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GUIA MANGÁ

ELOGIOS PARA A SÉRIE GUIA MANGÁ

"Altamente recomendado."
- CHOICE MAGAZINE SOBRE O GUIA MANGÁ BANCOS DE DADOS

"Um estímulo para a próxima geração de cientistas."


- SCIENTIFIC COMPUTING SOBRE O GUIA MANGÁ BIOLOGIA MOLECULAR

"Urna ótima pedida tanto em forma quanto em conteúdo. Recomendo."


- OTAKU USA MAGAZINE SOBRE O GUIA MANGÁ FÍSICA

"A arte é charmosa e o humor, encantador. Uma lição divertida e agradável sobre o que muitos
consideram um assunto pouco empolgante."
- SCHOOL LIBRARY JOURNAL SOBRE O GUIA MANGÁ ESTATÍSTICA

"Essa é a forma que um bom livro de matemática deve ter. Diferentemente da maioria dos
livros que tratam de assuntos como estatística, esta obra não apresenta o material simples-
mente como uma série de fórmulas aparentemente sem propósito. Pelo contrário, o tópico é
apresentado como algo divertido e esclarecedor."
- GOOD MATH, BAD MATH SOBRE O GUIA MANGÁ ESTATÍSTICA

"Achei a abordagem deste livro tão atrativa, e sua história


tão amável, que recomendo seu uso a todo professor de
introdução à física, tanto do ensino médio quanto de nível
universitário."
- AMERICAN JOURNAL OF PHYSICS SOBRE O GUIA MANGÁ FÍSICA

"Qualquer graduado em bioquímica de trinta e poucos anos


que venha a ter contato com o GUIA MANGÁ BIOLOGIA MOLECULAR
certamente vai lamentar com tristeza: Por que este livro não
foi escrito enquanto eu ainda estava na faculdade?
- THE SAN FRANCISCO EXAMINER

"Uma leitura muito divertida. A interação entre os persona-


gens é muito descontraída, e a ambientação como um todo
tem um estilo que fará que você continue lendo pelo simples
prazer da leitura."
- HACK A DAY SOBRE O GUIA MANGÁ ELETRICIDADE

"O GUIA MANGÁ BANCOS DE DADOS foi o livro técnico mais agra-
dável que já li."
- RIKKI KITE, LINUX PRO MAGAZINE

"Indicado para pais que estão tentando oferecer aos seus


filhos algo a mais, ou simplesmente para crianças curiosas
t sobre eletrônica. O GUIA MANGÁ ELETRICIDADE deve definitiva-
mente estar presente em sua estante."
- SACRAMENTO BOOK REVIEW
"Este é um livro completo, e eu gostaria que houvesse outros como ele no mundo da TI."
- SLASHDOT SOBRE O GUIA MANGÁ BANCOS DE DADOS

"O GUIA MANGÁ ELETRICIDADE torna acessível um assunto muito intimidante, permitindo que o
leitor se divirta, ao mesmo tempo que aprende o necessário."
- GEEKDAD BLOG, WIRED.COM

"A melhor forma de apresentar um assunto pelo qual crianças normalmente não se interessa-
riam é com uma narrativa interessante e uma boa história em quadrinhos."
- MAKE SOBRE O GUIA MANGÁ ESTATÍSTICA

"Este livro faz exatamente o que deve ser feito: oferece uma forma divertida e interessante de
aprendermos conceitos de cálculo que seriam, do contrário, algo extremamente cansativo de
se memorizar."
- DAILY TECH SOBRE O GUIA MANGÁ CÁLCULO

"A arte é fantástica, e o método de ensino, tanto divertido quanto educacional."


- ACTIVE ANIME SOBRE O GUIA MANGÁ FÍSICA

"Uma leitura divertida e altamente educacional."


- FRAllLEDDAD SOBRE O GUIA MANGÁ FÍSICA

"Permite que mesmo uma criança de 10 anos desenvolva conhecimentos práticos acerca de
um assunto que assusta muitos universitários."
- SKEPTICBLOG SOBRE O GUIA MANGÁ BIOLOGIA MOLECULAR

"Este é, de longe, o melhor livro que já li sobre o tópico. Além de considerá-lo incrível, também
o recomendo a qualquer pessoa que esteja trabalhando, ou simplesmente interessada, com
bancos de dados."
- GEEK AT LARGE SOBRE O GUIA MANGÁ BANCOS DE DADOS

"0 livro se afasta propositalmente do aspecto de materiais didáticos tradicionais, conseguindo


fazê-lo com grande êxito."
- DRA. MARINA MILNER-BOLOTIN, RYERSON UNIVERSITY, SOBRE O GUIA MANGÁ FÍSICA

"É muito mais provável que crianças peguem este livro e se descubram interessadas por esta-
tística do que se tiverem de ler um livro teórico tradicional."
- GEEK BOOK SOBRE O GUIA MANGÁ ESTATÍSTICA

"0 GUIA MANGÁ ESTATÍSTICA oferece uma apresentação do tópico que não pode ser encontrada
em um mero livro didático."
- ANIME 3000

"Uma ótima apresentação para leitores de qualquer idade, e um exemplo perfeito de comuni-
cação técnica."
- LINUX USERS OF VICTORIA SOBRE O
GUIA MANGÁ ELETRICIDADE
GUIA MANGÁ UNIVERSO
GUIA MANGÁ

UNivego

KENJI 15HIKAWA,
KIYOSHI KAWABATA,
VERTE CORP.

14.)
no starch
Ohmsha press

novatec
The Manga Guide to the Universe is a translation of the Japanese original, Manga de wakaru uchu, published by
Ohmsha, Ltd. of Tokyo, Japan, 2008 by Kenji Ishikawa, Kiyoshi Kawabata, and Verte Corp. The English edition is co-
published by No Starch Press, Inc. and Ohmsha, Ltd. Portuguese-language rights arranged with Ohmsha, Ltd. and No
Starch Press, Inc. for Guia Mangá Universo ISBN 978-85-7522-282-9, published by Novatec Editora Ltda.

Edição original em japonês Manga de wakaru uchu, publicado pela Ohmsha, Ltd. de Tóquio, Japão, (l) 2008 por Kenji
Ishikawa, Kiyoshi Kawabata e Verte Corp. Edição em inglês The Manga Guide to the Universe, copublicação da No
Starch Press, Inc. e Ohmsha, Ltd. Direitos para a edição em português acordados com a Ohmsha, Ltd. e No Starch
Press, Inc. para Guia Mangá Universo ISBN 978-85-7522-282-9, publicado pela Novatec Editora Ltda.

Copyright © 2012 da Novatec Editora Ltda.

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.


É proibida a reprodução desta obra, mesmo parcial, por qualquer processo, sem prévia autorização, por escrito, do
autor e da editora.

Editor: Rubens Prates


Ilustração: Yutaka Hiiragi
Tradução: Rafael Zanolli
Revisão gramatical: Patrizia Zagni
Revisão técnica: Paulo Sobreira e Edgard Damiani
Editoração eletrônica: Carolina Kuwabata

ISBN: 978-85-7522-282-9

Histórico de impressões:
Fevereiro/2015 Primeira reimpressão
Março/2012 Primeira edição

NOVATEC EDITORA LTDA.


Rua Luís Antônio dos Santos 110
02460-000 - São Paulo, SP - Brasil
Tel.: +55 11 2959-6529 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
E-mail: novatec@novatec.com.br
Site: www.novatec.com.br
Ishikawa, Kenji
Twitter: twitter.com/novateceditora Guia mangá : universo / Kenji Ishikawa, Kiyoshi
Kawabata, Verte Corp.. -- São Paulo : Novatec
Facebook: facebook.com/novatec Editora, 2012. -- (Guia mangá)
Linkedln: linkedin.com/in/novatec
ISBN 978-85-7522-282-9

1. Cosmologia - Histórias em quadrinhos


2. Histórias em quadrinhos I. Kawabata, Kiyoshi.
II. Verte Corp.. III. Título. IV. Série.

11-09887 CDD-523.1
Índices para catálogo sistemático:
1. Cosmologia : Histórias em quadrinhos
523.1
2. Universo : Histórias em quadrinhos
523.1
IG20150122
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO xi

PREFÁCIO xiii

PRÓLOGO
UM CONTO Que COMEÇA NA LUA 1

A história de Kaguya-Hime 10
Mitos cósmicos 18
Visão do Universo da Índia Antiga 18
Visão do Universo do Egito Antigo 18
Visão do Universo da Babilônia Antiga 19
Na China, onde a Astronomia se desenvolveu primeiro 19
Na Grécia Antiga, onde o tamanho da Terra foi calculado 20
Método de cálculo de Eratóstenes 20
Se a Terra é redonda, a Lua também deve ser 21

1
SERIA A TERRA O CENTRO DO UNIVERSO? 23

Uma luz misteriosa surgiu no céu 24


Contatos imediatos 27
Será que o Sol gira ao redor da Terra? 34
Um modelo heliocêntrico foi proposto há 2300 anos 40
Da teoria geocêntrica para a teoria heliocêntrica 50
As descobertas e o julgamento de Galileu 56
Colocando as coisas em perspectiva 59
Qual a distância aproximada até o horizonte? 66
Medindo o tamanho do Universo: qual a distância até a Lua? 67
Espelhos de canto de cubo 67
Como funciona um espelho de canto de cubo 67
Antes do prisma de canto de cubo 68
Teoria geocêntrica versus teoria heliocêntrica — O resultado da discussão 69
Qual era a órbita de um planeta para a teoria geocêntrica? 70
O sistema ticônico: uma aprimoração da teoria geocêntrica 70
Quão revolucionário realmente foi Copérnico7 71
Kepler completou a teoria heliocêntrica 72
O que fez Galileu? 72
O que a teoria heliocêntrica nos ensinou? 73
Uma explicação mais elaborada das Leis de Kepler 73
Primeira Lei: a órbita de todo planeta é uma elipse com o Sol em um de seus focos 73
Segunda Lei: uma linha que une um planeta e o Sol
percorre áreas iguais em intervalos iguais de tempo 75
Terceira Lei: o quadrado do período orbital de um planeta
é diretamente proporcional ao cubo do semieixo maior de sua órbita 77
2
DO SISTEMA SOLAR À VIA LÁCTEA 79

E se Kaguya-Hime viesse de outro planeta de nosso sistema solar? 80


Kaguya-Hime e o sistema solar 82
Mercúrio 83
Vênus 84
Marte 85
Júpiter 86
Saturno 87
Urano 88
Netuno 89
Plutão 90
Terra 91
A Lua 92
O Sol 95
O tamanho da galáxia da Via Láctea 104
O que há no meio da galáxia? 106
Cinco maiores mistérios da galáxia ainda não explicados! 108
Qual o formato da galáxia e como ela se formou? 108
O que há no centro? 108
Como são formados buracos negros supermassivos? 109
Do que é feita a galáxia? 109
O que acontecerá quando colidirmos com a galáxia de Andrômeda? 109
A galáxia da Via Láctea é uma dentre muitas galáxias 110
O Universo está continuamente se expandindo 116
Por que podemos enxergar a Via Láctea? 116
Um modelo galático em forma de disco é o modelo mais fácil de se compreender 117
Resultados de observação científica comprovam um Universo em forma de disco 118
Uma ideia de Kant ampliou instantaneamente o Universo que enxergamos 119
Como evoluiu a tecnologia de observação do Universo? 120
Telescópios famosos 122
O que um radiotelescópio pode observar? 124
Outra forma de medirmos o tamanho do Universo: um truque de triangulação 125
Com a triangulação podemos descobrir a distância de estrelas para além do sistema solar 126
Quão grande é o sistema solar? 127

3
O UNIVERSO NASCEU COM UM sie BANO 129

Galáxias são ilhas de luz no vazio do espaço 130


O time vencedor aprende uma lição 133
Qual a estrutura em larga escala do cosmos? 140
Sistema planetário 140
Galáxia 140
Grupos de galáxias ou aglomerados de galáxias 140
Superaglomerados de galáxias 141

VIII SUMÁRIO
A grande descoberta de Hubble 142
As origens do Universo: "A grande descoberta de Hubble — Primeiro ato" 143
Voltando à peça: "A grande descoberta de Hubble — Segundo ato" 146
Se o Universo está se expandindo.. 151
Tudo teve início com o Big Bang 161
A teoria de Hubble para a expansão do Universo estava imperfeita 162
Três provas que evidenciam a teoria do Big Bang 166
Existem alienígenas? 180
Calculando o número de civilizações extraterrestres 180
A possibilidade da vida extraterrestre e um físico de renome mundial 181
O surgimento da vida é um fenômeno frequente? 182
Qual o sistema estelar mais próximo que poderia conter vida extraterrestre? 183
Seríamos capazes de contatar uma civilização extraterrestre? 184
Tardígrados (ou ursos d'água) são os astronautas mais durões 185
Um terceiro método de medição do tamanho do Universo: se você conhece
as propriedades de uma estrela, pode descobrir quão longe ela está? 186
Estrelas que apresentam variações de brilho são os "faróis do Universo" 188
Métodos de medição de distâncias ainda maiores 189

4
COMO é O LIMITE DO UNIVERSO? 191

Para onde está indo o Universo? 192


O planeta mais próximo parecido com a Terra 203
O jogo de tabuleiro da viagem da Kaguya-Go 206
Chegada ao "limite" do Universo 208
O monólogo do professor Sanuki 209

5
NO550 UNIVER50 5M CON5TANT5 EXPANSÃO 213

O grande espetáculo 215


multiverso contém vários Universos 219
O limite, nascimento e fim do Universo. 219
Por que o espaço pode ser curvo? 219
Você retorna ao mesmo ponto em um plano, em um cilindro e em uma esfera? 220
Curvatura negativa 221
Universo dinâmico de Friedmann 222
Qual será o destino final do Universo? 227
WMAP e nosso Universo plano 229
A verdadeira idade do Universo 232

ÍNDICE REMISSIVO 235

SUMÁRIO IX
INTRODUÇÃO
Foi um grande prazer auxiliar Kenji Ishiwata na elaboração deste livro. Fiquei muito grato
pela ajuda que recebi quando escrevi meu próprio livro, A Distant 14.6 Billion Light Pear
Journey, e senti que devia retribuir o favor. Seja como for, verifiquei o texto com grande
cuidado e procurei ser o mais preciso possível, sempre solicitando correções ou revisões,
independentemente do trabalho que dariam ao autor ou à editora.
Pesquisas relacionadas ao Universo avançam continuamente, e mesmo os pesquisado-
res têm dificuldade em compreender os limites de suas áreas de conhecimento. Além disso,
é praticamente impossível que alguém alcance um conhecimento completo do Universo.
Dessa perspectiva, quando li este livro pela primeira vez, fiquei surpreso com o fato de que
ele discute grandes resultados observacionais e teóricos, partindo de uma visão do sistema
solar até tópicos de cosmologia. Também gostei de encontrar explicações minuciosas sobre
o básico de astrofísica e astronomia. Este livro, caracterizado com o cuidado e entusiasmo
extraordinário do autor para solucionar os mistérios do Universo, representa um manual
dinâmico, único e completo.
Além disso, o poder do mangá como meio de comunicação é enorme, sendo desne-
cessário dizer que é muito mais eficiente do que um mero texto com palavras. Se novas
perspectivas do Universo puderem ser obtidas com este livro, um novo interesse gerado, ou
se leitores puderem ser encorajados a buscar um melhor entendimento dos mistérios do
Universo, isso será um prazer especial para mim, que trabalho com cosmologia há muitos
anos.

KIYOSHI KAVVABATA
EDITOR PE SUPERVISÃO,
NOVEMBRO I7E Z008
PREFÁCIO
Enquanto eu estava escrevendo o cenário para este livro, um cinegrafista (com o qual estava
trabalhando em um projeto completamente diferente) inesperadamente me disse: "Há
pouco tempo, comecei a pensar sobre o Universo."
Eu não tinha ideia de por que ele trouxe à tona o assunto — que simplesmente surgiu
em meio a uma conversa habitual. Quando lhe perguntei por que havia falado sobre isso, o
cinegrafista me disse: "Bem, imaginar o que ocorre no Universo usa meu cérebro de forma
completamente diferente da que ocorre em meu trabalho, por isso é revigorante pensar nisso".
É claro! Em nossos trabalhos estamos constantemente preocupados com detalhes
aleatórios, sempre buscando evitar a ocorrência de erros. Nossas mentes se cansam, da
mesma forma que certos músculos doem se repetimos uma tarefa por muito tempo. Assim
também, da mesma forma como podemos aliviar esse cansaço com exercícios leves, é
sempre bom fazer uma pausa no trabalho para pensar em algo diferente por um instante.
Um tópico como "O que está acontecendo no Universo?" é perfeito para isso. Como também
gosto de refletir sobre o Universo, dividi teorias e dúvidas com o cinegrafista:

• "Uma vez que sabemos que o Universo como um todo está se expandindo, não há
como indicar um lugar específico utilizando coordenadas':
• "Parece que ainda não sabemos do que consiste a maioria da matéria e energia que
compõe o Universo':
• "Podem existir outros Universos além do nosso".

Ainda que esses pensamentos se pareçam mais com pistas de mistérios do que com
conhecimentos verdadeiros, o cinegrafista ficou intrigado, o que fez que conversássemos um
pouco. Foi apenas um breve diálogo, mas tenho recordações muito agradáveis da experiência.
Então, por que o Universo é tão interessante? Talvez porque não podemos encontrar as
respostas, não importa quanto pensemos sobre o assunto.
Evidentemente, a humanidade já reuniu muito conhecimento sobre o Universo. Temos,
como exemplo disso, a teoria do Big Bang, que ilumina os segredos da criação da matéria,
assim como o início do Universo, a descoberta da estrutura em larga escala do espaço e
outras descobertas que forneceram respostas valiosas em nossa busca por um panorama
completo do cosmos. Entretanto, sempre que alcançamos novos conhecimentos, aparente-
mente apenas descobrimos novos mistérios. A história da pesquisa do Universo é como o
escalar de uma montanha com o objetivo de se descobrir o que há do outro lado, apenas para
encontrar uma nova montanha, e depois outra, e outra ...
Por exemplo, considere a Lua. A questão da presença de água na Lua vem sendo discu-
tida há muito tempo. Se houver grande quantidade de água lá, oxigênio poderia ser criado por
sua decomposição e, uma vez que ela também poderia ser utilizada corno água potável, seria
possível construir um posto avançado na superfície dela. Esse é um tópico importante para a
humanidade, e muitas opiniões já foram emitidas sobre esse assunto.
Como a matéria que constitui a Lua é semelhante à da Terra, uma simples ponderação
nos faria crer que deve ter havido água lá em algum momento. Entretanto, a Lua pratica-
mente não tem atmosfera, parecendo-se mais com uma paisagem desértica — aquilo que
resta depois que toda a umidade evapora e se dispersa no espaço. Mas se soubéssemos da
presença de crateras situadas sempre em áreas de sombra próximas dos poios norte e sul,
então teríamos maior possibilidade de encontrar água retida em gelo nesses locais. Qual
seria o resultado?
Infelizmente, de acordo com relatórios do veículo espacial japonês Kaguya, a existência
de gelo próxima ao polo sul não pode ser confirmada. A conclusão mais recente é que, ainda
que possa haver água escondida no solo, seja na forma de líquido ou gelo, sua quantidade
seria extremamente pequena. Ainda assim, se pudéssemos explorar a superfície da Lua,
essa "resposta" poderia mudar novamente.
Como esse tipo de mistério ainda permanece sobre a Lua — mesmo ela sendo nosso
vizinho mais próximo no Universo! —, se voltarmos nosso olhar para o sistema solar, a Galá-
xia, um grupo de galáxias, e assim por diante, certamente seremos inundados por questões
que não compreendemos. Mesmo assim, qualquer experimento de imaginação que realize-
mos na tentativa de formular conjecturas, partindo do esforço de nossos predecessores que
devotaram atenção para se aproximar da verdade, não será apenas um exercício de raciocí-
nio, mas poderia nos conduzir a descobertas do grau de prêmios Nobel.
Kanna, Glória e Yamane, as três alunas do segundo grau que são as heroínas deste
livro, mostram, a princípio, um interesse despreocupado pelo Universo. Entretanto, à medida
que o conhecimento que possuem aumenta, elas se tomam cada vez mais fascinadas pelos
encantos desse assunto. Ao final da história, as garotas terão aprendido sobre os limites da
astronomia e da astrofísica.
Para encorajá-lo a aproveitar essa história, procurei evitar, da melhor forma possível,
discussões complicadas, tanto na história em quadrinhos quanto nos textos. Como sou uma
pessoa do tipo daquelas que arremessa para longe um livro de ciência assim que encontra
uma fórmula matemática, fiz o máximo para levar isso sempre em consideração.
O Universo está ao nosso redor, e somos meramente uma pequena parte dele. É
natural que ponderemos a posição de nosso planeta em seu contexto e sonhemos com a
exploração de seus limites mais distantes. "Há pouco tempo, comecei a pensar sobre o Uni-
verso." Ficarei muito feliz, como autor, se esse for seu pensamento depois de ler este livro.

KENJI ISHIKAWA
OUTUBRO PE 2008

XIV PREFÁCIO
PRóW&O
UM CONTO QUE
COMEÇA NA LUA
c

cs

:: ti ageg
t.
C.

7
C.

NÃO TEMOS
MUITO TEMPO ATÉ
O FE5TIVAL cie
ARTES...
BEM, é MELHOR
COMEÇARMOS A PENSAR
EM COMO FAREMOS
PARA ENCENAR A PEÇA
COM APENAS DUAS
PESSOAS.

UMA PEÇA
INTEIRA COM
APENAS DUAS
PESSOAS?

YAMANE: KANNA:
ENSINO ENSINO
MÉDIO MÉDIO

EU NÃO QUERO
FAZER UMA ACHO QUE
COMÉDIA. NÃO HÁ UM MUSICAI.
ROMANCE EM UMA ESTÁ FORA DE
COMÉDIA!

2
MeMOkIMMO*
TÃO SOZINHA
NO GANIU.
N.T.: Referência ú música Memory. do musical Cats. de Andrew
Lloyd Webber.
. erra
Pt*
1550 é HORRÍVEL!

TAL-VEZ UMA
EQUIPE DE
ESPORTES
FOSSE MAIS
ADEQUADA A
VOCá.

MAS PARECE

DE''HO
OJ%°N TO°
TTC:É-99
M
NENHUM INTERESSE
EM ATIVIDADES
CULTURAIS.

SE NÃO
CONSEGUIRMOS
REALIZAR UMA
APRESENTAÇÃO Nese
FESTIVAL DE ARTES...

O QUE FOI
1550?
• .11

01, SR. ISHIZUKAI

BEM,
VENHA,
PUF!pUFI FVFI ENTREI

TROUXE UMA NOVA


ALUNA Que. DESEJA
PARTICIPAR DO CLUBE
DE TEATRO!

ESTA é GLÓRIA! ELA


É UMA ESTUDANTE DE
INTERCÂMBIO VINDA
DOS ESTADOS UNIDOS E
ACABOU DE CHEGAR DO
AEROPORTO.
NÃO ACREDITO Guie
VOCÊ É A ÚNICA PESSOA
COMO FOI QUE APARECEU!
SEU VOO?

Temos UM
TRABALHO A
FAZER!

GLÓRIA DESEJA FAZER


PARTE DO CLUBE
DE TEATRO PORQUE OK, ÓTIMO.
ESTÁ INTERESSADA NA MAS Que PEÇAS
CULTURA JAPONESA. PODEMOS ENCENAR
COM TRÊS
PESSOAS?

POR QUE
ALGUMAS PESSOAS ELA SABE LER
TÊM TANTA SORTE? JAPONÊS, Né?

Nem SEQUER
DECIDIMOS O QUE
FAREMOS PARA O
FESTIVAL, MAS N:40
VEJO coma..

6 PR(51-060 UM CONTO Que COMEÇA NA LUA


O QUE VOCÊ )
ACHA?

D QUE VOCÊ ESTÁ


FAZENDO?

ELA GOSTA MESMO


... SERÁ OBSCURECIDA DO JAPÃO, N;0,"0 é
POR MINHAS LÁGRIMAS! MESMO?

E CONHECE MUITO
DE MANGÁ, ANIME E
LITERATURA ANTIGA.

MESMO A
MAIORIA DOS
APAIXONADOS PELO
JAPÃO NÃO CONHECE A
HISTÓRIA DO DEMôNIO
DOURADO!
QUE TAL. KAOUYA-
HIME, 120 CONTO
DO CORTADOR DE
BAMBU?

HA'?
KAGUYA-HIME PODE
e-sA HISTÓRIA SER UMA PRINCESA
NÃO é UM POUCO DE UMA TERRA
INFANTIL? DISTANTE!
NÃO SE
PREOCUPE. EU
VOU ADAPTÁ-LA!

VEJAMOS...

8 PRól.000
ISSO SIGNIFICA
QUE EU
INTERPRETAREI
KAGUYA-HIME?

MUITO
OBRIOADA1

ESSA SERÁ A FESTA


DE BOAS-VINDAS ve
GLÓRIA!

STÁ BEM,
5T4 BEM!

BEM-VINDA AO
CLUBE DE TEATRO PARECE TER NASCIDO
DO COLéGIO KOUKI, UMA AMIZADE DURANTE
GLÓRIA! A ENCENAÇÃO DO
DEMÔNIO DOURADO,

4a. VOCÊ SABIA QUE O CONTO


DO CORTADOR DE BAMBU
VAMOS
RELEMBRAR
é CONSIDERADO O TEXTO
O CONTO DO
MAIS ANTIGO DA LITERATURA CORTADOR C3'
DO JAPÃO? 13AMEW,

ATUAR NESSA PEÇA


SERÁ UMA BOA
OPORTUNIDADE PARA COMO VOCÊ PODE IMAGINAR, O R. ISI-IIZUKA
GLÓRIA ESTUDAR A é O PROFESSOR DE LITERATURA JAPONESA!
CULTURA JAPONESA.
A HI5TóRIA DE KAGINA-HIMe
Há muito, muito tempo, um velho cortador de bambu
estava passando por um bosque quando encontrou
um misterioso caule de bambu reluzente. Quando ele
o cortou, encontrou uma pequena garotinha — tão
pequenina que cabia na palma de sua mão. Pensando
que os deuses tiveram pena dele e de sua esposa,
um casal idoso sem filhos, o cortador decidiu levar
a pequena garota para casa, de modo que ele e sua
mulher pudessem criá-la como filha.
Desse dia em diante, sempre que cortava um
caule de bambu, o cortador encontrava uma pepita
de ouro em seu interior. Pouco a pouco, ele se tornou
muito rico. A garota cresceu rapidamente e, em apenas três meses, havia se tornado uma filha gentil
e amorosa.

COMO ELA
É UM CONTO DE
CRESCEU TÃO
FADAS, DM...
RÁPIDO?

A garota, que se chamava Kaguya-Hime, era


tão bela que se tornou conhecida mesmo na distante
capital. Muitos pretendentes tentavam conquistá-la,
mas ela não estava interessada em nenhum deles.
Mesmo assim, cinco desses homens não pude-
ram ignorar sua beleza e pediram sua mão em
casamento.
Como condição para aceitar o pedido, Kaguya-
Hime solicitou a cada um de seus pretendentes
que lhe trouxesse um raro tesouro, impossível de
ser encontrado. Naturalmente, nenhum deles teve
sucesso.

QUAIS AH, GOI5A5 GOMO UMA JOTA


DE VÁRIAS GORES, RETIRADA
ERAM 05 DO PE5COÇ0 DE UM DRAGÃO,
TE5OUR05? ALGO DE55E TIPO...

10 PRÓLOGO UM CONTO QUE COMEÇA NA LUA


PEDIRAM AO PRÍNCIPE OTOMO QUE ENCONTRASSE A JOIA DO
DRAGÃO, MAS ELE SABIA QUE SE CONFIASSE A TAREFA A seus
SAMURAIS, UM DELES ACABARIA ROUBANDO O TESOURO. POR
ISSO 0 PRÓPRIO PRÍNCIPE PARTIU EM SEU BARCO em BUSCA
DA JOIA. PORÉM, NO CAMINHO, ELE ENFRENTOU UMA TERRÍVEL
TEMPESTADE. ESSE TIPO DE AVENTURA CERTAMENTE DARIA UMA
HISTÓRIA INTERESSANTE, MAS VAMOS SEGUIR EM FRENTE...

O imperador também se interessou por Kaguya-Hime —


mas acabou rejeitado como os outros. À medida que os anos
passavam, Kaguya-Hime se tornava mais e mais melancólica
ao olhar a Lua, e conforme a Lua cheia do outono se aproxi-
mava, ela muitas vezes chorava. O velho cortador de bambu
estava muito preocupado. Quando lhe perguntava o que havia
de errado, ela respondia: "Não sou deste mundo! Venho da
capital da Lua e devo retornar para lá quando for Lua cheia".

f
E QUANDO DE ACORDO COM O CALENDÁRIO
SERIA LUA ANTIGO, SERIA NA 15.5 NOITE DO
CHEIA? 8° M. ATUALMENTE, e55A SERIA
A LUA CHEIA Que ACONTECE em
SETEMBRO — A LUA DA COLHEITA.

Quando soube disso, o imperador tentou capturar Kaguya-


Hime para si, antes que ela retornasse à Lua. Ele cercou a casa
dela com soldados, mas guerreiros da Lua desceram e derrota-
ram seus homens.
Antes de partir para a Lua, Kaguya-Hime deu ao velho
cortador de bambu uma carta e um elixir de imortalidade que
ele deveria entregar ao imperador. Então, os emissários da Lua
colocaram o manto de plumas da dama celestial nos ombros
de Kaguya-Hime, e todas as suas memórias da Terra desapa-
receram. Ela retornou à Lua, puxada por uma força invisível.
O imperador leu sua carta, mas decidiu que não queria
viver para sempre se não pudesse vê-la novamente. Por isso,
ordenou que seus homens queimassem o elixir no topo da
montanha mais alta do país — aquela mais próxima da Lua.
Desse dia em diante, a montanha em que o elixir foi
queimado tornou-se conhecida como Monte Fuji, da palavra
japonesa para imortalidade (fushi).

A HISTÓRIA PE KAGUYA-HIME 11
AGORA 5U
VEJO Que TIPO
PE HISTÓRIA é
555A!
é UM ROMANCE DE
FICÇÃO CIENTÍFICA
AMBIENTADO NA
ANTIGUIDADE!!

hIP%",enhalb2 1 nr-
1,1,111R.

MAS KAGUYA-HIME
é, DE FATO, UMA
ALIENÍGENA QUE VEIO
DA LUA - 1550 é
FICÇÃO CIENTÍFICA.

URGH, É
DESCONCERTANTE
SER "FAO ADMIRADA.

BEM, NÃO é
GOMO SE ELA
ESTIVESSE
ELOGIANDO

HÁ MUITAS HISTÓRIAS E55A HISTÓRIA


SEMELHANTES em TAMBÉM N05
OUTROS PAÍSES FAZ LEMBRAR DO
ASIÁTICOS, MAS... FESTIVAL OT5UKIMI
DA LUA DA COLHEITA,
NÃO é?
.. UMA NA QUAL
ALGUÉM vem DA LUA
PARA A TERRA EXISTE
APENAS NO JAPÃO.

1Z PRÓLOGO UM CONTO QUE COMEÇA NA LUA


\‘
\ \\
\\Áij\I'L Hee Hee
ivi
\\, ‘Wel
"it I, '
V% ç, O QUE VOCÊ ESTÁ O QUE SIGNIFICA
•frn) FAZENDO? OT5LIKIMI?
IN'
APANHARAM
.4 ELATERDEVE DA YAMANS

4 APRENDIDO
1550
t
%I LENDO
LENDO
MANGÁ!

, i

4 ( 84, 1h

ME INCOMODA
é UM FESTIVAL ORR4zRR OLHAR PARA
Em QUE VOCÊ NESSA
voc€ come FANTASIA.
BOLINHOS
DE ARROZ ATUALMENTE,
ENQUANTO OLHA QUALQUER PESSOA
PARA A LUA! POPE VOAR PARA
O ESPAÇO EM UM
FOGUETE.
ocÊ petxo KAGUYA-HIME VIR
DE FORA
TODO O PA LUA NÃO é MAIS
ROMANCE! FICÇÃO CIENTÍFICA!

A PRIMEIRA VEZ EM QUE


A HUMANIDADE PISOU NA O JAPÃO ENVIOU UM
SUPERFÍCIE DA LUA FOI EM SATÉLITE PARA ORBITAR
1q6q, COM A TRIPULAÇÃO A LUA EM 2007!
NORTE-AMERICANA DA
APOLLO 11!

A HISTÓRIA De KASUYA-HIMe 13
VIU o Que EU QUIS
DIZER? KASUYA-HIME VIR
DA LUA NÃO é MAIS TÃO
INTERESSANTE.

BEM, E SE ELA
vteee DE UM
LUGAR MUITO MAIS
DISTANTE?

SIM!
ESSA é UMA
ÓTIMA IDEIA!!

SERÁ UM
ROMANCE DO
ESPAÇO SIDERAL!!

É SÉRIO? VOCÊ
REALMENTE GOSTOU
DE MINHA IDEIA? HÁ
MUITO TEMPO EU
PENSEI em me TORNAR NÃO 55 PREOCUPE!
UM ROTEIRISTA... YAMANA PODE
ESCREVER UM som
ENTENDI,
ROTEIRO! ENTENDI!
NÃO VEJO A SOU APENAS
PROFESSOR,
.o HORA! VELHO e
CÓCEGAS pAgemcv
AI, AL.
HA • COM
5e0i
HA
CÓCEGAS
HA

14 PRÓLOGO UM CONTO QUE COMEÇA NA LUA


BEM, ACABEI 12?
••••••••••!~~~........
PERCEBER QUE
00 5E1 MUITAS
COISAS SOBRE O
NIveRso...
O Que HOUVE?

SEM PROBLEMA!

FiÃ? MAS VOCÊ NÃO


PODE me ENSINAR. VOCÊ
TAME3ÊM NÃO ENTENDE
NADA DE CIÊNCIA!

HA HA HA HAI
CONFIE em
MIM!!
VOCÊ é MUITO
INSEOURA!
ONDE F5TÁ 5UA
AUTOCONFIANÇA?

A HISTÓRIA DE KAOLJYA-HIME 15
SOBRE O QUE
VOCÊ-5 ESTÃO
CONVERSANDO? NÃO é
JUSTO APENAS VOCÊ-5
DUAS ENTENDEREM!
NÃO 9e
PREOCUPE...

VOCÊ VERÁ em
BREVE!

VAMO5 1.41

16 PRÓLOGO UM CONTO Que COMEÇA NA LUA


MA5, PRIMEIRO,
EU ESTOU INDO
PARA CASA.

A HISTÓRIA PE KAGINA-HIME 17
MITOS Có5MIC05
Como as pessoas do Japão antigo sabiam que a Lua era um corpo celestial como a Terra?
O Conto do Cortador de Bambu é um conto de fadas japonês conhecido por praticamente
todos no Japão. O Conto de Genji, escrito aproximadamente há mil anos, menciona que o pri-
meiro conto de fadas falava da história de um cortador de bambu. Entretanto, não deixa de
ser surpreendente que os japoneses antigos acreditassem na existência de uma cidade na Lua,
onde viviam pessoas.
Por muito tempo, a humanidade acreditou que o Universo era um pequeno espaço que
envolvia o mundo em que vivemos. Mapas de tempos antigos mostram corpos celestiais, como
o Sol, a Lua e as estrelas, na forma de pequenas entidades presas à superfície de uma concha
envolvendo a Terra. Mas, em um Universo como esse, a história de Kaguya-Hime não faria
sentido. As pessoas que criaram sua história tinham uma visão diferente do Universo, uma em
que a Lua era outro mundo no qual pessoas viviam. Veja a seguir algumas outras visões do
Universo em tempos antigos.

VISÃO 120 UNIVERSO DA ÍNDIA


ANTIGA
Na índia Antiga, as pessoas acreditavam na
existência de uma tartaruga que estava sobre
uma enorme cobra enrolada e que elefantes
ficavam sobre o casco dessa tartaruga, carre-
gando uma Terra hemisférica. Pensava-se que
o Sol aparecia e desaparecia à medida que
dava voltas ao redor da montanha mais alta,
a qual ficava no centro do mundo (o monte
Sumeru, que provavelmente representava o
Himalaia). A Lua, que era a lanterna do vigia
noturno dessa montanha, crescia e minguava Visão do Universo da Índia Antiga
dependendo da direção em que se voltava o
vigia.

VISÃO PO UNIVERSO DO EGITO


ANTIGO
No Egito Antigo, as pessoas acreditavam que
Nut, deusa do céu, era sustentada por Shu,
deus do ar. Dizia-se que Nut era um símbolo
do rio Nilo e que o dia e a noite aconteciam
quando o deus do Sol, Ré, percorria o rio em
seu barco todos os dias. Pensava-se que a
Lua e as estrelas estavam suspensas pelo
corpo de Nut.

Visão do Universo do Egito Antigo

18 PRÓLOGO UM CONTO G1118 COMEÇA NA LUA


VISÃO DO UNIVERSO PA
BABILôNIA ANTIGA
Os babilônios pensavam que a Lua e as estre-
las estavam presas a um enorme teto em arco,
chamado de esfera celestial. A esfera celestial
era sustentada pelo monte Ararat e o Sol se
movia do leste para o oeste por sua superfície
interna.
Visão do Universo da Babilônia Antiga

NA CHINA, ONDE A ASTRONOMIA 5E


DESENVOLVEU PRIMEIRO
Em contraste com esses Universos imagi-
nários, as pessoas da China e Grécia Antigas
tentaram desenvolver modelos científicos do
Universo. Foi na China que a astronomia se
desenvolveu primeiro.
Lá. diversas cosmologias foram concebidas
aproximadamente há 2.000 ou 2.400 anos,
tendo por base observações dos céus. Duas
Gai Tian:
dessas cosmologias eram chamadas de Gai
uma cosmologia que posicionava uma
Tian e Hun Tian.
redoma esférica sobre a Terra
Cai Tian descrevia o céu em forma de
domo, como uma redoma, sobre uma Terra
hemisférica. Ele era cercado por água (o
oceano) e girava uma vez por dia, de leste para
oeste em torno do Polo Norte. O Sol também
percorria um círculo no céu, e o tamanho
desse círculo variava com as estações.
Hun Tian, cujo nome significa o céu inteiro,
desenvolvia o conceito do Gai Tian, tentando
representar de modo mais preciso o movi-
mento dos corpos celestiais. A esfera celestial
envolvia tudo como a casca de um ovo, em vez
de simplesmente cobrir a Terra como uma
redoma, e a variação das constelações, de
Hun Tian:
acordo com as estações, era explicada pela
uma cosmologia esférica
noção de que o Polo Norte se movimentava
em vez de permanecer sempre diretamente
acima.

NA CHINA, ONDE A ASTRONOMIA SE peseNVOLNEU PRIMEIRO lq


NA GRéCIA ANTIGA, ONDE O TAMANHO DA TERRA FOI
CALCULADO
Os gregos antigos tentaram explicar o formato do Universo utilizando o pensamento lógico pre-
sente na matemática e física modernas. Um de seus maiores feitos foi a descoberta de que a
Terra era um corpo esférico flutuando no espaço. Os gregos antigos também foram os primei-
ros a calcular o tamanho da Terra.
Eratóstenes (que viveu aproximadamente de 276 a.C. a 195 a.C.) foi um estudioso grego
importante no Egito durante o período helenístico. Ele calculou o tamanho da Terra utilizando o
método que veremos a seguir.

MéT0170 DE CÁLCULO ve eRATC*TeN55


Eratóstenes descobriu um relato dizendo que um bastão, na vertical, ao meio-dia do solstício
de verão em Assuão (na parte sul do Egito), não apresentava sombra. Parecia que esse fenô-
meno podia ocorrer apenas ao sul do Trópico de Câncer, quando o Sol estava no zênite (ponto
mais alto do céu).
O estudioso, surpreso, se perguntou o que ocorreria em Alexandria, localizada no norte do
Egito, e imediatamente realizou o experimento sob as mesmas condições. O resultado foi que
a sombra do bastão permaneceu visível. Eratóstenes concluiu, dessa evidência, que a Terra era
uma esfera, teoria discutida por alguns estudiosos de seu tempo.

Alexandria
VI>

4
..) Trópico de Câncer

Equador

Trópico de Capricórnio

Assuão

Os trópicos e o Equador

Eratóstenes também utilizou suas observações para tentar medir o tamanho da Terra. Pri-
meiro, ele mediu a extensão da sombra do bastão. Com isso, calculou que, em Alexandria, ao
mesmo tempo e no mesmo dia, os raios do Sol chegavam de uma direção deslocada na vertical
por 7,2 graus.
Na sequência, ele fez um homem andar de Alexandria a Assuão e determinou, por seus
passos, que a distância entre as cidades era de 5 mil estádios (uma unidade antiga de medida),

20 FRC51.000 UM CONTO Que COMEÇA NA LUA


ou aproximadamente 925 km. Então, ele utilizou a fórmula que vemos a seguir para determi-
nar a circunferência da Terra:

3600
925 km x — 46.250 km
7,2°
Ainda que agora saibamos que a circunferência da Terra tem 40 mil quilômetros, o cálculo
de Eratóstenes chegou incrivelmente perto desse valor.

Perpendicular à
superfície da Terra

Alexand

Assuão

l
ria

Método de cálculo de Eratóstenes

Outra versão da história diz que Eratóstenes teve a ideia desse experimento depois de ver
os raios do Sol atingindo o fundo de um poço, e não ao observar a sombra de um bastão.
Independentemente desse fato, é aceito que ele calculou a circunferência da Terra como sendo
de cerca de 40 mil quilômetros, o que é um valor aproximado.

5E A TERRA é REDONDA, A LUA TAMBÉM DEVE 5ER


É razoável supor que estudiosos como Eratóstenes não tenham sido os únicos a perceber que
a Terra era redonda. Certos fenômenos — como o fato de que você não pode ver além do hori-
zonte ou de que o topo da vela sempre surge primeiro quando um barco se aproxima — eram
óbvios para pessoas cujas vidas estavam muito relacionadas ao mar, e essas ocorrências são
inconcebíveis em uma superfície plana.
A Grécia Antiga, onde Eratóstenes vivia, era uma nação marítima cercada pelos mares
Jônico e Egeu, localizada não muito longe do mar Mediterrâneo. Ainda que apenas por isso,
muitos navegadores gregos podem ter imaginado que o mundo deveria ser redondo.

5E A TERRA é REDONDA, A LUA TAMBÉM DEVE SER 21


Por outro lado, quando pessoas que
têm uma boa visão observam a luz atin-
gindo a Lua, podem facilmente ver que sua
superfície é esférica em vez de chata. Da
mesma forma, se você olhar uma fotografia
ampliada, verá gradações evidentes na borda
externa da Lua, assim como nos limites de
sua sombra. Isso não aconteceria se a Lua
fosse chata.
Agora, vamos retornar para a história de
Kaguya-Hime.
0 Japão é um país de ilhas, cercado pelo
mar. Isso significa que, mesmo em tempos
antigos, muitos japoneses provavelmente A Terra redonda
reconheciam a existência do horizonte curvo,
e, desse fato, poderiam ter concluído que a
Terra era redonda.
Quando missionários europeus viajaram
ao Japão no século 16, tentaram introduzir
seu conhecimento científico aos senhores
feudais que lá encontraram. Um item que
ofereciam como exemplo de seu avanço era
um globo. Entretanto, ao contrário da expec-
tativa dos europeus, muitos japoneses não se
mostraram surpresos pela sugestão de que o
mundo era uma esfera.
0 fato de o povo japonês observar a Lua e
se afeiçoar a ela desde tempos antigos tam-
bém está evidente em seu folclore, como na A Lua é apreciada pelos japoneses desde tempos antigos
história do Coelho da Lua. Ainda que festivais
Otsukimi (de veneração lunar) pareçam ter
como origem a China, diz-se que o costume de observar a Lua existe no Japão desde o período
Jomon (aproximadamente de 14.000 a.C. a 400 a.C.). É provável que fosse reconhecido pelos
japoneses daquela época que a Lua era uma esfera.
Se a Terra — como a Lua — é redonda e flutua no espaço, então a ideia de que pessoas
podem viver tanto na Terra quanto na Lua é uma conclusão natural. Portanto, não é surpreen-
dente que esse conceito surja no conto de Kaguya-Hime.

ZZ PRÓLOGO UM CONTO QUE COMEÇA NA LUA


1
SERIA A TERRA O CENTRO
DO UNIVER90?
TUDO BEM SE ELA
FICOU PRESA EM
ALGUM LUGAR...
YAMANE ME DÁ MEDO...
MAS ELA DEVERIA
NOS LIGAR e AVISAR.
Ê O MÍNIMO DE Só ESPERO QUE
EDUCAÇÃO! ESTEJA TUDO BEM
COM ELA.

."Nlait" TENHO MUITA SORTE DE


CONSEGUIR ME HOSPEDAR
GLÓRIA, VOCÊ EM UMA CASA JAPONESA
VAI FICAR COM DE VERDADE. 50NHO COM
A FAMÍLIA DA 1550 HÁ TANTO TEMPO!
KANNA?

O Que
QUE EI
IMAGINA
QUE

os ELA esrk.,L,
110 e, CARREGANDO::
A BAGAGEM?
• Vb‘" EM LUM--"
RIQUIXÁ'?! '
,I

; 1r
SERÁ QUE ELA
PENSA QUE A CASA
DE KANNA 'é UMA
..., laMelea ..k\
CASA NORMAL?
TÁ BOM...

*Nota: meio de transporte de tração humana em que uma pessoa puxa uma carroça de
duas rodas, que pode acomodar uma ou duas pessoas.
BEM, ALGUM QUE
GOSTA DO JAPÃO
COMO A GLÓRIA ME LEMBREI.
PROVAVELMENTE SOBRE O Que
ADORARÁ, MAS... EXATAMENTE VOCÊS
DUAS ESTAVAM
CONVERSANDO
ANTES?

voct ve
EM BRE\ 1

VOCÊ DESCOBRIRA
QUANDO El!
CHEGARMOS À
CASA DELA.

KANNA! POR ACASO


VOCÊ TEM !relia DE
QUE HORAS SÃO?

VOCÊS
ESPERARAM
POR MIM!

26 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO I70 UNIVERSO?


ACHO QUE
AGORA SABEMOS
POR QUE VOCÊ
5E ATRASOU...

CU 00 DEVERIA TER
SIDO TÃO RUDE COM
VOCÊ!

CONTATOS ImevIATO5 AGORA HÁ


POUCO, ANTE5 PE
ANOITECER...
... ELE APARECEU
FIQUEI DISTRAÍDA BAIXO, A OESTE,
COM O OVNI E
TROMBEI EM UM E DEPOIS
POSTE... SIMPLESMENTE
SUMIU!!

EU JURO QUE
VI UM!

VOCÊ TEM
CERTEZA DE QUE
NÃO ERA A LUA?

OVNI SIGNIFICA
OBJETO VOADOR PE JEITO NENHUM!
NÃO IDEN7IFICADO,
A LUA E5TÁ A LESTE!

CONTATOS IMEDIATOS 27

...•.•.•.•.•.•.
•••

4fiigt

*AL. élkelSrg
1'4
• "

NÃO Temos VAMOS,


TEMPO TMO QUE
PARA FICAR
IR PARA SUA
NAMORANDO
CASAI
AS ESTRELAS!

Z8 CAPITULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO DO UNIVERSO?


* GEKKOJI: TEMPLO DO LUAR.
•••• M••555•:

A CASA PA UM TEMPLO JAPON'è5


KANNA é UM DE VERDADE?!
TEMPLO!

SERÁ QUE
KITARO, O
POR I9W
QUERÍAMOS CHEGAR
ESPÍRITO-
MONSTRO,
IP
AQUI ANTES DE ESTÁ AQUI?
ESCURECER. MA5
AGORA...

CONTATOS IMEDIATOS Zq
VÁ EMBORA,
VÁ EMBORA!

O QUÉ.-...?
/

30 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO PO UNIVERSO?


Quem VOCÊ
ESTÁ CHAMANDO
DE ALIENíeSNA?

BEM, eu SABIA
QUE VOCÊ IA
CHEGAR TARDE,
POR ISSO FIQUEI
ACORDADO!

EVIDÊNCIA, EVIDÊNCIA!
Ê Só NISSO QUE BEM, EVIDÊNCIAS
VOCÊ SABE FALAR. 5-Ão esseNGIAIS
ISSO é TÃO EM INvesmeAções
IRRITANTE! CIENTÍFICAS.

CONTATOS IMEDIATOS 31
SOU O IRMÃO
MAIS VELHO
VOCÊ é O IRMÃO DELA. é QUE sou
MAIS NOVO DA MAIS BAIXO.
KANNA?

-------.
1
-,,
,

ENTÃO KANTA VAI


KANTA VAI SE NOS ENSINAR
FORMAR EM
(D.Esize O
ASTRONOMIA NA
UNIVERSO, CERTO?
UNIVERSIDADE.

CLARO! AJUDAREI
O MÁXIMO QUE
PUDER.
MA5 NÃO HÁ
NÃO TENHO
ROMANCE GUANDO TEMPO PARA
VOCÊ ESTÁ ESTUDANDO ROMANCE PORQUE
ASTRONOMIA NA ESTOU SEMPRE NÃO PARECE,
FACULDADE. ESTUDANDO! MA5 ELES
SÃO MUITO
AMIGOS... O RELACIONAMENTO
DE IRMÃOS NA
CULTURA JAPONESA
É COMPLICADO.

ESTÁ BEM! POR QUE


NÃO VAMOS CONVERSAR
COM UM PE meus
PROFESSORES AMANHÃ?

TÁ BOM! ISSO é-
eXATAMeNTe O QUE
EU QUERO!

CONTATOS IMEDIATOS 33
SERÁ QUE O 501- GIRA AO REDOR DA TERRA?

ENTÃO A SENHORITA
KANNA ACREDITA Que
A LUZ QUE VIU NO CéU
A OESTE, NA NOITE
PA55APA, FOI UM
OVNI, CORRETO?

/1
COM CERTEZA 1715C05
FOI UM OVNI! VOADORES
NÃO EXISTEM!

VAMOS TENTAR
ENTENDER O QUE
. ''''...,..:::::...................2:i.:-.
ACONTECEU.
:,....:,../..'.....,/.......:•:./..:•/..: • •:"..:;,/......,....

34 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO 120 UNIVERSO?


A: UMA LUZ BRILHANTE ESTAVA VISÍVEL A oesTe,
PRÓXIMA DO HORIZONTE, POR VOLTA DAS 17:30.

A AFIRMAÇÃO A é UMA
OBSERVAÇÃO, e g é
UMA INFERÊNCIA COM
BASE NELA.

3: ESSA LUZ BRILHANTE ERA UM OVNI PILOTADO


POR ALIeNíSENAS.

TALVEZ ESSA
INFERÊNCIA ESTEJA
CORRETA, MAS TAMBÉM VAMOS TENTAR
PODE ESTAR ERRADA. VERIFICÁ-LA,
ENTÃO!

PRIMeIRO,
SENHORITA
KANNA...

PODERIA
DESENHAR UM
DIAGRAMA MOSTRANDO
COMO O 501., A
TERRA E A LUA ESTÃO
RELACIONADOS?
PIU, PIU

KANNA... EU EI, DÁ UM EU Sei QUE 1550 é-


SABIA QUE VOCÊ TEMPO! DIFegewre DAQUILO
NÃO ERA BOA QUE NO5 ENSINAM...
EM CIÊNCIAS,
MAS...
KANNA1
MEU DEUS!

Que PATETA...
E sei QUE NÃO
P0550 CONFIRMAR
EU ME-5MA E55A
TEORIA.
MA5 Só P0550
ACREDITAR NAQUILO
QUE VEJO COM
MEUS PRÓPRIOS
OLHOS.

TERRA

LUA

36 CAPÍTULO 1
você só ESTÁ
DIZENDO 15SO PORQUE
NÃO TEM A5 HABIL-M2E5
NECESSÁRIAS PARA
VERIFICAR VOCÊ
mesmAi

NA vegvApe, EU
TAMBÉM VEJO A
ME5MA COISA!

O SOL E A LUA
PARECEM GIRAR
AO REDOR DA
TERRA.

ISSO é COISA PROFESSOR


QUE UM 5ANUKI...
ASTRÔNOMO
DIGA?!
ACHO QUE VOCÊ
00 P0550
ESTÁ SIMPLIFICANDO
FAZER NADA se É DEMAIS ESSE
A55IM QUE PROBLEMA...
C01. .A5!
,
;AP

cr7

lj

NÃO ACREDITO
QUE ESTOU
TENDO AULAS
COM VOCÊ!

SERÁ Que O SOL. GIRA AO REDOR PA TERRA? 37


... NÃO vevemo9
ACREDITAR EM
TUDO Que VEMOS, ... é CLARO.
NÃO é MESMO?
É POR ISSO QUE
POVOS ANTIGOS
ACREDITAVAM
NO MODELO
GEOCÊNTRICO*.

91m, Nem TUDO


é EXATAMENTE
1 COMO PARECE
oN

* UM MODELO DE NOSSO SISTEMA PLANETÁRIO QUE TEM A TERRA EM SEU CENTRO,


COMO AQUELE QUE KANNA DESENHOU, é CHAMADO 6EOCÊN7R160.

SE CONSIDERARMOS
QUE ESTAMOS NO
CENTRO PE TUDO, ENTÃO COMO RESULTADO,
PARECERÁ QUE O 501- E POVOS ANTIGOS
A LUA GIRAM AO NO550 IMAGINAVAM O
REDOR. JÚPITER
UNIVERSO DESTA
FORMA... SOL
t. A SATURNO
MERCORIO MARTE

TERRA

CONSIDERÁSSEMOS
APENAS O MOVIMENTO DOS
CORPOS CELESTES VISÍVEIS
VIU!ESTOU
CERTA! MAS se 1550 ESTÁ
A OLHO NU, ESSE DIAGRAMA
CERTO, ENTÃO POR
EXPLICARIA O UNIVERSO.
QUE O MODELO
GEOCÊNTRICO FOI
DESACREDITADO?

KANNA, FIQUE
QUIETA!

38 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO DO UNIVERSO?


ANTES DE
FALARMOS
NISSO...

7 KANTA, QUAL VOCÊ"


ACHA Que é MAIS
ANTIGO: O MODELO
Só PODE SER
O MODELO
GEOCÊNTRICO OU O GEOCÊNTRICO!
HELIOCÊNTRICO*?

* UM MODELO HELIOCÊNTRICO DE NOSSO SISTEMA PLANETÁRIO Tem O SOL. EM SEU CENTRO.

NO SéCULO XVI, COPéRNICO


APONTOU PROBLEMAS NA NÃO ESTOU
... POR ISSO, CERTO SE
TEORIA GEOCÊNTRICA,
NATURALMENTE, O
NA QUAL AS PESSOAS
MODELO GEOCÊNTRICO ESTÁ INTEIRAMENTE
ACREDITAVAM DESDE ANTES
DA ERA CRISTA...
é MAIS ANTIGO QUE O CORRETO...
HELIOCÊNTRICO.
SATISFEITO

COPéRNICO (1473-1543)
ASTRÔNOMO NASCIDO NA
POLÔNIA, QUE TAMBÉM
FOI PADRE E MÉDICO.

HÃ?
FALOU
COMO UM
VERDADEIRO
ASTRÔNOMO...
OH!

1 rs

AINDA QUE O MODELO


GEOCÊNTRICO TENHA SIDO
PROPOSTO POR ARISTóTELES OU
PTOLOMEU NA GRÉCIA ANTIGA... ARISTÓTELES (CERCA DE
384 A.C. — 3ZZ A.C.)
FILÓSOFO DA GRÉCIA VOCÊ 00 SABIA
ANTIGA, ESTUDIOSO EM 171550?
MUITOS CAMPOS DAS TEM CERTEZA
...HAVIA ESTUDIOSOS CIÊNCIAS NATURAIS, DE QUE ESTÁ
DO MESMO COMO ASTRONOMIA, e5TUDANDO
ASTRONOMIA?
PERÍODO QUE METEOROLOGIA,
DEFENDIAM ZOOLOGIA E BOTÂNICA.
A TEORIA
HELIOCÊNTRICA.

SERÁ QUE O 50l. GIRA AO REDOR DA TERRA? 34


UM moveLo HeLIOCÉSTRICO FOI PROPOSTO HÁ 2300 ANOS
ENTRETANTO, À MEDIDA
QUE CONTINUAVA SUAS
oe,EEgvAçõeE, ESSA
TEORIA PARECIA TER UM
O ESTUDIOSO GREGO ARISTARCO, NASCIDO PROBLEMA...
NO TERCEIRO SÉCULO A.C. (NO PERÍODO
DEPOIS DE ARISTÔTELES), TENTOU PELA
PRIMEIRA VEZ EXPLICAR O UNIVERSO COM
UMA TEORIA GEOCÊNTRICA.

• f"

ARISTARCO
(CERCA DE 310 A.C. - Z30 A.C.)
ASTRÔNOMO E MATEMÁTICO DA '.¡R4P •
GRÉCIA ANTIGA.

ELE NOWA.'
A LUA GOMO
E MINGUANTE
ÂNGULO PA

PARE - --- POR EXEMPLO,


COM ISSOI QUANDO TEMOS UMA LUA
CRESCENTE, O SOL ESTÁ
EM UM PONTO QUE FORMA,
APROXIMADAMENTE, UM
ÂNGULO RETO COM A LUA
EM RELAÇÃO À TERRA.

Tit If‘

~ltI

40 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO DO UNIVERSO?


se SOUBERMOS ESTE
ÂNGULO, popemos
DETERMINAR O
RELACIONAMENTO EXATO
ENTRE A5 DISTANCIA5 DA
TERRA À LUA E AO 50L.

OBRIGADA!
5OU MUITO BOA EM
MATEMÁTICA.

( ARISTARCO TEVE

n
A MESMA IDEIA E
DETERMINOU QUE ESTE
ÂNGULO SERIA 67°.

NA VERDADE, ELE

9 5
TEM E3q,85°, MA5
ELE FEZ O P0551VEL
COM A TECNOLOGIA
:1135ERVACIONAL- DE 511A
ÉPOCA.

UM movei-o HELIOCÊNTRICO FOI PROPOSTO HÁ 2300 ANOS 41


ESTÁ BEM, MAS O
QUE A5 posições
DA LUA e DO 501.
TÊM A VER...

co

QUÃO DIFERENTES
EM TAMANHO
... COM os PARECEM O 501- e
MODELOS A LUA?
GEOCÊNTRICO OU
HELIOCÊNTRICO?

Isso mesmo. DE
NOSSA PERSPECTIVA,
ELES PARECEM AMBOS PARECEM TER COM BASE NISSO,
TER O mesmo APROXIMADAMENTE O VAMOS MELHORAR
TAMANHO. MESMO TAMANHO. NO550 DIAGRAMA.

CONSIGO ESCONDER
CADA UM DELES COM
APENAS UM DEDO.

VOCÊ QUER DIZER


REDESENHAR O
DIAGRAMA UTILIZANDO
UM TRANSFERIDOR?
VAMOS VER, COMO O SOL ESTÁ
C5TA é A DESLOCADO EM
TERRA... RELAÇÃO À LUA,
POR q0°, COM UM
ÂNGULO INTERNO
DE 87°-

o "R"..1a/ /5C4

E AQUI
TEMOS A LUA.

AS LINHAS CONTINUAM
PRATICAMENTE
PARALELAS!

\11
TERRA

LUA

YAMANel
MAIS PAPEL!

UM MODELO HELIOCESTRICO FOI PROPOSTO HÁ 2300 ANOS 43


» N\ n'• \\ /1// /,
11
FAREI UM TRAÇO
1117
ATÊ O 50L
EU SEMPRE FAÇO DESENHANDO
TUDO ATÉ 0 FIM, E5TA LINHA NA
VELOCIDADE PA
00 IMPORTA A
DIFICULDADE!
LUZ!! H

4 4p,
? it ldÀ
ENCONTREI UMA
ESCADA NO CAMINHO, MA5 VOCÊ pope
POR 1550 NÃO você UTILIZAR FUNÇÕES
CHEGUEI ATE O 501— REALMENTE 9e TRIGONOMÉTRICAS
MI55ÃO ABORTADA,
SENHOR. ESFORÇOU... PARA OBTER A RAZÃO
DO COMPRIMENTO DOS
LADOS DO TRIÂNGULO
EM vez DE DESENHAR
UM DIAGRAMA
ENORME.

( 7'N
MACHUCOU
A
CABEÇA?
BOM, AGORA VOCÊ
DEVERIA LIMPAR O
MARCADOR QUE
DESENHOU EM
TOPO LUGAR.

44 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO PO UNIVERSO?


UTILIZANDO A MEDIDA pie 87° OBTIDA
POR ARISTARCO, PODEMOS DETERMINAR
Que A DISTÂNCIA ATé O SOL é
APROXIMADAMENTE lq VEZES MAIOR DO
Que A DISTÂNCIA ATé A LUA*.

APROXIMADAMENTE
3q0 VEZES A DISTÂNCIA
QUANDO UTILIZAMOS ENTRE A LUA E A TERRA. ,
A MEDIDA DE 8q,85°,
A DISTÂNCIA é
APROXIMADAMENTE 3q0
VEZES MAIOR.
PARECE MAIS UMA
LINHA RETA DO Guie
UM TRIÂNGULO!

* A FUNÇÃO TANGENTE DESCREVE A RAZÃO ENTRE 05 GAMOS, OPOSTO E ADJACENTE, DE UM TRIÂNGULO RETÂNGULO (tan87° = 19).

ACHO QUE
A GLÓRIA JÁ
PERCEBEU 1550... mA5 Tem MAIS UMA
COISA QUE EU SEL..

BESTA! (-\
POR QUE NÃO
ME FALOU
DAS FUNÇÕES
TRIGONOM€TRICAS
ANTES?

MESMO Guie A LUA e


O 50L. PAREÇAM TER
O MESMO TAMANHO
DA TERRA, O FATO DE
ESTAREM TÃO DISTANTE-S, MESMO!
SIGNIFICA Gie...

SEUS TAMANHOS---""SÃO
COMPLETAMENTE MESMO COM O CÁLCULO FALHO DE
DIFERENTES. ARISTARCO, O DIÂMETRO DO SOL
DEVE SER 1c4 vezes MAIOR DO Que
0 DA LUA. NA REALIDADE, HÁ UMA
DIFERENÇA MUITO MAIOR.
ARISTARCO TAMBÉM NOTOU
QUE UM ECLIPSE LUNAR ERA
PROVOCADO PELA ENTRADA
DA LUA NA SOMBRA DA
TERRA.

COMO RESULTADO,
sAaemos QUE O
DIÂMETRO 20 501. é
MAIS DE seis vezes O
DA TERRA.

> A55IM, SE 0 501. E


A TERRA F055EM
FEITOS DO MESMO
,,,,......_
MATERIAL, QUAL SERIA
A DIFERENÇA De SUAS
MASSAS?
E, ANALISANDO O
TAMANHO DE-55A SOMBRA,
ELE CONCLUIU QUE O
DIÂMETRO DA LUA ERA DE
APROXIMADAMENTE 1/3 O
DA TERRA.

::1:?EVEM0.5:ELEVAR:0 RAIO
A0"'CUB.0,'WÇO.:FAZEMOS NA VERDADE,
QUANDO QueiZEMOS
//OBTER O VOLUME... 21 6
ELE É 330.00Q
VEZES MAIS
x
PESADO! TERRA x 330,00

ENTÃO, ELE é
CERCA DE zoo
VEZES MAI5 GnIie FOSSENAPENAS
PESADO? PESADOTESSA \JÁ SERIA UM;
GRANDE DIFERENÇA, NÃO é\mesmo?

5E A TEORIA
GEOCÊNTRICA mA5 POR QUE A5
esTivesse CORRETA PESSOAS CONTINUARAM
SERIA ESTRANHO/UM A DEFENDER A TEORIA
501. TÃO GRANDE :DAR GEOCÊNTRICA, MESMO
UMA VOLTA COMPLETA SABENDO QUE O 50L ERA
AO REDOR DA TERR TÃO GRANDE?
TODOS OS
g

FOI COM E55A


PARTE QUE
ARISTARCO NÃO
CONCORDOU.

PODE
ATÉ 5ER
imp055NEL!
ARISTARCO auesTiOhi
O MODELC).•:::
GEOCÊNTRICO; M
PROVAVELMENTE
NÃO CRIOU UM:MODEL
ELE 00
COSMOLóGICO:
CONSEGUIU
HELIOCÊNTRICO PA
QUE TODOS
SUBSTITUr-LO.
CONCORDASSEM
COM O mesmo
MODELO.

ISSO PORQUE
PARECIA ÓBVIO PARA
TOPOS QUE O SOL
E A LUA GIRAVAM AO
REDOR PA TERRA. NÃO FOI FÁCIL
DERRUBAR ESSE
CONCEITO.
HA
HA HA
lkk HA HA

\ HA
HA

UMA TEORIA QUE


NINGUÉM ACEITA
DEMORA PARA SE
POPULARIZAR, NÃO
IMPORTA se ESTÁ
CORRETA OU NÃO.

BEM...

UM MODELO HELIOCÉNTRICO FOI PROPOSTO HÁ 2300 ANOS 47


... ISSO COSTUMA
ACONTECER NO MUNDO
DA CIÊNCIA.

ELES PROFESSOR
5'.40 TÃO SANUKli
DIZAMÁTIC051

A \\

ACONTECEU
ALGUMA COISA...

KANNA, VOCÊ
AINDA NÃO PARECE
SATISFEITA. ELA APENAS NÃO
SABE QUANDO
ADMITIR A
DERROTA...

ame
i r
BEM, 9E0 QUE
e I! VOCÊ CONSEGUE
ARREMESSAR ALOuém
QUE PESA 330.000
VEZES MAIS DO QUE
VOCÊ?

PONHA-ME
NO CHÃO!

111JOHi
MESMO QUE O SOL
SEJA GRANDE, ELE
AINDA é CAPAZ DE
GIRAR, NÃO é mesmo?
ODEIO ESTAR
IMPO551VEL. VOCÊ
ACHA? ERRADA!

SIM, E A TEORIA
GEOCÊNTRICA TINHA
OUTRO ERRO FATAL

VOCÊ é MEU
VÁ em
DEIXAREI KANTA MELHOR FRENTE! E5TÁ BEM,
EXPLICAR DAQUI ALUNO! ESTÁ BEM!
EM DIANTE. VOCÊ
CONSEGUE.

AHÃ!

ME DÁ UM KI
ME DÁ UM A! TA BOM, TA BOM,
JÁ CHEGA.
ME PÁ UM nn SENTEM-SE!
PA TEORIA GEOCÊNTRICA PARA A TEORIA HELIOCÊNTRICA

/
O comportamento misterioso dos planetas intriga as pessoas há muito tempo.
Uma evidência disso é o fato de que, etimologicamente, a palavra planeta
vem da palavra em grego para estrela errante. As pessoas acreditavam que os
planetas vagavam e mudavam de posição, enquanto as outras estrelas — ou
seja, as estrelas fixas* — giravam mantendo sempre posição relativa na esfera
celeste.

r
É verdade, ouvi
essa explicação É mesmo, aposto que o nome
uma vez no pla- planetário vem da palavra planeta.
netário.
4

Você sabe
É por que eu estudei nos
muitas coisas,
Estados Unidos.
não é mesmo?

Nossa, como você Já chega! Não quero mais ouvir


tem sorte, né? essas briguinhas!

No primeiro modelo geocêntrico que o professor Sanuki desenhou, esse tipo


de comportamento planetário não poderia ser explicado. O modelo falhou em
explicar o fato de que o Sol e a Lua não se movem da mesma forma.

Então, mesmo que a teoria


geocêntrica pudesse ter sido
abandonada naquele momento...

Ela não desapareceu. É agora que


Ptolomeu entra em cena.

* As estrelas, de fato, se "Movem" — apenas não em relação às outras estrelas do céu.

50 CAPITULO 1 SERIA A TERRA 0 CENTRO DO UNIVERSO?


...Quem? Quando ele viveu?

-- Hum...

Não sabemos ao certo quando Ptolomeu


viveu, mas sabemos que ele era um Cláudio Ptolomeu
astrônomo e geógrafo no Egito Romano (cerca de 90 d.C. - 168 d.C.)
durante o século II. Os mapas do mundo Astrônomo e geógrafo grego: os
mapas do mundo que desenhou
deixados por ele foram utilizados até a em seu livro chamado Geografia
Idade Média. utilizaram pela primeira vez os
conceitos de latitude e longitude
Apenas alguém muito talentoso
e estabeleceram a convenção de
como Ptolomeu poderia ter formulado um que "o Norte é para cima; utilizada
método capaz de explicar o movimento dos até hoje.
planetas utilizando a teoria geocêntrica.

UPITeR

VâNU5 SATURNO
7--UUA

(como
MARTE,
Ir;
TER

Modelo da teoria geocêntrica proposto por Ptolomeu.

Isso mesmo. O modelo


que mostramos aqui é de
sua autoria.
,I

PA TEORIA GEOCÊNTRICA PARA A TEORIA HELIOCÊNTRICA 51


(
Os gregos antigos acreditavam que a Lua, o Sol e os outros planetas giravam
ao redor da Terra, e a teoria geocêntrica de Ptolomeu não desafiou essa crença.
Entretanto, as teorias geocêntricas anteriores da Grécia Antiga tinham sido incapazes
de explicar o movimento retrógrado dos planetas.
O que queremos dizer com retrógrado? Na maior parte do tempo, a maioria dos
planetas parece se mover em direção ao leste. Entretanto, às vezes, parecem inverter
sua direção no céu noturno, o que chamamos de movimento retrógrado. Todos os
planetas exibem periodicamente esse comportamento. O modelo geocêntrico de
Ptolomeu explicava esse movimento como uma revolução em torno de um ponto da
órbita de um planeta (na realidade, esse movimento aparente para trás é provocado
q̀uando a Terra "ultrapassa" o planeta em uma revolução ao redor do Sol).

Ideia inteligente,
não é?

Movimento retrógrado de Marte no céu noturno, observado da Terra.

Por que Mercúrio, Vênus, a Terra e o


Sol estão alinhados em linha reta no
modelo de Ptolomeu??

‘ É assim que ele explicava o fato


de Mercúrio e Vênus sempre
parecerem mais próximos do Sol.

É claro. Como eles giram ao redor da


Terra junto do Sol, sempre aparecerão
mais próximos do Sol.

[Qual o problema?

52 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO DO UNIVERSO?


.4Vocês não acham que ele exagerou
ao criar esse diagrama?

Fica difícil acreditar nisso, não é?


Se esse modelo fosse verdadeiro, os
planetas girariam como piões.

Movimento planetário, de acordo com a teoria geocêntrica de Ptolomeu.

É como se Ptolomeu tivesse tido que ajustar o modelo geocêntrico — para


que sua teoria seguisse de acordo com as novas descobertas científicas.

\
.4Esse modelo é totalmente Fico pensando... Até
falso! Aposto que não acho esse modelo bem
enganou ninguém. construído, mas...

Por que não tentamos comparar nossas


impressões desse modelo com as que
ternos do modelo de Copémico da teoria
heliocêntrica?

Boa ideia! O modelo de Ptolomeu foi aceito por quase 1.400 anos.
Copérnico finalmente o desafiou em 1.543 com sua teoria heliocêntrica,
apresentada no livro Da Revolução das Esferas Celestes. Para mais deta-
lhes, leia a seção "Quão revolucionário Copérnico realmente foi?" na
página 71..

PA TEORIA eEOGÉSTRIGA PARA A TEORIA HELIOCÊNTRICA 53


Bem direto!

(---- ---I
" ÊNUS LUA
jCjI2"%,

[
11\ ) SATURNO Tão simples,
., TERRA não é?
RIO mAR-re
MERCÚ

SOL
f
Pessoalmente, acho
brilhante a forma
como Ptolomeu
tentou explicar o
movimento planetário
segundo a teoria
geocêntrica, mas...

Kanta... Por que você está defendendo tanto a teoria geocêntrica? Vendo este
modelo, fica evidente que a teoria heliocêntrica está correta, não fica?

Como assim? Isso não é o


oposto do que você disse antes?

Bem, temos sempre que estar


abertos a novos pensadores e suas
novas ideias!

Se todos fossem como você, talvez


Galileu tivesse sido poupado pela
Inquisição Romana.

Galileu Galilei (1564-1642)


Físico, astrônomo e filósofo italiano.

54 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA 0 CENTRO PO UNIVERSO?


Bem, só porque a teoria heliocêntrica está correta, isso não significa que seja
uma verdade absoluta. Ela é apenas mais bem-sucedida, quando comparada
à teoria geocêntrica. Poderíamos dizer que a teoria geocêntrica é correta
no sentido de que pode explicar os movimentos planetários observados da
perspectiva da Terra.

O quê? Então a teoria geocêntrica


também está correta? Mas qual das
duas é a melhor?

Vocês conhecem a expressão


navalha de Occam?

Sim! É o conceito que diz que "se duas ou mais teorias podem explicar o
mesmo fenômeno, então a mais simples provavelmente está correta". Certo?
1

Exatamente! Se aplicarmos esse conceito às teorias geocêntrica e


heliocêntrica, será mais provável que a teoria heliocêntrica esteja certa, uma
vez que é a mais simples. Estamos dizendo que a teoria heliocêntrica está
correta apenas com base nesse fato.

Bem, o diagrama de Copérnico é


certamente mais simples.

Quanto mais simples,


melhor!

PA TEORIA GEOCÊNTRICA PARA A TEORIA HELIOCÊNTRICA 55


El~
Pt5 DESCOBERTAS E O JULeAMENTO 2e GALILEU

A IGREJA EXIGE QUE


você-. RENEGUE 5LJA5
TEORIAS HERÉTICAS!
ENTÃO, COMO A TEORIA
---
HELIOCÊNTRICA VEIO A 55
TORNAR PREDOMINANTE,
MESMO REPUDIADA i
DURANTE A INQUISIÇÃO?

O TELESCÓPIO FOI
INVENTADO PERTO DO
FIM DA VIDA DE 6NA-eu. 41/

05 CORPOS ceLesres
PODIAM SER OBSERVADOS
MAIS PRECISAMENTE COM UM
TELESCÓPIO. RAPIDAMENTE
FORAM DESCOBERTOS
FATOS QUE PARECIAM
INCONSISTENTES COM A
TEORIA GEOCÊNTRICA.

GAL-ILEU TAME3éM PRIMEIRA DESCOBERTA DE SAULEU:


FEZ DUAS GRANDES 05 QUATRO SATÉLITES PE .79P/TER
DESCOBERTAS com AO DESCOBRIR QUE OUTRO PLANETA
TELESCÓPIOS QUE ELE ALÉM DA TERRA TINHA SATÉLITES,
MESMO CONSTRUIU. CALILEU ABALOU A5 ESTRUTURAS
DA TEORIA GEOCÊNTRICA, QUE
TINHA POR BASE A IDEIA DE QUE
A TERRA ERA ÚNICA EM SUAS
CARACTERÍSTICAS.

SE&UNPA DESCOBERTA DE 6,41-11-EU:


AS FASES PE VÊNUS
6ALILEU DESCOBRIU QUE VÊNUS
PARECIA MUDAR DE TAMANHO E,
TALVEZ AINDA MAIS IMPORTANTE,
QUE SUAS FASES ERAM SEME-
LHANTES ÀS DA LUA. ISSO APENAS
SERIA possível. SE TANTO A TERRA
QUANTO VÊNUS ESTIVESSEM ORBI-
TANDO O SOL. NA PRÁTICA, SUA
OBSERVAÇÃO INVALIDOU O MODELO
GEOCÊNTRICO DE PTOLOMEU. ESSA
DESCOBERTA TERIA SIDO IMPOSSÍ-
VEL SEM O USO DE INSTRUMENTOS.

AS DESCOBERTAS E O JULGAMENTO DE CALILEU E7


EM 161q, QUANDO
JOHANNes KEPLER
escLAReceU As Leis
RELACIONADAS AO
MOVIMENTO DOS
PLANETAS, A TEORIA
HELIOCÊNTRICA
FINALMENTE PASSOU
A GANHAR APOIO
SIGNIFICATIVO.

QUANDO FOI
POSSÍVEL EXPLICAR
O MOVIMENTO DOS
CORPOS CELESTES
DE ACORDO COM A5
LEIS DA FÍSICA, TODOS
PASSARAM A ACREDITAR
NISSO, CERTO?

JOHANNES KEPLER C1571-1630)


ASTRÔNOMO ALEMÃO Que EXPLICOU O
MOVIMENTO DOS CORPOS CELESTES
UTILIZANDO LEIS CONSISTENTES e
VERIFICÁVEIS CAS Leis DE KEPLER)

O GUIA PO UNIVERSO PARA INICIANTES

Isso mesmo. regre DIA EM


DIANTE, ASTRÔNOMOS PASSARAM
A UTILIZAR O MÉTODO CIENTÍFICO
— REALIZANDO OBSERVAÇÕES
SEGUIDAS DE INVESTIGAÇÕES, e A
FORMULAR TEORIAS.

AS LEIS De KEPLER
SERVIRAM De BASE PARA A
MECÂNICA NEWTONIANA E,
DESSA FORMA, AJUDARAM
A PRODUZIR UM CORPO DE
CONHECIMENTO APLICÁVEL A
MUITOS CAMPOS
DE ESTUDO.

/-1
.'.•.•.•.•
MAS pizoFe9az
SANUKI!

*:*:*:*:'•••••••••

58 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO DO UNIVERSO?


VOLTAREMOS A
ELE em BREVE.

VAMOS PENSAR
NISSO MAIS TARDE,
ENQUANTO ESTIVERMOS
CAMINHANDO ATÉ
A LUA.
NHÉG!

COLOCANDO
A5 COISAS EM
PeR5PeCTIVA KANTA...

VOCÊ SABE O
TAMANHO DE
UM CAMPO DE
Be1551301.?

ELE NÃO DI55E QUE


ESTÁVAMOS INDO PARA A
LUA? I550 é UM CAMPO
DE BEISEBOL.
ELE TEM CERCA Pe.
ao METROS, DESDE A
BASE PO BATEDOR ATÉ
NÃO 50U O LIMITE PO CAMPO.
MUITO BOM em
ESPORTES...
CU Seis

KANNA, VOCÊ- "•


FOI A MELHOR MUITO BEM,
ARREMESSAPORA SENHORITA KANNA,
PO Time PO ENSINO SUPERARREMESSADORA
FUNDAMENTAL, NÃO é? VOCÊ-5 E
REBATEDORA.- POR ACASO
SÃO MUITO VOCÊ SABE O
DIFERENTES DIÂMETRO DA
CONSIDERANDO TERRA?
Que SÃO
IRMÃOS.

DEIXE-ME'
SOZINHO.

ENTÃO, UM CAMPO
NO EQUADOR, é DE BEISEBOL TEM
PC 12.756 KM! APROXIMADAMENTE UM \%\\\\\\\\\
CENTÉSIMO MILÉSIMO PO
TAMANHO PA TERRA.

1 / 100.000 -,
1550
ME5M01 12.796 KM

12.756 KM 120 M

60 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO DO UNIVERSO?


( AGORA,
SENHORITA
YAMANE...
EU?
ç,

5E A TERRA TIVESSE
O TAMANHO DE UM
CAMPO cie BEISEBOL,
A QUE DISTÂNCIA A
LUA ESTARIA?

Que TAL se
CAMINHARMOS essA
DISTÂNCIA?

MUI fl
PROFESSOR
P.:1111TO,
SANUKI...
MAIS
TARDE...

TEMOS MESMO "NU\


QUE CONTINUAR QUATRO
ANDANDO? QUILÔMETROS é QUATRO
REALMENTE LONGE, QUILÔMETROS?!
NÃO é MESMO?

FALTA Só MAIS
UM POUCO.

" - 3-

COLOCANDO A5 COISAS EM PERSPECTIVA 61


O RAIO DA óRBITA
DA LUA é, EM MÉDIA,
384.400 KM. EM NO55A \
ESCALA REDUZIDA, I550
É UM POUCO MENOS
QUE 4 KM.
APROXIMADAMENTE.
4 KM

A MI55ÃO APOLLO
FOI INCRÍVEL, NÃO
FOI? ENTÃO QUAL O
TAMANHO DA
LUA?

O DIÂMETRO DO EQUADOR
DA LUA é DE 3.479 KM. EM
NOSSA ESCALA REDUZIDA, O
DIÂMETRO DA LUA SERIA DE
APROXIMADAMENTE 35 M.

PRATICAMENTE
O TAMANHO DA
PARTE INTERNA DO
CAMPO.

6Z CAPITULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO 170 UNIVERSO?


VIAJAR PARA A LUA
é MUITO LEGAL!

ENTÃO, SE. ESTA


é A LUA, A Que
DISTÂNCIA ESTÁ O
SOL?

KANNA, CUIDADO!
1550 é
PER1005011i

COLOCANDO AS COISAS EM PERSPECTIVA 63


MARTE: DIÂMETRO DE
GOMO TEMOS 150.000.000 KM APROXIMADAMENTE
DA TERRA AO SOL, 1/100.000 70 M, LOCALIZADO EM
vessA DISTÂNCIA SERIA 1500 MARTE /.SAPPORO.
Jt21
KM. essA é PRATICAMENTE A
DISTÂNCIA ENTRE TÓQUIO E
VÊNUS:
OKINAWA. EM NOSSA ESCALA, DIÂMETRO DE
O DIÂMETRO PO SOL SERIA PE APROXIMADAMENTE
APROXIMADAMENTE 14 KM. 120 M, LOCALIZADO
NO MEIO DA ILHA
AWAJI.
TERRA: DIÂMETRO cie
APROXIMADAMENTE 1Z7 M,
VÊNU5 LOCALIZADA NO CENTRO DA LINHA
TERRA YAMANOfE EM TÓQUIO.

MU,
MERCÚRIO,/ METRODE APROXIMADAMENTE 5.0 M,
MERCÚRIO: DIÂMETRO
LOCALIZADO1PRÓXIMOAPONTA DA PENÍNSULA DE
éSUMI, EM KAeOSHIMA.


50L SOL: DIÂMETRO Re APROXIMADAMENTE 14 KM,
LOCALIZADO NO meio DA ILHA PRINCIPAL DE OKINAWA,

DIAGRAMA DO SISTEMA SOLAR SOBREPOSTO AO MAPA DO JAPÃO

SE ADICIONÁSSEMOS
JÚPITER,-ELE FICARIA NO
HAVAÍ, COM UM DIÂMETRO URANO OU NETUNO, QUE
veIA KM. ESTÃO AINDA MAIS LONee,
NEM APARECERIAM NESTE
MAPA DO MUNDO.

E_ como SATURNO ESTÁ


VEZES MAIS DISTANTE\QUE'ISSO;
ELE. FICARIA NA, cosi-A4.esTe
DOS-ESTADOS UNIDOS.

MAS SE VOCÊ
SEMPRE ACHEI QUE' PRETENDE ESTUDAR
O SISTEMA SOLAR O SISTEMA SOLAR,
ERA MUITO MENOR. É IMPORTANTE
COMPREENDER SEU
TAMANHO E A DISTÂNCIA
ENTRE 05 PLANETAS.

5115PIRGC:.
SE VOCÊ NÃO
COMPREENDE esses
DADOS BÁSICOS SOBRE
O SISTEMA SOLAR, O
MOVIMENTO DE VÊNUS, alie,
ÀS VEZES, ESTÁ visível.. NO
MUITAS PESSOAS CéU A OESTE, FICA
DIFÍCIL DE EXPLICAR.
PENSAM O MESMO, UMA
VEZ QUE OS DESENHOS
DOS LIVROS QUASE
NUNCA SÃO FEITOS EM
ESCALA.

64 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO DO UNIVERSO?


ENTÃO O QUE EU
VI NÃO ERA UM
OVNI... ERA VÊNUS!
o

_det.doomill110111k,

COLOCANDO AS GOI5A5 eM P5R5P5CTIVA 65


QUAL A D15-1-ÂNUA APROXIMADA ATé O HORIZONTE?
Se a Terra fosse chata e o ar, perfeitamente limpo, você poderia enxergar uma distância ilimi-
tada. Assim, o fato de que há um horizonte — ou seja, uma linha visível que separa a Terra do
céu — é evidência de que a Terra é redonda.
Então, qual é aproximadamente a distância até o horizonte?
Se fizermos com que r represente o raio da Terra e h, a altura do ponto de vista do obser-
vador, então a relação com a distância desejada L pode ser representada desta forma, de
acordo com o Teorema de Pitágoras:

(r+h)2 =r 2 +L 2

Portanto,

L= (r + h)2

= J2rh+ h2

Como o raio da Terra (r) é de aproximadamente 6.378 km, se presumirmos que a altura
média dos olhos de uma pessoa (h) é de 0,0015km (ou 1,5 m), então podemos calcular L
como, aproximadamente, 4.4km. Em outras palavras, se olharmos o oceano a partir da praia,
poderemos ver sua superfície até uma distância de praticamente 4.4 km.
Da mesma forma, mesmo quando olhamos o horizonte a partir da janela de um avião que
se encontra a 10 km de altura, a distância até o horizonte é de aproximadamente 360 km.
Não mais que a distância entre a cidade de Nova York e Washington, DC, percebemos que não
podemos enxergar muito longe, mesmo estando a uma altura elevada.

Este é o horizonte

Distância até o horizonte

66 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO DO UNIVERSO?


menNvo O TAMANHO DO UNIVERSO:
QUAL A 215TÂNCIA ATé A LUA?
A Lua se afasta da Terra aproximadamente 3,8 cm a cada ano. A distância média entre a Terra
e a Lua é de aproximadamente 385.000 km, por isso, se o movimento continuar nessa taxa,
essa distância aumentará 1% em aproximadamente 100 milhões de anos. Não é incrível que a
distância entre os corpos celestes possa ser medida em milímetros?

ESPELHOS PE CANTO DE
CUBO
Somos capazes de realizar medições
tão precisas graças às missões espaciais
Apollo, lançadas a partir de 1969. As
missões Apollo 11, 14 e 15 posiciona-
ram espelhos especiais na superfície da
Lua para refletir a luz de lasers emiti-
dos da Terra. Esses espelhos, diferentes
daqueles que temos em casa, são cha-
mados espelhos de canto de cubo, ou
refletores de canto. A superfície de um
espelho de canto de cubo é construída Um espelho para medir distâncias,
de modo que qualquer luz que a atinja colocado na superfície da Lua
seja refletida precisamente de volta à
fonte, percorrendo um caminho paralelo, independentemente de sua direção de origem.
Cientistas podem utilizar esse tipo de espelho para medir distâncias com precisão, atingindo
o espelho com uma luz e registrando o tempo que leva até que seu reflexo retorne. Como a
velocidade da luz é sempre constante, de 299.792.458 metros por segundo, é perfeita para
medir distâncias.

COMO FUNCIONA UM e5PELHO


DE CANTO DE CUBO
Se utilizarmos um modelo simples e bidimen-
sional, veremos que um espelho de canto de
cubo é composto de dois espelhos posicionados
perpendicularmente, como mostrado na figura.
A luz que atinge o espelho será refletida com
o mesmo ângulo de incidência. O princípio que
permite que isso ocorra é o mesmo em três
dimensões.
O princípio por trás de um espelho de canto
de cubo não é incomum — é o mesmo utilizado
em refletores de carros ou placas de estradas. Espelho de canto de cubo (bidimensional)
O espelho que a missão Apollo levou à Lua utiliza
um prisma para refletir a luz, por isso pode também
ser chamado de prisma de canto de cubo.

MEDINDO O TAMANHO DO UNIVERSO: QUAL A DISTÂNCIA ATÉ A LUA? 67


Raio de luz

Deixa o prisma
no mesmo ângulo

Prisma de canto de cubo (tridimensional)

ANTE-5 DO PRISMA DE CANTO DE CUBO


Antes da chegada da nave espacial Apollo, como os
cientistas faziam para calcular a distância até a Lua?
C
A triangulação é o método mais utilizado para
medir a distância até um local que você não tem
como visitar. Essa técnica envolve a observação
de um objeto a partir de dois pontos distintos. Na
figura à direita, a linha inferior (conhecida como
base) representa a distância entre dois pontos de
observação A e B, enquanto C é o objeto obser-
vado. Para que a triangulação funcione, temos que
saber o comprimento correto da linha AB. Depois,
utilizamos os ângulos desenhados entre os pontos
A, B e C em funções trigonométricas para calcular
as distâncias até o ponto C. Diz-se que essa prática
foi estabelecida no Egito Antigo, por volta de 3 mil
a.C. Também foi muito utilizada na Grécia durante o Se o comprimento de AB é conhecido.
período em que as ciências da Geografia e da Astro- os comprimentos de AC e BC podem ser
determinados encontrando-se LBAC e LABC.
nomia se desenvolveram rapidamente (entre 2.500
e 2.000 anos atrás). Um exemplo famoso do uso
dessa técnica pode ser visto na medição do tama-
nho da Terra feita por Eratóstenes (ver página 20).
Hiparco (que viveu entre 190 e 1.20 a.C.) foi um astrônomo grego que, na geração depois
de Eratóstenes, mediu a distância até a Lua. Infelizmente, o método que ele utilizou não é
conhecido por nós. Cientistas especulam que ele provavelmente mediu os ângulos nos quais
a Lua era visível à mesma hora em dois pontos separados por uma distância conhecida, mas
como não havia relógios em seu tempo, ele deve ter utilizado um eclipse solar ou lunar para
marcar o momento exato em dois locais distintos.
Hiparco concluiu que a distância até a Lua era 59 a 72,3 vezes maior que o raio da Terra.
Como agora sabemos que a distância até a Lua tem aprox. 60 vezes o raio da Terra, seus cál-
culos foram muito precisos, considerando as ferramentas e técnicas que ele tinha à disposição.

68 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO 20 UNIVERSO.?


Até a missão Apollo colocar um prisma de canto de cubo na superfície da Lua, cientistas
modernos ainda utilizavam o mesmo método dos gregos antigos para calcular a distância até a
Lua. Não é difícil entender como isso é feito — basta encontrar um ponto (A) no qual o centro
da superfície da Lua é visível em seu zênite, e outro ponto (B), no qual o centro da superfície
da Lua é visível no horizonte, na mesma hora do dia. Se os pontos A e B tiverem a mesma lon-
gitude, a diferença em latitude entre eles será LBOC. Então, você pode utilizar o raio da Terra
(80) para descobrir a distância à Lua, calculando BO x tan (diferença de latitude), em que 0 é o
centro da Terra.

Um dos métodos para medição da distância da Terra à Lua.

TEORIA GEOCÊNTRICA VER5U5 TEORIA HELIOCÊNTRICA -


O RE5ULTAPO DA 1215CU55;ÃO
Sabemos, a partir de muitas experiências, que nem tudo que observamos com os próprios
olhos é necessariamente verdade. O melhor exemplo disso é um espelho — quando observa
sua imagem em um espelho, você vê alguém idêntico a si mesmo. Entretanto, ninguém olharia
seu próprio reflexo em um espelho e diria: "Veja, há um outro eu do lado de lá!".
Você compreende imediatamente, quando vira um espelho, que não há outro mundo por trás
dele. Com isso, entendemos que aquilo que víamos era apenas nossa própria imagem refletida,
mesmo sem pensar no fenômeno físico da reflexão da luz. Entretanto, quando o Universo é
observado, muitas pessoas têm dificuldade em aceitar explicações diferentes daquilo que veem.
O Sol, a Lua e muitas estrelas que brilham no céu noturno certamente parecem girar ao
redor da Terra. Assim, é natural que modelos mais antigos do Universo tenham aceitado a teo-
ria geocêntrica.
Parece que se a Terra estivesse em movimento, não seríamos capazes de ficar parados
sobre o solo, não é mesmo? Seríamos arremessados e voaríamos pelo espaço! Antes de a
Física ser desenvolvida, certamente não era fácil responder a essas perguntas.
Como ninguém considerava a possibilidade de uma teoria heliocêntrica, com exceção de
alguns pensadores da Grécia Antiga, a teoria geocêntrica foi dominante até a chegada de
Nicolau Copérnico (1473-1543).

TEORIA GEOCÊNTRICA VERSUS TEORIA HELIOCÊNTRICA — O RE511LTADO PA PISC1155ÃO 6cl


QUAL ERA A 'ÓRBITA DE UM Planeta
PLANETA PARA A TEORIA
GEOCÊNTRICA?
O motivo mais provável que explica por que a
teoria geocêntrica foi o modelo mais aceito do Uni-
verso por tanto tempo é que sempre que alguém
fazia uma observação dos corpos celestes que
pudesse contradizê-la, outra pessoa vinha com
um novo argumento que explicava como a nova
observação ainda era consistente com a teoria
geocêntrica. O mapa espacial de Ptolomeu, que
explicava o movimento dos planetas de forma
coerente com suas posições e variações sutis de Movimento planetário de acordo com a
teoria geocêntrica (Ptolomeu)
brilho, é certamente um exemplo representativo
disso.
Uma parte desse mapa pode ser vista aqui. Se
você estudar apenas essa teoria, verá que ela pode
ser bem persuasiva. Entretanto, se continuarmos
a desenvolver uma teoria de movimento plane-
tário com base nesse diagrama, veremos que os
planetas se movimentam em uma órbita que se
assemelha a uma mola estendida, como podemos
ver no diagrama seguinte. Por que os planetas se
movimentam em espiral, enquanto a Lua tem uma
Orbita circular? Veremos que, mediante uma aná-
lise mais cuidadosa, essa explicação se mostrará
forçada e excessivamente complicada.
Mesmo assim, as pessoas pareciam preferir
continuar acreditando na teoria geocêntrica, e De acordo com esta teoria, os planetas
giravam ao redor da Terra
mesmo que novos resultados observacionais con-
tinuassem vindo à tona, a teoria heliocêntrica não
foi prontamente aceita.

O 5I5TMA TICôNICO: UMA APRIMORAÇÃO DA TEORIA


GEOCÊNTRICA
Podemos dizer que o Ultimo suspiro da teoria geocêntrica foi o diagrama astronômico proposto
por Tycho Brahe (1549-1601.).
Tycho Brahe foi um astrônomo dinamarquês que viveu pouco antes de Galileu Galilei (1.564-
1642). Ele propôs um modelo do Universo que representava um meio termo entre as teorias
geocêntrica e heliocêntrica. Os limites externos desse modelo eram praticamente idênticos ao
diagrama desenhado de acordo com a teoria heliocêntrica, mas, ao contrário desta, o modelo
de Tycho tinha a Terra como centro, uma vez que ele acreditava firmemente que nosso planeta
estava em repouso. O resultado foi um diagrama astronômico muito atraente.

70 CAPITULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO PO UNIVERSO?


Sistema ticônico

QUÃO REVOLUCIONÁRIO REALMENTE FOI COPéRNICO?


Como vimos, a teoria heliocêntrica não conseguiu muitos seguidores de imediato.
Há um dito que afirma que a revolução copernicana virou de cabeça para baixo a forma
como víamos tudo. Entretanto, ainda há dúvidas sobre quão revolucionário realmente foi
Copérnico.
De fato, ele defendeu a teoria heliocêntrica em seu livro Da Revolução das Esferas Celes-
tes, mas a obra foi publicada apenas no ano de sua morte, por isso Copérnico nunca precisou
suportar as críticas feitas à sua teoria. Além disso, a teoria heliocêntrica descrita em seu livro
ainda estava incompleta, por isso, de início, não gerou tanta controvérsia.
Nos estágios finais da teoria geocêntrica, o modelo do Universo continha correções e mais
correções, sendo capaz de explicar todos os movimentos observados dos corpos celestes, com
a exceção de cometas. Copérnico parecia crer que as órbitas dos planetas eram todas círculos
perfeitos — agora sabemos que elas são elipses, pois também são influenciados pelos outros
planetas — e ele, também, não foi capaz de explicar o movimento dos cometas. Assim, a teoria
heliocêntrica de Copérnico não explicou nada que a teoria geocêntrica já não fosse capaz de
provar.

TEORIA GEOCÊNTRICA VERSUS TEORIA HELIOCÊNTRICA —O RESULTADO DA DISCUSSÃO 71


KePLeg COMPLETOU A TEORIA Hel.10CâNTRICA
A pessoa responsável por um modelo cosmológico amplamente aceito, capaz de provocar a
revolução copernicana em seu sentido mais amplo, foi o astrônomo alemão Johannes Kepler
(1571-1630). Kepler mostrou que o movimento dos planetas seguia um círculo distorcido (ou
uma elipse) e acabou por estabelecer três leis que se tornaram conhecidas como Leis de Kepler.
Essas leis mostraram, pela primeira vez, que a teoria heliocêntrica era mais lógica, precisa,
simples e fácil de ser compreendida do que qualquer teoria anterior.

Primeira lei: A órbita de todo planeta é uma elipse com o Sol em um de seus focos.

Segunda lei: Uma linha que une um planeta e o Sol percorre áreas iguais em intervalos
iguais de tempo.

Terceira lei: O quadrado do período orbital de um planeta é diretamente proporcional ao


cubo do semieixo maior de sua órbita.

As Leis de Kepler serão discutidas mais detalhadamente em breve.


Com essas simples leis, Kepler foi capaz de explicar o movimento dos planetas até então
pensado como algo muito complexo. Contribuiu para isso o fato de que Kepler foi assistente de
Tycho Brahe, tendo sido capaz de utilizar a imensa quantidade de dados observacionais deixada
por seu professor. Tycho fora um cientista extremamente diligente, e seus registros observa-
cionais são considerados os mais precisos e exatos de todos os coletados antes da invenção
do telescópio. O telescópio refrator, conhecido como telescópio galileano, foi inventado apenas
depois da morte de Tycho. Se inventado antes de sua morte, Tycho poderia ter sido um dos
pioneiros da teoria heliocêntrica.

O Guie Fez cALLeu?


Em geral, quando falamos da teoria heliocêntrica, Galileu é mais famoso do que Kepler.
Antes, no entanto, faremos uma breve observação sobre o idioma e a cultura italiana.
Como o nome completo de Galileu é Galileu Galilei, seu sobrenome é Galilei. Assim, deveríamos
chamá-lo de Galilei. Por que, então, geralmente o chamamos de Galileu? Assim também, por
que seu primeiro nome é tão parecido com seu sobrenome?
Na região da Toscana, na Itália, onde nasceu Galileu, o primeiro nome do filho mais velho
era muitas vezes a forma singularizada de seu sobrenome. Assim, essa convenção de nomen-
clatura pode ser exemplifica pela seguinte frase, "Sr. Sato, que representa os Satos". Dessa
forma, para pessoas do tempo de Galileu, o nome Galileu era equivalente à frase: filho mais
velho da família Galilei.
Agora, ainda que Galileu tenha sido tratado pela Inquisição como representante da facção
da teoria heliocêntrica, ele cometeu muitos equívocos — como acreditar que as órbitas dos pla-
netas eram círculos, assim como Copérnico. De qualquer forma, Galileu era um homem muito
teimoso, que continuou a insistir que os planetas não se moviam em órbitas elípticas, mesmo
depois de as Leis de Kepler terem sido publicadas (ambos viveram praticamente na mesma
época).
Ainda assim, não há dúvida de que Galileu, pesquisador de vários campos, dentre eles
medicina, matemática, astronomia e física, e criador do telescópio refratário para observação

7Z CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O C ENTRO DO UNIVERSO?


de corpos celestes, foi um gênio. Em especial, seu uso do método científico que empregamos
ainda hoje — no qual analisamos matematicamente resultados experimentais antes de cons-
truir teorias — é um feito notável para alguém conhecido como o pai da ciência moderna.

O ave A TEORIA HELIOCÊNTRICA NO5 ENSINOU?


É geralmente aceito que o debate entre as teorias geocêntrica e heliocêntrica tenha terminado
em 1619, quando a Terceira Lei de Kepler foi publicada (a primeira e a segunda haviam sido
publicadas em 1609). Entretanto, mesmo hoje, muitas pessoas parecem não compreender o
verdadeiro significado da teoria heliocêntrica.
Um exemplo disso é ilustrado pelas máquinas de viagem no tempo, que vemos em filmes
e livros de ficção científica. Não estamos discutindo se uma máquina dessas pode ou não ser
criada. Em uma história típica, uma pessoa que utiliza a máquina viaja no tempo sem mudar
de localização — é uma convenção o fato de que a pessoa reaparecerá no mesmo local, mas
em uma era diferente.
Entretanto, no espaço, não existe algo como "mesmo local" quando consideramos a pas-
sagem do tempo. A Terra gira sobre o próprio eixo enquanto gira ao redor do Sol. Além disso,
como você aprenderá em um capítulo futuro, o próprio sistema solar está girando dentro da
Via Láctea, e mesmo a Via Láctea não fica sempre em um local fixo. Em outras palavras, não
importa que escala utilizemos para visualizar o Universo, não existe nenhum lugar que esteja
sempre em repouso.
Assim, não podemos indicar um local específico no espaço. Como tudo está em movimento
e não há ponto de referência, fica impossível identificar até mesmo a posição da Terra depois
de alguns segundos.
Assim, enquanto a teoria heliocêntrica é considerada o ponto de partida para a moderna
teoria cosmológica (na qual o Universo está sempre em movimento e em mudança), a teoria
defendida por Copérnico foi, na verdade, apenas uma teoria centrada no Sol e não uma ver-
dadeira teoria heliocêntrica. No entanto, nós nos tornamos conscientes de conceitos filosóficos
para além da ciência, que postulam que nem a Terra e nem o Sol estão no centro do Universo
e tudo está se movendo e mudando em um movimento perpétuo.

UMA EXPLICAÇÃO MAIS ELABORADA DAS Le15 DE KEPLER


Vejamos com mais detalhes as Leis de Kepler.

PRIMEIRA LEI: A ÓRBITA PE TOPO PLANETA é UMA ELIP5E COM O


50L EM UM PE 5EU5 FOCOS
Com esta lei, Kepler indicou claramente que as órbitas dos planetas são elipses, e não círculos.
Além disso, o Sol está posicionado em um dos focos da elipse, em vez de ocupar o centro da
elipse. Essa relação é ilustrada pela figura que vemos a seguir.

UMA EXPLICAÇÃO MAIS ELABORADA DAS LEIS DE KEPLER 73


Perielio Afólio

Órbita do planeta
Órbita de um planeta de acordo com a Primeira Lei de Kepler

Ainda que a órbita da Terra seja praticamente circular, a órbita dos outros planetas, como
Marte, é mais elíptica. Como resultado, a teoria de Copérnico de que todo planeta se move em
uma órbita circular não pode explicar adequadamente resultados observacionais para Marte. É
por isso que Kepler introduziu esta lei primeiro.
O grau de elipticidade é indicado pela excentricidade. Utilizando o diagrama aqui, podemos
definir a excentricidade desta forma:

Distância entre os focos


Excentricidade —
Comprimento do eixo maior

O eixo maior, que é o eixo mais extenso da elipse, é a linha que conecta o periélio e o afélio
no diagrama. O semieixo maior tem metade desse comprimento e também representa a dis-
tância média do planeta ao Sol.
Um círculo verdadeiro tem apenas um foco (localizado em seu centro), por isso sua excen-
tricidade é O. Quanto maior a excentricidade da órbita de um planeta, mais elíptico será seu
formato. A tabela a seguir mostra a excentricidade orbital de todos os planetas do sistema
solar.

EXCENTRICIDADE DE CAPA PLANETA NO 9i5TemA SOLAR

Planeta Mercúrio Vênus Terra Marte Júpiter Saturno Urano Netuno

Excentricidade 0,2056 0,0068 0,0167 0,0934 0,0485 0,0555 0,0463 0,0090

74 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO DO UNIVERSO?


Lembre-se de que, na matemática, a excentri-
cidade não representa necessariamente apenas o
grau de elipticidade. Temos um círculo verdadeiro
ou uma elipse apenas quando a excentricidade
(normalmente representada por e) é maior ou
igual a O e menor que 1. Para outros valores,
teremos uma parábola ou hipérbole.

Excentricidade (e) = O Círculo verdadeiro

O < Excentricidade (e) < 1 Elipse

Excentricidade (e) = 1 Parábola

1 < Excentricidade (e) Hipérbole

Relação entre excentricidade e forma


geométrica

SEGUNDA LEI: UMA LINHA QUE UNE UM PLANETA e O 5OL


PERCORRE ÁREAS IGUAIS EM INTERVALOS IGUAIS PE TEMPO
Ou, em outras palavras, um planeta que percorre uma órbita elíptica se move mais rapida-
mente quando está mais próximo do Sol e mais lentamente quando está mais distante do Sol
ou dele. Se ilustrarmos isso, as áreas dos setores sombreados na figura que vemos a seguir
deverão ser sempre as mesmas.

Perielio Afélio

Órbita de um planeta de acordo com a Segunda Lei de Kepler

Isso ocorre da mesma forma que a conservação do momento angular na mecânica


newtoniana. Ainda que demonstrar matematicamente essa lei seja um pouco difícil, pode-
mos compreende-ia pensando na rotação de um patinador artístico — um patinador que
começa a girar com os braços abertos girará mais rápido à medida que aproxima os braços
do corpo.

UMA EXPLICAÇÃO MAIS ELABORADA DAS Leis DE KEPLER 75


Também podemos considerar uma situação em que prendemos um peso a um barbante e o
fazemos girar em círculo. Quando o barbante for mais comprido, será mais difícil girar o peso e
sua velocidade será menor.
Conceitualmente, a explicação que vemos a seguir pode ser mais fácil para compreender.
Quando nenhuma força externa age sobre um corpo, o movimento linear uniforme continua a
ocorrer em razão da lei de conservação de momento. No diagrama que temos a seguir, o corpo
se movimenta da seguinte maneira: P1 P 2 P3, em que o comprimento de P1a P2 é o
mesmo de P2 a P3.

Sol Planeta
Órbita de um planeta de acordo com a Segunda Lei de Kepler

Entretanto, um planeta não se move em movimento linear, uma vez que é afetado pela gra-
vidade do Sol no ponto 5. Ainda que o planeta seja continuamente puxado em direção ao Sol e
se mova em um movimento circular, para facilitar nossa explicação aqui, partiremos do princí-
pio de que a gravidade puxa o planeta continuamente em direção ao Sol quando ele se move
de P2 para P3. O movimento do planeta será puxado para a esquerda pela força de gravidade f,
até atingir a posição P3' (composição da força de gravidade f e da força que tenta dar continui-
dade ao movimento linear uniforme). Como o momento não se altera, o comprimento de P2P3
é o mesmo de P2P3'.
Agora, se compararmos os triângulos formados, uma vez que P1P2 = P2P3 em razão do
movimento linear uniforme, .6.5191P2 e ASP2P3 serão triângulos com lados e alturas iguais, por
isso apresentarão a mesma área.
Além disso, como ASP2P3 e ASP2P3' compartilham a base SP2 e têm a mesma altura
(como f é a força da gravidade em P2, a seta utilizada na composição das forças também será
paralela a SP2 ), suas áreas serão iguais. Em outras palavras, podemos dizer o seguinte:

ASP2P3 = ASP2P3'

Como essa relação é válida independentemente das posições do Sol e do planeta, uma linha
unindo um planeta ao Sol varre áreas iguais em intervalos iguais de tempo.

76 CAPÍTULO 1 SERIA A TERRA O CENTRO PO UNIVERSO?


TERCEIRA LEI: O QUADRADO DO PERÍODO ORBITAL DE UM
PLANETA É DIRETAMENTE PROPORCIONAL AO CUBO DO SEMIEIXO
MAIOR DE SUA ÓRBITA
Esta é a lei que pode ser a mais difícil de entender. Em resumo, significa que o comprimento do
período orbital depende apenas do semieixo maior da órbita. Como ele não depende da excen-
tricidade da órbita elíptica, o período será o mesmo desde que o semieixo maior seja o mesmo,
independentemente de o movimento ser circular ou elíptico.
A propósito, o semieixo maior é a metade do eixo maior, que vimos na descrição da primeira
Lei. Em outras palavras, ele representa a distância média entre o planeta e o Sol.
Mesmo antes de Kepler, cientistas observaram que planetas com órbitas maiores demora-
vam mais para completar uma volta (ou seja, seu período orbital era maior). Entretanto, até
Kepler, não foi possível compreender a relação matemática entre esse período e o semieixo
maior da órbita.
Se presumirmos que P é o período orbital em anos e a o semieixo maior (distância média entre
um planeta e o Sol) em unidades astronômicas (ou UA, sendo 1. UA definida como a distância entre
a Terra e o Sol), então teremos a seguinte equação para a Terra (na qual a = 1 UA):

a3
- = 1
p2

Se calcularmos essa razão para qualquer planeta no sistema solar, teremos os resultados da
tabela a seguir, que confirmam a Terceira Lei de Kepler.

SEMIEIXO MAIOR PA ÓRBITA PE UM PLANETA E 5EU PERÍODO ORBITAL.

Planeta Semieixo maior a3


p2 3/P2
Período orbital relativo a
da órbita a (AU) ao P da estrela fixa
(anos solares)

Mercúrio 0,3871 0,05800555 0,2409 0,05803281 0,9995

Vênus 0,7233 0,37840372 0,6152 0,37847104 0.9998

Terra 1,0000 1 1,0000 1 1.0000

Marte 1,5237 3,53751592 1,8809 3,53778481 0,9999

Júpiter 5,2026 140,819017 11,8620 150,707044 1,0008

Saturno 9,5549 872,32524 29,4580 867,773764 1,0052

Urano 19,2184 7098.25644 84,0220 7049,69648 1,0055

Netuno 30,1104 27299,1783 164,7740 27150,4711 1,0055

UMA EXPLICAÇÃO MAIS ELABORADA DAS LEIS DE KEPLER 77


Z
'O 9ITeMA 901-AR
À VIA LÁCTEA
e se KAGUYA-HIMe viesse DE OUTRO PLANETA DE NOSSO SISTEMA SOLAR?

KAGUYA-HIME,
DE ONDE VOCÊ
VEIO?

CERTAMENTE NÃO
LOGO TEREI DE PODE SER DA LUA!
RETORNAR AO
MEU LOCAL DE
NASCIMENTO.

MEU LOCAL DE
NASCIMENTO
é MUITO MAIS
DISTANTE...

A HUMANIDADE JÁ
CHEGOU À LUA
COM A5 MI55E5E5
APOLLO.

ESPEREM
UM POUCO!
EU 56
PRECI50 DE
MAIS ALGUNS
DIAS!
HUM...

VOCÊ ESTÁ
FALANDO
1550 HÁ UMA
íJ-I id. SEMANA!
11111111111111111111111111111 M111111111111111111111111111111111111 11111

80 CAPÍTULO Z PO 515TEMA SOLAR À VIA LÁCTEA


EU AINDA NÃO
CONSEGUI DECIDIR POR (RUE NÃO
()Nye KAOUYA- DIZEMOS QUE FOI
Hime NASCEU... EM VÊNUS?

"O GUIA DE
ASTRONOMIA
PARA O IDIOTA
COMPLETO' "A TEMPERATURA
******** DA SUPERFÍCIE
DE VéNUS é DE
FGIP, 4owc."
FLIP

VAMOS VER...

VAMOS VER...
KA&UYA-Hime MARTE TEM LitAA AH!
VIRARIA CARVÃO FINA ATMOSFERA
EM VÉNUS. DE DIÓXIDO 12E
CARBONO E TAMBÉM A TEMPERATURA PA
APRESENTA TRAÇOS SUPERFÍCIE PE MARTE
PE oxietNio." PODE ATINGIR -63°C.

Que TAL
MARTE? 1550 PARIA
CERTO, NÃO?

E se KAOUYA-HIME VIE55E DE OUTRO PLANETA PE NO550 SISTEMA SOLAR? 81


KAeUYA-HIMe e O 5 I5TeMA 50LAR
Vamos tentar determinar qual deve ser o planeta de nascimento de Kaguya-Hime. Será que
conseguimos encontrar um local adequado em nosso sistema solar?

Órbitas dos planetas de nosso sistema solar


(Em agosto de 2006. Plutão foi reclassificado e removido da lista de planetas.)

82 CAPÍTULO 2 DO SISTEMA SOLAR À VIA LÁCTEA


MERCÚRIO

Tamanho Aproximadamente 0,38 vez o tamanho da Terra (com um raio equatorial de


2.440 km).

Massa Aproximadamente 0,055 vez a massa da Terra.

Gravidade da superfície Aproximadamente 0,38 vez a gravidade da Terra.

Satélites Nenhum.

Distância média do Sol A distância média da Terra ao Sol é chamada de uma unidade
astronômica, ou 1 UA. A distância média de Mercúrio ao Sol é de 0,39 UA.

Período orbital (quanto tempo leva para que ele complete uma volta ao redor do Sol)
Aproximadamente 88 dias.

Período de rotação (quanto tempo o planeta leva para dar uma volta completa em
seu próprio eixo) Aproximadamente 59 dias.

COMO 5,10 A5 GO/5A5 EM MEirC6g10?

Como a órbita de Mercúrio é a mais próxima do Sol dentre todos os planetas do sistema solar,
a quantidade de energia que ele recebe do Sol é intensa — aproximadamente 6,7 vezes a rece-
bida pela Terra, por área de unidade. Certamente Kaguya-Hime teria de se proteger dos raios
ultravioleta em Mercúrio, mas, na prática, ela acabaria se queimando antes disso — a tempera-
tura máxima da superfície é de 427°C.
Em razão de sua baixa gravidade, Mercúrio quase não tem atmosfera, por isso o ambiente é
praticamente vácuo. A menos que Kaguya-Hime utilizasse um traje espacial com uma unidade
de refrigeração poderosa, ela seria queimada pelo Sol instantaneamente. Acredita-se que a
região polar do norte do planeta contém gelo, e é muito provável que lá a temperatura caia a
aproximadamente -180°C.
Se não fosse pelo ambiente extremamente quente e inóspito de Mercúrio, Kaguya-Hime
poderia se sentir em casa, pois a superfície do planeta é formada de desertos e crateras muito
semelhantes aos da Lua.

KAGUYA-HIM? E. O SISTEMA 501-AR 63


VÊNUS

Tamanho Aproximadamente 0,95 vez o tamanho da Terra (com um raio equatorial de


6.052 km).

Massa Aproximadamente 0,82 vez a massa da Terra.

Gravidade da superfície Aproximadamente 0,91. vez a gravidade da Terra.

Satélites Nenhum.

Distância média do Sol 0,72 UA.

Período orbital Aproximadamente 225 dias.

Período de rotação Aproximadamente 243 dias.

COMO 5.40 AE C01545 EM VÉNLJE?

Vênus é o planeta mais próximo da Terra, e os dois planetas têm muitas características em
comum. A gravidade em Vênus é praticamente a mesma da Terra. Vênus tem uma atmosfera
e também atividade vulcânica que expele sulfeto de hidrogênio, nitrogênio e ácido sulfuroso na
forma de gás.
Como Vênus é coberto por espessas nuvens de ácido sulfúrico concentrado e o principal
componente de sua atmosfera (aproximadamente 96%) é o dióxido de carbono, a temperatura
de sua superfície atinge de 400 a 500°C, em razão do intenso efeito estufa. Da mesma forma,
a pressão atmosférica da superfície do planeta é aproximadamente 92 vezes a da superfície da
Terra.
Ainda que pouco relevante, a direção da rotação de Vênus é oposta à da Terra, por isso, em
Vênus, o Sol nasce no Oeste e se põe no Leste.

84 CAPÍTULO 2 DO 5I5TEMA 50LAR À VIA LÁCTEA


MARTE

Tamanho Aproximadamente 0,53 vez o tamanho da Terra (com um raio equatorial de


3.396 km).

Massa Aproximadamente 0,11 vez a massa da Terra.

Gravidade da superfície Aproximadamente 0,38 vez a gravidade da Terra.

Satélites 2: Fobos e Deimos.

Distância média do Sol 1,52 UA.

Período orbital Aproximadamente 687 dias.

Período de rotação Aproximadamente 1 dia.

COMO SÃO A5 CO/5A5 EM MARTE?

A superfície de Marte é inteiramente deserta, exceto por duas calotas polares de gelo. O
planeta tem uma fina atmosfera de dióxido de carbono. A existência de água em Marte foi
confirmada e, entre os planetas do sistema solar, sua atmosfera é a mais próxima da que
temos na Terra. A temperatura mais elevada de sua atmosfera é de aproximadamente 20°C, e
Kaguya-Hime poderia facilmente viver lá desde que estivesse vestindo um traje espacial como
aquele das missões Apollo.
A composição geológica de Marte também é semelhante da que temos na Terra, e como a dura-
ção de um dia em Marte também é a mesma de um dia em nosso planeta, os hábitos de vida de
uma pessoa não seriam afetados. Entretanto, como um de seus satélites. Fobos, gira ao redor de
Marte mais rápido do que a rotação do planeta, ele nasce e se põe duas vezes a cada noite.
Em Marte encontramos o Monte Olimpo, considerado a maior montanha do sistema solar.
Sua altura é de aproximadamente 25.000 m, cerca de três vezes a altura do Monte Everest!
Marte também tem o maior cânion do sistema solar e seu terreno inclui muitas planícies.
Ventos com a força de tornados costumam varrer a superfície de Marte. Um desses foi foto-
grafado pela espaçonave Mars Pathfinder, lançada pelos Estados Unidos em 1996. Em 2004,
dois veículos robóticos da Nasa, chamados Opportunity e Spirit, pousaram em Marte e fizeram
muitas descobertas importantes sobre o planeta, enviando mais de 133 mil imagens de sua
superfície*.

* Quer ver essas fotografias e aprender mais sobre esses veículos? Visite: http://marsroversjpl.nasa.gov/.

KAGUYA-HIME e O SISTEMA SOLAR 85


JÚPITER

Tamanho Aproximadamente 11,2 vezes o tamanho da Terra (com um raio equatorial de


71.492 km).

Massa Aproximadamente 318 vezes a massa da Terra.

Gravidade da superfície Aproximadamente 2,37 vezes a gravidade da Terra.

Satélites Ao menos 63.

Distância média do Sol 5,2 UA.

Período orbital Aproximadamente 12 anos.

Período de rotação Aproximadamente 9 horas e 50 minutos.

COMO 510 A5 GO/5A5 EM .76FITEg?

Enquanto Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, compostos de rochas e metais, são chamados pla-
netas telúricos, ou rochosos, Júpiter e Saturno, cujos principais componentes são gases, são
chamados de planetas jovianos (ou de gigantes gasosos). A densidade de Júpiter é apenas 1./4
da encontrada na Terra e como é composto principalmente de hidrogênio e hélio gasosos, o
planeta não tem uma "superfície" como a de nosso planeta. Como seu centro (aproximada-
mente 1/11 do raio) é um núcleo rochoso e o restante, apenas um agrupamento de materiais
gasosos e líquidos, Júpiter se difere da imagem que costumamos fazer de um planeta. Estar em
Júpiter seria como estar no meio de uma nuvem.
Júpiter tem uma massa mais de 300 vezes maior que a da Terra e sua gravidade é mais de
duas vezes a de nosso planeta. Se morasse em Júpiter, Kaguya-Hime sentiria como se esti-
vesse sempre carregando duas vezes o próprio peso.
A característica mais notável de Júpiter é a Grande Mancha Vermelha — uma enorme tem-
pestade contínua em sua superfície. Ela foi descoberta pelo astrônomo Robert Hooke em 1664
com um dos primeiros telescópios. A Grande Mancha Vermelha tem um diâmetro maior que o
da Terra! Cientistas ainda não sabem exatamente porque ela tem essa cor.
Alguns cientistas acreditam que Europa, uma das luas de Júpiter, seja um dos locais mais
prováveis em que possa haver vida extraterrestre em nosso sistema solar, em razão das forças
geradoras de calor presentes nos oceanos de água líquida que acreditam existir sob a superfície
gelada desse satélite. As condições dos oceanos da subsuperfície de Europa podem ser seme-
lhantes àquelas presentes no início da vida no planeta Terra. Cientistas esperam observar Europa
e outros satélites de Júpiter mais de perto com missões espaciais que serão lançadas em 2020.

86 CAPÍTULO Z DO 5151-EMA SOLAR À VIA LÁCTEA


SATURNO

Tamanho Aproximadamente 9,45 vezes o tamanho da Terra (com um raio equatorial de


60.268 km).

Massa Aproximadamente 95,2 vezes a massa da Terra.

Gravidade da superfície Aproximadamente 0,94 vez a gravidade da Terra.

Satélites Aproximadamente 200 observados e ao menos 62 com órbitas seguras.

Distância média do Sol 9,55 UA.

Período orbital Aproximadamente 29,5 anos.

Período de rotação Aproximadamente 10 horas e 34 minutos.

COMO 510 <15 C015<15 EM SATURNO?

Saturno é um planeta joviano, composto principalmente de hidrogênio e hélio gasosos. Como


Júpiter, não tem uma superfície de verdade. Saturno tem uma gravidade específica de 0,69.
Gravidade específica é a razão da densidade de uma substância, comparada à densidade de
outra substância — geralmente a água. A baixa gravidade específica de Saturno significa que
ele é suficientemente leve para flutuar na água! Mas como seu volume é mais de 800 vezes o
da Terra, sua gravidade é praticamente a mesma de nosso planeta.
Saturno está distante do Sol — visto de Saturno, o Sol parece ter 1/10 de seu tamanho
aparente na Terra. Naturalmente, a temperatura em Saturno é baixa. Sua temperatura média
é de aproximadamente -130°C. Por algum motivo, suas regiões polares têm as temperatu-
ras mais elevadas, e se Kaguya-Hime lá vivesse, veria os característicos anéis, que cercam o
planeta, próximos do horizonte, em vez de altos no céu. Como Saturno tem o maior número
de satélites entre os planetas do sistema solar. Kaguya-Hime poderia realizar muitas festas
Otsukimi de veneração lunar. Porém, como cada dia dura apenas 10,5 horas, o amanhecer
chegaria rapidamente!

KAGUYA-HIME E O 5151-EMA SOLAR 87


URANO

Tamanho Aproximadamente 4,01 vezes o tamanho da Terra (com o raio equatorial de


25.559 km).

Massa Aproximadamente 14,5 vezes a massa da Terra.

Gravidade da superfície Aproximadamente 0,89 vezes a gravidade da Terra.

Satélites Ao menos 27.

Distância média do Sol 19,2 UA.

Período orbital Aproximadamente 84 anos.

Período de rotação Aproximadamente 17 horas e 14 minutos.

COMO 510 A5 COIME EM 1/gANO?

Ainda que, por seu tamanho e localização. Urano antes fosse classificado como um planeta
joviano, hoje sabemos que é composto principalmente de água, metano e amônia congelados.
Assim, podemos classificá-lo mais corretamente como um gigante de gelo. Urano apresenta
uma cor azulada que parece translúcida e sua superfície pode ser muito semelhante áquela
que encontramos no Polo Sul da Terra. Entretanto. Urano é um planeta extremamente gelado,
com temperaturas inferiores a -200°C.
Urano tem anéis mais finos que os de Saturno. Além disso, apresenta 27 satélites, o que
deve fazer com que seu céu noturno seja muito agitado.
A característica mais curiosa de Urano é que seu eixo de rotação é praticamente paralelo à
eclíptica (ou seja, ao plano das órbitas no sistema solar), enquanto outros planetas têm um eixo
de rotação perpendicular à eclíptica. Na verdade, o eixo de Urano chega a ficar abaixo da eclíp-
tica. Dessa forma, dependendo da estação, os Poios Norte e Sul podem apontar praticamente
diretamente ao Sol, apresentando um dia eterno, enquanto o outro polo se encontra em total
escuridão.

88 CAPÍTULO Z PO SISTEMA 5OLAR À VIA LÁCTEA


NETUNO

Tamanho Aproximadamente 3,88 vezes o tamanho da Terra (com um raio equatorial de


24.764 km).

Massa Aproximadamente 17,2 vezes a massa da Terra.

Gravidade da superfície Aproximadamente 1,11 vez a gravidade da Terra.

Satélites Ao menos 13.

Distância média do Sol 30,1 UA.

Período orbital Aproximadamente 165 anos.

Período de rotação Aproximadamente 16 horas.

COMO 540 ,45 CO/5A5 EM NETUNO?

0 semieixo maior da órbita de Netuno tem aproximadamente 30 vezes o semieixo maior da


órbita da Terra. Como a quantidade de energia que atinge um objeto é inversamente proporcio-
nal ao quadrado da distância entre o objeto e a fonte de energia (neste caso, o Sol), a energia
que Netuno recebe do Sol é apenas 1./900 daquela recebida pela Terra.
Netuno tem uma atmosfera grossa, composta principalmente de hidrogênio, e, às vezes,
verificamos tempestades com a força de tufões. A Grande Mancha Escura de Netuno foi des-
coberta quando a espaçonave Voyager 2 passou pelo planeta em 1989. Quando Netuno foi
observado anos depois pelo telescópio Hubble, a tempestade havia terminado.

KAGUYA-HIME E O SISTEMA 501-AR 8A


PLUTÃO

Crédito: Nasa, ESA e M. Buie (Southwest Research lnstitute).

Tamanho Aproximadamente 0,18 vez o tamanho da Terra (com um raio equatorial de


1.197 km).

Massa Aproximadamente 0,0023 vez a massa da Terra.

Gravidade da superfície Aproximadamente 0,07 vez a gravidade da Terra.

Satélites Ao menos 3.

Distância média do Sol Aproximadamente 30 a 50 UAs (a distância do Sol varia tanto


porque Plutão tem uma órbita elíptica muito excêntrica).

Período orbital Aproximadamente 248 anos.

Período de rotação Aproximadamente 6,4 dias.

COMO 510 AS GO/5A5 EM PLUTÃO?

Ainda que, depois de ter sido descoberto por Clyde Tombaugh em 1930, Plutão tenha sido
considerado o nono planeta do sistema solar, concluiu-se no encontro da União Astronômica
Internacional (UAI) de 2006 que ele não atende à definição de planeta. Hoje, chamamos Plutão
de planeta-anão. Como tem uma órbita elíptica completamente diferente daquela dos outros
planetas e difere de Urano e Netuno em tamanho e estrutura, muitos astrônomos consideram
que essa decisão tardou a ser tomada.
Fotografias feitas pelo telescópio Hubble sugerem que a atmosfera do planeta em si sofre
rápidas alterações provocadas pela sublimação, processo pelo qual um sólido rapidamente se
torna vapor sem passar pelo estado líquido. Em razão de suas temperaturas intensamente frias
(-280°C), Plutão não apresenta muita atmosfera e não há dúvidas de que seja um ambiente
inóspito para presença de vida tal como a conhecemos.

qO CAPITULO 2 DO 515TEMA SOLAR A VIA LÁCTEA


TERRA

Tamanho Raio equatorial de 6.378 km.

Massa 5,976 x 1024 kg.

Gravidade da superfície 9,82 m/s2.

Satélites 1.

Distância média do Sol 1 UA (aproximadamente 149,6 milhões de km).

Período orbital 1 ano (aproximadamente 365,25 dias).

Período de rotação 1 dia da Terra (aproximadamente 24 horas).

COMO 54.0 A5 CO/5A5 NA TERRA?

Nosso planeta é muitas vezes chamado de Mãe Terra, mas há 4,6 bilhões de anos, quando foi
formado, não era o tipo de ambiente em que criaturas vivas poderiam prosperar. Sua superfície
estava coberta por rochas derretidas, conhecidas como magma, e a água existia apenas em sua
forma gasosa (como vapor). Da mesma forma, a pressão atmosférica era aproximadamente
300 vezes maior do que a atual. Marte, hoje, é um ambiente muito mais propício à vida do que
a Terra era então.
0 ambiente da Terra tornou-se suficientemente moderado e capaz de aceitar o surgimento
de vida como conhecemos há aproximadamente 550 milhões de anos. Isso ocorreu próximo
do início da Era Paleozoica, quando o número de espécies passou a aumentar rapidamente. Da
perspectiva da história da Terra, esse é um passado recente.

KAellYA-HIMe e O SISTEMA SOLAR ql


A LUA

Tamanho Aproximadamente 0,27 vez o tamanho da Terra (raio equatorial de 1.738 km).

Massa Aproximadamente 0,012 vez a massa da Terra.

Gravidade da superfície Aproximadamente 0,17 vez a gravidade da Terra.

Período orbital Aproximadamente 27,3 dias.

Período de rotação Aproximadamente 27.3 dias.

COMO A LUA FOI FORMADA?

A Terra e seu satélite, a Lua, parecem ter um relacionamento de mãe e filha — a Lua é com-
posta de materiais praticamente idênticos àqueles do manto da Terra. Como resultado, uma
hipótese apresentada por astrônomos no passado era de que a força centrífuga da rotação da
Terra teria feito que um pedaço do planeta se quebrasse durante sua formação. Esse pedaço
teria formado a Lua, e o buraco deixado em seu lugar seria, hoje, o oceano Pacífico.
Essa hipótese tem certo grau de poder persuasivo, mas também apresenta muitos proble-
mas. A velocidade de rotação da Terra hoje não é rápida o suficiente para produzir uma força
centrífuga dessa magnitude — é impossível que a quantidade de material que formou a Lua
tenha se separado repentinamente enquanto a Terra girava lentamente sem perder sua atmos-
fera (ar). Também não há evidência de que a rotação da Terra tenha desacelerado depois de o
pedaço do planeta ter se separado.
Se analisarmos essa teoria uni pouco mais profundamente, veremos que sua maior falha
é que a Lua é grande demais. O diâmetro da Lua (falaremos sempre no diâmetro equatorial
em nossas discussões) é de aproximadamente 3.474 km, o que representa cerca de 1/4 do
diâmetro da Terra. Esse é um tamanho desproporcionalmente grande para um satélite, por isso
alguns astrônomos dizem que a Lua deveria ser considerada um planeta duplo, acompanhado
da Terra, e não uni satélite dela.

q2 CAPÍTULO Z DO SISTEMA SOLAR À VIA LÁCTEA


Da mesma forma, ainda que Ganimedes (um dos satélites de Júpiter) seja o maior satélite
do sistema solar, seu diâmetro é apenas aproximadamente 1/27 do diâmetro do planeta que
órbita. Titã, o maior satélite de Saturno, tem um diâmetro de aproximadamente 1/25 de seu
planeta hospedeiro. Considerando esses números, parece que a Lua é grande demais. A teo-
ria de que um objeto tão grande tenha se quebrado da Terra pela força centrífuga criada pela
rotação do planeta é simplesmente implausível.

TALVEZ ELE-5 SEJAM 112~05? OU 5EIZÁ QUE NÃO TêM NENHUMA KEI.A4ÃO?

A hipótese que considera a Lua irmã da Terra defende que nosso planeta adquiriu seu tamanho
atual pela colisão e união de pequenas partículas de poeira e gás que existiam quando o sis-
tema solar se formou. De acordo com esse raciocínio, a Lua foi criada praticamente ao mesmo
tempo da Terra e se tornou um satélite por acaso. Infelizmente, a Terra e a Lua têm densidade
e composição suficientemente diferentes para colocar essa hipótese em dúvida. Se tivessem
sido criadas ao mesmo tempo, na mesma área e do mesmo material, é muito improvável que
Terra e Lua terminassem com densidades e composições diferentes.
A hipótese da captura poderia facilmente resolver o problema da hipótese de irmã. De
acordo com ela, a Lua se aproximou da Terra por acaso e foi capturada pela gravidade de nosso
planeta. Há dois contra-argumentos a essa teoria. O primeiro é que a Lua é grande demais,
quando comparada à Terra, para ter sido capturada pela gravidade terrestre. O segundo diz que
ainda que a Terra e a Lua tenham diferenças significativas de composição e densidade, ainda
são muito semelhantes para terem sido formadas de forma independente. Essas semelhanças
no material da Terra e da Lua têm sido provadas por evidências coletadas nas missões Apollo,
assim como em muitos outros projetos de exploração espacial.

O IMPACTO GIGANTE

Por fim, temos a hipótese do impacto gigante, a mais popular atualmente. Ela propõe que um
enorme corpo celeste bateu na Terra pouco depois de nosso planeta ter sido formado, aproxi-
madamente há 4,6 bilhões de anos. Supondo a quantidade de energia envolvida, esse corpo
celeste deveria ter o tamanho de Marte (com um diâmetro de cerca da metade do da Terra).
Cientistas chamam esse planeta teórico de Theia. Essa colisão deve ter sido um evento enorme!
Se um corpo desse tamanho realmente colidisse com a Terra, uma grande quantidade de
materiais de nosso planeta naturalmente voaria para o espaço e o corpo se desintegraria. O
raciocínio dessa hipótese diz que depois de esse material ter se desprendido da Terra, ele teria,
com o tempo, se agrupado e formado a Lua.
Essa hipótese é capaz de explicar por que os materiais que compõem a Lua e a Terra são
semelhantes, por que a Lua como um satélite é "grande demais" com relação ao tamanho da
Terra e por que a Lua passou a girar ao redor de nosso planeta.
Da mesma forma, elementos voláteis como água, dióxido de carbono, monóxido de carbono
e outros não existem na Lua, e uma explicação para isso seria a de que foram perdidos quando
a colisão ocorreu.
Por esses motivos, a hipótese do impacto gigante é atualmente a teoria dominante, mas
ainda faltam evidências conclusivas que a comprovem.

KAGUYA-HIMe E O SISTEMA SOLAR q3


NÃO É RUIM QUE A GUA SEJA GRANDE ASSIM

Vamos colocar de lado a questão da ocorrência ou não de um impacto gigante até que tenha-
mos mais dados de explorações lunares futuras. Em vez disso, vamos nos concentrar nos
efeitos que o tamanho da Lua tem sobre a Terra.
Primeiramente, o fato de podermos apreciar a beleza graciosa da Lua em uma festa
Otsukimi certamente está relacionado ao seu tamanho. Todos os outros satélites do sistema
solar, incluindo Ganimedes, quando vistos de seus planetas respectivos, não aparentam a ter a
metade do tamanho de nossa Lua.
O dramático fenômeno natural da alteração do fluxo e refluxo das marés também ocorre
em razão de a Terra ter um satélite tão grande. A distância entre a Terra e a Lua é de cerca de
380.000 km, o que é aproximadamente 30 vezes o diâmetro da Terra (veja uma representação
a seguir).

Aproximadamente 30 vezes o diâmetro da Terra

Modelo da distância entre a Terra e a Lua.

As marés são provocadas principalmente pelo efeito da gravidade da Lua. Muitos padrões
cíclicos da vida de criaturas marinhas evoluíram em razão das marés e a humanidade sempre
aproveitou tais ciclos no desenvolvimento de técnicas de pesca. A coleta de marisco na maré
baixa é um exemplo.
O fluxo e o refluxo das marés provocam alterações no cenário natural que consideramos de
grande beleza. Se esse foi realmente o resultado de um impacto gigante, devemos ser gratos
por sua ocorrência, não é mesmo?

q4 CAKTULO 2 DO 5I5TEMA 501.-AR À VIA LÁCTEA


O SOL

Tamanho Aproximadamente 1.09 vezes o tamanho da Terra (com um raio equatorial de


696.000 km).

Massa Aproximadamente 332.946 vezes a massa da Terra.

Gravidade da superfície Aproximadamente 28,01 vezes a gravidade da Terra.

Volume Aproximadamente 1.300.000 vezes o da Terra.

COMO 5ÃO A5 C0/5A5 NO 50G?

O Sol que brilha no céu é o corpo celeste cuja presença sentimos mais forte. Mas qual seu
tamanho de verdade?
Primeiramente, sua massa corresponde a 99,9% da massa de todo o sistema solar. Em
outras palavras, planetas como a Terra e Júpiter, os satélites que giram ao seus redores e todos
os vários pequenos corpos do sistema solar existem praticamente como algo secundário, cons-
tituindo uma massa combinada de apenas 1/1.000 daquela do Sol.
O Sol está a aproximadamente 150.000.000 km da Terra. Como a velocidade máxima de
um ônibus espacial é de cerca de 28.000 km por hora, seriam necessários praticamente 7,5
meses para que chegássemos ao Sol à velocidade máxima. Um avião de passageiros normal
demoraria cerca de 20 anos para chegar ao Sol (ainda que, evidentemente, um avião desses
não possa voar no espaço).
Entretanto, seria terrível para nós se o Sol não estivesse a essa distância. A temperatura
diurna de Mercúrio, que está a menos de 1/4 da distância do Sol para a Terra, é de mais de
400°C. A energia que atinge a Terra vinda do Sol é equivalente à gerada por 200 milhões de
usinas nucleares (supondo que estas produzam 100 megawatts em média).

O 501.- CONTINUA A QUEIMAR HIPROGêNIO COMO COMEW5TIVEL

Antes, mencionamos o diâmetro do Sol, mas o Sol difere de planetas como a Terra por não
apresentar uma superfície sólida. Trata-se de uma estrela com período de rotação de aproxi-
madamente 25 dias no Equador e de 36 dias próximo dos poios. O Sol, assim como a maioria
das outras estrelas no Universo, é composto de materiais em estado de plasma. Isso significa
que o gás que forma o Sol, retido pela imensa gravidade do astro, é ionizado (com a perda de
um elétron ou o ganho de um elétron extra) e altamente energético.

KAGUYA-HIME E O SISTEMA SOLAR q5


O núcleo do Sol, que ocupa o centro de sua estrutura, tem pressão elevada — de 200 a 250
bilhões de vezes a pressão atmosférica da Terra uma vez que a gravidade é produzida pela
massa do Sol, que representa 330 mil vezes aquela da Terra. Essa pressão elevada é o catali-
sador para as reações de fusão nuclear, que convertem átomos menores em átomos maiores
(por exemplo, transformando hidrogênio em hélio).
Nessas reações de fusão, seis prótons interagem para criar eventualmente um átomo de
hélio, um neutrino, dois prótons e uma grande quantidade de energia na forma de raios gama.
Essas reações de fusão são a fonte de energia do
Sol e origem da energia equivalente à produzida
por 200 milhões de usinas nucleares que chega
todos os dias à Terra, vinda do Sol. Da mesma
forma, a energia do Sol cria uma zona radiativa
em torno de seu núcleo, e o gás sobre essa região
produz uma zona convectiva. Quando olhamos para
o Sol, o que vemos é uma fina camada de super-
fície que cobre essa zona convectiva. Essa camada
opaca é chamada de fotosfera. Sua temperatura é
de aproximadamente 5.577 Kelvin (5.304°C). Man-
chas solares ocorrem na fotosfera (manchas solares
são como marcas escuras no Sol. Na realidade,
são apenas regiões da fotosfera mais frias do Proeminência solai; um grande loop de plasma que pode ter
a extensão de até 28 vezes o diâmetro da Terra.
que a área ao redor e, portanto, parecem mais
escuras).
Ao redor da fotosfera encontramos a atmosfera
do Sol, formada por uma camada de temperatura
mínima, a cromosfera, e a coroa, que é a camada
mais externa do Sol e, por motivos ainda desco-
nhecidos pela ciência, é milhões de vezes mais
quente do que a superfície do Sol.
O hidrogênio do núcleo do Sol é utilizado como
combustível e será, eventualmente, consumido em
sua totalidade. Entretanto, de acordo com cálculos
teóricos, o tempo de vida do Sol é de aproximada-
mente 10 bilhões de anos. Como ele foi formado
há cerca de 4,6 bilhões de anos (praticamente na
mesma época em que a Terra foi formada), deve
Coma do Sol.
continuar a brilhar por ao menos mais 5 bilhões de
anos.

O E01- É FE/TO PE ESTREME IZEC/CMPAE?

A formação de uma estrela como o Sol tem início quando uma nuvem de gás, plasma e poeira
começa a se reunir no vazio do espaço. Esse tipo de nuvem molecular é agrupado em uni
estado chamado de equilíbrio hidrostático, no qual a força gravitacional do volume de gás é
equilibrada pela força "externa" da pressão. Quando a força gravitacional da nuvem se torna
maior, em razão da colisão com outra nuvem molecular ou de um aumento de pressão pro-
vocado pela explosão de uma estrela próxima, a nuvem passa por um colapso gravitacional.

q6 CAPÍTULO Z DO SISTEMA 50LAR À VIA LÁCTEA


Coroa Cromosfera
Zona convectiva
Zona radiativa
Superfície
fotosférica
Núcleo no qual ocorre a
fusão nuclear

Estrutura interna do Sol

Corno a nuvem molecular desmorona, ela começa a formar uma esfera giratória de gás. O
enorme aumento da temperatura e pressão do gás provocado pelo colapso gravitacional resulta
em uma reação de fusão nuclear — reação altamente energética na qual dois ou mais núcleos
se juntam para formar um núcleo mais pesado. A fusão do hidrogênio dentro do núcleo da
estrela produz formas mais pesadas de hidrogênio, que, por sua vez, podem se fundir e pro-
duzir isótopos de hélio. Essas reações de fusão criam energia e a luz que vemos todos os dias
vinda do Sol.
Como o hidrogênio e o hélio são os elementos mais básicos e abundantes no Universo,
podemos deduzir que as estrelas também sejam formadas por essas duas substâncias. Entre-
tanto, análises espectrais do Sol também mostram a presença de elementos pesados como
ferro, ouro e urânio. Como isso é possível?
Durante toda a vida, uma estrela luta contra a gravidade. Forças gravitacionais, criadas por
sua massa, tentam fazer com que ela colapse, criando uma pressão que provoca as reações de
fusão que acabamos de descrever. Isso, por sua vez, cria uma pressão de radiação que equilibra a
força gravitacional, mantém a estrela em equilíbrio hidrostático e impede seu colapso. À medida
que o combustível de hidrogênio em seu núcleo começa a se esgotar, a estrela passa a queimar
hélio para manter a pressão interna. Por toda a vida, estrelas com massas semelhantes à de
nosso Sol queimarão apenas hidrogênio, gradualmente dispersando suas atmosferas até que
reste apenas o núcleo. Quando seu combustível se esgota, uma estrela lentamente se resfria e
apaga. Entretanto, estrelas maiores que o Sol podem continuar fundindo elementos cada vez
mais pesados para manter o equilíbrio. Podemos dizer que uma enorme estrela é como uma
cebola, tendo em sua camada externa o hidrogênio e, na camada mais interna, o ferro.
A fusão do ferro consome mais energia do que pode criar, por isso, logo o equilíbrio é rompido
e a gravidade vence, provocando o colapso do núcleo da estrela e criando uma explosão estelar
altamente energética chamada de supernova. Uma supernova pode irradiar a mesma quantidade
de energia, se não mais, do que aquela que o Sol é capaz de produzir durante toda a vida, e
muitas vezes ofusca a galáxia em que ocorre. A explosão que cria uma supernova também cria
elementos mais pesados que o ferro, expelindo-os, junto da atmosfera da estrela, no espaço ao
seu redor e alimentando outras nuvens moleculares com esses elementos pesados.
Acredita-se que o Sol tenha sido criado a partir da matéria interestelar de apenas uma
explosão — os restos de uma estrela mais antiga. Isso explicaria por que elementos mais pesa-
dos (como ouro, urânio, entre outros) podem ser encontrados em nossa estrela. Na verdade,
todos os elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio encontrados em qualquer local
do Universo, inclusive em nossos corpos, foram criados dentro de uma estrela ou pela morte
explosiva de uma estrela. Assim, não apenas o Sol é uma estrela "reciclada", como nós mesmo
somos feitos de poeira estelar reciclada.

KAOUYA-HIMe e O 5I5TeMA SOLAR (47


O CENÁRIO é
CRUCIAL, MAS NÃO
BOM, DESCOBRIMOS
Que, FORA DA TERRA, TEMOS ove A
NÃO HÁ LOCAL NO COLOCAR! HUM.
SISTEMA SOLAR EM QUE
ELA POSSA VIVER!

AH, SIM! ISSO é


TÃO ROMÂNTICO!

ENQUANTO A VELHA KAGUYA-HIME EMERGIU


SENHORA LAVAVA DO BAMBU E AFUGENTOU
ROUPAS NA VIA LÁCTEA, OS DEMÔNIOS, PERMITINDO
ENCONTROU UM TUBO DE QUE 0 VELHO CASAL ESPERE!
BAMBU FLUTUANDO... VIVESSE FELIZ PARA... j

R8 CAPÍTULO 2 DO SISTEMA SOLAR À VIA LÁCTEA


ESSA É A HISTÓRIA
DE MOMOTARO! NUNCA
DEVERIA TER
DE ONDE VOCÊ PERGUNTADO À
TIROU ESSA
KANNA!
DA "SENHORA
LAVANDO ,
ROUPAS NA VI T0E. TANTO1 •
TRABALHO
LÁCTEA"? PARA UM DEMÔNIO...
CRIAR UMA
HISTÓRIA..

EU NÃO QUERO
SER UM DEMÔNIO!

AH! JÁ Sei! DEVE


SER PORQUE
TODAS A5
ESTRELAS ESTÃO
CONCENTRADAS LÁ!

FALANDO NA VIA
LÁCTEA, POR Que
SERÁ QUE ELA Tem
ESSE FORMATO?

KASUYA-HIME e O SISTEMA 501-AR AR


KANNA, VOCÊ E555 é O
E 5UA5 117eIA5 ALOJAMENTO 175
ABSURDAS DE VI5ITANTES PE
NOVO... NO550 TEMPLO!

é O QUARTO EM
eu O Que você QUE MORAREI PC
GRAÇA ENQUANTO
5-5TÁ FAZENDO ESTIVER AQUI.
AQUI?

MAMÃE PEDIU QUE


EU TROUXESSE
LANCHE PARA
VOCÊS.

O QUE TEM DE
ABSURDO NA
MINHA IDEIA?!

............
..........

100 CAPÍTULO 2
O AGRUPAMENTO DE
eSTRELA5 CONHECIDO
COMO VIA LÁCTEA
TAMBÉM é CHAMADO DE
GALÁXIA PA VIA LÁCTEA,

NOSSO SISTEMA
SOLAR ESTÁ DENTRO
DESSA GALÁXIA, QUE
TEM FORMA DE DISCO.

ASSIM, AS ESTRELAS NA
PARTE DO DISCO PARECEM
MAIS DENSAS PARA NÓS,
POIS ESTAMOS DENTRO
ELAS.

O QUE FOI AGORA?


PARA UMA GLUTONA
COMO VOCÊ, ATÉ AS
RECLAMA, RECLAMA,
ESTRELAS PARECEM RECLAMA! ESTOU
SABOROSAS. CHEIA DISSO! O QUÊ? VOCÊ é UMA (
GLUTONA!

MU
PÃO!

KAGUYA-HIME E O SISTEMA SOLAR 101


MAS O QUE VOCÊ
DISSE ANTES
NÃO é UM POUCO
ESTRANHO?

. . . . ."""""""" " ..... .. . .. .....


ENTÃO ESTAMO5 :MA5. C0:2" A VIA: -• • • ••••••••• •-•
DENTRO DA
GALÁXIA, NÃO é?
ESTÁ PIReTAMáNTÉ..5oagé:.: .• • • •.: •••.•
AH... ELA
REALMENTE
PARECE LÁCTEA...

.".

. . . . .
. . . . .
. . . .'.'.'.'. . . . .. . . . .
. .
".".".".".'.".".".'.".".•.'.'.'. . . .°.'.'.".'.'.".'.'.".".".".".".".
'.".'.'.'.".".".".".".".".".".".".".".".'.'.'.'.'.'.'.'.".'.'.".".'.".".". .".

L ... ACABAREMOS CAINDO 12A


TERRA, NÃO é mesmo?
POR alie ESTAMOS
FALANDO EM
"PARA CIMA" e
"PARA BAIXO" NO
ESPAÇO?!
COMO VOCÊ é
BURRA!
C A TERRA
TAMBÉM NÃO
ESTÁ NO MEIO DA
GALÁXIA!

DESISTO!
5LJA
IDIOTA!

102 CAPÍTULO 2 DO 515-TEMA SOLAR À VIA LÁCTEA


NÃO HÁ "PARA CIMA"
NEM "PARA BAIXO"
NO ESPAÇO?
KANNA, VOCÊ
ENTROU
NO ENSINO
COMO MÉDIO, NÃO?
VOCÊ ACHA
QUE A
GRAVIDADE
FUNCIONA?! ",

HUMM, FAZ
TEMPO
Que NÃO
E-5GOI-HO
ELA PASSOU NO TESTE Só BEM, ERA UM
CHUTANDO AS RESPOSTAS! TESTE 2e MÚLTIPLA
ESCOLHA!

Hee
C>i;? Hee

VOCÊ 1
TERRÍVEL!

VOCÊ ESTÁ UTILIZANDO


PALPITES PARA MENTIRA!
EXPLICAR FENÔMENOS COMO VOCÊ é
CIENTiFIC05... é? ... NÃO
GizoseIRO!
ESTÁVAMOS
FALANDO DA VIA
LÁCTEA?

POR 1550, VOCÊ


É UMA ANTA
COMPLETA!

KAGUYA-HIME e O 5I5TEMA SOLAR 103


O TAMANHO DA GALÁXIA DA VIA LÁGTeA

11111111111

EXPLICAR UM
POUCO MELHOR
SOBRE A GALÁXIA
PARA VOCÊ.

100.000
ANOS-LUZ?
COMO EU DISSE ANTE-5, A GALÁXIA O QUE DIABOS
PA VIA LÁCTEA é UM CONJUNTO DE VOCÊ ESTÁ
ESTRELAS EM FORMA DE DISCO, FALANDO?!
MAIS VOLUMOSO NO CENTRO.

é A DISTÂNCIA QUE
0 DIÂMETRO DA PARTE EM DISCO A LUZ VIAJA EM
DE 100.000 ANOS-LUZ. 100.000 ANOS!

PIN&I
E DAÍ?! eu CONTINUO 1 ANO-LUZ é ENTÃO, 1 ANO-LUZ é
SEM ENTENDER O q,460730q725808 X APROXIMADAMENTE
QUE ISSO SIGNIFICA. 1015 METROS = q,46 10 TRILHÕES DE
TRILHÕES PE KM = QUILÔMenzos.
APROXIMADAMENTE,
ME FALE EM 63240 UNIDADES
METROS, PASSOS,
ASTRONÔMICAS CUAM
NÃO ATÉ CENTÍMETROS!!
PRECISA

0
CUSPIR.

MESMO EM
\ QUILÔMETROS
NÃO CONSIGO
IMAGINAR esse
TAMANHO.
ME Recuso A
RESPONDER A
esse MONTE DE
PERGUNTAS.

104 CAPÍTULO 2 DO SISTEMA SOLAR À VIA LÁCTEA


Bem, VOCÊ spoe QUE
1 UNIDADE ASTRONÔMICA • 0 RAIO ORBITAL
(IA) é A DISTÂNCIA DO PLANETA MAI5
MÉDIA ENTRE A TERRA e EXTERNO, NETUNO, é
O 501- DE APROXIMADAMENTE ISSO é
30 UA. APROXIMADAMENTE
30 VEZES A
• ;•: ':" • DISTÂNCIA ENTRE O
SOL E A TERRA.
NETUNO Pope 5ER MAIS FÁCIL
PE ENTENDER SE
TERRA COMPARARMOS COM
AI-00 DIFERENTE.
SOL

MUITO BEM, ENTÃO NÃO. TEMOS MAIS PE


NUVEM ve 1 TRILHÃO PE COMETAS
O DIÂMETRO D0 FLUTUANDO NA NUVEM DE
OORT
5I9TEMA 50LAR OORT, QUE se ESTENDE
DE 30 X 2 = 60 IJA? 50L. E POR UMA ÁREA PE 1,6 ANO-
PLANETAS LUZ A PARTIR DO SOL.
DESSA FORMA, O
VERDADEIRO DIÂMETRO
DO SISTEMA SOLAR é PE
APROXIMADAMENTE 3,2
ANOS-LUZ, OU CERCA DE
200.000 UA.

COMO O SISTEMA
SOLAR TEM UMA (
EXTENSÃO PE
3,2 ANOS-LUZ E A
GALÁXIA, PE 100.000
ANOS-LUZ... Que TAL ESSA? ENTÃO VOCÊ
AGORA VOCÊ DEFINIU UMA
SABE O TAMANHO eSCALA... e DAL?
DA GALÁXIA!

.. A GALÁXIA é
APROXIMADAMENTE
30.000 VEZES
MAIOR!
KANNA!

O TAMANHO DA GALÁXIA DA VIA LÁCTEA 105


O QUE HÁ NO MEIO PA 'ALÁXIA?
• • .•:•:•*•*•'•'•*•*•'•*•*•••:•:•:•:•:•:::
'• • •"•*•:•*
• • PFFT, VOCÊ 5ó • •• ••••
ESTÁ FALANDO 1550 :
:i:
VOCÊ TEM QUE PORQUE GOSTA
JÁ CHEGA... APRENDER essAs DE DAR ORDENS... •
ESTOU MUITO COISAS. PARA O
CANSADA. •:•:•:-.•.... PROFESSOR.
SEU PRÓPRIO BEM. *•:•:•:•:•••••••
JÁ OUVI O BASTANTE • • •.•:•:•:.
SOBRE O QUÃO
PRONTO, GIGANTESCO é O
pgái.rrá UNIVERSO. 1 1

•.........
GRR
-I(

EM QUE PARTE
DA GALÁXIA AINDA QUE se DIGA
ESTÁ O 9I9TMA QUE O NÚMERO DE
SOLAR? ESTRELAS EM NOSSA
GALÁXIA ESTEJA ENTRE zoo
E 400 BILHÕES, APENAS
CERCA DE 3.000 PODEM
SER VISTAS A OLHO NU.

TENHO QUE
HUM... BEM, COMO TOMAR UM
AR.
ESTAMOS A CERCA
DE 30.000 ANOS-LUZ
I20 CENTRO, ESTAMOS
BEM PERTO PA PARTE
MAIS EXTERNA.

106 CAPÍTULO Z
MESMO QUE A
CIÊNCIA TENHA FEITO
DESCOBERTAS INCRÍVEIS,
AINDA NÃO SABEMOS
MUITO, NÃO é MESMO?
HÁ MUITOS
MISTÉRIOS SOBRE
O UNIVERSO...

CONTINUAMOS A DESCOBRIR
NOVOS MISTÉRIOS PORQUE
NOSSAS TECNOLOGIAS
DE OBSERVAÇÃO SEGUEM
EVOLUINDO.

POR EXEMPLO, SE ESTIMARMOS A MASSA TOTAL DA GALÁXIA


APENAS PELO COMPORTAMENTO QUE OBSERVAMOS, OU OU, EM OUTRAS
SEJA, PELOS CORPOS CELESTES VERIFICÁVEIS, ESSA PALAVRAS...
ESTIMATIVA SERIA BAIXA DEMAIS. SABEMOS:QUÉEVE HAVER
ALGO MAIS NO ESPAÇO PORQUE PODEMOS OBSERVAR A
FORMA COMO A MATÉRIANIVVEL é AFETADA PELA GRAVIDADE APRESENTAMOS OS
DE ALGO QUE, PARÁ. NÓS, INVISNEL ASSIM, A GALÁXIA CINCO MAIORES
DEVE TER MATÉRIA INVISIVEL CHAMA .. .tkM MATÉRIA
ELA Z-aue POSSAMOS MISTÉRIOS AINDA
OBSERVAR''' NÃO EXPLICADOS DA
GALÁXIA!

DE QUALQUER MODO,
QUANTO MAIS PESQUISAS
FAZEMOS, MAIS MISTÉRIOS
ENCONTRAMOS. ESSA é A
BELEZA DA ASTRONOMIA -
E TAMBÉM O QUE A TORNA
TÃO FASCINANTE.

O QUE HÁ NO MEIO DA GALÁXIA? 107


CINCO MAIORES MI5TéR105 DA GALÁXIA AINDA NÃO
eXPLICAD051
Astrônomos e astrofísicos ainda estão explorando nosso sistema solar e nossa galáxia.

QUAL O FORMATO DA GALÁXIA e como ELA se FORMOU?


Antes, a Via Láctea era considerada uma galáxia espiral. Entretanto, astrônomos americanos
analisaram dados observacionais obtidos com o Spitzer Space Telescope, lançado pela Nasa em
2003, e concluíram que uma estrutura em barra de aproximadamente 27.000 anos-luz está
presente no centro da Via Láctea. Uma galáxia espiral barrada é um tipo de galáxia espiral na
qual os braços espiralados parecem ter sido movidos até o fim de uma barra de matéria estelar
e interestelar, que ocupa o centro da galáxia.
Assim, a teoria de que a Via Láctea é uma galáxia espiral barrada é atualmente dominante.
Algumas pesquisas sugerem que o formato barrado pode ser indicativo de galáxias mais
maduras; entretanto, ainda não sabemos por que ou como as galáxias espirais e espirais bar-
radas são formadas.

Galáxias elípticas

Tipos de galáxias

O QUE HÁ NO CENTRO?
Nosso sistema solar é um agregado de corpos celestes gravitacionalmente regidos pela estrela
que chamamos de Sol. Mas, então, o que há no centro da galáxia, o ponto que reuniu toda
essa matéria? A resposta ainda não é conhecida definitivamente. A enorme massa da galáxia,
que é 300 bilhões e 3 trilhões de vezes a massa do Sol, não pode ser explicada apenas com
estrelas normais, por isso a galáxia deve conter algum tipo de corpo celeste extremamente
pesado, mas pequeno, em seu centro. Atualmente, a única solução plausível é um buraco
negro.

108 CAPÍTULO Z DO SISTEMA SOLAR À VIA LÁCTEA


Um buraco negro é uma região na qual a força da gravidade é tão intensa que nem mesmo
a luz consegue escapar. Alguns cientistas afirmam que um buraco negro supermassivo está no
centro da galáxia.

COMO 5ÃO FORMADOS BURACOS NeGRO5 5UPeRMA55IVO5?


Mesmo que haja buracos negros menores, com aproximadamente a mesma massa de uma
estrela, buracos negros como o que se imagina haver no centro da galáxia teriam de ser enor-
mes, apresentando uma massa muitos milhões ou centenas de milhões de vezes a massa do
Sol. Ainda não sabemos como ou por que esses buracos negros se formam.
Acredita-se que um buraco negro de massa estelar seja formado a partir dos restos de uma
estrela. Quando ocorre uma explosão supernova de uma estrela com ao menos 20 vezes o
tamanho do Sol, o núcleo remanescente continua a ser comprimido pelo colapso gravitacional,
criando um buraco negro. Parece razoável que uma coalescência de buracos negros menores,
ou de outros corpos celestes, possa levar à criação de um buraco negro maior.
Como buracos negros de tamanho intermediário (intermediate-sized black holes, ou ISBH)
ainda não foram encontrados, cientistas não estão certos sobre como são criados. Entretanto,
podemos estar perto de uma explicação, uma vez que emissões de raio X vindas de galáxias
próximas parecem ter como origem ISBHs. Ainda assim, a existência desses ISBHs não pode
ser confirmada até que uma medição de massa tenha sido feita utilizando o efeito gravitacional
do ISBH sobre os corpos ao seu redor.

PO QUE é FEITA A GALÁXIA?


Ainda que se acredite que a massa da galáxia seja de 600 bilhões a 1 trilhão de vezes a do Sol
(com base na análise de movimento), todos os corpos celestes que podem ser observados por
telescópios e radiotelescópios combinados não correspondem a mais de 10% dessa massa. Isso
também vale para outras galáxias e grupos de galáxias, e astronOmos atualmente acreditam
que mais de 90% daquilo que forma o Universo corresponde à matéria escura, a qual não pode
ser observada por não emitir ou refletir luz.
Opiniões a respeito da estrutura da matéria escura variam das que afirmam que ela é for-
mada por neutrinos (tipo de partícula elementar), ou por algum tipo de partícula elementar
desconhecida, até aquelas que acreditam que ela é formada por buracos negros. A descoberta
da composição da matéria escura será certamente premiada com um Prêmio Nobel.
Da mesma forma, a condição atual de mais de 70% da energia que existe no Universo é des-
conhecida, e, justamente por isso, chamamos essa energia de energia escura.

O QUE ACONTECERÁ QUANDO COLIDIRMOS COM A GALÁXIA PE


ANDRÔMEDA?
Sabemos que a galáxia de Andrômeda está próxima da Via Láctea e que se aproxima de nós a
uma velocidade de 100 km por segundo. Como sua distância atual é de aproximadamente 2,52
milhões de anos-luz, se ela continuar se aproximando à velocidade atual, uma colisão deverá
ocorrer daqui a 7 ou 8 bilhões de anos. Não sabemos dizer ao certo o que acontecerá quando
isso acontecer.
Evidentemente, corpos celestiais individuais estão a uma distância considerável mesmo dentro
de uma galáxia*, e ainda que pareça improvável que estrelas cheguem a colidir, muitas previsões
foram feitas sobre o que pode acontecer. Algumas dizem que as duas galáxias se combinarão
formando uma nova e haverá enormes efeitos gravitacionais acompanhando a colisão.
* A estrela mais próxima, Proxima Centauri. está a 4,2 anos-luz da Terra.

CINCO MAIORES MISTÉRIOS DA GALÁXIA AINDA NÃO EXPLICADOS! 10q


A eALÁXIA DA VIA LÁCTEA é UMA DENTRE MUITAS GALÁXIAS
essA NÃO É
UMA FORMA
ELEGANTE DE
SENTAR!

COMO 9
ASSIM?

AI, AI! ESTOU ME


SENTINDO UM POUCO
DESAPONTADA.
BEM, SE O CENTRO DA
GALÁXIA é UM BURACO
NEGRO, NOSSOS
SONHOS E DESEJOS 5E
FORAM...

EU ESTAVA
DESEJANDO QUE
QUANDO KAeLJYA-HIME
Fose PARA 0 ESPAÇO,
Putré5am05 VIAJAR
COM ELA ATÉ O CENTRO
DO UNIVERSO.

IMAGINEI QUE LÁ SERIA MUAHAHAHA...


MAS VOCÊ DIZ QUE HÁ
COMO O CÉU — COM
UM BURACO NEGRO NO
MUITAS NUVENS E ESTRELAS
CENTRO DA GALÁXIA.
- E QUE TODOS SERIAM
AMIGOS E VIVERIAM
FELIZES.

AGORA IMAGINO
QUE SERIA MAIS COMO
UM LUGAR ONDE
fgA 1-4
ENCONTRARÍAMOS
O DEMÔNIO.

PRESTA55E;MAIS. >:<

MAS peixe-me
REPETIR: O CENTRO
DA GALÁXIA NÃO
É O CENTRO DO
UNIVERSO!
ESPERE, ENTÃO HÁ
MAIS NO UNIVERSO
DO QUE NOSSA
GALÁXIA?

110 CAPÍTULO 2 DO SISTEMA SOLAR À VIA LÁCTEA


SIM, HÁ MUITO MAIS...
O UNIVERSO CONTAM
VÁRIAS GALÁXIAS.

MUITOS GRUPOS DE
ESTRELAS ESTÃO
REUNIDOS EM
GALÁXIAS, AS QUAIS
FORMAM GRUPOS
DE GALÁXIAS, QUE,
POR SUA vez, ESTÃO
REUNIDOS em
AGLOMERADOS e
suPeRAGLOMeRAPOS
DE GALÁXIAS.

QUER DIZER QUE


MESMO QUE A GENTE
DERROTE O ÚLTIMO
CHEFE, TEREMOS QUE
ENFRENTAR OUTRO AINDA
MAIS FORTE?

QUEM é O INIMIGO
FINAL? TRAGA-0
AQUI!

PAREM DE BRINCAR!
PRESTEM ATENÇÃO!

ESTOU FALANDO DD UNIVERSO!


HUMPFIvocê ESTÁ
FALANDO DO vamo E
DA KAOUYA-HIME INDO
PARA 0 ESPAÇO... 1550
Ê 56 UMA BESTEIRA
QUEvocê INVENTOU!
E5TAM05-----\\
IMAGINANDO UMA
HISTÓRIA! PODEMOS
DIZER O QUE
QUI5ERM051

ENQUANTO 1550,
VOCÊ 56 QUER se
MOSTRAR!

Ne%e RITMO
PARECE QUE NUNCA VAMOS

NÃO ESTÃOse CONSEGUIR


TERMINAR O
OUVINDO. ROTEIRO.

CHOMP
CHOMP
EOZRINDO
ESTOU PENSANDO _ DOCEMENTE
NO ROTEIRO AGORA, SERÁ QUE voc€5
ESTÁ BEM? Porem FAZER MINHA NOSSA!
MENOS BARULHO? ELA SORRIU!

MA5 COM TODO


ESSE BARULHO,
NÃO CON5160 ME
CONCENTRAR, ESTÁ
SEM?

DÁ ME5MO!
DÁ MEDO QUANDO
YAMANE FICA BRAVA! QUANDO YAMANe
TEM BLOQUEIO
CRIATIVO, NINGUéM
ESTÁ A SALVO!

A GALÁXIA DA VIA LÁCTEA é UMA DENTRE MUITAS GALÁXIAS 113


eNTÃO, O Que MAIS'
VOCÊ TEM A DIZER
SOBRE O UNIVER50...

IRMÃOZINHO
QUERIDO?

HUM... aem, o
UNIVERSO é
ESTRUTURADO COMO
UM TIPO DE REDE. MA5 1550 é
PRATICAMENTE TUDO
QUE 5E1. -regemo
Que FALAR COM
MEU PROFE55OR
NOVAMENTE.

vocÊ
GLÓRIA? QUER DIZER
PROFE55OR
você 5ANIJKI?
RECEBEU UMA
MEN5A0eM?
é SANUKI e
NÃO TANUKli

N.T.: tanuki. na mitologia japonesa, é uma espécie de raposa místi-


114 CAPÍTULO 2 DO SISTEMA SOLAR À VIA LÁCTEA ca, travessa e alegre, mestre no disfarce e na troca de formas.
BEM, COMO NÃO
ESTAMOS CONSEGUINDO
MUITO PROGRESSO,
PERGUNTEI SE ELE
PODERIA NO5 DAR OUTRA Tërer'o maior prazer
AULA.
a
ca'rn
k.''h'càmpo Veenffutebol da
a')(p.l d
universidade amanha,
e peça à Srta. Kanna
e à Glória que vistam
roupas adequadas para
uma partida de futebo
l:
Prof. Sanuki.

QUE LEGAI.!
EU 50U ÓTIMA EM FUTEBOL!

MAS... ALOUéM
VAI TER Que
JÁ FUI CONHECIDA COMO
1NTerzrzomPeR
O RONALDINHO CAUCHO DA dimeemew
YAMANE1
ESCOLA KOUKI!
"`°~"
"fflonall 016
- Leeler~
AI!
DEU CABRA!

A GALÁXIA DA VIA LÁCTEA é UMA DENTRE MUITAS GALÁXIAS 115


O UNIVERSO ESTÁ CONTINUAMENTE 5E EXPANDINDO
Quer acreditassem na teoria geocêntrica ou na teoria heliocêntrica, as pessoas do século XVI
pensavam que o Universo era formado apenas pela Terra, a Lua, o Sol, os planetas do sistema
solar e muitas outras estrelas. Os únicos corpos com movimentos independentes no céu eram
os planetas — as pessoas pensavam que as outras estrelas estavam afixadas à esfera celeste,
como luzes presas a uma parede de fundo, formando várias constelações.
Entretanto, Galileu Galilei sentiu que havia problemas com essa visão do Universo. Em
1609, utilizando um telescópio que construiu para observar o céu todas as noites, Galileu des-
cobriu que a Via Láctea era um agregado incontável de estrelas.
Antes de existirem telescópios, as pes-
soas acreditavam que a Via Láctea era uma
nuvem, ou algo que fluía pela esfera celeste.
O antigo filósofo grego Demócrito (que viveu
aproximadamente de 460 a.C. a 370 a.C.)
defendeu a teoria de que a Via Láctea era
uma coleção de estrelas distantes. Ainda
que não esteja claro se ele chegou a essa
conclusão como resultado de um pensa-
mento lógico ou simplesmente tinha uma
visão fantástica, podemos imaginar qual foi
seu raciocínio: se a Via Láctea fosse como
uma nuvem ou rio gasoso, sua posição ou
forma variariam com o passar do tempo.
Entretanto, desde que passara a ser obser-
vado, o estado da Via Láctea não se alterara,
assim como as constelações. Portanto, seria
natural acreditar que ela também fosse um
agrupamento de estrelas.
Evidentemente, fazer uma inferência
não é o mesmo que provar uma teoria A Via Láctea
científica, mas Galileu finalmente foi capaz
de observar que isso era verdade, aproxi-
madamente 1.200 anos depois de Demócrito.

POR QUE PODEMOS ENXERGAR A VIA LÁCTEA?


Se presumirmos que a Via Láctea é um agregado de muitas estrelas, então o próximo passo
obrigatório para os cientistas deve ser determinar sua estrutura. Tanto Galileu quanto Kepler
devem ter tido trabalho demais defendendo a teoria heliocêntrica para se preocupar com isso
ou simplesmente nunca pensaram muito sobre isso. Por isso, que tal nós mesmos refletirmos
um pouco sobre o assunto? Este é, evidentemente, um experimento que não requer nenhum
conhecimento prévio.
Veja o que sabemos: ainda que a Via Láctea seja uma coleção de estrelas, as estrelas
individuais que a compõem não brilham com luminosidade suficiente para que possamos
enxergá-las individualmente a olho nu. Por isso, a Via Láctea é como uma nuvem para nós.
Isso significa que suas estrelas ou são menores, ou estão mais distantes, do que as outras
estrelas que podemos ver da Terra.

116 CAPÍTULO Z DO 6161-EMA SOLAR À VIA LÁCTEA


Valendo-nos de bom senso, a teoria de que estrelas pequenas estão reunidas em uni local
específico parece improvável. É difícil explicar logicamente porque estrelas de certo tamanho
estariam reunidas em uma faixa única, ocupando determinado local.
Dessa forma, devemos provavelmente considerar a teoria de que as estrelas que formam a
Via Láctea estão mais distantes da Terra do que as outras. A partir desse ponto, seremos capa-
zes de formular algumas ideias explicando como seria a estrutura da Via Láctea.
De início, podemos pensar no sistema solar como uma esfera dentro de um esfera maior de
estrelas. A galáxia da Via Láctea cercaria essa esfera de estrelas próxima de nosso Sol.

Esfera de estrelas fixas

Via Láctea

Modelo falho da estrutura da Via Láctea tendo como base apenas aquilo que vemos da Terra

UM MODELO OALÁTICO EM FORMA DE DISCO é O MODELO MAIS


FÁCIL DE 5E COMPREENDER
Certamente havia pessoas que acreditavam nesse tipo de modelo do Universo, mesmo durante
o tempo de Galileu. Ainda assim, se fizermos uma análise mais cuidadosa, um modelo ainda
melhor poderá ser formulado.
0 principal defeito deste modelo é que a esfera de estrelas e a Via Láctea estão separadas.
Fica difícil explicar por que isso ocorre.
O que acontecerá se tentarmos juntar esses dois tipos de estrelas? Se reunirmos a esfera
de estrelas à Via Láctea, criando uma estrutura em forma de disco, um fluxo de estrelas, na
forma de um cinturão, deve se tornar visível na esfera celeste — ou seja, teremos exatamente o
modelo atual da galáxia.
Ainda que a estrutura da galáxia mostrada na figura a seguir tenha se tornado mais evi-
dente nos séculos XIX e XX — cerca de 200 anos depois de Galileu parece que, mesmo antes
disso, já havia pessoas que acreditavam que o Universo tinha a forma de um disco.
Veja outras hipóteses que podemos considerar:

• Como a Terra e o sistema solar estão girando, talvez o Universo também esteja.
• Se a matéria se espalha ao girar, é provável que o Universo adquira a forma de um
disco.

O UNIVERSO ESTA CONTINUAMENTE SE EXPANDINDO 117


Essa segunda hipótese é, na prática, mais fácil de ser compreendida, além de muito razoável
— estamos falando essencialmente do mesmo fenômeno que vemos quando alguém arremessa
um disco de massa de pizza girando no ar.

Diâmetro de aproximadamente 100.000 anos-luz

Bojo
Espessura de aproximadamente
15.000 anos-luz
AJ

Posição do Sol ?")

Comprimento de aproximadamente Disco galáctico


28.000 anos-luz
Núcleo central da Via Láctea

Modelo atualmente aceito da galáxia

RESULTADOS DE OBSERVAÇÃO CIENTÍFICA COMPROVAM UM


UNIVERSO EM FORMA De DISCO
Até agora, estivemos supondo a estrutura do Universo com base nas crenças de indivíduos dos
séculos XVII a XIX. Entretanto, uma pessoa que procurou elucidar a forma da galáxia utilizando
resultados verdadeiramente observacionais foi o astrônomo alemão Frederick William Herschel
(1738-1.822).
Seu método é extremamente fácil de se entender. Partindo do céu que podia ser observado,
ele selecionou áreas específicas, chamadas por ele de "blocos", cada uma com uma seção do céu
igual à área de aproximadamente 1/4 da Lua. Ele utilizou um telescópio para contar o número de
estrelas em 683 "blocos", em vários locais no céu noturno. Ainda que isso corresponda a apenas
0,1% da área total do céu, essa técnica é considerada estatisticamente confiável.
O número de estrelas que seres humanos são capazes de enxergar à noite sem utilizar
nenhum instrumento depende de muitos fatores — de sua posição no planeta, da estação do
ano, da proximidade de cidades, da presença da Lua, da poluição do ar e de muitos outros.
Estrelas são medidas naquilo que chamamos de escala de magnitude. Estrelas muito opacas
têm magnitudes altas (as estrelas mais opacas têm magnitude 20), enquanto estrelas muito
brilhantes têm magnitudes muito baixas (a magnitude -26 corresponde à estrela mais lumi-
nosa que podemos enxergar, nosso Sol).
Seres humanos não podem enxergar estrelas de magnitude maior que 6. O número total
de estrelas de magnitude 6 ou menos é aproximadamente 8.600. Mas isso é para o planeta
inteiro! Se você estiver em Nova York, não poderá ver as estrelas do céu do Japão! Assim, o
céu noturno habitual para Kanna, Yamane e Glória (ou para você e seus amigos) parece ter
aproximadamente 2.000 estrelas visíveis a olho nu. Entretanto, sabemos que Herschel uti-
lizava telescópios projetados por ele mesmo. Com telescópios, podemos enxergar estrelas
muito menos brilhantes do que as de magnitude 6. Ainda que não restem registros do número
total de estrelas que Herschel contou, ele certamente ultrapassou 10.000. Isso significa uma
quantidade enorme de trabalho.

118 CAPÍTULO 2 PO 515TINA SOLAR À VIA LÁCTEA


Quando olhamos a Via Láctea, vemos que as estrelas do Universo parecem ter criado um
aglomerado com algum tipo de estrutura. Herschel fez um esforço sobre-humano na contagem
de estrelas para tentar identificar essa estrutura de nossa galáxia.
Na maioria dos casos, o conteúdo dos aglomerados no mundo natural encontra-se espa-
lhado de forma homogênea. Assim, Herschel presumiu que as estrelas também existiriam de
forma uniforme apresentando praticamente a mesma densidade em todo o aglomerado.
Supondo, também, que todas as estrelas tinham a mesma luminosidade e estavam espa-
lhadas por igual na galáxia, Herschel postulou que quanto mais estrelas ele contasse em
determinado bloco do espaço, mais distante elas estariam.
Pense nisso desta forma: Van Gogh utilizou muitos pontos pequeninos para pintar seu
famoso autorretrato. Se você se aproximar bastante da pintura e analisar apenas um centíme-
tro quadrado de sua superfície, será capaz de ver somente alguns pontos. Por outro lado, ao se
afastar e analisar novamente um centímetro quadrado da pintura, você deverá enxergar mais
pontos. Na realidade, a essa distância, será difícil distinguir os pontos separados. Assim, para
Herschel, quanto mais estrelas existirem em uma região delimitada, mas distantes elas estarão.
Depois desse enorme esforço, Herschel criou o modelo do Universo mostrado a seguir.

Modelo do Universo criado por Herschel

Na prática, como partes do céu ocultas por nuvens de poeira não puderam ser verificadas
a olho nu, o formato descoberto por Herschel foi um tanto esquisito. Ele acabou por estimar
que o tamanho da galáxia era pequeno — menos de 1/10 do tamanho da galáxia atual —, mas
concluiu que a galáxia tinha a forma de um disco. Seus resultados certamente contribuíram
significativamente para o desenvolvimento da cosmologia.

UMA IDEIA DE KANT AMPLIOU INSTANTANEAMENTE O UNIVERSO


Que eNXeRGAMO5
O formato da galáxia passou a ser vagamente compreendido como resultado dos esforços
de Herschel. Entretanto, uma vez que ele acreditava, sem fundamentos, que o sistema solar
estava no centro da galáxia e pensava que as estrelas observáveis a partir da Terra (que agora
sabemos que estão em nossa galáxia) compunham o Universo inteiro, foi incapaz de considerar
um Universo mais extenso. Ainda assim, como esse era o paradigma aceito por astrônomos de
sua época, Herschel não deve arcar com toda a culpa sozinho.
Entretanto, ao mesmo tempo, alguém se aproximou da verdade do Universo a partir de um
ponto de vista completamente diferente. Estamos falando do renomado filósofo alemão Imma-
nuel Kant (1728-1804).

O UNIVERSO ESTÁ CONTINUAMENTE SE EXPANDINDO 11q


Kant provocou uma revolução na epistemologia ao refutar a asserção existente dos empi-
ristas de sua época — a de que todos os conhecimentos e conceitos obtidos pela humanidade
tinham por origem a experiência. Kant afirmou que conteúdos cognitivos fornecidos pela expe-
riência eram processados intelectualmente, permitindo que as pessoas continuassem a obter
mais conhecimento ou novos conceitos (isso pode ser considerado uma síntese do racionalismo
e do empirismo).
Kant também voltou sua atenção ao Universo. Ciente do modelo em forma de disco da
galáxia, ele escreveu que o motivo de sistemas como a galáxia da Via Láctea serem visíveis se
dava em razão de as estrelas muitas vezes estavam organizadas em um padrão com forma de
lente. Da mesma forma, Herschel pode ter lido sobre isso e passado a contar estrelas como
uma forma de provar cientificamente a ideia de Kant, mas não sabemos ao certo.
A maior percepção de Kant relacionada ao entendimento do Universo é sua hipótese de que
o Universo como um todo contém "Universos-ilhas", que são sistemas (ou coleções) de estrelas
como as muitas ilhas que temos nos oceanos. As estrelas que a humanidade havia observado
até então eram apenas uma ilha no Universo, chamada de Via Láctea. Kant sugeriu que tam-
bém existiriam incontáveis outros Universos-ilhas semelhantes, os quais, reunidos, deveriam
compor o Universo como um todo.
Na segunda metade do século XVIII, quando Kant estava ativo, muitos outros corpos celestes
não estelares tornaram-se conhecidos em razão dos avanços nas tecnologias de observação. A
esses corpos foi dado o nome de nebulosas, por brilharem fracamente como nuvens.
Por exemplo, a "Grande Nebulosa de Andrômeda" e as Nuvens de Magalhães, classificadas
hoje como galáxias, existem em registros antigos, uma vez que poderiam ser vistas a olho nu.
Entretanto, pouco depois de os telescópios se tomarem disponíveis, tornou-se aparente que esses
objetos, considerados nuvens cósmicas, eram, na realidade, incontáveis agrupamentos de estrelas.
Se a Via Láctea é considerada uma coleção de estrelas, e a estrutura galáctica é explicada
nesses termos, então uma nebulosa também deve ser provavelmente um aglomerado de
estrelas. A teoria de Kant foi muito perspicaz*.

COMO EVOLUIU A TECNOLOGIA DE 0135ERVAÇÃO PO UNIVER50?


A concepção do Universo tida pela humanidade foi se alterando e desenvolvendo com o passar
do tempo, tendo por base a ciência observacional, assim como raciocínios lógicos. Os resultados
da astronomia obtidos durante os séculos XIX e XX, depois de Herschel, serão apresentados no
capítulo 3. Esta seção serve para fornecer uma rápida visão geral da tecnologia que utilizamos
hoje para obter novos dados observacionais.
Antes, mencionamos que telescópios foram inventados no início do século XVII e o próprio
Galileu construiu um para si, com o qual fez muitas descobertas. Incrivelmente, considerando-
se a simplicidade desses primeiros instrumentos, Galileu foi capaz de observar algumas das
estrelas de menor brilho que compõem a galáxia da Via Láctea e, com isso, provar a teoria de
Demócrito de que a Via Láctea era um agregado de estrelas. Em 1.612, o astrônomo alemão
Simon Marius observou a galáxia de Andrômeda (naquele tempo, a "Grande Nebulosa de
Andrômeda"), que aparece próxima da Via Láctea no céu noturno, mas ainda não foi capaz de
reconhecer que ela era formada por um agregado de estrelas. Caso o astrônomo tivesse des-
coberto que Andrômeda era semelhante à Via Láctea, a estrutura do Universo poderia ter se
tornado mais clara muito antes.

* Entretanto. não devemos nos esquecer de que Kant expandiu ideias já encontradas no livro An Original Theory or New
Hypothesis of the Universe (1750), de Thomas Wright Em seu trabalho, que precede a hipótese de Kant Wright propõe
que estamos imersos em uma "camada achatada de estrelas".

120 CAPÍTULO Z DO SISTEMA SOLAR À VIA LÁCTEA


Kepler, que viveu na mesma época de Galileu, inventou e utilizou uni tipo levemente dife-
rente de telescópio. O telescópio de Galileu produzia uma imagem vertical, mas ampliá-la
era algo complicado. Por outro lado, o telescópio de Kepler tinha a vantagem de, ainda que
produzindo uma imagem invertida (ou seja, de cabeça para baixo), permitir que a área do céu
observável pelo telescópio em uni dado momento, seu campo de visão, não se limitasse tanto,
mesmo quando eram utilizadas lentes com aumentos mais significativos. Dessa forma, o teles-
cópio de Kepler tornou-se o tipo preferido para observação do céu, enquanto o telescópio de
Galileu foi considerado mais adequado para visualização de objetos terrestres.

Ocular
Lente objetiva

Tipo de Galileu

»- Ocular
Lente objetiva

Tipo de Kepler

Dois tipos de telescópios

Entretanto, independentemente do tipo de telescópio, uma vez que uma lente muito grande
não poderia ser criada com a tecnologia da época, a resolução dos instrumentos era limitada.
A resolução, que é a capacidade do telescópio de distinguir dois pontos, é uma das caracterís-
ticas de desempenho mais importantes em um telescópio astronômico. A resolução pode ser
aumentada, ampliando-se a abertura do telescópio, ou seja, aumentando-se o diâmetro da
abertura de sua lente objetiva (aquela que recebe a luz incidente), permitindo que ela receba
mais luz. Entretanto, a menos que a lente seja criada com especificações extremamente pre-
cisas, é inútil ampliar a abertura de um telescópio. Isso ocorre porque lentes, especialmente
aquelas muito grossas, separam cores como um prisma. Na tentativa de evitar esse efeito,
astrônomos dos séculos XVII e XVIII desenvolveram telescópios extremamente longos, alguns
com até 60 metros, que demandavam estruturas enormes de sustentação.
Dessa forma, um espelho é uma boa alternativa em lugar de uma lente. Telescópios que
utilizam uni espelho para coletar a luz, em vez de uma grande lente objetiva, são conhecidos
como telescópios newtonianos. O primeiro telescópio newtoniano foi inventado em 1688, e
ainda que muitas melhorias tenham sido feitas a partir disso, seu conceito básico continua
sendo utilizado hoje em telescópios astronômicos (ópticos).

O UNIVERSO ESTÁ CONTINUAMENTE SE EXPANDINDO 121


Espelho côncavo
Lente
convexa

Telescópio newtoniano

rei-e9cóm09 FAM0505
A seguir, listamos alguns telescópios famosos que ajudaram cientistas em importantes desco-
bertas sobre o Universo.

Telescópio Hooker de 2,54 m instalado no Observatório Monte Wilson


Esse telescópio foi utilizado por Edwin Hubble (que será apresentado no capítulo 3) em sua
maior descoberta, agora conhecida como lei de Hubble, relacionada ao enigma das galáxias
e nascimento do universo. Concluído em 1917, este foi o maior telescópio do mundo por
aproximadamente 30 anos.

Telescópio Hale de 5,08 m instalado no Observatório Monte Palomar


Quando concluído em 1948, o telescópio Hale roubou o título de "maior telescópio do
mundo" do observatório Monte Wilson e manteve esse título por 27 anos. Seu alto
desempenho auxiliou astrônomos do século XX a descobrir mais de 100 asteroides.

Telescópio espacial Hubble


Lançado pelo ônibus espacial Discovery em 1990, esse telescópio-satélite construído
pelo homem orbita a Terra a uma altitude de 600 km. Ainda que sua abertura de quase
2,4 metros seja menos da metade daquela encontrada no telescópio do Observatório
Monte Palomar, como não é afetado pela atmosfera ou pelas condições do tempo, o
telescópio Hubble é capaz de observações astronômicas de alta precisão e segue realizando
importantes descobertas, como a prova da existência de planetas fora de nosso sistema
solar e o esclarecimento da natureza da matéria escura.

Telescópio Subaru do Observatório Astronômico Nacional do Japão localizado no Havaí


Este é o maior telescópio infravermelho do mundo. Ele foi concluído pelo Observatório
Astronômico Nacional do Japão em 1999, e o diâmetro de seu espelho refletor principal é
de 8,2 m!

Quando um espelho tem esse tamanho, geralmente acaba distorcido por seu próprio peso.
Entretanto, a tecnologia para correção dessa distorção foi aprimorada pela Mitsubishi Electric
Corporation, permitindo que este telescópio se tornasse totalmente funcional. O telescópio
Subaru continua a produzir resultados magníficos, como a descoberta de um aglomerado de
galáxias extremamente distante, a quase 12,88 bilhões de anos-luz da Terra.

1ZZ CAPÍTULO Z DO SISTEMA SOLAR À VIA LÁGTeA


Telescópio espacial Hubble (crédito: Nasa)

Galaxy 10K-1 Suprime-Cem (NE3973. R, B)


Septernber 13 2006
Suba. Tetescope, ~nal AstronomIcal Observatory o! Jap.
Cop,01192C+16 flaucnal Aatanwit4,1 Obtervatory o! Jap.,' A I reghts wsevea

Uma galáxia a 12,88 bilhões de anos-luz do Terra

O UNIVERSO ESTÁ CONTINUAMENTE SE EXPANDINDO 123


O QUE UM RAPIOTeLESCÓPIO pope OBSERVAR?
Um radiotelescópio é outro tipo de ferramenta de observação astronômica. Mas que tipo de
informações ele pode nos fornecer?
Ondas de rádio são ondas eletromagnéticas, como raios de luz ou raios infravermelhos.
Entretanto, como o comprimento das ondas de rádio é muito longo, obstáculos em seu cami-
nho não provocam grandes obstruções. É por isso que você pode utilizar telefones celulares em
ambientes fechados, enquanto a luz externa é obstruída pelas paredes.
O espaço contém muitos tipos de matéria interestelar, e uma vez que parte dela consiste
em corpos celestes que absorvem a luz, como nebulosas escuras, é impossível utilizar um
telescópio óptico para observar o que existe nesses locais. Portanto, ondas de rádio são utiliza-
das nesses casos.
Radiotelescópios desenvolvidos em meados do século XX permitiram grandes avanços na
astronomia. Como exemplo, um resultado de importância histórica obtido dessa forma é a des-
coberta de possíveis evidências do Big Bang (isso será explicado no capítulo 3).
Um radio-observatório famoso nos Estados Unidos é o Very Large Array (VLA), localizado
próximo da cidade de Socorro, na região sul do Novo México. Concluído em 1980, ele consiste
em 27 radiotelescópios, cada um com diâmetro de 25 metros. Os telescópios estão presos a
trilhos e podem ser reposicionados ou reorganizados para atuar como uma única antena com
diâmetro máximo de 36 km. Astrônomos utilizam o VLA para estudar objetos como estrelas
que emitem ondas de rádio, buracos negros e restos de supernovas. Observações feitas pelo
VLA foram utilizadas para descobrir água em Mercúrio e a existência de microquasares na
galáxia da Via Láctea.

Very Large Array no Novo México (crédito: Nasa)

124 CAPÍTULO 2 DO SISTEMA SOLAR À VIA LÁCTEA


OUTRA FORMA PE MEDIRMOS 0 TAMANHO PO UNIVERSO:
UM TRUQUE In TRIANGULAÇÃO
A distância da Terra à Lua pode ser calculada utilizando urna linha-base entre dois pontos na
Terra e empregando triangulação (ver páginas 68 e 69). Entretanto, esse método não pode ser
utilizado para calcular a distância até o Sol, em razão de ser uma distância enorme. A distância
média para o Sol é de cerca de 150 milhões de km, o que é aproximadamente 12 mil vezes o
diâmetro da Terra. Um pequeno erro de medição terá efeito significativo, e o comprimento da
base que pode ser medida na Terra é limitado. Para calcular a distância até o Sol, teríamos de
tomar um ponto na Terra e outro em algum lugar fora de nosso planeta, para que pudéssemos
criar a base do triângulo.
Por sorte, podemos utilizar a distância até a Lua, que nós descobrimos por triangulação a
partir de urna base na Terra, como base para triangulação da distância até o Sol. Se estivésse-
mos na Grécia Antiga, Aristarco nos ajudaria aqui, uma vez que ele já nos disse que o ângulo
Lua-Terra-Sol é de 87°. Mas não estamos na Grécia Antiga.
Como o ângulo criado pela Lua e pelo Sol foi incorretamente medido como 87°, de acordo
com a tecnologia de observação disponível em seu tempo, Aristarco concluiu que a distância
até o Sol era aproximadamente 20 vezes maior do que a distância à Lua. Com auxílio da tec-
nologia atual, agora sabemos que ela é aproximadamente 390 vezes maior. Mesmo assim, o
método imaginado por Aristarco há mais de 2.300 anos é realmente notável.

Lua

Raio equatorial da Terra:


6.378 km
Sol

Distância média entre a Terra e o Sol: 150 milhões de km


Terra

Método para cálculo da distância entre a Terra e o Sol

OUTRA FORMA PE MEDIRMOS O TAMANHO PO UNIVERSO: UM TRUQUE PE TRIANGULAÇÃO 125


COM A TRIANGULAÇÃO PODEM05 DESCOBRIR A DISTÂNCIA DE
e5TRELA5 PARA ALÉM DO SISTEMA 50LAR
Utilizar a Lua como base é uma das formas de empregarmos o método de Aristarco no cálculo
de distâncias consideráveis no espaço. Mas há um método ainda melhor, que utiliza o raio de
revolução da Terra.
É desnecessário dizer que a Terra gira ao redor do Sol uma vez por ano. Assim, se obser-
varmos um corpo celeste fora de nosso sistema solar em determinado momento, e depois
novamente após seis meses, poderemos ver o quanto a posição da estrela mudou comparada
ás estrelas que as cercam. Como a medição da alteração na posição nos fornece a alteração do
ângulo de inclinação necessário para observar essa estrela da Terra, podemos utilizar esse valor
para determinar a distância do corpo celeste.

Alterações aparentes de posição

Estrela

Paralaxe anual

Terra (verão) Sof Terra (inverno)


Raio de revolução
(1 UA)

Triangulação utilizando o raio de revolução da Terra

Aliás, a metade da diferença desses ângulos é chamada de paralaxe anual, e a distância de


um corpo celeste para o qual essa paralaxe é de 1 arco-segundo (que é 1/3.600 de um grau)
é uma unidade conhecida como parsec (abreviação de paralaxe por um arco-segundo). A seguir,
você pode ver como essa unidade está relacionada a outras unidades de distância.
1 pc (parsec) = aproximadamente 3,26 anos-luz = aproximadamente 206.265 UA = aproxi-
madamente 3.08568 X 1016 m = aproximadamente 31 trilhões de km.
Para corpos celestes que podem ser observados da Terra com esse método, a paralaxe
máxima é de aproximadamente 0,033 arco-segundo (aproximadamente 1/100.000 de um
grau), e a distância máxima é de aproximadamente 30 parsecs, ou 100 anos-luz. Em 1989, a
Agência Espacial Europeia lançou o Hipparcos High Precision Parallax Collecting Satellite (Saté-
lite de Coleta de Paralaxe de Alta Precisão Hipparcos), um satélite capaz de medir com precisão
a distância de estrelas que se encontram a 500 a 1.000 anos-luz da Terra, com margem razo-
ável de erro.

126 CAPITULO 2 DO SISTEMA SOLAR À VIA LÁCTEA


QUÃO GRANDE. é O 515TeMA SOLAR?
Ainda que Plutão tenha sido removido da categoria de planeta em 2006, isso não alterou o fato
de que é um dos corpos celestes que formam o sistema solar. Então, qual a real extensão de
nosso sistema e seu tamanho verdadeiro?
Primeiramente, a distância (semieixo maior) até o planeta mais externo (que é Netuno), em
termos de unidades astronômicas é de aproximadamente 30 UA. Para além disso, no intervalo
de 30 a 1.00 UA, temos o Cinturão de Kuiper, onde encontramos muitos cometas que orbitam o
Sol. Diferentemente de asteroides, esses objetos do Cinturão de Kuiper (Kuiper Belt objects, ou
KBOs) consistem principalmente tipos distintos de substâncias congeladas, como água, metano
e amônia. Acredita-se que o cinturão de Kuiper contenha mais de 70 em mil objetos com um
diâmetro de ao menos 50 km, e Plutão também é considerado parte dele.
Além disso, acredita-se haver um grupo de corpos celestes composto de gelo e rochas em
uma área contígua ainda mais distante do que o Cinturão de Kuiper. A essa formação damos o
nome de Nuvem de Oort, e ela se encontra a distâncias de 50 a até 100.000 UA do Sol! Isso
representa aproximadamente 3.300 vezes o raio orbital de Netuno.
Em termos gerais, podemos dizer que o sistema solar se estende até a Nuvem de Oort,
fronteira gravitacional do Sol (limite máximo até o qual corpos celestes são afetados pela gravi-
dade do Sol). O raio dessa região é de aproximadamente 1,6 ano-luz, por isso seria necessário
esse intervalo de tempo para escaparmos do sistema solar caso nossa espaçonave estivesse
viajando à velocidade da luz — e mais ainda se estivéssemos viajando a velocidades menores.

Os efeitos gravitacionais do Sol se estendem 3300 vezes a distância do


planeta mais distante!

QUÃO GRANDE é O SISTEMA SOLAR? 1Z7


GALÁXIA 5ÃO ILHAS DE LUZ
NO VAZIO 20 ESPAÇO

MOSTRA PRA
eLes, KANNA!

}, FUGA

ELE ME PEDIU PARA FILMAR


es,a PARTIDA DE FUTEBOL,
PARA PODER EXPLICAR A
TEORIA DO BIG BANO, MAS...

NUNCA O VI TÃO
EMPOLGADO
COM esPORTe5... POR QUE ESTOU
FILMANDO UMA PARTIDA )
NTR A eauipe PE FUTEBC
EE
130 CAPÍTULO 3
DA NO55A UNIVERSIDADE E
05 AMI005 DA KANNA?
GLÓRIA!
TUMP

14)

BOA CARAMBA!
JOGADA! DEMO5 UMA
GLÓRIA!!
CHANCE
PORQUE ELAS
55,0 GAROTAS.

Que FOI
1550?
O TIME VENCEDOR
APRENDE UMA LiçÃo

PROFE550Ri )
VOCÊ A5515TIU
ESTAMOS AO NO550
INDO PARA O
VESTIÁRIO! J000?

A5515T1 51M! E
PUDE COLETAR
ÓTIMOS DADOS
GRAÇAS A
VOCÊS DUAS.

ME5MO Guie 1550


TENHA CUSTADO
MAS CONTINUO 5EM A:is eu LHES
ENTENDER QUAL EXPLICAREI
O ORGULHO DA A RELAÇÃO DAS 1550 AGORA.
EQUIPE DE NOSSA -rima DE TIME DE
UNIVERSIDADE... GALÁXIA5 COM O
krre1301, KANNA
FUTEBOL!
0-3
CLICK
...........

50M05 O TIME VENCEDOR APRENDE UMA LIÇÃO 133


IMPRe5TÁVE15
OLHEM PARA ISSO!

r - ESTE DIAGRAMA
MOSTRA O
MOVIMENTO 1205
JOGADORES 'COMO você' ESTÁ com
NA PARTIDA DE A BOLA, OS JOGADORES
FUTEBOL. DO TIME ADVERSÁRIO
ESTÃO SE REUNINDO À
SUA VOLTA.

KANNA

FOI QUANDO EU PASSEI GLÓRIA


A BOLA PARA A GLÓRIA! PORQUE EU ESTAVA
CORRENDO EM
DIREÇÃO AO GOL,
DO OUTRO LADO DO
CAMPO.

MUITO BEM,
VAMOS
ACOMPANHAR A
MOVIMENTAÇÃO
DE GLÓRIA.

134 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BICO BANO


ASSIM QUE ELA
RECEBEU O PASSE, 05
OUTROS JOGADORES GOOOOL!
COMEÇARAM A
CERCÁ-LA. E...
TALVEZ VOCÊS
DUAS veve-9em
ti SER AS TÉCNICAS
DA EQUIPE DE
FUTEBOL!
o

-40

SERÁ QUE AGORA


PODEMOS FALAR
AGH! DE GALÁXIA5?
PROFESSOR...?

VOCÊ AINDA
ESTÁ FALANDO
EM FUTEBOL!

SIM, CLARO. EM UMA PARTIDA DE


FALAREMOS
AGORA DE FUTEBOL, OS JOGADORES
NO550 ASSUNTO SE REMEM AO REDOR DA
PRINCIPAL. BOLA, OU NO PONTO PARA
O QUAL ELA ceve IR.

VOCÊ CONTINUA
COM BLOQUEIO
CRIATIVO, Né?

O TIME VENCE. dã''A1 tEf ElMA LIÇÃO 135


O GRUPO DE KANNA, QUE
CONTROLAVA A PARTIDA,
E os JOGADORES
AGRUPADOS AO seu
REDOR SAO UMA
GALÁXIA, CERTO?

POR QUE NÃO


EXPLICO UM POUCO
MAIS SOBRE
GALÁXIAS?

ESTRELAS E
OUTROS CORPOS
CELESTIAIS NÃO
ESTÃO DISTRIBUÍDOS
UNIFORMEMENTE PELO
UNIVERSO.

TEMOS DE MUITOS
BILI-IbES A DEZENAS DE
BILHães DE ESTREIAS
CORPOS INTERaSTeLAR?S
REUNIDOS CRIANDO
GALÁXIAS.

„eMffrnfn"
: '

UMA DELAS é NOSSA


PRÓPRIA VIA LÁCTEA,
CERTO?

136 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM 1310 BANO


EXATAMENTE.
GALÁXIAS JÁ FORAM
CHAMADAS DE
"UNIVERSOS-ILHAS".

POR ACASO O
GALÁXIAS FORMATO DE UMA
DIFERENTES TAMBÉM GALÁXIA ESTÁ
TÊM FORMATOS RELACIONADO À
DIFERENTES, NÃO é? FORMA COMO ELA
NASCEU?

ELES ACREDITAM QUE A MATÉRIA SE ANALISARMOS COMO


INFELIZMENTE, 05 CIENTISTAS
FORMADA DEPOIS DO Bie BANE UM JOGO DE FUTEBOL, DÁ
AINDA NA-0 ENTENDEM NA MESMA, Né? Temos os
TEVE FLUTUAÇÕES EM SUA
COMPLETAMENTE COMO AS DENSIDADE E, COM O PASSAR JOGADORES REUNIDOS EM
GALÁXIAS SÃO FORMADAS. DO TEMPO, CERTOS PONTOS 5E FORMAÇÕES DIFERENTES
TORNARAM MAIS DENSOS QUE À MEDIDA QUE O JOGO
OUTROS. FOI NESSAS ÁREAS AVANÇA.
MAIS DENSAS QUE BOLHAS DE
GÁS COMEÇARAM ASE FORMAR.
ESSAS MASSAS (IMAGINE UMA NÃO EXAGERA...
PEQUENINA GALÁXIA COM APENAS
10 ESTRELAS!) COMEÇARAM A
COLIDIR E ASE FUNDIR COM
OUTRAS BOLHAS DE GÁS, E FOI
ressA FORMA QUE SURGIRAM
AS GRANDES GALÁXIAS QUE
PODEMOS OBSERVAR HOJE.
ESSA IDEIA TAMBÉM PODE NOS
AJUDAR A COMPREENDER A
ESTRUTURA DO ESPAÇO.
SE OLHARMOS UM
CAMPO DE FUTEBOL.
BEM DE CIMA, VEREMOS
QUE AGLOMERADOS DE
JOGADORES se AGRUPAM em ISSO mesmo.
DETERMINADOS PONTOS AGORA QUE TAL
DO CAMPO. DIMINUIRMOS O
ZOOM? CLICK

CADA UM Passes
AGLOMERADOS é
COMO UMA GALÁXIA,
Né?

GOMO Temos
MUITAS ESCOLAS E CLUBES
ESPORTIVOS EM NOSSA ReaÃo,
TEMOS MUITOS CAMPOS DE
FUTEBOL. ASSIM, AGLOMERADOS
PE JOGADORES ESTÃO se
AGRUPANDO EM
TOPA A NOSSA VIZINHANÇA.

DA MESMA FORMA,
MUITAS GALÁXIAS se
REÚNEM PARA CRIAR
GRUPOS, AGLOMERADOS
E SUPERAGLOMERADOS.

138 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BICA BANO


mesmo A55IM, eM
LOCAIS ONDE 0
FUTEBOL NÃO é MUITO PA MESMA FORMA, HÁ
POPULAR, 00 TEMOS LOCAIS NO UNIVERSO
TANTO5 CAMPO5 A55IM EM QUE TEMOS MUITOS
- OU MESMO NENHUM! CORPOS CELESTES e
OUTROS NOS QUAIS
TEMOS POUCOS.

ISSO TAMBÉM
VALE PARA
OALÁXIAS, NÃO
é?

o
E5EE FATO &TÁ NASCIMENTO...
MUITO RELACIONADO
AO NASCIMENTO DO
UNiverzsoi
... 00
UNIVERSO!

PE UM JEITO OU
ve OUTRO, ste MEU UNIVERSO
TEM QUE TER C PARECE e9TAR
NA5Cl2O, Né? iN ENCOLHENDO...

COM
CERTEZA!

13q

)j
QUAL A ESTRUTURA em LARGA ESCALA DO COSMOS?
O filósofo Kant, assim corno muitos outros, afirmou que deveria haver uma estrutura hierár-
quica em maior escala no Universo, assim como os grupos hierárquicos do mundo em que
vivemos — ou seja, da mesma forma que casas formam vizinhanças, vizinhanças formam
cidades, muitas cidades formam estados, e estados, um país, assim também os corpos celes-
tes deveriam estar agrupados em padrões. No entanto, isso realmente ficou claro quando a
existência de galáxias fora de nossa própria galáxia foi verificada. Observações e pesquisas pos-
teriores também tornaram evidente que muitas galáxias se reúnem para criar um grupo, e que
estes, por sua vez, formam agregações em níveis ainda maiores de hierarquia cósmica.

Estrutura em larga escala do cosmos

515TEMA PLANETÁRIO
Um sistema planetário é um sistema como o nosso sistema solar, no qual planetas, asteroides,
satélites, cometas e outras matérias formam um sistema único orbitando ao redor de uma
estrela.

GALÁXIA
Uma galáxia é um corpo celeste formado pela atração gravitacional de muitas dezenas de
bilhões a até várias centenas de bilhões de estrelas e matéria interestelar (incluindo a matéria
escura). Uma vez que galáxias existem no espaço como ilhas no mar, elas costumavam ser
chamadas de Universos-ilhas. A galáxia da qual faz parte nosso sistema solar é chamada de
galáxia da Via Láctea.
A frase "Universo-ilha" caiu em desuso quando astrônomos perceberam que havia muitos
"Universos-ilhas" (ou seja, galáxias), além da Via Láctea.

GRUPOS PE GALÁXIAS OU AGLOMERADOS PE GALÁXIAS


Grupos ou aglomerados são muitas galáxias gravitacionalmente reunidas. Quando o número de
galáxias é menor que 50, chamamos esse conjunto de grupo de galáxias; quando o número é
maior (podendo atingir muitos milhares), chamamos a estrutura de aglomerado. Nossa galá-
xia da Via Láctea pertence ao Grupo Local, formado por 30 a 40 galáxias, incluindo a galáxia
de Andrômeda e as Nuvens de Magalhães. O aglomerado de galáxias mais próximo ao Grupo
Local é o Aglomerado de Virgem, localizado aproximadamente a 60 milhões de anos-luz. Ele é
visível na direção da constelação de Virgem e tem um diâmetro aproximado de 12 milhões de
anos-luz.

140 CAPÍTULO 3 0 UNIVERSO NASCEU COM UM SIO BANO


SUPERAGLOMeRADOS DE GALÁXIAS
Um superaglomerado é um agregado de várias centenas de grupos ou aglomerados de galá-
xias. Um superaglomerado tem diâmetro de muitas centenas de milhões de anos-luz.
Astrônomos costumavam acreditar que a existência desse tipo de estrutura significava que
as galáxias estariam distribuídas uniformemente pelo Universo. Porém, na década de 1980,
foram descobertas regiões no espaço sem galáxias observáveis. O diâmetro de cada uma des-
sas regiões era de mais de 100 milhões de anos-luz. Quando mais investigados, descobriu-se
que esses vazios estavam alinhados como bolhas, com grupos ou aglomerados de galáxias dis-
tribuídos em sua superfície.
Em 1989, Margaret Geller e John Huchra, do Centro de Astrofísica do Instituto Harvard-
Smithsonian, deram o nome de Grande Muralha a um agrupamento de galáxias, uma vez que
ele parecia uma entidade extensa e contínua, como a Grande Muralha da China. A Grande
Muralha é uma estrutura gigante de 500 milhões de anos-luz de comprimento e 200 milhões
de anos-luz de largura. Quando de sua descoberta, a Grande Muralha tornou-se a estrutura
mais extensa conhecida do Universo.
Porém, em 20 de outubro de 2003, uma nova Grande Muralha foi descoberta. Essa estru-
tura está localizada há aproximadamente a 1. bilhão de anos-luz da Terra, e tem comprimento
de 1,4 bilhão de anos-luz, que é aproximadamente três vezes a escala da descoberta anterior.
Em outras palavras, essa estrutura detém atualmente o recorde de estrutura mais extensa do
Universo conhecido.
Essas estruturas podem ser diferenciadas chamando-se a primeira, descoberta em 1989,
de Grande Muralha CfA2 e a segunda, de 2003, de Grande Muralha de Sloan.

1
Galáxias formam paredes galácticas

Ia

QUAL A ESTRUTURA EM LARGA ESCALA PO COSM05? 141


A eRANDS PE5GOESERTA ve HIJE3BLE

VOCÊ SABE
QUEM FOI el2WIN
HUE3I3LE?

ELE FOI UM ASTRÔNOMO


SIM! NORTE-AMERICANO CUJO
NOME FOI UTILIZADO NO
TeLE5CóPIO ESPACIAL
Nane.

É CLARO QUE
evwiN Hume ELE TAMBÉM
NASCEU NOS ESTUDAVA MUITO!
ESTADOS UNIDOS
EM 188q E Teve
UM HISTÓRICO UM Nane FORMOU-SE em
TANTO INCOMUM MATEMÁTICA e ASTRONOMIA NA
\
\\ \UNIVERSIDADE DE CHICAGO, ALÉM
COMO ALUNO. DE ESTUDAR JURISPRUDÊNCIA
e OBTER UM MESTRADO em
DIREITO NA UNIVERSIDADE ve
OXFORD.

QUANDO JOVEM, ERA


UM ATLETA DE MUITAS
MODALIDADES QUE
tI\ ELE ERA TANTO UM
ESTABELECEU DIVERSOS ALUNO EXCELENTE
'RECORDES em VÁRIOS
ESPORTES. QUANDO ENTROU QUANTO UM ATLETA
NA UNIVERSIDADE, HueoLe FANTÁSTICO.
PRATICAVA ATIVAMENTE
BASQUETE E BOXE.

ELE ERA COMO eu!

HUBBLE eRA UM BOXEADOR


PARTICULARMENTE BOM e
PODERIA TER DISPUTADO O
CINTURÃO MUNDIAL.

142 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BIG &AN&


EM lqlq, HUBBLE TORNOU-SE FUNCIONÁRIO
DO OBSERVATÓRIO MONTE WILSON, QUE
TINHA O MAIOR TELESCÓPIO DO MUNDO NA
ÉPOCA. LÁ, HUBBLE PASSOU 0 RESTANTE
OE SUA VIDA TRABALHANDO E OBSERVANDO
MAS SUA QUALIDADE CUIDADOSAMENTE O UNIVERSO.
MAIS INCRÍVEL FOI O
FATO DE QUE SEMPRE
SEGUIU EM BUSCA DE FOI NESSE OBSERVATÓRIO
NOVAS DESCOBERTAS, QUE ELE FEZ SUA PRIMEIRA
SEM DEPENDER APENAS GRANDE DESCOBERTA.
DE EXPERItNCIAS E
CONHECIMENTOS JÁ
OBTI1705.

0134-RVATÓRIO
MONTE WIL50N
--'

AGHI
'UFf O OBSERVATÓRIO MONTE WILSON (MOUNT WILSON
OBSERVATORY, OU MWO), LOCALIZADO NO CONDADO OS LOS
ANGELES, NA CALIFÓRNIA, ESTÁ SITUADO NO MONTE WILSON,
UMA ELEVAÇÃO 25 1.742 METROS. DIZ-SE QUE O MONTE
WILSON é UM 1705 PONTOS DE ATMOSFERA MAIS ESTÁVEL DA
AMÉRICA. O OBSERVATÓRIO FOI CONSTRUÍDO EM 1q02.

ORIGENS 120
UNIVERSO: GRANDE
DESCOBERTA DE HUBBLE
- PRIMEIRO ATO"

1923
OBSERVATÓRIO
MONTE WIL5ON

QUAL.. é...0...PRO...E3L.E... DÁ UM TEMPO!


MA-Flua...na? ESSA é MINHA
PRIMEIRA PEÇA!

COLEGA HUBBÉE

A GRANDE DESCOBERTA DE HUBBLE 143


AINDA QUE eu TENHA
FEITO osseizvAçõeS
SOBRE A NEBULOSA
DE ANDRÔMEDA HÁ ... QUANDO TENTEI
ALGUM TEMPO... CALCULAR SUA
DISTÂNCIA DA TERRA, APROXIMADAMeNT
CHEGUEI A UM NÚMERO MAIS DE 800.000
INACREDITÁVEL. ANOS-LUZ.

800.000
ANOS-
LUZ?!

QUAL é es#e,
DISTÂNCIA?

TRêS ANOS ATRÁS, NO


GRANDE DEBATI=*, SHAPLEY
ARGUMENTOU Que O
DIÂMETRO DA GALÁXIA DA
VIA LÁCTEA é DE 150.000
ANOS-LUZ!
ISSO COLOCARIA
A NEBULOSA DE
ANDRôMeDA FORA DE
NOSSA GALÁXIA, 00 é
MESMO?

NESSA ÉPOCA,
ACREDITAVA-Se Que
ANDRôMEDA ESTAVA
j7.----ENTÃO AINDA se
DENTRO De NOSSA
PENSAVA QUE
GALÁXIA. A VIA LÁCTEA
NA VERDADE, REPRESENTAVA
ACREDITAVA-SE QUE TOPO O UNIVERSO.
TOP05 05 CORPOS
oasegvÁveis
ESTAVAM DENTRO DE
NOSSA GALÁXIA.

(
* O "Grande Debate" foi um debate ocorrido em 1920 entre dois astrônomos norte-americanos, Heber Doust Curtis e
144 CAPÍTULO 3 Har(ow Shapley, a respeito da localização da Nebulosa de Andrômeda fora de nossa galáxia. Nessa época, pensava-se
que o diâmetro da galáxia da Via Láctea era de aproximadamente 150.000 anos-luz.
MESMO COM O AVANÇO DAS
PESQUISAS E DAS MUDANÇAS
EM NOSSA VISÃO 170 SISTEMA
SOLAR, DA GALÁXIA E DO
UNIVERSO, AINDA QUERÍAMOS
PENSAR QUE A TERRA ESTAVA
NO CENTRO DO UNIVERSO. DEVE 5ER PARTE DA
NATUREZA HUMANA,
ACREDITAR EM ALGO
COMO A TEORIA
GEOCÊNTRICA, QUE NOS
COLOCA NO CENTRO DO
UNIVERSO.

POR QUE
ANDRÔMEDA ERA
CHAMADA PE ATÉ CERCA DE 100 ANOS
ATRÁS, PENSAVA-SE QUE
NEBULOSA? ELA NÃO ANDRÔMEDA ERA UMA
é UMA GALÁXIA? A/13111.05A, UMA NUVEM
INTERE5TELAR DE MATÉRIA
NA QUAL 5e FORMAM
E5TRELA5.

é POR 1550
QUE ELA ERA
CHAMADA DE
NEBULOSA DE
ANDRÔMEDA.

DETERMINAR SIM...MAS 800.000 ANOS-LUZ NÃO


QUE ANDRÔMEDA, A QUAL É O NÚMERO CORRETO. PESQUISAS
PENSÁVAMOS FAZER PARTE RECENTES NOS MOSTRAM QUE
DE NO55A GALÁXIA, ESTÁ ANDRÔMEDA ESTÁ A ZSZ MILHÕES
NA VERDADE A 800.000 DE ANOS-LUZ DA TERRA.
NOS-LUZ é SIMPLESMENTE
INCRÍVEL!
BEM, ESTIVE ANALISANDO
DADOS OBSERVACIONAIS
VOLTANDO À PEÇA: DO ESPECTRO DE OUTRAS
GALÁXIAS, QUE RECEEI
"A GRANDE DESCOBERTA DE PE VE5TO SLIPHER DO
HUBBLE — SEGUNDO ATO" OBSERVATÓRIO LoweLL, E...

O QUE
VOCÊ ESTÁ
INVESTIGANDO CACHIMBO PE BOLHINHAS
AGORA?
... FICA EVIDENTE QUE
O COMPRIMENTO
DE ONDA DE LUZ Se
DESLOCOU NA DIREÇÃO
DO VERMELHO.

DESCULPA...

MAS O QUE SIGNIFICA


"SE DESLOCOU 4 DESLOCAMENTO
NA DIREÇÃO DO PARA O
VERMELHO"? VERMELHO é...

146 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM Ele SANO


À MEDIDA QUE ALA
5E APROXIMA, O TOM
O pRoFe9eolz DE SUA SIRENE Se
ENLOUQUECEU! PENSEM em UMA TORNA MAIS AGUDO...
AMBULÂNCIA...

o I

.. E GUANDO ELA Se AFASTA,


ELE FICA MAIS GRAVE, CERTO?

esee é
O eFITO COMO O 50M é UMA ONDA,
POP171-Egi wg.
QUANDO SUA FoN.TA...,..e..... o>04A,
O COMPRIMENTOIDANDk0i0
.•
MAIS
AFA ''''
;TORNA MAIS GRA\

A GRANDE DESCOBERTA DE HUBBLE 147


COMO A LUZ TAMBÉM VIAJA ESPECTRO DE LUZ
MAS QUAL
EM ONDAS, O me~ TIPO A RELAÇÃO
DE FENÔMENO OCORRE. 21550 COM A5
GALÁXIAS?
VERMELHO

AMARELO

VERDE

AZUL
QUANDO UMA FONTE DE LUZ 5?
APROXIMA, A LUZ QUE DELA Se
ORIGINA SE DESLOCA PARA O
AZUL, E QUANDO A FONTE DE LUZ
SE AFASTA, A LUZ SE DESLOCA
PARA O VERMELHO.
O DESLOCAMENTO PARA O
VERMELHO OCORRE PARA UM
OBJETO •211? ESTÁ se AFASTANDO.
rit
VOCÊ 1:7I55E QUE
05 ESPECTROS PAS
OUTRAS GALÁXIAS
ESTÃO DESLOCADOS
PARA O VERMELHO?

NÃO SERIA ISSO


UM SIMPLES
ERRO DE
OBSERVAÇÃO? se A DIFERENÇA DO
DESLOCAMENTO F055E
A MESMA PARA TODAS
AS GALÁXIAS, EU
CONCORDARIA, MA5...

... HÁ DIFERENÇAS SUTIS


NO DESLOCAMENTO,
DEPENDENDO DA
GALÁXIA.

148 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BI& BANO


ENTÃO, O FATO DE
OS ESPECTROS SE
DESLOCAREM PARA
O VERMELHO...

BEM, ISSO
SIGNIFICA QUE AS
eALÁXIA5 ESTÃO SE
AFASTANDO DE NÓS
MUITO RAPIDAMENTE'

TAMBÉM EXAMINEI
OS ESPECTROS DAS
GALÁXIAS E TENTEI
CALCULAR UMA
CORRELAÇÃO ENTRE

it
A DISTÂNCIA E O
DESLOCAMENTO.
AO FAZE-LO, DESCOBRI
QUE QUANTO MAIS DISTANTE
A GALÁXIA, MAIOR é O
DESLOCAMENTO DO
ESPECTRO PARA O VERMELHO.
... PORTANTO?

UNIVERSO ESTÁ se
EXPANDINDO mesmo
ENQUANTO FALAMOS!

REALMENTE!
11" O UNIVERSO AINDA ESTÁ se COMO
EXPANDINDO?!
A551M7I

150 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BIO BANO


5E O UNIVERSO E5TÁ 5E EXPANDINDO...

Deixe-me
explicar-lhes isso
um pouco mais
detalhadamente.

Por acaso, todos vocês


já fizeram o teste da
chama nas aulas de Hum, será que
química? eu fiz?

Esse é o fenômeno que ocorre quando uma


substância é colocada em uma chama e a
cor desta varia de acordo com os elementos
químicos presentes na substância.

O sal é amarelo por conter sódio,


enquanto o cobre é azul-esverdeado.

5AL é COBRE É
AMARELO AZUL-ESVERDEADO

Isso mesmo. Os elementos químicos emitem e absorvem a luz com


comprimentos de onda específicos, de acordo com suas estruturas. Assim,
se você utilizar um prisma para separar a luz emitida por um corpo celeste
de acordo com o comprimento de onda das cores, o prisma criará um
arco-íris que poderá ser analisado se quisermos descobrir as substâncias
contidas nesse corpo celeste.

Será que o espectro apresenta muitas diferenças


dependendo da estrela?

Sim e não. Uma vez que a maioria das estrelas é formada de substâncias
muito semelhantes*. podemos supor que devem emitir espectros igual-
mente semelhantes. Estrelas são compostas principalmente de hidrogênio
e hélio, além de pequenas quantidades de alguns elementos mais pesados.
Entretanto, estrelas distintas emitem espectros muito diferentes, e isso
ocorre porque apresentam variações de temperatura.

*A composição química das estrelas em termos da razão de sua massa é predominantemente hidrogênio:
hélio = 3:1., com um percentual muito pequeno de outros elementos mais pesados, geralmente menos de 2%. 151
Essa razão pouco difere de estrela para estrela.
Estrelas muito quentes emitem espectros com linhas proeminentes indicati-
vas da presença de hélio e elementos pesados ionizados (ou seja, átomos que
ganharam ou perderam um ou mais elétrons). Por outro lado, estrelas muito
frias emitem espectros sem linhas visíveis de hélio, mas com linhas indicando
átomos neutros e moléculas. De qualquer forma, se diferenças de tempe-
ratura provocam diferenças nos espectros, então estrelas semelhantes (ou
seja, aquelas com massa e temperatura semelhantes) deveriam praticamente
apresentar espectros idênticos. Porém, Slipher (ver página 146) descobriu que
um deslocamento para o vermelho ocorria nos comprimentos das ondas.

Se estivessem se afastando, o sal de cozinha se

4 tornaria mais laranja, enquanto o cobre teria uma


cor verde-amarelada.
J

Bom, então Slipher, que forneceu os dados para Hubble, parece ser a pes-
soa que notou que o Universo estava se expandindo - e não Hubble, certo?

Mas Slipher não é muito famoso nos Estados Unidos.


Ele acreditava que o deslocamento para o vermelho significava que mui-


tas galáxias estavam se afastando de nós, mas pensava que isso ocorria
em razão do movimento básico dos corpos celestes. Hubble, por outro
Lado, conduziu uma investigação completa da correlação entre a distância
e o deslocamento para o vermelho, Ele descobriu que, quanto mais dis-
tantes estamos de determinada galáxia, mais rapidamente ela se afasta
fato que oferece base para a teoria do Universo em expansão.

Mas por que isso significa que o


Universo está se expandindo?

•-•

Você compreenderá se escrevermos


três letras em uma bexiga e depois a
enchermos.
1

152 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BIO BANO


CAPA LETRA ESTÁ
IGUALMENTE
ESPAÇADA.

AeolzA, oasegve
E5PAÇOS A-E3 E A-C
ATENTAMENTE.

ISSO é MAIS
121FíCIL DO QUE
PARECE.

À MEDIDA QUE O
BALÃO FICA MAIOR, A
DISTANCIA ENTRE DOIS
PONTOS AUMENTA
CONTINUAMENTE.
ENTRETANTO, 0
INTERVALO A-C AUMENTA
DE TAMANHO MAIS
RÁPIDO DO QUE A-B.

O UNIVERSO ESTÁ Se EXPANDINDO... 153


O QUE VOCÊ
FEZ?!
DESCULPE,
NÃO FOI DE
PROPÓSITO!
QUAL O
PROBLEMA, PROFESSOR, NÃO
KANNA? Ê ESTRANHO QUE
1550 OCORRA?

O QUE
VOCÊ QUER
DIZER?

BEM... SE SUPORMOS
Que O UNIVERSO ESTÁ
CONTINUAMENTE se
EXPANDINDO COMO UMA
BEXIGA...
À

( ENTÃO, 5E VOCÊ
RETROCEDER NO TEMPO,
NÃO HAVERÁ UM MOMENTO
EM QUE ELE TAMBéM DEVE
TER SIDO PEQUENO —
COMO O BALÃO VAZIO?

55 O UNIVERSO ESTÁ se EXPANDINDO... 155


If
NÃO, NA VERDADE
VOCÊ ESTÁ NA TEORIA, O
UNIVERSO ERA /
TOTALMENTE
CORRETA! EXTREMAMENTE
PEQUENINO NO INÍCIO.

HUM, JÁ
ENTÃO, ACHO QUE SEGUIMOS PARA
FOI Só SORTE DE A PRÓXIMA
PRINCIPIANTE. OU EXPLICAÇÃO...
SERÁ QUE Tive
UM LAPSO 2e
OSNIALIDADE?
AFINAL, A
eeNIALIDADe é
UM MI5TéR10...

156 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM 510 BANO


ESSA é UMA
ILUSTRAÇÃO DA
HISTÓRIA DO UNIVERSO.

O eixo VERTICA
REPRESENTA O AVANÇO
DO TEMPO, INDO DA
BASE AO TOPO, vesve O
NASCIMENTO 20 UNIVERSO
ATÉ O PRESENTE.

O EIXO HORIZONTAL.
INDICA 0 TAMANHO
CRESCENTE DO
UNIVERSO À MEDIDA QUE
ELE SE EXPANDE.
ESPAÇO

O PRIMEIRO KANJI* NA
LíNGUA JAPONESA PARA
UNIVERSO SIGNIFICA LI ISSO UMA VEZ
ESPAÇO E O SEGUNDO, EM UMA HISTÓRIA...
TEMPO...

N.T.: Os kanji são caracteres da língua japonesa utilizados na escrita, assim como os caracteres silabários katakana e hiragana.

kwffier.-030:k.-
HUM...
YAMANE...? NÃO
ADIANTA...

ELA só se INTERESSA
QUANDO CONSEGUE
RELACIONAR NO55A
DISCUSSÃO COM
ALGO Que ELA JÁ
CONHEÇA.

5E O UNIVERSO ESTÁ SE EXPANDINDO... 157


ENTÃO, SE O UNIVERSO ELE DEVE TER
ESTÁ 5e EXPANDINDO SIDO EXTREMAMENTE
COMO NESTA PEQUENO NO INICIO,
COMO KANNA DISSE.

ELE peve TER


COMEÇADO COM
UM PEQUENO
PONTINHO!

O UNIVERSO, EM SEU INÍCIO

ELE DISSE QUE O


UNIVERSO INTEIRO
INICIOU COMO UM
PEQUENO PONTINHO! A TEORIA DE QUE UM
:•:•:.:
PEQUENO PONTINHO
REPENTINAMENTE PODERIA
NÃO
PARA SE EXPANDIR ATÉ SE
ONFIAR TORNAR O UNIVERSO
EM É UMA EXPLICAÇÃO
VOICâ! INESPERADA.

1550 PARECE
TOTALMENTE
ABSURDO -
HUf3BLE ERA CÉTICO QUANTO A
COMO O MODELO ESSA TEORIA - mesmo SENDO
GEOCÊNTRICO! ELE mesmo SEU AUTOR.
NÃO 'é?
)ridgfililt

QUAL O
PROBLEMA?
DÁ PARA ENTENDER
POR QUÊ! DIZER QUE O
INÍCIO DO UNIVERSO FOI
COMO A EXPLOSÃO DE
FAL•EI ALGUMA
UMA BOMBA PARECE UM BESTEIRA?
POUCO EXAGERADO, Né?

158 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BIG BANO


NÃo, DE JEITO
NENHUM! VOCÊ ESTÁ
COMPLETAMENTE
CERTA!
--P•13-#4711
O UNIVERSO EXPANDIU-SE
11i 11 COMO UMA eXPL0500
A55IM Guie ELE NA5CEU!

E-55A é A
TEORIA P0
BIG BANO!

AH... JÁ OUVI KANNA... 1550


FALAR NELA! FOI INCRÍVEL!

SABE, QUANDO VOCâ


A ELOGIA, ELA FICA
AINDA MAIS METIDA.
E-55A TEORIA
É ACEITA PELA ABRAÇO
MAIORIA P05 POR Guie
CIENTISTAS voc€ NÃO
MODERNOS. LARGA DO PÉ
DM?!

,
5E O UNIVERSO ESTÁ 5E EXPANDINDO... 15q
QUER VOCÊ
GOSTE 01.1 NÃO,
VERDADE.
05 INSTINTOS
175 KANNA SÃO
IMPORTANTES ELA
GERALMENTE 5A135 A
1Z55P05TA CERTA!

NÃO GOSTO DE
RECEBER ELOGIOS O RELACIONAMENTO
DE VOCÊ! DE IRMÃOS NA
CULTURA JAPONESA é
COMPLICADO, NÃO É?

160 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BIO BANO


TUDO TEVE INÍCIO COM O BIO BANO

Então, aproximadamente quando aconteceu o


Big Bang?

Se calcularmos retroativamente utilizando a velocidade em que o Univer-


so está se expandindo, o Big Bang parece ter ocorrido há 13,7 bilhões de
anos — podendo variar em 1 bilhão a mais ou a menos.
1

.-. Espere um pouco! E quanto à localização?


Professor, onde ocorreu o Big Bang?

Do que você está falando? Como a "localização" chamada de espaço sur-


giu depois do Big Bang, não poderia haver nenhum conceito de "localiza-

.4 ção" antes disso.

Não tinha
localização?

I Isso é difícil de entender, não é? O fenômeno explosivo não ocorreu


em determinado ponto do espaço... o espaço foi criado pelo Big Bang.
E não apenas ele, mas também todas as substâncias, assim como
o tempo, têm como origem o Big Bang. Assim, se tivermos de dizer
onde, qualquer lugar em todo o Universo é o ponto onde o Big Bang
aconteceu.

Acho que entendi. Lembra-se do experimento em que inflamos a bexiga?


Depois de cheia, não dá para responder a uma pergunta como: "Qual

4
parte da bexiga cheia corresponde à bexiga que tínhamos antes de
enchê-la?". O mesmo vale para o Universo.
.)

TUDO TEVE INÍCIO COM O BIG BANCA 161


A TEORIA DE HUBBLE PARA A EXPANSÃO DO UNIVER50 ESTAVA
IMPERFEITA
Ainda que Hubble tenha descoberto que o Universo estava se expandindo, parece muito prová-
vel que ele tenha encontrado forte oposição das pessoas ao seu redor, especialmente de seus
colegas pesquisadores na comunidade astronômica. Na verdade, muitos relatos nos dizem que
Hubble, prudentemente, guardou suas ideias para si.
O valor que determina a velocidade de expansão do Universo é chamado de constante de
Hubble, sendo representado por Ho. Hubble obteve um valor de 500 km/s/Mpc para sua velo-
cidade: aproximadamente sete vezes o valor atualmente aceito (de 74 km/s/Mpc). Mas se o
valor de Hubble for utilizado para calcular há quanto tempo ocorreu o nascimento do Universo
(ou seja, o Big Bang), ele indicaria que o Universo teve início há 2 bilhões de anos, no máximo.
Uma vez que cientistas já descobriram que a idade da Terra é de aproximadamente 4,6 bilhões
de anos (com base em observações de rochas e fósseis), então se utilizarmos o valor inicial de
Hubble, o Universo será mais jovem do que a Terra, o que, evidentemente, não é possível.
Mesmo o próprio Hubble não obteve o valor correto para a constante de Hubble. Demoraria
muito para a teoria da expansão do Universo ser amplamente aceita.

Os experimentos de Hubble indicaram que o Universo inteiro teria 2 bilhões de anos de idade...
mas isso não faz sentido, uma vez que cientistas conseguiram estimar que a própria Terra tem 4,6 bilhões de anos!

162 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM sie BANO


Observe a cronologia que temos a seguir, mostrando
como o Universo evoluiu desde o Big Bang até seu
estado atual.

AGORA — 13,7 BILHÕES DE


ANOS Depois DO BI& BANO

APROXIMADAMENTE q BILHÕES
DE ANOS DEPOIS DO &G BANO
Formação do sistema solar e da Terra

PERÍODO INCERTO
Formação das galáxias, aglomerados de
galáxias, superaglomerados de galáxias
e da Grande Muralha. APROXIMADAMENTE 1 BILHÃO
DE ANOS DEPOIS DO ale BANI&
Formação da galáxia da Via Láctea.

APROXIMADAMENTE 200 MILHÕES


DE ANOS DEPOIS DO BIG BANO
Surgem estrelas e galáxias, e a luz passa a brilhar
no espaço.

APROXIMADAMENTE 380,000 ANOS


DEPOIS DO NO BANO
Elétrons que voavam pelo espaço juntam-se para formar átomos.
Como resultado, o espaço, antes opaco como uma nuvem,
torna-se mais límpido, e melhoram as condições de visibilidade.

APROXIMADAMENTE 3 MINUTOS DEPOIS DO ate BANE


Partículas elementares (base de toda a matéria) passam a existir, e o universo
continua a crescer à medida que prótons e nêutrons formam núcleos.

DE io-" A 10-6 SEGUNDOS repas DO BIG BANG


O universo continua a se expandir e a esfriar.
Formam-se os quarks (que futuramente formarão prótons e nêutrons).

DE 10-36 A 10-33 SEGUNDOS DEPOIS


DO BI& BANO
O universo esfria e se expande drasticamente.
A energia criada por sua inflação provoca a criação
de partículas de matéria e antimatéria.

0 BIG BANO
Nasce o espaço
DO BIG BANG A 10-43 SEGUNDOS vepas DELE
Essa é conhecida como a era de Planck, estado no qual o tempo não pode ser definido.
Alguns estudiosos acreditam que, nessa fase, tudo, incluindo a gravidade e o tempo,
estava em estado de fluxo.
Cronologia do Universo

A TEORIA DE HUBBLE PARA A EXPANSÃO DO UNIVERSO ESTAVA IMPERFEITA 163


Então, havia urna história do Universo mesmo antes do
Big Bang?

Essa parte ainda não é compreendida perfeitamente. Um intervalo espe-


cialmente misterioso é aquele que vai do nascimento do Universo até 10-43
segundos depois de seu início, conhecido como era, ou época, de Planck.
Como nada existia para medir o tempo e a gravidade, ainda não temos urna
física capaz de descrever o que pode ter ocorrido e como o Universo evoluiu
nesse período. Portanto, nada pode ser dito, além de que o Universo nasceu
e adquiriu determinada forma depois de transcorridos 10-43 segundos.

Então há algo que nem mesmo o professor entende


direito!

Você parece tão feliz


com isso!

Há muitas coisas que eu não entendo. Em termos da bexiga de que


falamos antes, o nascimento do Universo corresponde ao tempo em que a
borracha da qual a bexiga é feita foi formada. Entretanto, há várias hipó-
teses que explicam por que a borracha se expandiu tão repentinamente.

Esse período de expansão é chamado de inflação, certo?

164 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM NO BANO


Sim, isso mesmo! Muito astrofísicos acreditam que a inflação ocorreu em
razão da energia criada depois do Big Bang.

Você também acredita


nisso, professor?

Ainda que eu aceite partes da teoria da inflação cósmica, tenho minhas


ressalvas quanto a uma teoria que defende que o Universo nasceu de um
estado de "vazio" em que nada existia — e não apenas o espaço, mas tam-
bém o tempo nasceu nesse momento.
.1

Então, o tempo
também nasceu?

Como a era de Planck ocorreu imediatamente depois do nascimento do Uni-


verso, provavelmente temos de dizer que o tempo também nasceu nesse
momento. Mas penso que não faz sentido falarmos que havia tempo antes do
tempo existir. Entretanto, o Universo nasceu em um estado antes do qual nada
existia. Se rotularmos esse tipo de atividade como "mudança" e a chamarmos de
"tempo", então parece razoável dizer que o tempo que nasceu com o nascimento
do Universo é apenas o tempo específico de nosso Universo. Acho que nisso eu
posso acreditar.

Isso faz sentido para mim. Nossa, não imaginei que estudar o Universo levan-
taria esse tipo de problema filosófico!

A TEORIA De HUBBLE PARA A EXPANSÃO DO UNIVERSO ESTAVA IMPERFEITA 165


TRÊ5 PROVAS QUE EVIDENCIAM A TEORIA 20 BIO BANO
De início, a maioria dos cientistas considerava absurda a teoria do Big Bang. Porém, com o
passar do tempo e à medida que foram feitas observações que sustentavam essa teoria, mais
cientistas passaram a defendê-la.

Evidências do Big Bang, primeira prova: radiação de fundo de micro-ondas cósmicas


Em 1964, a empresa norte-americana Bell Laboratories fez uma descoberta acidental
enquanto monitorava ondas de rádio refletidas de balões de rádio. Ela determinou que a
interferência de fundo, ou "ruído", nos dados estava sendo provocada por um sinal de micro-
ondas com um comprimento de onda específico e vindo de todas as direções do espaço.
Esse sinal é atualmente conhecido como radiação de fundo de micro-ondas cósmicas
(cosmic microwave background radiation, ou CMBR). Estudiosos que defendem a teoria
do Big Bang levantaram a hipótese de que essa radiação foi provocada pela temperatura
do espaço [aproximadamente 3.000 Kelvin (K), uma temperatura equivalente a quase
2.800 °C] na era em que elétrons e prótons, que antes voavam livremente, começaram a
se combinar (aproximadamente 380.000 anos depois do Big Bang). De acordo com essa
hipótese, átomos foram criados, o espaço se tornou transparente à radiação e as ondas
eletromagnéticas então emitidas chegaram agora às suas posições atuais no espaço,
em razão da expansão subsequente do Universo. Elas existem com uma distribuição de
frequência que indica uma temperatura absoluta constante de 3 K. Observações feitas com
temperatura de 2,725 K suportam magnificamente essa hipótese.

As CMBR, analisadas cuidadosamente pelo satélite Cosmic Background Explorer (COBE),


lançado pela Nasa em 1989, auxiliaram no avanço do conhecimento astronômico que temos
do início de nosso Universo. Os descobridores acidentais das CMBR receberam o Nobel de
Física em 1978.

Evidências do Big Bang, segunda prova: medições da sonda WMAP


A Wilkinson Microwave Anisotropy Probe (WMAP), sonda lançada em 2011 e operada até
2010, observou temperaturas de radiação de fundo micro-ondas em todo o céu. Quando
seus dados foram analisados, tornou-se aparente que mais de 72% das fontes ou estruturas
gravitacionais do Universo eram formadas por energia escura (energia retida no vácuo entre
corpos celestes visíveis) e a matéria compõe nada mais do que os cerca de 28% restantes.
Nesse sentido, a maioria da matéria é matéria escura, enquanto a matéria bariônica a
que estamos acostumados (ou seja, a matéria "normal", formada de prótons, nêutrons e
elétrons) corresponde a apenas 4,6% do Universo. Esse resultado é consistente com a teoria
da inflação, que afirma ter havido uma expansão repentina imediatamente depois de o
Universo ter nascido.

Evidências do Big Bang, terceira prova: a composição química das estrelas


Várias observações demonstraram que a composição química das estrelas é hidrogênio:
hélio = 3:1. A explicação mais lógica para o fato de esses elementos estarem presentes em
quantidades tão abundantes e nessa proporção específica se liga perfeitamente com a teoria
do Big Bang. O hidrogênio e o hélio são os mais leves elementos químicos. A abundância
relativa nas estrelas do elemento mais leve, seguido pelo segundo mais leve, é consistente
com a hipótese de que o Universo teve início em uma explosão. Uma explosão resultaria
em temperaturas muito elevadas, o que, por sua vez, faria que a matéria se organizasse de
modo a produzir muitas partículas pequenas e poucas grandes.

166 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BICA BANO


QUAL O
PROBLEMA?

BEM, PRIMEIRO
Tivemos UMA
ENORME EXPLOSÃO
E O UNIVERSO ENTÃO, DEPOIS DI550, A
NASCEU, CERTO? MATÉRIA QUE EXPLODIU
VOOU PELOS ARES EM
PEQUENOS PEDAÇOS?

05 FÓTON5
MAIS PRECISAMENTE, O SÃO UMA DAS
NÃO, NÃO FOI ISSO QUE EXPLODIU FORAM PARTÍCULAS
QUE ACONTECEU. AS PARTÍCULAS DE LUZ, ELEMENTARES?
CHAMADAS DE FÓTONS.
COMO SÃO INDESTRUTÍVEIS,
NÃO FORAM QUEBRADAS EM
PEDAÇOS.

QUANDO O UNIVER50
REPENTINAMENTE 5E
EXPANDIU EM RAZÃO DA
INFLAÇÃO, APENAS LUZ
FOI GERADA, e NÃO
MATARIA.

TRÊS PROVAS QUE EVIDENCIAM A TEORIA 170 BI& BANO 167


PARTÍCULA FALAMOS DE
ELEMENTAR? QUE PARTÍCULAS
LÍNGUA ELA ESTÁ ELEMENTARES NA EM RESUMO,
FALANDO? GREGO? CRONOLOGIA DO QUAL A DIFERENÇA
CHINÊS? UNIVERSO Que 120 ESIe BANO PARA HUM...
VIMOS ANTES! UMA EXPLOSÃO NÃO FAÇO
NORMAL.. IDEIA!

GLÓRIA!
\„,iiitoxxit
FUUSHI

.1. Aksik m
iNi
•49
• ta

KANTA! 5c5 PODIA...


PA55AI PROFESSOR,
ATENÇÃO!

MOLÉCULA
ISSO é UM POUCO DIFÍCIL. DE EXPLICAR.
PARTÍCULAS ELEMENTARES SÃO AS
MENORES UNIDADES INDIVISÍVEIS ÁTOMO
QUE CONSTITUEM A MATÉRIA. ANTES,
CIENTISTAS PENSAVAM QUE os ÁTOMOS
ERAM PARTÍCULAS ELEMENTARES, MAS
ATUALMENTE, QUARK5 OU LÉPTONS PARTÍCULA ELEMENTAR
RECEBEM essA HONRA.

FO-TONS SÃO CLASSIFICADOS QUARK FóTON


COMO UMA DAS PARTÍCULAS LéPTON
DE &AUGE, PARTÍCULAS ESTAS
QUE PROPAGAM FORÇAS ENTRE QUARKS e LÉPTONS SÃO
PARTÍCULAS ELEMENTARES
PARTÍCULAS ELEMENTARES.
ACREDITA-SE QUE OS QUARK5 CLASSIFICADAS COMO FÉRMIONS,
ENQUANTO FóTONS SÃO
FORAM GERADOS A PARTIR DE
FÓTONS NO INÍCIO DO UNIVERSO. PARTÍCULAS ELEMENTARES
CLASSIFICADAS COMO EióSONS.

168 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM Bie BANG


E repas A
MATÉRIA FOI
FORMADA, CERTO?
"1149 BEM, HÁ CERTO
MISTÉRIO NO
NASCIMENTO DA
MATÉRIA.

ALÉM DISSO, PODEMOS


DIZER QUE UM
FANTASMA TAMBÉM
ENTRA EM CENA.

... ............ .... ..

ee EXISTE A MATÉRIA,
TAMBÉM DEVE EXISTIR ALGO
CHAMADO ANTIMATÉRIA.
ESTAMOS FALANDO EM UNIDADES
DE PARTíCULA5 ELEMENTARES,
ENTÃO PARA TODO TIPO DE
QUARK, DeVEM05 TER UM
ANTIQUARK, DE MESMA MA55A,
MAS COM UMA PROPRIEDADE
(COMO CARGA ELÉTRICA)
COMPLETAMENTE OPOSTA.

TRÊS PROVAS Que EVIDENCIAM A TEORIA 120 BI& BANI& 16c/


,I111111111
Ii H I TIRE E-5sA
FANTASIA
RIDÍCULA!
O FANTASMA É 1550
QUE CHAMAMOS De
ANTimATÉRIA?

eu 50U UM EU 501) UM
GUAPO ANTIQUARK!
NÃO é TÃO DiFiciL
De ENTENDER, NÃO é
"OPOSTO" TALVEZ MESMO?
SEJA MELHOR alie QUANDO UM QUARK é
FANTASMA... UMA Vez CRIADO A PARTIR De UM
Que QUANDO UM FÓTON, UM ANTIQUARK
QUARK e UM ANTIQUARK TAMBÉM É CRIADO.
COLIDEM, ELES 5Ã0 1550 É CHAMADO De
COMPLETAMENTE PRODUÇÃO DE PARES
ANIQUILADOS. A DESTRUIÇÃO De UM
PAR é CHAMADA De
ANIGUI440-0.

HUM... MAS se UM
QUARK e UM ANTIQUARK O -
SÃO eeRADOS COMO MESMO!
UM PAR, ELES NÃO
DEVERIAM DESAPARECER
IMEDIATAMENTE POR ESTE,
e5Te, MINHA CARA, É
ESTAREM JUNTOS? O MISTÉRIO!

ATÉ O
PROFESSOR
ESTÁ-ATUANDO...

170 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM B1G BANO


QUANDO A PRODUÇÃO DE PARES A55IM, MESMO QUE A ANIQUILAÇÃO
OCORREU NO UNIVERSO, DE TENHA SE INICIADO IMEDIATAMENTE,
ALGUMA FORMA UM VIÉS OCORREU QUARKS QUE NÃO PUDERAM
NAS LEIS DA ASTROFÍSICA, E A05 ENCONTRAR UM PARCEIRO FORAM
POUCOS FORAM PRODUZIDOS MAIS
ESTAMOS DEIXADOS PARA TRÁS. E A MATÉRIA
QUARKS DO QUE ANTIQUARKS. TOTALMENTE QUE CONSTITUI O UNIVERSO FOI
SOZINHOS... CRIADA A PARTIR DESSES QUARKS.

BEM, JÁ QUE NÃO


TEMOS O QUE
FAZER, POR QUE NÃO
CRIAMO5 ALGO?

MAS POR QUE E-SPERE1 QUER


FORAM CRIADOS DIZER QUE NEM il
MAIS QUARKS DO 1550 EU VOCÊ ENTENDE
QUE ANTIQUAFZKS? NÃO seu isw?

ME 1
ve5cuLpenm

HÁ MUITAS COISAS
QUE EU NÃO
ENTENDO*!
MA5 COMPREENDO
EM TERMOS GERAIS A
HISTÓRIA DO UNIVERSO
- A PARTIR DA CRIAÇÃO
_E55A FANTASIA DAS PARTÍCULAS
FICOU PERFEITA
NELE! ELEMENTARES.

*A pesquisa dos três ganhadores do Nobel de Física de 2008, Dr. Yoichiro Nambu, Dr. Makoto Kobayashi e Dr. Toshihide Masukawa,
certamente pode fornecer pistas para resolvermos esse quebra-cabeça. Se você estiver interessado, não deixe de conferi-Ia! 171
Aproximadamente três minutos depois do Big Bang, o espaço começou a
se expandir exponencialmente, mas com uma velocidade decrescente, e a
temperatura caiu para aproximadamente 900 milhões de graus Kelvin.

Como assim "caiu" para


900 milhões?! Isso ainda
é extremamente quente!


Bem, se pensarmos que antes a temperatura era de
150 bilhões de graus, essa é uma queda enorme!

Quando a temperatura caiu tudo isso, núcleos de hidrogênio e hélio, os


mais simples elementos químicos, foram formados. Em outras palavras,
esse foi o nascimento da matéria. Entretanto, a distribuição não foi de
modo algum homogênea.

Ou seja, a matéria não se espalhou uniformemente

4 pelo espaço. Algumas áreas do espaço tinham mais e


outras, menos matéria.

Por que isso aconteceu?

Não sabemos. Mas quando olhamos para os diversos fenômenos


do mundo natural, quase nunca os processos terminam em esta-
dos homogêneos. Que tal um experimento de raciocínio?


Quer dizer um experimento que faremos em nossas
cabeças, utilizando apenas nossa imaginação?

172 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BICO BANG


Isso mesmo. Por exemplo, vamos supor que espalhamos muitas bolinhas
pelo chão de uma grande sala. O que vocês acham que vai acontecer?

Bem, com certeza elas não


vão ficar espaçadas por
igual — teremos locais em
que as bolas estão agru-
padas e outros em que não
temos muitas bolas.
e G G
G

E se o chão não for perfeitamente plano, as bolas rola-


rão e terminarão concentradas em pontos mais baixos.

jEssa é uma história diferente!


../

Não, não. Também devemos considerar esse aspecto. Penso que quando
a matéria começou a se formar, quando o Universo era jovem, a força
gravitacional no espaço provavelmente não era a mesma em todos os
locais — certamente existiam variações. Assim, mais matéria pode ter se
acumulado em locais nos quais a gravidade era maior. Se esse fenômeno
ocorreu, não podemos esperar uma distribuição homogênea.

Isso mesmo, pois locais que atraem grupos menores,

4 eventualmente, poderão atrair grupos maiores!

Exatamente! Quando a matéria se agrupa, é provável que mais matéria


se reúna de acordo com a lei da gravitação universal. Acredita-se que
galáxias e aglomerados de galáxias se formaram dessa maneira.

TRÊS PROVAS QUE EVIDENCIAM A TEORIA 170 Ne BANO 173


A intuição de Kanna realmente acertou na mosca,
não é mesmo?

Mas tem algo


estranho...

Se presumirmos que mais matéria se reunirá nos pontos em que outra


matéria já se reuniu, então por que toda a matéria não se junta even-
tualmente no mesmo ponto?

Kanta, o que você acha?

Quando nos aprofundamos nesse nível eu também não entendo.


Professor...

É um mistério, não é mesmo? 1. 111111,~


Certamente, se houvesse uma
Iller*Ilk
depressão suficientemente gran-
404111rip wingi
~al ..0_0001/1
de no meio de nossa sala, todas
as bolinhas que espalhamos
teriam se reunido nela. Ilik149drike,k0114,

174 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BI& BANO


Mas se isso ocorresse, então o Universo não deveria ter apenas uma
enorme superestrela com nada além de espaço vazio ao seu redor?

Se toda a matéria do Universo


tivesse se reunido em um único
local, a gravidade desse local seria
inacreditavelmente forte, e ele pro-
vavelmente se tornaria um enorme
buraco negro — tão grande que nem
mesmo a luz poderia escapar dele.
Nos termos de nosso exemplo ante-
rior, haveria tantas bolinhas reunidas
nesse único ponto que o peso delas
faria com que o piso cedesse, e todas
as bolinhas cairiam pelo buraco!

Esse certamente seria


um Universo terrível.
1

Isso mesmo. Ainda falando de nossa analogia, podemos dizer que


as bolinhas não acabaram se reunindo no mesmo ponto porque o
"piso" de nosso Universo era marcado por incontáveis pequenas
reentrâncias, o que fez com que as bolinhas se reunissem em locais
diferentes. Isso permitiu que estrelas e buracos negros coexistis-
sem distantes uns dos outros. Depois. à medida que o Universo se
expandiu, mais matéria foi se reunindo em outros pontos do "piso",
formando estruturas maiores e mais complexas, como as galáxias, os
aglomerados de galáxias e as Grandes Muralhas.

///
Ainda existem muitos mistérios, não é mesmo?
fO l

TRÊS PROVAS QUE eviveNciAm A TEORIA PO BIO BANO 175


ENTÃO, GOMO ELE FALTAM APENAS
AINDA ESTÁ se DUAS SEMANAS
EXPANDINDO, Temos ATÉ O FESTIVAL
O UNIVERSO em SUA DE ARTE...
FORMA ATUAL...

E eu AINDA NÃO
coNsieo PENSAR
EM NADA PARA A
PEÇA.

ELES PROVAVELMENTE
Nem se LEMBRAM DE
QUE NO550 CLUBE
SERÁ FECHADO SE NÃO QUÁ QUÁ
TIVERMOS UMA PEÇA
PARA APRESENTAR NO QUÁ QUÁ
FESTIVAL.

GOMO SABEMOS
QUE O UNIVERSO
ESTÁ SE
EXPANDINDO...

176 CAPITULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BICO BANE


... SE VIAJÁSSEMOS
POR TODO O UNIVERSO,
EVENTUALMENTE
ATINGIRÍAMOS SUA BORDA,
Né?

GOMO é O LIMITE
DO UNIVERSO? HUM... BEM, NA PRÁTICA, O
ESTADO REAL DO
UNIVERSO é Bem
DIFERENTE DE NOSSA
CONCEPÇÃO HABITUAL
DO ESPAÇO.

POR ISSO, NÃO ACREDITO


Que EXISTA REALMENTE
UMA "BORDA", COMO A Que
VOCÊ ESTÁ IMAGINANDO —
MESMO Que VIAJEMOS ATÉ
O FIM DO UNIVERSO.

" "" FIM DO UNIVERSO


CUIDADO: PENHASCO

TRÊS PROVAS QUE EVIDENCIAM A TEORIA DO SIO BANE 177


O
UNIVERSO ESTÁ ... O Que TEM05 LÁ
EM CONSTANTE LONGE?
EXPANSÃO...

e95e é O FIM
DO UNIVERSO, NA
VERDADE...

ESPERE UM POUCO...
O QU€?►?i

178 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM 3Ie BANO


ACABEI DE ESCREVER PODEMOS PEDIR
A MELHOR PEÇA MAIS INFORMAÇÕES
17W 701700 00 AO PROFESSOR
TEMP05! MAIS TARDE.

L
//

SIM, SIM, é
CLARO!

PRECISAMOS COMEÇAR
A PRATICAR NOSSAS
FALAS.
VAMOS NOS PREPARAR
PARA O FESTIVAL. DE ARTES!

AGORA?/
exi5Tem ALIENiGENA5?
No capítulo 4, falaremos mais sobre os limites do Universo. Mas, primeiro, vamos pensar em
outra dúvida comum que costumamos ter: será que existem seres alienígenas?
Primeiro falaremos da conclusão. A maioria
dos cientistas que estuda o Universo acredita que
existem outros seres sencientes, como os seres
humanos, em algum lugar. Essa conclusão tem por
base o Princípio Cosmológico.
O Princípio Cosmológico é a hipótese de que o
Universo, em larga escala, é homogêneo (mesmo
tipo) e isotrópico (mesma forma e direção). Isso
significa que se você pegar um grande pedaço do
Universo e compará-lo a outro pedaço de mesmo
tamanho, eles não deverão apresentar muitas
diferenças. Isso não implica semelhanças de apa-
rência — ainda que ambas as amostras devam
apresentar algumas áreas com muitos aglome-
rados de galáxias, outras com apenas algumas
galáxias e mesmo áreas sem nenhuma galáxia. Na
verdade, isso significa que as mesmas leis físicas
devem ser aplicáveis a todos os pontos e ter o
mesmo comportamento, ainda que em locais diferentes. Em outras palavras, F = ma deve valer
para todo o Universo.
Como nós humanos, a princípio, tínhamos a impressão de que a Terra era um lugar único
no Universo, acreditava-se na teoria geocêntrica. Entretanto, à medida que os resultados das
observações do Universo começaram a ser explicados de forma mais lógica, desenvolvemos
uma teoria centrada no Sol e depois um modelo heliocêntrico.
Seguindo esse padrão, a teoria de que a vida foi criada apenas no planeta Terra começou a
ser questionada, De acordo com o Princípio Cosmológico, a Terra não pode ser, de modo algum,
um lugar especial. Assim, devem existir outros planetas no Universo com ambientes semelhan-
tes ao nosso, nos quais a vida pode ter se originado e começado a evoluir. Assim, de acordo
com esse argumento, alienígenas têm de existir!

CALCULANDO O NÚMERO DE CIVILIZAÇÕE-5 eXTRATeRRe5TRe5


Ainda que o Princípio Cosmológico esteja provavelmente correto como estrutura de raciocínio e
alienígenas existam em algum lugar do Universo, resta a questão de quão comum deve ser a
vida alienígena.
Em 1961, o astrônomo norte-americano Frank Drake (nascido em 1930) publicou uma
equação muito interessante, conhecida como equação de Drake, que nos permite estimar a dis-
tribuição aproximada de civilizações extraterrestres em nossa galáxia e determinar se podemos
nos comunicar com elas.

160 CAPÍTULO 3 0 UNIVERSO NASCEU COM UM BIG BANe


Aqui está a equação:
N= R* x fp x ne x ft, x f1 x fc xL
N: Número de civilizações extraterrestres em nossa galáxia com as
quais podemos nos comunicar
R*: Taxa média da formação anual de estrelas em nossa galáxia
f"P.• Fração dessas estrelas que têm planetas
ne: Número médio de planetas nos quais a vida pode existir em cada
sistema estelar com planetas
ti: Fração dos sistemas estelares nos quais a vida ocorre
Fração dos sistemas estelares nos quais a vida que ocorre evoluiu
até a vida inteligente
fc: Fração dessas civilizações inteligentes que desenvolveram comuni-
cação interestelar
L: Intervalo médio de tempo no qual essas civilizações realizam
comunicação interestelar

Para utilizar essa equação, temos de decidir os valores de seus vários parâmetros (vari-
áveis). Entretanto, essa é uma tarefa muito difícil, uma vez que muitos desses fatores são
desconhecidos. Assim, se utilizarmos os números que Drake empregou em 1961, N será
consideravelmente maior que 1. Em outras palavras, ele concluiu que deveriam existir muitas
civilizações extraterrestres altamente avançadas na galáxia (possuidoras ao menos de tecnolo-
gias de comunicação).
Mesmo que essa equação possa parecer um truque mágico, muitos estudiosos, incluindo
Carl Sagan (1934-1996). aprovaram a ideia de Drake e aceitaram a intrigante probabilidade
de que extraterrestres possam se comunicar com o nosso planeta (entretanto, os vários valores
de N obtidos pelo cálculo variam de 10 a 1.000.000). Apesar dessas falhas e das variações que
podem ser geradas quando utilizamos parâmetros iniciais diferentes, os alienígenas podem
estar mais próximos do que imaginamos.

A P055IBILIDADE DA VIDA EXTRATERRESTRE C UM FÍCICO DE


RENOME MUNDIAL.
Como existem entre 200 e 400 bilhões de sistemas planetários como o nosso sistema solar na
galáxia, não deve ser rara a presença de planetas com ambiente semelhante ao da Terra, nos
quais a vida pode ter se desenvolvido. Entretanto, o físico italiano Enrico Fermi (1901-1954)
desafiou diretamente essa previsão otimista. Fermi foi vencedor do Nobel de Física e trabalhou
no desenvolvimento do primeiro reator atômico do mundo.
Certo dia, em 1950, enquanto almoçava com seus colegas cientistas, Fermi entrou em uma
discussão sobre a existência de alienígenas. Ainda faltavam 11 anos para que a equação de
Drake fosse publicada, mesmo assim os astrônomos da época já estavam confiantes de que a
existência de civilizações extraterrestres era altamente provável, e estudiosos de outras áreas,
como Fermi, também demonstravam interesse pelo tópico.
Talvez eles considerassem a possibilidade da vida extraterrestre a partir de muitos parâ-
metros. assim como Drake, mas Fermi pretendia analisar essa ideia mais profundamente — e.
especificamente, procurava imaginar onde esses alienígenas poderiam existir.
Ainda que essa seja uma pergunta simples, ela aponta diretamente para a raiz da questão.

EXISTEM ALIENíeSNA5? 181


Caso existam muitas civilizações extraterrestres na galáxia, mesmo que EE
N • EE EEEE
seja difícil encontrar suas espaçonaves, deveríamos ao menos detectar ondas
mm
em e
de rádio utilizadas por elas em suas comunicações. Ainda assim, traços como E
• e •
esses nunca foram encontrados. mesma
RE mem em RE
me e
Fermi era uma pessoa muito "prática", dono não apenas de muitos feitos ME ■ em mem me e
históricos na física teórica, como também responsável por grandes contribui- ■ e
e a
ções à física experimental. Não importa quão provável seja a existência de
RE ME EME ME
alienígenas, não há nenhuma evidência de contato. Esse é o paradoxo de Fermi. e
E. ■ EM EME a. E
Ainda que muitas pessoas tenham tentado comprovar a existência de civi-
ME
EM
lizações extraterrestres utilizando métodos como a equação de Drake, todas ■ EM
RE
RE
terminaram se confrontando com a questão da falta de evidências da existência e
m ME ma
EM e
desses seres. Justamente por isso, o paradoxo de Fermi merece nossa atenção. em em e EM
ME EM
em E
■ EM ■
e e
O SURGIMENTO DA VIDA é UM FeNômeNo e
e
m EM
EM
m
e
FREQUENTE? me
ma
e MIME
Criaturas vivas existem em todos os lugares da Terra — mas descobrimos isso E
e
• e
m •
• E E EM ER
e
apenas recentemente. Em 1977, cientistas que investigavam fontes hidro- e mem • EM EME
=E EM
termais de mares profundos no Oceano Pacífico descobriram criaturas muito ■

e e ■
estranhas. Uma delas eram os vermes tubulares. EME e
EME E ■ eeeee
Uma fonte hidrotermal é uma abertura no solo do oceano a partir da MEM O
E
M INE
E

qual jorra água aquecida geotermicamente. Uma vez que a área ao redor ee Ea
me me
dessas fontes muitas vezes está repleta de substâncias venenosas, como o em me
me
a •a e mi •
sulfeto de hidrogênio, acreditava-se que nesses locais não encontraríamos e e E a
E E
a
criaturas vivas. Entretanto, vermes tubulares encontrados nesses locais têm E E EME
ME
uma relação simbiótica com bactérias quimiossintéticas que vivem em seus
corpos — as bactérias utilizam sulfeto de hidrogênio como fonte de energia A Mensagem de Arecibo foi uma
e produzem matéria orgânica que os vermes tubulares podem utilizar como tentativa de se transmitir infor-
mações de nossa civilização para
nutrição. Dessa forma, essas criaturas foram capazes de se desenvolver alienígenas. Enviada em 1973
mesmo nas profundezas do oceano. Além de vermes tubulares, muitas para o aglomerado Messier 13 (ou
criaturas, como peixes e crustáceos que vivem próximos de fontes hidroter- Grande Aglomerado Globular de
Hércules) e escrita pela próprio Dr.
mais, compõem ecossistemas independentes. Tais ecossistemas foram uma Drake, a mensagem incluía infor-
importantíssima descoberta. mações sobre elementos químicos
O estudo desses tipos de criaturas que habitam ambientes extremos e DNA. assim como as figuras de
um ser humano, de nosso sistema
continua a ser feito, e muitos estudiosos afirmam que pelo menos alguma
solar e do radiotelescópio de
forma de criatura viva exista em praticamente todos os lugares da Terra, Arecibo.
do topo das mais altas montanhas à profundeza dos oceanos e mesmo nos
subterrâneos. Diz-se até mesmo que 3,5 bilhões de anos atrás existiam
micróbios capazes de se alimentar de lava.
O fato de criaturas vivas poderem sobreviver em ambientes tão extremos
é certamente uma boa notícia para aqueles que acreditam na existência de
vida extraterrestre. Por exemplo, a superfície de Europa (uma das luas de
Júpiter) é coberta de gelo, mas como já foi possível verificar a ocorrência de
atividade vulcânica nesse satélite, há uma boa probabilidade de que existam
oceanos com fontes hidrotermais sob essa camada de gelo. Se isso for ver-
dade, é possível até mesmo haver criaturas vivas, como vermes tubulares,
nesses locais.

Vermes tubulares

18Z CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BICA BANO


Europa

Por outro lado, essa hipótese naturalmente tem uma refutação.


Se criaturas vivas podem se propagar mesmo em ambientes adversos, por que as rochas
lunares trazidas pela espaçonave Apollo não mostraram nenhum sinal de sua presença? Por
que não detectamos criaturas desse tipo em Marte, onde certamente acreditamos existir água?
Nem mesmo micróbios foram encontrados, o que significa que a vida primordial (base da
evolução) pode não existir na Lua ou em Marte, e talvez nunca tenha existido nesses locais. Isso
sugere que a probabilidade da existência de vida em qualquer satélite ou planeta talvez seja
menor do que podemos imaginar. Em outras palavras, mesmo que um planeta tenha atualmente
uni ambiente que pode suportar criaturas vivas, a vida pode não existir em seu ambiente.
Falando nisso, alguns estudiosos defendem a teoria de que a vida na Terra teve como ori-
gem organismos transportados ao longo do Universo por meteoritos. Dessa forma, até certo
ponto, a busca por vida extraterrestre também é uma pesquisa relacionada à origem da vida
na Terra — não apenas algo restrito ao meio astronômico.

QUAL O SISTEMA ESTELAR MAIS PRÓXIMO Que PODERIA CONTER


VIDA EXTRATERRESTRE?
Ainda que parte de nossa discussão anterior possa ter tido um ar pessimista, agora tentaremos
encontrar um corpo celeste no qual a vida extraterrestre possa existir, considerando os aspec-
tos ambientais.
Dentro de nosso sistema solar, Ganimedes (satélite de Júpiter, assim como Europa) e Titã
(satélite de Saturno) são candidatos promissores. Isso ocorre porque há uma grande probabili-
dade de que exista gelo ou água em ambos os satélites. Nesse sentido, a possibilidade de vida em
Marte, onde se acredita ter sido detectado um lago de gelo, não pode ainda ser descartada.

Ganimedes

EXISTEM ALIENÍGENAS? 183


Fora de nosso sistema solar, há dois sistemas planetários com estrelas semelhantes ao Sol:
Tau Ceti, aproximadamente a 1.2 anos-luz de distância, e Épsilon Eridani, aproximadamente
a 10,5 anos-luz de nosso sistema solar. Ambos podem ter planetas com ambientes seme-
lhantes ao da Terra. Radiotelescópios estão sendo utilizados para observar essas estrelas de
forma contínua, e o Instituto SETI (Search for Extra-Terrestrial Intelligence, ou Busca por Inte-
ligência Extraterrestre), fundado por Frank Drake, criador da equação de Drake, tem projetos
desenvolvidos no Japão, Estados Unidos e Europa, voltados a esse propósito. O dia em que
detectaremos alienígenas espaciais pode não estar tão distante.
O veículo espacial Kepler, da Nasa, foi lançado em 2009 com o objetivo de encontrar planetas
do tamanho da Terra (e maiores), dentro ou próximos daquilo que astrônomos chamam de zona
habitável. Planetas que orbitam suas estrelas específicas na zona habitável estão a uma distância
adequada dessas estrelas para a sustentação da vida em sua superfície — ou seja, não são nem
frios nem quentes demais. Kepler observa continuamente 1.45.000 estrelas em um campo de
visão específico, em busca de alterações periódicas no brilho desses astros. Essas alterações de
brilho podem indicar que um ou mais planetas passaram temporariamente à frente da estrela.
A missão Kepler anunciou em fevereiro de 2011 que seus dados iniciais foram capazes de
encontrar 1.235 planetas-candidatos. Sessenta e oito deles tinham aproximadamente o tamanho
da Terra. Do número total de candidatos, 54 estavam orbitando a zona habitável e 5 tinham menos
de duas vezes o tamanho da Terra. A partir desses resultados, cientistas da missão estimam que
deve haver ao menos 50 bilhões de planetas na Via Láctea e ao menos 500 milhões deles orbitam
suas estrelas dentro da zona habitável. Saiba mais em: http://keplernasa.gov/.

SERÍAMOS CAPAZES PE CONTATAR UMA CIVILIZAÇÃO


EXTRATERRESTRE?
Será que teríamos como contatar uma civilização extraterrestre se conseguíssemos detectar uma?
Se fôssemos capazes de verificar a existência de alienígenas detentores de algum tipo de
civilização avançada, essa descoberta provavelmente ocorreria por meio de ondas de rádio. Como
as ondas de rádio para transmissões e comunicações diferem claramente de ondas eletromagné-
ticas emitidas naturalmente, se encontrássemos ondas como essas, poderíamos tentar contatar
a civilização que as estivesse produzindo, enviando uma mensagem em sua direção. Entretanto,
o problema é que como mesmo as estrelas mais próximas das constelações de Cetus e Eridanus
estão a mais de 10 anos-luz da Terra, seriam necessários mais de 20 anos apenas para trocar-
mos uma simples saudação, como "Tudo de bom!" e "Prazer em conhecê-los!':

Essa simples troca de mensagens demoraria mais de 20 anos.

184 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BICO BANO


Como Alfa Centauri, estrela mais próxima de nosso sistema solar, está a 4,22 anos-luz de
nosso planeta, uma troca de mensagens exigiria muita paciência. Isso parece muito com o
relacionamento de amigos que trocam apenas cartões de Natal — seríamos capazes de nos
corresponder apenas uma vez a cada 10 anos.
Uma vez que percebemos que a mera comunicação é um tanto limitada — será que não
existe algum método pelo qual poderíamos visitar esses planetas em uma espaçonave?
Da mesma forma que teoricamente poderíamos desenvolver uma espaçonave capaz de
atingir velocidades próximas à da luz, desde que dedicássemos tempo e esforço necessários a
essa tarefa, certamente algumas pessoas poderiam se oferecer para a viagem de 10 anos-luz
(uma viagem de ida e volta demoraria aproximadamente 20 anos). Entretanto, a luta contra a
gravidade seria um problema que teríamos de enfrentar.
Habitantes da Terra podem viver apenas em um ambiente com a aceleração gravitacional de
1G presente na Terra. Como resultado, mesmo viajando no espaço apenas pelo intervalo neces-
sário nos voos dos ônibus espaciais, astronautas têm de se exercitar todos os dias para que seus
músculos não enfraqueçam (ainda assim, a gravidade lhes parece intensa quando voltam à Terra).
A espaçonave que aparece no filme 2001: uma Odisseia no Espaço produzia gravidade arti-
ficial utilizando força centrífuga (força que parece atuar sobre um corpo que gira ao redor de
um ponto central) à medida que girava. Esse provavelmente seria o melhor método à nossa
disposição, mas lançar uma espaçonave dessas dimensões a partir da Terra seria problemático.
Teríamos provavelmente de nos valer de um procedimento diferente, pelo qual primeiro criaría-
mos uma base no espaço ou na superfície da Lua. Nessa base, a espaçonave seria montada e,
finalmente, partiríamos depois para algum ponto fora de nosso sistema solar.

TARPiGRADOS (OU UR505 D'ÁGUA) 5ÃO


A5TRONAUTA5 MAIS DURÕES
Parece que ainda demorará um pouco até que possamos partir em
busca de contato direto com civilizações extraterrestres ou para nos
aventurar no Universo. Entretanto, o candidato a "astronauta" mais
promissor que poderia viajar em nosso lugar seria a criatura conhe-
cida como tardígrado (também chamado de urso d'água).
Um tardígrado é um pequenino animal com até 1,5 mm de com-
primento. Ainda que pareça um inseto, esse não é o grupo desses
animais. Tardígrados caminham calmamente sobre quatro pares de
pernas grossas.
O tardígrado é digno de nota, pois é uni poliextremófilo capaz
de sobreviver a praticamente tudo. Essas fantásticas criaturas são Tardígrado
capazes de viver em situações extremas que causariam a morte de
praticamente qualquer outra forma de vida. Um tardígrado pode permanecer vivo por cerca de
100 anos, mesmo estando extremamente desidratado (o nome desse estado é anidrobiose).
Além disso, ursos d'água podem sobreviver a temperaturas de -273°C a até 150°C, a pressões
que vão desde o vácuo do espaço, a até 75.000 vezes nossa pressão atmosférica e a doses de
radiação de raios X mais de 1.000 vezes maiores do que aquelas letais para seres humanos.
Os tardígrados ressuscitam seus corpos resistentes e vivem em muitos ambientes da Terra,
desde os trópicos, até o Polo Norte, nas montanhas mais elevadas e nas profundezas dos
oceanos, sendo capazes de sobreviver mesmo na água fervente de termas. Há uma grande
quantidade dessas criaturas comuns, porém incríveis. Em setembro de 2008, uma equipe de
pesquisa composta de cientistas suecos e alemães realizou um experimento no qual tardígra-

EXISTEM ALleNíS5NA5? 185


dos foram expostos a 10 dias no espaço. Os resultados mostraram que alguns foram capazes
de sobreviver ao vácuo, assim como às temperaturas extremamente baixas e aos raios ultra-
violeta do Sol.
Fazer uma viagem ao espaço significa travar um difícil combate com um ambiente adverso.
Ainda que a criação de urna espaçonave na qual seres humanos possam viajar com segurança
seja extremamente difícil, se os viajantes fossem tardígrados, o planejamento seria muito mais
fácil, uma vez que seriam capazes de viajar em estado anidrobiótico e depois poderiam ser
ressuscitados muitos anos depois, já em uma uma estrela distante. Se isso fosse feito, então,
no devido tempo, animais evoluídos a partir de tardígrados poderiam estar ativos em todo o
Universo, da mesma forma que essas criaturas ocupam todos os ambientes da Terra..

UM TERCEIRO MéT020 DE MEDIÇÃO DO TAMANHO DO


UNIVERSO: se voc€ CONHECE A5 PROPRIEDADES DE UMA
ESTRELA, PODE DESCOBRIR QUÃO LONGE ELA ESTÁ?
Já mencionamos que a distância de um corpo celeste pode ser calculada por triangulação, uti-
lizando a paralaxe anual e a distância entre a Terra e o Sol. Mas se você se recorda, os ângulos
de paralaxe são tão pequenos que podemos medi-los apenas para estrelas que estejam, pelo
menos, a 1.000 anos-luz. Como o diâmetro da Via Láctea é de aproximadamente 100.000
anos-luz, essa distância é menos de 2% da extensão de nossa galáxia. Há mais de 100 bilhões
de galáxias no Universo! Como poderíamos aprender sobre o Universo que se encontra para
além dessa distância?
Um método simples é a comparar as propriedades físicas de outras estrelas com aquelas do
Sol.

Contração de gás
interestelar

Estrelas IEstrelas do
pequenas tipo do Sol Estrelas
gigantes
G
1)
Contração lExpansão Expansão

1 'i
Anã Q Anã 0
branca 1 vermelha

Contração
Anã Anã
negra marrom
o
Anã
branca

Classificação de estrelas

Mesmo que estrelas como o Sol brilhem liberando energia em razão da reação de fusão
nuclear, o tipo de reação que ocorre é determinado pela massa da estrela (ou seja, por sua

186 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BICA BANO


gravidade). Dessa forma, se a cor emitida por duas estrelas é a mesma, o brilho básico (magni-
tude absoluta) delas também será geralmente o mesmo.
A cor de uma estrela está diretamente relacionada à sua temperatura superficial. Isso é fácil
de entender se você pensar em uma chama: uma chama mais quente queima com a cor azul,
enquanto uma mais fria queima com a cor laranja ou vermelha. Assim, uma estrela mais quente
queima com uma chama azul, enquanto uma mais fria queima com uma coloração avermelhada.
A luminosidade de uma estrela, ou a quantidade de luz que ela emite por segundo, depende de
seu tamanho, mas também de sua temperatura. Assim, se duas estrelas de mesmo tamanho
parecem ter a mesma cor, então sua luminosidade também será, em geral, a mesma.
A luminosidade de uma estrela é um valor físico absoluto, independentemente da distância
do observador. Entretanto, se nos afastarmos de uma estrela, ela parecerá ter um brilho menor
— e quanto mais nos afastarmos, mais diminuirá seu brilho. Na verdade, se dobrássemos nossa
distância da estrela, receberíamos apenas 1/4 da quantidade original de luz medida. Em razão
dessa relação, podemos determinar a distância de uma estrela medindo seu brilho aparente e
comparando esse dado com sua luminosidade.

Neste caso, a energia da luz que atinge o planeta é 1.

Fonte de luz

Como dobramos a distância, a energia da luz


que atinge o planeta é 1/4 da primeira.

Fonte de luz

Como triplicamos a distância, a energia da luz


é reduzida a 1/9 da original.

Fonte de luz

A energia da luz medida pelo observador é inversamente


proporcional ao quadrado da distância em que ele se
encontra da fonte de luz.

Medição da distancia de acordo com a magnitude absoluta

Essas relações podem ser vistas lado a lado no diagrama Hertzsprung-Russell (diagrama
H-R). Esse diagrama, proposto de forma independente pelo astrônomo dinamarquês Ejnar
Hertzsprung e pelo astrônomo norte-americano Henry Norris Russell, é um diagrama de dis-
tribuição que utiliza o tipo espectral (cor = temperatura de superfície) de uma estrela como eixo
horizontal e a magnitude absoluta dela como eixo vertical.

NOTA A magnitude absoluta de uma estrela corresponde à sua magnitude aparente caso
ela estivesse a 10 parsecs de distância de nós.

UM TERCEIRO MÉTODO DE MEDIÇÃO 170 TAMANHO DO UNIVER50 187


Mesmo que uma estrela não exceda o
o limite de medição da paralaxe anual, se
ela tiver, por exemplo, o mesmo espectro Là 2
do Sol, poderemos determinar sua mag-
4
nitude absoluta e, dessa forma, estimar
sua distância utilizando sua magnitude 6
aparente (seu brilho, como visto da Terra).
8 Sequência
Até certo grau, a relação entre mag-
principal
nitude e espectro não é tão exata. Se
10
L
qualquer matéria ou poeira interestelar
bloquear a passagem da luz, o brilho da 12

f'
estrela não representará corretamente
sua magnitude absoluta e sua distância, 14
Anãs
e poderão ocorrer erros significativos. brancas
16
Justamente por isso, astrônomos utili-
zam certas medições e modelos em suas 18

equações para corrigir esses casos.


Alta Baixa
É interessante notar que as classi-
ficações espectrais para o eixo vertical Temperatura da superfície
utilizadas tanto por Hertzsprung quanto
Diagrama Hertzsprung-Russell
por Russel foram desenvolvidas no início da
década de 1.900 por uma mulher chamada
Annie Jump Cannon. Na época, muitas astrônomas trabalhavam para seus colegas homens
coletando dados observacionais e processando essas informações. Essas mulheres, chamadas
então de "computadores de Harvard" (Harvard computers), frequentemente recebiam valores
muito baixos, ainda que realizassem grande parte do trabalho que permitia as importantes
descobertas feitas por astrônomos como Shapley e Hubble. Cannon foi uma dessas "computa-
doras". Ela foi a primeira astrônoma oficialmente nomeada pela American Astronomical Society
e catalogou mais corpos celestes do que qualquer outra pessoa até hoje.

E-5TReLAS QUE APRESENTAM VARIAÇÕES DE 13R11.110 5W 05


"FARÓIS P0 UNIVERSO"
Será que não existe um método mais preciso para medirmos a distância de estrelas? A pessoa
que descobriu a resposta a essa questão e foi responsável por avanços significativos na astro-
nomia foi o astrônomo norte-americano Harlow Shapley (1885-1.972).
O que Shapley percebeu foi a luz de estrelas variáveis. Há muitos motivos que explicam por que
a luz de uma estrela pode variar. Em alguns casos, isso pode ser o resultado de uma explosão
supernova provocada pela morte de uma estrela gigante; em outros, pode ser provocado pela
presença de duas estrelas onde antes se pensava existir apenas uma: sendo uma mais luminosa
e outra mais escura, girando como um par. Entretanto, na maioria dos casos, isso é provocado
por uma estrela cujo brilho varia regularmente, em razão da expansão e do encolhimento perió-
dico de sua superfície. Estrelas como essas são chamadas de estrelas variáveis pulsantes.
As pulsações são provocadas, evidentemente, peta reação de fusão nuclear. No caso das estrelas
chamadas de estrelas variáveis Cefeidas, temos a fusão de núcleos de hélio para formar núcleos
mais pesados de carbono ou oxigênio, o que faz que a estrela como um todo encolha. Como a
camada mais externa é instável, a estrela pulsa. Estrelas variáveis Cefeidas com um período mais
longo de variação de luminosidade também têm uma magnitude absoluta maior.

188 CAPÍTULO 3 O UNIVERSO NASCEU COM UM BIO BANO


Mas foi a astrônoma Henrietta Leavitt, outra "computadora * no Observatório da Uni-
versidade de Harvard, que descobriu essa relação entre período e luminosidade. Enquanto
catalogava a magnitude de estrelas, ela notou um padrão nas estrelas variáveis: quanto maior
a variação, mais brilhante a estrela. Henrietta publicou suas descobertas em 1908, confir-
mando-as em 1912, muito antes de as variáveis Cefeidas serem utilizadas por Shapley no
Grande Debate.
Shapley estudou essa relação e concluiu que poderia ser utilizada para medições de dis-
tância se medíssemos a magnitude aparente e o período de variabilidade da luz. Observando
estrelas variáveis Cefeidas em aglomerados globulares da galáxia da Via Láctea, Shapley perce-
beu que o sistema solar não estava no centro da galáxia.
Depois que astrônomos puderam utilizar estrelas variáveis Cefeidas para medir a distância
de corpos celestes, a posição de corpos celestiais que se encontravam a distâncias maiores que
10 milhões de anos-luz pôde ser precisamente determinada a uma certa medida e o mapa do
Universo foi significativamente redesenhado. O trabalho de Shapley e Leavitt foi essencial para
permitir descobertas como a existência de muitas galáxias externas à Via Láctea, assim como
evidências do deslocamento para o vermelho, indicativas da expansão do Universo.

MéT0905 DE MEDIÇÃO DE DISTÂNCIAS AINDA MAIORES


Utilizando estrelas variáveis Cefeidas e avanços subsequentes em técnicas observacionais,
astrônomos foram capazes de medir a distância de corpos celestes que se encontravam a até
100 milhões de anos-luz de distância, desde que se contentassem com certa margem de erro.
Entretanto, mesmo essa distância ainda representava apenas aproximadamente 1% do Uni-
verso visível. Como a área do Universo que podemos observar fisicamente se estende, a partir
da Terra, por um raio de aproximadamente 15 bilhões de anos-luz, atingir o alcance de medi-
ção até esse limite era o sonho de muitos astrônomos.
Veja, a seguir, alguns outros métodos de medição criados.

meoção COM BASE EM SUPERNOVAS


Uma Supemova de tipo Ia (sistema estelar binário evoluído, que consiste em uma estrela
gigante ou supergigante e em uma anã branca) tem a propriedade de apresentar uma mag-
nitude absoluta de pico praticamente constante. Além disso, seu brilho é aproximadamente
100.000 vezes maior que o de uma estrela variável Cefeida! Como emite tanta luz quanto uma
galáxia, a distância até a qual ela pode ser medida é extremamente grande. Entretanto, uma
supernova pode ser observada apenas no instante em que explode, momento em que sua vida
se encerra.

MEI210-0 BASEADA NO PE51-0CAMENTO PARA O VERMELHO

Se considerarmos que corpos celestes mais distantes se afastam da Terra a uma taxa mais
elevada do que corpos mais próximos, então o deslocamento para o vermelho provocado pela
expansão cósmica aumenta proporcionalmente à elevação da distância. Assim, observando o
deslocamento no comprimento de onda das linhas espectrais de uma galáxia, a velocidade da
galáxia (e distância até a Terra) pode ser conhecida.

N.T.: Edward Charles Pickering (diretor do Observatório de Harvard de 1877 a 1919), frustrado com seus assistentes
homens, decidiu contratar mulheres como funcionárias especializadas para processar dados astronômicos. Essa equipe
ficou respeitosamente conhecida como os "Computadores de Harvard" (fonte: Wikipédia).

UM TERCEIRO MÉTODO PE MEDIÇÃO 170 TAMANHO DO UNIVERSO is


4
GOMO é O LIMITE PO
UNiverzo?
PARA °N2 5TÁ INDO O UNIVeR50?

"`"•.:
.0.1111,

* KAGIJYA-HI/VW, PRODUZIDA E 21z1e12A POR KANNA.

VAMOS LÁ. NÃO


HÁ NINGUÉM
QUE SAIBA
A RESPOSTA
vessA
QUESTÃO?

APENAS UM HOMEM
QUE SAIBA OS
SEGREDOS DO
UNIVERSO PODERÁ
se CASAR COM A
PRINCESA!
GOMO ELA
É LINDAI -
UAU! ' e A GLÓRIA!
EU 50U
KAGUYA-Hlme.
GOMO VÃO voc'ès?

KAGUYA-Hlme
NASCEU EM
UM BOSQUE
DE BAMBUS E
TORNOU-SE
UMA MULHER
EXTREMAMENTE
SELA.

MUITOS SÁBIOS FORAM


CONVIDADOS PARA
DEMONSTRAR SEUS
CONHECIMENTOS
PERANTE A PRINCESA,
MAS ELA TINHA UMA
PERGUNTA QUE
NENHUM PELES SABIA
RESPONDER!

SERÁ QUE
NINGUÉM é CAPAZ
PE RESPONDER
À PERGUNTA DA
PRINCESA?!

PARA ONDE ESTÁ INDO O UNIVERSO? 1q3


VEJAM!
UM CAMPONé5! 5IM OU NÃO...
VOC'è 'é CAPAZ
ve RePoNpeiz
PERGUNTA FEITA
PELA PRINCE5A?

MEDO PO
PAI-CO

15HIZUKA-SEN5E1 NÃO
SOBE em UM PALCO HÁ
MUITO TEMPO.

BEM, NÃO P0550


RespoNDÊ-LA
5e vocã NÃO me KAOUYA-Hlme!
vlselz QUAL é A A PEROUNTA!!!
pegeuNTA.

VOCÊ SUBIR em
UMA e5PAÇONAVe e
VIAJAR ATE 05 LIMITES
DO UNIVER50, O QUE
ENCONTRARÁ?

1q4 CAPÍTULO 4
O LIMITE DO
UNIVER50?1

EM OUTRAS PALAVRAS, A
PRINCESA QUER SABER,
"COMO é O LIMITE DO
UNIVERSO?" BEM, 5E
PUvés9emo9
3 VIAJAR ATÉ

É UMA
NTË . . Ê:(31 LIMITE
Nivegs.0,.:TAmBém URGH! SEU BURRO!
1 .çI0120 Quem VOCÊ PENSA
NÍVËfZ Que É, IKKYU-SAN?!
A PRINCESA QUER UM
HOMEM 5;6010, NÃO UM
BOBO DA CORTE!

5e:NA0P
CRUZÁF:::fr.etA .O.OA
17A PONT& CRUZÁREI
PELO Me! **••••••

Nota da tradução original: Ikkyu foi um sacerdote zen com grande talento para
trocadilhos. A palavra em japonês para ''ponte” ("hashil também pode significar ''borda". PARA ONDE ESTÁ INDO O UNIVERSO? 195
1550 NÃO é UM A UM, TODO5 05
HORA Pe PIAPA51 HOMENS TENTARAM, MA5
NENHUM CONSEGUIU
SAIA 170 Re9p0N2eg À QUESTÃO
FEITA POR ICAOUYA-HIME.

013RIOADO1 1550 é ESTÁ aem...


O SUFICIENTE POR 4
HOJE.
NO5505 12015
ILUSTRES
CONVIDADOS JÁ
crieeARAm?

FALANDO NI550... Receai UMA


A CONFERÊNCIA MENSAGEM
DIZENDO QUE el.e5
CIENTÍFICA AINDA NÃO CHEGARIAM LOGO.
TERMINOU...

KANNA E seus
AMIGOS TERÃO QUE
IMPROVISAR ATé QUE
ELES cHeeuem...

1q6 CAPITULO 4 COMO é O LIMITE 20 UNIVERSO?


E-55E é UM
PROBLEMA
CIENTÍFICO
EXTREMAMENTE
IMPORTANTE!

SERÁ QUE
NINOUéM SABE A
RESPOSTA?!

1550 JÁ ESTÁ FICANDO


A55U5TADOR. NÃO
TENHO MAIS COMO
ENROLAR.
erzl, Que &Les
VIRÃO...
AQUELES

\ LICENÇA...

PARA ONDE ESTÁ INDO O UNIVERSO? 1q7


MUITO BEM,
DEIXE-ME FAZER
UMA PERGUNTA.

O UNIVERSO
TEM LIMITE?

********** ***
•• 1110
_

1q8 CAPÍTULO 4 COMO é O LIMITE DO UNIVERSO?


7 -------
OUVI DIZER QUE O
UNIVERSO NASCEU COM
O QUE VOCÊ O BIO BANO E QUE
QUER DIZER POR CONTINUA A SE EXPANDIR
"LIMITE"? ATA HOJE.

ENTÃO, ELE DEVE


TER UM LIMITE,
NÃO Ê ME5M0?

EM OUTRAS PALAVRAS,
O QUE OCORRE
NOS PONTOS MAIS
DISTANTES DO ESPAÇO,
AQUELES QUE ESTÃO
SE EXPANDINDO?

A EXPANSÃO DO UNIVERSO é
UM FENÔMENO como NENHUM
OUTRO. NÃO HÁ "LIMITE" OU
"BORDA" NO SENTIDO EM QUE
VESTÃO PENSANDO.

O UNIVERSO NÃO
É COMO UMA
MASSA DE PÃO
Que poremos
AMASSAR COM
UM ROLO.

PARA ONDE ESTÁ INDO O UNIVERSO? Ag


EM CERTO SENTIDO,
O LIMITE 170 UNIVERSO
ESTÁ BEM AQUI, NOS
BASTIDORES, ONDE
VOCÊ NÃO PODE VER.

SIM, é mesmo.
ENTRETANTO, VERIFICAR
esse FATO COM
A5 FERRAMENTAS
CIENTÍFICAS ATUAIS é...
ISSO é MUITO
DIFÍCIL PC
IMAGINAR.

IMPOSSÍVEL.
SINTO MUITO.

200 CAPÍTULO 4 COMO é O LIMITE DO UNIVERSO?


ESTA ESPAÇONAVE
FOI PREPARADA PARA
a QUE KAGUYA—HIME
PUDESSE RETORNAR
AO SEU PLANETA
NATAL!

EU 00 PA550
DE UM MERO
AJUDANTE...

VOCÊ é MUITO
BEM INFORMADO,
CAMPONÊS DE OLHAR
ESTRANHO!

ESTRANHO ..

"O LIMITE 20 UNIVERSO


ESTÁ BEM AQUI, NO
BASTIDORES."
CNTÃO, POR Que NÃO
DESCOBRIMOS O QUE
HÁ NOS LIMITES DO
UNIVERSO VIAJANDO em
MINHA ePAÇONAVe, A
KAGUYA-GO?

NESSA VIAM,
PODEMOS PROCURAR
meu PLANETA NATAL?

( ,77
QUANDO CAÍ NA
TERRA, BATI A
CABEÇA, e MINHA
MEMÓRIA ESTÁ UM
POUCO CONFUSA...

202 CAPÍTULO 4
O PLANETA MAIS PRÓXIMO PARECIDO COM A TERRA
FALANDO NI550,
KAeUYA-Hlme

.. POR QUE VOCÊ


ESCOLHEU AQUELA
PERGUNTA?

404NN

APRTM OS GINTO51

NÃO 50U eu
QUEM QUER
SABER A
RE5P05TA...

SÃO PE550A5
COMO VOCÊ QUE
QUEREM SABER,
00 é?

O PLANETA MAIS PRÓXIMO PARECIDO COM A TERRA 203


A esPAÇONAVe
KAGIIYA-GO
PARTIU EM DIREÇÃO
A05 LIMITE-5 PO JÁ VIAJAMOS
UNIVERSO, sem CERCA DE QUATRO
SEQUER LANÇAR UM ANOS-LUZ!
OLHAR PARA A LUA.

SEM DEMORA, ELA


ULTRAPASSOU MARTE,
JÚPITER e SATURNO, é POR QUE EU JÁ
DEIXANDO N05E0 CAMPONÊS... VOCÊ é ERA BEM MAIS
519TEMA SOLAR. O ÚNICO QUE PARECE VELHO DO QUE
TER ENVELHECIDO... VOCÊS!

PERDOE-ME, MA5 NÃO PODEMOS IR MAI5-1iÁPIPO,


5ERÁ QUE VOCê 170 QUE A VELOCIDADE PA LUZ!
NÃO pope IR MAIS NUNCA OUVIU FALAR NA TEORIA PA
IZÁPI PO? RELATIVIDADE ve'eiNsreiN?

204 CAPÍTULO 4 COMO é O LIMITE I70 UNIVERSO?


esse PODE SER
O QUE SZO AQUELA é ALFA O LOCAL DE
AQUELAS TRÊS CENTAURI, 00 é? SAO NASCIMENTO DE
ESTRELAS? As ESTRELAS MAIS
PRóXIMAS PE NOSSO KAeUYA-HIMe!
SISTEMA SOLAR.
É UM SISTEMA
ESTELAR TRIPLO, E
ALGUNS e5TUI210505
ACREDITAM Que ELE
CONTÊM PLANETAS NOS
QUAIS PODEM EXISTIR
CRIATURAS VIVAS.

ACALMErSE1 J
UM LUGAR COM TRÊS
56IS SERIA TERRÍVEL!
TEMOS Que CONTINUAR
NÃO TERÍAMOS COMO N05 PROCURANDO!
PROTEGER DOS RAIOS
ULTRAVIOLETA!!!
ASSIM
NÃO
DÁ!

8A-VIJUIJIJUUM:

O PLANETA MAIS PRÓXIMO PARECIDO COM A TERRA ZOS


O jogo de tabuleiro da
viagem da Kaguya-Go
A Via Láctea
No hemisfério norte, a Via Láctea pode ser vista mais
claramente no verão, uma vez que o centro da galáxia
está na direção de Sagitário, que é a constelação do
verão. Como a Terra se encontra aproximadamente a
28.000 anos-luz do centro do disco galáctico (que tem
um diâmetro de aproximadamente 100.000 anos-luz), a
estrelas da Via Láctea podem ser vistas como um brilho
luminoso no céu, quando observadas a olho nu.
r- É por isso que temos o festival
Tanabata no verão do hemisfério
norte, né?

(Esse festival é o momento perfeito


para apreciarmos o centro da
galáxia...

Como, até o século XX, costu-


mava-se acreditar que a galáxia
representava o Universo inteiro,
podemos dizer que os festivais
Tanabata tiveram início como um
magnífico evento de admiração do
centro do Universo.
..)
Grande Muralha e espaços vazios
Ainda que as galáxias formem aglomerados e superaglome-
Grande Muralha rados, quando olhamos para o espaço como um todo, elas
e espaços vazios estão reunidas em um padrão semelhante a uma rede. Em
Limite do outras palavras, muitas bolhas estão agrupadas — a superfície
Universo? dessas bolhas são as galáxias e seu interior, os espaços vazios.
Quando observadas da Terra, as galáxias parecem criar uma
extensa muralha, por isso esse tipo de estrutura em larga
escala encontrado no Universo é chamado de Grande Muralha.

Atualmente, acredita-se que a malha for-


mada pela Grande Muralha e pelos espaços
vazios seja a maior estrutura do Universo.
_2

(E esse mesmo tipo de estrutura segue


existindo, não importa para onde viajemos,
não é?
J
Superaglomerado local
(Superaglomerado de Virgem)
Superaglomerado local
Um superaglomerado é formado por um agrupamento de
aglomerados ou grupos de galáxias e tem um diâmetro de
mais de 100 milhões de anos-luz, sendo um aglomerado
de corpos celestiais extremamente grandes. O superaglo-
merado a que pertence nosso sistema galáctico (ou seja,
o Grupo Local) é chamado de Superaglomerado Local. Ele
também é conhecido como Superaglomerado de Virgem.

Como o Grupo Local, que contém a Terra,


está localizado próximo da borda do
Superaglomerado de Virgem, ele está a
aproximadamente 60 milhões de anos-luz
da galáxia M87 da constelação de Virgem,
perto do centro do Superaglomerado de
Virgem. Estima-se que o diâmetro do
Superaglomerado de Virgem seja de apro-
ximadamente 200 milhões de anos-luz.

Ir" Grupo local


Grupo local
No espaço, galáxias criam agregados chamados grupos ou
aglomerados de galáxias. O grupo de galáxias ao qual nossa
galáxia (a Via Láctea) pertence é conhecido como Grupo Local.
Esse grupo contém aproximadamente 40 galáxias. A maior
delas é a galáxia de Andrômeda: o diâmetro de seu disco é de
aproximadamente 130.000 anos-luz.

De acordo com o cálculo de cientistas, o


diâmetro do Grupo Local está entre 2,4
e 3,6 Mpc (megaparsecs).

ÍUrn parsec é a distância até um corpo


celeste para o qual a paralaxe anual é de
1 segundo. Se me lembro bem, 1 pc =
3,26 anos-luz, assim o diâmetro é de 7,8
11,7 milhões de anos-luz!
cHeeAvA AO "LinArreit PO UNIVeR50 •.•:•.•. . . ......................................
.'.'.'.'.".'.'.'.'.'.'.'.....•.•.•.•
- . . .•.•.•. ...•.•.•.•.•.•. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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.......
....;.•..•.•.•.....•..•..•..:
.......:.•............,

MAS QUE
ESTRANHO...

e VIAJARMOS ATé O
LIMITE DO uNiveg9o...

... ACABAREMOS
RETORNANDO AO
PONTO DE ONDE
PARTIMOS!

.......... : ........

A K,46/./YA-60, CUJO
DESTINO ERA O LIMITE VAMOS
DO umveRso, POR PERGUNTAR
ALGUM MOTIVO ACABOU AO CAMPONÊS
RETORNANDO À TERRA, POR Que isc?
LOCAL re ONDE HAVIA N OCORREU.
PARTIDO.

208 CAPÍTULO 4 COMO é O LIMITE DO UNIVERSO?


O MON61.060 PO PROFS550R 5ANIJKI
Todos provavelmente já ouviram dizer que o Universo nasceu com o Big Bang. Entretanto, o
que significa a expressão "o Universo nasceu"?
O Universo que reconhecemos é tridimensional e pode ser representado por três eixos coor-
denados: um para comprimento, outro para largura e um terceiro para altura. Evidentemente,
não podemos escapar de seus limites. Para nós, isso é tudo que conhecemos.
Entretanto, o espaço com quatro (ou mais!) dimensões é chamado de hiperespaço, e de
sua perspectiva, um espaço tridimensional é apenas um simples sistema fechado (note que o
espaço quadrimensional de que estou falando é o espaço representado por quatro eixos coor-
denados, e não o espaço tridimensional somado ao tempo).
Como não podemos formar uma imagem de um espaço quadrimensional desse tipo, vamos
pensar em um modelo analisando duas dimensões, a partir de uma perspectiva tridimensional.
Tenho um balão aqui, e sua superfície é bidimensional. Em sua disposição espacial, ele é
curvo e forma uma esfera tridimensional.

Retorno à localização original

Se o foguete bidimensional tentar viajar ao limite do balão, retornará ao seu ponto de origem.

Da mesma forma, o espaço tridimensional em que vivemos poderia ser curvo em quatro
dimensões.
Como este foguete quadrimensional hipotético simplesmente passa para além do limite de
nosso Universo tridimensional, de seu ponto de vista (ou seja, se olharmos nosso Universo
tridimensional a partir de quatro dimensões), o "limite", ou a "borda", de nosso Universo está
em todos os lugares. Foi isso que quis dizer antes, quando disse: "O limite do Universo está
bem aqui".

O MONÓL.0e0 DO PROFESSOR SANUKI 20g


Falando nisso, vamos supor que temos uma espaçonave com acesso a algum tipo de
tecnologia de "dobra espacial", com a qual possamos nos movimentar entrando no espaço
quadrimensional e, depois, retornar ao espaço tridimensional em outra localização. Para quem
estivesse nos observando, nossa espaçonave pareceria simplesmente desaparecer por uma
"dobra" no espaço, para, depois, reaparecer em outro ponto.
Muito bem! Então qual é a forma do espaço tridimensional?
Ainda que eu queira evitar uma explicação mais difícil, de acordo com cálculos matemáticos,
o resultado é um desses três modelos:

Modelo 1 do Universo em 2D Modelo 2 do Universo em 2D Modelo 3 do Universo em 2D

No primeiro modelo, em que a curvatura do espaço é zero, o espaço continua a se


estender, não importa até onde você vá. Quando ilustrado em duas dimensões, o espaço é
um plano infinito. Ainda que a figura pareça ter um limite, como o plano continua em todas
as direções, você nunca poderá atingir o limite do Universo enquanto estiver se movendo
dentro de três dimensões.
No segundo modelo, em que a curvatura é positiva, o espaço é uma superfície esférica,
como a de um globo, quando representado em um modelo bidimensional.
No terceiro modelo, em que a curvatura é negativa, o espaço tem "forma de sela" — ele
se curva para cima e para baixo.
Se considerarmos a superfície esférica de curvatura positiva como modelo de nosso
Universo, uma espaçonave que viaje em três dimensões com direção à "borda" do Universo
terminará retornando à sua origem.
Se pudéssemos construir uma espaçonave capaz de viajar mais rápido do que a
velocidade da luz, ela poderia atingir o hiperespaço nos limites do Universo, por meio de
uma dobra espacial. Entretanto, enquanto ainda estivermos no espaço tridimensional, não
poderemos viajar mais rápido que a luz, como mostra a teoria da relatividade. Em outras
palavras, não importa a que distância possamos viajar, não podemos atingir o limite do
Universo, e, na melhor das hipóteses, isso apenas nos levará de volta ao ponto de onde
partimos.

210 CAPÍTULO 4 COMO É O LIMITE DO UNIVERSO?


.,

COMO VIM DESSE


UNIVERSO, PEDIREI
AOS HUMANOS Que
PONDEREM SOBRE
ESSES ml5TéR105,
PARA Que ELES
POSSAM APRENDER
SOBRE O UNIVERSO,
e O UNIVERSO,
SOBRE ELES.

1550 MESMO. COMO


UM SÁBIO DO PLANETA
TERRA, é MINHA MISSÃO
CERTO, BUSCAR RESPOSTAS
SR. SANUKI? PARA TAIS QUESTÕES.

KAGUYA-HIME NÃO
RETORNOU AO SEU
PLANETA NATAL, MAS
CONTINUOU A VIVER FELIZ
NA TERRA, TENDO MUITAS
CONVERSAS SOBRE O
UNIVERSO COM O
SÁBIO ALDEÃO.

O MONÓLOGO DO PROFE55OR 5ANIJKI Z11


NA VERDADE, EU
FAZIA PARTE D0
LJAU! POR
CLUBE DE TEATRO ESSA EU NÃO
NO COLÊ010. ESPERAVA!
VC5E-NZ1
PARTE 1715:1,..i
A5TROW0i

nn

PARTICIPEI 12E MUITAS


peçAs, COMO ALICE NO LJAU! QUAL FOI
F'AíS DAS MARAVILHAS SEU PAPEL,
E ANNE OF GREEN PROFESSOR?
GABLE5,
L APRESSADO?

Li
I
VOCÊ TRABALHOU
MUITO BEM,
'P'iráki 20:m41i
///CLLU/1///
PROFESSOR!!!
O PAPEL
PRINCIPAL,
Ê CLARO!

VOCÊ JÁ ATUOU
ANTES?
9
NO9W UNIVER50 EM
CONSTANTE eXPAN9ÃO
1//
ESTOU TÃO FELIZ
POR NÃO FECHAREM
O CLUBE DE TEATRO!

LONGE 121550...
NA VERDADE, AGORA
TEM05 MUITAS
PE550A5 QUE QUEREM
FAZER PARTE
4

O QUE ESTÃO
AH... FAZENDO NO
Aí ESTÃO PRÉDIO PRINCIPAL BEM,
voCès! DO TEMPLO? VOCÊS TEM UM
VISITANTE.

Quem...?

214 CAPÍTULO 5 NO550 UNIVERSO EM CONSTANTE EXPANSÃO


OLÁ, PESSOAL!
OBRIGADO POR TODA
A SUA DEDICAÇÃO!
O PROF5550R...

TROUXE UM
SOLO.

éO
PROFESSOR!

você visse QUE O


PROFESSOR QUERIA
COMO A Al-e0?
ATITUDE
veLe,9

O GRANDE
ALGUNS DE MEUS
ESPETÁCULO VOCÊ QUER COLEGAS VIAM
ENCENAR A PEÇA VER NO5SA PEÇA e
NA UNIVERSIDADE?! GOSTARAM MUITO DELA.
11&I N?!

AGORA auegem
P UMA ENCENAÇÃO NA
UNIVERSIDADE. NOS DIAS
cie Fiais, é MUITO DIFÍCIL
FAZER COM QUE OS
ALUNOS SE INTERESSEM
POR CItSCIA!

O GRANDE ESPETÁCULO Z15


O QUE VOCÊS
ACHAM? SERÁ QUE
CONSEGUIMOS?
DROGA, TENHO
QUE ALTERAR
O ROTEIRO De
NOVO!

HÃ? IMAGINEI QUE VOCÊ


IMAGINA! AQUILO FOI
O ROTEIRO NÃO APENAS ALGO QUE GOSTARIA DE REESCREVER
ESTAVA BOM? O ROTEIRO... POR ISSO
E5CREVI DE ÚLTIMA TROUXE UM MATERIAL
HORA E 50B PRESSÃO! NOVO.
FOI 5c5 UM E5BOÇ0 E
AINDA COM A AJUDA
DO PROFESSOR.

O "CONTO DO UM NOVO
CORTADOR TEMPO E
PE BAMBU" PARECE QUE ESPAÇO?
ORIGINAL? KAGUYA-HIME
FOI ENVIADA À
TERRA DEPOIS
DE COMETER UM
CRIME NA LUA...
5E VOCÊ O LER
NOVAMENTE, PODERÁ ISSO a...
FAZER NOVAS
DE5COBERTA5... ... E 5UA MEMÓRIA FOI
APAGADA PARA QUE ELA
SE e5QUECE55e DE 5UA
Lu VIDA PREORESSA ATE. QUE
FOSSE MAIS VELHA.
O

O
EM RESUMO, DIZEM
QUE A55IM QUE ELA
EMERGIU 20 CAULE
O DE BAMBU, UM NOVO
TEMPO E ESPAÇO
O NASCERAM COM ELA.

216 CAPÍTULO 5 NO550 UNIVERSO EM CONSTANTE EXPANSÃO


uNtveRsos
SEPARADOS PODEM
SIM... É MUITO APARECER CM UMA
SEMELHANTE AO HISTÓRIA, OU EM UM
BI& BANGI LIVRO, MA5...
SERÁ QUE
SÃO REALMENTE
NESTE CONTO, A LUA POSSÍVEIS?
E A TERRA e5TÃO EM
UNIVERSOS SEPARADOS.

ESSA é CONHECIDA
NA VERDADE, HÁ UMA HIPÓTESE DE
COMO A TEORIA DO
QUE EXISTEM MUITOS UNIVERSOS E- MaTIVER5-0.
QUE O NO550 é APENAS UM DELES;;

NENHUMA EVIDÊNCIA ISSO FARIA DE MIM


CIENTÍFICA FOI A PRINCESA DE UM
ENCONTRADA UNIVERSO SEPARADO
INTEIRO!
AINDA, MAS...
É UMA IDEIA
MUITO LEGAL!

O GRANDE ESPETÁCULO 217


DESTA VEZ, NÃO
QUERO 5ER
APENAS UM MERO
AJUDANTE...

HA, VOCÊ
QUER SER A ACHO QUE CONSIGO
ESCREVER AI-00 PROFESSOR, VOCÊ
PRINCESA? BEM INTERESSANTE PODE ME ENSINAR
BASEADO NISSO! MAIS DETALHES
SOBRE O UNIVERSO?

ATÉ
QUE
ELE
FICARIA
13e/t4„,

MAS é CLARO!
DESTA VEZ, EU INCLUIREI A
TEORIA DA RELATIVIDADE,
E MUITO MAIS...
O MULTIVER50 GONTáM VÁR105 UNIVeR505
A teoria do multiverso trabalha com a hipótese de que existem vários Universos além do nosso.
Algumas pessoas afirmam que o hiperespaço é um receptáculo para o Universo (ou seja, ele
mesmo um espaço) e acreditam que muitos Universos flutuam no hiperespaço. Há muitas teo-
rias diferentes sobre como se formaram esses chamados Universos paralelos e qual a relação
que eles têm com nosso próprio Universo. Como disse o professor, não há provas científicas
para nenhuma teoria do multiverso, por isso o tipo do relacionamento entre Universos dife-
rentes é desconhecido. Mas muitos cientistas consideram que o multiverso possa formar uma
estrutura maior do que o Universo observável.
O princípio cosmológico defende que se olharmos de uma distância suficiente, as proprieda-
des do Universo terão de ser as mesmas para todos os observadores. Isso significa que não há
um lugar especial no Universo, que o Universo deve ter a mesma aparência geral quando visto
de qualquer ponto e que as mesmas leis da física se aplicam em qualquer lugar. Se estender-
mos nossa interpretação desse princípio, parecerá lógico supor que possam existir incontáveis
outros Universos: nessa linha, a ideia de que nosso Universo é único seria, portanto, ilógica. Em
outras palavras, se houvesse um princípio supercosmológico, a noção do multiverso não seria
de todo absurda. Mas filosoficamente, não é uni pouco estranho acreditar que outros Universos
devam existir? Evidentemente, essa conjectura tem alguns críticos.

O LIMITE, NA5GIMENTO e FIM DO UNIVER50...


O grau em que o espaço se dobra é chamado de curvatura. Quando falamos "espaço", estamos
falando de tudo que consideramos parte de nosso Universo: planetas, estrelas, gases, cometas
e mesmo a energia têm de se curvar. No último capítulo, falamos sobre o formato potencial de
nosso Universo — vamos explorar um pouco mais essa ideia, analisando novamente a noção de
curvatura positiva.
Se o Universo apresenta uma curvatura positiva, uma espaçonave que parte em direção ao
seu limite e segue sempre "em frente" deve retornar, eventualmente, ao seu ponto de partida.
Mesmo que possamos dizer que isso acontecerá porque o espaço é curvo, compreender o que
isso significa pode ser um pouco difícil. Assim, que tal explorarmos um pouco mais essa ideia?

POR Que O ESPAÇO pope SER CURVO?


Pode ser difícil compreender a noção de curvatura no espaço tridimensional. Vamos então ini-
ciar pensando em um espaço bidimensional. O espaço bidimensional é como um mundo que
existe em uma folha infinita de papel (Figura 5.1). A posição de cada objeto nesse mundo pode
ser representada utilizando dois eixos coordenados.
Como esse gráfico não nos dá a sensação de "espaço", vamos tentar visualizar nosso modelo
bidimensional em três dimensões (Figura 5.2).
Dessa perspectiva, podemos ver que o plano bidimensional é um mundo plano, como uma
placa. Se presumirmos que esse mundo tem habitantes bidimensionais, é indiferente para eles
se seu mundo está dobrado em três dimensões. Ainda que o papel do gráfico esteja curvo,
dobrado ou amassado como uma bola, isso será indiferente para quem vive nele, uma vez que
o mundo indicado pelas coordenadas x e y permanecerá o mesmo. Os habitantes não percebe-
rão a dobra do espaço — ao menos, não sem viajar distâncias muito extensas.

O MULTIVERSO CONTÉM VÁRIOS UNIVERSOS ZIP


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1 2 3 4 5 x 3

Figura 5.1 - Um plano simples, que se expande em todas as Figura 5.2 - Um plano bidimensional (2D) visto de
direções — imagine que este modelo não tem bordas. uma perspectiva tridimensional (3D).

VOCÊ RETORNA AO mesmo PONTO em UM PLANO, em UM


CILINDRO e EM UMA e5FeRA?
Quando a curvatura do espaço é zero (ou seja, quando ele é plano, como uma folha de papel),
ele pode ser desenhado com linhas retas. Mas quanto maior sua curvatura, mais ele se dobra,
o que significa que deve ser desenhado com linhas de curvatura mais acentuadas.
Quando um mundo perfeitamente plano, como aquele representado em papel quadriculado
nas figuras 5.1 e 5.2, é visto de nossa perspectiva em três dimensões, podemos ver um espaço
bidimensional com curvatura zero. Mas mesmo folhas de papel quadriculado raramente são
perfeitamente planas — seria difícil manter uma curvatura de exatamente zero.
Por isso, vamos supor que a curvatura não seja mais zero no eixo x. Na figura 5.3, o papel
quadriculado foi curvado horizontalmente. O que acontecerá nesse caso?
Se o espaço bidimensional se estende infinitamente, mas é curvo, e se presumirmos que
essa curvatura é constante, então ele deverá se dobrar e eventualmente retornar ao ponto
de partida, adquirindo a forma de cilindro que vemos na figura 5.3. Essa forma cilíndrica será
criada quando as direções positiva e negativa da coordenada x se encontrarem.
Os habitantes desse mundo bidimensional não terão ideia de que vivem em um cilindro.
Mas se eles caminharem em linha reta, procurando o endereço x = 00, eventualmente estra-
nharão quando x se tornar negativo.
Ademais, um espaço bidimensional que se dobra apenas na direção do eixo x é uma con-
dição muito especial. Por outro lado, se a curvatura na direção do eixo y também for positiva,
então o espaço bidimensional produzido será uma esfera, como na figura 5.4. Mesmo que a
curvatura na direção dos eixos x ou y não seja necessariamente constante, se o espaço bidi-
mensional continuar a se dobrar em uma direção fixa, ele acabará intersectando ambas as
direções x e y, criando uma forma fechada como uma esfera.

ZZO CAPÍTULO 5 NO550 UNIVERSO em CONSTANTE 5XPAN5A0


1 2

Figura 5.3 - Um cilindro resulta de Figura 5.4 - Uma esfera resulta de uma
uma curvatura positiva na direção x. curvatura positiva nas direções x e y

Podemos estender essa ideia ao espaço tridimensional e prever um comportamento seme-


lhante. Se os eixos coordenados que podemos definir (x, y e z) forem perfeitamente retos
quando vistos da quarta dimensão, poderemos continuar viajando infinitamente no Universo.
Mas se esses eixos forem dobrados ainda que pouco, como nosso cilindro ou esfera, eventual-
mente retornaremos ao ponto de que partimos.

CURVATURA NeGATIVA
Entretanto, como dissemos antes, podemos ter três tipos de curvatura: zero, positiva e nega-
tiva. 0 que significa dizermos que o valor que representa a curvatura (ou seja, o grau no qual
uma linha ou face se dobra) é negativo? Primeiramente, lembre-se dos três diagramas de
modelos do Universo em duas dimensões que o professor Sanuki nos mostrou, na página
210. Foram eles: uma superfície esférica (curvatura positiva), um plano (curvatura zero) e uma
forma que parecia uma sela de montaria (curvatura negativa).
Da mesma forma que nosso plano bidimensional (de curvatura zero) não era exatamente
um retângulo com bordas definidas, podemos dizer que o Universo com curvatura negativa é
"parecido" com urna sela de cavalo, pois não tem borda definida, mas continua a se expandir
tanto vertical quanto horizontalmente.
Vamos desenhar triângulos nesses três modelos para mostrar os efeitos que os tipos distin-
tos de espaço curvo têm na geometria. No "plano" do modelo 2, a soma dos ângulos internos
do triângulo é 180°, como na geometria básica normal.
Mas o que ocorre quanto temos a esfera do modelo 1? Nela, a soma dos ângulos interiores
do triângulo é maior do que 180°. No modelo 3, em forma de sela, esse valor é menor que
180°.

O LIMITE, NASCIMENTO E FIM PO UNIVERSO— 221


1. Curvatura positiva 2. Curvatura zero 3. Curvatura negativa

A sorna dos ângulos internos A sorna dos ângulos internos A soma dos ângulos internos
é maior que 180°. é igual a 180°. é menor que 180°.

Figura 5.5 - Cada representação da curvatura do Universo tem implicações diferentes.

Considere um triângulo em que o vértice superior está no Polo Norte da Terra e cuja base
esteja no equador (como o triângulo do modelo 1, na figura 5.5). Nesse caso, os ângulos cria-
dos pela base (equador) e os lados que conectam o vértice à base (ou seja, os meridianos) são
ângulos retos (90°). Portanto, a soma dos dois ângulos criados pela base é 180°, e quando
somamos o ângulo interior do vértice, a soma dos ângulos ultrapassará 180°. Mesmo intuitiva-
mente, você pode notar que o oposto também é verdadeiro para um triângulo desenhado em
um plano com curvatura negativa, como o do modelo 3.

UNIVERSO DINÂMICO DE FRIeDMANN


O Universo tridimensional em que vivemos também poderia ter qualquer uma dessas três for-
mas quando visto da quarta dimensão, com curvatura positiva, negativa ou nula. Os famosos
modelos de Friedmann do Universo foram criados justamente para esse tipo de análise.
O astrofísico russo Alexander Friedmann (1888-1925) formulou a hipótese de um Universo
dinâmico, ou seja, um que esteja continuamente sujeito às forças que o fazem expandir e
contrair. Ele ponderou o que poderia acontecer caso a curvatura desse espaço dinâmico fosse
positiva, zero ou negativa. Os resultados dessas três curvaturas diferentes estão modelados
em três dimensões na figura 5.6. Cada letra S fixada na superfície do modelo representa uma
galáxia.
A figura 5.7 mostra as previsões de Friedmann sobre o que aconteceria nesses três modelos
com o passar do tempo. O eixo y representa a distância média entre as galáxias no Universo,
enquanto o eixo x representa o tempo transcorrido. Um fator de escala 1 no eixo y indica que a
distância entre as galáxias representa aquela que temos hoje, enquanto 2 indica que a distân-
cia entre as galáxias dobrou.
Astrônomos não costumam se referir à curvatura específica do espaço, mas sim à sua geo-
metria global do esáço. Um Universo com curvatura positiva, como uma esfera, é chamado de
Universo fechado. Se você viajasse em linha reta em um Universo desse tipo, sua jornada seria
um loop fechado: eventualmente, você terminaria retornando ao ponto do qual partiu. Como

ZZZ CAKTULO 5 NOSSO UNIVERSO em CONSTANTE EXPANSÃO


1. Curvatura é positiva. 2. Curvatura é zero. 3. Curvatura é negativa.

4, Galáxias

-(-

1
Expansão Expansão

Figura 5.6 - Os modelos de Friedmann do Universo — as formas em 5 de cada modelo representam as galáxias.

1. Curvatura é negativa
(Universo aberto)
Fator de esca la

2. Curvatura é zero
(Universo plano)

3. Curvatura é positiva
(Universo fechado)

Presente
Tempo

Figura 5.7 - Friedmann previu as alterações com o passar do tempo para os três modelos do Universo.

mostra a figura 5.7, um Universo fechado eventualmente sofrerá um colapso sobre si mesmo.
Um Universo com curvatura negativa é chamado de Universo aberto, enquanto um Universo
com curvatura zero é chamado de Universo plano. A figura 5.7 também demonstra a previsão
de Friedmann de que ainda que a velocidade de expansão de um Universo com curvatura zero
ou negativa diminua com o passar do tempo, ela continuará infinitamente.
Em resumo, há três formas nas quais o espaço pode se curvar: positiva, não em todos (cur-
vatura zero), ou negativamente. Esses três tipos de curvatura nos dão três tipos de Universo:
fechado, plano ou aberto. Por enquanto, isso é tudo que você deve recordar.

O LIMITE, NASCIMENTO e FIM PO UNIVERSO... 2Z3


SERÁ QUE O UNIVERSO É DINÂMICO?

Você aprendeu que Hubble deduziu que o Universo está se expandindo depois de descobrir
o deslocamento para o vermelho dos corpos celestes, confirmando a teoria da expansão de
Friedmann apenas depois de sua morte. A pessoa que criou a motivação para a teoria de Frie-
dmann foi Albert Einstein (1879-1955). Mas Einstein acreditava que o Universo era estático e
imutável, e não que estava se expandindo. Como resultado, ele cometeu um grande erro.
A teoria geral da relatividade, publicada por Einstein em 1915, declarava que a atração gra-
vitacional é um fenômeno físico provocado pela distorção do espaço circundante produzida pelo
fato de a matéria ter massa. Assim, de acordo com a teoria de Einstein, a gravidade é conside-
rada um efeito do próprio espaço, e não o resultado da atração mútua da matéria postulada
pela física newtoniana.
Da perspectiva newtoniana, objetos com massa atraem uns aos outros mutuamente (Figura
5.8). Da perspectiva de Einstein, objetos com massa provocam deformações no espaço (repre-
sentadas pelo plano na figura 5.9).

Matéria Matéria

Dois objetos são atraídos pela força mútua da gravidade.

Figura 5.8 - Representação newtoniana da gravidade.


Figura5.9 - Einstein propôs que o próprio espaço se
deformava como resultado da gravidade.

Entretanto, mesmo esse modo de pensar a gravidade não foi capaz de explicar por que o
Universo tem sua forma atual, já que se toda a gravidade fosse causada pela matéria, então o
Universo deveria estar se contraindo com o passar do tempo (mesmo que de início ele tivesse
sido estático).
Newton, ao contrário, presumiu que o Universo se estendia infinitamente e que não estava
se contraindo, já que muitos corpos celestes exerciam atração uns sobre os outros de pontos
consideravelmente distantes. Muitas pessoas duvidaram do fato de que o Universo poderia ser
mantido em um equilíbrio tão delicado. Cálculos simples mostraram que esse "equilíbrio" não
era tão estável e que se existisse um local em que a matéria (nesse caso, as estrelas) fosse um
pouco mais concentrada do que ao seu redor, toda a matéria acabaria se reunindo na direção
desse ponto, provocando colisões cada vez maiores.
Assim, Einstein presumiu que além de uma atração mútua entre a matéria, havia também
uma força repulsiva que provocava uma repulsão mútua (Figura 5.10). Ele também supôs que
o espaço era estático, pois a força atrativa da gravidade e a força repulsiva deveriam se equili-
brar. Essa foi sua conclusão perto de 1915.
Mas, então, cosmólogos começaram a perceber que o Universo estático de Einstein, assim
como o Universo considerado por Newton, teria que sustentar um equilíbrio incrivelmente ins-
tável. O Universo se tornaria dinâmico, ainda que ocorresse apenas uma pequena concentração
de densidade de matéria em algum ponto, e rapidamente passaria a se contrair ou expandir.
Isso nos conduziu à cosmologia que veremos a seguir.

ZZ4 CAPITULO 5 NOSSO UNIVERSO EM CONSTANTE EXPANSÃO


Figura 5.10 - Uma concepção do Universo estático de Einstein, com a gravidade e
uma misteriosa força repulsiva em equilíbrio.

MA/5 PARECIDO COM EINSTEIN PO QUE O PRÓPRIO EIN5TEIN

À primeira vista, as equações (chamadas de equações de campo gravitacional) que Einstein


apresentou na teoria da relatividade geral não levaram em consideração uma força repulsiva.
Entretanto, à medida que desenvolveu seu raciocínio, Einstein percebeu que as forças gravita-
cionais, como estavam, provocariam o colapso do Universo. Assim, para sustentar o Universo
estático e imutável em que acreditava, Einstein decidiu que não lhe restavam alternativas
senão adicionar uma constante. Essa constante, conhecida hoje como constante cosmológica,
representava o efeito da força repulsiva necessária para estabilizar o Universo e impedir que ele
entrasse em colapso ou se expandisse.
Como a força repulsiva era simplesmente um conceito hipotético criado na cabeça de Eins-
tein, não havia motivo para que não pudesse ser eliminada. Se você acredita que o Universo
está dinamicamente se expandindo ou se contraindo, então a constante cosmológica é desne-
cessária.
Friedmann derivou três soluções que podem ser vistas em seus modelos do Universo
(Figura 5.7). Se a massa total da matéria do Universo for pequena, a gravidade perderá a luta
contra a força de expansão, e o Universo se tornará cada vez maior. Se a massa total de toda
a matéria do Universo for grande, o Universo deverá se contrair. Se, por acaso, a massa estiver
na linha crítica entre esses dois cenários, a expansão continuará, mas sua taxa deverá eventu-
almente diminuir.
Ainda que Einstein tenha inicialmente negado a possibilidade de um Universo em expansão,
ele eventualmente aceitou que estava incorreto e disse que a adição da constante cosmológica
às suas equações foi o maior erro de sua vida.

O LIMITE, NASCIMENTO E FIM DO UNIVERSO... ZZ5


MATÉRIA ESCURA

A teoria da relatividade geral de Einstein diz que a massa é capaz de curvar o espaço ao seu
redor. Portanto, uma grande massa pode fazer com que a luz que viaja próxima dela altere seu
curso, efetivamente "dobrando" a luz. Astrônomos provaram esse fato em 1919, quando, ao
observarem estrelas próximas do Sol durante um eclipse solar total, perceberam que elas esta-
vam "fora de posição", uma vez que a luz estava sendo dobrada pela gravidade do Sol. Einstein
afirmou que a dobra da luz sobre um objeto astronômico poderia ser tão intensa que o obser-
vador chegaria a ver imagens múltiplas da mesma fonte de luz. Essas "lentes gravitacionais"
seriam capazes de dobrar a luz, da mesma forma que uma lente de vidro. Assim, fótons de luz
que, originalmente, não tinham como destino a Terra seriam redirecionados até nós, provocando
imagens múltiplas do objeto que os produziu. O astrônomo Fritz Zwicky teorizou que isso poderia
acontecer com aglomerados de galáxias, ideia confirmada em 1979, depois de sua morte.
Utilizando lentes gravitacionais, é possível calcular a massa de um aglomerado de galáxias e
a forma como essa massa está distribuída, uma vez que esses dados determinam a curvatura
da luz e a imagem que recebemos. Depois de realizar esse cálculo, astrônomos ficaram sur-
presos em descobrir que havia muito mais massa criando campos gravitacionais do que apenas
a massa dos gases e poeira que vemos nas galáxias. Além disso, a maioria dessa massa extra
não se encontrava no mesmo local das galáxias; em vez disso, ela estava entre as galáxias,
onde nenhum corpo celeste era aparente. Essa matéria misteriosa, que não emite nem absorve
luz, é invisível para nós e foi, por isso, chamada de matéria escura.
Essa descoberta solucionou outro problema dos astrônomos no final da década de 1960, sur-
gido da observação da velocidade com que as estrelas orbitavam ao redor do centro das galáxias
espirais. Modelos físicos normais utilizando a massa da matéria visível em uma galáxia previam
que as estrelas mais distantes de seu centro deveriam orbitá-lo com velocidades menores do
que aquelas mais próximas. Entretanto, cálculos mostraram que, na verdade, todas as estrelas se
moviam a uma taxa praticamente uniforme ao redor da galáxia, independentemente da distância
em que se encontravam do centro da galáxia de que faziam parte. Isso implicava que deveria
haver mais dessa matéria invisível próxima dos limites externos das galáxias.
Alguns físicos de partículas acreditam que a matéria escura é um tipo de partícula que não é
formada das mesmas partículas subatômicas que compõem a matéria "normal". Chamamos essa
matéria normal de bariônica, a qual é formada pelos mesmos prótons e nêutrons presentes em
nossos corpos, na Terra, no Sol e nas estrelas. Cálculos mostram que a matéria de todos os tipos
constitui 28% do Universo, mas quando os astrônomos adicionaram a massa combinada de toda
a matéria bariônica, descobriram que ela representa apenas 4,6% do Universo. Isso significa que a
matéria escura é responsável pelos outros 23%. Teoriza-se que a matéria escura é uma partícula
não bariônica chamada WIMP, ou Weakly Interacting Massive Particle (particula de massa com
fraca interação). Tentativas estão sendo feitas por cientistas para detectar WIMPs e compreender
a verdadeira natureza dessa partícula. Até que isso seja possível, a matéria escura permanece um
dos maiores e mais importantes mistérios da astronomia.

O ERRO PE EINETEIN SEGUE VIVO

Einstein ficou constrangido por não poder refutar a teoria da expansão cósmica, mas removeu
a constante cosmológica de suas equações de campo gravitacional.
Até 1990, o modelo-padrão que tínhamos do Universo determinava que ele havia sido
criado em um Big Bang e depois se expandido rapidamente. Pensava-se que o Universo con-
tinuaria a se expandir até que a gravidade diminuísse a velocidade da expansão e chegasse
finalmente a revertê-la, encolhendo o Universo até que ele entrasse em colapso como um

226 CAPÍTULO 5 NO5E0 UNIVERSO 5A4 CON5TANT5 EXPANSÃO


buraco negro supermassivo. Essa ideia era chamada de Big Crunch. Entretanto, durante as
décadas de 1980 e 1990, observações feitas da radiação cósmica de fundo e de supernovas
Tipo Ia em galáxias muito distantes (o que também significa galáxias formadas pouco depois
do Big Bang) mostraram aos cosmólogos que não apenas o Universo estava se expandindo,
mas também essa expansão estava se acelerando! Isso era contrário à teoria aceita de que a
expansão estava diminuindo de velocidade. Algum tipo de fonte de energia era necessário para
atender a essa expansão cada vez mais rápida. Como resultado, fazia sentido reincorporar a
constante cosmológica de Einstein nas equações relativísticas da gravidade.
Se essas observações estiverem corretas, o maior erro da vida de Einstein pode ter sido
refutar sua própria constante cosmológica. Se Einstein tivesse declarado que a constante cos-
mológica era absolutamente necessária, ele poderia ser ainda mais renomado como gênio.

O MISTÉRIO PA ENERGIA ESCURA

Então, o que faz com que o Universo se expanda cada vez mais rápido? Pode ser que a
ideia de Einstein da constante cosmológica esteja correta, o que significaria que alguma força
repulsiva constante estaria acelerando a expansão do Universo. Uma explicação para isso seria
a de que o próprio vácuo do espaço vazio tem algum tipo de energia que impulsiona essa ace-
leração. Astrônomos chamam essa energia desconhecida de energia escura. Essa energia pode
muito bem ser a constante cosmológica (denotada aqui com a letra grega lambda, A).
Analisando supernovas distantes, astrônomos foram capazes de observar o passado e des-
cobrir que o Universo está se comportando como nos modelos da figura 5.7. Em cada modelo,
a gravidade exercida pelas galáxias diminui a velocidade de expansão do Universo no início de
sua vida. Isso ocorre porque as galáxias estão próximas umas das outras, o que faz com que a
força gravitacional que exercem umas sobre as outras seja muito forte. Isso dificulta que elas se
afastem umas das outras, dessa forma desacelerando a expansão do Universo, Nesse estágio, a
força gravitacional entre as galáxias é tão forte que mesmo com a energia escura já existindo, e
tentando afastar as galáxias, ela não era capaz de superar a força da gravidade. Mas, ao final, as
galáxias se afastaram, e sua atração gravitacional diminuiu ao ponto em que o efeito da energia
escura passou a exceder aquele da força gravitacional. Nesse ponto, a energia escura começou a
afastar as galáxias cada vez mais, expandindo o Universo a uma taxa acelerada.

QUAL 56.0 O DESTINO FINAL 20 UNIVeR50?


No final das contas, o Universo parece estar se alterando dinamicamente. Então, o que aconte-
cerá com ele depois de passado muito tempo? Primeiramente, temos de saber em que tipo de
Universo vivemos, pois isso indicará seu destino eventual.
Consideraremos o modelo Friedmann-Lemaitre-Robertson-Walker (FLIRW) do Universo, no
qual a teoria do astrofísico belga Georges Lemaitre (1894-1966), um dos defensores da teoria
de expansão cósmica, é adicionada aos três modelos do Universo de Friedmann que vimos
antes. Entretanto, primeiro são necessárias algumas informações adicionais.
A história é simples — o destino do Universo depende da curvatura do espaço, e a curvatura
tem uma correspondência de um-para-um com a densidade média pn, da matéria que existe
atualmente no Universo (a letra grega rho, p. será utilizada como símbolo de densidade). A
densidade média da matéria no Universo que seria necessária para interromper sua expansão
em algum momento futuro é chamada de densidade crítica ou p, Para determinar a curva-
tura do espaço, pesquisadores muitas vezes utilizam a equação Qm = pm / pc, que representa
a razão da densidade média pela densidade crítica, em vez de apenas pr„ O símbolo utilizado

QUAL SERA- O DESTINO FINAL 20 UNIVERSO? ZZ7


para representar essa razão de densidade de massa é a letra grega õrnega, Q. Assim, a equa-
ção QA4 = pm / ()c declara que se prn for maior que a densidade crítica p, Qm > 1 e a curvatura
do espaço serão positiva; se as médias de densidade forem as mesmas, então WM = 1 e a
curvatura do espaço será zero; e se p for menor que pc, 52M < 1, a curvatura será negativa. Se
seguirmos essa convenção, então a curvatura do espaço, representada pela letra k, será posi-
tiva se Qm > 1 zero se Qm = 1 e negativa se Qm < 1.
Utilizando essas convenções, somos capazes de obter um de muitos resultados. Podemos
utilizar a informação que temos para desenvolver uma noção de qual deve ser a aparência do
Universo, ou seja, qual dos três modelos da figura 5.7 pode representá-lo mais fielmente.
• Se Qm > 1, então k = +1 (curvatura positiva), e temos um Universo fechado com curva-
tura positiva como a superfície de uma esfera (modelo a na figura 5.11). Como Qm > 1, o
Universo tem mais do que a quantidade de matéria necessária para interromper sua expan-
são; na verdade, ele tem o suficiente para revertê-la! Nesse cenário, a força atrativa da
gravidade eventualmente provocará o colapso do Universo no Big Crunch.
• Se 52A4 =1, então k = O (curvatura zero), e temos um Universo plano semelhante ao
Universo estático imaginado por Einstein. Esse Universo tem início no Big Bang e se
expande infinitamente, desacelerando até que atinja um tamanho fixo, quando o tempo
atinge o infinito (modelo b na figura 5.11).
• Se Qm < 1, então k = -1 (curvatura negativa), e temos um Universo aberto, de curvatura
negativa como uma sela de cavalo (modelo c na figura 5.11). Esse Universo se expandirá
infinitamente a uma taxa praticamente inalterada. Eventualmente, o Universo se expandirá
tanto que sua temperatura descerá a um nível frio demais para sustentar a vida, atingindo
finalmente o zero absoluto (O graus Kelvin).
• Se 01,4 = O, então isso significa que não temos matéria no Universo e que ele é completa-
mente vazio e sem efeito. Esse modelo (modelo d na figura 5.11) faria com que o Universo
se expandisse a uma taxa constante, uma vez que não haveria gravidade para desace-
lerá-lo. Evidentemente, esse modelo não se encaixa em nosso caso, pois existimos em
nosso Universo, e ele obviamente não é destituído de matéria.
Entretanto, nenhum dos quatro primeiros modelos da figura 5.11 (do modelo a ao modelo
d) corresponde às nossas observações do Universo. Isso ocorre porque eles não consideram a
misteriosa energia escura que está acelerando a expansão de nosso Universo.
As equações FLRW podem ser simplificadas dessa forma:

Q = Qm + QA

Uma vez mais, lembre-se de que Qm é a razão da densidade média de toda a matéria
(incluindo a matéria bariOnica, que forma estrelas e galáxias, mas também a matéria não
bariOnica, como a matéria escura) e da densidade crítica necessária para interromper a expan-
são do Universo de Friedmann. QA é a razão da densidade média da energia em relação à
densidade crítica. Q, contém a constante cosmolOgica A, representando a energia escura que
provoca a aceleração da expansão do Universo.
Qm e QA somados resultam em Q, que corresponde à constante de densidade do Uni-
verso. Essa é a verdadeira constante que determina a curvatura do espaço. Na figura 5.11
temos, do modelo a ao modelo d, representações dos efeitos de diferentes valores de Qm,
entretanto uma vez que esses modelos não incluem o efeito da energia escura, SIA se torna
zero e Qm é igual a Q. Porém, como a energia escura está afetando a expansão do Universo,
temos de considerá-la ao esboçar o modelo.

228 CAPÍTULO 5 NOSSO UNIVERSO em CONSTANTE EXPANSÃO


Distância média entre as galáxias.

Tempo

Figura 5.11 - Alterações presentes com o passar do tempo nos modelos


Friedmann-Lemaitre-Robertson-Walker do Universo.

0 modelo e na figura 5.11 mostra o efeito da energia escura. Temos um Universo aberto que
nasceu com o Big Bang, e que, depois de desacelerar em razão da gravidade, como nos Universos
de Friedmann, começou a acelerar sua expansão em razão da constante cosmológica. Ele conti-
nua a se expandir perpetuamente (veja a figura 5.12, para uma linha do tempo completa).
Astrônomos agora sabem que, para nosso Universo, Q = 1. Isso significa que nosso Uni-
verso é plano. Mas como podemos estar certos disso, e por que o modelo de nosso Universo
não se parece com o modelo b, aquele do Universo plano, e que apresenta uma taxa de expan-
são que diminui lentamente?

WMAP E NO550 UNIVERSO PLANO


A maioria dos dados que utilizamos para verificar a curvatura do Universo é obtida por meio de
imagens e outras informações provenientes da sonda Wilkinson Microwave Anisotropy Probe, ou
WMAP. A sonda WMAP mediu diferenças na temperatura do céu, como vistas na figura 5.13,
por meio da radiação de fundo de microondas cósmicas (a CMBR, que vimos no capítulo 3).
Por quase 400.000 anos depois do Big Bang, o Universo inteiro foi uma nuvem opaca, quente
e densa de fótons e bárions. Ao final, essa nuvem se resfriou o bastante para que surgissem
átomos, tornando-a mais transparente (e permitindo a penetração de luz visível). A CMBR que
observamos é formada de fótons do início do Universo, ainda que eles tenham se desviado do
comprimento de ondas visíveis para o comprimento das microondas. Em concordância com o
princípio cosmológico (que afirma que nenhum lugar no Universo é especial, e que ele parece
ser o mesmo em todas as direções), as CMBR mostram a natureza homogênea do Universo, ao

WMAP E NO550 UNIVERSO PLANO 22q


Fator de escala

Era de expansão de
tipo Friedmann

Expansão acelerada
Comprimento de Planck
(10-3' cm) ) Tempo

Big Bang L1 Era de inflação


Presente
Era de Planck Fim da era de inflação
(10-34 segundos)
H
Tempo de Planck (10-43 segundos)

Figura 5.12 - Uma linha do tempo para um Universo essencialmente plano.

Aberto Plano Fechado

Figura 5.13 - As diferentes manchas nas leituras da WMAP representam as variações de temperatura em
todo o Universo — as medições reais da WMAP são consistentes com um Universo plano.

230 CAPÍTULO 5 NO550 UNIVERSO EM CONSTANTE EXPANSÃO


evidenciarem que a temperatura do Universo parece ser de 2,725 Kelvin em todas as direções,
com uma diferença de apenas 0,003 Kelvin entre as regiões mais quentes e frias do espaço.
A WMAP foi capaz de nos revelar diferenças praticamente insignificantes de temperatura. Ao
compreender essas diferenças, podemos determinar todo tipo de informação e até compreen-
der por que nosso Universo tem uma curvatura tão pequena.
Antes da WMAP e das medições precisas da radiação cósmica de fundo, astrônomos eram
limitados pelo problema do horizonte. Observar um corpo celeste distante pelo telescópio nos
fornece as informações mais atualizadas do Universo, o mais rápido possível, mesmo que essa
luz tenha sido emitida, por exemplo, há dezenas de milhares de anos ou há muitas centenas de
milhões de anos (dependendo da distância em anos-luz em que o corpo se encontra da Terra).
A velocidade da luz cria um horizonte efetivo quando observamos o Universo, assim como o
horizonte que encontramos quando tentamos enxergar objetos na superfície da Terra.
As CMBR são uniformes em todo o céu: pelo menos no que se refere a elas, uma parte
do céu é idêntica à outra. A única forma de duas regiões no espaço agora distantes terem as
mesmas condições radiológicas seria se certa vez estiveram próximas o bastante uma da outra
por um período de tempo suficientemente longo para trocar energia (como luz, calor etc.), de
modo que pudessem se igualar. Entretanto, de acordo com a teoria da relatividade, energia não
pode ser transmitida de uma região para outra mais rápido do que a velocidade da luz. Isso é
problemático porque é impossível que dois pontos diferentes do céu separados por um ângulo
de 1° ou mais tenham sido em algum momento conectados, uma vez que a luz de qualquer
um desses pontos não poderia ter atingido o outro. Assim, não há como a energia dessas áreas
do céu terem se igualado. Diz-se que as duas regiões estão no horizonte de luz uma da outra.
Então, como podemos explicar o fato de as CMBR dessas regiões (e, neste sentido, de todas as
outras regiões do céu) serem homogêneas?
Para corrigir esse problema, a teoria do Big Bang foi modificada. Imediatamente depois
do Big Bang, o Universo era um aglomerado denso de plasma, formado de fótons e bárions,
e passava por todo tipo de flutuações quânticas aleatórias. Nesse instante, o Universo se
expandiu muito rapidamente em um processo chamado de inflação. Inicialmente o diâmetro
do Universo era 1012 vezes menor que o de um próton, mas rapidamente atingiu 1. metro de
extensão. Essa teoria da inflação corrige o problema do horizonte que encontramos na teoria
original do Big Bang, afirmando que antes da inflação, o Universo era tão pequeno que tudo
estava conectado e a energia podia se transferir entre todas as suas partes para equalizar
as propriedades físicas de cada região. Durante a inflação, a repentina expansão do espaço
essencialmente congelou essas propriedades em todos os locais e eliminou as mais intensas
diferenças de temperatura presentes.
As diferenças de temperatura que vemos nas CMBR são provocadas por flutuações quân-
ticas aleatórias de densidade que ocorreram na densa e quente nuvem de plasma, ampliada
durante a inflação até atingir tamanho astronômico. À medida que o Universo resfriava, essas
áreas mais densas começaram a atrair matéria gravitacionalmente. A adição dessa matéria
aumentou ainda mais a densidade dessas áreas, o que elevou sua atração gravitacional, possi-
bilitando um agrupamento cada vez maior de matéria. Gases se reuniram para formar estrelas,
estrelas se reuniram para formar galáxias, galáxias se reuniram para formar aglomerados
de galáxias, aglomerados se reuniram para formar superaglomerados, superaglomerados se
reuniram para formar muralhas e filamentos, e assim por diante. Dessa forma, as flutuações
quânticas aleatórias ocorridas quando o Universo era minúsculo são responsáveis pela criação
de suas maiores estruturas.

~AP E NO550 UNIVERSO PLANO 231


Mas como podemos utilizar as CMBR para determinar a curvatura do Universo? Algumas
teorias defendem que as áreas de maior diferença de temperatura do espaço devem tipica-
mente medir cerca de 1° quando observadas da Terra. Essas áreas foram criadas por ondas de
som (pressão) que se moveram em meio ao gás quente do início do Universo a uma velocidade
conhecida (a velocidade do som) e por um intervalo de tempo determinado (aproximadamente
400.000 anos). A distância percorrida por essas ondas pode ser calculada como distância =
velocidade x tempo, por isso sabemos qual deveria ser o tamanho dessas regiões. Como a luz
desses locais está vindo da borda de nosso limite de horizonte, devemos ser capazes de obser-
var nela os efeitos da curvatura do espaço.
Já vimos que diferentes curvaturas do espaço fazem com que a geometria de um triângulo
se altere (Figura 5.5). Em uma superfície plana, linhas paralelas permanecem paralelas, o que
significa que os lados de um triângulo são linhas retas e que a soma de seus ângulos resulta
em 180°. Em uma superfície fechada (esférica), linhas paralelas convergem fazendo com que
as linhas do triângulo se curvem para fora e que seus ângulos somem um valor maior que
180°. Em uma superfície aberta (com forma de sela), linhas paralelas se curvam para dentro,
de modo que os lados do triângulo se curvam para dentro e a soma de seus ângulos é menor
que 180°.
As linhas do triângulo formado em nossas observações enquanto analisávamos uma região
de variação de temperatura devem se conformar à curvatura do espaço e determinar qual a
aparência da área observada. Se o Universo é plano (Q = 1), a imagem parecerá normal, e a área
terá a extensão de 1°. Um Universo fechado (Q > 1) curvaria para fora a luz vinda de uma área,
ampliando a imagem e fazendo com que a área tivesse a extensão de 1,5°. Um Universo aberto
(52 < 1) curvaria a luz para dentro, diminuindo a imagem e fazendo com que a área tivesse a
extensão de 0,5°. Os cálculos da WMAP mostraram que nosso Universo é realmente plano.
Como agora sabemos que nosso Q = 1, podemos determinar quanta energia escura existe no
Universo. Cálculos iniciais mostraram que 52m = 0,30, o que significa que nosso Universo é 30%
matéria. Isso inclui os 5% de matéria normal, bariônica, e os 25% de matéria escura. Quanto ao
restante de sua composição, 52, corresponde a quanta energia escura existe no Universo. Como
52 = QM + 52A e sabemos que 52 = 1 e Qm = 0,30, um cálculo matemático simples permitiu aos
astrônomos prever que QA = 0,70, indicando que 70% do Universo é energia escura. Isso foi pos-
teriormente provado pela sonda WMAP, quando ela determinou que 52, = 0,72.
Como apenas 5% da densidade total de massa-energia do Universo corresponde à matéria
que conhecemos, 95% do Universo consiste de matéria que ainda não compreendemos.

NOTA Cientistas acreditam que caso a taxa de expansão continue a acelerar, eventualmente
chegaremos àquilo que chamamos de Universo de Sitter, no qual tudo está tão distante que a
matéria não existe no sentido em que a conhecemos. Não teremos mais planetas, estrelas, nem
mesmo partículas espalhadas. Apenas a constante cosmológica continuará existindo.

A VERDADEIRA 12Ave DO UNIVER50


Agora parece que temos uma noção melhor de qual a aparência real de nosso Universo e das
transformações por ele sofridas com o passar do tempo: sabemos que ele é essencialmente
plano e que está se expandindo para fora. Entretanto, para compreender mais profundamente
qual a estrutura do Universo, temos de saber quantos anos ele tem.

232 CAPÍTULO 5 NO550 UNIVERSO EM CONSTANTE EXPANSÃO


Já falamos muito do Big Bang, mas quando ele ocorreu? A idade estimada do Universo
(ou seja, o tempo transcorrido desde o Big Bang) é de 13,7 bilhões de anos. Esse número foi
determinado a partir de cálculos teóricos e verificado numericamente com observações feitas
pela WMAP. Outras observações também nos ajudam a confirmar a idade do Universo. Faz
sentido que ele seja ao menos tão velho quanto a estrela mais velha que existe nele, certo?
Bem, em 2009, a Swift Gamma-Ray Burst Mission, da Nasa, observou uma explosão de raios
gama de 13 bilhões de anos! Essa explosão de raios gama ocorreu quando uma estrela com
massa cerca de 200 vezes maior que a do Sol utilizou todo o seu combustível nuclear e se
transformou em um buraco negro. Quando isso ocorreu, ela criou uma hipemova, explosão
cerca de 100 vezes mais energética do que uma supernova normal. Essa explosão ocorreu
apenas 600 milhões de anos depois do Big Bang, o que indicou aos astrônomos que a estrela
viveu somente 500 milhões de anos. Compare esse dado aos 10 bilhões de anos que nosso Sol
deve viver.
Utilizando fatos conhecidos para fazer conjecturas sobre coisas que não podemos conhecer
absolutamente, podemos continuar formulando e desenvolvendo teorias, transformando-as,
pouco a pouco, à medida que novas observações, resultados experimentais e ideias vêm à tona. É
disso que trata a ciência.
Ainda há muitas coisas que desconhecemos em nosso Universo. Isso não se restringe à forma
como o descrevemos fisicamente. Podemos descrevê-lo fisicamente da mesma forma que pode-
ríamos descrever uma pessoa, mas humanos não consistem apenas de suas descrições físicas.
Muitos pequenos detalhes tornam cada pessoa única e diferente das outras. Não temos como
compreender absolutamente o que ocorre na mente de outras pessoas. Ainda assim, vivemos
felizes nossas vidas, fazendo novos amigos ou nos apaixonando por pessoas que nunca pode-
remos compreender completamente. Da mesma forma, nunca perderemos nosso fascínio pelo
Universo — de nosso romance habitual com a Lua, às possibilidade infinitas do multiverso. Conti-
nuaremos a observar, a explorar e a criar hipóteses, sempre em busca de um entendimento mais
completo.

A VERDADEIRA IDADE PO UNIVERSO 233


ÍNDICE REMISSIVO

A de massa estelar, 109


abertura de telescópios, 121 de tamanho intermediário (ISBH), Da Revolução das Esferas Celestes
aglomerados de galáxias, 111 109 (Copérnico), 71
formação de, 173, 175 supermassivos, 109 Demócrito, 116, 120
Grupo Local, 140-141, 207 densidade crítica, 227-228
massa de. 226 C densidade média da matéria,
nómero de galáxias em, 140 227-228
Cannon. Annie Jump, 188
superaglomerados, 111. 141. 207 deslocamento para o vermelho, 146-
canto de cubo
Alfa Centauri (sistema estelar binário), 152, 189
espelhos, 67
185, 205 distâncias. Consulte também medição
prismas, 67-68
alienígenas. Consulte também vida de distâncias
cefeidas, estrelas variáveis, 188-189
extraterrestre dobra da luz, 226
CfA2, Grande Muralha, 141
Andromeda, galáxia Drake, Frank, 180-181, 184
China, desenvolvimento da astrono-
colisão com a galáxia da Via
mia, 19
Láctea, 109
descoberta como galáxia.
CMBR (radiação de fundo de e
micro-ondas cósmicas). 166. eclipses lunares, 46
144-145
229, 231 efeito Doppler, 147
distância da Terra, 144
COBE (Cosmic Background Explorer), Einstein, Albert, 224-227
primeiras observações, 120
satélite, 166 energia escura, 109, 166, 227-228
aniquilação, 170
constante cosmológica, 225-227, 232 Épsilon Eridani (sistema planetário),
antimatéria, 169-171
constante de densidade, 228 184
antiquarks, 169-171
constante de Hubble, 162 equação de Drake, 180-181
Aristarco, 40-41, 45-47, 125
Conto de Genji, 0, 18 Era Paleozoica, 91
Aristóteles, 39
Conto do Cortador de Bambu, 0, Eratóstenes, 20-21, 68
átomos. 168
10-11 eclipse lunar, 46
Copémico, Nicolau, 39, 53, 69. 71 época de Planck, 163-165, 230
8 Cortador de Bambu, Conto do. 10-11 equilíbrio hidrostático, 96-97
Big Bang, 155-167 crenças antigas sobre o Universo, esfera celestial, 19
cronologia depois do, 163 18-19 espaço bidimensional, 220
e antimatéria, 169-171 crenças babilônicas antigas sobre o espaço de forma cilíndrica, 220-221
época de Planck, 164-165 Universo. 18-19 espaço tridimensional, 209-210
evidência de suporte, 166 crenças da índia Antiga sobre o espelhos de canto de cubo, 67-68
inflação depois do, 231 Universo, 18 espelhos em telescópios, 121-122
nascimento e distribuição da crenças egípcias antigas sobre o Estados Unidos, pouso na Lua, 13
matéria depois do, Universo, 18 estrelas. Consulte também Galáxia da
172-175 Curtis, Heber Doust, 144 Via Látea
quando ocorreu, 161, 232 curvatura do espaço composição química, 151-152,
surgimento de partículas elemen- curvatura negativa, 221-222 166
tares, 167-168 curvatura positiva, 219-221 cor, 187
temperatura depois do, 172 e destino do Universo, 227-229 distância, medição, 186-189
visão geral, 155-159 efeito do retorno ao mesmo local, e forças gravitacionais, 97
Big Crunch, 226 220-221 formação, 163
"borda" do Universo, 177-178, 199- explicação geral, 219-220 luminosidade, 187
200, 209-210 grau da. 229-232 magnitude absoluta, 187
básons. 168 magnitude aparente, 187
buracos negros, 108-109
número de estrelas na Via Láctea. 6 Grupo Local, 140
106 galáxia barrada, 106 grupos de galáxias. 111
para além do sistema solar, dis- Galáxia da Via Láctea diferenças de aglomerados, 140
tância até, 126 centro da, 106-109 distribuição, 173
propriedades comparadas ao Sol. colisão com a galáxia de Andrô- e superaglomerados, 207
186-188 meda. 109
variáveis, 188-189 composição da, 109
visibilidade, 118 crenças antigas sobre, 116
estrelas variáveis, 188-189 hélio, 97, 151-152, 172
descoberta de que não repre-
estrelas variáveis pulsantes, 188 Herschel, Frederick William, 118-119
senta o Universo inteiro.
Europa (satélite de Júpiter), 86, Hertzsprung. Ejnar. 187-188
144-145
182-183 Hertzsprung-Russell (H-R), diagrama,
estrutura, 116-119
excentricidade, 74-75 187-188
formação. 108. 163
exemplo do jogo de futebol para hidrogênio, 97, 151-152, 172
formato, 108, 117-119
explicar galáxias, 133-139 Hiparco, 68
número de estrelas, 106
expansão do Universo hipernova, 232-233
por que tem aparência "leitosa",
aceleração da. 227 hiperespaço, 209-210. 219
99-101,116-117
contínua, 227-227 hipótese da captura, 93
quando é mais visível, 206
desvio para o vermelho como hipótese da irmã, 93
tamanho, 104-105
prova da. 146-152 hipótese do impacto gigante, 93
Galáxia 10K-1,123
ilustração em cone da, 156-158 Hipparcos High Precision Parallax
galáxias. Consulte também Andrô-
velocidade da, 162 Collection Satellite, 126
meda, galáxia: aglomerados de
explicação do Universo na Grécia Hooke, Robert, 86
galáxias; galáxia da Via Láctea
Antiga. 20 horizonte
definidas, 140
curvatura, 21-22
espirais, 106
distância, 66
espirais barradas, 120
medição de radiação cósmica de
exemplo do jogo de futebol,
Fermi, Enrico, 181-182 fundo, 231
133-139
Fermi, paradoxo, 182 Hubble, Edwin
forma das, 137
férmions. 168 breve história, 142-143
formação das. 137. 163, 173,
festival da Lua da Colheita, 11-12 descoberta da expansão do Uni-
175
festival Tanabata. 206 verso, 146-149
grupos de , 111.140-141. 173,
FLRW (Friedmann-Lemaitre- Huchra, John, 141
175, 207
Robertson-Walker), modelo do
Caldeu Galilei,
Universo, 227-229
descobertas de, 56-57, 72-73, 1
fonte hidrotermal, 182
116, 120 idade do Universo, 232-233
força repulsiva, 224-225, 227
erros de, 72 10K-1 (galáxia), 123
forças gravitacionais
nome, 72 inflação, 164-165, 230-231
de acordo com a teoria geral da
visão geral. 54
relatividade, 224-225
Ganimedes (satélite de Júpiter), 93,
dobra da luz, 226
183
e a energia escura, 227
Gelfer, Margaret, 141 Japão
e a matéria escura, 226
Grande Debate, 144 crença na Terra e na Lua como
e viagens em espaçonaves, 185
Grande Mancha Negra de Netuno, 89 esferas, 22
força repulsiva, 224-225. 227
Grande Mancha Vermelha de Júpiter, diagrama do sistema solar sobre-
lei da gravitação universal, 173
86 posto ao mapa do, 64
no início do Universo, 173
Grande Muralha. 141, 163, 207 satélite Kaguya, 13
representação newtoniana. 224
Grande Muralha de Sloan, 141 jogo de tabuleiro, viagem da Kaguya-
fótons, 167-168, 170. 229
Grande Nebulosa de Andrâmeda, 120, Go. 206-207
Friedmann, Alexander, 222, 225
144-145. Consulte também Júpiter
Friedmann, modelos do Universo,
Andromeda, galáxia no diagrama do sistema solar, 64
222-223
gravidade, representação newtoniana. fatos sobre, 86
224 órbita de, 77
gravidade específica. 87 satélites. 57, 86, 93, 182-183

Z36 ÍNDICE
M justificativas para sua populari-
dade no passado. 69
Kaguya, satélite, 13 magma. 91
órbitas planetárias de acordo com
Kaguya-Go, jogo de tabuleiro, marés. 94
o, 70
206-207 Marius, Simon, 120
versus modelo heliocêntrico, 55
Kaguya-Hime, história de, 10-11 Marte
modelo heliocêntrico, 39-40
Kant, Immanuel, 119-120, 140 atmosfera, 81
diagrama, 54
KBOs (objetos do Cinturão de Kuiper), fatos, 85
e Copérnico, 53
127 nenhuma vida encontrada em,
e Galileu, 57, 72-73
Kepler, Johannes, 58, 72,121 183
elementos iniciais, 71
Kepler, veículo espacial, 184 no diagrama do sistema solar, 64
importância. 73
Kobayashi, Makoto, 171 partículas elementares. 167, 168
suporte pela invenção do telescó-
temperatura na superfície. 81
pio. 57
órbita de, 77
1 suporte pelas Leis de Kepler, 58,
Masukawa, Toshihide, 171
Laboratórios Bell, 166 72
matéria
Leavitt, Henrietta, 189 vs. modelo geocêntrico, 55
antimatéria, 169-171
lei de Hubble, 122 moléculas. 168
bariônica, 166, 226
Leis de Kepler, 58-72 Monte Fuji, 11
densidade média, 227-228
Primeira Lei, 72-75 Monte Olimpo, em Marte, 85
nascimento e distribuição,
Segunda Lei, 72, 75-76 movimento retrógrado, 52
172-175
Terceira Lei, 72, 77 multiverso, 217-219
escura, 109, 166, 226
Lemaitre, Georges, 227 mecânica newtoniana, 58
lentes de telescópios, 121 medição de distâncias
tentes gravitacionais, 226 com base em supernovas, 189 Nambu, Yoichiro, 171
léptons, 168 com base no deslocamento para o navalha de Occam, 55
Lua (da Terra) vermelho, 189 nebulosas, 120, 145
aparente rotação ao redor de pela comparação das proprieda- Netuno. 64, 77, 89
nosso planeta, 34-39 des das estrelas e do Sol, Newton, Isaac, 224
crescente e minguante, 40-41 186-189 núcleos, 163, 172
distância à Terra utilizando o relacionamento de Nut (deus egípcio do Sol), 18
cálculo utilizando espelhos de período e luminosidade. Nuvem de Oort, 127
canto de cubo, 67-69 188-189 Nuvens de Magalhães, Pequena e
cálculo utilizando triangulação, medições de satélites, 166 Grande. 120, 140
41-45 Mensagem de Arecibo, 182
como base para cálculo da Mercúrio
distância ao Sol, 125 fatos sobre, 83 O
comparação com um campo no diagrama do sistema solar, 64 ondas de rádio, 124, 184-185
de beisebol, 61-62 órbita de, 77 órbitas dos planetas
e as marés da Terra, 94 método científico, 58 de acordo com Galileu, 72
eclipse, 46 missões espaciais Apollo, 13, 67 de acordo com o modelo geocên-
espelhos na, 67-68 mitos sobre o Universo, 18-19 trico, 70
fatos sobre, 92 Mitsubishi Electric Corporation. 122 e a Terceira Lei de Kepler. 77
festival da Lua da Colheita, 11-12 modelo galático em forma de disco, elípticas, 71-76
formação, 92-93 117-119 Orbitas elípticas, 71-72
história de Kaguya-Rime, 10-11 modelo geocêntrico, 38-39 e a Primeira Lei de Kepler, 73-75
nenhuma vida encontrada. 183 contribuições de Ptolomeu ao, e a Segunda Lei de Kepler, 75-76
pouso dos Estados Unidos. 13 51-54 Original Theory or New Hypothesis of
raio da órbita, 62 e as posições da Lua e do Sol, the Universe, An (Wright), 120
satélite japonês. 13 42-46 Otsukimi, festivais, 12-13. 22
tamanho, 45-49, 62, 94 e o sistema Ticônico, 70-71
e o tamanho do Sol, 46-49
invalidado pelas descobertas de
Galileu, 57

Porca 237
P diagrama sobreposto ao mapa do visibilidade das estrelas, 118
paralaxe anual, 126, 186-188 Japão, 64 temperatura do Universo, 229
parsec, 126, 207 formação, 163 tempo, 165
partículas de gauge. 168 tamanho, 127 teorema de Pitágoras. 66
partículas elementares. 167-168 sistema ticônico, 70-71 teoria da inflação cósmica, 164-165
planetas. Consulte também modelo Slipher, Vesto, 146, 152 teoria geral da relatividade, 224-227
geocêntrico; modelo heliocên- Sol. Consulte também modelo helio- Terra
trico; nomes de planetas cêntrico; sistema solar aparente rotação do Sol e da Lua
específicos; órbitas dos planetas; aparente rotação ao redor da ao redor da, 34-39
sistema solar Terra, 34-39 descoberta como esfera, 20-22
distância entre. 64 atmosfera, 96 diâmetro da, 60
significado da palavra grega para, diâmetro, 64 distância à Lua
50 distância da Terra, 41-45, 64, 125 cálculo com triangulação.
movimento dos. 52, 58, 72 estrutura interna, 97 41-45
Plutão, 82. 90 fatos sobre, 95 como base para cálculo da
pressão de radiação. 97 formação, 96-97 distância ao Sol, 125
princípio cosmológico, 180, 219. 229 fotosfera, 96 comparação com um campo
produção em pares, 170 fronteira gravitacional, 127 de beisebol, 61-62
Proxima Centauri, 109 núcleo, 96 determinando com espelhos
Ptolomeu, Cláudio, 39, 51-54. 70 tamanho comparado à Lua e à de canto de cubo, 67-69
Terra, 45-49 distância ao Sol, 41-45, 64
sublimação, 90 e a formação da Lua, 92-93
Q Superaglomerado Local, 207 fatos sobre, 91
quarks. 163, 168, 170-171 superaglomerados de galáxias, 111, formação da, 163
141 marés, 94
fZ supernovas, 97, 189, 227 no diagrama do sistema solar, 64
supernovas tipo Ia, 189, 227 órbita da, 77
radiação cósmica de fundo, 227
Swift Gamma -Ray Burst Mission, raio da, 66
radiação de fundo de micro-ondas
233 tamanho
cósmicas (CMBR), 166, 229.
cálculo do, 20-21
231
comparado ao da Lua e do Sol,
radiotelescópio, 124 T
45-49
raios gama, 96, 232-233 tardígrados, 185-186
Theia (planeta teórico), 93
razão da densidade de massa. 228 Tau Ceti (sistema planetário), 184
Titã (satélite de Saturno), 93, 183
relacionamento entre período e lumi- telescópio de Galileu, 121
Tombaugh, Clyde, 90
nosidade, 188-189 telescópio kepleriano, 121
Tycho Brahe, 70-72
relatividade, teoria geral da, 224-227 Telescópio Espacial Hubble, 122-123,
triangulação
resolução de telescópios, 121 142
para calcular a distância à Lua. 68
Russell. Henry Nords, 187-188 Telescópio Espacial Spitzer, 106
para calcular a distância ao Sol,
Telescópio Hale, Observatório Monte 125
Palomar, 122 para calcular a distância até estre-
Telescópio Hooker, Observatório las além de nosso sistema
Sagan, Carl, 181
Monte Wilson, 122
Saturno solar, 126
Telescópio Subaru. Observatório do
fatos sobre, 87
Havaí, 122
no diagrama do sistema solar. 64 1.1
telescópios
órbita de, 77
abertura, 121 Universo. Consulte também Big Bang;
Titã, satélite de, 93, 183
antigos, 120-122 curvatura do espaço; galáxias
Search for Extra-Terrestrial Intelli-
espelhos, 121-122 aberto. 223, 228-230
gence (SETI), Instituto, 184
famosos 122-123 aceleração da. 227
Shapley, Harlow, 144, 188-189
lentes, 121 contínua, 226-227
sistema planetário. 140
radiotelescópio, 124 crenças antigas sobre o, 18-19
sistema solar. Consulte também
resolução, 121 descoberta de que a Via Láctea
modelo geocêntrico; modelo
suporte ao modelo heliocêntrico, não é o Universo inteiro,
heliocêntrico; planetas
57 144-145

Z38 fN17Ice
de Sitter, 232
deslocamento para o vermelho
Weakly Interacting Massive Particle
como prova da, 146-152
(WIMP), 226
dinâmico, 222-227
Wilkinson Microwave Anisotropy
estático, 224-225
Probe (WMAP), 166, 229-230
expansão, 116, 146-165 Wright, Thomas, 120
fechado, 222-223, 228, 230, 232
futuro do, 224-229
grande estrutura do, 140-141
idade, 232-233 zona habitável, 184
ilustração em cone, 156-158 Zwicky, Fritz, 226
modelo de Friedmann-Lemaitre-
Robertson-Walker (FLRW),
227-229
modelos de Friedmann, 222-223
plano, 220, 223, 228-232
Universos múltiplos, 217-219
velocidade da, 162
"borda" do, 177-178, 199-200,
209-210
Universos-ilhas, 120, 137, 140. Con-
sulte também galáxias
Universos paralelos. Consulte também
multiverso.
Urano, 64, 77, 88
ursos d'água, 185-186

V
Vênus
fases, 57
fatos sobre, 84
no diagrama do sistema solar, 64
órbita de, 77
temperatura na superfície, 81
visibilidade no céu do Oeste,
64-65
vermes tubulares, 182
Very Large Array (VLA), observatório,
124
viagens em espaçonaves, 185
vida extraterrestre. 180-186
com respeito ao paradoxo de
Fermi, 182
contatando, 184-185
e a variedade da vida na Terra,
182-183
e o Princípio Cosmológico, 180
número de civilizações possíveis,
180-181
sistema estelar mais próximo que
poderia ter, 183-184

ÍNDICE 23q
SOBRE O AUTOR
Nascido em Tóquio em 1958, Kenji Ishiwata é jornalista técnico e científico. Depois de se formar
na Faculdade de Ciências da Universidade de Tóquio, Kenji trabalhou como jornalista para uma
revista semanal e depois se tornou editor e escritor freelancer. Além de escrever livros e várias
colunas, nos últimos 20 anos, Kenji também foi o autor de comentários técnicos para muitas
pubicações e realizou diversas entrevistas com engenheiros e pesquisadores de ponta. Seus
trabalhos abordam áreas como eletricidade, mecânica, aviação, astronomia, dispositivos, mate-
riais, química, computadores, comunicação, robótica e energia.

SOBRE O
EDITOR DE SUPERVISÃO
Kiyoshi Kawabata, Ph.D., Sc.D., é professor emérito do Departamente de Física da Faculdade
de Ciências da Universidade de Tóquio. Nascido na província de Mie em 1940, Kawabata
formou-se na Escola de Ciências, Divisão de Física e Astronomia, da Universidade de Kyoto
em 1964. Enquanto trabalhava em seu doutorado, estudou nos Estados Unidos e recebeu
um Ph.D. na Universidade Penn State em 1973. Também recebeu um Sc.D. em astrofísica
da Universidade de Kyoto. Em 1981, Kiyoshi trabalhou como pesquisador na Universidade
da Columbia e, depois, oito anos no Instituto Goddard para Pesquisas Espacias da Nasa.
Em 1982 começou a dar aulas como professor assistente no Departamento de Física da
Faculdade de Ciências da Universidade de Tóquio, tornando-se professor titular em 1990.
Kawabata é especialista em astrofísica, especialmente cosmologia observacional e teoria de
transferência radiativa.

EQUIPE DE PRODUÇÃO
PARA A EDIÇÃO JAPONESA
Produção: Verte Corp., Satoshi Arai, e Kenji Kawasaki
Ilustração: Yutaka H i iragi
MAIS GUIAS MANGÁ
A série Guia Mangá é uma copublicação da No Starch Press e da Ohmsha, Ltd. de Tóquio,
Japão, uma das editoras científicas e técnicas mais antigas e respeitadas do Japão. Cada título
da série campeã de vendas é resultado do trabalho combinado de um ilustrador, um roteirista e
um cientista ou matemático especializado no assunto. Ao traduzirmos cada título, reescrevemos
e editamos o texto como necessário, além de enviá-lo à revisão de um especialista da área. O
resultado é a versão que você tem em mãos.
Encontre mais Guias Mangás em sua livraria favorita e descubra mais sobre a série em
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atualizações, erratas e outras informações.

Para mais fotografias da Nasa e de outros astrônomos, confira estes sites:

• http://apod.nasa.gov/
• http://photojournalipl.nasa.gov/
• http://grin.hq.nasa.gov/

Se quiser auxiliar pesquisadores a categorizar galáxias, descobrir exoplanetas, analisar dados e


participar da exploração espacial, visite http://www.spacehack.org/

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MARAVILHAS ASTRONÔMICAS
Visite a Galeria de Maravilhas Astronômicas na página do livro e veja imagens do nosso sistema
solar, missões espaciais e galáxias vizinhas.
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