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JARDIM GOIÁS

GOIÂNIA-GO

Anna Karoline Santiago


Caroline Duarte Gentil
Cesar Zárate
Samuel

Al

DEZEMBRO | 2021

Pós-Graduação em Mobilidade Urbana e Infraestrutura em BIM


Módulo 3 – Introdução à Mobilidade Urbana
Profa. Msc. Lorena Cavalcante Brito
ETAPAS INICIAIS DO PLANO DE MOBILIDADE E
QUALIFICAÇÃO DE BAIRRO (PMB)

JARDIM GOIÁS
Goiânia-GO

Pós-Graduação em Mobilidade Urbana e Infraestrutura em BIM

Introdução à Mobilidade Urbana

Professora Msc. Lorena Cavalcante Brito

Goiânia, 12 de dezembro de 2021


SUMÁRIO

1. ETAPA 1 – DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO ...................................... 3


1.1. LEVANTAMENTO DA LEGISLAÇÃO DO MUNICÍPIO................. 3
1.2. DIAGNÓSTICO ........................................................................................ 4
1.2.1. Leitura da Realidade (Leitura Técnica)..................................... 4
1.2.2. Leitura Sistêmica ............................................................................. 18
1.2.3. Leitura Social .................................................................................... 25
1.2.4. Identificação de Problemas e Potencialidades .................. 27
1.3. PROGNÓSTICO .................................................................................... 35
2. REFERÊNCIAS ....................................................................................... 6
INTRODUÇÃO
O seguinte trabalho objetiva desenvolver a etapa inicial de um Plano de
Mobilidade Urbana no bairro Jardim Goiás, região Sul de Goiânia, a partir de
levantamentos e análises urbanas como diagnóstico necessário para posterior
prognóstico no bairro.
O processo inclui a leitura técnica como uma análise das condições reais do
bairro; posteriormente a leitura sistêmica através da caracterização dos subsistemas
existentes à fim de compreender como se relacionam e impactam na dinâmica
urbana do Jardim Goiás, e por fim a leitura social que identifica os agentes que
habitam e utilizam o espaço, através do acesso à documentos, jornais e entrevistas que
expressam as demandas e necessidades de quem vive e participa do funcionamento
urbano do bairro.
Com base nessas análises, serão desenvolvidas propostas teóricas para
melhorar e maximizar a vida urbana local, com foco na priorização do transporte
coletivo e na realocação das atividades. Para facilitar a aplicação das propostas no
desenvolvimento de futuras ações e projetos para o bairro, elas serão apresentadas em
forma de tabela.

1. ETAPA 1 – DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO


1.1 LEVANTAMENTO DA LEGISLAÇÃO DO MUNICÍPIO

Plano Diretor de Goiânia – Lei 171, de 29 de junho de 2007.


Plano Diretor de Arborização, AMMA – Lei 4.460, de 30 de Setembro de 2008.
Função social do solo não edificado – Lei Complementar nº 181, de 10 de Outubro de
2008.
Projeto Diferenciado de Urbanzação (PDU) – Lei complementar nº 8764, de 19 de
Janeiro de 2009.
Parcelamento do solo – Lei Complementar nº 363, de 12 de Janeiro de 2023.
Código Municipal de Mobilidade Urbana de Goiânia – Lei nº 9096, de 27 de Outubro de
2011.;
Sistema Cicloviário – Lei Complementar n° 169 de 15 de fevereiro de 2007.

3
Lei Complementar n°50 de 13 de junho de 1996.
Calçadas – Lei complementar nº 324, de 28 de novembro de 2019

1.2 DIAGNÓSTICO
1.2.1 Leitura da Realidade (Leitura Técnica)

Figura 1. Diagrama de localização e dados censitários do bairro.


Fonte: Secretaria de Planejamento (SEPLAN, 2010) adaptado pelos autores.

Localizado na região Sul de Goiânia, o loteamento que hoje dá nome ao bairro


Jardim Goiás foi aprovado em 1950 por idealização do proprietário Lourival Louza,
sendo uma zona de transição entre um espaço rural e o centro da cidade,
caracterizado por ser um espaço de terras reservado à especulação (ABREU, 2019).
O parcelamento inicial previa a implantação de bairros-jardins,
predominantemente residencial, com muitas áreas verdes e fundos de vale vegetados

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nos córregos, configurando o conceito de grandes centros urbanos. O projeto inicial
de autoria de Prestes Maia sofreu algumas alterações pela destinação de áreas para
implantação de equipamentos, além de propor vias contínuas para melhor conexao
viária com o tecido existente.
O bairro Jardim Goiás em meados da década de 70 ainda era pouco povoado,
mas essa realidade foi mudando com a chegada de equpamentos e
empreendimentos de grande porte no final dos anos 70 e começo dos anos 80, como
o Estádio Serra Dourada e o Shopping Flamboyant, que levou a implantação de novos
sistemas viários, facilitando o acesso à outras áreas da cidade e gerando a valorização
dos terrenos e imóveis, mudando também o uso do solo (PANTALEÃO, S et al. 2019).
Com a chegada de grandes varejistas e equipamentos como Walmart e Parque
Flamboyant na década de 2000, fruto da iniciativa público-privada e da especulação
imobiliária, houve um grande adensamento na região, majoritariamente residencial.
Atualmente, a tendência é de investimentos em edifícios comerciais e
empreendimentos de grande porte.
No Plano de Zoneamento, Uso e Ocupação do solo de Goiânia (2008), o bairro
do Jardim Goiás é considerado uma Zona de Desenvolvimento Regional, concentrados
em volta do Parque Flamboyant, e que possui grandes complexos varejistas,
Equipamentos Públicos e Privados de grande porte (Flamboyant Shopping - Center,
Carrefour, BIG, Sams’club, Estádio Serra Dourada, o Colégio Hugo de Carvalho Ramos,
a sede administrativa da SANEAGO e uma unidade da Universidade Católica de Goiás),
constituindo uma centralidade que exerce um papel relevante no espaço intraurbano.
Está dividido em seis zonas de interesse conforme posto na figura 2.
É um bairro de intensa verticalização, com casas unifamiliares de alto padrão
em condomínios fechados horizontais e altos edíficios de apartamentos, que atrai a
população de alto poder aquisitivo e, embora possua alguns lotes vagos do loteamento
original, também abriga invasões antigas (década de 70) em áreas improprias para a
moradia como no córrego Botafogo, recentemente legalizadas. Essa verticalização
gera um adensamento da região, promovido pelo Plano Diretor de 1992. No ultimo
censo (2012), o Jardim Goiás contava com 11826 habitantes e hoje é considerada pelo
Plano Diretor atual como uma Zona de Desaceleração de Densidade (figura 2).

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Figura 2. Zoneamento do bairro Jardim Goiás.
Fonte: Instituto de Estudos Socio-Econômicos da UFG (2011) adaptado pelos autores (2022).

O levantamento topográfico (figura 3) e a hipsometria (figura 4) mostram que


a topografia do bairro Jardim Goiás é em geral plana, com um desnível de acentuação
média na maior parte do terreno e ocorrência de aclive acentuado nas áreas próximas
ao entroncamento da rodovia Transbrasiliana e na região do Shopping Flamboyant

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(que está a 831 metros de altitude), não sendo assim, uma barreira natural para o
adensamento do bairro.

Figura 3. Levantamento topográfico, áreas verdes e cursos d'água.


Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

Ocorre também uma queda mais abrupta junto aos cursos de água, sendo
necessário um maior investimento nos dispositivos de drenagem pluvial para evitar a
sobrecarga nas calhas do Córrego Areião, que atualmente é tombado devido sua
importância cultural para a cidade e possui três das suas nascentes integradas à Zona
de Proteção Ambiental do Parque Areião na região Sul de Goiânia. A presença dos

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cursos d’água e a topografia podem influenciar o uso do solo, pois as áreas acentuadas
podem atuar como barreiras naturais no adensamento urbano.

Figura 4. Hipsometria.
Fonte: Topograph Maps adaptado pelos autores (2022)

Tratando-se de um bairro inspirado no conceito de “Cidade-Jardim”, é possível


perceber a existência de várias unidades de áreas verdes e de proteção ambiental,
como o braço do Córrego Botafogo, canalizado pelas vias da Marginal Botafogo que
deságua no Córrego Areião, a extensa área verde que conserva o Córrego Gameleira, o

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Parque Flamboyant com 125 km de área, a Praça das Artes e outros intertícios verdes
que integram uma das seis unidades de espaços livres da região sul de Goiânia
O sistema viário do Jardim Goiás possui uma hierarquia viária bastante
diversificada, com vias de diferentes importâncias que estabelecem a rede de
conexões do Setor (figura 5).

Figura 5. Mapa da Hierarquia viária do bairro Jardim Goiás.


Fonte: Elaborado pelos autores (2021)

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É importante destacar a existência da rodovia federal BR-153 como a principal
via expressa, conhecida como Rodovia Transbrasiliana que conecta Goiânia à região
conurbada de Aparecida de Goiânia ao sul e pela região central, interliga Anápolis,
sentido Brasília. A via arterial principal do bairro é a rodovia Estadual GO-020,
conhecida como Av. Marginal Botafogo. Já as vias arteriais secundárias como a Av. A
Av. B (Av. Dep. Jamel Cecílio), Av. E, Av. L, Av. J, a rua 78 que circunda o Estádio Serra
Dourada e por fim, a Av. Fued Sebba e ainda a área de influência da Marginal Botafogo.
As vias coletoras que são encarregadas de distribuir o tráfego são a Avenida C, a
Avenida D, a Avenida H e a Rua 02, Rua 32 e Rua 23, Rua 28, Rua 31, Rua 106, Rua 108 e
Praça E. As demais vias são locais e normalmente encontram-se em áreas
predominantemente residenciais.
Em relação a mobilidade urbana, foram identificadas 18 linhas de transporte
público coletivo intraurbano e também intermunicipal que circula por praticamente
todo o bairro como é possível ver na figura 6. Entretanto, é importante ressaltar que
algumas linhas apresentam horários pouco frequentes e a pouca quantidade de
corredores exclusivos pra acomodar os transportes coletivos geram constantes
episódios de lotação.
Os pontos de ônibus mapeados também estão espalhados pelo bairro, no
entanto, alguns pontos podem apresentar problemas de acessibilidade
especialmente para a mobilidade reduzida. Além disso, é importante evidenciar que
não há um terminal de integração de transporte coletivo no bairro, sendo que o
terminal mais próximo encontra-se no Setor Pedro Ludovico, o terminal Isidória,
também na região Sul, o que dificulta a locomoção dos usuários que precisam fazer
conexão com diferentes linhas. No último Plano Diretor (2007) constava a implantação
da Estação de Integração Flamboyant, no entanto não foi possível encontrar dados ou
previsões da proposta implantada pelos órgãos responsáveis pela mobilidade.
Grande parte da frota de onibus está distribuída entre as regiões, vindo da
região Central pelo Terminal Praça da Bíblia e pelo terminal Praça A, da região Leste
pelo terminal Novo Mundo, da região sudoeste pelo terminal Bandeiras e uma grande
demanda para os municípios conurbados da região metropolitana de Aparecida de
Goiânia pelo terminal Araguaia, no terminal de Senador Canedo e PC Trindade.

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O bairro possui muitos viadutos, vias largas e modificações no sentido do
tráfego, mas falta em aspectos importantes da mobilidade urbana voltada para as
pessoas, como na baixa incidência de rotas cicláveis para acomodação dos ciclistas. Há
poucas opções disponíveis de ciclovias, o que desencoraja o uso à esse meio de
transporte.

Figura 6. Mapa do Transporte Público Coletivo do bairro Jardim Goiás.


Fonte: CMTC (2022) adaptado pelos autores (2022)

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O diagnótico do bairro Jardim Goiás necessita mencionar, tanto para fins de
compreensão da centralidade do setor para a cidade, quanto para os impactos no
trânsito e na mobilidade, os condomínios horizontais fechados construídos em suas
proximidades, como os Condomínios Alphaville Ipê, Araguaia e Goiás e os Jardins:
Jardins Itália, Jardins Valência, Jardins Paris e o mais novo deles, Jardins Frankfurt.
Segundo Oliveira E Peixoto (2009, p. 8): “Mesmo separados do bairro pela BR-153, e dele
não fazendo parte, são sua extensão. Resultam da popularização e adaptação desta
forma de morar americana, inspirada nos códigos do New Urbanism.”
Essa realidade próxima do bairro, contrasta com a paisagem urbana que ele
possui, visto que em relação à ocupação construtiva, os condomínios apresentam um
modelo de ocupação horizontal e de baixa densidade. Esse modelo contrasta com a
realidade do bairro Jardim Goiás que está na Zona de desaceleração da densidade
definida no Plano Diretor (2007(, como já vimos, pois apresenta uma tendência à
verticalização e adensamento, principalmente em volta do Parque Flamboyant.
Não só os condomínios nas mediações do bairro, impactam na paisagem
urbana, como também influenciam a especulação imobiliária nas áreas adjacentes,
elevando o preço dos imóveis e com isso a intensificação da verticalização.
Segundo dados do Plano de Habitação da Prefeitura de Goiânia (2010), o bairro
Jardim Goiás possuí 133 quadras e uma área total de 3,72 km², portanto uma alta
densidade de 3 hab por km. No mapa de ocupação construtiva predominante (figura
7) a ocupação urbana é classificada por três gabairtos: até 3 pavimentos, de 3 a 10
pavimentos e acima de 10 pavimentos.
Ainda que no mapa, a maior parte das hachuras sejam de construções de até 3
pavimentos, a construção de edifícios em altura aumenta a cada ano com edifícios
acima de 10 pavimentos, eliminando as casas térreas e sobrados unifamiliares. Apesar
de constar como uma Zona de Desaceleração de Densidade no Plano Diretor (2007),
não há restrições reais às construtoras e imobiliárias com a construção de edifícios
cada vez mais altos para atender a demanda das classes que investem no setor. Esse
aumento de gabaritos pode influenciar de forma negativa na infraestrutura urbana,
sobrecarregando os dispositivos de drenagem por impermeabilizar o solo pela retirada
da cobertura natural do terreno, além de influenciar no trânsito com o

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congestionamento de vias pelo aumento de veículos e o aumento da especulação que
agrava a desigualdade sócio-espacial.

Figura 7. Mapa de Ocupação Construtiva predominante do bairro Jardim Goiás


Fonte: SILVA (2011) apud (BRITO E MAGALHÃES, 2011) adaptado pelos autores (2022).

Essa verticalização impactou também no uso do solo predominante do bairro


com a construção de edifícios empresariais e condomínios verticais, modificando
também a estrutura econômica com a maior participação de classes de alto poder de

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consumo, intensificando assim as atividades comerciais na região que é representado
pelo Shopping Flamboyant e os grandes equipamentos que também impactam no
sistema viário do bairro como o Estádio Serra Dourada, o Goiânia Arena do Ginásio
Valério Luíz, o Campus 5 da Puc, entre outros Pólos Geradores de Tráfego (figura 8).

Figura 8. Mapa de Uso do Solo predominante do bairro Jardim Goiás.


Fonte: Elaborado pelos autores (2022).

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Há a caracteruzação da ocupação urbana no bairro, de acordo com o mapa de
uso do solo em usos residenciais, comerciais, institucionais, mistos e áreas verdes, além
dos vazios urbanos. Pelo mapa, percebe-se que a predominância é de residências. As
grandes áreas da cidade são ocupadas por equipamentos de grande porte como o
Estádio Serra Dourada e outros órgãos institucionais. As hachuras que representam o
caráter comercial estão dispostas por toda a Av. Jamel Cecílio e se estende até a BR-
153 onde encontra-se o Shopping e algumas grandes varejistas como o Carrefour e a
Decathlon.
Nas proximidades do Shopping Flamboyant congregam-se inúmeras
atividades comerciais, anteriormente distribuídas na região central da
cidade, como: Hotéis, flats, revendas de automóveis importados,
restaurantes e choperias para classe média alta (frequentados por
executivos da cidade), hipermercados multinacionais, como Carrefour,
Wall Mart e Sam‟s Club. Empreendimentos que se instalaram neste
espaço em função da atração que o Flamboyant exerce sobre eles
(ACHCAR, 2008, p. 103).

Figura 9. Uso do solo e verticalização no bairro Jardim Goiás.


Fonte: Tratos e retratos da cidade de Goiânia. Autor desconhecido (2012).

Além dos empreendimentos importantes para a centralidade do bairro, há


também uma arrojada infraestrutura urbana que possibilita a implantação de grandes
equipamentos, sendo um bairro dotado de vias largas e espaços vazios que são sub-
utilizados para atender a demanda comercial e empresarial do bairro através de
estacionamentos.

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A garantia dessa infraestrutura urbana que diversifica o uso do solo não foi
durante um tempo, de usufruto de toda população do bairro do Jardim Goiás. Desde
a década de 70, há a preseça majoritária de ocupações irregulares às margens do
Córrego Botafogo, formando-se as invasões do Vila Lobó. Segundo Oliveira e Peixoto
(2009, p.6): “Esses moradores procediam de diversos lugares, alguns haviam sido
transferidos da invasão do Jardim Botânico com a promessa de que seriam
proprietários dos terrenos que compunham parte das áreas institucionais do Jardim
Goiás, contudo, convém ressaltar, nunca obtiveram a propriedade legal desses lotes.”

Figura 10. Vias sem infraestrutura na antiga Vila Lobó, atual loteamento Jardim Goiás 1
Fonte: Augusto Diniz. Jornal Opção. 2017

As áreas de proteção ambiental (APA) que foram ocupadas no assentamento da


Vila Lobó, recentemente foram recuperadas e deram lugar ao loteamento Jardim
Goiás 1. Apesar de constar como assentamento informal pelo IBGE, a região passou por
uma série de intervenções urbanas e hoje está parcialmente regularizada.
Esse processo revela que há em curso, uma demanda por habitação social em
meio a realidade do bairro Jardim Goiás que investe em uma agenda de alto poder
aquisitivo, através das especulações imobiliárias, e as instrumentalizações dos vazios
urbanos no bairro que poderiam atender as políticas públicas habitacionais de
regularização fundiária, foram adquiridos por construtoras e incorporadoras para o
desenvolvimento imobiliário.

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No mapa de índice de cheios e vazios (figura 11) é possível visualizar que, mesmo
em processo de verticalização e adensamento acelerado, o bairro conta com vários
vazios urbanos. Se comparado com outras centralidades de Goiânia, os índices de vazio
no Jardim Goiás são baixos, mas ainda assim destacam-se em áreas consolidadas de
infraestrutura no bairro, sendo necessário identificá-las espacialmente.

Figura 11. Mapa de Índices de vazios urbanos do bairro Jardim Goiás.


Fonte: SEPLAN (2007) adaptado pelos autores (2022).

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Em resumo, pode-se dizer que o bairro Jardim Goiás é uma região de alto
padrão aquisitivo, que apresenta uma intensa ocupação urbana em meio a grandes
equipamentos e empreedimentos comerciais, mas que também possui muitos vazios
urbanos que impacta toda a cadeia de subsistemas que integram a mobilidade
urbana e impactam o trânsito, como veremos a seguir.

1.2.2 Leitura Sistêmica

É fundamental reconhecer e examinar os subsistemas da Mobilidade para


compreender a estrutura do bairro e assim, poder prognosticar e desenvolver
indicadores de qualidade e bem-estar social.. Esses fatores são responsáveis por
manter o funcionamento adequado de cada demanda do território, bem como da
dinâmica urbana local. Qualquer desequilíbrio em um dos subsistemas tem o
potencial de comprometer todo o sistema, causando prejuízos de ordem social,
econômico e ambiental. Portanto, é crucial identificar essas questões e sugerir
soluções viáveis por meio de uma análise fragmentada do sistema urbano. O bairro
Jardim Goiás possui vários subsistemas de mobilidade, no qual destacamos no quadro
abaixo e trataremos de forma detalhada a seguir.

QUADRO SÍNTESE DA LEITURA SISTÊMICA

SUBSISTEMAS ELEMENTOS RESPONSÁVEIS

• Empreendimentos públicos e privados; Secretaria Municipal


• Especulação imobiliária; de Planejamento;
• Eixo metropolitano de desenvolvimento Agentes
econômico (BR-153); imobiliários;
Econômico
• Verticalização e valorização do solo; Empreendimentos
• Zona de Desaceleração de Adensidade; privados;
• Programas e movimentos sociais; Movimentos sociais;
Estado;

• Hierarquização viária;
Secretária Municipal
• Infraestrutura pública;
de Trânsito;
Viário • Interseções;
Secretaria de
• Estacionamentos;
Infraestrutura;
• Transporte de Carga;

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• Logística;
• Uso do solo;
• Sinalização horizontal e vertical;
• Pedestres e ciclistas;
• Transporte público coletivo;
• Automóveis;
• Obras de arte;
• Calçadas;

• Parâmetros urbanísticos
• Padrão construtivo e ocupação construtiva;
Secretaria de
• Especulação imobiliária;
planejamento;
• Área de desaceleraçao de densidade;
Agentes
Uso do solo • Vazios urbanos;
imobiliários;
• Áreas verdes;
Secretaria de meio
• Áreas residenciais, institucionais, comerciais e
ambiente;
de uso misto;
• Fachadas;

Estado;
Movimentos sociais;
• Desigualdade econômica;
ONGs;
Social • Geração de empregos;
Instituições;
• Ocupação irregular;
Iniciativa privada;

Secretária de
• Congestionamento;
Trânsito;
• Conflito pedestre x automóvel
Secretaria de
Automóveis • Pólos Geradores de Viagens (PGV);
Planejamento;
• Transportes de carga;
Motoristas;

• Pontos de ônibus; Secretaria de


• Movimentos pendulares; mobilidade urbana;
Transporte • Intraconexões urbanas ; Secretaria de
público • BRT e circulares; trânsito;
• Corredores exclusivos; RMTC;

• Acessibilidade;
Secretaria de
• Conflito pedestre x automóvel;
infraestrutura;
• Percurso;
Secretaria de Obras;
Pedestre e • Segurança;
Secretaria de
Ciclistas • Sinalização horizontal e vertical;
planejamento;
• Calçadas;
Proprietário de
• Arborização;
terrenos;
• Rotas cicláveis

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• Bicicletários

• Parques e praças;
• Cursos dágua
Secretaria de meio
• Áreas de Proteção Ambiental;
ambiente;
• Desigualdade ambiental;
Ambiental Secretaria de
• Vazios urbanos;
planejamento;
• Impermeabilização do solo;
• Calçadas;
• Arborização;

A. SUBSISTEMA ECONÔMICO

As atividades produtivas, receitas e serviços oferecidos em um bairro integram


o subsistema econômico, juntamente com a população economicamente ativa e a
dinâmica demográfica.
Pode-se dizer que há uma concentração significativa de atividades comerciais
e empresariais no bairro Jardim Goiás, principalmente pela presença do Shopping
Flamboyant, importante destino de compras e entretenimento não só para os
moradores do bairro, mas também para toda a região Sul e cidade de Goiânia. Além
disso, existem diversos comércios e escritórios próximos, à Avenida E, uma das
principais vias do bairro.
Esse subsistema impacta diretamente o Plano de Mobilidade, pois influencia na
demanda pelos serviços de transporte e incremento de veículos. O modelo de bairro
do Jardim Goiás, gera fluxos intensos de pessoas e com isso, o capital se movimenta,
criando gargalos na circulação e necessidade do aumento de infraestrutura viária.
Os agentes que integram esse subsistema são variados tanto de ordem pública
quanto privada no desenvolvimento da economia local, sendo composto pelo Estado,
os movimentos sociais, empreendedores, empresas, latifundiários, consumidores,
fornecedores, instituições financeiras, instituições filantrópicas, sindicatos,
organizações não governamentais e associações empresariais.

B. SUBSISTEMA VIÁRIO

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O subsistema viário de uma cidade é articulado através da legislação, para por
meios da infraestrutura viária, possibilitar o acesso de pedestres e veículos por vias
hierarquizadas, levando em conta as demandas, o fluxo e as distâncias,
compreendidas no subsistema econômico, na cidade e região metropolitana.
No caso do Jardim Goiás, o subsistema viário é constituído por uma malha viária
planejada, contendo várias obras de arte com pontes e viadutos que interligam
diversos pontos da cidade. Além disso, as calçadas, os estacionamentos, sinalizações
horizontais e verticais, rotas cicláveis, a infraestrutura básica de drenagem, iluminação
pública, saneamento e abastecimento de água, são os elementos que também
compõem o subsistema viário no Plano de Mobilidade.
Esse subsistema é de suma importância no Plano de Mobilidade, pois é a partir
de tudo o que engloba o sistema viário que é possível conceber uma mobilidade,
sendo que a própria mobilidade está circunscrita no sistema viário com a adoção de
medidas que incluem pedestre e ciclistas em conjunto com os veículos que disputam
o espaço urbano.
Como parte dos atores que integram esse subsistema, é possível identificar o
Estado, nesse caso, o município, como principal agente transformador através de
intervenções e legislação, representados no município pelas Secretarias Municipais de
Planejamento Urbano e Habitação; Secretaria de Infraestrutura Urbana, Secretaria
Municipal de Trânsito; Secretaria Municipal de Mobilidade e a COMURG para a limpeza
urbana. Também a própria iniciativa público-privada como a RMTC, que regulamenta
o transporte público, e até mesmo concessionárias e outros agentes privados que
colaboram com o funcionamento do sistema viário.

C. SUBSISTEMA AUTOMÓVEIS

Este subsistema trata-se dos transportes e veículos individuais que usufruem


do uso do solo e do sistema viário. Através desse subsistema, é possivel reconhecer a
demanda socio-economica e também espacial, que define as rotas, fluxos e distâncias
percorridas. O subsistema automóveis influencia nas sinalizações horizontais e

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verticais, na demanda por estacionamentos e na necessidade de obras de artes como
pontes ou viadutos para acesso e deslocamento.
Também é composto por diversos elementos que agentes privados ofertam na
cidade como postos de combustível, oficinas mecânicas, sistemas de deliverys,
concessionárias, entre outros. Os agentes que integram esse subsistema são variados,
incluindo os motoristas, empresas de transporte, sindicatos de motoristas, taxistas, os
orgãos de trânsito como o DNIT ou o DETRAN e numa escala municipal na esfera
pública, a Secretaria de Planejamento e a Secretaria de Trânsito.
No Jardim Goiás o subsistema de autómoveis tem um destaque pela
quantidade de veículos que circulam, principalmente em vias conhecidas pelos
congestionamentos e gargalos como a Av. Dep. Jamel Cecílio. Isso se deve, em parte,
à abundância de estabelecimentos comerciais e comerciais consideráveis na região,
que atraem muitos veículos que circulam pela área. A BR-153 por ser uma via expressa,
ajuda no fluxo de tráfego de carros de carga e de passageiros. No entanto, essa alta
demanda de veículos também gera problemas como congestionamentos e fumaça,
que prejudicam a qualidade de vida dos moradores e a sustentabilidade ambiental da
região. Portanto, é fundamental que o subsistema de automóveis seja conjecturado
ao Plano de Mobilidade Urbana.

D. SUBSISTEMA SOCIAL

O subsistema social de uma área urbana inclui elementos relativos aos


moradores e responsáveis por dinamizar o bairro, como por exemplo equipamentos
públicos, dados demográficos, dados socioespaciais que retratam a infraestrutura
social, entretenimento, sistema educacional, saúde e segurança pública, défict e
inadequação habitacional, entre outros.
Em relação ao bairro Jardim Goiás, esse subsistema se destaca por ser
predominantemente composto por pessoas de classe média e alta e por possuir uma
infraestrutura de serviços comparativamente bem desenvolvida, que inclui escolas,
hospitais e shoppings. Conforme também já citado, a região antigamente conhecida
como Vila Lobó, como um assentamento subnormal, recentemente regularizada,

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também integra esse subsistema social como uma paisagem urbana à parte do que é
retratado de forma dominante no bairro.
São considerados agentes do subsistema social todas as pessoas e organizações
envolvidas na criação e reprodução da estrutura social do bairro Jardim Goiás como:
Moradores, funcionários, empresas, organizações comunitárias, movimentos sociais,
entidades governamentais, sindicatos e outros estão incluídos nisso.
Além disso, os grandes empreendimentos imobiliários na área, representados
pelos especuladores, também podem levar à desigualdade socioespacial, à expulsão
de moradores de baixa renda e à consequente segregação espacial. No plano de
mobilidade deve constar a qualidade de vida da população em geral, levando em
conta que podem ser impactadas por esse problema.

E. SUBSISTEMA USO DO SOLO

O subsistema de uso do solo descreve como a área é possível ser ocupada pelas
atividades humanas, incluindo habitação, comércio, serviços, áreas verdes,
institucionais, entre outras. No caso do Jardim Goiás, podemos observar que a
ocupação é predominantemente de caráter residencial, com estruturas de médio e
alto padrão presentes em áreas urbanas consolidadas. Existem outros destaques à
grandes equipamentos urbanos que são estruturados no bairro como PGV’s de
grande impacto, como shopping centers e outros centros empresariais.
A Prefeitura de Goiânia, Câmara dos Vereadores, Secretaria de Planejamento,
Secretaria de Planejamento e Habitação, Secretaria de Finança, Secretaria de Cultura,
especuladores imobiliários, corretores de imóveis, imobiliárias, os próprios moradores
e associações de moradores, além de entidades ambientais são os principais atores do
subsistema de uso do solo no bairro Jardim Goiás.

F. SUBSISTEMA PEDESTRES E CICLISTAS

Como a caminhabilidade é necessária para o acesso a muitos locais, o


subsistema de pedestres é um dos componentes mais significativos no Plano de

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Mobilidade Urbana. E como há fatores que influenciam no estilo de vida de cada
pessoa, é possível que o pedestre seja um potencial ciclista. Os elementos que
envolvem este subsistema são: a segurança, seja por meio de fachadas ativas, um
espaço urbano movimentado e bem iluminado, seja no trânsito com todas as leis,
normas e códigos a favor do pedestre e do ciclista. Envolve também a acessibilidade
por meio de infraestrutura qualificada de calçadas, das ciclovias sinalização horizontal
nas ciclofaixas, faixas de pedestre e vertica, passarelas e pontes.
Os agentes responsáveis por esse subsistema funcionar são os próprios
pedestres e ciclistas: moradores, trabalhadores, estudantes, turistas, visitantes. Consta
nesse subsistema, todo tipo de mobilidade reduzida, de públicos variados e idades que
devem ser consideradas. Os responsáveis pela construção e manutenção das calçadas,
sao a prefeitura, os proprietarios de imoveis, bem como das Secretaria de
Planejamento e Habitação e Secretaria de Infraestrutura. Além disso, aqueles que
trabalham em serviços de transporte público que atendem os pedestres, ou ainda
taxistas e motoristas de aplicativos de transporte também desempenham uma função
importante nesse subsistema.

G. SUBSISTEMA TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO

Talvez um dos mais complexos e mais importantes na compreensão da


Mobilidade Urbana, o transporte coletivo possibilita acesso democrático de mais
pessoas a lugares da cidade. Operado pela empresa privada da RMTC com concessão
pública, que oferece serviços regulares de BRT e ônibus circulares por todo o bairro
Jardim Goiás.
Para compreender este subsistema, é necessário organizar os elementos que o
compõem como sendo: as calçadas, os pontos de onibus, as estações de terminais que
carregam os passageiros, corredores exclusivos que capacitam a rapidez do transporte
coletivo e dá sentido a mobilidade urbana, ônibus circulares e outras modalidades. Os
agentes responsáveis por esse subsistema são os motoristas de ônibus, as próprias
companhias e empresas privadas que atuam em concessão com o Estado, o Estado
que regulamenta e legisla as linhas de transporte público como a Secretaria Municipal

24
de Mobilidade Urbana, a Secretaria de Transito, a própria Prefeitura e a Câmara
Municipal capazes de alterar e requalificar o cenário do transporte coletivo urbano.

H. SUBSISTEMA AMBIENTAL

O subsistema ambiental do bairro Jardim Goiás é um componente crucial do


sistema de transporte e mobilidade da região, pois impacta diretamente na qualidade
de vida dos moradores e na sustentabilidade do bairro. Por exemplo, o
desenvolvimento do Flamboyant Park adicionou um grande espaço verde ao bairro, o
que ajuda a melhorar a qualidade do ar e a baixar a temperatura na área urbana, no
entanto, também colaborou com a verticalização do bairro pois atraiu investidores
privados com a especulação imobiliária. Além disso, a existência de ciclovias e ciclovias
dentro do parque promove o uso de transportes não motorizados, como caminhadas
e rotas cicloviárias, que são opções de transporte urbano mais ecológicas e saudáveis.
Nesse contexto, o bairro Jardim Goiás que é marcado pela verticalização
acentuada com o desenvolvimento de condomínios de luxo, pode afetar
negativamente a ocupação do subsistema ambiental da região, levando ao aumento
da impermeabilização do solo que sobrecarrega a drenagem e outras infraestruturas
públicas, à limpeza de espaços verdes e ao esgotamento dos recursos hídricos. Além
disso, a ocorrência de ocupação irregular em fundos de vale, áreas públicas ou
impróprias pra moradia, também acarretam em prejuízos na qualidade ambiental do
espaço. Para que a preservação ambiental e a ocupação produtiva coexistam no
Jardim Goiás, é necessário estabelecer medidas de preservação ambiental e desenho
urbano sustentável.

1.1.1 Leitura Social

bairro como o Jardim Goiás tem diversas condições sociais que devem ser
levadas em consideração na analise da evolução fisica dos seus sitemas de mobilidade
urbana, o contexto histórico-social e as mudanças socio-economicas do bairro
interferem diretamente na realidade atual.

25
Embora o bairro tenha sido projeto em 1950 idealizando uma “Cidade-Jardim”,
acreditando ser a melhor maneira de proporcinar conforto e higiene a um bairro
residencial, imitando o cenario urbanistico progressista dos bairros parisienses e
paulistanos de meados do século XX, atualmente está dominado por grandes
empreendimentos, condominios verticais e vazios urbanos gerados pela especulação
imobiliaria.
Como foi dito, as primeiras ocupações do bairro eram majoritariamente
irregulares, caracterizado por pessoas que foram despejadas de invasões anteriores no
Jardim Botânico e trabalhadores que construiram o estadio Serra Dourada nos anos
70. Foi só a partir da inauguração do Shopping Flamboyant, nos anos 80, que o bairro
valorizou através de iniciativas público-pivadas que garantiram obras viárias e
transporte público, facilitando a conexão com o centro de Goiânia, reforçado, claro,
pelo Plano Diretor de 1992 que determinava o adensamento da região. Esse novo
cenário de desenvolvimento urbano, atraiu empreendimentos maiores com a
construção de hipermercados, hoteis, entre outros comercios e serviços, além de
alterar o padrão construtivo das casas de classe média social.
Após a construção do Parque Flamboyant, já na decada de 2000 pela Jardim
Goiás Empreendimentos, dona dos lotes localizados no perimetro do parque, graças a
um “acordo” entre a empresa e a prefeitura que a alteração do gabarito desses lotes
foi permitida, possibilitando a construção de edifícios de mais de 20 andares. Edificios
luxuosos de alto padrão, acompanhados de bares, restaurantes, empórios e de outros
comercios dispendiosos. Esses fatores tornam o Jardim Goiás um bairro único dentro
de Goiânia, continua se valorizando devido à oferta de serviços diferenciados que
atraem populações de outros bairros da cidade seja para trabalhar ou para consumir
nos diferentes comercios.
Após mais de 70 anos de existência, o bairro Jardim Goias se consolidou como
uma centralidade urbana que tem como objetivo atender uma população elitizada e
que, de certa forma, privatiza o uso público do parque. A verticalização do bairro,
marcada pela especulação imobiliria, evidencia e reforça a desigualdade socio-
economica existente dificultando a interação de populações mais vulneráveis com
espaços de lazer e áreas verdes dentro da cidade.

26
1.1.2 Identificação de Problemas e Potencialidades

O planejamento urbano eficaz começa com a identificação de questões e


preocupações prospectivas. Para definir estratégias de intervenção e
desenvolvimento, é preciso estar atento às características e exigências da área a ser
trabalhada. Nesse sentido, este tópico apresenta a identificação dos problemas e
oportunidades descobertos nos subsistemas presentes no bairro Jardim Goiás,
inicialmente através de um quadro síntese para resumo dessas potencialidades e
deficiências e em seguida, uma descrição detalhada com imagens dos problemas e
potencialidades identificados em cada subsistema, com o objetivo de fornecer uma
base sólida para o desenvolvimento de ações e medidas que promovam o
desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida dos moradores do
bairro.

QUADRO SÍNTESE DOS POTENCIAIS E DEFICIÊNCIAS

SUBSISTEMAS POTENCIALIDADES DEFICIÊNCIAS

• Abundância de espaços de • Área de proteção ambiental


convivência e parque; invadida e parcialmente
• Grandes equipamentos regularizada
urbanos; • Existência de vazios e lotes
USO DO SOLO
• Áreas disponíveis para novos subutilizados;
E AMBIENTAL
empreendimentos; • Ausência de fiscalização do
• Bairro drenado com diversos uso do solo, do EIV e do EIA;
cursos d’água • Concentração de PGVs que
geram congestionamentos;

• Congestionamentos
• Avenidas e vias largas;
frequentes;
• Corredores estratégicos da BR-
• Sinalização viária incipiente;
AUTOMÓVEL E 153 e GO-020;
• Falta alternativas para
VIÁRIO • Conectividade intraurbana e
estacionamentos;
intermunicipal;
• Valorização do transporte
;
individual;
;

27
• Pontos de ônibus bem
distribuídos; • Ausência de um terminal de
• Vias arteriais com integração;
infraestruturas básicas • Calçadas em más condições;
TPC, PEDESTRES E completas para implantação de • Mobiliários urbanos nas
CICLISTAS ciclovias ; calçadas incipientes;
• Corredores estatégicos; • Ausência de mobilidade
• Calçadas com boas dimensões complementar;
para implantação de • Calçadas sem acessibilidade;
mobiliários;

• Desigualdade econômica;
• População diversificada; • Especulação imobiliária;
• Região com grande potencial • Valor do solo urbano
SOCIAL E
econômica e de comércio restringe acesso à pessoas
ECONÔMICO
consolidado; de baixa renda;
• Área gera empregos na região; • Pessoas em situação de rua;

1. SUBSISTEMA USO DO SOLO E AMBIENTAL

Existem várias potencialidades e deficiências identificadas no subsistema de


uso do solo e ambiental. Potencialmente, destaca-se a disponibilidade de espaços
verdes e áreas de lazer, como o Parque Flamboyant, que oferece um ambiente
agradável e acolhedor para atividades físicas e convívio social, servindo como um
refúgio da vida urbana e funcionando como um microclima redutor das temperaturas
na cidade. Além disso, há a existência de instituições de ensino superior como a PUC-
GO e o Teatro da PUC que estabelece a região como uma centralidade. O cenário
comercial e empresarial diversificado da região também é vantajoso porque fornece
renda e emprego à população local em destaque aos hipermercados idenificados no
diagnóstico e claro, do Shopping Flamboyant que além disso, é um excelente atrativo
para o merccado imobiliário.
No entanto, essa concentração de Polos Geradores de Viagens pode também
ser uma deficiência pelo valor do uso do solo muito elevado ocasionar em

28
deslocamentos que agravam os congestionamentos, retendo a fluidez do trânsito que
contribui também para a poluição atmosférica.
Além disso, outras questões que envolvem a ausência de planejamento urbano
ou até mesmo a falta de fiscaização com o cumprimento de Estudos de Impacto com
o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) e Estudo de Impacto Ambiental (EIA) que
regulamentam o uso do solo e o meio ambiente. Essa realidade produz espaços
subutilizados e revela a grande quantidade de vazios, também para atender a
especulação imobiliária, esta que agrava a desigualdade econômica e a degradação
de áreas ambientais protegidas, como exemplo a antiga Vila Lobó que só
recentemente foi regularizada, expondo que há no bairro uma demanda por
habitação social, apesar da alta densidade e da verticalização intensa (figura 12), o
bairro não consegue incluir nessa pauta da habitação outros estratos sociais de baixa
renda.

Figura 12. Verticalização intensa nas áreas próximas ao Parque Flamboyant.


Fonte: IFlat Service Manager

O artigo 133 do Plano Diretor de Goiânia de 2007 enfatiza o valor da preocupação


com as áreas ambientais no Jardim Goiás ao classificar a área como Área Especial de
Interesse Ambiental. A recuperação e conservação de regiões degradadas, habitats
aquáticos, remanescentes de vegetação natural, recuperação de solos e controle de
processos erosivos são os objetivos desta medida. Renato de Melo Rocha, arquiteto e

29
urbanista, discute a necessidade de reduzir o lençol freático abaixo do nível necessário
para suportar os lagos do Parque Flamboyant em reportagem produzida por Deise
Assis ao jornal O Popular em abril de 2011. Renato argumenta que: “os lagos do Parque
Flamboyant podem desaparecer dentro de 8 a 10 anos se o ritmo de construção no
entorno do parque não diminuir”. Ele ainda estende essa preocpação ao córrego
Botafogo:

O solo já não absorve tanta água que escorre na superfície em dias de


chuva. A canalização do Córrego Botafogo já está no limite e o curso
d‟água ameaça transbordar em dias de maior volume de chuva. [...] a
infraestrutura existente nesse local é para áreas de baixa densidade.
Assim o poder público [...] terá de investir em infraestrutura para esse
novo perfil de bairros antes residenciais e que agora se transformaram
em bairros verticais.. (ASSIS in: O Popular, 2011).

2. SUBSISTEMA AUTOMÓVEIS E VIÁRIO

Este subsistema pra região é complexo, expondo certas ambivalências nas


potencialidades, sendo que pela falta de um planejamento eficaz, alguns pontos
acabam por gerar deficiências estruturais no sistema viário pela quantidade cada vez
maior de veículos particulares, sendo uma dessas deficiências já pontuadas, a
valorização do transporte individual em detrimento do transporte público coletivo.
Em relação às potencialidades, destaca-se que o bairro possui uma localização
estratégica, oferecendo uma boa conectividade intraurbana através de vias arteriais
importantes na cidade como a Avenida Jamel Cecílio e a Avenida E para os automóveis,
inclusive interligando a região metropolitana através dos viadutos, trevos e outras
engenharias de transporte que concede rapidez no trânsito em horários que não são
de pico pelo excesso de veículos nesse horário.
No entanto, nos horários próximos do fim de expediente comercial, identifica-
se diversos pontos de estrangulamento principalmente nas duas vias de trânsito
rápido, BR-153 e GO-020, que permitem intenso fluxo de veículos, principalmente

30
veículos de carga, entre as regiões metropolitanas. Além disso, a arterial secundária
Avenida Fued Sebba é uma das importantes vias para a mobilidade, concentrando
vários pontos de ônibus e uma via bidirecional que apresenta gargalos no trânsito e
por consequência, dificulta o uso de meios alternativos (figura 13).
Além disso, alguns pontos carecem de sinalização adequada, o que pode causar
confusão e apresentar riscos aos motoristas. Essas questões são desafios significativos
de planejamento urbano e devem ser levadas em consideração em quaisquer ações
futuras para aumentar a mobilidade na área.

Figura 13. Congestionamento na Avenida Fued José Sebba.


Fonte: Jornal O Popular (2019)

3. SUBSISTEMA TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO, PEDESTRES E CICLISTAS

Esse subsistema foi compilado por haver componentes correlatos que


traduzem a mobilidade urbana ativa no bairro. Nesse caso, o subsistema de transporte
coletivo, pedestre e ciclistas apresenta diversas potencialidades no bairro Jardim Goiás.
Uma das principais potencialidades é a presença de muitos pontos de ônibus que
ajuda a população que utiliza o transporte coletivo, além de diversas linhas de ônibus
que conectam o bairro a outras regiões da cidade, o que aumenta a mobilidade da
população.

31
No entanto, a ausência de um terminal de integração próximo, reduz a
conectividade entre bairros, pois é necessário pegar mais que um transporte público
e isso dificulta também a questão da tarifa única que nesse caso é de grande
importância, pensando que em um bairro valorizado, a economia para pessoas de
baixa renda necessita ser considerada para ser inclusivo. Além disso, pelo trânsito ser
produzido majoritariamente de veículos particulares, isso faz com que os meios de
transporte ativo sejam pouco utilizados principalmente pelo bairro não oferecer
infraestrutura urbana adequada que estimule o pedestre e seja atrativo para ciclistas
com a promoção de vias cicloviárias.
Nesse sentido, podemos identificar que a infraestrutura cicloviária ainda é
insuficiente no bairro, e o uso da bicicleta como meio de transporte alternativo fica em
segundo plano, muitas vezes lidado como uma alternativa de lazer e não como um
meio de transporte na mobilidade urbana. O projeto das ciclofaixas leva em
consideração a integração entre os principais parques da cidade: Vaca Brava, Areião,
Lago das Rosas, o Jardim Botânico e o Parque Flamboyant. Atualmente, o Parque
Flamboyant, localizado no Jardim Goiás, não se integra com nenhum outro parque
para que a implantação dessas vias cicláveis seja possível.
O parque mais próximo é o Parque Areião, ligado através da Av. Jamel Cecílio,
uma via arterial de segunda categoria e um dos principais eixos de deslocamento da
cidade, via que, segundo o artigo 7° da Lei complementar nº 169, de 15 de fevereiro de
2007 do Sistema Cicloviário, deveria possuir uma ciclovia ou, no mínimo uma faixa
compartilhada devidamente sinalizada, para atender os pontos potenciais de origem
e destino dos ciclistas nas principais áreas geradoras de tráfego.
Quanto aos pedestres, há questões a serem debatidas e enfrentadas,
principalmente por ser um bairro muito frequentado por públicos diversos e que
encontram dificuldades na mobilidade reduzida, pela ausência de acessibilidade nas
calçadas seguindo a norma 9050. Em alguns pontos do bairro, é possível ver calçadas
largas e isso se repete em quase todos os logradouros, no entanto, a ausência de guias
rebaixadas e pisos táteis direcionais, revelam essa falta de preocupação em tornar o
bairro mais inclusivo para todas as pessoas. Além disso, há a necessidade de
manutenção da condição de calçadas com infraestrutura precária e ausência de

32
mobiliários urbanos, principalmente de lixeiras que contribuem com a limpeza urbana
feita pela COMURG e também auxilia na drenagem.
Essa questão se repete nas vias, principalmente as vias de trânsito rápido e que
interligam áreas importantes na região, no entanto, são mais acessíveis por veículos
individuais, identificando conflitos de travessia em viadutos como mostra na figura 14,
sem que haja calçadas ou outros meios para a proteção do pedestre que disputa com
veículos pesados o espaço da via pública, podendo ocasionar acidentes.

Figura 14. Conflitos de travessia no viaduto da Av. Jamel Cecílio com a Av. Marginal Botafogo.
Fonte: Goiás em foco (2018)

Para a segurança das pessoas que utilizam o transporte público coletivo,


ciclistas e pedestres, a sinalização adequada é fundamental. A falta de sinalização
horizontal e vertical pode tornar o trânsito mais errático, além de aumentar a chance
de acidentes. É possível observar situações de sinalização insuficiente no bairro do
Jardim Goiás, como a ausência de faixas de pedestres, semáforos e placas indicativas.
Além disso, certas rotas têm uma alta densidade de veículos, o que pode dificultar o
trânsito de pedestres e ciclistas. A alta densidade de veículos e a sinalização
inadequada contribuem para uma péssima mobilidade urbana do bairro e para o
aumento do risco de acidentes. Portanto, é fundamental que os órgãos responsáveis
pelo controle do trânsito para garantir a acessibilidade e segurança de todos os
usuários, a área faça investimentos suficientes em segurança e sinalização.

33
Figura 15. Ausência de sinalização e calçada para o pedestre na Av. Dep. Jamel Cecílio.
Fonte: Google Street View (2018)

4. SUBSISTEMA SOCIAL E ECONÔMICO

O subsistema social e econômico do bairro Jardim Goiás apresenta algumas


potencialidades que merecem destaque, como a densa concentração de
empreendimentos imobiliários de alto padrão que atraem clientes com elevado poder
aquisitivo e impulsionam o crescimento econômico regional, produzindo renda e
geração de empregos. A área também oferece uma série de instalações e serviços
públicos que beneficiam tanto os moradores quanto pessoas de outros bairros,
incluindo parques, shoppings, escolas e hospitais privados, públicos e conveniados.
Por outro lado, a questão socioeconômica do bairro sofre uma série de
deficiências, também ocasionadas pelas questões que por hora, aparecem como
potenciais de desenvolvimento econômico, mas desagrava o contexto social. O
segundo Censo da População em Situação de Rua, divulgado em 2019 pela
Universidade Federal de Goiás em parceria com a Prefeitura de Goiânia, a Secretaria
de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (SMDHPA), mostrou que existem na
capital 353 pessoas em situação de rua. No Jardim Goiás, a presença dessas pessoas
marginalizadas pelo poder público é um desagravo para os moradores locais, pois tem
gerado insegurança e desconforto (figura 16). Além disso, existem políticas públicas
insuficientes para enfrentar esse problema e garantir a proteção desses indivíduos.

34
Figura 16. Pessoas em situação de rua no bairro Jardim Goiás.
Fonte: Letícia Coqueiro para o Jornal A redação (2020).

1.2 PROGNÓSTICO

De acordo com os dados levantados sobre o bairro Jardim Goiás, pode-se fazer
uma leitura da realidade, que foram destacadas no diagóstico, com objetivo de
repensar alguns elementos dos subsistemas urbanos, principalmente no que diz
respeito a mobilidade urbana. Nesse sentido, alguns aspectos serão destacados.
O desenvolvimento urbano do setor Jardim Goiás se deu por um processo de
transformação da paisagem em seu entorno, ressaltando-se uma ocupação
desordenada nas proximidades do Parque Flamboyant, que em certo nível gerou
comprometimento em relação as questõe ambientais. Por conta disso, no que se
refere ao SUBSISTEMA USO DO SOLO E AMBIENTAL é necessário mobilizar a
implementação de políticas governamentais voltadas para a preservação e
recuperação dos ecossistemas regionais, como a vegetação nativa e os ecossistemas
aquáticos, bem como para a contenção dos processos erosivos, é fundamental em
termos do subsistema ambiental e do uso do solo.
O desenvolvimento do setor através da densificação e verticalização,
influenciado pelas pressões e interesses do setor imobiliário, que conduziram, de uma
maneira geral, alterações nos parâmetros urbanísticos previstos em lei. Tais alterações
referentes ao uso e ocupação do solo urbano promoveram o aumento da
impermeabilização de consideráveis parcelas da bacia de drenagem ocasionando um

35
aumento no número de inundações, alagamentos e enxurradas em Goiânia nos
últimos anos.
Um dos projetos modelos que podemos sugerir como prognóstico dessas
questões é o projeto bairro da gente em Limeira, que mescla as ideias de Jane Jacobs
e Jan Ghel e está situado em um terreno onde antes funcionava o aeroclube de
Limeira. O bairro da gente é apoiado nos conceitos de acupuntura urbana e renda
mista e visa definir parâmetros de planejamento urbano por meio de abordagem de
gestão participativa para idealizar um bairro compacto. Além disso, a ideia pretende
fortalecer os espaços públicos e criar uma nova cultura política. O projeto integra
diversas organizações municipais e cria uma estratégia social para o município,
delineando serviços prioritários com base nos seguintes eixos: Qualidade profissional,
Geração de trabalho e Renda asociado à Assistência Social.

Figura 17. Masterplan das diretrizes para o bairro da gente em Limeira.


Fonte: Zoom Arquitetos.

Dentro do Estado de São Paulo que representa uma das maiores densidades
demográficas do país, o bairro da gente em Limeira apresenta uma solução viável para

36
as investidas à especulação imobiliária, pois propõem uma gestão urbana participativa
e através da cidade compacta produz uma heterogeneidade de gabaritos que além
de democratizar a cidade, também reduz os percursos e produz uma cidade
sustentável garantindo moradia em áreas próprias, preservando assim as áreas de
proteção ambiental..
Em relação ao SUBSISTEMA DE AUTOMÓVEIS E VIÁRIO, podemos concluir que
o excedente de veículos particulares no bairro, causa transtornos de
congestionamentos fequentes que impedem a fluídez no trânsito. É necessário
mobilizar também o poder público para que invista na mobilidade ativa como forma
de desestimular o uso do veículo próprio, propondo vias completas para estabelecer
essa nova alternativa.

Figura 18. Intervenção artística sob a via calma de Curitiba.


Fonte: Prefeitura de Curitiba

Uma forma de conduzir essas questões que envolvem o complexo subsistema


viário e de automóveis no bairro, poderia ser considerado através dos propostas do
Plano diretor para a cidade de Curitiba foi criado pela competente equipe de Lerner,
integrando o uso do solo e o transporte enquanto examinava a ideia de uma cidade
sustentável e interligada. Para concretizar essa visão, implementou o conceito de via

37
calma, com redução das pistas de rolamento para resgate da vida urbana
compartilhada.
Quanto aos estacionamentos, não seria prudente propor que fossem
subterrâneo, sendo necessário implantar um sistema de estacionamentos rotativos de
zona azul nas principais vias comerciais, além de aumentar a fiscalização para que não
ocorra estacionamentos em filas duplas ou nas duas faixas da via. O Programa Cidade
Inteligente da cidade de Jaraguá, no interior do estado de Goiás, propõe um chamado
de participação coletiva para que a população contribua com as propostas para o
estacionamento, também visando áreas específicas para dispor as motocicletas e
similares em cada parte da cidade (figura 19).

Figura 19. Chamada de participação pública para o Programa Cidade Inteligente do


município de Jaraguá-GO. Fonte: Prefeitura de Jaraguá – GO.

38
Em relação ao SUBSISTEMA DE TPC, PEDESTRES E CICLISTAS, pelos
diagnósticos anteriores podemos concluir que a densificação do setor, bem como sua
diversidade de usos, pode ser lida também forma positiva para potencializar a
mobilidade urbanano setor, conforme indicou os estudos de Abreu (2019),
O Jardim Goiás por ser considerado uma centralidade pelas características que
como eixos de transportes bem estruturados, altas densidades, uso misto do solo,
dentre outros, necessita versificar a sua mobilidade.. É uma região com muitos acessos
viários e de fácil ligação intermunicipal (BR-153).. Pensando nisso, é necessário antes
de tudo, propor uma Estação de Integração do Jardim Goiás que consta no Plano
Diretor de 2007, mas que não foi realizado. Dito isso, nesse prognóstico, a sugestao
para o transporte coletivo vem de encontro ao Plano Diretor de Curitiba que através
do arquiteto urbanista Jaime Lerner, desenvolveu o que hoje é conhecido como BRT
(Bus Rapid Transit). O conceito de Lerner afirma que o transporte deve ser eficaz e
acessível, bem como sustentável, especialmente em áreas urbanas onde a
comunidade e a saúde são priorizadas, e até hoje, esse modelo é um dos mais copiados
para fins de mobilidade urbana.

Figura 20. BRT e pontos de ônibus inteligentes em Curitiba. Fonte: Estadão Mobilidade.

Para o pedestre e os ciclistas a solução encontrada também passa por Curitiba,


um projeto recentemente implantado de rua completa que busca em meio a
verticalização dos prédios, voltar os olhos para a escala humana. Concluída em

39
fevereiro, a rua completa se tornou mais segura e mais atrativa para a permanência
graças aos novos bancos e passadiços mais largos. Um resgate do passado que
potencializa o desenvolvimento de um futuro mais humano para as cidades brasileiras
e torna o presente mais hospitaleiro. Foi inaugurada antes do advento da pandemia
de COVID-19 em 2019, e estimulou a mobilidade ativa e o pedestrianismo, garantindo
ciclofaixas e acessibilidade para a promoção do bem estar social e do conforto térmico
e visual, requalificando também a paisagem.

Figura 21. Antes e depois da intervenção de via completa em Curitiba-PR.


Fonte: Daniel Castellano, Archdailly (2019)

Quanto ao SUBSISTEMA SOCIAL E ECONÔMICO, há problemas que somente o


poder público e organizações sem fins lucrativos, ou até mesmo a iniciativa privada
em consórcios com a prefeitura poderia resolver. Uma dessas questões é o problema
de pessoas em situações de rua que só cresce tanto no bairro quanto em toda a região
de Goiânia. Uma das propostas para resolver essa questão é a promoção de aluguéis
sociais espalhados pelo bairro. Uma medida que pode conter também o avanço da
especulação imobiliária, intervendo assim através dos instrumentos urbanos contidos
no Estatuto da Cidade para exercer a função social da propriedade e assim, buscar
nesses vazios constituir moradia social para quem necessita. Realocar quem está em
áreas degradadas para habitações de interesse social e inseri-las também no mercado
de trabalho, em um bairro que promete ser um dos maiores geradores de emprego e
renda.
Um dos problemas também que afeta a ordem socioeconomica do bairro, são
as constantes chuvas que estão inseridas no contexto ambiental e de uso do solo, pela
instrumentalização negativa dessas questões que promovem um bairro impermeável,

40
dificultando a drenagem urbana. São muitos os episódios de alagamentos que afetam
principalmente as classes mais baixas, causando prejuízos de ordem social com a
retirada de pessoas atingidas pelas fortes chuvas e econômica, com as perdas
materiais. Uma proposta projetual para resolver essas questões são os jardins de chuva
espalhados na cidade, entre outros aspectos de infraestrutura-verde como biovaletas,
bacias de detenção e contenção que promovem a permeabilidade necessária para
atuar na drenagem urbana. Abaixo, a figura 22 ilustra como a cidade de Belo Horizonte
em Minas Gerais interviu nessa questão em torno do Parque JK, além de outros 60
jardins na bacia do Córrego do Nado.

Figura 22. Jardim de chuva implantado por toda a cidade de Belo Horizonte - MG.
Fonte: Archdailly

É possível perceber que as propostas dos outros subsistemas aqui apresentados


na fase de prognósticos também foram elaboradas tendo em vista a questão
socioeconômica, dado o pano de fundo que tem sido proporcionado. No entanto, é
necessário mais do que intervenções pontuais de projeto, é importante, é importante
a adoção de medidas públicas que possam requalificar o subsistema socioeconômico
é fundamental, porém necessária não só para o bairro Jardim Goiás, mas para toda a
cidade de Goiânia. É fundamental fomentar o empreendedorismo e a geração de
empregos na região por meio de incentivos fiscais e linhas de crédito específicas

41
também para micro e pequenas empresas e auxiliar na inclusão da baixa renda com
programas de assistência social..
Para finalizar os prognósticos, o quadro síntese abaixo buscou compilar todas
as ações que podem ser potencialmente aplicadas nas zonas identificadas abaixo:

QUADRO SÍNTESE DOS PROGNÓSTICOS


SUBSISTEMAS PROGNÓSTICOS ZONAS

• Melhor acesso ao Estádio e grandes


Empreendimentos da região atraves de Shopping e
Econômico
transporte público coletivo e não individual; Hipermercados
• Diminuição da desigualdade econômica;

• Melhora no Fluxo de Veiculos nas principais Av.A; Av. Dep. Jamel


vias do bairro evitando o trafego lento e Cecílio; Av. E; Av.
posssibilitando o uso de outros meios de Fued José Sebba; Av.
Viário
transporte não individual. Assim como a J; Rua 31; Rua 47;
mobilidade de pedestres, priorizando o ser Rua 72; Rua 77; Rua
humano em vez do automovel. 78; Rua 109;

• Cidade compacta;
• Fácil acesso à área verde e utilização por toda
a população residente ou não do bairro.
• Desaceleraçao de densidade; Entorno do Parque
Uso do solo
• Redução da Impermeabilização excessiva, Flamboyant;
diminuição do rebaixamento lençol freático
por empreendimentos e recuperação das
áreas verdes;

• Diminuição da desigualdade socio-


econômica;
• Maior geração de empregos e habitações
Social sociais; Bairro Jardim Goias;
• Eliminação das ocupações irregulares, dando
condições de habitação digna dentro do
mesmo bairro para as pessoas;

• Eliminação do congestionamento nas


Av.A; Av. Dep. Jamel
principais vias;
Automóveis Cecílio; Av. E; Av.
• Priorizar o pedestre no sistema viario e outros
Fued José Sebba;
meios de transporte coletivo

42
• Promover outras centralidades urbanas Shopping e Parque
• Politicas publicas e insfraestrutura que Flamboyant;
valorizam o sistema de transporte publico
coletivo;

Av.A; Av. Dep. Jamel


• Pedestre como prioridade nos subsistemas de
Cecílio; Av. E; Av.
mobilidade urbana melhorando o percuso, a
Pedestre Fued José Sebba;
segurança, a infraestrutura e os tempos de
Shopping e Parque
viagem;
Flamboyant;

• Parque Flamboyant acessivel a tota a


população goianiense atraves de ciclovias que
conectam com outros parques da cidade;
• Acesso a serviços de saneamento básico, tais
como: coleta de resíduos sólidos urbanos,
coleta de esgoto e abastecimento de água por
Parque Flamboyant
toda a população do bairro;
Ambiental e vazios urbanos do
• Eliminação dos vazios urbanos existentes,
bairro.
diminuindo a especulação e aumentando o
numero de moradias sociais.
• Diminuição da Impermeabilização excessiva,
diminuição do rebaixamento lençol freático
por empreendimentos e recuperação das
áreas verdes;

43
REFERÊNCIAS

ASSIS, Deire. Ocupação ameaça parques. Jornal O Popular, Goiânia, 24 abril. 2011.
Cidades, p. 5.

ABREU, Gustavo Henrique Luz de. Centralidades urbanas em Goiânia: O caso


Jardim Goiás. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação Stricto Sensu
do Mestrado Acadêmico em Desenvolvimento e Planejamento Territorial (MDPT) da
Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), Goiânia, 2019. Diponível em:
http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/bitstream/tede/4198/2/Gustavo%20Henrique%20Lu
z%20de%20Abreu.pdf. Acesso em: 15 de abril de 2023.

ACHCAR, EdyLamar W. da Silva. Urbanização corporativa em Goiânia:


Empreendimentos Louza. 2008. 136 p. Dissertação (Pós-Graduação em
Desenvolvimento e Planejamento Territorial) - Departamento de Economia,
Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2008. Disponível em:
https://tede2.pucgoias.edu.br/handle/tede/2862. Acesso em: 10 de dezembro de 2021.

BRITO, Larissa Santos. MAGALHÃES, Vivian Rodrigues. Análise do mercado


imobiliário goianiense: Enfoque no Jardim Goiás. Trabalho de conclusão do curso de
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