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PLATAFORMA SMART 4.

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Prof. Álvaro Paz Graziani
Integração de forma inovadora da realidade virtual, da realidade aumentada e tecnologias
avançadas, como inteligência artificial e gêmeos digitais, na estrutura educacional dos
programas do ensino superior do Centro Universitário SENAI (UniSENAI) Joinville, com foco
no aprimoramentoda experiência de aprendizado dos alunos e parceiros de negócio,
proporcionando simulações imersivas, análises preditivas e insights acionáveis.
Palavras-chave: Gêmeos digitais; simulação computacional; realidade aumentada;
realidade virtual; indústria 4.0; educação 4.0.

INTRODUÇÃO
O SENAI é um dos mais importantes polos nacionais de geração e difusão de conhecimento
aplicado ao desenvolvimento industrial. Apoia os setores econômicos por meio da formação
profissional e aperfeiçoamento da sua força de trabalho, de seus recursos humanos e da
prestação de serviços como assistência ao processo produtivo, serviços de laboratório,
pesquisa aplicada e informação tecnológica.
O SENAI/SC, por meio dos Institutos SENAI de Inovação, Institutos SENAI de Tecnologia e
do UniSENAI constituem a maior rede de ICTs voltada para a indústria da América Latina.
Em Santa Catarina, os Institutos atuam por meio de três unidades dedicadas à inovação e
pesquisa aplicada, mais sete institutos de tecnologia, com serviços de metrologia e
consultoria tecnológica. O Centro Universitário SENAI/SC, o UniSENAI, compõem-se de
uma sede localizada em Blumenau e mais quatro campi, posicionados em Chapecó,
Florianópolis, Jaraguá do Sul e Joinville. O UniSENAI atua com ensino de graduação e
pós-graduação lato sensu e prima pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão, propiciando aos acadêmicos a atuação em ações de extensão e atividades de
pesquisa básica e aplicada.
O papel dos Institutos SENAI de Inovação (ISI) nasceu com sua missão atrelada ao
desenvolvimento industrial de Santa Catarina. O objetivo da instituição é estimular as
fábricas de pequeno, médio e grande porte a se tornarem mais produtivas e competitivas.
Por meio da pesquisa aplicada, forma uma rede multidisciplinar, complementar e
estratégica. É por meio dela que são desenvolvidos novos processos e produtos, soluções
industriais customizadas e serviços técnicos. O Instituto de Sistemas Embarcados,
localizado em Florianópolis (SC), desenvolve soluções em software, hardware e ciência de
dados (como inteligência artificial), gerando novos produtos que abrangem transformação
digital, IoT (Internet das Coisas) e Indústria 4.0. Já o Instituto de Sistemas de Manufatura e
Processamento a Laser, com base em Joinville (SC), atua na fabricação e no reparo de
componentes, aplicando técnicas de manufatura aditiva, soldagem, micro usinagem e
tratamento térmico.
O UniSENAI, por sua vez, dedica-se às atividades de ensino, pesquisa e extensão, a fim de
atender as demandas imediatas da indústria. As áreas de atuação são voltadas para o setor
secundário da economia nos seguintes segmentos econômicos industriais: Automação;
Tecnologia da Informação; Gestão; Têxtil e Produção do Vestuário; Meio Ambiente; e
Eletroeletrônica. Vinculados às áreas de atuação, os cursos de graduação e pós-graduação
lato sensu focam em atender os segmentos tecnológicos dos seus campi, a partir da
segmentação pelos clusters regionais.
O UniSENAI tem como missão “promover soluções de ensino, pesquisa e extensão de
excelência, para desenvolver indivíduos socialmente responsáveis, capazes de transformar
a indústria catarinense de forma inovadora e sustentável”. Tal missão se reflete no seu
propósito, o de formar engenheiros, tecnólogos e pós-graduados com o DNA da Indústria,
para que atuem nas lacunas do presente e estejam preparados para atender os desafios do
futuro. Para cumprir com o propósito, os estudantes desenvolvem projetos aplicados em
parceria com as empresas da região de cada campus, sempre focados na resolução de
problemas reais, com práticas hands on em todo o curso. Essa metodologia propicia o
desenvolvimento da indústria e inovação catarinense, pois as empresas podem levar suas
necessidades para dentro da Universidade e em conjunto com os estudantes buscar
soluções.

OBJETIVOS

Objetivo geral
Integrar de forma inovadora a realidade virtual, a realidade aumentada e tecnologias
avançadas, como inteligência artificial e gêmeos digitais, na estrutura educacional dos
programas do ensino superior do Centro Universitário Senai (UniSENAI) Joinville, com foco
no aprimoramentoda experiência de aprendizado dos alunos e parceiros de negócio,
proporcionando simulações imersivas, análises preditivas e insights acionáveis. Portanto,
essa abordagem multidisciplinar visa capacitar futuros engenheiros e tecnólogos com as
habilidades necessárias para enfrentar os desafios da Indústria 4.0, impulsionando a
inovação e o desenvolvimento tecnológico nas indústrias brasileiras de manufatura.

Objetivos específicos
1. Promover ações de educação, popularização e/ou divulgação científica das
tecnologias inovadoras existentes na bancada SMART 4.0 para cursos de graduação
e pós-graduação, em articulação com especialistas do Instituto Senai de Inovação
(ISI) que atuam nas áreas de educação formal e não formal.
2. Estimular o engajamento de mestres, doutores e demais acadêmicos, em pesquisas
internacionais nas tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0 de forma a promover
novas lideranças científicas.
3. Formalizar parceria com a Universidade do Minho que contemplem contrapartida
financeira e cooperação tecnológica.
4. Estimular a participação de pesquisadores do UniSENAI/ ISI em projetos de
cooperação com a Universidade do Minho, de modo a promover a internacionalização
e o desenvolvimento científico e tecnológico no âmbito da Indústria 4.0.
5. Elaborar projetos em parceria por meio da Metodologia TheoPrax com empresas de
manufatura para desenvolver arquiteturas de sistemas que utilizem tecnologias de
realidade virtual, realidade aumentada e inteligência artificial para identificar
oportunidades de otimização de processos.
INDÚSTRIA 4.0
Almeida (2019) afirma que o modelo que remete à Quarta Revolução Industrial, conhecida
como Indústria 4.0, teve início na Alemanha em meados de 2012, inicialmente, como um
programa institucional – envolvendo empresas, universidades e governo – de atualização
tecnológica, com o objetivo de aumentar a competitividade da indústria alemã e modernizar
a já desenvolvida indústria local. Como consequência, o perfil da mão de obra deve mudar
totalmente, o que faz com que os profissionais da Indústria 4.0 se tornem cada vez mais
polivalentes e tenham conhecimentos interdisciplinares. À medida que esse movimento foi
avançando, sistemas integrados de manufatura, que eram internamente integrados a
sistemas da própria empresa, passaram a ser integrados em sistemas com armazenamento
em nuvens de dados, em postos alocados no chão de fábrica, transmitindo informações
sobre as condições de produção e comportamento dos sistemas das máquinas e integrando
essas informações àquelas oriundas dos próprios clientes consumidores dos produtos.
Sacomano, Gonçalves e Bonilla (2018) definem a Indústria 4.0 como um sistema produtivo,
integrado por computador e dispositivos móveis interligados à internet ou à intranet, que
possibilita a programação, gerenciamento, controle, cooperação e interação com o sistema
produtivo de qualquer lugar do globo em que haja acesso à internet ou à intranet, buscando,
assim, a otimização do sistema e toda a sua rede de valor, ou seja, empresa, fornecedores,
clientes, sócios, funcionários e demais partes interessadas.
Com a evolução tecnológica e a integração dos processos segundo o conceito da Indústria
4.0, os sistemas de produção passaram a ficar cada vez mais inteligentes, capazes de
detectar o surgimento de necessidades produtivas, de suprimentos e de matéria-prima, o
que envolve a união de tecnologias físicas e digitais e a integração de todas as etapas do
desenvolvimento de um produto ou processo. Isso trouxe um impacto muito positivo,
traduzido em maiores eficiência e produtividade (ALMEIDA, 2019).
Uma vez que o conceito de Indústria 4.0 ainda está em formação, uma classificação do que
faz ou não parte desse contexto é complexa. O Quadro 01 apresenta uma proposta de
caráter didático de classificação dos elementos formadores da Indústria 4.0 para facilitar a
compreensão desse contexto.
Quadro 01: Classificação dos elementos formadores da Indústria 4.0

Elementos formadores Descrição Tecnologias envolvidas

Elementos base ou Representam a base tecnológica  Sistemas ciberfísicos (CPS)


fundamentais fundamental sobre a qual o próprio
 Internet das coisas (IoT)
conceito de Indústria 4.0 se apoia e
sem os quais não poderia existir  Internet de serviços (IoS)

Elementos estruturantes São tecnologias e/ou conceitos que  Automação


permitem a construção de
 Comunicação máquina a
aplicações da Indústria 4.0. Nesta
máquina (M2M)
classificação que para que uma
fábrica ou unidade de produção  Inteligência artificial (IA)
seja enquadrada no conceito de
 Análise de big data
4.0, pelo menos boa parte dos
elementos estruturantes deve estar  Computação em nuvem
presente.
 Integração de sistemas
 Segurança cibernética
Elementos São elementos que ampliam as  Etiquetas de RFID
complementares possibilidades da Indústria 4.0,
 Código QR
mas que não necessariamente
tornam 4.0 as aplicações industriais  Realidade aumentada
que eventualmente os utilizem.
 Realidade virtual
 Manufatura aditiva ou
impressão 3D

Fonte: Sacomano, Gonçalves e Bonilla (2018)

Neste contexto, as tecnologias de realidade virtual, realidade aumentada, inteligência


artificial e gêmeos digitais são de particular interesse para o projeto proposto pelo Centro
Universitário SENAI (UniSENAI).
A realidade virtual (RV) é definida como um conjunto particular de hardware, que pode
incluir computadores, headphones, óculos, luvas sensíveis a movimento e outros, para dar
a sensação de uma realidade que não se encontra no local, uma realidade apenas virtual
(STEUER, 1992). Assim, pode-se ver uma máquina totalmente montada, por RV, para
mostrar como a mesma deverá ficar, quando sequer as peças que a compõem estão no
local.
Também conhecida como realidade ampliada, a realidade aumentada (RA) engloba o
mundo real com objetos virtuais, o que permite observá-lo com objetos superpostos ou
compostos a ele. Ela apresenta três características (AZUMA, 1997): combina o real com o
virtual; interage em tempo real; e apresenta-se em três dimensões. Com o uso de óculos de
realidade aumentada, o trabalhador pode acessar uma série de informações importantes
para o desempenho das suas funções, como: desenho e/ou sequência de montagem, itens
que precisam ser repostos no estoque, lugares de armazenagem de determinado item e
várias outras funções sobrepostas à realidade física observada.
O objetivo da inteligência artificial (IA) é utilizar dispositivos ou métodos computacionais de
forma similar à capacidade de raciocínio do ser humano, resolvendo problemas da maneira
mais eficiente possível (SACOMANO, GONÇALVES e BONILLA, 2018). A IA passaria a
controlar não só o processo de produção como também a fornecer sugestões às mais
diversas necessidades de decisões. Entretanto, quem comanda a máquina é o ser humano
e não o contrário. A máquina dá o apoio, mas não o comando.
Os sistemas ciberfísicos (CPS) são sistemas mecatrônicos compostos por sensores e
atuadores, controlados por software que, monitorando uma série de dados, supervisionam e
controlam processos industriais mecânicos, químicos, térmicos ou elétricos, no campo
físico. Os dados são comunicados em tempo real ao ambiente virtual, que os representa em
interfaces gráficas amigáveis ao ser humano. Conforme Sacomano, Gonçalves e Bonilla
(2018), a camada cibernética pode abrigar um modelo de simulação que reproduz o
ambiente físico – gêmeo digital (digital twin) – a fim de permitir que projetos de novos
processos ou alterações sobre processos existentes possam ser testados primeiramente no
ambiente virtual, sem necessidade de alteração sobre o físico, proporcionando considerável
redução de custos e riscos.
METODOLOGIA OU MATERIAL E MÉTODOS
A necessidade de constantes inovações em produtos, processos e sistemas de gestão tem
sido determinante na busca por profissionais adequadamente formados. De acordo com
Passos, Pereira-Guizzo e Passos (2019), essa busca leva ao questionamento do ensino
tradicional de engenharia e tecnologia e do seu papel de desenvolver aptidões para o
mundo do trabalho na atualidade. Na tentativa de preencher lacunas na formação
profissionalizante, têm surgido metodologias que tentam sintonizar o ensino técnico
tradicional com as novas demandas. Uma delas é a metodologia alemã TheoPrax, focada
no desenvolvimento de habilidades comportamentais praticadas em projetos realizados
pelos alunos em empresas, sob orientação e acompanhamento de docentes.
O TheoPrax é uma metodologia integradora de ensino e aprendizagem para favorecer a
motivação e busca conscientizar, treinar e desenvolver nos alunos características como as
habilidades sociais e liderança, exigidas pelo mercado. Segundo Krause e Eyerer (2008), o
método TheoPrax é:
 Uma resposta a um problema visualizado no mundo do trabalho para atender
principalmente a um sujeito cognoscente e histórico e, evidentemente, para a
solicitude do mundo do trabalho;
 Desafia o pensamento cartesiano e o supera através de uma proposta holística e
sistêmica, sedimentando a interdependência entre teoria e prática como ações
humanas indissociáveis na produção, na construção e na auto-realização do ser em
contínua formação. Resgata, portanto, sínteses integradoras entre o compreender e
o apreender como formas de expressão humana na sua descoberta do ser e do
fazer, na sua existência multireferencial do conhecer sempre;
 Mantém uma ponte integradora entre teoria e prática através de projetos. A
constituição de projetos a partir de problemas reais possibilita uma contextualização
das solicitações de ambiente de trabalho. São elementos possíveis de motivação e
de mobilização para a realização. Supera, portanto a fragmentação disciplinar e
recupera a visão de sistemas integrados epistêmicos e axiológicos. Suscita a visão
crítica e a criatividade na integração ensino (conhecer), pesquisa (investigar) e
extensão (realizar).
Passos (2015) afirma que o impacto do TheoPrax sobre o ensino de engenharia e
tecnologia depende da metodologia usada para disseminação entre os envolvidos:
professores, orientadores, coordenadores e alunos. A transferência de conhecimento não é
um processo automático, nem acontece de forma espontânea ou natural; depende de um
esforço integrado e colaborativo. Do contrário, todos os favorecidos com o novo método
perdem. Fazendo um paralelo com a metodologia TheoPrax, perdem:
 A ciência, uma vez que não cumpriu seu papel principal de promover
desenvolvimento;
 A instituição de ensino, representada pelos docentes e alunos que deixam de ser
beneficiados pelo novo aprendizado e a capacidade de desenvolver novas
habilidades; e
 As empresas que não vêem retorno dos recursos investidos na formação técnica,
apresentando dificuldade na contratação para novos postos de trabalho, limitando o
crescimento e desenvolvimento de novas tecnologias, por escassez de mão-de-obra
qualificada.
Para a nova forma de ensino orientado à experiência, identificou-se que o desenvolvimento
de modestos projetos pontuais, destinados a solucionar problemas simples da realidade das
empresas, seria um valioso instrumento de implementação dessa nova metodologia.
Passos, Pereira-Guizzo e Passos (2019) afirmam que a opção do TheoPrax pela utilização
de projetos pontuais de duração relativamente curta, executados durante a capacitação
discente, demonstra coerência entre a referida metodologia e a natureza intrínseca da
atividade de intervenção por intermédio de projetos.
Para o Instituto de Gerenciamento de Projetos (Project Management Institute – PMI), projeto
pode ser definido, em termos de suas características distintivas, como sendo um esforço
temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único (PMI, 2021). A
natureza temporária dos projetos indica um início e um fim para o trabalho do projeto ou
uma fase do trabalho do projeto. Aplicam-se conhecimento, habilidades, ferramentas e
técnicas às atividades do projeto, a fim de atender (ou mesmo superar) as necessidades e
expectativas das partes interessadas, desmobilizando-se esses recursos ao término do
empreendimento.
Para Passos, Pereira-Guizzo e Passos (2019), a metodologia TheoPrax faz uso conjunto de
práticas de gestão de projetos prescritas em dois guias:
 O PMBoK (Project Management Body of Knowledge), desenvolvido pelo PMI e
largamente adotado em empresas americanas; e
 O guia ZOPP (Zielorientierte Projektplanung), método alemão que descreve as
etapas para o planejamento e execução de projetos orientados a resultados.
Os dois guias são similares em essência, podendo o ZOPP ser entendido como um ajuste
do PMBoK ao mundo alemão do trabalho e ao modo próprio de execução de tarefas contido
nas rotinas conhecidas daquele país.
O projeto proposto pelo Centro Universitário SENAI (UniSENAI) Joinville tem como tema as
tecnologias habilitadoras da Quarta Revolução Industrial. A Indústria 4.0 trata, entre outras
coisas, da integração entre Tecnologia da Informação (TI) com Tecnologia da Automação
(TA), sistemas ciberfísicos e transformação digital. A TI é o conjunto de todas as atividades
e soluções providas por recursos de computação, para a gestão da unidade empresarial,
composto por hardwares e softwares. A TA, por sua vez, representa o conjunto de
ferramentas – hardwares e softwares – responsáveis pela medição, controle, automação,
segurança da planta e da máquina na unidade produtiva.
A SMART 4.0 é uma plataforma de tecnologia educacional focada na Indústria 4.0. Por
plataforma, entende-se um conjunto de subsistemas e interfaces que forma uma estrutura
comum, ou seja, um conjunto de recursos e subsistemas que podem ser organizados para
formar diferentes configurações. Cada configuração constitui um tipo de "produto". Assim, o
Centro Universitário Senai (UniSENAI) Joinville possui a configuração XL4002, construída a
partir de subsistemas da plataforma SMART 4.0. O tema Indústria 4.0 é bastante complexo
e multidisciplinar, estando constantemente em evolução. A organização das soluções
SMART 4.0 como plataforma, e não como um produto fechado, garante flexibilidade de
configuração e possibilidade de expansões e atualizações futuras, minimizando perda de
investimentos já realizados. A Figura 01 ilustra os recursos físicos da SMART 4.0.
Figura 01 - Recursos físicos (hardware) da SMART 4.0

Entretanto, a plataforma SMART 4.0 vai muito além dos dispositivos físicos. De fato, a
plataforma é composta de 4 componentes:
 Recursos físicos (hardware);
 Softwares e sistemas;
 Ferramentas de desenvolvimento; e
 Material didático.

A configuração XL4002 é composta de 4 estações de trabalho: Expedição, Processo


(Gravação), Montagem e Expedição (Figura 02). As estações possuem as seguintes
características construtivas:
 Trólei com dimensões ergonômicas;
 Sistemas mecatrônicos montados sobre base de perfil de alumínio na parte superior
do rack, possibilitando expansão e modificações;
 Painel interno com dispositivos de automação e proteção elétrica;
 Painel de comando com dispositivos de interação (IHM, botões, chaves, sinaleiro e
botão de emergência).
Figura 02 - Estações na configuração XL4002

Os Smart Blocks são o produto fabricado por esta fábrica 4.0. Eles permitem mais de 100
possibilidades de montagem, enfatizando o conceito de customização em massa. Além
disto, são produtos inteligentes em que em cada bloco carrega informação de
rastreabilidade através de tags de RFID compatíveis com o sistema e que permitem a
leitura e escrita. Possuem seis opções de lâminas de personalização e três locais para
lâminas em cada base, três opções de cores de blocos e três opções de altura (Figura 03).

Figura 03 – Smart Blocks

A Estação de Estoque (Figura 04) é responsável pelo armazenamento automatizado dos


blocos que são a matéria prima dos Smart Blocks. Possui capacidade de estoque de 28
blocos e esteiras transportadoras com sentidos opostos para transferir Smart Blocks entre
estações e esteira de giro de retorno. Está equipada com sistema de conservação de ar
comprimido, atuadores pneumáticos sem haste e de haste dupla, válvulas de operações e
segurança NR-12. Possui atuadores elétricos lineares e rotativos, painel com CLP Siemens
S7-1200 com comunicação IO-link, switch industrial 5 portas e roteador/extensor WiFi,
antena RFID, comunicação IO-link com CLP da estação e sistema indexador de peças.

Figura 04 - Estação de Estoque

A Estação de Processo (Figura 05) realiza um processamento de gravação a tinta nas


lâminas que vão compor o Smart Block, bem como manipula e alimenta a estação de
montagem com lâminas para montagens dos Smart Blocks. Possui esteiras transportadoras
com sentidos opostos para transferir Smart Blocks entre estações e esteira de giro de
retorno. Está equipada com sistema de conservação de ar comprimido, atuadores
pneumáticos sem haste e de haste dupla, ventosa e gerador de vácuo, válvulas de
operações e segurança NR-12. Possui atuadores elétricos lineares compondo um
posicionador XY, painel com CLP Siemens S7-1200, switch industrial 5 portas e
roteador/extensor WiFi.

Figura 05 - Estação de Processo

Na Estação de Montagem (Figura 06), os Smart Blocks são montados por um braço
robótico colaborativo e possui esteiras transportadoras com sentidos opostos para transferir
Smart Blocks entre estações. O robô colaborativo UR3e possui sistema de visão Infaimon e
garra colaborativa Shunk integrados. Por se tratar de um cobot (robô colaborativo), é
possível que esta atividade seja feita por meio de interação com serem humanos. É
equipada com sistema de conservação de ar comprimido, atuadores pneumáticos sem
haste e de haste dupla, válvulas de operações e segurança NR-12. Possui painel com CLP
Siemens S7-1200 com comunicação IO-link, switch industrial 5 portas e roteador/extensor
WiFi, antena RFID, comunicação IO-link com CLP da estação e sistema indexador de
peças.

Figura 06 - Estação de Montagem

Na Estação de Expedição (Figura 07) são armazenados até 12 Smart Blocks montados,
aguardando o momento de serem expedidos para o cliente. Possui esteiras transportadoras
com sentidos opostos para transferir Smart Blocks entre estações e esteira de giro de
retorno. Está equipada com sistema de conservação de ar comprimido, atuadores
pneumáticos sem haste e de haste dupla, válvulas de operações e segurança NR-12.
Possui atuadores elétricos lineares e rotativos, painel com CLP Siemens S7-1200 com
comunicação IO-link, switch industrial 5 portas e roteador/extensor WiFi, antena RFID,
comunicação IO-link com CLP da estação e sistema indexador de peças.

Figura 07 - Estação de Expedição

A plataforma SMART 4.0 possui uma loja online onde podem ser feitos os pedidos de Smart
Blocks. Esta loja é acessada através de navegadores e pode rodar tanto num servidor local
como num servidor em nuvem. Nela é necessário fazer um cadastro com os dados do
"cliente". Através dela também é possível acompanhar o status de produção de cada
pedido. Os pedidos são customizados, permitindo ao cliente escolher quantos andares terão
os Smart Blocks, quais as cores das bases e lâminas laterais e quais desenhos serão feitos
nas lâminas. A loja se comunica com o MES através de APIs, enviando os pedidos e
obtendo os status de produção. Por ser um sistema simples, esta loja pode ser refeita pelos
alunos, utilizando APIs para integrar com o sistema MES.
A SMART 4.0 controla a produção fazendo uso do Elipse F4 como sistema MES (Sistema
de Execução de Manufatura). Este sistema é responsável por organizar e sequenciar os
pedidos recebidos da loja, enviando-os para a planta fabricar. Nele também é possível
acompanhar o status de produção, as sequências e tempos de pedidos e fazer controle de
estoque. O MES também alimenta um banco de dados com todas as informações de
pedidos e processos produtivos. Os alunos podem interagir com o MES tanto em nível de
acompanhamento de processo produtivo como configurando o sistema de diferentes
maneiras. Desta forma, apreendem conceitos de gestão de produção através de sistemas
automatizados.
O supervisório ou SCADA utilizado na SMART 4.0 é o Siemens WinCC Unified. É um
supervisório de última geração, que utiliza tecnologias e linguagens de TI para ser
responsivo em qualquer tipo de dispositivo. A função do supervisório é apresentar
informações técnicas do processo produtivo. Com ele é possível acompanhar o processo de
produção de cada estação, além de informações dos pedidos em execução e outros dados
do sistema. Apesar de ser fornecida uma aplicação padrão completa, o desenvolvimento
das telas de supervisório é umas das competências que podem ser desenvolvidas utilizando
o SMART 4.0. Para isso, o conjunto conta, além de licenças de RunTime, com licenças de
engenharia para desenvolvimento de aplicações.
Um dos temas mais importantes da Indústria 4.0 é a Internet das Coisas (IoT). Para explorar
esta tecnologia, a SMART 4.0 possui uma conta na plataforma em nuvem Tago.io. A planta
conta com elementos dispositivos que podem enviar dados para esta plataforma
diretamente através do protocolo MQTT, como os CLPs. Além disso, através do uso de
Node-Red, é possível capturar dados dos dispositivos Smart Sense e enviar para a nuvem.
Na Tago.io é possível acompanhar indicadores de produção, estado operacional e consumo
das plantas, além de gerar alertas e mensagens. Além da aplicação padrão desenvolvida,
os estudantes podem criar seus próprios dashboards e configurar a comunicação com os
dispositivos e sistemas da planta.
Outra tecnologia fundamental da Indústria 4.0 é o gêmeo digital (digital twin), recurso que
permite simular todos os recursos de operação da planta. O gêmeo digital da SMART 4.0 é
controlador por CLPs físicos ou simulados através de comunicação Modbus ou protocolo S7
(ISO-on-TCP) permitindo testes e o comissionamento virtual antes de carregar a aplicação
na planta física. Estas funcionalidades caracterizam a SMART 4.0 como sistema ciberfísico
(CPS). Com o intuito de maximizar a etapa de aprendizado e testes, são fornecidas com
cada planta 50 licenças que podem ser acessadas pela internet. Isto significa que para cada
planta podemos ter até 50 alunos simultaneamente utilizando o simulador em suas casas ou
na escola. Considerando que nem todos utilizarão ao mesmo tempo, o número de
estudantes que tem acesso a este recurso é realmente muito grande. Com o gerenciador de
licenças Web o professor pode atribuir ou cancelar acesso a licença para alunos e turmas,
simplificando seu controle.
O sistema de realidade aumentada da Schneider para dispositivos móveis, como tablet e
celulares, permite a visualização de materiais na Web e utiliza sistema de detecção por
código QR. Possui procedimentos de manutenção com passo a passo para o aluno
compreender todas as etapas.
Através da linguagem low code Node-Red é possível interagir e obter dados de diversos
recursos e sistemas da planta. Isto facilita a integração de novos recursos e sistemas, além
da construção de novas aplicações. Além do Node-Red outros sistemas e aplicações
podem ser incorporados à SMART 4.0, uma vez que ela utiliza tecnologias e padrões
abertos, caracterizando um sistema totalmente flexível e expansivo.
A Figura 08 ilustra as habilidades e competências que podem ser trabalhadas na SMART
4.0 de forma pedagógica, explorando a multidisciplinaridade da Indústria 4.0.

Figura 08 - Multidisciplinaridade da Indústria 4.0

O Centro Universitário SENAI (UniSENAI) também possui outros equipamentos em


laboratórios situados no mesmo campus que podem vir a se integrar via MES com a
plataforma SMART 4.0:
 Célula Flexível de Manufatura (FMC);
 Injetora de polímeros Romi EL-75;
 Célula de manufatura aditiva.
Esta integração via MES entre diferentes tecnologias permitiria a criação de uma rede de
suprimentos que poderia ser gerenciada para permitir o fornecimento de componentes para
a montagem de novos produtos na plataforma SMART 4.0. Estes componentes poderiam
ser transportados por veículos guiados automaticamente (automated guided vehicles - AGV)
ou robôs móveis autônomos (autonomous mobile robots - AMR), ampliando ainda mais a
aplicação de conceitos da Indústria 4.0. a Figura 09 ilustra esta Rede 4.0 com seus
elementos e relacionamentos.
Figura 09 - Fluxograma da Rede 4.0

Além dos aspectos logísticos e produtivos propriamente ditos, o projeto também


contemplaria o monitoramento dos ativos por meio de manutenção preditiva e a reciclagem
dos insumos utilizados, incorporando os conceitos relacionados com a economia circular na
operação da rede.

RESULTADOS ESPERADOS

 Promover a integração do ensino com a indústria 4.0 e do SENAI/SC com o mercado


de trabalho;
 Conectar os diferentes negócios do SENAI/SC;
 Integrar o UniSENAI com instituições internacionais;
 Fomentar intercâmbios entre alunos, docentes e pesquisadores;
 Criar diferencial competitivo em relação aos concorrentes de ensino
superior/pesquisa;
 Agregar valor aos produtos do ensino, pesquisa e extensão e gerar novos modelos
de negócios;
 Construir uma plataforma para teste de sistemas para Indústria 4.0 conectada com a
indústria de manufatura;
 Entregar soluções para problemas reais da indústria de manufatura;
 Elevar de forma acelerada as competências de docentes, alunos e pesquisadores;
 Fomentar um ambiente de inovação na instituição;
 Atrair novos talentos e reter talentos existentes no ensino e na pesquisa.
 Consolidar linha de pesquisa voltada para tecnologias da Indústria 4.0;
 Buscar fontes de fomento internacional.
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paulo Samuel de. Indústria 4.0 - princípios básicos, aplicabilidade e


implantação na área industrial . Editora Saraiva, 2019. E-book. ISBN 9788536530451.
AZUMA, R. T. A survey of augmented reality. Presence: Teleoperators and Virtual
Environments. Cambridge, v. 6, n. 4, p. 355-385, 1997.
KRAUSE, Dörthe; EYERER, Peter. Schulerprojekte managen: TheoPrax methodic in
Aus- und Weiterbildung. Bielefeld: W. Bertelsmann Verlag (WBV), 2008.
PASSOS, Carolina Dias. Avaliação da metodologia TheoPrax para o desenvolvimento
de habilidades na formação profissional: olhares múltiplos. Dissertação de mestrado.
Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC, 2015. URI:
http://repositoriosenaiba.fieb.org.br/handle/fieb/838
PASSOS, Carolina Dias; PEREIRA-GUIZZO, Camila; PASSOS, Francisco Uchoa.
Avaliação da metodologia TheoPrax para a formação profissionalizante no Senai-
Bahia. Revista Ciências Humanas - Educação e Desenvolvimento Humano. UNITAU,
Taubaté/SP - Brasil, v. 12, n 1, edição 23, p. 82 - 97, Jan. - Abr. de 2019.
PMI. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. Padrão de gerenciamento de projetos e
Guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (Guia PMBOK). 7. Ed.
Pennsylvania: PMI, 2021.
SACOMANO, José B.; GONÇALVES, Rodrigo F.; BONILLA, Sílvia H. Indústria 4.0:
conceitos e fundamentos. Editora Blucher, 2018. E-book. ISBN 9788521213710.
STEUER, Jonathan. Defining Virtual Reality: dimensions determining telepresence.
SRCT Paper #104. Stanford University, 1992

TRABALHO EM GRUPO

1. Identificar, no texto, quais são as tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0.


2. Quais dessas tecnologias estão presentes na Plataforma SMART 4.0?

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