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LIRA I

NESSA FASE DIRCEU ESTÁ PRESO NA ÁFRICA, POR CONTA DA


INCONFIDÊNCIA MINEIRA

Então não tem mais cabelo louro na sua testa, não há mais inspiração
que Deus me inspire ( TOM PESSIMISTA DE QUEM ESTÁ PRESO )

Mesmo nesse estado o amor pede que eu te cante Marília


Por paixão e por arte

Vou arrumar a tinta na fumaça do candeiro


Que será improvisada

Preciso de mais uma coisa, que eu faça da pontinha da laranja


a ponta da pena, e escreverei assim

Já não devo perder as úteis horas, vou escrever algo que


a alma está me dizendo

Quem vive no regaço da felicidade ( ventura )


( a felicidade é o amor que tenho por marília )
Não me da trabalho algum escrever para você
Quanto mais desgraçado estiver mais vou ter estima por você

Dirceu está preso em uma masmorra, mas ainda consegue ver


a testa, os dentes e os cabelos negros de Marília

Sim, ainda te vejo, e vejo uma chusma( vários ) cupidos


que espalham e suspiram por esse amor tão grande que tenho por vocÊ

Se alguém perguntar onde você está Marília, está no peito


E nunca vai deixar de vê-la, pois está pintada em seu coração

Assim que eu te vi, você foi gravada dentro do meu coração


E só a morte pode apagar essa imagem que tenho de você

Deus louro estava lendo seus versos, por favor, fale que meus versos
são ricos

LIRA II

Ele se dizia injustiçado, é vítima de calúnia, uma tentativa de demonstrar


que é inocente, é vítima dessas calúnias, estou entre pessoas que são
venenosas

Sinceramente Marília, pode dar uma tempestade, mas não vai ver o medo em mim
Pois não pratiquei esse delíto

São as divindades que aplicam as sentenças aos julgados, e Dirceu se diz vítima
( Da elite de vila rica, dos comerciantes que corriam atrás do ouro )

Mostra o poder de Jove, que converte tudo, pode fazer tudo

Ele pode me livrar dessa punição que está sendo atribuída a mim, do povo
ingrato, e pode me transformar em nova flor, assim como Narciso

Eu posso até morrer, mas vou continuar sábio e inocente


-Verso adaptado por carlos drummond de andrade em sentimento do mundo-
( ele não tem o coração maior que o mundo ) Do Dirceu é maior que o do mundo
e quem sabe disso é Marília

LIRA III

Marília, o dia sucede a noite, depois da chuva vem a seca, então tudo muda
Apenas a minha sorte não ?

Se até a natureza muda, com flores caindo, porque minha sorte não ?

Marília os brutos cortam redes, rompem laços e fogem da prisão, por que a minha não
?

( REFÃO ) Nenhuma pessoa é capaz de estar sempre feliz, mas depois do sofrimento
vem a felicidade, e depois da felicidade vem o sofrimento de novo. Tudo muda
o tempo todo; Mas a minha sorte não

Até os titãs guerreiros lutaram contras os Deuses, até a sorte dos Deuses mudam
a minha não ?

Marília, se a inclemência do destino vai mudar eu vou deixar de ter inclemência


para ter clemência, pois sou inocente, a razão está comigo

O tempo gasta tudo, pedra, cobre, a vil traição, refrão...

Quando a justiça vier eu vou ganhar mais do que eu tinha


E o mais importante eu vou voltar a ver você Marília

LIRA IV

Marília eu envelheci, os poucos que tenho, pois estão caindo

As faces sem cor, pele enrugando

Quando me levanto as costas estão curvadas, não tenho forças nos membros
Meus pés estão pesados que se arrastam

Marília não estou velho porque o tempo passou, e sim porque o trabalho envelhece
e a tristeza envelhece ( sentimentos ) ( O que está vivendo está o envelhecendo )

Assim que eu te vir em poucos dias eu recupero minha mocidade, e meu corpo
vai voltar a ter forças

No verão as plantas secam, mas na primavera cai um orvalho e elas crescem

A doença também te envelhece, mas assim que o enfermo fica curado ele volta
a ser o que era ( ELE SE COMPARA A UM ENFERMO, PELO TRABALHO, INJUSTIÇA )

Marília, suponha que eu sou esse doente, que vive no meio da desgraça, foi
ela que me alterou, a saúde restaura ao doente a vontade de viver
E a primavera restaura a planta, você Marília será o que me restaurará

Marília se teus olhos dão luz aos astros, o que teus olhos não vão fazer por mim ?

LIRA V

Os mares estão tranquilos, os ventos não sopram, nem vejo uma nuvem
Tanto que não precisa de navegador
Agora derrepente veio o vento sul, que trouxe a tempestade
E não tenho a força necessária, corra piloto e venha pilotá-lo
( OS DOIS POEMAS ACIMA FAZEM REFERÊNCIA À PRIMEIRA PARTE E SEGUNDA PARTE
DO MARÍLIA DE DIRCEU, A PRIMEIRA CALMA E A SEGUNDA TEMPESTUOSA )

Como acontece com a embarcação, que pode sair da calmaria á fúria,


assim ocorre com o homem, e devo entregar o leme a prudência

Ele pede por Marília para vir controlar esse leme, salve a embarcação
( a vida dele )

Eu ouço as sábias vozes de amor dizendo para que eu sofra, se não morro
Se eu não sofrer eu vou morrer, e vou perder você Marília, então vou sofrer
pois sofrendo vou conseguir calma nos teus braços.

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