Você está na página 1de 21

COMBO 2

AVALIANDO A ANSIEDADE
INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA ANSIEDADE

Nome do paciente:

Data de aplicação do instrumento:

Possui diagnóstico de ansiedade? [ ] Não [ ] Não sabe [ ] Sim. Desde quando?


_____________________

Já encontra-se em tratamento da ansiedade: [ ] Não [ ] Sim. Tempo de


tratamento:_____________________

Tratamento atual para ansiedade:

Tratamentos prévios para ansiedade:

BAI (INVENTÁRIO DE ANSIEDADE DE BECK)

Abaixo está uma lista de sintomas comuns de ansiedade. Por favor, leia cuidadosamente cada item da lista.
Identifique o quanto você tem sido incomodado por cada sintoma durante a última semana, incluindo hoje,
colocando um “x” no espaço correspondente, na mesma linha de cada sintoma.

Absolutamente não Levemente Moderadamente Gravemente


Não me Foi muito Dificilmente
incomodou desagradável pude suportar
muito mas pude
suportar

1. Dormência ou 0 1 2 3
formigamento

2. Sensação de calor 0 1 2 3

3. Tremores nas pernas 0 1 2 3

4. Incapaz de relaxar 0 1 2 3

5. Medo que aconteça o pior 0 1 2 3

6. Atordoado ou tonto 0 1 2 3

7. Palpitação ou 0 1 2 3
aceleração do coração

8. Sem equilíbrio 0 1 2 3

9. Aterrorizado 0 1 2 3

10. Nervoso 0 1 2 3

11. Sensação de sufocação 0 1 2 3

12. Tremores nas mãos 0 1 2 3

13. Trêmulo 0 1 2 3

14. Medo de perder o controle 0 1 2 3

15. Dificuldade de respirar 0 1 2 3

16. Medo de morrer 0 1 2 3

17. Assustado 0 1 2 3

18. Indigestão ou 0 1 2 3
desconforto no abdômen

19. Sensação de desmaio 0 1 2 3

20. Rosto afogueado 0 1 2 3

21. Suor (não devido ao calor) 0 1 2 3

TOTAL:

Interpretação do Escore Total do BAI

Escore Total Gravidade da ansiedade

0-7 Grau mínimo de ansiedade

8-15 Ansiedade leve

16-25 Ansiedade moderada

26-63 Ansiedade grave


AVALIAÇÃO DE REFORÇADORES

Na tabela abaixo, você encontrará 4 quadrantes. Cada um deles pede que você
liste algo.
No primeiro, liste as coisas que gosta de fazer e realmente faz com certa
frequência, pelo menos 1 vez por semana dependendo de qual seja a atividade. Por
exemplo, eu gosto de desenhar e habitualmente desenho uma vez por semana ou mais.
No segundo, abaixo do primeiro, liste as coisas que gosta de fazer, mas por
algum motivo não têm feito mais. Por exemplo, eu gostava de andar de bicicleta, mas parei
porque perdi a vontade depois de cair.
No terceiro, liste as coisas que não gosta de fazer, mas faz, seja porque sente
que é sua obrigação ou porque alguém de fato o obriga. Por exemplo, eu detesto ir ao
supermercado, mas vou quando falta algo em casa.
No quarto e último, liste as coisas que não gosta de fazer e não faz em
nenhuma hipótese, mesmo que seja uma demanda recorrente no seu dia a dia. Por
exemplo, eu detesto ir à festas e ninguém consegue me obrigar a fazer isso.
Preencha com o máximo de informações possíveis.

GOSTO DE FAZER E FAÇO NÃO GOSTO DE FAZER E FAÇO

GOSTO DE FAZER E NÃO FAÇO NÃO GOSTO DE FAZER E NÃO FAÇO


A avaliação de reforçadores é uma das primeiras atividades a ser
aplicada no início do processo psicoterapêutico, pois auxiliará o terapeuta a
identificar padrões de comportamentos que estão mantendo a queixa.
Para analisar os resultados, avalie o seguinte: um dos principais motivos
pelos quais a ansiedade se desequilibra em um indivíduo é a baixa densidade de
reforçadores positivos no cotidiano da pessoa. Sendo assim, é muito comum que
clientes com queixa de ansiedade tenham uma lista muito maior no segundo
quadrante do que a lista do primeiro, ou seja, a lista de coisas que gostam de fazer
mas não fazem mais é maior do que a lista de coisas que gostam de fazer e que de
fato fazem.
Pessoas com ansiedade tendem a deixar de fazer as atividades que são
reforçadoras, mas que eliciam respondentes de ansiedade, após surgirem os
sintomas. Elas passam a evitar os sintomas deixando de fazer essas coisas. Por
exemplo, uma pessoa que sente prazer em passear, mas que por algum motivo tem
feito isso com pouquíssima frequência, pode parar de praticar esta atividade de
lazer completamente, pois observa que ao sair para passear, passa a sentir os
sintomas da ansiedade. O problema é que essas atividades são importantes para a
manutenção do equilíbrio da saúde emocional. O que essa pessoa deveria fazer é
justamente o contrário: ao notar que a ansiedade está entrando em desequilíbrio e
tem saído pouco de casa, ela deve sair para passear com uma frequência muito
maior e se certificar de vivenciar ainda mais experiências reforçadoras.
Com esse padrão de comportamento disfuncional, elas acabam presas
em um ciclo onde não fazem mais uma boa parcela das coisas que gostam para
que os sintomas não se manifestem ao mesmo tempo que os sintomas se
manifestam com tanta intensidade porque a pessoa deixou de fazer as coisas que
gosta. Se isto está ocorrendo com seu cliente, é importante identificar, psicoeducá-
lo sobre as consequências destas escolhas descrevendo as contingências de seus
comportamentos e traçar estratégias de enfrentamento.
Sobre a análise do terceiro quadrante, com frequência clientes com
ansiedade apresentam um comportamento passivo que os colocam em situações
desconfortáveis e que ao longo do tempo também contribuem com a instalação e
manutenção da queixa. Desse modo, essas pessoas comumente relatam realizar
atividades que não são de sua responsabilidade e que evocam sensações
desconfortáveis, mas tem dificuldade em dizer não. Caso identifique esse padrão de
comportamento no cliente, é importante novamente descrever para ele as
contingências destes comportamentos, psicoeducar sobre suas consequências e
traçar estratégias para que ele desenvolva comportamentos alternativos.
Em relação ao quarto quadrante, é importante avaliar se o cliente não
está deixando de realizar algum comportamento que a curto prazo pode ser
desconfortável, mas que a médio e longo prazo traria reforçadores positivos e
consequentemente melhoraria o quadro do cliente.

BUSCANDO AS CAUSAS CORRETAS

Pense bem sobre essa questão: você namora porque ama OU ama
porque namora?
Vamos lá, não vale "os dois" ou "ora um ora outro". Escolha o que seja
mais de acordo com a sua forma de pensar, com sua filosofia pessoal.
Quando faço essa pergunta em sala de aula, a imensa maioria dos
alunos juram que namoram porque amam... Ah, o amor romântico! Quer dizer que
eu somente poderei namorar alguém se sentir amor por essa pessoa. Isso significa
pensar que eu tenho dentro de mim alguma coisa chamada amor, que fica
esperando, em estado de dormência, até que, em algum momento, vai despertar,
consumir-me, entrar em ebulição e, então, eu estarei perdidamente envolvido:
estarei amando!
Será mesmo?
Acreditar que namoro porque amo é o mesmo que acreditar que Pedro
bateu em João porque estava com raiva. Predomina em ambos os casos a noção
de que os comportamentos são causados por sentimentos que estão dentro de cada
um de nós. Prevalece aí um paradigma de causalidade interna, em que os
sentimentos, emoções, cognições e demais eventos mentais têm vida própria e
servem de causa para nossos comportamentos. A partir desse ponto, é comum as
pessoas dizerem "preciso deixar a tristeza para lá" ou "tenho que parar de odiar
meu patrão... isso me faz mal". No entanto, sentimentos não são alterados por
decreto, e a pessoa fica esperando deixar de sentir tristeza ou ódio para, assim,
poder viver uma vida diferente. O resultado disso é uma postura passiva diante da
vida, e a pessoa sempre ressaltando "o que a vida faz comigo...". Os anos passam,
e ela continua na mesma.

É de extrema importância compreender a forma como o cliente explica os


próprios sentimentos. Vivemos em uma sociedade mentalista, o que acaba fazendo
com que as pessoas frequentemente descrevam suas ações como motivadas por
sentimentos, por questões internas que não controlamos, ao invés de descrever as
contingências corretas.
Sendo assim, o cliente assume uma postura passiva diante do quadro de
ansiedade, acreditando que é assim mesmo, que precisa aprender a conviver com a
ansiedade, como se isto fosse um fardo que ele deve se acostumar a carregar,
quando, na verdade, na imensa maioria das vezes esta pessoa apenas está com o
foco no lugar errado: ela se esforça em se livrar dos sintomas ao invés de buscar as
causas corretas e intervir nesse ponto.
Assim, cabe ao terapeuta conduzir o cliente à compreensão de que
sentimentos não são causas de comportamento, mas que na verdade também são
efeito, consequência. As sensação de ansiedade não é a causa de o cliente ter
deixado de sair de casa, mas que, na verdade, ele deixa de sair a fim de evitar os
respondentes de ansiedade (mãos trêmulas, coração acelerado, etc.) porque a falta
de habilidades sociais os eliciam sempre que ele está em meio a outras pessoas,
por exemplo.
Apenas buscando as causas corretas é que somos capazes de avaliar
nossos comportamentos corretamente e fazer as intervenções necessárias e que
realmente trarão resultados. Se uma pessoa, por exemplo, está sentindo dores de
cabeça todos os dias, tomar analgésicos trará a cura para o que quer esta pessoa
tenha? Não. Eles apenas disfarçam os sintomas. É preciso que essa pessoa faça
exames e consultas a fim de descobrir a causa das dores e realizar o tratamento
para esta causa, e assim as dores vão sumir.
Nesse sentido, quer controlar seus sentimentos? Não ponha o foco de
suas preocupações no sentimento em si, mas nas ações que pratica. Se seus
comportamentos forem incompatíveis com um estado de ansiedade, você já estará
tratando dela. Assim, caso seu cliente queira equilibrar a ansiedade que sente, é
preciso retirar o foco dos sintomas, analisar seu repertório comportamental e intervir
sobre o que a está causando.
IDENTIFICANDO AS AUTORREGRAS

Nas linhas a seguir, escreva as cinco regras mais importantes para sua
vida. Pense naqueles "mandamentos" que mais o orientam, os segredos para sua
felicidade ou suas metas mais importantes.
Faça um esforço e não vá adiante antes de escrevê-las.
(a).________________________________________________________
(b).________________________________________________________
(c).________________________________________________________
(d).________________________________________________________
(e).________________________________________________________

Agora que você já pensou e concluiu sobre suas regras mais importantes,
podemos discutir um pouco os possíveis efeitos de regras muito fortes e inflexíveis
em nossos comportamentos. Algumas vezes, tais regras são passadas pela cultura
("homem não chora"), família ("filha minha só vai para cama com um homem depois
de casar"), grupos sociais ("quem não bebe é careta") ou cônjuge ("homem trabalha
e mulher cuida da casa"). Outras vezes, essas regras são estabelecidas pela própria
pessoa, sendo conhecidas por auto-regras.
Vários analistas do comportamento investigaram, em suas pesquisas,
características de comportamentos que ocorrem essencialmente para seguir regras
que a pessoa tem. Uma conclusão dessa linha de pesquisa pode ser colocada da
seguinte forma: o comportamento é uma coisa viva e está sendo controlado por um
processo de seleção (se fosse bicho, seria a seleção natural de Darwin).
Os comportamentos mais "adaptados" sobrevivem e continuam,
enquanto os não-adaptados são extintos. Ou seja, uma pessoa deverá ter
condições de emitir comportamentos variados para que o mais eficaz, o que traga
melhores consequências, seja selecionado e fortalecido. O que acontece com
comportamentos fortemente mantidos por regras? Eles facilmente são selecionados
por levarem mais rapidamente às consequências desejadas e, assim, outros
comportamentos não serão mais emitidos. O resultado disso é que a variabilidade
comportamental diminui; com o tempo, na busca de determinado objetivo, apenas
uma resposta é emitida.
Dados de pesquisa comprovam que, tornando estável um
comportamento, a sensibilidade também se reduzirá drasticamente. E o que é
insensibilidade comportamental? É simplesmente a manutenção de um
comportamento previamente instruído ou modelado, prejudicando a emissão de
novas respostas.
Trocando em miúdos: os comportamentos dirigidos por regras são
geralmente bem-sucedidos em algum momento, levando a consequências positivas.
É como se fossem as receitas do sucesso particular de cada pessoa. Assim, eles se
fortalecem de tal forma que ficam insensíveis às mudanças no mundo. É aí que
mora o problema, pois quanto maior a inabilidade de adaptar-nos às mudanças e às
novidades da vida, mais propenso à ansiedade seremos.
Esses comportamentos, de fato, são bem-sucedidos por algum tempo, o
que aumenta a possibilidade de seguir a regra. Posteriormente, contudo, as
pessoas que os emitem passam a ter dificuldades em distinguir mudanças na
relação causa-efeito. Ou seja, comportamentos governados por regras (esse é o
nome técnico) estão relacionados à diminuição na variação de comportamentos e,
por isso, ficam insensíveis às mudanças na relação comportamento-consequência e
podem resistir por muito tempo, mesmo não sendo mais eficazes como antes.
Voltemos às suas regras. Refute sobre cada uma delas tentando lembrar
em que época de sua vida elas surgiram. Naquela época, elas serviam como dica
ou receita para você vencer alguma dificuldade ou obter algum êxito? E hoje, elas
ainda são úteis? Atualmente, quais as coisas que não são aceitas ou permitidas por
essas regras? Será que você está privando-se de algo, desnecessariamente?
Então, mais uma vez, quais são as coisas que você não poderia fazer no
passado, não fazia e continua sem fazer, mesmo que agora as possa fazer? Que tal
tentar alguma dessas coisas? Como enfatiza Maly Delitti: procure rever regras
falsas e dê uma chance às consequências naturais de seus comportamentos!
Assim, suas crenças, ou autocrenças podem mudar, mas como consequência de
seus novos comportamentos, e não como causas deles.

As autorregras são uma categoria de estímulos antecedentes que


costumam controlar de forma muito efetiva determinados repertórios
comportamentais do cliente. No entanto, clientes que apresentam ansiedade
costumam possuir muitos repertórios quase que exclusivamente governados por
regras falsas, disfuncionais, que no passado foram eficazes para ganhar atenção ou
elogios de figuras de referência, por exemplo, mas que agora trazem inúmeros
prejuízos. Assim, é de suma importância avaliar se os comportamentos referentes à
instalação e manutenção da ansiedade estão sendo governados por regras assim e
discutir sobre as consequências disto, levando o cliente a perceber se de fato ainda
vale a pena continuar agindo no “automático”. Questione com ele regra por regra,
encontrando alternativas que favoreçam a variabilidade comportamental e a
exposição à consequências naturais.
Em suma, é necessário que tenhamos a disciplina de estarmos sempre
refletindo sobre a validade de regras que direcionam nossos comportamentos e,
sempre que possível, darmos uma chance ao novo, expondo-nos ao diferente, ao
inédito ou, quem sabe, ao que não era considerado possível antes. Fundamental é
também refletir sobre a origem dessas regras e até que ponto elas preservam o
espaço para o crescimento pessoal de cada um. A flexibilidade comportamental é
um grande antídoto contra transtornos mentais.

INVESTIMENTOS COMPORTAMENTAIS

Na prática clínica, observo que a exposição ao novo, essencial para


nossa saúde emocional, pode ser muito complicada.
Considerando a força de regras transgeracionais, passadas de pai para
filho, brinco que nossa "cabeça" tem 100 anos. Sofremos influências diretas de pelo
menos duas gerações, a de nossos pais e a de nossos avôs. Diante desse quadro,
é fácil observar que obedecemos a regras que não foram criadas por nós e que são
hoje inadequadas. Isso pode trazer efeitos bastante danosos a nossa qualidade de
vida e saúde emocional.
Escolhi apenas um desses efeitos prejudiciais para discussão: a
dificuldade no equilíbrio entre os três universos mais importantes de um adulto: o
universo pessoal, o conjugal e o familiar.
O universo pessoal envolve intimidade, privacidade, prazeres pessoais,
vaidade, hobbies, trabalho, carreira, estudo, saúde, sonhos, desejos, amigos.
O universo conjugal apresenta uma particularidade da aritmética, quando
1 + 1=3. Exemplo: João, com 40 anos, está casado há 10 com Maria, de 35 anos.
Teremos então na união de duas pessoas, três universos: o de João com 40 anos
de história, o de Maria, com 35 anos e uma terceira história, a do casal, com 10
anos de vida. Desse universo fazem parte namoro, sexo, afeto, desejos e sonhos
em comum e as regras e normas para a vida a dois. Um adulto solteiro poderá
vivenciar esse universo quando na relação com namorada ou simplesmente com
uma pessoa que o atraia emocionalmente.
O universo familiar inclui filhos, pais, parentes e os melhores amigos, os
"brothers", na gíria dos adolescentes.
Sobre esses três mundos, mais um exercício de reflexão para você, o
terceiro. Na sua vida atual, quais são os investimentos que você faz...
Em você:___________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
No casal (parceiro): __________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Na família: _________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
E para o futuro? Quais são os planos que você faz para...
Em você:___________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
No casal (parceiro): __________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Na família: _________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

Agora você poderá analisar o "peso" de cada universo na sua divisão de


recursos. A que conclusão você chega?
Isso me faz lembrar a regra de ouro do bom investidor: "diversifique seus
investimentos". Aplicar tudo o que tem em apenas um tipo de investimento é um
grande risco. Seguindo essa sugestão, seria boa ideia a pessoa dividir seus sonhos,
fantasias, expectativas, vivências, investimentos e atenção entre as três
"aplicações". Não que seja necessário destinar exatamente 1/3 para cada universo,
mesmo porque, não há como quantificar isso. O importante é evitar que um universo
seja esquecido enquanto outro fica sobrecarregado.
E quais seriam os efeitos da desigualdade? É só você pensar no
investidor que aplicou demais em ações de uma empresa que pouco tempo depois
vem a falir. Dividir sua dedicação de forma harmônica entre as três áreas significa
verificar que não são excludentes e sim complementares. Nesse sentido, seria
válido concordar (machismo à parte) que por trás de um grande homem há uma
grande mulher, ou vice-versa.
Na realidade, os profissionais mais felizes em suas profissões que
conheço (eu disse felizes e não bem-sucedidos!) vivem também de forma feliz
conjugal e familiarmente. Havendo queda numa área, as outras duas servirão de
apoio para que a pessoa possa se reerguer. Um grande revés na esfera pessoal,
como o desemprego ou a morte de um ente querido, poderá ser amenizado pelo
apoio da família e do parceiro. Um divórcio, crise na esfera conjugal, será
amenizado se a vida familiar e pessoal (profissão, amizades) estiverem bem.
Por que essa discussão de três universos aqui? Porque a divisão
desigual de investimentos é comumente mantida por regras ou auto-regras
inadequadas, que dificultam a variação e a exposição a comportamentos mais
funcionais. Quando me casei, escutei várias vezes a sentença: "casou, mudou".
Era como se, a partir do "eu vos declaro...", eu tivesse de abdicar de
minha vida pessoal e dedicar-me totalmente ao universo conjugal. Senti que parecia
haver um ciclo natural comum a todos. Quando namoramos muito tempo,
perguntam quando será o noivado; noivamos e perguntam pelo casamento; na festa
do casório, perguntam quando vem a cegonha. Nasce o primogênito e perguntam
quando vem o irmão, e por aí vai. As etapas predeterminadas que nos são exigidas
pela comunidade em que vivemos servem algumas vezes para orientar novas
metas. Em muitos casos, porém, servem de verdadeiras barreiras para a satisfação
pessoal, enfraquecendo sobremaneira um dos três universos - o pessoal.
Voltemos ao exercício três. Pense agora apenas em sua vida pessoal.
Quem é responsável pela felicidade e realização nessa esfera? Seu cônjuge, filhos
ou parentes são responsáveis por quase todas as suas conquistas e preocupações?
Eles merecem essa responsabilidade? Pediram por isso? Onde você fica quando a
ênfase de seus investimentos fica totalmente no conjugal ou no familiar?

É preciso destacar a importância de a pessoa saber facilmente onde


termina seu universo familiar e/ou conjugal e começa o pessoal. Sem essa noção,
facilmente deixaremos de viver nossa vida e passaremos a viver a do parceiro, dos
filhos ou parentes, o que trará prejuízos ao funcionamento emocional do cliente
caso deixe de lado sua vida pessoal.
Deve-se discutir com ele sobre a necessidade de fazer investimentos
equilibrados entre os 3 universos e estabelecer com o cliente um planejamento de
quais devem ser esses investimentos a curto, médio e longo prazo, e quais áreas
necessitam de mais atenção.
A LÂMPADA MÁGICA

A seguir, você encontrará espaço para escrever quais seriam seus três
desejos caso encontrasse a lâmpada do Aladim (escreva nos números 1, 2 e 3).
Esses desejos deverão refletir a busca de algo que você deseje; não poderá estar
associado à retirada de alguma coisa; pense no prazer e não no alívio. Alguns
detalhes importantes: não poderá ser nada material nem algo que não seja para
você mesmo; de resto qualquer coisa valerá.
1 - ________________________________________________________
___________________________________________________________________
( ) a)_______________________________________________________
( ) b)_______________________________________________________
( ) c)_______________________________________________________

2 - ________________________________________________________
___________________________________________________________________
( ) d)_______________________________________________________
( ) f)_______________________________________________________
( ) g)_______________________________________________________

3 - ________________________________________________________
___________________________________________________________________
( ) g)_______________________________________________________
( ) h)_______________________________________________________
( ) i)_______________________________________________________

Curto Prazo: ________________________________________________


Médio Prazo: _______________________________________________
Longo Prazo:_______________________________________________
Agora você deverá escrever para cada um dos desejos três coisas que
VOCÊ (e não o gênio) poderia fazer para facilitar a concretização do desejo. Então,
se você pudesse dar uma ajuda para o gênio, o que faria em cada um dos desejos
(escreva nas linhas iniciadas pelas letras, de "a" a "i").
Posteriormente, você vai classificar cada uma dessas ações. Aquelas que
poderão ser realizadas de forma mais simples e rápida, a curto prazo, em algumas
semanas, você deverá marcar "C" no parênteses que fica no início da linha. Marcará
"M" nas exequíveis a médio prazo, em alguns meses. E, finalmente, marcará "L" nas
que somente poderão ser realizadas em tempo superior a seis meses, a longo
prazo.
Agora você poderá organizar as nove ações em três grupos, de acordo
com a expectativa que você tem de quando elas poderão ser executadas. Esse
exercício poderá ser útil, servindo de orientação para que você obtenha
transformações maiores em sua própria vida, baseando-se exclusivamente em
comportamentos que VOCÊ poderá executar.
Muitos dos "milagres" que esperamos podem ser viabilizados por nós
mesmos. Enfatizando a construção, o que você poderá fazer, a curto, médio e longo
prazo, e que tornará mais possíveis seus milagres? Seguindo a ordem do mais fácil
para o mais difícil, quais as prioridades?

Com frequência, clientes que apresentam ansiedade costumam se


descrever como vítimas das circunstâncias, não assumindo a responsabilidade
pelas consequências de suas escolhas, sem mesmo se dar conta disso. Assim,
resta uma sensação de insatisfação generalizada sobre a vida e inadvertidamente a
confirmação de crenças de fracasso e azar.
Por isso, é preciso estar sempre trazendo à perspectiva do cliente sua
parcela de responsabilidade sobre os acontecimentos de sua vida e mostrar a ele
quais escolhas trouxeram aquelas consequências. Para além disso, é necessário
também encontrar maneiras de modificar esse repertório, focando em ações que ele
pode fazer para alcançar seus objetivos, aumentando seu autoconhecimento,
autorresponsabilidade e melhorando sua avaliação sobre a própria vida.
A RENOVAÇÃO DA ÁGUIA

Encarar transformações mais complexas como um processo de mudança


a longo prazo pode ser tarefa penosa. Essa discussão fez-me recordar uma
apresentação que muito me impressionou e que poderá servir de metáfora ou, quem
sabe, de exemplo. Tratava-se de observações da etologia sobre a águia. Essa é a
ave que possui a maior longevidade de sua espécie, podendo chegar a 70 anos.
Mas, para chegar a essa idade, aos 40 anos ela deve passar por um processo
difícil.
Nessa idade, a águia está com as garras compridas e flexíveis, não mais
conseguindo agarrar as presas de que se alimenta. O bico alongado e pontiagudo
se curva. As asas, envelhecidas e pesadas em função do aumento da espessura
das penas, começam a apontar contra o peito; voar torna-se cada vez mais difícil.
Se continuar nessas condições físicas, fatalmente morrerá. Algumas o fazem,
enquanto outras iniciam um penoso processo de renovação que irá durar cinco
meses.
O processo consiste em voar para o alto de um paredão montanhoso
buscando um local para recolher-se durante esses meses. Após fazer um ninho, a
águia começa a bater com o bico no paredão até conseguir quebrá-lo e arrancá-lo.
Espera nascer um novo bico para, então, arrancar suas garras, uma a uma. Quando
as novas unhas começam a nascer, ela passa a depenar-se. Só depois de 150 dias,
com um conjunto novo de penas, ela sai para novo voo, pronta para viver mais 30
anos.

Uma outra dificuldade apresentada com frequência por algumas pessoas


é a impulsividade: agir sob controle dos efeitos reforçadores imediatos, mas que não
são muito poderosos ou que à médio e longo prazo resultarão em consequências
aversivas, ao invés de abrir mão de consequências prazerosas a curto prazo e visar
alcançar reforçadores muito poderosos a longo prazo. Esse histórico
comportamental costuma favorecer e muito a instalação e manutenção de
transtornos ansiosos. Por exemplo, não aceitar o convite de um amigo para sair e
evitar o desconforto de não saber como interagir socialmente, mas a médio e longo
prazo não fazer novos amigos e se afastar dos que tinha, não receber novos
convites, se sentir solitário e favorecer o surgimento da ansiedade.
A história da águia ilustra bem essa condição. As águias que escolhem
não passar pelo processo de renovação, uma vez que ele é doloroso e a dor é
aversiva, acabam morrendo, enquanto as águias que se submetem a isso ganham
muitos mais anos de vida. Escolha uma situação da vida do cliente que se encaixe
nesse contexto e conversem sobre as consequências disso para a vida dele e se ele
conseguirá alcançar seu objetivo naquele aspecto agindo do modo que age. É
importante se manter como audiência não-punitiva, já que a intenção não é fazer o
cliente sentir culpa, mas levá-lo a refletir realmente sobre seu comportamento e
fazer escolhas mais assertivas.

INVESTIGANDO O HISTÓRICO FAMILIAR

Agora precisamos entender sua relação com os membros da sua família.


Preciso que me conte o mais detalhadamente possível como é sua relação com
cada um dos membros.
Mãe:

Como ela chama sua atenção quando não gosta de algo que você fez?

O que você faz quando isso acontece?

E quando você precisa chamar a atenção dela por algo que não gostou,
como você faz?

Pai:

Como ele chama sua atenção quando não gosta de algo que você fez?

O que você faz quando isso acontece?

E quando você precisa chamar a atenção dele por algo que não gostou,
como você faz?

Parceiro(a):

Como ele(a) chama sua atenção quando não gosta de algo que você fez?

O que você faz quando isso acontece?


E quando você precisa chamar a atenção dele(a) por algo que não
gostou, como você faz?

Irmão:

Como ele chama sua atenção quando não gosta de algo que você fez?

O que você faz quando isso acontece?

E quando você precisa chamar a atenção dele por algo que não gostou,
como você faz?

Irmã:

Como ela chama sua atenção quando não gosta de algo que você fez?

O que você faz quando isso acontece?

E quando você precisa chamar a atenção dela por algo que não gostou,
como você faz?

Avó materna:

Como ela chama sua atenção quando não gosta de algo que você fez?

O que você faz quando isso acontece?

E quando você precisa chamar a atenção dela por algo que não gostou,
como você faz?

Avô materno:

Como ele chama sua atenção quando não gosta de algo que você fez?

O que você faz quando isso acontece?

E quando você precisa chamar a atenção dele por algo que não gostou,
como você faz?
Avó paterna:

Como ela chama sua atenção quando não gosta de algo que você fez?

O que você faz quando isso acontece?

E quando você precisa chamar a atenção dela por algo que não gostou,
como você faz?

Avô paterno:

Como ele chama sua atenção quando não gosta de algo que você fez?

O que você faz quando isso acontece?

E quando você precisa chamar a atenção dele por algo que não gostou,
como você faz?

Amigo próximo:

Como ele chama sua atenção quando não gosta de algo que você fez?

O que você faz quando isso acontece?

E quando você precisa chamar a atenção dele por algo que não gostou,
como você faz?

É importante investigar o histórico familiar e como as relações com as


pessoas mais próximas contribuíram com a instalação da demanda e continuam
contribuindo com sua manutenção. Avalie se seu cliente vive em um ambiente
aversivo, se suas relações lhe causam insegurança ou medo, se ele está sempre
em estado de alerta porque nunca sabe como as pessoas ao seu redor vão reagir
às suas escolhas ou ações. Por outro lado, avalie se não há ganhos secundários. O
fato de o cliente apresentar sintomas de ansiedade faz com que ele se livre de
demandas aversivas? Em muitos casos, por exemplo, em um ambiente familiar
superprotetor, o cliente passa a não precisar trabalhar por conta dos sintomas e sua
família, inadvertidamente, passa a lhe sustentar. Ou seja, uma situação aversiva
cria condições favoráveis, de ganhos ou esquiva de outras situações aversivas.
No caso de um ambiente familiar aversivo e inseguro, é importante
sinalizar isso aos membros e conscientizá-los a respeito das consequências de suas
ações na vida do cliente. Uma boa forma de fazer isto é tratar o familiar como um
aliado, um colaborador, ao invés de acusá-lo, o que certamente traria raiva e
afastamento. Também é necessário investir no desenvolvimento da assertividade do
cliente, para que ele saiba como agir em situações aversivas. Já no caso de ganhos
secundários, também é importante descrever as contingências ao cliente com
respeito e cuidado, para que ele compreenda o que está acontecendo e juntos
encontrem formas de agir de maneiras diferentes.
Você também pode e deve acrescentar ou retirar membros dessa lista, de
acordo com a realidade do cliente, a fim de comportar as pessoas mais próximas a
ele.

INVESTIGANDO A HISTÓRIA DE VIDA

Vamos conversar sobre sua história de vida, agora. Preciso que você me
conte com o máximo de detalhes possíveis tudo o que você se lembra sobre sua
vida, em etapas de 5 em 5 anos. Então, me conta como foi a sua vida:
Até os 5 anos de idade:

Dos 5 aos 10 anos:

Dos 10 aos 15 anos:

Dos 15 aos 20 anos:

Dos 20 aos 25 anos:

Dos 25 aos 30 anos:


Dos 30 aos 35 anos:

Dos 35 aos 40 anos:

A história de vida do cliente é um vasto campo de informações sobre a


instalação do Transtorno de Ansiedade. É importante compreender este aspecto, já
que as relações estabelecidas durante estes períodos podem ainda estar
acontecendo. Você pode e deve validar as experiências relatadas pelo cliente,
acolhendo-o e fortalecendo o vínculo terapêutico, o que, posteriormente, contribuirá
com as intervenções que decidir realizar.
Você pode e deve adequar os períodos acima listados à idade do cliente.
Se é um adolescente de 15 anos, por exemplo, não se estenda além disso.
INVESTIGANDO O HISTÓRICO ESCOLAR

Vamos conversar sobre sua história de vida escolar, agora. Preciso que
você me conte com o máximo de detalhes possíveis tudo o que você se lembra
sobre sua vida escolar, suas relações, seus colegas, em etapas de 5 em 5 anos.
Então, me conta como foi a escola para você:
Até os 5 anos de idade:

Dos 5 aos 10 anos:

Dos 10 aos 15 anos:

Dos 15 aos 20 anos:

Dos 20 aos 25 anos:


Dos 25 aos 30 anos:

A investigação do histórico escolar é outro ponto essencial para


determinar os eventos relacionados à ansiedade. É importante avaliar as relações
do cliente neste aspecto de sua vida, se tinha amigos, se conseguia boas notas ou
não, sua relação com os professores, se sofria bullying ou se tinha dificuldade de
interagir. Também é necessário avaliar a presença de ganhos secundários nessa
área da vida. Com frequência, a falta de habilidades sociais e acadêmicas
acarretam no desenvolvimento de transtornos ansiosos. E assim, com a presença
da ansiedade, o estudante passa a faltar ou abandonar aulas, não realizar provas
ou apresentar trabalhos, com a anuência da família e/ou da instituição de ensino.
Assim, é necessário traçar metas e estratégias que visem o
desenvolvimento de habilidades sociais e acadêmicas para diminuir os
respondentes de ansiedade nesse ambiente e melhorar a qualidade de vida do
cliente.
Ajuste os períodos acima de acordo com os anos estudados pelo seu
cliente.

Você também pode gostar