Você está na página 1de 11

Disponível na www.sciencedirect.

com

REGE - Revista de Gestão


REGE - Revista de Gestão 23 (2016) 41–51 http://www.regeusp.com.br/

Tecnologia da Informação
Modelos de negócio para produtos e serviços baseados em internet das
coisas: uma revisão da literatura e oportunidades de pesquisas futuras
Business models for products and services based on the internet of things: a literature review and
future research opportunity
Fabiana Beal Pacheco a,∗ , Amarolinda Zanela Klein a e Rodrigo da Rosa Righi b
a Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), São Leopoldo, RS, Brasil
b Programa de pós-graduação em Computação Aplicada, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), São Leopoldo, RS, Brasil
Recebido em 28 de julho de 2015; aceito em 2 de dezembro de 2015
Disponível na internet em 14 de maio de 2016

Resumo
Uma nova geração de computação ubíqua, também conhecida como Internet das Coisas ou Internet of Things (IoT), representa uma oportunidade,
mas também um desafio, para empresas em diversos segmentos da indústria. Com IoT, produtos da era industrial, incluindo carros, telefones,
televisões, geladeiras, câmeras e até mesmo livros, podem ter capacidade digital embutida, oferecer novas funções, taxas de desempenho e preços
acessíveis, que transformam seu design, produção, distribuição e uso. Este artigo revisa a literatura de Sistemas de Informação (Information
Systems) e de Gestão Estratégica (Strategic Management), verifica quais são os componentes de um modelo de negócio para produtos/serviços que
envolvem IoT; além disso, busca identificar as barreiras e os facilitadores que podem ajudar as empresas a redefinir seus modelos de negócio para
aproveitar as oportunidades da IoT. O método usado para a construção do artigo foi o de revisão sistemática e crítica da literatura. Como resultados,
cita-se a identificação de elementos a serem considerados na elaboração de modelos de negócios para serviços e produtos baseados em IoT, assim
como a identificação de possíveis facilitadores e barreiras, bem como proposições para pesquisas futuras sobre o tema. O artigo busca fornecer, a
acadêmicos e profissionais, uma referência e insights sobre como definir modelos de negócio para IoT de forma estruturada e tangível e analisa os
principais aspectos que precisam ser considerados quando forem planejadas as inovações para esse contexto digital.
© 2016 Departamento de Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP.
Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND
(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Palavras-chave: Internet das Coisas; IoT; Modelos de negócio; Inovação; Revisão sistemática da literatura

Abstract
A new generation of ubiquitous computing, also known as the Internet of Things (IoT), is an opportunity but also a challenge for companies
in several industries. With IoT, the industrial products, including cars, phones, televisions, refrigerators, cameras and even books, may have built-
-in digital capability, offering new features, performance rates and affordable prices that change design, production, distribution and use. The
challenge for organizations is to innovate the existing business model so they can successfully enter this promising new technological context.
This article reviews the literature of Information Systems and Strategic Management, exploring what are the components of a business model for
products/services based on IoT; moreover, it seeks to identify the barriers and facilitators that can help companies to redefine their business models
to take advantage of the opportunities of IoT. The method used for the construction of the article was the systematic and critical review of the
literature. The results are the identification of elements to be considered in the development of business models for services and products based on
IoT. They enable us to observe potential facilitators and barriers, so indicating topics for future research. In this way, this article seeks to provide

∗ Autor para correspondência.


E-mail: fabianapacheco@yahoo.com.br (F.B. Pacheco).
A revisão por pares é da responsabilidade do Departamento de Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade
de São Paulo – FEA/USP.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rege.2015.12.001
1809-2276/© 2016 Departamento de Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP. Publicado
por Elsevier Editora Ltda. Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
42 F.B. Pacheco et al. / REGE - Revista de Gestão 23 (2016) 41–51

a reference and insights for academics and professionals, into how to define structured business models for IoT, analyzing the main aspects that
must be considered when the innovations for this digital context are planned.
© 2016 Departamento de Administração, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP.
Published by Elsevier Editora Ltda. This is an open access article under the CC BY-NC-ND license
(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Keywords: Internet of Things; IoT; Business models; Innovation; Sistematic literature review

Introdução
mercado digital que se expandirá cada vez mais. Muitas empre-
A miniaturização do hardware, o aumento crescente do poder sas têm dificuldade de entender a complexidade sem precedentes
dos microprocessadores, a redução do custo e a confiabilidade de desenvolver modelos de negócio adequados à evolução das
das memórias, o avanço das telecomunicações e o gerencia- tecnologias digitais (Turber e Smiela, 2014). Além das capa-
mento eficiente de energia tornaram possível funcionalidades cidades de inovação em produtos, as organizações precisam
e capacidades digitais em produtos da era industrial, incluindo adequar seus modelos de negócio à tecnologia digital. No futuro,
carros, telefones, televisões, câmeras e até mesmo livros. Com a competição não se dará somente em termos de produtos e
a capacidade digital embutida, tais produtos oferecem novas tecnologias, mas também em termos de modelo de negócio
funções, taxas de desempenho e preços acessíveis, que transfor- (Gassmann, Frankenberger e Csik, 2013).
mam seu design, produção, distribuição e uso (Yoo, Henfridsson Dessa forma, o presente artigo busca revisar a literatura de
e Lyytinen, 2010). SI (Sistemas de Informação) e de Gestão Estratégica e verifi-
A Internet das Coisas (ou IoT, do termo Internet of Things) é car quais são os componentes de um modelo de negócio para
uma evolução dentro do paradigma de computação ubíqua, que produtos/serviços que envolvem IoT; além disso, busca identifi-
consiste na presença pervasiva de objetos e “coisas” inteligentes car as barreiras e os facilitadores que podem ajudar as empresas
ao nosso redor – tais como etiquetas RFID, sensores, telefones a redefinir seus modelos de negócio para aproveitar as opor-
móveis,– os quais estarão prontos para interagir e cooperar uns tunidades da IoT. Este artigo contribui com o mapeamento da
com os outros a fim de atingir um propósito específico (Atzori, literatura sobre IoT e modelos de negócio, além de aprofundar
Iera e Morabito, 2010). Do ponto de vista econômico e de gestão, a análise sobre o tema “modelos de negócio para IoT” e apontar
esse conceito foi primeiramente cunhado por Elgar Fleisch em nove constatações identificadas durante a revisão sistemática da
2010. O conceito de IoT não é novo, mas só recentemente tornou- literatura e lacunas para pesquisas futuras acerca do tema.
-se relevante do ponto de vista prático nos negócios, em razão Este trabalho está estruturado da seguinte forma: a próxima
dos avanços no desenvolvimento de hardware, especialmente na sessão introduz a metodologia usada para o mapeamento da lite-
última década (Fleisch, 2010). ratura sobre o tema, na seção 3 são apresentados os principais
Dados apontam que os dispositivos de Internet das Coisas resultados da análise feita e na seção 4 propõem-se futuras linhas
deverão ultrapassar o número de tablets, computadores pessoais de pesquisa a fim de orientar os esforços na área e apresentam-se
e smartphones conectados até 2018 (Iansiti e Lakhani, 2014). as considerações finais.
Um estudo do Gartner (2013) apresenta uma previsão de que os
fornecedores de produtos e serviços de IoT terão um incremento Metodologia de revisão sistemática da literatura
de receita acima de 300 bilhões de dólares até 2020, principal-
mente em serviços. Esse incremento de faturamento produzirá O propósito da revisão feita foi identificar e analisar artigos
um total estimado de 1,9 trilhão de dólares na economia global, relevantes para o entendimento de como a IoT pode ser consi-
resultado das vendas em diversos segmentos de mercado. Ainda derada na geração de novos modelos de negócio e na inovação
segundo Gartner (2013), os segmentos que liderarão a adoção deles. O objetivo foi revisar os artigos mais citados e/ou mais
de IoT serão a manufatura (15%), a saúde (15%) e os seguros recentes sobre os dois temas (IoT e modelos de negócio) dis-
(11%). poníveis nas principais e mais usadas bases de dados científicas
Apesar da relevância do tema, há poucos estudos na área na área de Gestão individualmente e, especificamente, aqueles
de Administração1 e pouca produção na literatura de Sistema trabalhos em que há intersecção entre os dois temas. O escopo
de Informação sobre a nova lógica de negócio que emerge das da revisão da literatura inclui artigos publicados em periódicos e
tecnologias digitais (Yoo et al., 2010). A IoT inspira um novo revistas que tratam de questões organizacionais, negócios, ges-
modelo de negócios, o qual força as organizações de vários tão e uso intensivo de tecnologia digital para a incorporação da
setores a ajustar suas estratégias a fim de obter sucesso no IoT nos modelos de negócio. A estratégia de revisão seguiu a
referência de Webster e Watson (2002). Eles indicam que um
1 Dos 946 artigos encontrados com a palavra-chave “internet of things” no
bom artigo de revisão da literatura deve motivar a investigação
de um tema, explicar as contribuições da literatura atual, abordar
tópico, somente 20 enquadravam-se na área de pesquisa de economia e negó-
cios (Business Economics), 473 são na área de computação, 343 na área de seus conceitos-chave e, por fim, produzir um resultado concreto,
telecomunicações e 320 artigos na área de engenharia. A busca foi feita em seja um modelo, proposições ou questões para orientar futuras
20/05/2015, na base WoS (Web of Science). pesquisas.
F.B. Pacheco et al. / REGE - Revista de Gestão 23 (2016) 41–51 43

O estudo consistiu em três etapas: para tecnologias da informação e comunicação. Essa agência
publicou um relatório sobre tendência de uma nova geração
(1) Definir o objetivo e as questões de pesquisa; de internet, denominada Internet das Coisas. Nesse relatório,
(2) Selecionar as palavras-chave e as bases de dados; a internet das coisas foi definida como a conexão de todos os
(3) Identificar e analisar artigos relevantes. objetos e dispositivos do cotidiano a todos os tipos de redes:
intranets, redes peer-to-peer e a internet global que conhecemos
Em um nível mais detalhado, este trabalho tem por objetivo (ITU, 2005).
responder às seguintes questões de pesquisa: O artigo mais citado sobre IoT define o termo como uma
evolução dentro do paradigma de computação ubíqua, que con-
Q1. Quais são as características dos modelos de negócio rela- siste na presença pervasiva de objetos e “coisas” inteligentes
cionados à IoT? ao nosso redor – tais como etiquetas RFID, sensores, telefo-
Q2. Quais são os exemplos de aplicações baseadas em IoT nes móveis –, os quais estarão prontos para interagir e cooperar
trazidos na literatura e como foram incorporados nos modelos uns com os outros a fim de atingir um propósito específico
de negócio? (Atzori et al., 2010). O conceito de IoT também pode ser
Q3. Quais são os facilitadores e as barreiras associados à visto com uma derivação dos conceitos de computação ubí-
geração de novos modelos de negócio no contexto de uso qua (Weiser, 1991), computação pervasiva (Satyanarayanan,
intensivo de tecnologia digital via IoT? 2001), “things that think” (Gershenfeld, 1999), “ambiente intel-
ligence” (Fergunson, 2002) e “silente commerce” (Aarts, Harwig
Após definir o propósito e as questões, passamos para a etapa e Schuurmans, 2002). Todos esses conceitos têm em comum
de selecionar as palavras-chave e as bases de dados para fazer a a visão de que haverá um mundo com objetos físicos do
pesquisa. As palavras-chave escolhidas foram: internet of things, cotidiano equipados com uma lógica digital, sensores e uma
business model, digital innovation, technology, barriers and capacidade de conexão à Internet (Fleisch, Sarma e Thiesse,
opportunities. As bases de dados selecionadas foram: Science- 2009).
Direct, EBSCO, Scopus e Web of knowledge. Essas bases foram Do ponto de vista econômico e de gestão, esse conceito foi
escolhidas por serem as mais abrangentes e cobrirem os tópicos primeiramente cunhado por Elgar Fleisch, em 2010. O conceito
a serem analisados nesta pesquisa. Para cada artigo resultante da de IoT não é novo, mas somente agora tornou-se relevante do
busca foi feita uma verificação a fim de assegurar sua relevân- ponto de vista prático nos negócios em razão dos avanços no
cia para o domínio deste estudo. Quando disponíveis na íntegra, desenvolvimento de hardware, especialmente na última década
os artigos foram lidos e suas referências foram observadas para (Fleisch, 2010). A ideia básica da IoT é que, virtualmente, todas
garantir que outros trabalhos relevantes não tenham sido detec- as coisas físicas no mundo podem se tornar computadores que
tados na pesquisa original na base de dados e então foi tomada a se conectam à Internet, ou seja, as coisas passam a ter algumas
decisão de incluí-los ou não neste estudo. Isso se faz necessário características de pequenos computadores e tornam-se, então,
em razão da escolha das palavras-chave e das bases de dados, objetos inteligentes (Fleisch, 2010).
que, por vezes, limitam o número de resultados que podem ser De acordo com Mattern e Floerkemeier (2010), a IoT
considerados importantes. não é resultado de uma única tecnologia; é a combinação
Por fim, 12 artigos mais citados e/ou mais recentes sobre de diversas tecnologias complementares de desenvolvimento
IoT e modelos de negócio foram selecionados nas qua- que fornecem capacidades, as quais auxiliam a preencher a
tro bases pesquisadas, seis dos quais relativos à IoT e seis lacuna existente entre o mundo virtual e físico. Essas capa-
referentes a modelos de negócios, e serão analisados na pró- cidades incluem: comunicação e cooperação, endereçamento,
xima seção. Também foram identificados 10 artigos em que identificação, detecção do ambiente, ação, processamento
há intersecção entre os dois temas e que, posteriormente, de informação embarcada, localização e interface com o
foram analisados à luz das questões de pesquisa menciona- usuário.
das. A análise foi feita com auxílio dos softwares Mendeley e O campo de pesquisa sobre IoT perpassa diversas
NVivo® . áreas de conhecimento, como computação, engenharias,
telecomunicações, design, economia e negócios. Essa varie-
Análise dos resultados dade de áreas que estudam IoT deve-se à abrangência do
tema, que envolve os conceitos de ubiquidade, pervasividade,
Esta seção apresenta a análise dos 22 artigos selecionados e interpretação do contexto e inteligência do ambiente (Fleisch,
aponta nove constatações obtidas na revisão. 2010). O tabela 1 mostra como a IoT está sendo conceituada
nessas diferentes áreas de conhecimento.
O que é IoT? Constatação 1. Com base na literatura pesquisada,
constatou-se que o campo de pesquisa sobre IoT perpassa diver-
Após duas décadas de evolução significativa de software, sas áreas de conhecimento, como computação, engenharias,
hardware e, principalmente, redes de telecomunicação, surgiu telecomunicações, design, economia e negócios. Isso se deve
o conceito de Internet das Coisas – Internet of Things (IoT). à abrangência do tema, que envolve os conceitos de ubiqui-
A primeira a conceituar IoT, em 2005, foi a International dade, pervasividade, interpretação do contexto e inteligência do
Telecommunication Union (ITU), agência das Nações Unidas ambiente.
44 F.B. Pacheco et al. / REGE - Revista de Gestão 23 (2016) 41–51

Tabela 1
Definições de Internet das Coisas pelas áreas de conhecimento

Autores Conceito Área de conhecimento

ITU (2005) Internet das Coisas engloba a conexão de objetos e dispositivos do Telecomunicações
cotidiano em todos os tipos de redes, por exemplo: intranets, redes
peer-to-peer e a internet global.
Fleisch (2010) Todas as coisas físicas no mundo podem se tornar computadores Administração e Economia
que se conectam à Internet, ou seja, as coisas passam a ter algumas
características de pequenos computadores, tornam-se, então,
objetos inteligentes.
Mattern e Floerkemeier (2010) Internet das Coisas representa uma visão segundo a qual a internet Computação pervasiva
se estende ao mundo real por meio de objetos do cotidiano.
Tan e Wang (2010) Internet das Coisas será a próxima geração da internet, em que Computação ubíqua
todos os objetos estarão conectados. Representa uma nova era da
computação ubíqua.
Atzori et al. (2010) Internet das Coisas é um novo paradigma que consiste na presença Computação – Rede de computadores
pervasiva dos objetos e “coisas” inteligentes ao nosso redor – tais
como RFID tags, sensores, actuators, telefones móveis –, os quais
estarão prontos para interagir e cooperar uns com os outros a fim de
atingir um objetivo específico.
Koreshoff, Robertson e Leong (2013) Internet das Coisas se refere a uma visão mais ampla, na qual Interação Homem-Computador
“coisas” são objetos, lugares, ambientes do cotidiano. Todas essas
“coisas” estão interconectadas umas às outras pela internet.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Como podem ser definidos os modelos de negócio? modelo conceitual (Osterwalder, 2004), um template estrutural
(Amit e Zott, 2001, 2010), um método (Afuah e Tucci, 2001),
Historicamente, a literatura de modelos de negócio teve sua um framework, um padrão (pattern) ou um conjunto. Surpre-
origem no fim da década de 1990. Desde então, houve um endentemente, os modelos de negócio têm sido estudados sem
aumento no interesse de profissionais e acadêmicos em abor- uma definição explícita do conceito (Zott et al., 2011). No artigo
dar tal tema em diversas áreas de pesquisa (Gassmann et al., de Zott et al. (2011) foram identificadas diferentes perspectivas
2013). Para melhor entendimento sobre o que é um modelo de na abordagem de modelo de negócio na literatura, tais como: (1)
negócio e seu papel, Osterwalder (2004) sugere que o modelo modelo de negócio como unidade de análise; (2) uma perspec-
de negócio esteja no centro do triângulo formado pela estraté- tiva holística de como a empresa faz negócio; (3) uma ênfase em
gia, organização e Tecnologia da Informação e Comunicação atividades; e (4) um reconhecimento da importância da criação
(TIC). O triângulo e o modelo de negócio estão sujeitos a forças de valor. A seguir serão discutidas as definições de modelo de
externas contínuas, que incluem competição, mudanças sociais, negócio de acordo com a visão de diferentes autores.
legais ou tecnológicas e mudanças nas demandas dos clientes Na definição de Amit e Zott (2001), o modelo de negócio é
(Osterwalder, 2004). A relação entre TIC e modelo de negó- a representação do conteúdo, da estrutura e da governança das
cio pode ser exemplificada por empresas como Amazon.com ou transações concebidas e seu uso visa a criar valor ao longo da
eBay. Essas empresas têm modelos de negócio que dependem exploração das oportunidades de negócio. O objetivo geral de
fortemente de TIC, especificamente da Internet. Além da depen- um modelo de negócio é explorar oportunidades de negócio por
dência clara de seus websites, elas também podem melhorar seus meio da criação de valor entre as partes envolvidas, ou seja,
modelos de negócio por meio de uma série de aplicações rela- atender a necessidades dos clientes enquanto gera lucro para as
cionadas aos clientes, como a personalização e o ranqueamento empresas e seus parceiros (Amit e Zott, 2001). Os mesmos auto-
(Osterwalder, 2004). res redefiniram o conceito em 2012, afirmaram que o modelo de
Para Zott, Amit e Massa (2011), os modelos de negócio estão negócio pode ser visto como um sistema de atividades interco-
sendo empregados para endereçar ou explicar o fenômeno do e- nectadas e interdependentes que determina a forma pela qual a
-business e o uso da tecnologia da informação nas organizações, empresa faz negócio com seus clientes, parceiros e fornecedo-
bem como a gestão da tecnologia e inovação. A internet é o res. Em outras palavras, um modelo de negócio é um conjunto
principal motivador para o entendimento de modelos de negócio de atividades específicas conduzidas para satisfazer uma neces-
e o consequente surgimento da literatura sobre o tema (Zott et al., sidade percebida no mercado, com a especificação de como cada
2011). uma das partes conduz suas atividades e como essas atividades
A literatura não é consensual sobre os elementos que com- estão conectadas umas às outras (Amit e Zott, 2012).
põem um modelo de negócio (Amit e Zott, 2010; Gassmann No entendimento de Turber e Smiela (2014), um modelo de
et al., 2013; Shafer, Smith e Linder, 2005). Zott et al. (2011) negócio pode ser definido como uma figura holística de um negó-
apontam, a partir de extensa revisão da literatura, que um modelo cio formada pela combinação entre fatores internos e externos à
de negócio é referenciado como uma afirmação, uma descrição, empresa. Para os autores, um modelo de negócio é representado
uma representação, uma arquitetura, uma ferramenta ou um pelas quatro dimensões propostas por Gassmann et al. (2013),
F.B. Pacheco et al. / REGE - Revista de Gestão 23 (2016) 41–51 45

em que deve ser definido: (1) o cliente-alvo, (2) a proposição Modelos de negócio para produtos/serviços baseados
de valor para atender o cliente, (3) a cadeia de valor necessária em IoT
para entregar a proposição de valor e (4) o modelo de receita
empregado para capturar o valor. Antes de proceder à análise dos trabalhos relevantes na
Para Shafer et al. (2005), um modelo de negócio é uma intersecção dos dois conceitos abordados – IoT e modelos de
representação da lógica-núcleo implícita e de escolhas estra- negócio –, esta seção relata alguns achados refletidos pelo con-
tégicas para criar e capturar valor dentro de uma rede de valor. teúdo encontrado. O número de dez artigos, sete dos quais de
Essa definição inclui quatro termos principais, comuns à maior 2014 e 2015, demonstra que é recente e crescente o interesse na
parte dos frameworks de modelo de negócio: (1) escolhas estra- pesquisa sobre o tema.
tégicas, que compreendem as escolhas feitas pela organização; A maior parte dos trabalhos identificados responde às ques-
(2) criação de valor, que versa sobre a criação de um valor subs- tões de pesquisa com diferentes níveis de detalhamento e
tancial por meio da execução das atividades de uma maneira precisão, alguns mais completos do que outros. Os artigos de
diferente; (3) rede de valor, que define a rede de fornecedores e Fichman, Dos Santos e Zheng (2014), Yoo, Boland Jr., Lyyt-
parceiros que fazem com que o modelo de negócio funcione; e nen e Majchzak (2012) e Nylén e Holmström (2015) oferecem
(4) captura de valor, que define o processo de recuperar algum insights limitados para aplicações reais de IoT, sem mencionar
ou todo o valor do cliente. nada a respeito de facilitadores e barreiras para a geração de
Para Osterwalder e Pigneur (2010), um modelo de negó- modelos de negócio. Isso é compreensível, considerando que o
cio descreve a forma pela qual uma organização cria, entrega objetivo desses estudos é orientar sobre o campo de pesquisa
e captura valor. Um modelo de negócio pode ser descrito futura, não especificamente de IoT, mas sim para a inovação
por meio de nove componentes principais que demonstram a digital de modo mais abrangente. O último mencionado fornece
lógica de obtenção de lucro de uma empresa (Osterwalder e um framework conceitual para organizar a iniciativas organiza-
Pigneur, 2010). Esses componentes de um modelo de negó- cionais para a inovação digital. Cabe comentar que esses três
cio, segundo os autores, cobrem as quatro principais áreas de trabalhos usam a nomenclatura “inovação digital” para analisar
um negócio: cliente, oferta, infraestrutura e viabilidade finan- o fenômeno de transformação da indústria e das relações sociais,
ceira. Os nove componentes básicos de um modelo de negócio, de que, considera-se, a IoT é parte integrante.
segundo Osterwalder e Pigneur (2010), são: (1) Atividades- Os demais trabalhos, Fleisch (2010), Xu (2012), Iansiti e
-chave: descreve o que uma empresa precisa fazer para que o Lakhani (2014), Porter e Heppelmann (2014), Turber e Smiela
modelo de negócio funcione; (2) Parcerias-chave: descreve a (2014), Prince, Barret e Oborn (2014) e Andersson e Mattsson
rede de fornecedores e parceiros que viabilizam o modelo de (2015) apresentam casos de aplicação de IoT, alguns dos quais
negócio; (3) Recursos-chave: descreve os ativos mais impor- destacam características dos modelos de negócio e relacionam
tantes, necessários para fazer com que o modelo de negócio alguns facilitadores e barreiras. No tabela 3 são apresentados os
funcione; (4) Estrutura de custo: descreve todos os custos incu- artigos analisados, indicam-se para cada um o periódico em que
tidos na operação de modelo de negócio; (5) Relacionamento foi publicado, o objetivo, a metodologia de pesquisa aplicada,
com o cliente: descreve os tipos de relacionamento que uma bem como as palavras-chave.
empresa estabelece com determinado segmento de cliente; (6)
Segmentos de cliente: define os diferentes grupos de pessoas Terminologias e conceitos usados
ou organizações que uma empresa visa a atingir e servir; (7) Embora a maior parte dos autores use o termo “Internet of
Proposição de valor: descreve o conjunto de produtos e serviços Things” em seus trabalhos, alguns se referem ao mesmo con-
que criam valor para um segmento de cliente específico; (8) ceito de outras formas. No trabalho de Fleisch (2010), o autor
Canais: descrevem como uma empresa se comunica com um seg- apresenta a diferença entre IoT e web-of-things, haja vista que
mento de cliente para entregar a proposição de valor; e (9) Fontes até aquele ano percebia-se na literatura certa confusão entre
de receita: representa o montante que uma empresa gera a partir os dois conceitos. Há uma diferença clara entre os conceitos
de cada segmento de cliente. Com base nesses nove componen- de IoT e web-of-things na visão de Fleisch (2010). Segundo
tes, Osterwalder e Pigneur (2010) definem de forma didática Fleisch (2010), alguns autores têm usado o termo web-of-things
uma ferramenta para descrever, analisar e desenhar modelos de pois acreditam que IoT seria na verdade somente uma aplicação
negócio, denominada Business Model Canvas. da internet, similar aos serviços oferecidos na internet, os web
No tabela 2 são apresentadas diferentes definições de modelo services. Contudo, em uma web-of-things haveria necessidade
de negócio de autores que abordam o conceito sob diferentes de componentes de baixo nível para endereçamento de objetos
perspectivas, conforme sugerido por Zott et al. (2011). e conexão deles à internet, para que esses objetos se comuni-
Essa revisão da literatura sobre modelos de negócios gerou a cassem com outros elementos da internet. Como consequência,
segunda constatação da pesquisa: a IoT pode ser corretamente conceituada como uma extensão
Constatação 2. A ferramenta Business Model Canvas pode da internet, na qual há endereçamento de objetos do cotidi-
ser usada para definir modelos de negócio para produtos/serviços ano e possibilidade de fazê-los agir como se fossem pequenos
baseados em IoT. Conforme a revisão da literatura, uma opção computadores (Fleisch, 2010).
é considerar os nove elementos do Business Model Canvas, No artigo de Iansiti e Lakhani (2014), o termo “industrial
que são os mais completos encontrados. Sugere-se seu uso para internet” é usado diversas vezes quando os autores apresentam
geração de novos modelos de negócio para IoT. o caso de transformação do modelo de negócio da GE. O termo
46 F.B. Pacheco et al. / REGE - Revista de Gestão 23 (2016) 41–51

Tabela 2
Definições de modelo de negócio
Autores Definição Perspectiva

Osterwalder (2004) É uma ferramenta conceitual que contém um conjunto de Ênfase em atividades
elementos e seus relacionamentos, e permite expressar a lógica com
que uma empresa “ganha dinheiro”
Shafer et al. (2005) É uma representação das escolhas estratégicas para criar e capturar Importância da criação de valor
valor dentro de uma rede de valor
Amit e Zott (2001) É a representação do conteúdo, estrutura e governança das Unidade de análise
transações concebidas, para criar valor ao longo da exploração das
oportunidades de negócio
Osterwalder e Pigneur (2010) Descreve a forma como uma organização cria, entrega e captura Importância da criação de valor
valor. Um modelo de negócio pode ser descrito por meio de
componentes relacionados a cliente, oferta, infraestrutura e
viabilidade financeira
Amit e Zott (2012) É um conjunto de atividades específicas conduzidas para satisfazer Ênfase nas atividades
uma necessidade percebida no mercado, com a especificação de
como cada uma das partes conduz suas atividades e como essas
atividades estão conectadas umas às outras
Turber e Smiela (2014) É uma figura holística de um negócio formada pela combinação de Perspectiva holística
fatores internos e externos à empresa

Fonte: Elaborada pelos autores.

“industrial internet” pode ser visto como um sinônimo de “inter- 2015; Porter e Heppelmann, 2014). Nylén e Holmström (2015)
net of things”, pois os mesmos princípios são aplicáveis a ambos reforçam a importância de ter proposições de valor concretas
os termos. Já no artigo de Porter e Heppelmann (2014), os auto- que atendam a essa nova lógica. A proposição de valor deve
res usam o termo “internet of everything”, que também se refere ser avaliada segundo três elementos: segmentação de cliente,
à IoT, assim como “industrial internet”. Chega-se então a mais empacotamento de produtos e serviços e comissão para os pro-
duas constatações da revisão sistemática da literatura: prietários dos canais (e.g. Apple Store, Google Play).
Constatação 3. Há uma diversidade de terminologias usa- Já Turber e Smiela (2014) analisam modelos de negócio
das para se referir à IoT, como, por exemplo: web-of-things, para produtos baseados em IoT em nível de ecossistema, e
internet of everything e industrial internet; os dois últimos, não de firma. Os autores definem o modelo de negócio com
essencialmente, referem-se aos mesmos princípios de IoT que base em quatro dimensões: quem (“Who”) faz parte do ecos-
apresentamos neste artigo. sistema, como parceiros, fornecedores e colaboradores; o que
Constatação 4. O princípio por trás da Internet das Coisas (“What”) faz parte das camadas de uma arquitetura de produtos
(IoT) é haver objetos físicos do cotidiano equipados com uma digitais; por que (“Why”) cada colaborador faz parte do ecossis-
lógica digital, sensores e uma capacidade de conexão à Internet. tema, espera benefícios monetários ou não monetários; e como
(“How”) o processo de valor se dará, seguindo as dimensões 1 e
2. A cocriação de valor aparece como característica fundamental
Características dos modelos de negócio para IoT nesse contexto, em que a diferenciação entre parceiros e clien-
Dos dez artigos encontrados (tabela 3), somente cinco abor- tes é redundante (Andersson e Mattsson, 2015; Turber e Smiela,
dam explicitamente características dos modelos de negócio para 2014).
produtos/serviços baseados na IoT. Isso demonstra que há inte- A partir dos artigos analisados chega-se a mais duas
resse crescente no tema, mas que ainda há um vasto campo constatações da revisão:
a ser estudado. No artigo de Andersson e Mattsson (2015) é Constatação 5. Os modelos de negócio para a transformação
apresentada a modelagem de negócio como parte integrante do digital são diferentes dos modelos de negócio tradicionais, em
framework conceitual para inovação de serviços. Para os auto- termos de novas formas de proposição de valor, segmentação de
res, uma inovação da magnitude e das incertezas representadas clientes e fontes de receita. A cocriação é um elemento impor-
pela IoT, com o grande volume de interdependências na rede, tante a ser considerado.
não permite que um ator individualmente desenvolva e implante Constatação 6. Além de haver poucos artigos sobre modelos
um modelo de negócio sustentável para inovação de serviços. de negócio para IOT, os que existem são, em sua maioria, ensaios
A interação entre atores, cujos modelos de negócio podem estar teóricos, não analisam casos empíricos de criação de modelos
em harmonia e/ou conflito, é necessária (Andersson e Mattsson, de negócio para IOT.
2015). Os autores ainda citam que a cocriação de valor é impor-
tante nesse contexto.
A inovação digital está contribuindo para desmantelar os Exemplos de aplicação de IoT
modelos de negócio estabelecidos na Era Industrial, ou seja, a Nos artigos encontrados, são mencionadas diversas
inovação digital está associada a uma nova lógica e configuração aplicações possíveis para IoT em diferentes segmentos de
de fontes de receita (Iansiti e Lakhani, 2014; Nylén e Holmström, indústria, tais como aeroespacial, automobilística, bens de
Tabela 3
Artigos identificados na revisão da literatura com intersecção dos conceitos (IoT e modelos de negócios)
Artigo Periódico/ Congresso Objetivo Metodologia aplicada Palavras-chave

Fleisch (2010) Economics, Analisar como a IoT pode impactar os negócios e a economia e Trabalho conceitual IoT; economic; management
management, and descrever como as empresas fazem uso da IoT. construído a partir de vários
financial markets estudos de casos
Xu (2012) Amfiteatru Economic Entender como a adoção de IoT afeta a ramificação espacial Estudo de caso service innovation, internet of things,
(spatial ramification) dos negócios e a oferta de serviços. economic geography, digital
economy

F.B. Pacheco et al. / REGE - Revista de Gestão 23 (2016) 41–51


Yoo et al. (2012) Organization Science Explorar as implicações para as organizações das inovações Abordagem teórica digital innovation; technology and
digitais, fornecer um guia para os estudantes de ciência das innovation management;
organizações (organization science).
Fichman et al. (2014) MIS Quarterly Apresentar uma visão para redesenhar as aulas de Sistemas de Abordagem teórica Digital innovation; IS core course;
Informação de forma a atender à crescente demanda por fundamental and powerful concept
inovação digital.
Iansiti e Lakhani (2014) Harvard Business Analisar como a transformação digital está impactando Trabalho conceitual Internet of things; Digital
Review empresas tradicionais, seus modelos de negócio e como as construído a partir de vários technological transformation; digital
empresas podem ser recriadas nesse novo contexto tecnológico. estudos de casos ubiquity;
Porter e Heppelmann (2014) Harvard Business Analisar a nova forma de competição trazida com a Internet das Trabalho conceitual Connectivity; internet of things;
Review Coisas, na qual os limites de indústria estão alterados e o construído a partir de vários smart/connected products
posicionamento estratégico precisa ser repensado. estudos de caso
Turber e Smiela (2014) European Conference Analisar um tipo de modelo de negócio para IoT, o que Design Science Research Internet of things; business model;
on Information reconhece as affordances e os impactos da digitalização. Para product-service system; digital
Systems isso os autores descrevem como se dá o desenho e a avaliação ecosystem
de um tipo de modelo de negócio.
Prince et al. (2014) Information and Explorar como as redes de inovação são orquestradas no Estudo de caso longitudinal strategic innovation; IoT; innovation
Organization desenvolvimento de iniciativas de inovação estratégica em networks; RFID
torno da IoT.
Andersson e Mattsson (2015) IMP Journal Desenvolver um novo framework conceitual que reflita a Estudo de caso múltiplo Internet of things; business
dinâmica de redes no processo de inovação baseado em IoT. modelling; service innovation;
network processes
Nylén e Holmström (2015) Business Horizons Fornecer um framework que suporte a inovação de produtos e Nova teoria Digital innovation; strategy; value
serviços a partir da tecnologia digital, sugerir melhorias na proposition
gestão da inovação digital e cobrir cinco áreas principais:
experiência do usuário, proposição de valor, mapeamento da
evolução digital, habilidades e improvisação.

Fonte: Elaborada pelos autores.

47
48 F.B. Pacheco et al. / REGE - Revista de Gestão 23 (2016) 41–51

consumo, energético, eletrônico, equipamentos industriais, e pelo comprometimento (Chesbrough, 2010). Uma das abor-
maquinário agrícola, entre outros. Contudo, poucos casos dagens citadas pelo autor para a experimentação é a construção
concretos foram encontrados, dos quais somente alguns de um mapa do modelo de negócio, para clarificar quais são
abordam em profundida a forma com que está estabelecida os processos subjacentes e tornar-se uma fonte de experimen-
a aplicação. Andersson e Mattsson (2015) trazem o exemplo tos considerando combinações alternadas dos processos. Uma
concreto, abordado em detalhes, da indústria automobilística forma de fazer esse mapeamento é explorar a abordagem de
(Volvo) em parceria com a Ericsson para a produção do Osterwalder (2004), ou seja, o Business Model Canvas.
“Carro Conectado”. Nos trabalhos de Porter e Heppelmann Para Porter e Heppelmann (2014), os produtos baseados em
(2014), diversas aplicações são apresentadas superficialmente, IoT permitem uma alteração radical nos modelos de negócio
enquanto em Iansiti e Lakhani o caso de investimento forte da existentes e já estão estabelecidos há um longo período. Como
GE em software para incorporar produtos inteligentes, como exemplo, um fabricante de determinado produto − por meio
turbinas, equipamentos médicos e geração de energia, é tratado do acesso aos dados do produto e pela habilidade de antecipar,
com um grau maior de informações. O trabalho de Prince reduzir e reparar falhas – tem uma capacidade sem precedentes
et al. (2014) trata não de um caso específico de aplicação de de melhorar o desempenho do produto e aprimorar os serviços
IoT, mas sim de como um conjunto de empresas e instituições prestados aos clientes (Porter e Heppelmann, 2014:84). Nesse
pode se organizar em rede para a inovação estratégica e de novo modelo de negócio, os clientes pagam conforme usam o
serviços. Esse tipo de trabalho parece útil para que questões de produto/serviço, diferentemente do modelo atual, no qual os
legitimação, diálogo e interesses individuais de cada nó da rede clientes pagam previamente pelo produto/serviço.
fiquem bem estabelecidas. No artigo de Iansiti e Lakhani (2014), os autores analisam
Quanto às aplicações de IoT descritas na literatura, pode-se vários casos de inovação dos modelos de negócio em empresas
derivar a seguinte constatação: que já estão se adaptando à tecnologia digital e à IoT, como a
Constatação 7. Diversas são as aplicações possíveis para IoT GE, a Microsoft, a IBM, SAP e o Google. Os autores listam
e a literatura está buscando apresentar casos concretos. Contudo, lições aprendidas dos casos reais estudados por eles, que podem
ainda se nota que há poucos casos empíricos que aprofundam ser consideradas como facilitadores para as empresas que dese-
aplicações individuais de produtos e serviços baseados em IoT. jam modelar seus negócios a produtos/serviços baseados em IoT
(Iansiti e Lakhani, 2014:98-99):
Facilitadores e barreiras para modelos de negócio
com tecnologia digital intensiva • Aplicar as lentes digitais aos produtos e serviços existentes:
Na literatura mais recente, foram encontrados somente quatro determinar quais são os processos atuais na empresa mais
artigos que, de alguma forma, abordam facilitadores e barrei- suscetíveis à conectividade digital;
ras para a geração de modelos de negócio com a incorporação • Conectar os ativos existentes de uma empresa com outras
de tecnologia digital, como, por exemplo, produtos e serviços empresas: as conexões dos clientes e o conhecimento das
baseados em IoT. Aqui consideraram-se como facilitadores as necessidades dos clientes são extremamente valiosos. Por
oportunidades que gestores de TI podem aproveitar para melhor exemplo, conectar-se com empresas que têm dados valiosos
definir o modelo de negócio a ser implantado. Quanto às bar- dos clientes pode aumentar o valor para a empresa;
reiras, definiu-se como as dificuldades que podem surgir no • Examinar novos modos de criação de valor para os clientes:
momento da geração do modelo de negócio para esse novo verificar quais novos dados é possível acumular e como esses
contexto tecnológico. dados podem gerar valor para os clientes;
A importância de considerarem esses dois aspectos é bem • Considerar novos modos de captura de valor: é possível
exemplificada por Chesbrough (2010). Ele diz que uma tec- que as tecnologias digitais esvaziem alguns modelos antigos,
nologia medíocre usada em um excelente modelo de negócio mas também criarão novas oportunidades. Como exemplo,
pode ser mais valiosa do que uma ótima tecnologia explorada é necessário reavaliar como a empresa está tangibilizando o
em um modelo de negócio medíocre. Uma das barreiras que o retorno, mediante modelos de precificação value-based pri-
autor aponta é o conflito entre o modelo de negócio estabelecido cing ou outcomes-based;
para uma tecnologia existente e que precisará ser inovado com a • Explorar o uso de softwares para estender os limites da
exploração de uma tecnologia emergente e que causa ruptura. O empresa: investir em novas capacidades relacionadas com o
cliente final pode mudar, assim como os canais de distribuição desenvolvimento e a análise de software.
(Chesbrough, 2010). Ainda segundo o autor, uma barreira cog-
nitiva se refere ao processo decisório na “lógica dominante”, que No estudo feito por De Reuver, Bouwman, Haaker, et al.
permite à empresa avaliar qual informação é importante, buscar (2009) há uma análise de fatores de sucesso para modelos de
informações que se encaixem nessa lógica e evitar informações negócio móveis (mobile business models). Desses fatores de
que conflitem com ela. Isso ajuda a organização a continuar a sucesso podem ser derivados alguns facilitadores para a mode-
operar em um ambiente caótico, no qual o potencial tecnoló- lagem de negócios para IoT. Um deles é contar com múltiplos
gico é altamente incerto, assim como o mercado potencial. Isso atores que trabalham no domínio de negócios móveis para gerar
leva os gestores a não ter clareza de qual é o modelo de negócio um modelo de negócio implementável e viável para as ativida-
certo a ser seguido. Uma das formas de superar essa barreira, des compartilhadas na rede de negócios, bem como nos negócios
quer seja por obstrução ou por confusão, é pela experimentação individuais. Esse facilitador envolve uma divisão clara de papéis
F.B. Pacheco et al. / REGE - Revista de Gestão 23 (2016) 41–51 49

entre os atores que desempenham atividades-chave nos negócios entre eles, novos serviços podem ser criados. O autor cita alguns
móveis. Outro facilitador é a avaliação de riscos aceitáveis, ine- serviços possíveis, como mineração de dados, consultoria de
rentes ao processo de iniciativas móveis em razão do alto grau negócios, serviços financeiros e informação pública para gestão
de incerteza em relação à aceitação do mercado e às escolhas de cidades.
tecnológicas (De Reuver, Bouwman, Haaker et al., 2009). Nesse mesmo sentido, Nylén e Holmström (2015) apontam
Contudo, há uma série de barreiras (também denominadas que o conteúdo digital está sendo distribuído e gerado em formas
na literatura como riscos) para gerar novos modelos de negócio inovadoras de serviço por algumas organizações, como a Netflix
para produtos/serviços baseadas em IoT. Na visão de Porter e e a Spotify. Os autores Fleisch (2010), Yoo, Boland, Lyytnen, &
Heppelmann (2014), as seguintes barreiras podem ser citadas: Majchzak (2012), Iansiti e Lakhani (2014), Porter e Heppelmann
(2014) e Andersson e Mattsson (2015) também estudam como a
• Adicionar funcionalidades que os clientes não estejam dis- inovação em serviços pode ocorrer com a IoT e citam exemplos
postos a pagar, ou seja, falta de uma clara proposição de valor ocasionais de como essas inovações estão acontecendo. De fato,
para o cliente; a inovação em serviços parece ser de extrema relevância quanto
• Subestimar os riscos de privacidade e segurança da se aborda o tema de IoT, haja vista que Barrett, Davidson, Prabhu
informação sobre os clientes; e Vargo (2015) produziram um artigo especial somente para
• Falhar na predição de novas ameaças competitivas, ou seja, é alavancar os estudos nessa direção. A servitização, ou seja, a
necessário lidar com o rápido surgimento de novos modelos conversão de produtos em serviços, também é apontada como
de negócio e com a redefinição de competidores e limites da uma das implicações da digitalização, que precisa ser incluída
indústria; no currículo de Sistemas de Informação por sua importância
• Subestimar as capacidades internas, ou seja, falta uma (Fichman et al., 2014). Com isso, chega-se à constatação de
avaliação realista de capacidades (por exemplo, engenharia que:
de sistemas, desenvolvimento de sistemas, análise de grande Constatação 9. A inovação em serviços e a servitização são
volume de dados) que precisam ser desenvolvidas seja inter- dois temas de pesquisa emergentes quando se aborda a inovação
namente, seja por parceiros-chave. digital, que inclui a IoT.
A tabela 4 sintetiza cada constatação encontrada a partir da
Analisando os facilitadores e barreiras mencionados na litera- revisão sistemática da literatura, detalhadas nas subseções ante-
tura, pode-se perceber que alguns deles estão descritos de forma riores, e aponta quais foram os autores que serviram de base para
genérica, são aplicáveis a qualquer produto ou serviço, e não a sua fundamentação.
produtos com intensiva tecnologia digital, como aqueles base-
ados em IoT. A barreira “falhar na predição de novas ameaças Considerações finais e pesquisas futuras
competitivas”, por exemplo, não parece ser relevante no contexto
de IoT, dado que, para esse cenário, os competidores podem se Este artigo buscou revisar a literatura de Sistemas de
tornar parceiros, formar ecossistemas, e os limites da indústria Informação e de Gestão Estratégica, a fim de verificar
não estão claramente definidos, como se percebia no cenário de quais são os componentes de um modelo de negócio para
competição tradicional. Outro exemplo de difícil identificação produtos/serviços baseados em IoT; além disso, buscou iden-
é o facilitador “avaliar os riscos aceitáveis”, pois para a IoT tificar as barreiras e os facilitadores que podem ajudar as
não se tem ainda a validação do que será aceito pelo mercado, empresas a redefinir seus modelos de negócio para aprovei-
nem quais as escolhas tecnológicas mais acertadas. Com isso, tar as oportunidades da IoT. Foram analisados 22 artigos, que
deriva-se o seguinte: estão publicados em periódicos internacionais, principalmente
Constatação 8. Há uma escassez de pesquisa empíricas, da área de administração: MIS Quarterly, Harvard Business
sobre barreiras enfrentadas na elaboração de modelos de negó- Review, Business Horizons, Organization Science e Information
cios para produtos e serviços baseados em IoT e os facilitadores and Organization.
e as barreiras encontrados na literatura são bastante genéricos, de Nota-se que houve um crescente aumento nas publicações a
forma que valem para qualquer contexto, mas não para modelos partir de 2010 e que 2014 foi o ano em que mais artigos foram
de negócio para produtos com tecnologia digital intensiva. publicados sobre o tema. No entanto, boa parte da literatura
analisada traz ensaios teóricos ou comentários, mas ainda são
Inovação em serviços e a IoT poucas as pesquisas empíricas sobre modelos de negócios para
Dentre os artigos encontrados, mais da metade refere- produtos e serviços que envolvem IoT.
-se explicitamente à inovação em serviços resultante da A partir da revisão da literatura e da análise dos artigos encon-
incorporação de intensiva tecnologia digital em produtos e, trados, as oportunidades de pesquisa no campo de negócios
consequentemente, na geração de novos serviços, além de na identificadas são as seguintes:
inovação de modelos de negócio. Xu (2012), em uma análise
do ponto de vista econômico, aponta que a informação advinda 1. Desenvolver pesquisas empíricas e analisar casos reais de
de aplicações de IoT pode ser vista como uma commodity e criação de modelos de negócios para serviços e produtos
que a IoT muda a forma pela qual produzimos, armazenamos, baseados em IoT.
transmitimos e consumimos a informação. Por meio da cone- 2. Desenvolver estudos empíricos que apontem as implicações
xão de objetos em diferentes contextos, trocando informações e oportunidades (facilitadores) de geração de modelos de
50 F.B. Pacheco et al. / REGE - Revista de Gestão 23 (2016) 41–51

Tabela 4
Síntese das constatações da pesquisa
Tema Constatação Autores

Campo de pesquisa de IoT O campo de pesquisa sobre IoT perpassa diversas áreas de conhecimento, ITU (2005); Fleisch (2010); Atzori
como computação, engenharias, telecomunicações, design, economia e et al. (2010)
negócios.
Modelos de negócio para A ferramenta Business Model Canvas pode ser usada para definir modelos Osterwalder e Pigneur (2010)
produtos/serviços baseados em IoT de negócio para produtos/serviços baseados em IoT.
Terminologias e conceitos utilizados Há diversidade de terminologias usadas para se referirem à IoT, como, por Fleisch (2010); Porter e Heppelmann
exemplo: web-of-things, internet of everything e industrial internet; os dois (2014); Iansiti e Lakhani (2014)
últimos se referem essencialmente aos mesmos princípios de IoT
apresentados neste artigo.
Definição de IoT O princípio por trás da Internet das Coisas (IoT) é haver objetos físicos do Atzori et al. (2010); Fleisch (2010)
cotidiano equipados com uma lógica digital, sensores e uma capacidade de
conexão à Internet.
Características dos modelos de negócio Os modelos de negócio para a transformação digital são diferentes dos Andersson e Mattsson (2015); Nylén
para IoT modelos de negócio tradicionais, em termos de novas formas de e Holmström (2015); Porter e
proposição de valor, segmentação de clientes e fontes de receita. A Heppelmann (2014); Iansiti e
cocriação é um elemento importante a ser considerado. Lakhani (2014); Turber e Smiela
(2014)
Escassez de casos empíricos Além de haver poucos artigos sobre modelos de negócio para IoT, os que Yoo et al. (2012); Nylén e Holmström
existem são, em sua maioria, ensaios teóricos, que não analisam casos (2015); Porter e Heppelmann (2014);
empíricos de criação de modelos de negócio para IoT. Iansiti e Lakhani (2014)
Exemplos de aplicação de IoT Diversas são as aplicações possíveis para IoT e a literatura está buscando Andersson e Mattsson (2015); Prince
apresentar casos concretos. Contudo, ainda se nota que há poucos casos et al. (2014); Iansiti e Lakhani (2014)
empíricos que aprofundam aplicações individuais de produtos e serviços
baseados em IoT.
Barreiras na geração de modelos de Há uma escassez de pesquisa empírica sobre barreiras enfrentadas na Porter e Heppelmann (2014)
negócio elaboração de modelos de negócios para produtos e serviços baseados em
IoT. Os facilitadores e as barreiras encontrados na literatura são bastante
genéricos.
Inovação em serviços e a IoT A inovação em serviços e a servitização são dois temas de pesquisa Fleisch (2010); Yoo et al. (2012);
emergentes quando se aborda a inovação digital, que inclui a IoT. Iansiti e Lakhani (2014); Porter e
Heppelmann (2014); Andersson e
Mattsson (2015); Nylén e Holmström
(2015); Fichman et al. (2014).

Fonte: Elaborada pelos autores.

negócios para produtos e serviços baseados em IoT e tam- 3. Iniciar estudos que verifiquem quais capacidades de
bém estudos empíricos sobre as barreiras que as organizações tecnologia da informaçao necessitam ser desenvolvidas
enfrentam na introdução da inovação digital em seus proces- pelas organizações para o estabelecimento de modelos de
sos de negócio e como se pode superá-las. Como exemplos negócio e obtenção dos benefícios esperados da IoT.
de barreiras, podem-se citar: 4. Fazer pesquisas que analisem com mais profundidade aspec-
Falta de segurança e privacidade – que envolve questões tos relacionados à gestão da infraestrutura de informação no
já conhecidas de confidencialidade da comunicação, inte- contexto da IoT e verifiquem necessidades de gestão de
gridade da mensagem, autenticidade, além de seleção de hardware, software e serviços, para que as organizações
acesso dos objetos a somente alguns serviços ou restrição implantem novos modelos de negócio com uso de IoT.
de comunicação de um objeto com outro em determinados 5. Aprofundar os estudos que abordem a inovação em serviços
momentos. e a servitização trazida pelo uso intensivo de tecnologias
Grande volume de dados (Big Data) – que contempla cená- digitais, em especial pela IoT.
rios de aplicação de redes de sensores, logística ou alta escala
de domínio global que envolvem elevado volume de dados Como contribuições, pode-se citar que este artigo buscou o
em nodos da rede ou em servidores. Envolve, por exemplo, aprofundamento do tema “modelos de negócio para IoT”, apon-
uso de nuvem pública ou privada para armazenamento dos tar nove constatações identificadas durante a revisão sistemática
dados. da literatura, as quais auxiliam na compreensão do assunto, e
Escalabilidade – a IoT tem um escopo potencialmente mais indicar lacunas que poderão motivar pesquisas futuras.
alto do que a internet dos computadores que conhecemos As constatações demonstradas sumarizam o estado da arte
hoje, razão pela qual necessita ter funcionalidades básicas na pesquisa em IoT, do ponto de vista da estratégia e dos mode-
para operar tanto em ambientes de baixa escala como em los de negócios, e contribuem tanto no plano da teoria, para o
ambientes de alta escala. entendimento do estado da arte desse tema, quanto no da
F.B. Pacheco et al. / REGE - Revista de Gestão 23 (2016) 41–51 51

visualização das lacunas para pesquisa apontadas acima, o que Fichman, R. G., Dos Santos, B., & Zheng, Z. (2014). Digital innovation as a
pode ser útil para pesquisadores e acadêmicos interessados em fundamental and powerful concept in the information systems curriculum.
MIS Quarterly, 38(2), 329–353.
investigar esse tema.
Fleisch, E. (2010). What is the internet of things? An economic perspective.
O artigo também contribui para a prática, pois profissionais Economics, management, and financial markets, 5(2), 125–157.
e empresas interessadas em IoT encontram neste trabalho refe- Fleisch, E., Sarma, S., & Thiesse, F. (2009). Preface to the focus theme section:
rências específicas que consideram os aspectos estratégicos e “Internet of things”. Electronic Markets, 19(2-3), 99–102.
relacionados a modelos de negócios, uma vez que a literatura Gartner Inc. (2013). Gartner says the internet of things installed base will grow
disponível, em sua maioria, foca aspectos técnicos e computa- to 26 billion units by 2020 [acessado em 1 de maio de 2014]. Disponível em
http://www.gartner.com/newsroom/id/2636073
cionais relacionados à IoT. Gassmann, O., Frankenberger, K., & Csik, M. (2013). The St. Gallen business
Como limitação deste estudo, é possível dizer que, como o model navigator. Disponível em http://www.im.ethz.ch/education/HS13/
tema é recente, não há uma quantidade significativa de artigos MIS13/Business Model Navigator.pdf [acessado em 15 de julho de 2014].
que se enquadram nos critérios da pesquisa. Assim, analisaram- Gershenfeld, N. (1999). When things start to think. New York: Henry Holt.
Iansiti, M., & Lakhani, K. R. (2014). Digital ubiquity: how connections, sensors,
-se somente as principais referências localizadas. Contudo, a
and data are revolutionizing business. Harvard Business Review, 92(11),
análise foi focada e crítica e contribuiu, na medida do possível, 90–99.
para a expansão dos conhecimentos sobre o tema, dada a sua ITU (2005). Internet reports —The internet of things [acessado em 27 de novem-
atualidade e relevância. bro de 2015]. Disponível em https://www.itu.int/net/wsis/tunis/newsroom/
stats/The-Internet-of-Things-2005.pdf
Conflitos de interesse Koreshoff, T. L., Robertson, T., & Leong, T. W. (2013). Internet of things: A
review of literature and products. In Em Proceedings of the 25th Austra-
lian Computer-Human Interaction Conference: Augmentation, Application,
Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Innovation, Collaboration (335-344). New York: ACM.
Mattern, F., & Floerkemeier, C. (2010). From the internet of computers to the
Agradecimentos internet of things. Communications of the ACM, 6462, 242–259.
Nylén, D., & Holmström, J. (2015). Digital innovation strategy: a framework for
diagnosing and improving digital product and service innovation. Business
Pelo suporte à execução dessa pesquisa, os autores gostariam Horizons, 58(1), 57–67.
de agradecer aos seguintes órgãos de fomento brasileiros: CNPq Osterwalder, A. (2004). The business model ontology: a proposition in a design
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló- science approach. Switzerland: University of Lausanne. Tese.
gico), CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Osterwalder, A., & Pigneur, Y. (2010). Business model generation: a handbook
Nível Superior) e FAPERGS (Fundação de Amparo à Pesquisa for visionaries, game changers, and challengers. Hoboken: Willey.
Porter, M., & Heppelmann, J. (2014). How smart, connected products are trans-
do Estado do Rio Grande do Sul). forming competition. Harvard Business Review.
Prince, K., Barrett, M., & Oborn, E. (2014). Dialogical strategies for orches-
Referências trating strategic innovation networks: the case of the Internet of Things.
Information and Organization, 24(2), 106–127.
Aarts, E., Harwig, R., & Schuurmans, M. (2002). Ambient intelligence. In P. Satyanarayanan, M. (2001). Pervasive computing: vision and challenges. IEEE
Denning (Ed.), The invisible future: The seamless integration of technology Personal Communications, 8(4), 10–17.
into everyday life. New York: McGraw-Hill Companies. Shafer, S. M., Smith, H. J., & Linder, J. C. (2005). The power of business models.
Afuah, A., & Tucci, C. L. (2001). Internet business models and strategies: text Business Horizons, 48(3), 199–207.
and cases. New York: McGraw-Hill. Tan, L., & Wang, N. (2010). Future internet: the internet of things. In Anais da 3rd
Amit, M., & Zott, C. (2001). Value creation in e-business. Strategic Management International Conference on Advanced Computer Theory and Engineering.
Journal, 22(6–7), 493–520. Chengdu, China: ICACTE.
Amit, R., & Zott, C. (2010). Business model design: an activity system perspec- Turber, S., & Smiela, C. (2014). A business model type for the IoT. In Anais
tive. Long Range Planning, 43(2-3), 216–226. da 26th European Conference on Information Systems (ECIS). Tel Aviv: Tel
Amit, R., & Zott, C. (2012). Creating value through business model innovation. Aviv University.
MIT Sloan Management Review, 53, 40–49. Webster, J., & Watson, R. (2002). Analyzing the past to prepare for the future:
Andersson, P., & Mattsson, L. G. (2015). Service innovations enabled by the writing a literature review. MIS Quarterly, 26(2), xiii–xxiii.
“internet of things”. IMP Journal, 9(1), 85–106. Weiser, M. (1991). The computer for the 21th century. Scientific American,
Atzori, L., Iera, A., & Morabito, G. (2010). The internet of things: a survey. 265(3), 94–104.
Computer Networks, 54(15), 2787–2805. Xu, X. (2012). Internet of things in service innovation. The Amfiteatru Economic
Barrett, M., Davidson, E., Prabhu, J., & Vargo, S. (2015). Service innovation in Journal, 14(Special 6), 698–719.
the digital age: key contributions and future directions. MIS Quartely, 39(1), Yoo, Y., Boland, R., Jr., Lyytnen, K., & Majchzak, A. (2012). Organi-
135–154. zing for innovation in the digitized world. Organization Science, 23(5),
Chesbrough, H. (2010). Business model innovation: opportunities and barriers. 1398–1408.
Long Range Planning, 43(2-3), 354–363. Yoo, Y., Henfridsson, O., & Lyytinen, K. (2010). Research commentary —the
De Reuver, M., Bouwnman, H., Haaker, T., et al. (2009). Mobile business new organizing logic of digital innovation: an agenda for information sys-
models: organizational and financial design issues that matter. Electronic tems research. Information Systems Research, 21(4), 724–735.
Markets, 19, 3–13. Zott, C., Amit, R., & Massa, L. (2011). The business model: recent developments
Fergunson, G. T. (2002). Have your objects call my objects. Harvard Business and future research. Journal of Management, 37(4), 1019–1042.
Review, 80(6), 138–144.

Você também pode gostar