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Discente: Miguel Lima da Silva

Disciplina: Laboratório de Ensino de Física I


Matrícula: 22103241
Docente: Fábio Teixeira Dias

Fundamentação Teórica
Lei de Arquimedes

Pelotas
2024

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Sumário
1. Princípio de Arquimedes ........................................................................ 2
2. Equilíbrio dos corpos flutuantes.............................................................. 5
3. Referências ........................................................................................... 8

1. Princípio de Arquimedes
Consideremos um corpo sólido cilíndrico circular, de área da base A e altura h,
totalmente imerso em um fluido em equilíbrio, cuja densidade é ρ (Figura 1). Por simetria,
vemos que as forças sobre a superfície lateral do cilindro se equilibram duas a duas
[pressões (p, p) ou (p', p') na figura]. Entretanto, a pressão p 2, exercida pelo fluido sobre a
base inferior é maior do que a pressão p1 sobre a base superior.

Figura 1 – Princípio de Arquimedes Figura 2 adaptada – Demonstração da pressão de


um corpo totalmente imerso

Aplicando a lei de Stevin, vemos que:


𝑝2 = 𝑝1 + ρgh
𝑝2 − 𝑝1 = ρgh (Eq.1)
Logo, a resultante das forças superficiais exercidas pelo fluido sobre o cilindro será uma
força vertical 𝐸 = 𝑘𝐸 dirigida para cima, no qual pegando a Eq.1 e multiplicando pela área
do cilindro temos que:
𝐸 = 𝑝2 𝐴 − 𝑝1 𝐴
𝐸 = 𝜌𝑔ℎ𝐴
𝐸 = 𝜌𝑔𝑉𝐶
𝐸 = 𝑚𝑔
onde Vc = hA é o volume do cilindro e m = pVc é a massa de fluido deslocada pelo cilindro.
Por conseguinte, a força E, que se chama empuxo, é dada por
𝐸 = 𝑚𝑔𝑘
Logo, também podemos dizer que:
𝐸 = − 𝑃 (Eq.2)

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onde P, é o peso da porção de fluido deslocada.
Ademais, chega-se ao mesmo resultado aplicando o princípio de solidificação,
enunciado por Stevin em 1586. Suponhamos que o corpo sólido imerso fosse totalmente
substituído pelo fluido. O volume de fluido que ele deslocou estaria em equilíbrio com o resto
do fluido. Logo, a resultante das forças superficiais que atuam sobre a superfície S desse
volume tem de ser igual e contrária à resultante das forças volumétricas que atuam sobre
ele, ou seja, ao peso da porção de fluido deslocada. As pressões superficiais não se alteram
se imaginarmos a superfície S “solidificada”. Portanto, a resultante das forças superficiais
sobre o sólido é igual e contrária ao peso da porção de fluido deslocada.

Figura 3 – Centro do empuxo

Este raciocínio mostra que o resultado não depende da forma do sólido imerso, que
havíamos tomado como sendo um cilindro. Como, para o fluido substituído, E e P, que se
equilibram, estão aplicados no centro de gravidade C da porção defluido substituída (Figura
4 - (a)), concluímos que o empuxo E sobre o sólido está aplicado no ponto C (Figura 4 - (b)),
que se chama centro de empuxo.
Além do empuxo (resultante das forças superficiais), que atua sobre o sólido, como
força volumétrica, o peso P, aplicado no centro de gravidade G do sólido. Se a densidade
média do sólido é menor que a do líquido, ele não pode ficar totalmente imerso, porque isto
daria IEI > IPI; ele ficará então flutuando, com o empuxo resultante da porção imersa
equilibrando o peso do sólido.
Ademais, podemos visualizar a lei de Arquimedes através de alguns exemplos na
Figura 4 (Onde temos um saco plástico de massa desprezível cheio de água (4-a), pedra
(4-b) e o bloco de madeira (4-c)), no qual temos a representação dessa força resultante que
definimos como empuxo 𝐸⃗ . Como vimos ela existe porque a pressão na água que envolve
o saco aumenta com a profundidade abaixo da superfície. Assim, a pressão no fundo do
saco é maior que a pressão na sua parte superior, o que significa dizer que as forças sobre
o fundo do saco são maiores do que as forças na parte superior do saco. Algumas dessas
forças estão representadas na Figura 4-a, onde o espaço ocupado pelo saco foi deixado
vazio, formando uma cavidade. É notável que os vetores que representam as forças no
fundo do saco (com componentes para cima) têm comprimentos maiores do que os vetores
desenhados na parte superior (com componentes para baixo). Se adicionarmos
vetorialmente cancelam e as componentes verticais resultam no 𝐸⃗ sobre o saco. (A força
𝐸⃗ é mostrada à direita da piscina na Figura 4-a). Como o saco está em equilíbrio estático, o
módulo da 𝐸⃗ é igual ao módulo da força ⃗⃗⃗
𝐹𝑔 (força peso) sobre o saco de água 𝐸⃗ = 𝑚𝑓𝑑 𝑔.

Ou seja, também podemos definir que o módulo do empuxo é igual ao peso da água
no interior do saco, como foi definido.
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𝐸⃗ = 𝑚𝑓𝑑 𝑔. (Eq.3)

Na Figura 4-b, trocamos o saco de água por uma pedra que preenche um espaço
equivalente ao da cavidade Figura 4-a. Dizemos que a pedra desloca a água, ou seja, que
a pedra ocupa um espaço que de outra forma seria ocupado pela água. O formato da
cavidade não foi alterado, de modo que as forças na superfície da cavidade devem ser as
mesmas de quanto o saco de água estava no lugar. Assim, o mesmo empuxo para cima
que atuava sobre o saco de água atua agora sobre a pedra. Seguindo assim, a mesma ideia
de que o módulo do 𝐸⃗ é igual ao peso da água deslocada.
Diferentemente do saco de água, a pedra não está em equilíbrio estático. A força
gravitacional ⃗⃗⃗
𝐹𝑔 para baixo sobre a pedra têm um módulo maior do que o empuxo para
cima, como mostrado no diagrama de corpo livre na Figura 4-b. Assim, a pedra acelera para
baixo, descendo até o fundo da piscina.
Vamos em seguida preencher a cavidade da Figura 4-a com um bloco de madeira
leve, como mostrado na figura 4-c. Novamente, nada mudou em relação às forças sobre a
superfície da cavidade, de modo que o módulo do 𝐸⃗ é ainda igual ao peso da água
deslocada. Como a pedra, o bloco não está em equilíbrio estático. Porém, o módulo da FG
da força gravitacional é menor do que o módulo do 𝐸⃗ (como mostrado a direita da piscina)
de modo que o bloco acelera para cima, subindo até a superfície.

Figura 4 – Aplicação do princípio de Arquimedes

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Nossos resultados com o saco, a pedra e o bloco de madeira se aplicam a qualquer
fluido e estão sintetizados no enunciado geral do Princípio de Arquimedes:
“Um corpo total ou parcialmente imerso em um fluido recebe do fluido um empuxo
igual e contrário à força peso da porção de fluido deslocada, aplicado no centro de
gravidade dessa porção.”
Arquimedes enunciou este princípio no século III a.C. Segundo a lenda contada pelo
historiador Vitrúvio, Herão, rei de Siracusa, desconfiava ter sido enganado por um ourives,
que teria misturado prata na confecção de uma coroa de ouro, e pediu a Arquimedes que o
verificasse: “Enquanto Arquimedes pensava sobre o problema, chegou por acaso ao banho
público, e lá, sentado na banheira, notou que a quantidade de água que transbordava era
igual à porção imersa de seu corpo. Isto lhe sugeriu um método de resolver o problema, e
sem demora saltou alegremente da banheira e, correndo nu para casa, gritava bem alto que
tinha achado o que procurava. Pois, enquanto corria, gritava repetidamente em grego
‘eureka! eureka!’ (‘achei!, achei!’)”. Segundo o historiador, medindo os volumes de água
deslocados por ouro e prata e pela coroa, Arquimedes teria comprovado a falsificação.

2. Equilíbrio dos corpos flutuantes


Quando abandonamos um bloco de madeira leve acima da água em uma piscina
(como o exemplo da Figura 4-c), o bloco penetra na água porque a ⃗⃗⃗ 𝐹𝑔 força gravitacional
puxa-o para baixo. À medida que o bloco desloca mais é mais água, o módulo 𝐸⃗ do empuxo
para cima que atua sobre ele aumenta. Finalmente, 𝐸⃗ se torna intenso o suficiente para se
igualar ao módulo da ⃗⃗⃗
𝐹𝑔 para baixo sobre o bloco, e este atinge o repouso. O bloco fica,
então, em equilíbrio estático e dizemos que ele está flutuando na água. Em geral:
→ Quando um corpo flutua em fluido, o módulo do ⃗𝑬 sobre o corpo é igual ao módulo da ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑭𝒈
sobre o corpo.

Logo, podemos dizer que o módulo |𝐸⃗ | = |𝐹


⃗⃗⃗𝑔 |

2.1. Peso Aparente em um fluido:


Na posição de equilíbrio, não só a resultante de E (empuxo) e P (peso do corpo) tem
de ser nula, mas também o torque resultante, o que exige (Figura 5) que o centro de empuxo
C e o centro de gravidade G do corpo estejam sobre a mesma vertical.
Se colocarmos uma pedra sofre uma balança calibrada para medir o peso, então a
leitura da escala é o peso da pedra. Contudo, se fizermos isto submersos na água, o
empuxo para cima da água sobre a pedra diminui a leitura. Esta leitura é, então, o peso
aparente (𝑃𝐴 ). Em geral, um peso aparente de um corpo está relacionado com seu peso real
(P) e com um empuxo (E) sobre ele por
𝑃𝐴 = 𝑃 − 𝐸 (Eq.4)
Se, em algum teste de força, você tivesse que levantar uma pedra pesada, você
poderia fazer isso mais facilmente submerso na água. Neste caso, sua força aplicada
deveria exceder apenas o peso aparente da pedra, e não seu peso real maior, porque o
empuxo para cima o ajudaria a levantar a pedra.

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O módulo do empuxo sobre um corpo que flutua é igual ao peso do corpo. Assim a
Eq.4 nos diz que um corpo que flutua tem um peso aparente igual a zero - o corpo produziria
uma leitura igual a zero em uma balança (Quando os astronautas se preparam para realizar
uma tarefa complexa no espaço, eles treinam realizando esta tarefa flutuando em água, no
qual seus pesos aparentes nulos, como ocorre no espaço).
Além disso, na posição de equilíbrio, não só a resultante de E (Empuxo) e P (Peso
do corpo) tem de ser nula, mas também o torque resultante, o que exige (Figura 5) que o
centro de empuxo C e o centro de gravidade G do corpo estejam sobre a mesma vertical

Figura 5 – Posição de equilíbrio

Entretanto, isto não garante a estabilidade do equilíbrio. Quando o corpo gira, a


porção de fluido deslocada muda de forma, e o novo centro de empuxo é C' (Figura 6).

Figura 6 - Metacentro

A vertical por C' corta o eixo CG num ponto M que, para pequenas inclinações, resulta
ser praticamente independente do ângulo de inclinação, no qual M chama-se metacentro.
Se M está acima de G, o torque gerado por E' e P' (Figura 6) tende a restabelecer a
posição de equilíbrio, e este é estável, se M estiver abaixo de G, o torque tende a aumentar
ainda mais o desvio, e o equilíbrio é instável. Quando uma ou mais pessoas sentadas se
erguem num barco, isto eleva G, e se G subir acima de M o barco tende a virar.
2.2. Paradoxo hidrostático
Conforme já havia sido observado por Stevin e por Pascal, se tivermos
recipientes de formas muito diferentes, como os da Figura 7, mas de mesma área
da base A, e se a altura h, do líquido é a mesma em todos, a força exercida sobre a
base também é, embora o peso do líquido seja muito diferente (paradoxo
hidrostático). Isto resulta da igualdade das pressões exercidas sobre o fundo, que
só dependem da altura h.

Figura 7 – Paradoxo hidrostático

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Entretanto, se equilibrarmos uma balança com um frasco vazio sobre o prato,
e depois despejarmos o líquido, a diferença de peso necessária para reequilibrá-la
é igual ao peso do líquido. Para compatibilizar esses resultados, notemos que a
força exercida pelo líquido sobre o prato da balança é a resultante de todas as forças
exercidas pelo líquido sobre as paredes do frasco (Figura 8).

Figura 8 – Pesagem de líquido

Estas forças, normais às paredes em cada ponto, são iguais e contrárias às


forças exercidas pelas paredes sobre o líquido. Mas a resultante das forças
superficiais sobre o líquido, como vimos na demonstração do princípio de
Arquimedes, é igual e contrária ao peso do líquido. Logo, a resultante das pressões
exercidas pelo líquido sobre as paredes, aplicadas ao prato da balança, é
efetivamente igual ao peso do líquido.
A explicação do paradoxo hidrostático resulta imediatamente dessas
considerações. Assim, no caso da Figura 9 - (a), a resultante das pressões sobre as
superfícies laterais tem uma componente para baixo, que é responsável pela
diferença entre o peso do líquido e a força sobre a base; no caso da Figura 9 - (b),
essa componente é para cima, e é somente no caso da Figura 9 - (c) que a força
sobre a base é igual ao peso do líquido.

Figura 9 – Explicação do paradoxo hidrostático

Podemos visualizar considerando quando enchemos um copo de água, nesse


caso com formatos diferentes, no qual em um exemplo prático do paradoxo vamos
considerar dois copos de formatos diferentes, ambos com a mesma quantidade de
água (mesma altura) e abertos no topo.
Um dos copos pode ter uma forma mais cônica, enquanto o outro tem uma
forma mais cilíndrica. Mesmo que ambos os copos contenham a mesma quantidade
de líquido, você pode notar uma diferença na força que o líquido exerce sobre a
base quando você os coloca em uma superfície, como uma mesa.
No copo com formato cônico, a força exercida sobre a base será maior em
comparação com o copo cilíndrico. Isso ocorre porque, na forma cônica, as paredes
inclinadas fazem com que parte da força resultante da pressão hidrostática nas
laterais aponte para baixo, contribuindo para a força total sobre a base.
No copo cilíndrico, as paredes laterais são mais verticais, resultando em uma
força vertical total maior para cima na base.
Mesmo que ambos os copos contenham a mesma quantidade de água (e,
portanto, tenham o mesmo peso de líquido), a distribuição da força sobre a base é

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afetada pela geometria do recipiente. Esse é um exemplo prático do paradoxo
hidrostático, onde a igualdade de pressão lateral não implica na igualdade da força
total exercida sobre a base.

3. Referências
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física - Volume
2. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005.
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física - Volume 2.
7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física - Volume 2.
9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
GOMES, Maria Helena Rodrigues. Apostila de Mecânica dos Fluidos. Disponível em:
https://www2.ufjf.br/engsanitariaeambiental//files/2012/09/Apostila-de-Mec%c3%a2nica-
dos-Fluidos.pdf. Acesso em: 10 jan. 2024
CASA DAS CIÊNCIAS. Título do artigo. Disponível em:
https://rce.casadasciencias.org/rceapp/art/2014/074/. Acesso em: 11 jan. 2024.
FÍSICA.NET. Princípio de Arquimedes. Disponível em:
https://www.fisica.net/hidrostatica/principio_de_arquimedes_empuxo.php. Acesso em: 16
jan. 2024.
NUSSZENVEIG, Moysés. Curso de Física Básica - Volume 2. 5. ed. São Paulo: Edgard
Blücher, 2002.
NUSSZENVEIG, Moysés. Curso de Física Básica - Volume 2. 4. ed. São Paulo: Edgard
Blücher, 2002.
SEARS, Francis W.; ZEMANSKY, Mark W.; YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física
II – Termodinâmica e Ondas. 12. ed. São Paulo: Addison-Wesley, 2010
Figura 1: NUSSZENVEIG, Moysés. Curso de Física Básica - Volume 2. 5. ed
Figura 2: Figura adaptada de: https://en.wikipedia.org/wiki/Buoyancy
Figura 3: Figura adaptada de: https://rce.casadasciencias.org/rceapp/art/2014/074/
Figura 4: Figura adaptada de: HALLIDAY. Fundamentos de Física - Volume 2. 7. Ed
Figura 5: NUSSZENVEIG, Moysés. Curso de Física Básica - Volume 2. 5. ed
Figura 6: NUSSZENVEIG, Moysés. Curso de Física Básica - Volume 2. 5. ed
Figura 7: Figura adaptada de: HALLIDAY. Fundamentos de Física - Volume 2. 4. Ed
Figura 8: HALLIDAY. Fundamentos de Física - Volume 2. 4. Ed
Figura 9: SEARS, Francis W.; ZEMANSKY, Mark W.; YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN,
Roger A. Física II – Termodinâmica e Ondas. 12. ed

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