executada em menor formato de folha possível,
desde que a sua interpretação não seja prejudicada. As medidas dos formatos de folha de
desenho da série ISO-A mais utilizados são apresentados na tabela a seguir:
A0 841 x 1.189
A1 594 x 841
A2 420 x 594
Designação Dimensões (mm)
A3 297 x 420
A4 210 x 297
Tabela: Dimensões das folhas da série ISO-A. Fonte: NBR 16752 (2020)
Essas folhas de desenho podem ser utilizadas tanto na posição vertical (retrato) como na
posição horizontal (paisagem), sendo conveniente que os formatos maiores do que A4 sejam
utilizados na posição horizontal.
DICA
Todas as folhas de desenho devem apresentar margens e quadro limitando o espaço para
desenho. A margem esquerda deve ter 20 mm de largura para permitir que a folha seja
perfurada e arquivada, e todas as outras margens devem ter 10 mm de largura.
DICA
Os dobramentos devem ser iniciados do lado direito e verticalmente a partir da legenda. Uma
vez efetuado o dobramento vertical, devem ser realizadas as dobras horizontais. As folhas de
formatos A0, A1 e A2 devem ter o canto superior esquerdo dobrado para trás.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Diante disso, vamos dedicar um pouco mais de tempo para complementar alguns tópicos
dessa norma e elaborar as vistas ortográficas de peças com características e detalhes
distantes, ampliando a nossa capacidade de raciocínio espacial.
Você se lembra do “cubo transparente” no qual colocamos a nossa peça dentro? As projeções
do objeto nas faces desse “cubo” serão as vistas de um observador posicionado em frente a
cada uma das faces, do lado de fora do cubo, olhando para o objeto.
OBSERVADOR
OBJETO
PLANO DE PROJEÇÃO
RESUMINDO
O observador “vê” o objeto e a imagem “vista” é projetada no plano paralelo à face observada,
posterior ao objeto.
Para escolha das vistas que deverão ser representadas, vamos recorrer novamente à NBR
10067:1995, merecendo destaque os seguintes trechos:
VISTA PRINCIPAL
A vista mais importante de uma peça deve ser utilizada como vista frontal ou principal.
Geralmente, essa vista representa a peça na sua posição de utilização.
OUTRAS VISTAS
Quando outras vistas forem necessárias, inclusive cortes e/ou seções, elas devem ser
selecionadas conforme os seguintes critérios: a) usar o menor número de vistas; b) evitar
repetição de detalhes; c) evitar linhas tracejadas desnecessárias.
DETALHES AMPLIADOS
Quando a escala utilizada não permite demonstrar detalhe ou cotagem de uma parte da peça,
este é circundado com linha estreita contínua, conforme a NBR 8403, e designado com letra
maiúscula, conforme a NBR 8402. O detalhe correspondente é desenhado em escala ampliada
e identificada.
Podemos dizer que o desenho isométrico é uma versão simplificada da perspectiva isométrica.
Ambos são recursos para a representação de formas geométricas tridimensionais. A diferença
é que, ao elaborarmos a peça utilizando os três eixos isométricos (que formam entre si três
ângulos de 120°), não utilizamos para o desenho isométrico nenhum coeficiente de redução
das medidas obtidas nas vistas; já no caso da perspectiva isométrica, utilizamos um coeficiente
de redução de 0,82. Os motivos dessa redução de medidas serão esclarecidos em outro tema.
Para melhor entendimento dos desenhos isométricos das peças e de suas vistas ortográficas
(projeção no 1º diedro) apresentados a seguir, será feita uma divisão em três grupos, os quais
terão elementos adicionados gradativamente, aumentando a complexidade dessas peças e os
detalhes nas vistas.
Veremos que, em alguns casos, o ideal seria obter maior detalhamento dos contornos não
visíveis que, a princípio, aparecem tracejados. Nesses casos, a utilização dos cortes e seções
nos permitirá visualizar detalhes internos nas vistas. Isso será objeto de estudo no próximo
módulo.
Para facilitar o entendimento das vistas ortográficas apresentadas, vamos “ligar três lanternas
coloridas”, uma em cada ponto em que o observador estiver posicionado:
Quando a face for isométrica, apenas uma lanterna irá iluminá-la. Quando a face não for
isométrica, dependendo da posição, pode ser iluminada por uma ou duas lanternas,
simultaneamente.
COMENTÁRIO
Não apresentaremos peças com faces que sejam iluminadas pelas três lanternas.
Para esses casos, teremos uma mistura de cores: verde (amarelo + azul), roxo (vermelho +
azul) e laranja (amarelo + vermelho).
ESCOLHA DAS VISTAS ORTOGRÁFICAS
PEÇA 1
A peça é formada por dois blocos em formato de paralelepípedo sobrepostos: por baixo um
bloco de 60 mm de largura, 20 mm de altura e 40 mm de profundidade, que teve uma quina
(lado esquerdo, parte posterior) cortada; por cima um bloco de 30 mm de largura, 20 mm de
altura e 20 mm de profundidade, que teve uma quina (posterior, superior) cortada.
PEÇA 2
Inicialmente, um bloco de 60 mm de largura, 40 mm de altura e 40 mm de profundidade, foi
transformado em um “L” (vista lateral esquerda) e, em seguida, teve as duas quinas da parte
vertical do “L” cortadas e um rasgo passante feito na parte horizontal (bem na frente da peça).
PEÇA 3
O mesmo bloco inicial da peça 2 (60 mm de largura, 40 mm de altura e 40 mm de
profundidade) foi “esculpido” de forma diferente. Veja a quantidade de arestas deixadas nas
vistas frontal e, principalmente, lateral da peça.
PEÇA 4
O rasgo lateral direito é reto e passante. O rasgo inclinado na parte mais alta está centralizado.
Figura: Peça mecânica simples (faces não isométricas).
PEÇA 5
O rasgo posterior não é passante, avança 30 mm a partir da lateral esquerda da peça. A
elevação de 14 mm vai até o limite lateral direito da peça. Feitos dois chanfros (cortes oblíquos,
em bisel): um na frente da peça e outro no meio.
PEÇA 6
Inicialmente, um bloco de 40 mm de largura, 40 mm de altura e 40 mm de profundidade foi
transformado em um “L” invertido (vista frontal) e, em seguida, foi feito um rasgo longitudinal
passante na parte vertical do “L” e um chanfro (corte oblíquo, em bisel) com rasgo no meio na
parte horizontal do “L”.
Figura: Peça mecânica simples (faces não isométricas).
PEÇA 7
A peça foi “esculpida” a partir de um bloco em formato de cubo, de aresta 80 mm. O rasgo na
parte lateral e o furo frontal (borda circular de 270°) não atravessam a peça (não passantes),
avançando metade da medida do bloco. Chanfro (corte oblíquo, em bisel) na parte superior.
PEÇA 9
A peça foi “esculpida” a partir de um bloco em formato de “L” invertido (vista frontal): parte
vertical de 40 mm de espessura e a parte horizontal com 30 mm de espessura. Em cada uma
dessas partes foi feito um chanfro (corte oblíquo, em bisel). No topo da parte vertical do “L” foi
feito um rasgo semicircular não passante.
MÓDULO 3
O desenho das vistas ortográficas de objetos com muitos detalhes internos apresenta arestas
invisíveis (linhas tracejadas) que podem ser uma dificuldade na interpretação das
características desse objeto. Para contorná-las, utilizamos como recurso a representação das
vistas em corte.
DICA
CORTE
O corte (ou vista em corte) é um recurso de desenho técnico que facilita a representação de
objetos com detalhes presentes em seu interior. Esses detalhes podem ser furos, ressaltos,
rebaixos, entre outros.
Na vista em corte, o objeto é cortado por um plano secante imaginário e a parte posterior ao
plano é vista pelo observador, que se mantém na posição que ficaria na vista ortográfica
convencional e olha o objeto cortado. A porção sólida do objeto, cortada pelo plano secante, é
indicada na vista em corte pela presença de hachuras, internas às arestas cortadas pelo plano.
TIPOS DE CORTE
Os tipos de corte mais comuns utilizados no desenho técnico tradicional são apresentados na
tabela a seguir:
Corte pleno ou
Corte do objeto ao longo de toda a sua extensão.
total
LONGITUDINAL
Plano paralelo ao maior comprimento do objeto.
TRANSVERSAL
Agora, a região anterior aos planos será desprezada, dando origem a duas vistas em corte do
objeto em questão. Na vista em corte, as regiões cortadas pelo plano secante imaginário são
hachuradas. As hachuras estão presentes em toda face em contato com o plano secante.
Considerando-se a vista frontal aquela que apresenta o maior comprimento, a vista lateral
principal é a vista lateral esquerda. O plano secante longitudinal será o plano associado ao
corte pleno longitudinal, e esse corte substituirá a vista frontal na representação planificada das
vistas ortográficas principais.
Da mesma forma, o plano secante transversal será o plano associado ao corte pleno
transversal, e esse corte substituirá a vista lateral esquerda na representação planificada das
vistas ortográficas principais.
Figura: Perspectivas dos cortes longitudinal e transversal.
ATENÇÃO
As representações em perspectiva não são usuais e estão sendo apresentadas somente para
facilitar o entendimento do objeto.
Figura: Vistas ortográficas principais, com cortes plenos substituindo a VF e VLE (1º
diedro).
Vamos analisar algumas das características presentes nas vistas ortográficas e cortes
representados na figura anterior. Essas análises são importantes, pois referem-se às condições
obrigatórias e necessárias na representação de cortes:
A posição dos planos secantes é indicada na vista superior com linha mista: traço e
ponto fina (estreita) com extremos em linha contínua larga. As setas junto das linhas
contínuas grossas indicam a visualização do observador do corte (que deve ser a mesma
posição adotada para a vista ortográfica que está sendo substituída). Junto das setas, as
letras maiúsculas colocadas servem para dar nome aos cortes (CORTE A-A e CORTE B-
B, para o exemplo analisado);
Abaixo de cada corte deve ser colocada a nomenclatura do corte (CORTE A-A e CORTE
B-B, para o exemplo analisado). É importante lembrar da necessidade de colocação do
nome dos cortes durante o desenho, pois é preciso deixar o espaçamento adequado
entre as vistas para escrever o nome de cada uma;
A linha traço e ponto fina (estreita) desenhada na vista lateral esquerda indica que a peça
possui simetria em relação a esse eixo. No nosso exemplo, a linha de simetria na vista
superior coincide com a posição do plano de corte;
Nas vistas em corte, não são representadas arestas invisíveis. Note que, se as linhas
tracejadas fossem representadas, haveria duas linhas tracejadas no CORTE A-A. Tal
condição é adotada para evitar a sobreposição entre hachuras e linhas tracejadas, o que
poderia prejudicar a leitura do desenho;
Caso existam, as linhas traço e ponto indicativas de linhas de eixo e de centro devem ser
posicionadas adequadamente no corte.
MEIO CORTE
O meio corte é um tipo de corte aplicado quando existe condição de simetria no objeto
analisado. Com isso, somente metade do objeto é representado em corte; a outra metade é
mantida em vista.
Agora, a região anterior aos planos será desprezada (retira-se o ¼ de objeto anterior aos
planos), dando origem a vistas em meio corte do objeto em questão. Na vista em meio corte, as
regiões cortadas pelo plano secante imaginário são hachuradas. As hachuras estão presentes
em toda face em contato com o plano secante.
Analisando as vistas ortográficas anteriores, vemos o meio corte substituindo a vista frontal.
Vejamos as condições obrigatórias e necessárias na representação do meio corte e outras
considerações importantes:
A posição dos planos secantes é indicada na vista superior com linha mista: traço e
ponto fino (estreita) com extremos em linha contínua larga. A seta indicativa do plano de
corte é representada somente em uma das linhas contínuas grossas do plano secante,
indicando apenas a visualização do observador da vista frontal. Junto da seta, a letra
maiúscula colocada serve para dar nome ao corte (CORTE A-A, para o exemplo
analisado);
Abaixo do corte deve ser colocado o seu nome (CORTE A-A, para o exemplo analisado).
É importante lembrar da necessidade de colocação do nome dos cortes durante o
desenho, pois é preciso deixar o espaçamento adequado entre as vistas;
Caso existam, as linhas traço e ponto indicativas de linhas de eixo e de centro devem ser
posicionadas adequadamente no corte;
A linha que divide a metade em vista e a metade em corte deve ser linha traço e ponto,
pois não configura uma aresta do objeto e sim o lugar geométrico do eixo de simetria;
A condição de dupla simetria ocorrerá nos objetos representados em meio corte, o que
significa que podemos omitir a vista lateral, já que ela é exatamente igual à vista frontal
do objeto analisado. Esse procedimento pode ser adotado sempre na representação das
vistas ortográficas de objetos com dupla simetria.
CORTES EM DESVIO
O corte em desvio é aplicado em objetos quando os detalhes presentes nele não podem ser
cortados por um único plano secante em um corte pleno. Dependendo da posição dos detalhes
no objeto, os cortes com desvio podem ser desenhados utilizando-se planos paralelos, planos
concorrentes ou planos sucessivos, como veremos a seguir.
ATENÇÃO
Os desvios são necessários para que o plano de corte passe nos furos e na reentrância
presentes no objeto.
A região anterior aos planos é desprezada, dando origem ao corte em desvio do objeto em
questão, que substituirá a vista frontal. Na vista em corte, as regiões cortadas pelo plano
secante imaginário são hachuradas, como já foi visto nos cortes anteriores. As hachuras estão
presentes em todas as faces em contato com os planos secantes.
Figura: Representação espacial de objeto cortado por planos secantes paralelos, com
desvio.
Figura: Vista superior e corte com desvio por planos paralelos substituindo a VF (1º diedro).
Da mesma forma que no corte pleno, linhas tracejadas não devem ser colocadas na vista
em corte;
Caso existam, as linhas traço e ponto indicativas de linhas de eixo e de centro devem ser
posicionadas adequadamente no corte;
A posição dos planos secantes é indicada na vista superior com linha mista: traço e
ponto fino (estreita) com extremos em linha contínua larga. As setas junto das linhas
contínuas grossas indicam a visualização do observador do corte (que deve ser a mesma
posição adotada para a vista ortográfica que está sendo substituída). Junto das setas, as
letras maiúsculas colocadas servem para dar nome ao corte (CORTE A-A, para o
exemplo analisado);
Abaixo do corte deve ser colocado o seu nome (CORTE A-A, para o exemplo analisado).
É importante lembrar da necessidade de colocação do nome dos cortes durante o
desenho, pois é preciso deixar o espaçamento adequado entre as vistas.
ATENÇÃO
Nesse tipo de corte, é preciso fazer o rebatimento das medidas para uma única direção.
Valem as mesmas premissas anteriores quanto à hachura nas regiões cortadas pelo plano
secante, ou seja, hachurar as regiões em contato com o plano secante.
Figura: Representação espacial de objeto cortado por planos secantes paralelos, com
desvio.
A seguir, você pode perceber que o corte que substituiu a vista frontal é obtido pelo rebatimento
das arestas em vista e em corte, fazendo com que os planos de corte fiquem coplanares.
Figura: Vista superior com corte com desvio por planos concorrentes substituindo a VF (1º
diedro).
Analisando as vistas apresentadas, vejamos as condições obrigatórias e necessárias na
representação do corte em desvio com planos concorrentes e outras considerações
importantes:
Da mesma forma que os demais cortes, as linhas tracejadas não devem ser colocadas
na vista em corte;
Caso existam, as linhas traço e ponto indicativas de linhas de eixo e de centro devem ser
posicionadas adequadamente no corte. Note que no CORTE A-A as linhas de eixo dos
furos e da geometria completa do objeto foram posicionadas adequadamente;
A posição dos planos secantes concorrentes é indicada na vista superior com linha mista:
traço e ponto fina (estreita) com extremos em linha contínua larga. As setas junto das
linhas contínuas grossas indicam a visualização do observador do corte. Junto das setas,
as letras maiúsculas colocadas servem para dar nome ao corte (CORTE A-A, para o
exemplo analisado);
Abaixo do corte deve ser colocado o seu nome (CORTE A-A, para o exemplo analisado).
É importante lembrar da necessidade de colocação do nome dos cortes durante o
desenho, pois é preciso deixar o espaçamento adequado entre as vistas.
Figura: Vista superior com corte com desvio por planos concorrentes substituindo a VF (1º
diedro).
CORTE PARCIAL
O corte parcial é recomendado quando existe a necessidade de visualizar internamente
somente uma parte de determinado objeto, e quando sua geometria não justifica a aplicação de
cortes como os vistos anteriormente.
DICA
Para delimitar a parte “cortada” do objeto com relação ao restante da vista, usa-se uma linha de
ruptura (linha fina irregular).
SEÇÃO
O corte em seção, ou simplesmente seção, é a representação gráfica da efetiva interseção do
plano secante com o objeto, e não apresenta a parte visível ao observador posicionada
posteriormente ao plano secante. Existem três formas de representar seções:
A seção é desenhada fora da vista, deslocada, ligada à vista cortada por uma linha traço e
ponto fina (estreita).
A seção é desenhada fora da vista, deslocada para uma posição qualquer. Nesse caso, deverá
apresentar nomenclatura que a identifique com relação ao plano secante posicionado na vista.
ATENÇÃO
ATENÇÃO
Por fim, as seções A-A e B-B são desenhadas fora da vista, deslocadas. Essas seções
precisam de nomenclatura, pois não estão posicionadas com linhas que indicam a região
efetiva onde passa o plano secante.
HACHURAS
Ao longo de todas as explicações e exemplos, vimos que os cortes e seções devem ter
hachuras representadas nas regiões efetivamente cortadas pelo plano secante imaginário, o
chamado plano de corte. As hachuras são linhas ou formas que têm dois objetivos principais:
indicar a face cortada pelo plano de corte e indicar o material presente na área cortada.
SAIBA MAIS
Em todos os nossos exemplos, utilizamos uma hachura genérica, que pode ser utilizada em
qualquer tipo de material, representada por linhas finas equidistantes e inclinadas em 45º em
relação às linhas principais de contorno dos cortes ou de seus eixos de simetria.
ATENÇÃO
No caso de objetos inclinados, é preciso cuidado em manter o máximo possível essa condição
da norma para não prejudicar a visualização do desenho.
Quando houver diversas hachuras em um mesmo desenho, elas devem ser feitas sempre em
uma mesma direção. Em caso de objetos compostos, formados por um conjunto de objetos, é
recomendado alterar a direção da hachura, indicando os limites entre as arestas dos objetos
que formam o conjunto. A figura a seguir apresenta um exemplo em que essa situação ocorre:
ATENÇÃO
Caso seja da vontade do desenhista, é permitido utilizar outras hachuras, desde que
devidamente indicadas em uma legenda, na prancha de desenho.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos que as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), apesar
de serem de uso voluntário, são amplamente utilizadas por representarem o consenso sobre o
estado da arte obtido entre especialistas. Com a utilização dessas normas, a elaboração e a
apresentação dos desenhos técnicos nos projetos de Engenharia proporcionam uma forma
padronizada e eficiente de comunicação entre as equipes envolvidas.
Além disso, como complemento da representação plana de objetos tridimensionais,
apresentamos o recurso de cortes e seções, que possibilita o desenho das vistas ortográficas
de objetos com muitos detalhes internos. Pode-se adotar diferentes tipos de corte, dependendo
das características do objeto, inclusive de suas condições de simetria.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8402: Execução de
caracter para escrita em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
PERES, M. P.; IZIDORO, N. Curso de desenho técnico e AutoCAD. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2013. Biblioteca Virtual.
O capítulo 5 do livro Curso de desenho técnico e AutoCAD, dos autores Antônio Clélio
Ribeiro, Mauro Pedro Peres e Nacir Izidoro. Tente refazer os exercícios resolvidos desse
capítulo para fixação do conteúdo estudado.
As páginas 145 a 157 do livro Introdução ao Desenho Técnico, de Izabel Cristina Zattar.
Exercícios são apresentados no final do capítulo.
CONTEUDISTA
Luiz di Marcello Senra Santiago
CURRÍCULO LATTES