Identificação de Salmonella em amostras oriundas de granjas avícolas do

estado do Ceará
Gustavo Rodrigues da Silva1, Cibelle Mara Pereira de Freitas2,
Neilton Monteiro Pascoal Filho3, Isabela Ferreira Sampaio4
Elisângela de Souza Lopes5, William Cardoso Maciel6
1
Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde/Curso de Ciências Biológicas, e-mail:
gustavorod.silva@aluno.uece.br
2
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Veterinária/Curso de Medicina Veterinária, e-mail:
cibelle.mara@aluno.uece.br
3
Universidade Estadual do Ceará, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, e-mail:
m.neilton@yahoo.com.br
4
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Veterinária/Curso de Medicina Veterinária, e-mail:
isabela.sampaio@aluno.uece.br
5
Centro Universitário Unifametro - UNIFAMETRO, Curso de Medicina Veterinária, e-mail:
elisangeladesouzalopes@hotmail.com
6
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Veterinária, e-mail: william.cardoso@uece.br

RESUMO. Salmonella é um gênero de bactérias de muita relevância para saúde humana e animal,
especialmente em ambiente de produção, visto que são amplamente encontradas no intestino de
animais presentes nesses ambientes e em produtos oriundos deles. Dessa forma, este trabalho busca
fazer um levantamento sobre dados de positividade de Salmonella em granjas avícolas do estado do
Ceará. Para a pesquisa, foram utilizados pares de pro-pés em 678 galpões de granjas e 115 amostras de
órgãos de pintinhos e foram observados percentuais de Salmonella um pouco acima do que se
encontra na literatura.
Palavras-chave: Salmonelose. Granjas. Ceará.

1. INTRODUÇÃO
O Brasil é o segundo maior produtor de carne de frango no mundo, ficando atrás
apenas dos Estados Unidos. Além disso, é o país que mais exporta esse produto. De toda a
produção de carne de frango realizada em 2022, 66,80% foi destinada para consumo interno e
33,20% para exportação (ABPA, 2023). Sabendo disso, vale ressaltar que o crescimento da
produção avícola e a busca por melhores resultados nessa atividade levou os produtores a
adotarem práticas que, se mal gerenciadas, podem resultar em problemas sanitários. Entre
essas práticas, destaca-se a criação intensiva de frangos de corte em alta densidade. (Carvalho
Neto et al., 2007).
A partir do desenvolvimento industrial, a produção de alimentos foi intensificada. Por

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isso, buscou-se, cada vez mais, aumentar a produtividade. Ao mesmo em que a avicultura se
expandia no mundo inteiro, também ocorria um crescimento exponencial da concentração de
animais por metro quadrado nas unidades de produção. Esse contexto favorece a instalação,
multiplicação e disseminação de agentes patogênicos. Entre os patógenos disseminados com
maior facilidade em decorrência dessa condição, destacam-se os representantes da família
Enterobacteriaceae, entre eles as do gênero Salmonella (Berchieri Jr.; Freitas Neto, 2009).
Dessa maneira, o objetivo deste trabalho é investigar a presença de Salmonella spp. em
amostras oriundas de aves e ambientes de estabelecimentos avícolas.

2. METODOLOGIA
A fim de obter os resultados sobre a presença de Salmonella nas amostras, foram
utilizados dados fornecidos por um laboratório que realiza análises microbiológicas de
material oriundo de diversas granjas do Brasil.
Para este estudo, foram investigados, de fevereiro de 2019 a dezembro de 2020, 149
lotes de frango de corte instalados em diversas granjas localizadas no estado do Ceará. Em
cada lote, estavam alocados de 2 a 6 galpões distintos, totalizando 678 galpões. A fim de
coletar amostras para análise posterior, um indivíduo utilizava um par de protetores de
calçado (pro-pés) para percorrer o galpão. Depois disso, os pro-pés foram levados para análise
laboratorial, visando a identificação de Salmonella.
Além disso, também foi analisado material obtido de pintinhos de um dia oriundos de
diversos incubatórios avícolas da região metropolitana de Fortaleza. O material consistia em
37 amostras de ceco, 40 de fígado e 38 de saco vitelínico. Cada amostra continha órgãos
coletados de cinco pintinhos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No presente estudo, foram identificadas cepas de Salmonella spp. em 137 dos 678
pares de pro-pés investigados. Portanto, houve um total de 20,21% de positividade de
amostras. Dessas, 5 (3,65%) foram positivas para o sorotipo Enteritidis, 5 (3,65%) para
Typhimurium e 129 (94,16%) positivaram para outros sorotipos de Salmonella. Em apenas 1
(0,007%) dos 137 lotes, observou-se a presença simultânea de dois sorotipos investigados
(Enteritidis e Typhimurium).
Na literatura, é comumente relatada a ocorrência de taxas de isolamento de Salmonella
em aviários inferiores às encontradas em nossa pesquisa (Andreatti Filho et al., 2009; Brito et
al., 2019). As diferenças encontradas entre os valores reportados na literatura e os resultados
obtidos neste estudo sugerem a existência de possíveis diferenças nas condições sanitárias dos
ambientes investigados (Berchieri Jr.; Freitas Neto, 2009).
Quanto ao material coletado dos pintos, foram 5 amostras positivas de ceco, 5 de saco
vitelínico e 4 de fígado. Portanto, observou-se, respectivamente, taxas de 13,51%; 13,16% e
10,00% para cada órgão. No total, de 115 amostras de órgãos, 14 (12,17%) positivaram para

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Salmonella. Dessas, 4 (28,6%) foram identificadas com o sorotipo Enteritidis, sendo 1
amostra de ceco, 1 de saco vitelínico e 2 de fígado. As outras amostras não tiveram sorotipo
identificado.
Os resultados mostram maiores percentuais de Salmonella em saco vitelínico e fígado,
comparados a alguns estudos na literatura. No estudo de Perdoncini et al. (2011) sobre pintos
de um dia em Santa Catarina, encontraram Salmonella Typhimurium em fígados (2,32%).
Moraes et al. (2014) também detectaram Salmonella em fígados (6,2%) e sacos da gema
(3,1%) em pintos de corte. Existem poucos estudos na literatura que abordam a presença de
Salmonella em cecos de pintos de um dia.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observou-se, ao longo deste projeto, que aves criadas em granjas podem apresentar
dois dos principais sorovares de Salmonella relevantes para a saúde pública: S. Enteritidis e S.
Typhimurium. Esses microrganismos representam um desafio tanto para a saúde humana
quanto para a saúde animal. Os percentuais de positividade para Salmonella encontrados neste
estudo estão próximos dos valores observados na literatura, o que reforça a importância
contínua do aprimoramento das práticas de manejo, higiene e biossegurança nas instalações
avícolas.

4. REFERÊNCIAS
ABPA. Relatório Anual. Associação Brasileira de Proteína Animal. 2023.

ANDREATTI FILHO, R.L.; LIMA, E.T.; MENCONI, A.; ROCHA, T.S.; GONÇALVES,
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Veterinária e Zootecnia, São Paulo, v.16, n.1, p.190-194, 2009.

BERCHIERI JR., A.; FREITAS NETO, O.C. Salmoneloses. In: BERCHIERI JR, A; SILVA,
E.N.; FÁBIO, J.; SESTI, L.; ZUANAZE, M.A.F. Doenças das aves. 2ed. Campinas:
Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas, p.435-454, 2009.

BRITO, D.A.P.; SOUSA, G.L.A.; SOUZA, Y.L.; REIS, V.; SILVA, J.R.S.; REIS, A.; OBA,
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suplemento 2, p. 3021-3034, 2019.

CARVALHO NETO, P.M.; SILVA, E.N.; BASSANI, I.A.O.; CUNHA NETO, O.C. Efeito
da aplicação de bissulfato de sódio sobre cama de frangos na sobrevivência de Escherichia
coli e coliformes. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59, n.1, p.65-69,
2007.

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MORAES, D.M.C; ANDRADE, M.A.; MINAFRA-REZENDE, C.S.; BARNABÉ, A.C.S.;
JAYME, V.S.; NUNES, I.A.; BATISTA, D.A. Fontes de infecção e perfil de suscetibilidade
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Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.81, n.3, p. 195-201, 2014.

PERDONCINI, G.; ROCHA, D.T.; MORAES, C.R.; BORSOI, A.; SCHMIDT, V. Presença
de Salmonella spp. em pintos de um dia, comercializados para produção não industrial em
Santa Catarina. Acta Scientiae Veterinariae, Porto Alegre, v. 39, n. 1, 2011.

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