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O Uso da Tecnologia Assistiva para

Educadores com Ênfase no Aluno


Cego

Módulo 2 (Semana 2)
Braile e Sorobã – Gerando Braile

Professores Responsáveis:

José Antonio dos Santos Borges


e
Angélica Fonseca da Silva Dias

Rio de Janeiro
outubro de 2023
Presidente da República de Aplicações e Pesquisas
Luiz Inácio Lula da Silva Computacionais (NCE/UFRJ)
Ministro da Educação Direção
Camilo Santana Angélica Fonseca da Silva Dias
Diretoria de Educação Especial Vice-Direção
Décio Nascimento Guimarães José Antonio Borges
Secretaria de Mobilidades
Especializadas (SEMESP) Equipe NCE/UFRJ
Ilda Ribeiro Peliz Coordenadores do Projeto
José Antonio Borges
Universidade Federal do Rio de Angélica Fonseca da Silva Dias
Janeiro | UFRJ Coordenação Técnica
Reitora Júlio Tadeu Carvalho da Silveira
Roberto de Andrade Medronho Maria de Fátima da Silva Antunes
Vice-Reitora Silvia Martins Mendonça
Cassia Curan Turci
Programação Visual e
CCMN - Centro de Ciências Diagramação
Matemáticas e da Natureza Rebecca Maia Brito
Decano Consultoria em Acessibilidade
Cabral Melo Lima Clarice Rebello da Motta
Vice-Decano Tradução em Libras
Cabral Melo Lima Raphael Lopes da Costa
Superintendente Produção de Vídeo
Mônica Pereira de Almeida Oliveira Leonardo Teixeira Santos
Revisão de Texto
Ana Lucia Rodrigues
Instituto Tércio Pacitti
Equipe de Tutores
Adriana Conde Rocha Maiara da Silva Conceição
Adriana Mota Albuquerque Marcélia dos S Valentim Maciel
Adriano Barros da Silva Maria do Socorro M. de Oliveira
Beatriz de Barros Maria Eduarda Paulini M. de Oliveira
Bruna Ribeiro Guimarães da Silva Maria Luiza Santos Abdalla
Ciléia Fioroti do Amaral Michelle Brust Hackmayer
Claudia Marques de O. Marins Monica Ferreira
Claudia Simone G.N. da S. Ferreira Monica Machado Ribeiro
Claudia Tavares Sampaio Nubia Cerqueira do Espírito Santo
Claudio Barandin da Silva Patricia Paes de Albuquerque
Cleber José de Oliveira Ribeiro Raquel Bastos Gonçalves da Silva
Crislayne Prado de Assis Pereira Raquel de Melo Porto
Djalma Mandu de Brito Rogério José da Silva
Florinda Mangeroti Z. Duarte Roselinda Passos Franco Campelo
Gleilcelene Neri de Brito Roseméri Corrêa França
Isabele Carneiro Passos Sandra Ferreira
Juliana Coutinho Oliveira Tania Cristina Viana Oliveira
Leandro Fonseca Tania Maria da Silva Freire
Livia de Souza Costa Thiago de Melo Ferreira
Luiz Carlos de Padua Salles Valquiria Félix Gonçalves

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Sumário

1. Esquentando as Turbinas 6
2. É hora de Começar a Ensinar! 7
3. Escrevendo Braile Utilizando Reglete e Punção 9
4. Máquinas de Escrever Braile 15
5. Digitando no Celular Android Utilizando 6 Dedos 17
6. Linhas Braile 19
7. Impressoras Braile 20
8. Programas para Impressão Braile 22
9. Produzindo a Saída de Braile na Impressora 24
10. O Sorobã 28
11. O Sorobã Virtual 32

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Prefácio
Quando vamos aprender um assunto novo, existe um processo de
assimilação que exige dedicação e paciência. Não adianta afã nem
desespero. Para ser efetivo, o aprendizado também deve ser
prazeroso e não estressante!

Então é isso: tenha calma, transforme os desafios de aprender


braile em uma tarefa agradável, que tem que ser feita sem stress.
Se puder, aprenda junto com bons amigos ou compartilhe os
exercícios com algumas crianças, tudo será mais fácil assim.

Claro, o aprendizado de braile, como qualquer outro estudo de um


tema extenso, demanda tempo e dedicação. Nós não temos ilusão
de que você aprendeu tudo na primeira parte deste módulo, mas
temos a obrigação de fazer com que você se sinta agora
razoavelmente confortável com o que aprendeu, e confiante em
estudar e aprender o que ainda não sabe.

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1. Esquentando as Turbinas
Antes de prosseguir, é importante fazer uma auto avaliação,
realizando alguns exercícios (Vide Figura 1). Preparamos num site
algumas frases escritas em braile, e você terá que transpô-las para
português, digitando no computador. As frases estão em
complexidade crescente.

http://intervox.nce.ufrj.br/~antonio2/mec_aee/exercicio_braille.htm

Figura 1: Site com o exercício a realizar

Tente traduzir as letras ou frases apresentadas em braile, digitando


na área em branco. Confira as respostas clicando em “Ver
respostas”. Isso não vale nota, nem você terá que entregar. Mas
se não fizer, não terá a garantia de que está minimamente seguro
em braile.

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Faça este trabalhinho sem pressa. O objetivo é sentir-se confiante.
Volte a ler o módulo anterior e use o brailendo para ajudar.

Neste mesmo site você pode conferir suas respostas!

NÃO PROSSIGA A LEITURA DESTE MÓDULO ATÉ VOCÊ TER


CERTEZA DE QUE PELO MENOS UNS 80 POR CENTO ESTÃO
DOMINADOS NESTE EXERCÍCIO.

2. É Hora de Começar a Ensinar!


Já se sente seguro? Então é hora de começar a ensinar! Vamos
começar ensinando crianças, se possível, mas se não as tivermos à
nossa volta, podemos também ensinar para jovens, adultos e
seniores!

Consideramos fundamental para um professor que ele desenvolva


suas próprias formas de ensinar, mesmo que ainda saiba pouco.
Então, antes de encarar uma situação real, a ideia é brincar um
pouco de ensinar, para fixar conceitos e também para desenvolver
uma técnica pessoal.

Nossa ideia é ajudar você a criar uma metodologia que permita


ensinar para pessoas que são ou não deficientes visuais, mantendo
uma perspectiva de educação inclusiva.

Vamos dar a seguir uma sugestão de como começar. Compre uma


caixa de ovos de codorna, guarde os ovos em outro lugar (Vide

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Figura 2). Estas caixas têm três linhas de buracos para colocar os
ovinhos, como mostrado na figura abaixo.

Figura 2: Caixa de ovos de codorna

Trace riscos verticais, como se cada conjunto de 2x3 fosse uma cela
braile. Use agora bolinhas de gude para indicar os pontos de
palavrinhas de até 5 letras. Veja a palavra Casa, com C maiúsculo,
na Figura 3 a seguir.

Figura 3: A palavra Casa escrita em braile,


usando a caixa de ovos de codorna

A caixinha de ovos é muito fácil de encontrar e muito útil


pedagogicamente. Também é muito boa para você fixar as
representações de letras.

Por exemplo, escreva as seguintes sequências na sua caixa de ovos


Braile:

8
abade

Amor

2021

2,5

*$?.-

Está com dúvidas? Vai estudar!


Sabe tudo? Excelente!

3. Escrevendo Braile Utilizando Reglete e Punção


Até o momento nosso foco foi LER BRAILE. Agora vamos falar de
escrever. Nós brincamos um pouco com a folhinha de exercícios e
com a caixinha de ovos de codorna, mas agora é de verdade.

Um bom início, sem gastar muito dinheiro é obter uma reglete de


bolso. É trivial conseguir uma, se você trabalhar numa sala de
recursos ou se existir alguma dessas salas numa escola próxima ao
lugar em que você está.

A reglete corresponde a uma régua dupla, que abre e fecha com


apoio de dobradiças no canto esquerdo. Sua abertura é destinada
ao papel (com gramatura equivalente ou superior a 120), sendo
fixado entre a régua superior e a inferior (Vide Figura 4). Na régua
superior, encontramos retângulos vazados, cada um
compreendendo 6 pontos. Na disposição de uma “cela” Braile e na

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inferior, podemos encontrar várias “celas” Braile, todas em baixo
relevo.

Figura 4: Reglete de bolso e punção

O punção, instrumento furador com uma base de apoio e uma


ponteira metálica, será colocado com a ponta dentro de cada janela
e, uma a uma, serão pressionados os pontos desejados para cada
letra. Por esse motivo, denominamos este processo de "escrita
mecânica”.

Na maior parte das regletes, a escrita é feita da direita para


a esquerda, sendo que o relevo será encontrado ao retirar e virar
a folha, já que quando apertamos o punção na folha, o relevo será
formado na face contrária e ao retirá-la, a leitura processa
normalmente: da esquerda para a direita.

TIPOS DE REGLETES

Existem diferentes tipos de regletes e punções, variando desde os


modelos menores (reglete de bolso) até os maiores que geralmente
são acompanhados por uma prancheta de madeira para fixar e

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apoiar melhor o papel; existem de alumínio e plástico, com
diferentes números de linhas e celas.

a) Reglete de bolso

A reglete de bolso, mostrada na Figura 4, é de mais fácil obtenção


e, quando usada pelo aluno, se torna um poderoso instrumento
para registro e comunicação imediata com pessoas que conheçam
Braile, sendo essencial para tomar recados.

b) Reglete de mesa

Figura 5: Reglete de mesa

Neste tipo de reglete, mostrado na Figura 5, existe uma prancheta


que é usada para fixar o papel. Na prancheta existem furos laterais
utilizados para mover a reglete de forma que a distância entre
linhas seja mantida idêntica. O papel utilizado deve ter gramatura
de 120g.

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Figura 6: Colocação do papel na reglete de mesa

A forma de usar está ilustrada na Figura 6, com as seguintes fases:

1- Encaixar a reglete num dos furos laterais da prancheta;


2- Colocar o papel na prancheta com a reglete aberta;
3- Fechar a reglete;
4- Puncionar as palavras da direita para a esquerda;

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5- Quando o número de linhas escritas exceder o número de
linhas da reglete, abri-la, e movê-la para outro furo inferior
na prancheta, fechando em seguida. Continuar a escrita;
6- Ao fim da escrita, virar o papel para ler da esquerda para a
direita.

Nota: Esta figura está mostrando uma maneira incomum de usar o


punção. O usual é posicioná-lo verticalmente, com o dedo indicador
em cima como mostrado na Figura 7. Existem também punções em
forma de anel que se encaixa no dedo para facilitar a marcação,
para a qual é necessária alguma força.

Figura 7: Forma usual de segurar o punção

c) Reglete positiva

Ao contrário da reglete tradicional, a placa inferior do instrumento


possui os seis pontos em cada cela Braile na forma convexa (em
alto relevo). (Vide Figura 8)

13
Figura 8: Detalhes de uma reglete positiva típica

Para marcá-los foi desenvolvido recentemente um instrumento de


punção similar a uma caneta sem ponta e com concavidade fechada
que, ao ser pressionado sobre a folha de papel entre as duas placas
da reglete, forma os pontos já em alto relevo.

Assim, o usuário pode escrever da esquerda para a direita,


porque não é necessário virar a folha para ler o que foi escrito. Além
disso, precisa aprender um único alfabeto tanto para ler como para
escrever em Braile.

Nota: para produzir braile com maior durabilidade, deve-se


preferir a reglete convencional, pois os pontos produzidos pela
reglete positiva são menos rígidos. Para uso didático, em
cursos de introdução ao braile, as regletes positivas são de
uso mais intuitivo.

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4. Máquinas de Escrever Braile

Figura 9 – Máquina de escrever braile

A máquina de escrever Braile utiliza 6 teclas, que correspondem aos


6 pontos de Braile, uma barra de espaçamento, uma tecla de
retroceder e outra para avançar o papel. Note que o retorno do
carro é manual, realizado através de um pequeno gancho acima do
teclado, e a tecla para avançar o papel, não retorna o carro para a
primeira letra da próxima linha.

Assista ao vídeo

que mostra uma máquina de escrever um pouco mais moderna,


com uma telinha que mostra aquilo que está sendo digitado.

Tecassistiva | Máquina de Escrever Braile Smart

https://youtu.be/CEIPpFBsR8U

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Importante:

As máquinas de escrever Braile têm detalhes particulares na


colocação do papel, que atrapalham quem as utiliza pela primeira
vez. Por curiosidade, para aqueles que têm acesso a uma máquina
destas... um pequeno vídeo em espanhol mostra claramente
como fazê-lo de forma correta.

Perkings. Poner papel

https://youtu.be/iM8T8RIvS98

DOMINANDO A DIGITAÇÃO COM 6 TECLAS


É fundamental que você domine o processo de escrita em máquina
de escrever Braile, pois este equipamento vai sempre existir nas
salas de recurso para deficientes visuais, mesmo nas instalações
mais humildes.

Com um mínimo de prática, usando esta forma de digitação,


você gerará materiais didáticos muito mais rapidamente do
que usando a reglete.

Você pode treinar a digitação Perkins em casa, mesmo sem ter a


máquina, usando o programa Brailendo (ou Braile Fácil como
veremos adiante). Para digitar em Braile no Brailendo proceda
assim:

1) Aperte a tecla F11 para entrar em modo de digitação Perkins

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Nota: em alguns computadores a tecla F11 é pré-alocada para
funções específicas. Nestas máquinas deve-se apertar um
botão específico do programa para entrar neste modo.
2) Use então as teclas fdsjkl para os pontos 123456. Repare
que a posição relativa dessas teclas é a mesma de uma
máquina de escrever em Braile.

Exemplos:

● Para digitar a letra “a” aperte a tecla f (ponto 1);


● Para digitar a letra “b” aperte simultaneamente as letras fd
(pontos 1 e 2).

3) para sair do modo Perkins, aperte F11 novamente (ou


aperte o botão específico do programa).

5. Digitando no Celular Android Utilizando 6 Dedos


(esta seção é exclusiva para cegos que já usam celulares
Android)
As versões mais novas do Android possuem a opção de uma técnica
de digitação que é similar a um teclado virtual em braile. O sistema
funciona a partir de seis círculos numerados expostos na tela dos
aparelhos. Cada um deles representa um dos seis pontos braile que,
quando tocados, atuam gerando letras como os teclados virtuais
usuais dos dispositivos Android.

Para digitar a letra A, por exemplo, o usuário deve pressionar


apenas o ponto 1. Já para digitar a letra B, basta tocar o ponto 1 e
2 ao mesmo tempo. Na versão atual, infelizmente, este teclado

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não gera acentos (é destinado apenas para digitação em Inglês).
Por esta razão não damos muita força para uso desta função neste
momento, sendo hoje apenas uma curiosidade para os cegos
brasileiros (Vide Figura 10).

Figura 10: Teclando no celular utilizando 6 dedos

Esta funcionalidade é ativada a partir do sistema de acessibilidade


TalkBack. Para usar o teclado braile, ative o TalkBack na seção
Acessibilidade em Configurações e siga estas instruções para
configurá-lo. Depois de configurar o teclado, use três dedos para
deslizar para cima na tela e tente praticar com o tutorial de gestos.

Importante: os gestos do TalkBack não são suportados quando o


teclado está ligado.

IMPORTANTE: se você não tem familiaridade com o Talkback, é


melhor que não ative esta opção, pois ele muda completamente a
forma de operar o celular e sua desativação não é intuitiva.

Mas se você é curioso, ligou através de um simples botão na


configuração de acessibilidade, e agora não sabe como desligar o
Talkback, não se desespere! Saiba que com o Talkback ativo o
clique no celular é diferente do que um vidente está acostumado.

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Você posiciona ou arrasta o dedo no ícone, deixa o Talkback falar,
e depois dá dois toques em qualquer lugar da tela para provocar
um clique no que ele falou. Se precisar rolar a tela, use dois dedos
juntos.

6. Linhas Braile
Pode-se definir uma Linha Braile (Braile Display) como um
dispositivo de saída tátil para visualização das letras em tempo real
no sistema braile (Vide Figura 11). Por intermédio de um sistema
eletromecânico, conjuntos de pontos são levantados e abaixados,
conseguindo-se assim uma linha de texto em braile.

Figura 11: Linha Braile

A Linha Braile é, portanto, um hardware que exibe dinamicamente


em Braile informações copiadas da tela do computador ou
dispositivo móvel (tablet ou telefone celular) por um leitor de telas
ou programa específico (como o Dosvox). A conexão destes
equipamentos é feita por USB ou por Bluetooth.

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Algumas linhas Braile possuem uma memória interna que
permite que um texto bastante grande seja armazenado,
sendo a apresentação de textos em Braile realizada
eventualmente com o equipamento desconectado do
computador.

As linhas Braile possuem diversos botões de função para controlar


diretamente a ordem da leitura dos textos (por exemplo, avançar
para a próxima linha ou emudecer) e, em muitos casos, executar
comandos remotos para um leitor de tela ou para o Windows.

Assista ao vídeo

Linha Braile Focus 80 Blue

http://www.youtube.com/watch?v=J92exmYYDE8

7. Impressoras Braile
As impressoras Braile são essenciais para a rápida conversão de
todo tipo de texto eletrônico para o Braile, o formato de escrita e
leitura tátil utilizado por cegos e surdo cegos.

Quase todas podem imprimir Braile textual, Braile gráfico e ambos


mesclados. Algumas impressoras Braile permitem imprimir dos
dois lados do papel, ou seja, em interponto. No entanto, se por
um lado economiza muito papel, por outro, torna a leitura visual do
Braile mais difícil.

As impressoras Braile são utilizadas para uso pessoal, imprensas


Braile, escolas, universidades e empresas. É importante notar que

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o preço destes equipamentos é muito alto, o que inibe em geral a
utilização caseira para a maior parte das pessoas.

Figura 12: Impressoras Index Everest, FanFold D5, Basic e Braile Box

Existem vários modelos para uso no mercado, sendo o maior


fabricante mundial a Index, que também é a que tem maior
número de equipamentos instalados no Brasil.

Outros fabricantes com representação no Brasil são:

● MountBatten, que fabrica impressoras com teclado de


máquina de escrever, útil para uso em sala de aula (Vide Figura
13).

21
Figura 13: Impressora portátil Mountbatten

● ViewPlus, cujo foco são impressoras táteis gráficas, que


permitem a transcrição praticamente direta a partir dos pacotes de
desenho do Windows. As marcas VP Premier, Braile Max,
Columbia, Delta e Embraile são as melhores representantes
destes produtos.

Figura 14: Impressoras Braile gráficas com tecnologia ViewPlus: VP Premier e


EmBraile

8. Programas para Impressão Braile

Hoje em dia o Braile pode ser traduzido automaticamente,


formatado em um computador e impresso em impressoras Braile
que o gera com grande qualidade e velocidade.

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A digitação dos textos a serem impressos é trivial, usando um
programa de edição qualquer. Os textos são automaticamente
traduzidos para o Braile e, em geral, impressos em impressoras
Braile.

No Brasil, os programas mais usados são o Braile Fácil (software


brasileiro, padrão do MEC), o Braivox (parte do Dosvox) e o
Duxbury (software importado).

ASSISTA AO VÍDEO

que demonstra que produzir Braile através do programa Braile Fácil


é realmente uma tarefa quase trivial, e que exige um treinamento
mínimo, pois ele já traz um editor de textos embutido, no qual você
também pode colar textos vindos de outros programas ou da
Internet.

Braile Fácil – aula 1

https://youtu.be/EwqnQqE9SRU

Esse vídeo compõe um conjunto de vídeos que faz parte de


um outro curso de Braile a Distância, produzido pelo nosso
grupo. Devido ao tempo pequeno, sugerimos que você
apenas assista ao primeiro vídeo da série. Com o tempo, no
futuro, você poderá assistir no Youtube às aulas 2 a 5, em que
outros detalhes operacionais estão mostrados.

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9. Produzindo a Saída de Braile na Impressora

Como falamos anteriormente, o Braile Fácil permite que todo


processo de preparação de Braile seja realizado no computador. O
texto pode ser digitado ou copiado a partir de um original na
Internet, ou mesmo de PDF, desde que este arquivo PDF não esteja
protegido para cópia.

Uma vez editado, o Braile gerado pode ser verificado na tela do


computador, sem gasto de papel.

É importante frisar que embora seja possível produzir Braile sem


saber Braile, usando apenas a inteligência dos programas de
transcrição, na prática é preciso realizar uma produção mais
cuidadosa e consciente para que o texto transcrito tenha a melhor
qualidade possível. Sobre os critérios para produzir um bom Braile
nós falaremos num outro momento deste curso.

EM RESUMO: É IMPORTANTE CONHECER BEM O BRAILE,

mesmo que a tradução seja automática, como na maior parte dos


casos!

ASSISTA AO VÍDEO que demonstra como digitar ou copiar um


texto no Braile Fácil e reproduzi-lo em Braile na impressora.

Impressão Braile - Informações gerais

https://youtu.be/Bf3t8eV8OVk

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Esse vídeo se refere ao tipo de impressora mais usado no
Brasil: a Index Basic. Entretanto, outros tipos de equipamentos
têm praticamente os mesmos passos, com pequenos detalhes
referentes à colocação do papel (contínuo ou folha solta) e
outras configurações específicas de ajuste, que em geral são
pouco relevantes.

Dicas de impressão no Braile Fácil

(especialmente para professores que já trabalhem em salas


de recursos multifuncionais).

a) QUEBRA DE PÁGINA

Podemos também forçar a quebra de página num ponto qualquer


do texto introduzindo uma linha com os caracteres <P>.

Ex.:

Capítulo 1

Bla bla bla bla bla....


<p>
Capítulo 2

Bla bla bla bla bla....

b) AUTOFORMATAÇÃO

No processo de conversão para Braile, o programa toma os


parágrafos do texto e reajusta-os ao tamanho da folha Braile. Um

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parágrafo para o programa é um conjunto de linhas terminado por
uma linha em branco.

Exemplificando: suponha o seguinte texto

Ciranda, cirandinha,
vamos todos cirandar.

Vamos dar a meia volta,


volta e meia vamos dar.

As linhas dos dois parágrafos seriam agregadas e o texto seria


formatado em Braile assim, supondo um papel com 36 colunas:

.ciranda1 cirandinha1 vamos todos


cirandar'

.vamos dar a meia volta1 volta e


meia vamos dar'
Ou seja:
Ciranda, cirandinha, vamos todos
cirandar.

Vamos dar a meia volta, volta e


meia vamos dar.

Este reajuste do texto, também conhecido como autoformatação,


tem como efeito principal que linhas subsequentes serão juntadas
para aproveitar melhor o papel, cuja largura é desconhecida a
priori, sem que haja necessidade de mudar o texto.

Isso é perfeito na maior parte dos casos, mas há exceções


importantes. Um caso especial é a criação de poesias ou tabelas,
nas quais as linhas seriam juntadas pelo impressor. Para resolver
este caso basta seguir a seguinte convenção:

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”Quando se introduz um espaço em branco no início da linha,
este espaço não é impresso e a linha não é juntada à
anterior.”

Por exemplo:

Ciranda, cirandinha,
vamos todos cirandar.

Vamos dar a meia volta,


volta e meia vamos dar.

c) INIBIÇÃO DA AUTOFORMATAÇÃO

O manual do Braile Fácil dá mais opções para isso, em especial com


a introdução de marcações, ou seja, uma linha com <F-> antes da
linha inicial do trecho e outra com <F+> após o trecho em questão,
como mostrado abaixo.

<F->
Ciranda, cirandinha,
vamos todos cirandar.

Vamos dar a meia volta,


volta e meia vamos dar.
<F+>

Neste caso a saída produzida seria:

.ciranda1 cirandinha
vamos todos cirandar'

.vamos dar a meia volta1


volta e meia vamos dar'

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10. O Sorobã

O sorobã (ou soroban) é uma variante do ábaco, que se tornou


muito disseminado pelo tamanho reduzido e pela facilidade de ser
operado com enorme agilidade usando apenas o polegar e o
indicador. Há quem afirme que uma pessoa treinada consegue
fazer contas com maior rapidez e menor erro com o sorobã do que
com uma calculadora eletrônica.

Sorobã por quê?

Com a existência de equipamentos modernos, eletrônicos, que


possibilitam o registro e a conferência da conta e são
integrados a programas de computador, há quem questione
porque ensinar as técnicas do sorobã para pessoas com
deficiência visual.

É importante refletir sobre isso cuidadosamente...

O objetivo do uso do Soroban não é só é realizar contas com


rapidez e perfeição, buscando alcançar o resultado sem
desperdícios. Na verdade, ele ajuda a desenvolver
concentração, atenção, memorização, percepção,
coordenação motora e cálculo mental, principalmente porque
o praticante é o responsável pelos cálculos, não o instrumento.

A prática do soroban possibilita realizar cálculos em meio


concreto, aumentando a compreensão dos procedimentos
envolvidos e exercitando a mente.

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O sorobã, Figura 15, conhecido também como ábaco japonês, tem
origem ocidental com a finalidade de contar e realizar operações
matemáticas. No Brasil foi adaptado para ser utilizado por pessoas
cegas.

Figura 15: Sorobã

O sorobã é originalmente chinês e foi levado para o Japão em torno


de 1600 d.C.. É utilizado até hoje no Japão e em outras partes da
Ásia. No Japão, o seu ensino é realizado para crianças a partir dos
3 anos de idade. Para poder trabalhar na maior parte dos escritórios
por lá, é necessário possuir uma certificação, pelo menos no grau
três, o menor grau de certificação.

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A repetição dos exercícios leva o treinando a um nível de
eficiência tal que consegue realizar os cálculos mentalmente,
sem a necessidade de manipulação física no aparelho. Nesta
modalidade, existe um campeonato de cálculo mental, o flash
anzan. Por exemplo, no evento Flash Anzan no All Japan
Soroban Championship, o campeão Takeo Sasano conseguiu
adicionar quinze números de três dígitos em apenas 1,7
segundos.

O Soroban é composto de diversas colunas (hastes), cada uma


representando uma unidade, dezena, centena etc. Cada coluna, por
sua vez, contém duas partes: uma em cima e outra embaixo. Na
parte de baixo de cada coluna existem 4 peças móveis. Na parte de
cima de cada coluna há apenas uma peça móvel, que indica 5
unidades numéricas. Estas peças de cima se
chamam godama (em japonês, go significa cinco e dama, peça).

Observe na figura anterior. Há também uma régua entre a parte de


cima e de baixo, que é dividida em seis partes iguais, com pontos
salientes de três em três hastes, representando as unidades,
dezenas e centenas de cada classe. Ela serve, entre outras coisas,
para tornar mais simples a leitura de números grandes.

Regras básicas para representar números:

1) Quando as peças ou contas superiores estão para cima e as


contas inferiores estão para baixo, o Soroban está "zerado".

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2) Quando movemos uma pedra da parte de baixo para cima,
teremos o 1, se movermos mais um, teremos a
representação do 2, e assim por diante.

3) Para representarmos o 5, basta movermos a pedra superior,


da casa numérica eleita como a casa das unidades, para
cima.

4) A pedra superior (representando 5) é somada às pedras


inferiores da haste.

Assista a dois filmes

onde a operação básica do Sorobã é mostrada detalhadamente.

MEC AEE 2017 - Conhecendo o Soroban


https://youtu.be/fRXwtssyBDU

MEC AEE 2017 - Como fazer contas no Soroban


https://youtu.be/X6mhKjKVfF8

Estes filmes, que são tutoriais muito simplificados, não mostram


o uso eficiente do aparelho. Ninguém soma 2 com 4 contando
com os dedinhos 3, 4, 5, 6, e ninguém manipula pedrinha por
pedrinha as somas. Cada dígito é somado de cabeça, e o resultado
já colocado na haste, a partir de uma tabuada previamente
decorada. As contas, como no ábaco, são realizadas da esquerda
para a direita (mas não há nada de errado se fizermos da direita
para a esquerda, embora isso não seja comum).

No uso real, para somar e subtrair com grande rapidez, deve-se


utilizar “formas padronizadas” para manipular os dedos.

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A forma padronizada mais básica é a escrita de um número,
em que o polegar é usado para mover a peça de baixo
simultaneamente com o indicador para mover a peça de cima,
num movimento de pinça.

Os outros cálculos (multiplicar, dividir, e tirar raiz quadrada) são


realizados com as mesmas manipulações usadas na soma e
subtração, adaptando-as para as outras operações.

11. O Sorobã Virtual

Figura 16: Sorobã virtual

Você viu no segundo vídeo que existe um pequeno programa que


pode ser usado para treinar o uso do Sorobã sem que se tenha
acesso a um equipamento físico (Vide Figura 16). É muito bom para
você treinar as técnicas aqui descritas. Você pode obtê-lo no site:

http://intervox.nce.ufrj.br/~antonio2/mec_aee/soroban.exe

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Há muitos programas de sorobã virtual disponíveis na Internet, e
também muitos tutoriais no Youtube. Fique à vontade para escolher
e estudar o que mais gostar.

Uma versão online de sorobã que executa bem em celular é

http://www.alcula.com/soroban.php

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Resumo do que Foi Apresentado Nesta Semana

Nesta semana os seguintes temas principais foram apresentados:

● Exercícios interativos para domínio do braile;


● Divulgando o braile entre as crianças ao seu redor;
● Escrevendo Braile na reglete;
● Máquinas de escrever Braile;
● Linhas Braile;
● Impressoras Braile;
● Programas para Impressão Braile;
● Dicas de impressão no Braile Fácil;
● O Sorobã.

Nos encontramos na próxima semana!

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Referências Bibliográficas:
1) Você sabe o que é reglete? (texto muito simples)
Disponível em:
https://civiam.com.br/voce-sabe-o-que-e-reglete/
2) Programa de capacitação de recursos humanos do
ensino fundamental - Deficiência Visual - volume 2
Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/def_visual_2.pdf
3) Manual de operação do Braile Fácil
Disponível em:
http://intervox.nce.ufrj.br/~antonio2/mec_aee/brfacil.chm
Neste último texto é importantíssimo que você leia a seção
1.2 Entendendo como se cria um texto para Impressão Braile
4) A construção do Conceito de Número e o Pré-Soroban
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4619.pdf
Este é um texto do Ministério da Educação que tem como foco
exclusivo os professores de matemática e tenta estabelecer uma
sistematização no ensino dos conceitos fundamentais desta disciplina.
5) OFICINA: Compreendendo o uso do Sorobã na aquisição de
Conceitos Matemáticos
Por Santa Terezinha Falcade Lavarda
http://www2.td.utfpr.edu.br/semat/I_semat/AS.pdf

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Extra: Para Quem Gosta de Análise Histórica

Selecionamos um conjunto de textos, destinados àquelas pessoas


que desejam saber mais sobre Louis Braille, situado em seu tempo
de vida.

Cartas de Louis Braille ao Dr. Pignier

http://www.deficienciavisual.pt/r-cartas_de_Louis%20Braille.htm

Estes textos, escritos por Braille usando lápis uma régua, contam
muito da história do desenvolvimento do Braile e dos problemas
políticos envolvidos.

Para Quem Quer Iniciar Uma Pesquisa Avançada

Sugerimos o acesso à dissertação de mestrado profissional

Escrita Braile e Prática De Língua Portuguesa com Suporte


de Dispositivos Móveis

ANTONIO RODRIGO DOS SANTOS SILVA

https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=87708

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Curso de Tecnologia Assistiva para Educandos
com Deficiência Visual

1. Conceitos e Características do Uso da Tecnologia Assistiva;


2. Braile e Sorobã em uma Perspectiva Tecnológica;
3. Acesso à informação e Comunicação para Deficientes Visuais Através
da Tecnologia Assistiva;
4. Vida autônoma de Deficientes Visuais Através da Tecnologia;
5. Conhecendo Deficiência Visual, Tendências do Desenvolvimento
Tecnológico, Inteligência Artificial e Ética.

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