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Continuação da transcrição.

Pessoa não identificada: - Tem emprego já, né?

Terezinha: - Eu trabalho pela prefeitura.


Eu vou fazer 32 anos... [inaudível] na justiça não saiu ainda.... Tô cansada já.

Pessoa não identificada: - É um trabalho bem importante...

Terezinha: - Eu tô cansada... [conversa paralela não identificada] [...] Criei os filhos e depois fui
criar os netos. Tenho até 6 netas. [...] Daqui a pouco faço 60.

NI: - 60? Você tem cara de 30.

Pessoa não identificada: - Pois é.

[Diálogo inaudível]

Terezinha: Glenda veio morar comigo tinha 6 meses e Iana com 9 meses. Aí o pai ficou a mãe
dela, foi largou, aí quando lá quando voltaram fez ali, aí depois largaram de novo e aí ele
deixou e ficou essa putaria, três anos. [...] A gente tem uma lanchonetezinha e a gente vai se
virando.

NI2: - Eu sou CLT, trabalho numa pousada até, até amanhã, ainda tô nesse horário meio louco
que é de quatro à meia-noite, que nunca sai meia-noite, essa madrugada eu cheguei em casa
duas da manhã, por isso que que eu cheguei muito atrasada, e aí, mas eu vou voltar pro meu
horário normal. Aí vou sair quatro horas da tarde. Tenho meu esposo, né, que trabalha
também, mas assim cada um recebe um salário, a gente paga um, um aluguel de mil reais. Aí
fora água, fora a luz. Então assim [...] Um, um salário fica só pra aluguel e luz. Aí tem gás, tem
internet, tem a comida. Tem que ter um lanche. Sabe? Então a gente tem que tentar se virar. Aí
vendo, eh, lingerie vendo uns biscoitinhos lá pra vender, pra ver se consegue também, eh,
complementar a renda, né? Porque querendo ou não... e fora que ele também tem filhos fora,
anterior, anterior a gente. Tem três filhos fora, então tem que a pagar pensão pra mim porque
é muito complicado, muito assim cada um tem sua historinha mas é complicado querendo ou
não né? A gente enquanto mais cresce, mais quer. E aí eu converso muito com ela, muito
porque senão, não é assim, eu quero dinheiro pra isso... a gente não é banco não... quero
dinheiro pra isso, não, calma! E depois ela se fecha, nós acaba né? E é isso. Ele também é CLT,
eu também sou CLT, e tem essas rendas extras pra complementar e assim a gente vai
vivendo... sobrevivendo, né [Diálogo inaudível audível]

NI2: -Eu fico, eh, eu sustento minha família com meu trabalho mesmo. Eu separei só meu... Do
meu não, pai das crianças. Quando eu separei, ele ficou, ah, foi assim, pra me pirraçar, fez tudo
pra não me ajudar, fez tudo pra não dá ajuda nenhuma... [ruídos ao fundo] E aí eu consegui
fazer ele ficar pagando a escola. Eu trabalhava na escola, então, as crianças tinham bolsas, e
depois eu saí pra trabalhar na escola pública, e eu pedi pra ele assumir a escola. Então ele ficou
pagando a escola das crianças e todo o resto sou eu. Eu pago aluguel, eu pago água, eu pago
internet, comida, tudo, tudo, tudo eu pago. E aí, assim, o pai quando de vez em quando, né,
quando viaja, aí volta, paizão, papai ama, aí volta com roupa, com algumas compras e assim
mesmo, até a questão da escola é complicado porque ele sempre é um, um motivo de tentar
fazer, de tentar dividir comigo ainda este custo, mas aí é tudo por minha conta, tudo, tudo por
minha conta. E aí, eh, quando meu problema também é o verão, né? Porque quando termina o
ano, como as ONGs param de funcionar, e aí eu trabalho na... pela prefeitura, trabalho e
trabalho em projeto de extensão da UESC. Aí o projeto de extensão da UESC acaba no, no
começo de novembro, aí o trabalho da ONG acaba o começo de dezembro e a escola também.
Então eu fico desempregada tentando ainda ter algum recurso ou fazendo um brechó ou
fazendo algum artesanato, fazendo alguma coisa pra me dar alguma renda pra chegar de novo
março e ser contratada e voltar a ter renda.

Terezinha: Um intervalo grande, coisa de mês...


NI2: É um sufoco, é um sufoco... [Diálogo inaudível] [...] não posso porque minhas crianças
estão na escola particular... e aí eu tinha meu planeja era terminar esse ano doutorado pra
tentar uma bolsa pós-doutorado porque aí eu ficaria mais conciliando melhor e num tempo
mais assim confortável, né? E fazendo o que eu gosto, mas eu tento trabalhar em três
empresas, cuidando das crianças, eu não consegui terminar a pesquisa em tempo.

Terezinha: - Eles podiam sair?

NI2: Não, não, não cada, cada fim de ano é uma loucura.

NI3: - Eu não trabalho, agora eu voltei a contar com o dinheiro do bolsa família e depois que
eu vim pra cá, eu fiquei com medo de que eu matricular a Maria mais João lá no ginásio, uma
certa pessoa que estava fazendo a matrícula falou que eu não colocasse o Bolsa Família,
porque ia cortar e nisso eu fiquei com medo e não coloquei e aí resultado, não recebi até
novembro do ano passado. Fiquei esse tempo todo sem receber. E aí depois eu fiquei, sabe,
com aquele receio de ir lá me cadastrar. Levei, levei, empurrei, empurrei com a barriga,
empurrei quando foi outro dia meses atrás da minha vizinha começou a pegar no meu pé,
embora rapaz eu levo você lá, vamos, vamos. Eu acho assim, tudo é na hora, tudo é na hora
que tem que ser. Eu não fui antes talvez realmente não desse certo, aí depois eu fui com ela
mesmo, ela me levou lá, foi sozinha l. Fui a primeira vez no, no estava fechado que eu não
sabia que só funcionava até quinta-feira, fui na sexta. Aí depois eu fui pedi informação aí a
moça falou assim “você está com os documentos?” Eu disse “tô”. Ela fala e fala pra moça de
cadastrar agora que eu mandei, cadastrei. aí a moça me cadastrou e falou assim pra mim
“daqui a dois meses ou seja, dia onze de outubro a senhora volta aqui que é pra eu saber olhar
aqui no sistema se a senhora foi aprovada. Antes de completar dois meses a carta chegou na
casa da minha vizinha. Aí por sorte o filho dela tava em casa, aí pegou, viu o meu nome, aí foi lá
em casa levar. Isso num dia de quinta-feira, na terça-feira outra semana o cartão chegou. E aí
eu estava o tempo todo que eu fiquei sem receber
Terezinha: Você ficou com receio porque era em Itabuna e você não podia.

NI3: - É. Aí eu fui em Itabuna, quando eu fui sacar que estava dando um bloqueado, estava
dando bloqueado. Eu fui aqui no CRAS, aí mandaram eu ir na Caixa, eu fui, o gerente me tratou
muito mal, não gostei dele, não gosto.

NI4: - Era isso que ia falar agora... é no Bolsa Família e no CRAS também, parecem que eles
querem travar o dinheiro como se saísse do bolso deles, né? Em vez de ser uma coisa mais...

NI3: - No CRAS eu fui bem atendida, já na Caixa não gostei daquele gerente de lá, muito mal
educado. Aí eu fui, pra Itabuna, como a moça do CRAS do mandou, fui no Bolsa Família lá, aí
ela olhou, tava não tava bloqueado, tava cortado, acabou. Aí eu foi quando eu vim e me
recadastrei, aí fiquei o tempo todo, aí quando foi em setembro eu fui me cadastrei e aí tô
recebendo de novo, mas nesse período eu fiquei dependendo do meu marido que também
paga pensão.

Terezinha: -Pode ir. Pode ir., João Pedro. Se jogar na piscina. Tira a camisa. Fica com short. Ó.
Não, Andressa não pode entrar na piscina.
NI3: - Aí fiquei dependendo também de tudo do meu marido que pagava no caso três pensões,
agora só paga duas porque a mãe da Andreza faleceu, vai fazer um ano agora dia 7, morreu de
dengue. Aí ela foi morar comigo, aí eu tinha acertado com a mãe dela que eu ia trabalhar e até
encontrar com ela na rodoviária com a menina, pra eu trazer pra passar as férias aqui. Só que aí
teve ir que buscar ela porque a mãe tinha morrido. E aí ela está comigo vai fazer um ano. E da
minha filha que se mudou, mora ali na frente, morava comigo agora. E mesmo ela se mudando
ainda ajuda a pagar a o aluguel, ela divide o aluguel com o meu marido, porque lá onde eu
moro aluguel é R$ 650,00 mais a internet que é minha e da dona da casa, e me ajuda como
ela pode, de sempre ela me dar um dinheiro pra comprar alguma coisa pra mim em casa e pros
meninos, pra ajudar na despesa. E nesse período todo eu fui de tomar conta de criança. Desde
que eu cheguei pra aqui me arranjaram criança pra tomar conta, que o menino era uma
bênção de Jesus, mas até hoje você ouço a vozinha dele me chamando. [Risos ao fundo] Ele
tinha quatro anos. E o último que eu tomei conta agora eram dois irmãos, um de cinco e um
de, e um de seis e um de oito, o menino estava tirando a minha saúde acabando com a minha
vida. O menino com oito anos ele queria bater na minha filha de vinte e dois. Eu falei não, bora
acabar com isso por aqui. Porque quinhentos reais não vai me enriquecer e nem eu vou passar
fome. E o pai dele é metido a, né? Eu falei antes que aconteça uma tragédia, eu vou entregar.
Fui entreguei. Levej na casa da mãe. Não quero seu filho mais não. O pequeno você quiser eu
posso continuar, mas o maior eu não quero, porque ele foi pra bater na minha filha e isso não
vai dar certo. Que uma hora ela não vai aguentar e ela vai revidar e aí está feita a tragédia.
Então vamos acabar com tudo. E aí agora eu estou de férias pra ele. Em nome de Jesus me dá
uma criança boa. [Risos]
Por que o primeiro que eu tomei conta, o Taislan, que eu ouço a voz dele. Ele era terrível, até
porque ele tinha três irmãos, se você desse um tapa nele, ele te rumava a vassoura. Se você
esticasse o cabelo dele, ele queria cortar o seu. Ele era assim, uma criança assim levada,
terrível, mas lá em casa ele aprendeu a, ele, ele aprendeu a se controlar mais, ele aprendeu a
dar a bênção, ele aprendeu a brincar. Ele deixou de... eu cheguei pra mãe dele e falou assim
“ele deu um beliscão em Maria, que Maria se “estataiou” de chorar, que ela não aguentou do
beliscão que ele deu nela, na barriga.” Eu cheguei na mãe dele e falei “olhe, Taislan tem quatro
anos, Maria tem doze, Maria tem dor, tem treze, se ele continua, ele tá batendo nas crianças e
as minhas crianças não batem em ninguém, principalmente o João Lucas, se ele continuar
batendo, ele vai apanhar pra ele ver como é bom, os meninos vão revidar.” Ela me olhou
assim... “E outra, seu filho é assim, você não sabe criar, você perde a noite nas festas por isso
que ele assim, mas aqui ele vai se consertar.”
Uma vez, eu gosto muito de vestido longo, aí eles brincando de esconde-esconde debaixo do
meu vestido e eu estava de short, ele se escondeu de baixo do meu vestido e eu estava na pia.
Aí ele falou assim “eu falei o que foi cachorro? Tia Mônica que cassolão é esse? Era só eu, eu
fiz... aí eu fiz assim, do jeito que ele era [1:45:00] eu de vez em quando eu me pego ouvindo a
voz dele me chamando “tia Mônica”... eu tinha ... que ele dizia bem assim “tia Mônica algumas
seus peitos estão derramando, pra dentro... [risos] Aí a mãe foi dessas mães que não aguenta
ver homem, estava grávida arranjou um homem lá num sei aonde... Não sei se no Mato Grosso,
eu sei que ela foi embora pra lá, o cara lá assumiu o filho dela daqui. Ai ela veio e buscou i filho
e levou embora pra lá.

Terezinha: - Que dê certo, né?

NI3: - Deus abençoou! E assim é a vida, né? Tô aí esperando Jesus me abençoar com uma
criança boazinha. Porque... já me basta João Lucas que me dá um trabalho danado, por isso
que eu venho, venho trazer e fico aqui porque toda hora tem que mandar ele tá quieto, cala a
boca, nunca presta atenção na aula, mas é uma criança boa sabe.
Pessoa não identificada: - Apesar e você achar que não, mas ele se comporta bem.

NI3: - Eu mandei exatamente... As tias ficam feliz com a medalha de bom comportamento.

Pessoa não identificada: Pois é.

NI3: Aí eu mandei, mandei mostrar pros tios, porque os tios dele não viram? Ele não fala
comigo, meu filho mais velho, ele tem 22 anos, ele falou que um tempo atrás, João foi cortar o
cabelo, aí resolveu raspar, e ele viu o cara cortando o cabelo, me falando quero fazer aquele
corte vovó, assim, o rapaz fez. Aí Maria tirou a foto e postou, ah, meu filho me ligou, me tirou
dos inferno e colocou em mim e eu disse que eu tava mal tratando, porque eu raspei a cabeça
do menino que nem bandido, que eu nunca fui uma boa vó, que eu não era uma boa mãe, uma
boa mãe não era, uma boa avó. Que João mais Maria estava aqui sofrendo que não sei o que,
que não sei o quê... Aí tudo o que acontece, eu posto é pra ele vê, que o mundo não é do jeito
que ele pensa.

Pessoa não identificada: - É, e os homens, os pais alguém sempre tem que fazer uma maneira
de diminuir.

NI3: - Não, mas ele não é o pai dele, não, é o tio.

Pessoa não identificada: - Ah, é o tio, é?

NI3: - É. Mas é. O pai das minhas filhas. É. O pai das minhas crianças só foram pais pra fazer.
João ainda tem uma noção mais ou menos de quem seja. Maria, mãe morreu e levou com ela.
Ninguém sabe quem é o pai de Maria, e ela não faz questão de saber.

Pessoa não identificada 2: - Quem mais que compartilhar sobre isso experiência de trabalho?
Aposentada, Terezinha?

Terezinha: - Eu sou aposentada pelo Estado né? Aí quando a gente fala o estado dá uns setenta
alguém que logo que a pessoa está com doença Jesus, né? E pior que eu nem percebi só
depois, né? Fiquei se queixando se queixando, é que a gente viu que quase nãn pego
contracheque, e quando pego que a gente vai ver que realmente, né? Pelo baixa mesmo, eu
tenho a vantagem que minha casa é própria. Graças a Deus! Agora é assim, a pessoa se
aposenta que é pra descansar, mas geralmente, o salário, né? Tem a luta... Os professores
agora pra vê se entra aquele plano. Pra vê se consegue entrar na educação. Eu já vendi muito,
eu tinha vontade, né? Já não permito assim tá andando, que eu ggostavade andar, vender
minha coisas, me deixa em saladas, sempre tá vendendo, sempre tá ativa, mais em casa, né?
Trabalho ainda em casa, minha companheira, minha companheira de sempre, né?

Pessoa não identificada 2: - E você?

NI5: - Eu comecei a trabalhar com 18, tava com oito meses. Aí eu consegui uma moça, né? Pra
cuidar dela, e aí agora eu trabalho e a gente fica naquele manejamento entre eu, pai pra
olhar... A vizinha também é bem acolhedora, me ajuda bastante. “Ah, se precisar pode me dar
pra fazer alguma coisa, pra você tomar um banho.” E aí, graças a Deus, eu tenho vizinhos
maravilhosos aqui, dão aquele apoio mesmo dez, também tem a minha ex-sogra, né? Que
cuida do Simon também, que me dá aquela, me dá aquele apoio mesmo, graças a Deus. Aí eu
consigo trabalhar e graças a Deus e o meu esposo também. Graças a Deus, estamos estável.
Nossa casa também é própri. Graças a Deus estamos indo OK.
Terezinha: - Mas é ... Bom, só um instantinho. Porque, a quando sei que é... aí a família vamos
dar suporte é claro que tudo é família. não gosta festa da vovó, mas eu dou esse apoio
emocional. Porque meu neto mais velho é o pai dela. Eu já vi ele pra ver, né? É primo, mas pra
ela ter uma referência masculina, né? Que, eh, o, o meu primo mais velho é o pai dela, a minha
filha é a mãe, ela me chama de minha mamãe. Ela chama minha mãe mamãe. Então família de
certa forma se envolve, né? Ela é a princesinha com cara de mulher e tanto a família toda fica
ali mesmo que eu trabalha na casa da vovó, mas eles estão sempre acompanhando, reunião
de escola, essas coisas.

Pessoa não identificada 2: - O apoio que a gente perguntou antes, que às vezes a gente não dá
conta do tanto de ajuda que a gente consegue, que na hora do desespero parece que a gente
tá sozinho, num tá sozinho, né? Olha só que legal, a gente perceber que tem a vizinha, que tem
a família, que tem, eh sempre alguém ali pra ajudar e mesmo quando acho que não tem
ninguém, dentro da gente tem força suficiente pra gente conseguir alcançar, né? Os nossos
filhos, a tratar com carinho, sobrinhos e todo mundo, né?

NI5: - Eu sou professora , na mesma situação da minha filha, eh, contratada, para além disso,
eu faço outras coisas também. Aliás eu acho que eu faço um pouquinho de tudo, alguém
precisa ali, né, que leve um carro, tento ajudar. Eh tem as pessoas virtuais e como a mensagem
para algumas coisas. Então, eh, às vezes vai depender do que vai ser feito, eh, eu peço uma
contribuição, é isso, essa sobrevivência. Eu tenho uma filha que é a Elisa, mas a minha
companheira também contribui, né? Ela fica com ela, a mãe dela fica, né? Quando não está
comigo está com ela tu não está com ela está comigo, né? Tenho ajuda da minha mãe. Então,
eh, se precisar ela sempre fica, né? Se precisar não, mas sempre faz esse corre de ajudar e não
só por isso, mas com tudo. Minha mãe e o meu braço direito, então, ela sempre está com a
minha filha, para além disso, eu tenho uma rede de apoio. Assim, claro que essa
responsabilidade maior, é essa, familiar que é a madrinha da minha filha também, né? Mas
assim se eu precisar, numa emergência, “gente socorro”, aí a gente contata um, contata outro e
aí as pessoas, né? Recentemente sofri um acidente e assim, sempre tinha uma ou outra
querendo ajudar de alguma maneira, então esse lugar, né? Também de, de acolhimento dos
nossos de “ai, olha, tá com esse problema? Peraí, eu vou aí, vou te ajudar, vou, né?” E a gente
vai se virando como pode, né? Eh agora tá chegando é isso. Eu pago aluguel, então eu sou só
também assim pra pagar aluguel, essas coisas assim. E aí é esse correria de chegar de
novembro, dezembro, né? Março a gente correndo atrás da bola aí, e vendo o que faz, faz uma
coisa aqui, outra acolá, mas eu acredito que é isso. O sagrado sempre diz pra mim, bota o pé
que eu boto o chão, e ele bota mesmo.

NI5: - Eu queria falar uma coisa. Porque assim, eu entendi a pergunta como se fosse na, no
cotidiano, né? E aí eu falei que sou eu por mim mesma com as crianças, né? O pensamento do
cotidiano. Mais uma situação, uma situação extrema, de uma emergência, de alguma
necessidade, eh, aqui a gente não fica sozinha também, a gente tem a própria comunidade,
tem a comunidade do Ilê, né? Que é a casa, que é a minha casa também, é minha família e tem
as amigas, as vizinhas, a gente não fica sozinha numa emergência. Mss assim, quando eu
respondi, eu por mim mesma, eh, pensando no cotidiano mesmo, na rotina, quem é com você,
né?

NI3: - Quem é que paga as contas, né? Porque a pergunta na verdade é essa.

NI2: - A gente até tem ajuda, a gente tem outros tipos de ajuda, de repente tiver passando uma
necessidade, de não ter um alimento... aí nossos amigos se reúnem, um ajuda e outro ajuda
ali. Só que assim, pra pagar um aluguel não dá pra pedir pro amigo, né? É. Porque o amigo
também está correndo atrás de pagar o aluguel dele. Sim. Então a gente entende que esse
movimento vai sair da gente mesma, né?

[DIÁLOGO INAUDÍVEL] [...]

NI2: - E foi assim, eu tava procurando trabalho também, e aí pra depois eu fiz em busca pra
mim e foi um período assim, de um mês, um mês e pouco por aí. A gente não chegou a passar
fome mas assim, bem apertado, sabe? Aí, eh, teve o apoio, tipo, de minha tia, algumas tias lá
de Itabuna. Mesmo assim querer falar, que elas percebiam me ligavam todas “Ó, se precisar,
pelo amor de Deus, pede socorro, pede socorro... Amizades também. Então assim, querendo
ou não a gente, é como você falou, a gente sempre tem alguém que a gente pode contar que
seja de repente, nem pro financeiro, mas até com a palavra. É. Alguma coisa. É que sou muito
chorona, desabo mesmo, e aí eles falavam assim “não precisa ficar chorando, eh, eh ... Tenha
sempre sua fé em Deus, que uma hora vai chegar.” Aí o adulto a gente dá uma segurada. É.
Criança, né? É isso. Sempre tem alguém aí que que pode estar contando e nem que seja com
uma palavra.

NI4: - Aqui eu nunca passei não, passei a ter, mas aconteceu durante a pandemia, meu marido
passou a ter uma raiva terrível com a irmã de Andreza, que é enteada dele, e aí ele ficou
doente. Aí eu fui no posto, que minha casa é em frente ao posto médico. Chegou no posto e
marquei uma consulta e a moça mandou ir buscar ele, eu levei, chegou lá, colocaram na sala da
COVID, e a gente esperando, e tinham pessoas com a COVID, só que não sabia, e ficamos lá.
Quando o médico atendeu, aí ele falou “porque vocês estavam na sala da COVID?”. A mulher
que colocou, colocou a gente de quarentena. Eu falei “E agora? Como é que vai fazer? Aí foi
quando Itamar deixou de trabalhar, a gente ficou em casa, no, no mesmo dia que aconteceu
isso, que eu pensei, me deu aquele desespero assim.... porque não ia mais poder, porque a
gente ficou de quarentena, não ia mais poder sair pra ir trabalhar. E o que eu fiz? Eu peguei o
dinheiro que eu tinha, já que vai ficar de quarentena, eu vou lá embaixo, compro logo as
receitas que o médico passou. Faço as compras com o dinheiro, e a gente fica dentro de casa, e
se a gente tiver infectado, infectou todo mundo dentro de casa. Aí bem isso eu fiz, quando eu
cheguei das compras com a, a receita, a mãe de Itamar chegou com uma cesta básica desse
tamanho, eu olhei assim, comecei a chorar, eu estava lá e me deu vontade de... “Eu trouxe essa
cesta pra vocês”. A mãe de Maria frequentava uma igreja antes de morrer, a vozinha da igreja
que é a vozinha do coração deles, mandou o filho dela o pastor ir lá em casa levar uma cesta
básica no mesmo dia de tarde, perante em Deus. E aí, a minha patroa dos cartazes que eu já
não trabalhava já tinha um tempo, eu tava dormindo no outro dia de manhã eu dormindo o
celular vibrou. Eu falei “meu Deus, quem que me mandando mensagem essa hora?” Aí
levantei e fui olhar as horas, e quando vi era a mensagem dela. Eu levantei pra ir no banheiro e
fui e abrir a mensagem e era ela mandando áudio pra mim bem assim “Oi, tudo bem, minha
flor? Bom dia! Me deu uma saudade de você, me manda o número da sua conta, porque eu
procurei sua conta aqui, mandei os meninos procurarem e não acharam. Eu quero mandar um
dinheiro pra você, me deu essa vontade de repente.” Eu comecei a chorar. Aí eu levantei ligeiro
e tirei a foto do cartão e mandei. Aí mandei um áudio bem assim “Bom dia, Deus te abençoe. A
gente tá de quarentena, mais um ano com essas pessoas que colocou acontecer um problema
aqui, o médico colocou a gente de quarentena por erro dos outros, e a gente tá dentro de casa
sem poder sair, sem poder fazer nada.” E aí ela também mandou trezentos reais pra mim duas
cestas básicas. Hm-huh. Depois disso aqui, a gente ganhou outra que a vózinha mandou, e a
gente passou o tempo da quarentena toda sem poder sair de casa com aquelas coisas que
estavam.
Pessoa não identificada: - Muito legal. Só as evidências que a gente não passou, mas isso é
muito importante. Eu comentí com o Jean também, principalmente em primeiro lugar, Janaína,
minhas amigas que estão aqui sabe, podem sempre contar comigo que eu mais do que
trabalhar aqui, eu sou dessa comunidade, né? Eu me preocupo com as pessoas, mas precisam
se apertar, qualquer coisa, a gente procura que né? Nas situações mais difíceis, meus amigos,
a gente tá aqui pra ajudar as crianças pessoalmente, né? [2:00:00]
E também as mães, esse é um espaço pra todo mundo, não só pras crianças. E falando em
vocês mulheres, eu quero fazer a última pergunta, né? Que a gente planejou aqui e essa eu
quero que vocês realmente abram o coração de vocês. Que é o seguinte. Que outras coisas são
importantes pra mim como mulher, além da maternidade? O que é que é realmente muito
importante? Que a gente falou muito sobre ser mãe, avó, sobre a família, mas vocês como
mulheres, vocês ainda conseguem encontrar coisas que vocês fazem e não gostam, não tem a
ver mais com os filhos? Pra a gente buscar dentro da gente e fortalecer esse lugar da mulher,
não só da mãe ou da vó, né? Que é mãe duas vezes. Que é que vocês sentem a compartilhar
sobre isso?

NI2: - Eu não tenho nada pra falar, já fui mãe, aí agora eu passei a ser av. Eu só sei ser mãe e
avó. Me disseram até que sou pegajosa, que chego a ser insuportável, que eu vim chorando
com essa frase de lá de casa até aqui, com isso.

Pessoa não identificada: Eh.. mas eu vou te dar um exemplo que talvez você não percebe. Você
como mulher; você colocou um colar bonito, você queria pôr um vestido pra vir aqui, essa é a
mulher mãe. A mulher que quer se cuidar, quer se arrumar, esse é o lugar da mulher. Vai
pensando, vai pensando...

NI2: Eu tenho um problema. Eu não gosto de médico. Aí falaram, aí falaram... Viram e mexem,
falam pra mim “ah, pra você cuidar dos outros, você tem que se cuidar, você tem que ir pro
médico.” Eu sinto que tenho que ir pro médico, mas na minha hora, na minha hora eu não vou
pro médico. Eu não gosto de ir pro médico. Eu não gosto porque ás vezes, quando eu penso em
ir pro médico, eu penso assim “eu vou fazer o que no médico?”
Eu vou... eu tenho uns exames lá que só fazem pago. Eu não tenho dinheiro pra pagar. Aí eu
falo “vou pro médico fazer o que?” Passar pelo médico, fazer exame, o médico passar exame
que não tem como pagar. Aí eu lembro, que minha mãe passou mal, foi internada e de lá ela
não voltou pra casa. Foi enterrada viva, ela foi enterrada viva... Tudo isso me lembra, fazer o
que mo médico? O médico dizer... Como agora, passei pela médica, fiquei, fiquei, fiquei, fiquei.
Aí fiquei. Comecei a me sentir mal, me sentir mal, aí falei “vou pro médico. Não quero morrer.
Fui pro médico. A médica foi e trocou meus medicamentos, aí eles começaram a me fazer mal.
Parei de tomar. Aí então vou fazer agora, vou me virar, ficar fazendo meus exames e chegar pra
ela e dizer que não vou tomar, porque eu conversei com ela, eu expliquei tudo pra ela. Ela
achou que, por ela ser médica, ela tava certa. Ela sabe o que tô sentindo, eu não sei... Ela
trocou meu medicamento que até a sede tirou, que eu tava me sentindo ressecada. Passando
mal todos os dias, todos os dias, todos os dias... Deixei ele de lado e voltei a tomar o que eu
tava tomando antes, uma dose menor, e aí eu tô aqui. É assim. A vida, a vida... como meu diz
meu neto de 10 anos “a vida não é um morango”

[Diálogo inaudível]

NI2: - João Lucas ele tem que aprender a compartilhar, e toda vez que ele vem, que ele mora
na Chapada com o pai. Aí quando ele vê, ele:
- João Lucas você tem que dar esses brinquedos, você não tem mais idade para brincar com
eles. Como você tem que compartilhar, doe os seus brinquedos.
- Não Pedro Levi, eu não vou doar os meus brinquedos.
- E pra que você ou guarda se você nem usa.?
- Deixa aí, foi vovó que me deu. eu que ganhei, não vou doar.
Ele não consegue se desfazer...
- João Lucas você tem que entender que a vida não é um morango. Outras crianças precisam
dos seus brinquedos.

Pessoa não identificada: É com vocês mulheres. O que que é importante pra vocês como
mulher?

NI5: - Eu acho que é, como a gente tava falando aqui agora. [...] Rede de apoio... [inaudível]
Tentar se cuidar, eh... jogar uma altinha, que gosta. Tomar uma vitamina D também. Tem gente
que mora em Itacaré e trabalha a semana inteira, a gente nem aproveita a praia.
[Inaudível]

Então aproveitar nosso paraíso...

NI2: - Pra mim uma coisa boa que eu descobri, que estou preocupadíssima, cimo vai ficar as
reuniões na terça-feira depois do recesso?

Pessoa não identificada: - Vamos dar um jeito...

NI2: - Eu queria vim, mas eu não estou mais vivendo. Que bom.

Pessoa não identificada: - A gente pode dependendo da atividade da Simone, a gente pode
manter. A gente faz um extra.

NI3: Agora eu vou voltar pra meu horário do dia... É de noite, né?

Pessoa não identificada: - Não, não. É de tarde. 15h. [Diálogo inaudível]

NI4: - Eu saio 15h20, 15h30...

[Conversas sobrepostas]

Pessoa não identificada: - A gente vê um horário na férias... A gente vê isso. Esse vai ser um
grupinho das mães, e aí sempre estiver relacionado com saúde da mulher, coisas voltadas pra
nós, aí vocês vão receber esse coisa.

NI4: - Eu tô começando a sentir muito prazer em estar comigo novamente. Porque com as
crianças pequenas, às vezes, a gente não consegue tá com a gente, né? É estar com as crianças,
estar com o trabalho e pra quem é professora... Misericórdia! Aí é o tempo todo assim, e não é
falta de... eh... é muito afeto, é muito gratificante, é tudo muito lindo, mas é muito lindo em
um lugar, né? Mas assim, tem um lugar, um lugar que eu começo a me encontrar hoje de novo,
né? Que já, já tô com mais de cinquenta anos, aí tô passando pelas mudanças do meu corpo, tô
afim de aprender um monte de coisa nova que eu não aprendi, que eu não sei, ou posso
continuar tentando aprender, e lidando com esses hormônios. Lá em casa está um um
hormônio quase sai quase a gente vê voando, porque eu nessa idade minha filha com 11, meu
filho com 12, então está todo mundo em fase de, de mudança, né? Eles entendendo mais o
processo deles e espero que isso ajude a eles entenderem o meu também, né? Porque eu
quero ter momentos como a gente pensa aqui pra quem conversa. A gente pode falar de
filhos? Pode, mas a gente não tá falando com os filhos para os filhos. A gente tá falando, tá
compartilhando experiência com, com mulheres, como companheira. A gente fortalecendo a
nossa rede, a gente aprendendo coisas, reaprendendo coisas, é isso que que eu quero como
mulher agora assim voltar, a, a, porque quando a gente, a gente envelhece o tempo todo, né?
Não é só que a gente faz 50 ,60 que a gente envelhece, a gente envelhece o tempo todo. Só
que o pai tendo alguns momentos que a gente passa vai passando por uns ciclos mesmo que
são transições e, e eu tô me descobrindo ainda nessa transição que, como adolescente deixa
de ser criança e passa a ser adolescente como adolescente vira adulto ou como uma adulta vira
uma jovem adulta, sabe? É reencontrar de novo o meu cabelo, o meu corte, meu gosto de
vestir e meu corpo assim, dá uma, tô toda animada com a minha lá no parque. Como a minha
mãe dizia, eu adoro fraldas feitas, sabe? Essa coisa da vida é um pouco, a minha mãe tem uma
questão se a última morrer, né? A minha mãe fala, não é não, que a última eu morria a barata.
Então, vamos pensar na realidade que barata tem um monte e fé na vida e vamos em frente.

NI2: - Pra mim foi bom, descobri [não entendi o nome], eu sou uma pessoa meio preguiçosa,
meio acomodada, eu fiquei sedentária. E eu, eu odeio sair de casa. Eu só saio de casa pra
cumprir as minhas obrigações. Levar os meninos na escola. Nem no meio que não levo os
meninos, quem leva é o pai de Andressa. E senti uma dor na unha, ele de quem vai levar. No
dia que Maria foi atropelada mesmo, foi uma confusão. Porque Maria, ela foi atropelada, na,
na Praça da Bíblia com retrovisor da, da... Foi a caminhonete que atropelou ela. Arrancou o
retrovisor, mas ela chegou em casa bem. Aí aparentemente estava bem, tomou banho assim
embora não estou sentindo nada não. Nem uma dor na unha. Quando tomou banho... “Bora
pro hospital? “Não vovó. Eu num vou não.”a noite disse agora. Aí ele chegou lá estava gritando.
E ele chegou “O que foi?” “Maria foi atropelada.” “Bora, Bora” Eu sei quando acabou foi uma
confusão. E o pai da menina que tomava conta levou a gente. E aí sim, pra tudo, pra tudo, aqui
dentro de Itacaré. Seja em Itacaré, seja em. Itabuna. Itabuna ainda tem a minha filha Micaela,
que eu tenho nome da minha filha, aí aqui eu tenho ela que ajuda a gente, mas no geral de
tudo, o meu apoio, a minha rede de apoio é o meu marido, me dedicar entre altos e baixos,
com ciúme e tudo, que ele disse que vinha de bicicleta pra ver se a gente realmente estava
aqui.

Terezinha: Oh, meu Deus

NI2: - Mas a minha rede de apoio muito exclusiva... quem gosta de aventura é Jane, Simone.
a minha rede de apoio única e exclusiva depois de Deus, é o meu marido, porque não é todo
mundo, não é todo dia, que você acha pessoa de 34 anos pra assumir uma pessoa de que já é
de 40 e pouco pra prestes a fazer 50, pra criar dois netos. Deus me deu isso. E aí agora não
estamos dividindo a função. Ele com os meus netos e eu com a filha dele. Eh... passamos pela
dor da perda ,que eu perdi a minha filha da maneira que eu perdi e ela perdeu a mãe dela, né?
Então, agora a gente tem que uma apoiar a outra.

NI3” - Assim, às vezes eu penso “meu Deus, porque ultimamente eu tenho pensado muito em
Sofia, né? Fazendo aquelas coisas e conversa contigo. E choro mesmo. Eh, ultimamente não
tenho mais pensado em mim. Eu não sei se é por conta dessa conta, dessa dessa fase que tô
vivendo, sabe? Aí tem que tô sozinha em casa..
Meu Deus, o que é que eu estou fazendo da minha vida? Porque é só Sofia. Sofia. Sofia. Eh,
graças a Deus o meu, o meu esposo ele é muito paciente. Ele gosta muito dela e assim que ela
fala agitada acaba descontando ele também com palavras que eu já falei pra ela que isso é pior
que um tapa na cara, aí por conta dessa situação com ela. E ele foi embora. Ele é muito
paciente. Gosta demais dela. E de mim nem se fala. Que às vezes ele me vê triste pelos cantos,
ou, ou por conta da situação com ela. E ele fica muito trietw Aí pede pra alguns minutinhos do
banho, ajudo lavando roupa, folga, tentando tudo... meu Deus, eu preciso me ver mais, me
olhar mais porque eu sei que a doença que a gente vê não é só fora, é dentro. Eu me sinto
muito triste por isso. Também preciso tentar chegar pelo menos um pouquinho lá pra, pra pra
ouvir, pra tentar falar, pra tentar, certo? Então fica sentindo a gente manda mensagem pra, e é
assim, assim, assim. E ela com todo esse jeitinho dela, acaba me acalmando jm pouquinho, e é
isso. A Tite também foi muito, muito bom pra nossa vida, principalmente quando eu descobri
de Sofia. Quando eu descobri, ela pegou e falou “Não, você vai fazer, quando ela fazer a
natação, ela ama piscina.” Você vê que aqui ela mais se empolgou, não quer sair daqui, por que
vem embora e tem que ir pra escola, não quer sair daqui. E depois descobri o, o Pimenta do
batuque que também faz muito bem pra ela. Aí uma semana que ela tá muito agitada, muito
teimosa, aí chego e digo pra ela que ela não vai pra a “Pimenta do batuque”. E nisso, essa
menina enlouquece. Aí eu vou, eu volto, por que ela gasta a energia dela no instrumento
também, mas em relação a mim eu não tô me cuidando como deveria, fisicamente e o
emocional. Acho que o que tá mais abalado, por conta dessa situação dela, que a gente
conversa todos os dias. Ela diz que tá muito cansada. “Ah, tô muito cansada.” “Por que tô
cansado”. Com certeza, continue que uma hora ela vai ouvir, continue nas suas orações e
continue conectando com ela mesma, porque não é possível que uma hora ela vai ter que
ouvir. Aí eu falei “uma hora ela vai, vai entrar e vai ficar, não vai sair.”

[Diálogo paralelo incompreensível]

[2:15:00]

Pessoa não identificada: - Se ele tiver bem de saúde, pode entrar. Criança doente não entra na
piscina.
[Inaudível]
- Você garante, então tudo bem...
[Incompreensível]
- Não menina, você acha que...
- Não, não. Tem uma maior...
[Risos ao fundo]
-Ok! Só faço bem meu trabalho.

NI: - Gente,eu preciso ir...

Pessoa não identifica: - Tá bom.

NI: - Brigada!

Pessoa não identifica: Obrigada!

NI: - Obrigada por ter participado.

Pessoa não identifica: - Agora a gente vai ter um almoço, você não quer participar? Levar pras
crianças, ou então vai lá busca a vasilha. Eu fiz muita comida, porque eu estava esperando 25
pessoa. É se você quiser, não quiser cozinhar, vai lá pega a vasilha e vem cá encher. Viu? Você
mora por aqui no bairro, né?

NI: - Moro.
Pessoa não identificada: Então vai lá. Minha mãe já vai trazer.

NI: Então vou lá dar uma cuidada dela e depois eu volto. Muito obrigada!

Pessoa não identificada: - Você não tem que cozinhar... Quem mais mulheres querem
compartilhar? Fala com a gente um pouquinho. Mulher que que você gosta de fazer?

NI2:- Apesar de externa, eu já estou sentindo, né? Ou externar chorando ou externa não tem
como falar.

Terezinha- Olha eu estou tão calada que eu estou com Deus aqui. Trabalhei com vários
médicos, né? Aí eu estava aqui e a menina vai colocar leitura vai falar alguma coisa para
alguém que alguma coisa é certa. Aí quando ela fala e deixa muito tempo que você não tem
espaço pra falar, não tem vontade de falar.

Pessoa não identificada: - Mas você sente que não tem espaço pra falar ou não tem vontade de
falar?

Terezinha: É algo que não tenho como falar, já tentei mudar e tudo.

Pessoa não identificada: -Mas tem que tomar banho, viu Wesley? Banho primeiro depois, a
piscina, viu? em nosso corpo também é incrível.

Simone: - A gente que é mulher nunca é tarde, eh... não tem idade, como eu com 30 anos, né?
Eu quando era criança era muito medrosa, agora faço capoeira. Eu nunca pensei em fazer uma
estrela, e agora faço estrela, e isso é importante, não importa a idade, né?Pode ser que a gente
está acabado a gente pode permitir a pode de novo, né? Um espaço, de conversa, trocar
experiências. E é isso...

NI3: - Como disse Simone, não é só um corpo. É, afinal todo mundo aqui nasceu pra brilhar,
né? A minha filha de 28 anos ela fala que ela já gosta de um brilho, ela comprou umas três
sandálias. Eu disse:
- Pra que isso?
- Mãe, eu sou uma estrela, Deus me, me fez para brilhar. Ninguém vai pagar meu brilho.
Comprou Um glitter e colocou no, no treco de passar com o olho assim. “Menina, chega
brilhar!” “Eu nasci para brilhar junto com o sol.” “Você só não pode querer se mudar pra lá. Aí
ela fala assim:
- Depois de tudo que eu já passei na minha vida eu tenho que brilhar agora, me iluminar, viver
a vida como Deus me fez para viver, brilhando.
Eu disse “tá bom.”

NI4: -Minha filha se enche de glitter quando vai fazer prova e quando é de matemática que ela
passa quase na cara toda. Que ela fala assim “é prova!”
E ela já criou um ritual, né? É prova, é glitter brilhar na prova. Vou brilhar.
E taca na sobrancelha, na bochecha... Talvez ano que vem elas vão pro militar também. O
problema lá no militar pra mim é que a rede de relação que eeles conhecem, os amiguinhos da
vida, né? E meu filho tem cabelo grande.
Alguém diz: - Tem que cortar. Tem que cortar.

NI4: -Isso pra mim é muito complicado. Eu não concordo, eu não consigo convencer ele a fazer.

Marjorie: - O que? Não o compreendi...

NI4: - Colégio do Heitor é militar, então a disciplina é o corte do cabelo é militar.

Marjorie: - Ahhhhh...Então meninas, vai com o pelo assim...

NI4: E aí eu tô tentando convencer o diretor de aceitar o meu filho de coque.

Marjorie: É, sim.

NI4: - Por que as meninas vão de coque, o problema é o cabelo curto ou coque pro rosto ficar
visível. Se ele tiver com o coque, o rosto dele vai tá visível. É. E aí ele falou que possível, desde
que eu entre na justiça

Alguém ao fundo: - Nossa!

NI4: - Mas aí eu posso abrir um procedente. E aí eu litei a justiça, eh, permitir que eu matricule
assim e ele falou que ele tem que aceitar sem cobrar dele, mas é claro que isso vai gerar um
problema na escola dos meninos, dos meninos que querem ter o cabelo grande. Então a opção
é cortar ou não cortar. Só esse...

Terezinha: - Estadual vai ter o que? Vai ter transporte, é?

NI4” – Isso eu não sei como vai ser o estado. Deve ser. E a quem oferece o transporte é o
município, né? Eu também não entendi comé que vai ser isso aqui.
Pessoa não identificada: - O colégio estadual, né?

Alguém disse: - É. Vai ser do jeito que eu quero pra cá.

Pessoa diz: Porque tem o do município e aqui é Estado.

Alguém: Ahhhh, entendi.

[Dialogo não identificado]

Marjorie: - A partir de que idade esses colégios estaduais?

NI: - a partir do, do ensino médio.

Marjorie: Onze, Doze?

Pessoas: A partir dos 15, 16 anos. Tá. É o que chama o terceiro, segundo do ensino médio.

Marjorie: Então são 3 años.

NI4: - Aqui já é, né. Aqui tem, eh o integral na escola no, na Aurelina.

Pessoa não identificada: - É integral?


NI4: Tem, tem dois horários de manhã e a tarde.

NI: - Tem as duas formas. Tem o integral, que são iniciação científica. E tem os dois horários, de
manhã e à tarde.

Pessoa não identificada: - Esse que ela tá falando é um colégio municipal com o vetor militar,
que a minha filha estuda doutora. [Diálogo sobreposto incompreensível]
Aí tem a fardinha, ai tem que ficar de coque e o boné.

NI3: - Mas é uma boa escola, né?

NI4:- Muito.

Terezinha: - E por que as pessoas, realmente tem pessoas que criticam a escola pública?

Simone: - Olha, eu quando, quando eu cheguei na secretaria e o Pablo falou assim pra mim
“Simone, você não vai fugir. Você vai voltar hoje.,” Aí eu falei, aí eu falei: - Ai, que bom. Ele: -
mas você não vai pro ginásio. Eu falei “vou pra onde?” Ah , e aí ele entende ele não é do seu
lado, ele entende a disciplina mas entende a liberdade também do processo de educação. Eu
vejo os alunos sendo tratados lá com muito mais respeito do que são tratados no ginásio, por
exemplo.

Terezinha: - Esse colégio é um lugar é uma exceção, né?

Simone: É, e é... um inter

Terezinha: - Olhando pelo os outros.

Simone: - É, e aí trabalha leão, o outro polícia que tenha leão, que é um policial que faz aula de
karatê e defesa pessoal voluntária.

NI2: Excelente. Ah.

Simone: - Aí trabalha a Maria que é uma sargento da polícia que faz, eh trabalho é a ela
trabalhava nos colégios militares, projetos de de inclusão, de integração de meninos que vivem
em comunidades diferentes, que são rivais, começarem a socializar que eles não são inimigos,
eles detém uma forma equilíbrio, é a diferença, porque normalmente não é bom mesmo, né?

Terezinha: - Por conta disso que você acha que todos de Itacaré... Por isso eu quis perguntar
pra saber. Porque eu já tenho que preparar... [Diálogo inaudível atrás] mas vai chegar o
momento que ela vai embora.

Ni5: - Assim que eu vim pra cá, liguei pra uma amiga aqui e foi a primeira pergunta eu fiz
“Amiga, como eu faço... procure pra mim como que eu faço pra, pra matricular na escola
militar?” Eu só queria militar. mas antes de vim pra cá a situação financeira não estava tão
legal. Eu falei eu não vou pagar a escola. Aí quando ela conseguiu muito rápido porque eles
falaram lá que assim; crianças de, de, de que vem de fora a gente não pode excluir, tem que
abraçar.

Terezinha: - E ela faz que série?


NI5: - Ela está no terminando sexto e vai pro sétimo. Lá é do sexto ao nono. E se depender de
mim ela vai ficar até o nono.

NI3: - Tem professor que assim, até na escola particular aqui é caro. E eu vi assim que me
incomodava muito. Professor de história, dá filosofia. História da filosofia, geografia ambiental
e o que vierpegando tudo. Então isso assim, eu não não consigo achar isso bom. Ah, o
professor pode ser maravilhoso, mas ele não tem a base daquela formação. Nessa escola, tem
professores assim, bem informados. A maioria com pós-graduação.

Terezinha: - Cada qual com sua disciplina.

NI3:- Cada qual na sua área. Cada um na sua área. E isso é interessante. A Fernanda custou a
contratar professor de ciências porque aparecia um monte de gente pra pegar as vinte horas,
que elas queriam às horas independente do que fosse a disciplina. E aí ela só contratou quando
apareceu a professora com formação em ciências. E aí que acaba que, a escola vira, vira uma
escola interessante. Cantar o hino todo dia no pátio, se fosse eu jovem, adolescente...

Alguém diz: - Trabalho de? Como é o nome dele? Esqueci o nome dele, o que faz iisso. Como é
o nome dele?

Terezinha: - Alexandre

NI: Alexandre. Conheço o trabalho dele. Ele tem que chegar dez, dez pra uma da tarde, o
horário de Sofia. Ele tem chegat dez minutos dez pra fazer dez pra uma da tarde, deixar na
sala, volta pra quadra pra fazer pra fazer arte, seguir a ordem foi a ordem seguir a seguir a
ordem. Por um lado eu bom, porque tem uns tipo Sofia que são resistentes a, a ouvir, a
obedecer. Exato. Exatamente.

Marjorie: - Qual idade de sua neta?

Terezinha: - Muito.

NI: - 8 anos.

Terezinha: É, ela é grande. Destoa das colegas. O pai e a mãe todos os dois altos.

NI: - eu jurava que tinha 10 anos.

Terezinha: - Tudo que eu compro é de dez mesmo. Eu acabei de ver colégio muito bom...

[Diálogo captado]

“estuda fazer demais e tem mais de dez anos que eu imagino que mais de oitenta por cento eu
tenho mais de dez anos hoje tem vai embora foi demais Começa três e vai até umas dez horas.
Beleza? É amanhã? Não? Não, amanhã não. Cinco horas. Ah, cinco horas vai É até umas dez
horas mas é isso os brinquedos pagou aula compartilhar no Instagram também ou doar um
bolo lá no lanche alguma coisa oi mãe tudo bem e…”

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