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Volkswagen
Volkswagen
2001
COMISSÃO
DECISÃO DA COMISSÃO
de 29 de Junho de 2001
relativa a um procedimento de aplicação do artigo 81.o do Tratado CE
(Processo COM/F-2/36.693 — Volkswagen)
[notificada com o número C(2001) 1698]
(Apenas faz fé o texto em língua alemã)
(Texto relevante para efeitos do EEE)
(2001/711/CE)
Após ter dado à empresa interessada a oportunidade de se pronunciar sobre as acusações formuladas pela
Comissão, em conformidade com o n.o 1 do artigo 19.o do Regulamento n.o 17 e com o Regulamento n.o
2842/98 da Comissão, de 22 de Dezembro de 1998, relativo às audições previstas nos artigos 85.o e 86.o
do Tratado (3),
Após consulta do Comité Consultivo em matéria de acordos, decisões e práticas concertadas e de posições
dominantes,
Considerando o seguinte:
1. INTRODUÇÃO
1.1. Procedimento
(1) A Comissão recebeu uma queixa dum comprador de um veículo à qual está anexada uma circular da
sociedade Volkswagen AG, de 17 de Abril de 1997. Através desta circular, o «Director de Vendas da
Volkswagen Alemanha» instava os concessionários e garagistas Volkswagen alemães a não venderem
o novo modelo «VW Passat Variant», lançado no mercado alemão em 6 de Junho de 1997, a preços
inferiores ao preço aconselhado e a obedecerem a uma «disciplina tarifária rigorosa».
(2) Na sua resposta ao pedido de informações da Comissão, formulado por força do artigo 11.o do
Regulamento n.o 17 (4) a sociedade Volkswagen AG apresentou duas outras cartas, de 26 de
Setembro de 1996 e 26 de Junho de 1997, relativas à formação de preços do novo VW Passat.
(3) Perante estas e outras informações fornecidas pela Volkswagen AG (5), a Comissão enviou a esta
empresa, com data de 22 de Junho de 1999, uma comunicação de acusações na qual a Volkswagen
AG é acusada de ter cometido uma infracção às disposições do artigo 81.o do Tratado CE, por ter
acordado com os concessionários alemães da sua rede de distribuição uma disciplina tarifária
rigorosa para a venda do modelo VW Passat.
(4) Por carta de 10 de Setembro de 1999, a sociedade Volkswagen AG respondeu a esta comunicação de
acusações de 22 de Junho de 1999 e confirmou que os factos nela descritos eram, quanto ao
essencial, exactos (6). Além disso, a Volkswagen AG exprimiu o seu ponto de vista, nomeadamente
sobre as conclusões jurídicas e as objecções da Comissão, mas não solicitou ser ouvida.
1.2. A empresa
(6) A Volkswagen AG, cuja sede se situa em Wolfsburg, é a sociedade holding do grupo Volkswagen e,
além disso, a maior empresa do grupo. As actividades do grupo abrangem a construção de veículos
das marcas Volkswagen, Audi, Seat e Škoda, bem como o fabrico de componentes e de peças para
todas as empresas do grupo em todo o mundo. Há ainda outras actividades nos domínios dos
motores industriais, das peças sobresselentes, dos serviços financeiros e dos seguros.
(8) O novo automóvel (berlina) VW Passat B 5 foi colocado no mercado alemão em 11 de Outubro de
1996, e a carrinha (break) VW Passat B 5 Variant, que é, em termos de carroçaria, uma variante da
berlina, em 6 de Junho de 1997.
Total 42 769 273 259 349 378 322 588 297 341
(5) Resposta da Volkswagen AG de 9 de Novembro de 1998 a um segundo pedido de informações da Comissão endere-
çado em 8 de Outubro de 1998.
(6) Observações da Volkswagen AG, de 10 de Setembro de 1999, sobre as acusações da Comissão, pontos 1 e 5 (p. 139
e seguintes).
L 262/16 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias 2.10.2001
(unidades)
(11) A indústria e o comércio de automóveis (8), bem como os analistas deste mercado, partem do
princípio de que os veículos de passageiros não são, do ponto de vista do consumidor final,
indiferenciados. Por isso, habitualmente, repartem-nos nos chamados «segmentos», com base em
critérios objectivos tais como comprimento do veículo, preço de compra, tipo de carroçaria, potência
do motor e imagem de marca (9). A repartição por segmentos mais usual é a seguinte: A: utilitários
mini-cilindradas, B: utilitários baixas cilindradas, C: categoria média, D: categoria média superior, E:
categoria superior, F: categoria de luxo, G: monovolumes e veículos de desporto, sendo este último
segmento ocasionalmente subdividido dos seguintes modos: veículos de desporto de baixo de gama,
veículos de desporto de topo de gama, monovolumes e veículos todo-o-terreno (10); por vezes,
monovolumes, coupés, descapotáveis e veículos todo-o-terreno (11).
(12) Os relatórios sobre o preço dos veículos na União Europeia, que a Comissão publica semestralmente
(ver considerando 17 infra), também são baseados nesta segmentação e contêm indicações de preços
para os modelos de veículos de passageiros que se inserem nos sete segmentos A a G acima
descritos, a fim de agrupar modelos comparáveis do ponto de vista do consumidor.
(13) Além disso, a Comissão chama a atenção para a 23.a eleição do melhor automóvel realizada pelos
leitores da revista «Auto, Motor und Sport» (12). Neste inquérito realizado junto dos consumidores, há
277 modelos de veículos de passageiros que estão repartidos por 10 categorias (13). As seis categorias
— A: utilitários mini-cilindradas, B: utilitários baixas cilindradas, C: categoria média inferior, D:
categoria média, E: categoria média superior e F: categoria de luxo — correspondem aos seis
primeiros segmentos indicados no considerando 11 supra. Os coupés, descapotáveis, veículos todo-o-
-terreno e multiusos figuram em segmentos distintos.
(14) Segundo as indicações da Volkswagen, o Passat deve ser incluído no segmento de mercado aqui
designado por segmento D «categoria média superior» (comprimento de cerca de 4,45 m a cerca de
4,75 m e intervalo de preços entre cerca de 32 000 DM com a motorização de base a cerca de
60 000 DM com a motorização de topo) (14). Neste segmento estão igualmente classificados vários
modelos de veículos de outras marcas, que são citados pela Volkswagen como alternativas para os
clientes do Passat, por exemplo o Audi A 4, o Opel Vectra, o BMW série 3, o Ford Mondeo e o
Mercedes classe C.
(15) Os outros modelos da concorrência que figuram na categoria média superior são: Alfa Romeo 156,
Citroën Xantia, Lancia Dedra, Fiat Marea, Honda Accord, Mazda 626, Mitsubishi Carisma, Nissan
Primera, Peugeot 406, Renault Laguna, Rover 400/600, Subaru Legacy, Suzuki Baleno, Toyota
Avensis e Volvo S/V40.
3); Decisão da Comissão de 14 de Março de 1994 no processo IV/M.416 — BMW/Rover (JO C 93 de 30.4.1994);
Relatório sobre o preço dos veículos na CE, 1992, p. 29.
( ) Relatório sobre o preço dos veículos na CE, 1992, p. 29.
10
( ) Auto, Motor und Sport, n.o 22, de 21 de Outubro de 1998, p. 126 e seguintes.
11
(12) Auto, Motor und Sport, n.o 22, de 21 de Outubro de 1998, p. 126 e seguintes.
(13) Utilitários mini-cilindradas, utilitários baixas cilindradas, categoria média inferior, categoria média, categoria média
superior, categoria de luxo, veículos de desporto, descapotáveis, veículos todo-o-terreno e monovolumes.
(14) Indicações da Volkswagen AG na resposta de 9 de Novembro de 1998 ao pedido de informações da Comissão de 8
de Outubro de 1998, p. 3 (p. 42).
2.10.2001 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias L 262/17
Total dos veículos do segmento 896 422 922 054 1 029 334 979 214 840 274
D matriculados na Alemanha
(todas as marcas)
VW Passat entregues a clientes 104 274 (dos 136 979 (só 158 595 130 677 96 761
na Alemanha quais 14 314 do novo modelo)
novo modelo)
(17) Duas vezes por ano, a Comissão publica um relatório sobre o preço dos veículos na União
Europeia (15), que se baseia nos elementos que lhe são comunicados pelos construtores. Um dos
objectivos da Comissão, ao publicar estes relatórios, consiste em aumentar a transparência dos
preços. O utilizador final deve poder adquirir o veículo pretendido no Estado-Membro em que sejam
oferecidos os preços e restantes condições de venda mais atraentes. Nesta matéria, a Comissão não
pretende suscitar uma igualdade de preços na União Europeia, mas está empenhada em obter, graças
a uma maior transparência dos preços, uma redução das disparidades de preços através da plena
actuação das forças do mercado.
(18) Com base nestes inquéritos sobre os preços, são os seguintes os preços nos diversos Estados-
-Membros para o VW Passat, sendo utilizado como modelo de referência a berlina VW Passat Basic
100 cv:
Berlina VW Passat Basic 100 cv, cinco velocidades, quatro portas (*):
Ano B D E F IRL I L NL AU P S UK DK FI GR
1.5.1996 111,3 126,9 118,6 110,1 113,1 111,9 107,9 103,2 103,8 100,0 117,0 105,5 86,0 84,1 —
modelo precedente,
com 90 CV
1.11.1996 109,2 124,4 114,8 107,9 115,2 111,9 105,6 100,9 — 100,0 117,2 111,8 84,6 152,5 94,6
modelo precedente,
com 90 CV
1.5.1997 108,0 125,3 104,3 108,6 108,3 111,1 109,1 100,0 109,7 107,5 110,4 126,9 85,4 141,6 92,3
1.11.1997 107,6 120,4 102,6 107,4 105,9 109,4 108,6 100,0 108,8 104,5 112,2 133,5 79,3 141,0 90,6
1.5.1998 107,4 116,9 100,7 105,3 105,0 108,6 108,6 100,0 106,0 103,7 113,4 136,4 79,8 79,3 91,7
1.11.1998 105,7 113,8 100,3 103,6 101,3 105,6 105,8 100,0 103,3 102,9 102,9 124,0 80,1 79,4 91,4
1.5.1999 121,6 124,2 109,4 114,4 101,4 117,7 117,7 110,8 115,4 113,9 117,1 139,9 88,8 100,0 103,5
1.11.1999 121,6 124,2 110,0 114,4 101,4 117,7 117,7 110,8 115,4 113,9 120,4 143,4 88,8 100,0 99,6
(*) O preço, excluindo impostos , no país com o preço mais baixo é fixado em 100, sendo tomados em consideração apenas os seguintes países: Bélgica, Alemanha, Espanha,
França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Portugal e Reino Unido. Os preços dos veículos nestes países são publicados duas vezes por ano nos relatórios
da Comissão sobre o preço dos veículos na União Europeia. Nos três países indicados em itálico — Dinamarca, Finlândia e Grécia —, os preços foram calculados por
comparação com o do país que, em cada caso, tinha o preço mais baixo. Após a introdução da moeda única em 1 de Janeiro de 1999, a apresentação foi modificada,
passando a ser considerado como mercado de referência o país da zona euro com os preços mais baixos (Finlândia).
(15) Relatório sobre o preço dos veículos na União Europeia, Comissão das Comunidades Europeias, Direcção-Geral IV — Concorrência, várias edições.
L 262/18 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias 2.10.2001
(19) Na Alemanha, como noutros Estados-Membros da UE, os veículos particulares produzidos pela
Volkswagen AG são distribuídos, no âmbito dum sistema de distribuição selectivo e exclusivo, por
concessionários com os quais o construtor celebra um contrato de concessão. Nos termos do n.o 1
do artigo 4.o do contrato de concessão, na sua versão de Setembro de 1995, e também nos termos
dos contratos vigentes desde 1 de Janeiro de 1998, a Volkswagen AG atribui ao concessionário em
questão um território contratual, para que este execute o programa de entregas dos veículos
adquiridos e preste serviço à clientela. O concessionário compromete-se a promover intensamente a
venda e os serviços pós-venda no território que lhe é atribuído e a explorar ao máximo o potencial
do mercado (16). Por força do n.o 2 do artigo 4.o do contrato de concessão, o concessionário
abstém-se de fazer intervir qualquer intermediário e de dispor de sucursais ou depósitos fora do seu
território de concessão. Além disso, só está autorizado a fazer publicidade personalizada no seu
território de concessão. O n.o 6 do artigo 2.o do contrato de concessão determina que os concessio-
nários Volkswagen alemães não têm o direito de fornecer veículos novos a revendedores indepen-
dentes.
(20) Há também veículos novos distribuídos em menores quantidades por intermédio dos garagistas
Volkswagen, que vendem os veículos na qualidade de comanditários ou de representantes por conta
dum concessionário Volkswagen, que é directamente parte contratante com o comprador do veículo
novo e fixa o seu preço de venda.
(21) Os interesses dos concessionários Volkswagen e Audi perante a Volkswagen AG são defendidos pela
Associação de Concessionários Volkswagen e Audi. Há reuniões periódicas entre esta associação e a
Volkswagen AG. Sem periodicidade fixa, realizam-se seminários da direcção da Associação de
Concessionários (ver considerandos 37 a 40), nos quais são tratados temas específicos a negociar
com o membro competente da direcção da Volkswagen AG (Sr. Büchelhofer). No âmbito desta
associação realizam-se também reuniões de conselhos consultivos (por exemplo, Conselho Consul-
tivo «Vendas/Marketing de automóveis VW»), nas quais são discutidas questões de interesse comum.
A Volkswagen AG foi representada nas reuniões do Conselho Consultivo relacionadas com este
processo pelo Sr. Giffhorn, director do Serviço «Vendas Alemanha». Neste serviço, os responsáveis
pela «Associação de Concessionários» foram, nomeadamente, os Srs. Nolte e Peters. O serviço
«Vendas Alemanha» está, além disso, subdividido nas chamadas «regiões», estando cada uma delas
sob a responsabilidade dum director regional (17).
(22) No que diz respeito ao comportamento dos concessionários em matéria de descontos, a Volkswagen
AG indicou à Comissão ter conhecimento, através das contas de resultados de curto prazo, de que os
concessionários alemães concediam descontos que podem atingir 10 %, nalguns casos isolados até
mais, do preço de venda recomendado. Em termos globais, os descontos concedidos pelos concessio-
nários elevar-se-iam a 9,1 % em 1994, 9,7 % em 1995, 10,1 % em 1996 e 9,9 % em 1997 (18).
(23) Com base nas matrículas de veículos novos, a parte de mercado dos veículos de passageiros da UE
detida pela marca Volkswagen é a seguinte (19):
Mercado total (em milhões de 11,685 12,397 13,001 14,397 15,120 15,180
exemplares)
(16) O território contratual é o território da sede da empresa. O território para cujo mercado o concessionário é respon-
sável é uma parte desse território contratual. As obrigações contratuais, bem como a respectiva avaliação de resul-
tados, do concessionário referem-se ao território para cujo mercado o concessionário é responsável. As disposições
pertinentes nesta matéria são fundamentalmente idênticas em todos os contratos de concessão. As diferenças
dependem sobretudo do tipo de empresa que está em jogo. Consoante se trate dum Centro de Serviços (Leistungs-
zentrum — Z), Empresa de Marca Específica (Markenspezifischer Händler — M), Empresa Universal (Universal-
hyändler — U) ou Pequena Empresa (Kleinhändler — K), varia o nível de exigência das normas.
( ) Ver considerandos 44, 46, 48, 49, 50 e 52, bem como a documentação referida nas correspondentes notas de
17
pé-de-página.
(18) Resposta da Volkswagen AG de 9 de Novembro de 1998 ao pedido de informações da Comissão de 8 de Outubro
de 1998.
(19) Respostas da Volkswagen AG de 9 de Novembro de 1998 e de 21 de Fevereiro de 2001 aos pedidos de informa-
ções da Comissão.
2.10.2001 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias L 262/19
(24) Com base nas matrículas de veículos novos, a parte do mercado alemão de automóveis particulares
detida pela marca Volkswagen é a seguinte (20):
Mercado total (em milhões) 3,314 3,498 3,528 3,736 3,802 3,379
(25) Segundo as informações fornecidas pela Volkswagen AG, as importações paralelas da Bélgica, França,
Países Baixos, Espanha, Itália, Suécia e Dinamarca (ver nota de pé-de-página 25) para a Alemanha de
automóveis particulares da marca Volkswagen elevaram-se a 17 355 unidades em 1998, 25 656 em
1999 e 42 738 em 2000.
(27) Estas reimportações representam as seguintes percentagens do total de veículos VW Passat vendidos
na Alemanha desde 1996 até 2000 (em 1996, trata-se sobretudo do modelo antigo):
(28) Segundo indicações da Volkswagen AG (22), o número total de veículos Volkswagen com volante à
direita vendidos na Alemanha a clientes de países com condução à direita (Reino Unido e Irlanda)
elevou-se a 100 em 1997 e a 696 em 1998 (23). No que diz respeito ao VW Passat com volante à
direita, foram exportados quatro exemplares da Alemanha em 1997, 149 em 1998, 111 em 1999 e
96 em 2000.
3. AS MEDIDAS CONTESTADAS
(29) Em 5 de Setembro de 1996, o concessionário VW Binder, de Hofgeismar (director: Sr. Glinicke), fez
publicidade no jornal «Hessisch-Niedersächsischen Allgemeine» (edição regional) indicando um preço
de 32 469 marcos alemães (DEM) para o modelo de base do Passat 1,61, incluindo custos de
matrícula e entrega (24). Foi enviada cópia deste anúncio à Volkswagen AG em 24 de Setembro de
1996 pelo concessionário VW Neuenhagen de Niestetal, com o seguinte comentário:
(20) Respostas da Volkswagen AG de 9 de Novembro de 1998 e de 21 de Fevereiro de 2001 aos pedidos de informa-
ções da Comissão.
(21) Resposta da Volkswagen AG de 21 de Fevereiro de 2001 ao pedido de informações da Comissão de 7 de Fevereiro
de 2001; este cálculo abrange os seguintes países: Bélgica, França, Países Baixos, Espanha, Itália, Suécia e Dinamarca.
(22) Carta da Volkswagen AG endereçada à Comissão em 16 de Dezembro de 1998.
( ) Resposta da Vokswagen AG de 27 de Fevereiro de 2001 ao pedido de informações da Comissão de 7 de Fevereiro
23
de 2001.
(24) Anúncio de 5 de Setembro de 1996 (p. 60).
L 262/20 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias 2.10.2001
(30) No mesmo dia, ou seja, 24 de Setembro de 1996, a Volkswagen endereçou à Autohaus Binder uma
advertência, por carta registada com aviso de recepção e por fax (25), com o seguinte texto:
«Caro Sr. Glinicke, nos termos do n.o 6 do artigo 2.o do contrato de concessão em vigor desde 1
de Janeiro de 1998 (26) e do n.o 1 do artigo 2.o do aditamento em vigor desde 1 de Janeiro de
1998, está obrigado a defender os interesses da Volkswagen AG, da rede de distribuição
Volkswagen e da marca Volkswagen, bem como a assegurar a respectiva promoção por todos os
meios.
(31) Por carta de 27 de Setembro de 1996, o director da Binder respondeu à Volkswagen AG (27)
afirmando não compreender de que modo havia prejudicado a VW AG e de que modo o seu
estabelecimento havia violado os contratos em vigor e acrescentando que, segundo a sua interpre-
tação jurídica, tais acusações não teriam fundamento em juízo. Além disso, a Binder não observa no
anúncio mandado publicar pelo seu director comercial qualquer conteúdo prejudicial à marca. Sem
prejuízo da análise jurídica, não se considera pessoalmente responsável pelo anúncio, mas solicitou
ao seu colaborador responsável das vendas que doravante se abstenha desse género de publicidade.
(32) Na mesma altura, a Volkswagen AG começou sistematicamente, através de circulares, a instar todos
os membros da sua rede de distribuição alemã a acatarem a disciplina tarifária. As passagens
essenciais das três circulares em causa são seguidamente reproduzidas textualmente:
(…)
«Com grande decepção, constato que alguns concessionários fazem publicar na imprensa anún-
cios em que o Passat é proposto a um preço claramente inferior ao UPE (29). Considero que essa
actuação é extremamente prejudicial para a marca, dado que o valor estabelecido de novo para o
Passat é logo posto em causa desde o seu lançamento.
Já dei início — com o acordo do Conselho Consultivo dos concessionários — às medidas que se
impõem, sob a forma de advertências. Solicito-lhe pessoalmente que respeite estritamente as
normas acordadas e que me informe acerca de quaisquer anúncios de parceiros Volkswagen que
não respeitem a disciplina tarifária. Já previ aliás dar a conhecer publicamente esta tomada de
posição. Considero que esta forma de actuar é indispensável, até para assegurar a rentabilidade
dos concessionários. Efectivamente, pensamos que com o novo Passat e os rácios preços-desem-
penho acordados temos grandes possibilidades de melhorar a rentabilidade das vossas empresas.».
(…)
(25) Carta da Volkswagen AG (assinada pelos Senhores Giffhorn, director e Nolte, responsável do Serviço «Vendas
Alemanha» pela Associação de Concessionários, endereçada à empresa Binder em 24 de Setembro de 1996 (p. 59).
(26) Nota da Comissão: em «Assunto» está indicado: contrato de concessão VW e Audi/contrato de comissionista para
veículos comerciais ligeiros VW. Texto original em alemão.
(27) Carta de Binder endereçada à Volkswagen AG em 27 de Setembro de 1996 (p. 58). Texto original em alemão.
( ) Circular de 26 de Setembro de 1996 da Volkswagen AG, director de vendas para a Alemanha, a todos os concessio-
28
(…)
«(…) mas existe uma preocupação decorrente do facto de o apelo por mim lançado por carta de
17 de Abril a todos os concessionários e garagistas Volkswagen talvez não ter sido perfeitamente
seguido por todos. Gostaria de relembrar que está em jogo uma disciplina tarifária que é
absolutamente necessária para fazer evoluir a rentabilidade das vossas empresas.
Seria simplesmente fatal que a formação de preços dos nossos novos produtos, sobretudo os do
automóvel e carrinha Passat, que são melhores que os da concorrência, não viesse a ser utilizada
para melhorar os resultados dos concessionários. Gostaria de relembrar que mais de 80 % do
volume de negócios total é realizado com a venda de veículos novos e de segunda mão. Com
uma tal percentagem do volume de negócios, só é possível obter um melhoramento notório da
rentabilidade das vossas empresas se melhorarem a qualidade das vendas dos veículos, ou seja, se
baixarem duradouramente o actual nível elevado de descontos praticados.
A Volkswagen já criou as condições para o vosso sucesso: com modelos superiores no plano da
técnica e dos preços e com um sistema de margens e de prémios em função dos resultados, têm
à vossa disposição desde 1998 um conjunto de instrumentos de política comercial adaptados ao
mercado e superiores à concorrência, que vos permite agir no mercado da melhor maneira.
Convido-os pois a estarem presentes no mercado com sensibilidade para a questão dos preços. A
prática de elevados descontos é nociva tanto para o produto como para a marca. Enquanto
construtor, não podemos tolerar que um comportamento tarifário ruinoso ponha em perigo a
execução do contrato de concessão. Por isso, perante uma tal situação, é imperativo para a
Volkswagen AG reagir energicamente. É óbvio que tem de haver concorrência entre os concessio-
nários, assente nos resultados obtidos. No entanto, essa concorrência não deve ser feita através
dos preços, mas sobretudo no plano da satisfação da clientela.
Estas conclusões não se aplicam só à carrinha Passat Variant. Consequentemente, decidimos, até
nova ordem, introduzir um sistema de quotas para todos os modelos, a fim de vos proporcionar
maior segurança em termos de previsões e de prazos.».
(36) Segundo as ordens de trabalhos fornecidas pela Volkswagen AG em resposta a um segundo pedido
de informações (32), a questão da «disciplina tarifária» foi várias vezes objecto de discussões entre a
Volkswagen AG e a direcção da Associação de concessionários Volkswagen e Audi.
(37) A ordem de trabalhos da reunião da direcção de 25 de Março de 1997 (33) tem um ponto 2, alínea a)
intitulado «Comportamentos prejudiciais aos produtos/melhoramento da rentabilidade» e um ponto
5 intitulado «Prémio por observância dos preços».
(38) No ponto 2 da ordem de trabalhos da reunião da direcção de 20 de Maio de 1997 (34), intitulado
«Comportamentos prejudiciais aos produtos/melhoramento da rentabilidade», está indicado que
deveria ser discutida a pergunta «quando é que os construtores irão finalmente enviar sinais claros a
este propósito?».
(30) Circular de 17 de Abril de 4.1997 da Volkswagen AG, director de vendas para a Alemanha, a todos os concessio-
nários e garagistas Volkswagen (p. 12). Texto original em alemão.
(31) Circular de 26 de Junho de 1997 da Volkswagen AG, director de vendas para a Alemanha, a todos os concessio-
nários e garagistas Volkswagen (p. 19). Texto original em alemão.
(32) Pedido de informações endereçado pela Comissão à Volkswagen AG em 8 de Outubro de 1998 (p. 31).
( ) Resposta da Volkswagen AG de 9 de Novembro de 1998 ao pedido de informações da Comissão de 8 de Outubro
33
(39) No título «Principais questões sobre a distribuição e a rede», um dos pontos inscritos na ordem de
trabalhos da reunião da direcção de 26 de Setembro 1997 (35) é: «Disciplina tarifária, discussão de
novas medidas (Srs. Giffkorn e Nagel)».
(40) Por último, a Associação de concessionários Volkswagen e Audi propôs à Volkswagen AG, por fax
de 24 de Outubro de 1997 (36), que fosse inscrito no ponto 2 da ordem de trabalhos, intitulado
«Apresentação das questões a discutir em 30 de Outubro de 1997 com o Dr. Büchelhofer», a rubrica
«d) Disciplina tarifária, discussão sobre novas medidas a adoptar».
(41) Na sua resposta, a Volkswagen AG indicou que a direcção da Volkswagen AG não se ocupou da
questão da disciplina tarifária (37). Ora, segundo o fax enviado em 24 de Outubro de 1997 (ver ponto
40) pela Associação de concessionários à Volkswagen AG, era solicitado que o membro da direcção
da Volkswagen AG competente para a distribuição tratasse da questão e debatesse acerca de novas
medidas a adoptar a esse propósito em 30 de Outubro de 1997. A Volkswagen AG indicou contudo
a este propósito que não havia sido elaborada acta destas reuniões.
«Futuramente, por parte do construtor serão consideradas todas as medidas juridicamente exequí-
veis para obter uma maior disciplina tarifária dos concessionários, sobretudo para combater o
prejuízo causado aos produtos e à marca.».
(43) A acta da reunião do mesmo grupo de especialistas do conselho consultivo dos concessionários, que
se realizou em 16 de Outubro de 1997 (39) e na qual participaram, além dos representantes do grupo
de especialistas, dez pessoas da Volkswagen AG, entre as quais o director de «Vendas para a
Alemanha», indica, na rubrica «6.4. Comportamento em matéria de descontos», do ponto 6
«Diversos», o seguinte:
«Alguns concessionários fizeram publicidade para o Golf A 4, ainda antes do seu lançamento no
mercado, com descontos desrazoavelmente elevados para aliciar os consumidores. Tanto o
construtor como a Associação de Concessionários desaprovam e condenam formalmente este
comportamento prejudicial para a marca e para o produto.».
(44) O concessionário da VW Bernard Rütz, de Konz, fez publicar na edição de fim-de-semana do jornal
«Trierischer Volksfreund» de 21/22 de Setembro de 1996 um anúncio em que propõe o novo VW
Passat ao preço «superbarato de 32 649 DEM, incluindo custos de matrícula e entrega» (40).
(45) Por carta de 2 de Outubro de 1996, o concessionário Rütz rejeitou a advertência (42), declarando que
não entendia de que modo o seu comportamento seria contrário ao contrato de concessão.
(47) Por carta de 7 de Outubro de 1996 endereçada ao director de vendas para a Alemanha da
Volkswagen AG, o concessionário Morrkopf refere o anúncio publicado no jornal BNN, declarando
seguidamente (44):
«Sr. Giffhorn, dado que discutiu com o Conselho Consultivo dos concessionários quanto à forma
de agir contra este comportamento prejudicial ao mercado, não compreendo por que motivo o
Sr. Hengehold, isto é, a empresa Gramling, faz publicar tais anúncios. Para mim, trata-se de um
indício adicional de que continua a existir concorrência interna na nossa marca.
(48) Segundo uma nota interna endereçada em 7 de Outubro de 1996 pela Volkswagen AG, direcção
regional do Sudoeste/Francónia, ao director de vendas para a Alemanha, o preço praticado pelo
concessionário Gramling corresponde a um desconto de 7 % (45). A nota declara igualmente o
seguinte:
Através de carta de 26.9.1996, o nosso director de vendas, Sr. Peter Giffhorn, instou-o a respeitar
a disciplina tarifária para o novo Passat.
A partir de 10.10.1996, o vosso vendedor, Sr. Aurich, anunciou por telefone a concessão dum
desconto de mais de 12 %. Consideramos que essa maneira de agir é prejudicial para a marca,
dado que põe em causa o valor do Passat desde o respectivo lançamento.
Com o novo Passat e o seu rácio preços-desempenho, fica ao vosso dispor uma magnífica
ocasião para melhoramento da rentabilidade da vossa empresa.
(42) Carta de Bernhard Rütz GmbH de 2 de Outubro de 1996 à Volkswagen AG, direcção de vendas para a Alemanha
(p. 70).
(43) Fax de 7 de Outubro de 1996 enviado à Volkswagen AG, região de Estugarda (p. 53); carta (com anexos) do
concessionário Morrkopf de 7 de Outubro de 1996 à Volkswagen AG, director de vendas para a Alemanha (p. 54 a
57).
( ) Carta de Morrkopf de 7 de Outubro de 1996 à Volkswagen AG, director de vendas para a Alemanha (p. 54). Texto
44
original em alemão.
(45) Nota interna de 7 de Outubro de 1996 da Volkswagen AG, direcção regional do Sudoeste/Francónia, director de
vendas para a Alemanha (p. 52). Texto original em alemão.
(46) Carta da Volkswagen AG, direcção de vendas para a Alemanha, região de Munique, de 16 de Outubro de 1996 à
Auto Hirschauer KG (p. 69). Texto original em alemão.
L 262/24 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias 2.10.2001
(50) Em 10 de Abril de 1997, realizou-se uma entrevista em Baierbrunn entre dois representantes da
Volkswagen AG, região Sul, e o concessionário Hirschauer, cujo conteúdo ficou lavrado em acta (47)
sob o título «Política de preços nociva do concessionário Hirschauer, de Baierbrunn»: o representante
da Volkswagen AG, região Sul, indicou aos três representantes da empresa concessionária Hirschauer
presentes na reunião que no decurso do primeiro semestre, tinham sido vendidos 54 veículos no
território concessionado e 369 fora desse território, o que se explicaria pelo facto de a sociedade
Hirschauer ter aliciado clientes por intermédio de anúncios na imprensa indicando fortes descontos.
Ora, tais clientes nem sequer poderiam, aliás, beneficiar de serviços pós-vendas.
(51) A empresa Hirschauer foi igualmente criticada por não realizar uma prospecção suficiente do seu
território concessionado, dado que só 54 % (48) dos veículos tinham sido entregues no dito território,
ou seja, uma taxa inferior à taxa média, que é de 72 %. O comentário é rematado com a indicação de
que ficou acordado entre os representantes da Volkswagen AG e o concessionário que seria
necessário:
(52) Esta entrevista com o concessionário Hirschauer foi seguida da carta da Volkswagen AG, «direcção de
vendas para a Alemanha, região Sul», de 18 de Abril de 1997 (50). Nessa carta relativa ao «comporta-
mento em matéria de descontos», pode-se ler o seguinte:
Pela presente carta confirmamos o teor das conversações realizadas em 10.4.1997 na Volks-
wagen, região Sul.
A situação global foi discutida aprofundadamente, o que permitiu constatarmos que o vosso
mercado só está explorado em 54 % no sector dos veículos novos, que a vossa empresa não
revende a clientes finais os veículos em segunda mão de retoma e que os clientes para veículos
novos são aliciados através de anúncios na imprensa, que propõem fortes descontos.
Tudo isto é contrário às práticas usuais do comércio, o que é aliás confirmado pelos maus
resultados de exploração dos anos de 1994 a 1996, que nos foram remetidos entretanto
(resultados fracos, por vezes com perdas).
Ficámos com a impressão de que o vosso vendedor, Sr. Aurich, dispõe de demasiada margem de
manobra e que as suas actividades já não são objecto da vossa supervisão.
Foi decidido definir por escrito com o Sr. Aurich algumas instruções concretas, como as
quantidades, os descontos, as retomas de veículos de 2.a mão, etc., adaptando-as à dimensão da
vossa empresa e do vosso mercado.
Pela presente carta, instamo-vos mais uma vez expressamente, no nosso interesse comum
(imagem da marca), a modificar a vossa forma de agir nos termos acima indicados, dado que, em
caso contrário, será impossível evitar consequências de ordem jurídica.».
(47) Acta da reunião de 10 de Abril de 1997 da Volkswagen AG, região do Sul (p. 68).
(48) Esta percentagem figura na acta da reunião, mas não corresponde aos supracitados números absolutos relativos às
vendas.
(49) Nota da Comissão: GW=Gebrauchtwagen (veículos em segunda mão).
( ) Carta da Volkswagen AG, direcção de vendas, região do Sul, de 18 de Abril de 1997, à Auto Hirschauer KG (p. 66).
50
(53) No mês de Setembro de 1998, o concessionário Tiemeyer, de Bochum, enviou aos seus clientes uma
carta publicitária na qual os convidava para uma exposição de novos modelos no sábado, 12 de
Setembro de 1998 (51), nos seguintes termos:
«Aqui pode examinar tranquilamente os últimos modelos Volkswagen e Audi. Preparámos para si
várias condições de venda especiais.
Durante esta exposição:
— a nossa oficina concede um desconto de 20 % sobre todos os custos de mão-de-obra,
— a nossa loja concede um desconto de 15 % sobre todas as peças sobresselentes,
— o nosso serviço de veículos em 2.a mão concede um desconto de 10 % sobre todos os
veículos em 2.a mão,
— o nosso serviço de veículos novos concede um desconto de 10 % sobre todos os veículos.».
(54) Por carta de 13 de Outubro de 1998 (52), a Volkswagen AG indicou o seguinte ao concessionário
Tiemeyer:
«Para a sua exposição, enviou aos seus clientes cartas publicitárias nas quais propõe descontos
desrazoáveis nos preços dos veículos novos, das peças sobresselentes e dos trabalhos de oficina
no seu estabelecimento.
Independentemente do facto de considerarmos que essa acção publicitária é extremamente
prejudicial para a marca, informamo-lo de que constitui uma infracção à legislação sobre os
descontos.
Consequentemente, instamo-lo a abster-se futuramente de propor esse tipo de oferta publici-
tária.».
(56) A sociedade Volkswagen AG e os seus concessionários alemães sob contrato são empresas na
acepção do n.o 1 do artigo 81.o
(57) As três circulares (ver considerandos 33 a 35) decorrem das relações contratuais da Volkswagen AG
com os concessionários, concretizando essas relações no plano da formação dos preços, dado que os
concessionários consideram que os preços de tarifa aconselhados para o novo VW Passal não são
preços não obrigatórios; de facto, os concessionários consideram tratar-se de preços impostos,
restando-lhes apenas o direito de conceder descontos mínimos. Na primeira circular de 26 de
Setembro de 1996, as indicações relativas à tarifa incluíam a exigência de que os concessionários
assinalassem «todos os anúncios de parceiros Volkswagen contrários à disciplina de preços». Conse-
quentemente, as circulares determinam a política de distribuição da Volkswagen AG para um modelo
específico de veículo de passageiros. Segundo a jurisprudência reiterada do Tribunal de Justiça das
Comunidades Europeias (55), a inclusão na rede de concessionários prevê que as partes contratuais
aceitem expressa ou tacitamente a política de distribuição do construtor. É por esse motivo que as
circulares se tornaram um elemento dos acordos da Volkswagen AG com os seus concessionários
contratuais, dado que devem ser consideradas como sendo um elemento de relações comerciais
continuadas, com base num acordo geral vigente (o contrato de concessão).
(51) Carta da H. Tiemeyer KG aos clientes, de 9 de Setembro de 1998 (p. 64). Texto original em alemão.
(52) Carta da Volkswagen AG, direcção de vendas para a Alemanha, endereçada em 13 de Outubro de 1998 à associação
de concessionários (p. 62). Texto original em alemão.
(53) Carta da H. Tiemeyer KG à Volkswagen AG, de 19 de Outubro de 1998 (p. 61). Texto original em alemão.
( ) Uma parte do período de infracção situa-se em data anterior à entrada em vigor do Tratado de Amesterdão, isto é, 1
54
de Maio de 1999, quando o actual artigo 81.o do Tratado CE era ainda o artigo 85.o do Tratado CE. Nas páginas
seguintes, só será mencionado o artigo 81.o, dado que a alteração da numeração introduzida pelo Tratado de
Amesterdão não alterou o teor do artigo.
(55) Ver acórdão de 25 de Outubro de 1983 no processo C-107/82, AEG/Comissão, Col. 1983, p. 3151 (p. 3195) e
acórdão de 17 de Outubro de 1985 no processo C-25 e 26/84, Ford/Comissão, Col. 1985, p. 2725 (p. 2743).
L 262/26 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias 2.10.2001
(59) Constata-se que existiu entre a Volkswagen AG e os seus concessionários alemães um sistema de
acordos composto por três circulares e várias advertências endereçadas a certos concessionários, que
serviu para assegurar a aplicação da disciplina tarifária para o novo VW Passat. Além disso, este
objectivo foi confirmado nas reuniões da Volkswagen AG com o conselho consultivo dos concessio-
nários (ver considerandos 42 e seguintes).
(60) A empresa Volkswagen AG contesta que as medidas incriminadas constituam acordos na acepção do
n.o 1 do artigo 81.o Considera que essas medidas são actos unilaterais que não se situam no campo
de aplicação do citado artigo (56). Enquanto nos processos AEG (57) e Ford (58) citados pela Comissão,
bem como no processo BMW (59), se tratava da interpretação duma disposição do Tratado ou da
questão do alcance objectivo duma disposição, para as medidas contestadas neste caso não há
disposições pertinentes no Tratado. Pelo contrário, tratar-se-ia duma política de preços em contra-
dição com o n.o 1 do artigo 8.o do contrato de concessão, que determina que o construtor só pode
comunicar preços aconselhados não obrigatórios. Consequentemente, a Volkswagen AG considera
que a sua política de distribuição litigiosa não foi aceite tacitamente pelos concessionários aquando
da assinatura do contrato, como afirma a Comissão.
(61) A Comissão, por vários motivos, não pode aderir a esta interpretação da Volkswagen AG.
(62) Em primeiro lugar, o Tribunal de Primeira Instância, no seu acórdão no processo «Volkswagen»,
referindo-se expressamente aos processos «Ford» e «BMW», confirmou que as injunções endereçadas
por qualquer construtor automóvel aos seus concessionários são consideradas acordos, desde que
visem influenciar as partes contratantes quanto à forma de cumprirem o estipulado no contrato com
o construtor (60). Esta condição está claramente presente no caso vertente. Por isso, é irrelevante
saber se o contrato contém uma cláusula específica que decorra a injunção da Volkswagen ou se tal
injunção está em contradição com outra cláusula contratual.
(63) Em segundo lugar, não se pode aceitar a ideia de que o contrato não contém qualquer relação com
as injunções, nem de que estas estariam em contradição com o n.o 1 do artigo 8.o do contrato.
(64) Como se pode ver na documentação, a Volkswagen AG, para justificar as advertências enviadas aos
concessionários, faz especificamente referência ao n.o 6 do artigo 2.o (61), bem como ao n.o 1 do
artigo 2.o do contrato de concessão Volkswagen (62). Essa cláusula determina que os «concessionários
VW estão obrigados a defender os interesses da Volkswagen AG, da organização de distribuição
Volkswagen e da marca Volkswagen, que devem promover por todos os meios. Os concessionários
têm de se conformar com todas as instruções relacionadas com a execução do contrato nos
domínios da distribuição de novos veículos Volkswagen, fornecimento de peças sobresselentes,
serviço à clientela, promoção comercial, publicidade e formação e têm a obrigação de assegurar o
nível de resultados previsto para os diversos sectores do negócio Volkswagen.». Esta cláusula é
(59) Acórdão de 24 de Outubro de 1995 no processo C-70/93, BMW/BMW ALD Autoleasing, Colectânea p. I-3459,
3467.
(60) Tribunal de Primeira Instância, Acórdão de 24 de Outubro de 1995, T-62/98, Volkswagen/Comissão, ponto 236.
( ) Na sua versão de Janeiro de 1989; a referida cláusula é retomada quase integralmente no n.o 1 do artigo 2.o do
61
(65) Também não existe «contradição» entre estas exigências e o disposto no n.o 1 do artigo 8.o do
contrato de concessão, que determina que a «VW AG comunica valores recomendados para os
preços de venda ao consumidor final e os descontos a conceder.». Estas recomendações de preços,
segundo o disposto nos restantes números do mesmo artigo, são tomadas em consideração no
cálculo dos preços e compensações entre concessionários e construtor. O facto de este mecanismo
consagrar o direito do construtor de emitir recomendações de preços não significa para os concessio-
nários qualquer garantia específica de que o construtor se abstenha posteriormente de dar instruções
em matéria de preços, nomeadamente por força do disposto no n.o 1 do artigo 2.o
(66) Esta interpretação é confirmada também por numerosos indícios no comportamento das partes. Se
as instruções contestadas não estivessem cobertas pelo contrato de concessão, ou se o contrariassem,
como afirma a posteriori a Volkswagen AG, nunca teria sido possível ao construtor ameaçar os
concessionários com a possibilidade de actuar no âmbito do contrato de concessão. Neste contexto,
a afirmação da Volkswagen AG de que não teria previsto «nenhumas medidas para o caso de um
concessionário não respeitar as recomendações de preços» (63) está em clara contradição com a
documentação apresentada. Nas supracitadas cartas aos concessionários Binder e Rütz figuram
ameaças de que, caso repitam o comportamento considerado lesivo, poderão ter de enfrentar uma
«rescisão de contrato», ou mesmo «procedimentos jurídicos». Na carta à empresa Autohaus Hirs-
chauer de 18 de Abril de 1997 (ver considerando 52), a Volkswagen AG formulou a ameaça de que
seria «impossível evitar consequências de ordem jurídica», se o concessionário não alterasse o seu
comportamento. Também se depreende das cartas aos concessionários Binder de 27 de Setembro de
1995 (considerando 31) e Rütz de 2 de Outubro de 1996 (considerando 45) que estes concessioná-
rios admoestados situaram, de facto, as advertências num contexto de direito contratual. É verdade
que criticaram a Volkswagen AG por estar a violar a letra do contrato, na sua versão original
subscrita por construtores e concessionários. No entanto, entenderam as instruções que lhes eram
transmitidas nessas cartas como disposições destinadas a especificar melhor as pretensões da Volks-
wagen AG. Assim, o concessionário Binder respondeu à Volkswagen AG, dizendo que já tinha
instruído os seus colaboradores para se absterem futuramente de fazer publicar anúncios como o
contestado pelo construtor. Nenhum dos concessionários afirmou que as instruções da Volkswagen
AG se situariam fora do campo de aplicação do contrato de concessão.
(67) As declarações dos representantes dos interesses dos concessionários, bem como de um dos
concessionários, apontam no mesmo sentido. As ordens de trabalhos dos diversos seminários da
associação de concessionários, realizados pela Volkswagen após ter sido verificada a política de
preços contestada, dão indicações sobre o comportamento da associação de concessionários perante
as medidas tomadas pelo construtor, para assegurar uma maior disciplina de preços. Estas medidas
nunca são consideradas estranhas aos contratos de concessão, sendo pelo contrário acolhidas
favoravelmente (ver considerando 36). Do mesmo modo se exprimiram os representantes dos
concessionários no Conselho Consultivo dos concessionários Volkswagen, como se pode ler nas
actas das reuniões de 16 de Junho de 1997 e de 16 de Outubro de 1997 (ver considerandos 42 e
43). Na acta da segunda destas reuniões, a associação de concessionários considera que os elevados
descontos praticados noutro modelo recentemente introduzido no mercado constituiriam um
«comportamento prejudicial à marca e ao produto». Por último, o concessionário Morrkopf também
considera os elevados descontos praticados por outro concessionário como «prejudiciais para o
mercado» e, consequentemente, não hesitou em assinalar esse comportamento em conformidade
como estipulado na primeira circular da Volkswagen AG.
(68) Neste processo, a questão de saber se, e com que alcance, os concessionários Volkswagen alemães
alteraram a sua formação de preços, de facto, com base nas circulares e advertências do construtor
não tem de ser respondida.
(69) Consequentemente, não pode ser aceite o argumento da Volkswagen AG, apresentado após ter sido
iniciado este processo, de que as circulares e advertências teriam sido formuladas fora do âmbito dos
contratos de concessão, e que até seriam contraditórias com estes contratos, devendo portanto ser
consideradas medidas unilaterais.
(70) Nos pontos seguintes será explicado por que motivo as medidas em causa restringiram significativa-
mente a concorrência. Esta conclusão não foi aliás contestada pela Volkswagen AG nas suas
respostas à comunicação de acusações.
(71) O objectivo declarado das três circulares da Volkswagen AG e das advertências aos concessionários
era assegurar que todos os concessionários Volkswagen (64) alemães não se afastassem significativa-
mente dos preços recomendados. As medidas da Volkswagen destinavam-se portanto a assegurar
uma fixação dos preços de venda, ou seja, uma restrição da concorrência interna ao ramo em
questão, no domínio dos preços. Trata-se consequentemente dum caso de fixação de preços na
acepção da alínea a) do n.o 1 do artigo 81.o
(72) A Volkswagen AG argumenta relativamente ao concessionário Tiemeyer que este teria infringido a lei
alemã em matéria de descontos e que, consequentemente, neste caso não existiria restrição da
concorrência imputável à Volkswagen AG. Nesta questão, há que dizer que a lei relativa aos
descontos só proíbe que sejam anunciados certos preços que sejam apresentados como resultado do
cálculo dum «desconto» relativamente ao preço «normal» (mais de 3 %). Nenhuma disposição jurídica
impede o concessionário de anunciar o mesmo preço, sem que seja apresentado como desconto
sobre um preço. A Volkswagen não estava preocupada — ou, pelo menos, não estava apenas
preocupada — com a forma do anúncio, que consideraria ilegítima à luz da lei dos descontos, mas
sim com a questão do nível dos preços praticados.
(73) A Volkswagen AG alega que as diversas circulares não levaram a qualquer modificação do comporta-
mento dos concessionários e que estes continuaram a aplicar descontos da ordem dos 10 % sobre os
preços aconselhados (65).
(74) Nas circunstâncias do caso em apreço é quase impossível apurar qual foi exactamente o comporta-
mento dos concessionários. Mas essa também não é a questão que importa. Segundo a jurispru-
dência, para que seja aplicável o n.o 1 do artigo 81.o, basta que a medida em causa, como no caso
vertente (ver considerandos 71 e seguintes), determine uma restrição da concorrência. Não é
necessário comprovar que uma tal restrição se concretizou (66).
(75) O carácter sensível da restrição da concorrência provocada pelas circulares e advertências, cujos
objectivos foram confirmados nas reuniões do Conselho consultivo dos concessionários, decorre no
caso em apreço dos seguintes pontos:
(64) O facto de o concessionário Rütz ter saído da rede de concessionários em finais de 1997 não teve consequências,
dado que o processo continua a ser válido para todos os (restantes) concessionários.
(65) Ponto 21 da resposta da Volkswagen AG à comunicação de acusações, com referência à sua resposta de 9 de
Novembro de 1998 ao pedido de informações da Comissão (ver considerando 22 da presente decisão).
(66) Ver, por exemplo, acórdão do Tribunal de Primeira Instância de 6 de Abril de 1995, T-143/89, Ferriere
Nord/Comissão, Colectânea 1995, II-917; acórdão do Tribunal de Primeira Instância de 6 de Junho de 2000, T-62/
98, Volkswagen/Comissão, Colectânea 2000, II-2707, ponto 178; acórdão do Tribunal de Primeira Instância de 19 de
Maio de 1999, T-176/95, Accinauto/Comissão, Colectânea 1999, II-1635, ponto 106; comunicação da Comissão
«Orientações para as concentrações» verticais (JO C 291, de 13.10.2000, p. 1).
2.10.2001 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias L 262/29
(76) Em primeiro lugar, as medidas contestadas estão na origem da determinação de preços de venda e,
consequentemente da supressão duma variável essencial da concorrência, a saber, a possibilidade de
concessão de descontos. O significado deste factor para a concorrência no comércio automóvel é
confirmado pelo disposto no 6.o ponto do n.o 1 do artigo 6.o do Regulamento n.o 1475/95, da
Comissão, de 28 de Junho de 1995, relativo à aplicação do n.o 3 do artigo 85.o do Tratado CE a
certas categorias de acordos de distribuição e de serviço de venda e pós-venda de veículos automó-
veis (67) (68), que determina que não existe isenção nomeadamente quando o construtor limita a
liberdade do concessionário de fixação de preços e descontos na venda de bens abrangidos pelo
contrato de concessão (69).
(77) Em segundo lugar, estas medidas visavam incitar os concessionários a terem um comportamento em
matéria de preços que constituiria um considerável desvio relativamente ao comportamento concor-
rencial normal. Segundo as indicações da Volkswagen AG, os concessionários Volkswagen alemães
concederam, relativamente à totalidade da sua oferta global de produtos e serviços, descontos médios
de 9,7 % (1995), 10,1 % (1996) e 9,9 % (1997) sobre os preços aconselhados (ver considerando 22).
Segundo estas indicações (70), os descontos concedidos sobre os novos modelos de veículos eram
normalmente inferiores aos concedidos sobre os modelos de fim de série, mas isso não aconteceu no
caso do novo VW Passat. Assim, um dos concessionários admoestados propôs esse modelo (ver
considerando 48) com um desconto de 7 %, enquanto outro o propôs com um desconto de 12 %
(ver considerando 49). O valor desses descontos, que as medidas contestadas pretendiam fazer
baixar, se possível, para zero, dão uma ideia do tipo de comportamento concorrencial que seria de
esperar na ausência de tais medidas. A própria Volkswagen AG reconhece que «não deve haver
nenhum concessionário que não conceda descontos» (71).
(78) Em terceiro lugar, a restrição da concorrência em matéria de preços abrangeu todos os concessioná-
rios alemães da rede de distribuição selectiva e exclusiva da Volkswagen AG e induziu uma restrição
da concorrência interna à marca, não apenas entre os concessionários Volkswagen alemães, mas
também entre estes e os seus homólogos estrangeiros. No capítulo 4.3 seguinte é tratada mais
pormenorizadamente esta última questão.
(79) Em quarto lugar, o VW Passat é um modelo de viatura muito apreciado na Alemanha, tanto em
termos de números absolutos de vendas como relativamente ao «segmento» específico a que
pertence. Assim, em 1997, isto é, pouco tempo depois do seu lançamento no mercado, o VW Passat
tornou-se, com uma quota-parte do segmento D de cerca de 15 %, o segundo modelo mais vendido
na Alemanha, a seguir ao Opel Vectra. No primeiro semestre de 1998, atingiu mesmo os 16 % desse
segmento na Alemanha. A restrição da concorrência abrangeu todas as entregas de novos veículos
VW Passat na Alemanha. Se não considerarmos só o segmento D a que pertence o VW Passat, mas
também, por motivos de possíveis sobreposições, os segmentos mais próximos do mercado em
causa (C e E), a quota-parte deste modelo situar-se-ia em mais de 6 % a partir de 1997 na Alemanha,
ou seja, numa ordem de grandeza que justifica a existência de carácter sensível da restrição da
concorrência. Neste contexto, há que salientar igualmente que, segundo a comunicação sobre os
acordos de menor importância que não são abrangidos pelo disposto no n.o 1 do artigo 81.o, a
aplicabilidade deste artigo aos acordos (verticais) de preços impostos não está excluída mesmo que a
parte de mercado das empresas participantes seja inferior a 10 % (72)
(80) A medida era aplicável ao território da Alemanha. A Volkswagen AG, que tem uma considerável
experiência neste mercado, partiu do pressuposto de que uma medida limitada à Alemanha teria
efeitos consideráveis nesse território que não seriam demasiadamente prejudicados por importações
paralelas. Assim, há que assinalar que durante o período do litígio houve importações paralelas de
veículos VW Passat em número considerável, mas representando apenas uma fracção das vendas da
rede de distribuição Volkswagen na Alemanha (ver considerandos 25 e seguintes). Esta situação
manteve-se apesar de se terem verificado no mesmo período consideráveis disparidades de preços na
venda de VW Passats entre a Alemanha e uma série de outros Estados-Membros (ver considerando
18) e, desde a introdução do certificado de conformidade europeu (73), ser possível matricular em
todos os Estados-Membros qualquer veículo adquirido na União Europeia, sem ser necessário fazer
uma nova verificação técnica para o efeito. No entanto, continua a haver entraves ao comércio
paralelo, o que implica que a compra de um veículo noutro Estado-Membro continua, de facto, a ser
uma operação difícil para o consumidor final. Os custos conexos são sempre mais elevados do que a
compra na rede distribuidora interna do seu país. Muitos concessionários preferem vender a pessoas
do seu território concessionado, sobretudo quando se trata de modelos para os quais existe maior
procura. Frequentemente, exigem a título de sinal montantes mais elevados aos compradores
estrangeiros. Estas razões levam a que o comércio paralelo só tenha um impacto limitado nas vendas
da rede interna, o que significa que não pode contribui para uma adaptação dos (relativamente
elevados) preços alemães aos preços (menos elevados) de outros Estados-Membros.
(81) Uma outra condição de aplicabilidade do n.o 1 do artigo 81.o é o facto de as medidas contestadas
adoptadas pela Volkswagen AG serem susceptíveis de afectar sensivelmente o comércio entre
Estados-Membros.
(83) A medida contestada no caso em apreço destinava-se a manter para o VW Passat na Alemanha um
nível de preço de venda artificialmente elevado. Mais ainda, destinava-se a criar e reforçar para todo
o território da Alemanha uma zona de preços elevados, independentemente de o cliente interessado
ser proveniente da própria Alemanha ou de outro Estado-Membro.
(73) Ver Directiva 98/14/CE da Comissão, de 6 de Fevereiro de 1998, que adapta ao progresso técnico a Directiva
70/156/CEE do Conselho relativa à aproximação das legislações dos Estados-Membros respeitantes à recepção dos
veículos a motor e seus reboques, (JO L 91 de 25.3.1998, p. 1).
( ) Jurisprudência reiterada do Tribunal de Justiça; ver nomeadamente o acórdão de 21 de Janeiro de 1999, processos
74
apensos C-215/96 e C-216/96, Bagnasco, Col. 1999, 1-135, p. 47; Tribunal de Primeira Instância, acórdão de 6 de
Julho de 2000, Volkswagen/Comissão, n.o 179 e jurisprudência citada.
( ) Acórdão do Tribunal de Justiça de 13 de Julho de 1966 nos processos apensos 56 e 58/64, Grundig/Consten, Col.
75
1966, p. 321, 389 e seguintes; Decisão da Comissão de 18 de Julho de 1988 no processo Napier Brown/British
Sugar (JO L 284 de 19.10.1988, p. 41).
( ) Tribunal de Primeira Instância, acórdão de 6 de Julho de 2000, processo T-62/98 Volkswagen/Comissão n.o 179 e
76
jurisprudência citada.
(77) Resposta da Volkswagen AG de 10 de Setembro de 1999 à comunicação de acusações, ponto 30.
2.10.2001 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias L 262/31
(86) Relativamente às exportações a partir da Alemanha, há que lembrar que neste país se praticam
tradicionalmente preços elevados, pelo que as exportações para os outros Estados-Membros parece
ser diminuta. No entanto, o Reino Unido é um caso especial. É que, relativamente ao VW Passat,
normalmente o preço na Alemanha é o segundo país mais caro a seguir ao Reino Unido (ver
considerando 18). Consequentemente, durante o período em causa, houve muitos consumidores
britânicos que quiseram comprar VW Passats na Alemanha. Segundo as informações fornecidas pala
Volkswagen AG (78), as vendas na Alemanha de veículos Volkswagen com volante à direita, sobre-
tudo a clientes residentes no Reino Unido e/ou na Irlanda, totalizaram 100 exemplares em 1997 e
696 exemplares em 1998 (ver considerando 25). No caso específico do modelo Passat, houve quatro
exportações de veículos com volante à direita em 1997, 149 em 1998 e 111 em 1999. As medidas
contestadas foram susceptíveis de levar os interessados em veículos com volante à direita a prefe-
rirem efectuar importações paralelas não da Alemanha, mas de outros Estados-Membros com preços
inferiores (por exemplo Bélgica ou Países Baixos), ou a desistir de efectuar esse tipo de importações.
As medidas contestadas exerceram podiam assim contribuir para diminuir sensivelmente o comércio
de exportação da Alemanha para os outros Estados-Membros, quer limitando, quer reorientando os
fluxos comerciais que seriam de esperar em condições de concorrência normais.
(87) A Volkswagen AG contesta que o comércio intracomunitário tenha sido sensivelmente afectado (79).
Referindo-se à jurisprudência do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias (80), insiste particu-
larmente no facto de só existir compartimentação dos mercados causado por acordos verticais se
estes constituírem entraves às entregas transfronteiras, impedirem concorrentes estrangeiros de ter
acesso ao mercado em causa ou se houver proibições de concorrência decorrentes de tais acordos.
Ora, no caso em apreço, que diria respeito a uma tentativa de influenciar os preços apenas no
território dum Estado-Membro, não seria possível detectar qualquer compartimentação dos
mercados. Os outros argumentos da Comissão, a saber, que as medidas teriam diminuído as
exportações para outros Estados-Membros e aumentado o interesse dos consumidores alemães em
adquirirem veículos novos no estrangeiro, não seriam pertinentes. A Volkswagen evoca ainda, a este
propósito, o reduzido volume de comércio entre concessionários de Estados-Membros diferentes, que
seria causado nomeadamente por dificuldades de entrega — como no caso do novo VW Passat — ou
pelos elevados preços alemães. Além disso, considerando a sua clientela de base, os concessionários
estariam pouco interessados na venda a clientes estrangeiros.
(88) A Comissão não pode aceitar esta argumentação. De facto, não é correcto afirmar que o comércio
intracomunitário só é afectado se a medida em causa levar à compartimentação dos bens. Como já
foi indicado (ver considerando 81), basta que a medida seja susceptível de alterar positiva ou
negativamente as trocas intracomunitárias de bens, isto é, as influencie. Já foi demonstrado que esta
condição estava preenchida no caso em apreço.
(90) A objecção da Volkswagen AG de que, na medida em que é um país de preços elevados, a Alemanha
não seria um mercado atraente para as reexportações, não altera essencialmente nada quanto ao
facto de as medidas serem susceptíveis de reforçar os fluxos de importação para a Alemanha. Além
disso, a objecção não é pertinente relativamente ao Reino Unido. Pelo menos para os clientes desse
Estado-Membro, bem como para os clientes alemães, a concessão de descontos é um instrumento
adequado dos concessionários para poderem apresentar propostas competitivas e atrair assim essa
clientela (82).
4.4. Recapitulação
(92) Dado o que precede, verifica-se que as medidas adoptadas pela Volkswagen AG para restringir a
concorrência nos preços do novo VW Passat correspondem ao critério previsto no n.o 1 do artigo
81.o
5.1. Quanto à questão da isenção por categoria do sistema de distribuição VW pelo Regula-
mento (CE) n.o 1475/95
(94) A isenção individual não foi, nem podia ser, concedida no caso em apreço.
(95) A imposição de preços não contribui para melhorar a produção, nem (no caso em apreço) a
distribuição dos produtos. A Volkswagen AG alega que esta imposição visa melhorar a rentabilidade
dos concessionários Volkswagen alemães e ajudá-los a alcançar os níveis de resultados indicados pela
Volkswagen AG, contribuindo assim para a manutenção das empresas de concessionários. No
entanto, nada prova que a manutenção de certas empresas, que poderiam não ser viáveis em
condições normais de concorrência, melhorasse sensivelmente a distribuição de produtos em bene-
fício dos consumidores ou que esse suposto melhoramento pudesse compensar os inconvenientes da
restrição da concorrência. Além disso, nada garante que os lucros mais elevados obtidos pelos
concessionários Volkswagen graças ao abandono da prática de descontos na venda de veículos novos
VW Passat sirvam para a manutenção das empresas de concessionários.
(96) Do mesmo modo, não existe para os consumidores qualquer benefício. Pelo contrário, são obrigados
a pagar preços mais elevados na aquisição dos veículos e não extraem qualquer outra vantagem
perceptível das medidas contestadas.
(82) Ver ponto 11 da comunicação da Comissão referente ao seu Regulamento (CEE) n.o 123/85, de 12 de Dezembro de
1984, relativo à aplicação do n.o 3 do artigo 85.o do Tratado CEE a certas categorias de acordos de distribuição e de
serviço de venda e pós-venda de veículos automóveis, (JO C 17 de 18.1.1985, p. 4).
2.10.2001 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias L 262/33
6. DURAÇÃO DA INFRACÇÃO
(97) A infracção ao disposto no n.o 1 do artigo 81.o pode ser constatada a partir de 26 de Setembro de
1996, isto é, da data de envio da primeira circular (ver considerando 33). A infracção foi reiterada e
prolongada pelas duas circulares seguintes (ver considerandos 34 e seguintes).
(98) Por carta de 22 de Julho de 1999, a Volkswagen AG participou à Comissão a sua intenção de
adoptar todas as medidas indicadas na comunicação de acusações, a fim de pôr termo à infracção. A
empresa juntou à sua resposta escrita de 10 de Setembro de 1999 à comunicação de acusações uma
cópia da circular endereçada a todos os concessionários e garagistas Volkswagen alemães. Referindo
as circulares contestadas datadas de 26 de Setembro de 1996, 17 de Abril de 1997 e 26 de Junho de
1997, esta circular informa os concessionários de que as restrições da concorrência sobre os preços
visadas nas circulares supracitadas eram anuladas e deixava de haver que temer quaisquer medidas de
ordem jurídica, ou de outra ordem, desfavorável da parte da Volkswagen AG a propósito da sua
política de preços. Foi dado conhecimento do teor desta circular à associação de concessionários
Volkswagen e Audi por carta com data do mesmo dia. Esta associação deveria ainda ser oralmente
informada acerca do teor desta circular.
(99) Além disso, os concessionários Tiemeyer, Binder e Hirschauer foram informados por carta individual
de 6 de Setembro de 1999 de que as cartas de advertência (ver considerandos 30, 49, 52 e 54)
estavam anuladas. O concessionário Rütz, que tinha sido destinatário duma carta de advertência em
2 de Outubro de 1996 (ver considerando 44), tinha abandonado a rede de distribuição Volkswagen
em finais de 1997.
(100) A Comissão constata que a infracção ocorreu desde 26 de Setembro de 1996 até 6 de Setembro de
1999, ou seja, por quase três anos.
(101) A sociedade Volkswagen AG cometeu uma infracção ao disposto no n.o 1 do artigo 81.o, ao ter
acordado com os concessionários alemães da sua rede de distribuição uma disciplina tarifária
rigorosa, ou seja, preços impostos, para o modelo VW Passat. Consequentemente, a Volkswagen AG
é destinatária da presente decisão.
(102) Por força do n.o 2 do artigo 15.o do Regulamento n.o 17, a Comissão pode, dentro dos limites
fixados nesse artigo, mediante decisão, aplicar coimas às empresas que, deliberada ou negligente-
mente, cometam uma infracção ao disposto no n.o 1 do artigo 81.o do Tratado.
(103) A Comissão considera ser necessário, no caso em apreço, impor uma coima à Volkswagen AG. A
Comissão considera que a infracção foi cometida deliberadamente e que a Volkswagen AG tinha
conhecimento de que as medidas contestadas constituíam uma restrição da concorrência (83).
(83) Acórdão do Tribunal de 11 de Julho de 1989 no processo 246/86, Belasco e outros/Comissão, Col. 1989, p. 2117,
ponto 41.
L 262/34 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias 2.10.2001
(105) Para determinar o montante da coima em conformidade com o n.o 2 do artigo 15.o do Regulamento
n.o 17/62, a Comissão tem de tomar em consideração todos os elementos pertinentes, nomeada-
mente a gravidade e a duração da infracção.
(106) Quanto à gravidade da infracção, a Comissão tem em conta a sua natureza, os seus efeitos reais no
mercado em causa, na medida em que sejam quantificáveis, bem como a dimensão do mercado em
causa.
(107) As medidas adoptadas pela Volkswagen AG visavam suprimir, ou pelo menos restringir a concor-
rência em matéria de preços (ver considerandos 32 a 35, bem como 71 e 76), que constitui um dos
principais factores de concorrência. Consequentemente, trata-se de medidas particularmente lesivas
da concorrência.
(108) Para um produto homogéneo que pode ser adquirido com o mesmo equipamento em todos os
concessionários Volkswagen na UE, os descontos sobre os preços de tabela aconselhados constituem,
conjuntamente com os serviços pós-venda, o principal parâmetro concorrencial dos concessionários
automóveis para conseguirem competir com os outros concessionários da mesma marca e das
outras, quer nacionais quer estrangeiro. Aliás, esta conclusão é confirmada pela própria Volks-
wagen (85), que afirma querer melhorar a rentabilidade dos concessionários que estaria a ser prejudi-
cada por esta concorrência aguda em curso (ver considerandos 33, 35, 37 e seguintes, bem como
95) (86).
(109) Estas conclusões são igualmente confirmadas por um inquérito recente (87) Efectivamente, 68 % dos
compradores de veículos interrogados na Alemanha declararam ter visitado vários concessionários a
fim de comparar os preços e os descontos, enquanto 19 % das pessoas interrogadas indicaram como
motivo para a consulta de vários concessionários a verificação da disponibilidade da versão do
veículo pretendida, 9 % as condições de retoma do seu antigo veículo, 6 % a qualidade do acolhi-
mento e 3 % a disponibilidade ou prazo de entrega do veículo novo. Além disso, 77 % de todos os
clientes alemães consideram que é normal negociar o preço de aquisição dum veículo novo.
(84) A ameaça concreta formulada ao concessionário Binder, de eventualmente rescindir o contrato, manteve-se obvia-
mente válida.
(85) Resposta da Volkswagen AG de 10 de Setembro de 1999 à comunicação de acusações (ponto 32 e seguintes) e
ponto 22 da presente decisão.
(86) Esta concepção omite o facto de a Volkswagen AG estar empenhada prioritariamente na defesa dos seus próprios
interesses (ver considerando 124 da presente decisão).
(87) Inquérito Taylor Nelson Sofres Consulting, realizado por encomenda da Renault e da PSA: Perception de la distribu-
tion automobile en Europe, rapport Europe, phase quantitative, chapitre 2 — concurrence et prix dans le secteur
automobile: b. Les pratiques de mise en concurrence, décembre 2000.
2.10.2001 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias L 262/35
(110) Também há que considerar que, em condições normais de concorrência, existiriam provavelmente
consideráveis descontos pelo menos por parte de alguns dos concessionários (ver considerando 77),
o que por sua vez teria consequências nos comportamentos em matéria de preços dos outros
concessionários, que, sem esta pressão, prefeririam abster-se de propor descontos.
(111) Neste contexto, há ainda que lembrar que os descontos na venda de veículos de passageiros têm
grande importância para o consumidor médio, dado que mesmo percentagens relativamente dimi-
nutas podem representar, do seu ponto de vista, uma considerável economia.
(112) A infracção abrangeu um modelo (nas suas duas versões) da gama da Volkswagen AG, pertencente a
um segmento muito procurado na Alemanha. O VW Passat ocupa, nesse segmento na Alemanha,
uma posição importante no mercado (ver considerandos 16 e seguintes).
(113) Quanto ao âmbito geográfico da infracção, há que notar que as circulares foram endereçadas a todos
os concessionários e garagistas Volkswagen, abrangendo assim toda a distribuição das duas versões
do modelo VW Passat na Alemanha. Embora a infracção só abranja um Estado-Membro, trata-se
dum Estado-Membro em que é vendida uma parte importante dos veículos de passageiros da UE. As
declarações da Volkswagen AG perante o Conselho Consultivo dos concessionários confirmam que
era sua intenção tentar fazer aplicar as medidas contestadas em todo o território da Alemanha (ver
considerando 42). A infracção podia também ter consequências para os consumidores no Reino
Unido, embora em proporções muito inferiores às que teve para os consumidores alemães, na
medida em que era susceptível de retirar a estes consumidores, eventualmente interessados em
importações paralelas a partir da Alemanha, o benefício de descontos que seriam de esperar em
normais condições de concorrência.
(115) Neste contexto, na avaliação do efeito dissuasor da coima, há que ter em consideração que o grupo
Volkswagen, comandado pela Volkswagen AG, é o maior construtor europeu de veículos e possui
com a marca VW a marca mais vendida, não só no território alemão, o principalmente visado pela
infracção, mas também em toda a UE. Embora as medidas contestadas objecto da presente decisão só
visassem duas versões da sua gama de modelos, diversos documentos demonstram que havia da
parte do construtor pelo menos a intenção de adoptar medidas idênticas também relativamente a
outros modelos (ver considerandos 35 e 43).
(116) Tendo em conta a gravidade da infracção, a Comissão considera que o montante de 20 milhões de
euros constitui um ponto de partida razoável para a determinação da coima.
(117) Por força do n.o 2 do artigo 15.o do Regulamento n.o 17, a duração da infracção é um outro factor
determinante do valor da coima. Como está demonstrado nos considerandos 97 a 100, a infracção
ocorreu desde 26 de Setembro de 1996 até 6 de Setembro de 1999, ou seja, por quase três anos.
(119) A Comissão considera que esta duração justifica uma majoração do montante supramencionado de
29 % (5,8 milhões de euros), o que perfaz um montante de base de 25,8 milhões de euros.
(120) Para a determinação do montante da coima, há que ter igualmente em conta as circunstâncias
atenuantes e agravantes.
L 262/36 PT Jornal Oficial das Comunidades Europeias 2.10.2001
(121) Há que considerar como circunstância agravante o facto de duas das três circulares (ver conside-
randos 33 e 35) e uma parte das cartas individuais endereçadas aos concessionários (ver conside-
randos 30, 45, 48 e 52) não só provocaram uma restrição da liberdade dos concessionários de
determinarem os seus preços, mas também que houve cartas de advertência, ameaças de medidas
jurídicas, de reacções «enérgicas», ou até de rescisão de contrato, se a disciplina tarifária dos
concessionários não fosse melhorada. Deve também ser tido em conta que o director de vendas para
a Alemanha já tinha exigido «pessoalmente» aos concessionários e garagistas Volkswagen, pela
primeira circular de 26 de Setembro de 1996, que o «informassem acerca de quaisquer anúncios de
parceiros Volkswagen que não respeitem a disciplina tarifária» (ver considerando 33). A Volkswagen
AG, consequentemente, não se limitou a aplicar e controlar por si própria a «disciplina tarifária» dos
seus parceiros contratuais. Pelo contrário, fez também intervir todos os parceiros contratuais alemães
— como «fontes de informação» — e instou-os a indicarem os seus colegas e concorrentes «sem
disciplina tarifária». Mediante esta solicitação, qualquer distribuidor Volkswagen alemão poderia
esperar que a sua publicidade fosse objecto de vigilância por parte dos seus próprios concorrentes
directos. Esta solicitação reforçou a pressão exercida sobre os distribuidores Volkswagen alemães
para que dessem provas da respectiva disciplina tarifária.
(122) Por este motivo, a Comissão considera ser pertinente uma majoração de 20 % do valor de base da
coima.
(123) O argumento da Volkswagen AG de que as medidas apenas visavam melhorar a rentabilidade das
empresas dos concessionários (88) não pode ser considerado uma circunstância atenuante. Em
primeiro lugar, a Volkswagen AG pretendia prioritariamente defender os seus próprios interesses,
como decorre do teor das circulares e das cartas individuais (ver as referências ao n.o 6 do artigo 2.o
do contrato de concessão e ao carácter alegadamente «prejudicial ao mercado» do comportamento
dos concessionários). Efectivamente, compete aos próprios concessionários avaliar qual será a
política de preços que melhor serve os seus interesses económicos. O artigo 81.o proíbe este tipo de
acordos precisamente por serem uma ingerência considerável na liberdade dos concessionários de
determinarem os seus preços.
(124) A Comissão considera que não existem, no caso em apreço, circunstâncias atenuantes.
8.3. Conclusão
(125) Tendo em conta as circunstâncias apresentadas, a Comissão fixa em 30,96 milhões de euros o
montante da coima,
Artigo 1.o
A Volkswagen AG cometeu uma infracção ao disposto no n.o 1 do artigo 81.o do Tratado CE, ao fixar os
preços de venda do modelo VW Passat exigindo aos seus concessionários alemães sob contrato que não
concedessem descontos aos clientes ou que só lhes concedessem descontos diminutos na venda desse
modelo.
Artigo 2.o
Devido à infracção referida no artigo 1.o, é imposta à Volkswagen AG uma coima no montante de 30,96
milhões de euros.
Artigo 3.o
A coima fixada no artigo 2.o deve ser paga, em euros, no prazo de três meses a contar da data de
comunicação da presente decisão, na seguinte conta bancária da Comissão das Comunidades Europeias:
642-0029000-95 (Código IBAN: BE76 6420 0290 0095; Código SWIFT: BBVABEBB)
Banco Bilbao Vizcaya Argentana (BBVA)
Avenue des Arts, 43
B-1040 Bruxelas
Se este prazo não for cumprido, são devidos juros de mora. A taxa aplicável para esse efeito é a taxa
aplicada pelo Banco Central Europeu às grandes operações de refinanciamento, sendo a data de referência o
primeiro dia útil do mês em que é adoptada a decisão, com uma majoração de 3,5 pontos percentuais. A
taxa total eleva-se portanto a 8,05 %.
Artigo 4.o
É destinatária da presente decisão a sociedade Volkswagen AG, D-38436 Wolfsburg.
A presente decisão constitui título executivo na acepção do artigo 256.o do Tratado.
Pela Comissão
Mario MONTI
Membro da Comissão