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SALDANHA
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vez de falar. Quando chegou lá, ao contrário do que imaginava, foi
invadido por uma imensa sensação de calma. As palavras vinham
naturalmente à sua boca:
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(recorte da Gazeta do Reinado)
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CAPÍTULO 2
A
o nascer, não se criou muita expectativa. “O menino é
pequeno, magro... ninguém sabe se vai vingar. Não se
apegue demais”, alguém falou com a mãe. Tal brutalidade
era comum na Favela dos Goblins, mas Kroxa desejava que
aqui as coisas fossem um pouco diferentes. Ela havia saído das terras
próximas às Montanhas Sanguinárias quando soube estar grávida. Um
boato de que no sul havia um general bugbear que unificava os
goblinóides e colocava medo nos inimigos. Um lugar onde seu povo
seria respeitado. Um lar para seu filhote. Um choro estridente tirou a
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mãe de seu devaneio. “Mas tem pulmões fortes”, lhe disse a parteira
goblin. “Um grito desses é capaz de mudar o mundo”, riu a velha. E
assim Kroxa batizou o menino de Oybedeshhzahukat.
“Você fala demais para alguém tão pequeno. Essa boca parece
uma matraca”, disse um mercador, e foi assim que
Oybdedeshhazahukat foi batizado pela segunda vez, aos sete anos.
Daquele dia em diante poucos se lembrariam de seu nome pomposo.
Agora ele era só mais um na Favela dos Goblins. Volta e meia se metia
em brigas, dormia na rua e só voltava dias depois, para o desespero de
sua mãe, que parecia querer protegê-lo do mundo. Uma vez ela disse a
ele que ele a lembrava o pai, mas foi tudo que ele ficou sabendo de seu
genitor. Não que fizesse falta. A comunidade ajudava Kroxa a criar o
menino. O velho Tuppaak o deixava brincar nos fundos de sua oficina
e ensinava os rudimentos da forja de armas. As letras e números foram
cortesia de Margot, uma devota humana de Tanna-Toh. Ou quase
humana. Ou quase goblin de tão pobre. Ainda era pequeno para um
hobgoblin, mas esse fato raramente era lembrado por viver
principalmente entre goblins. Se o físico não impressionava, a rapidez
de raciocínio e a forma de se expressar fascinava quem convivia com o
menino.
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Mundo Como Deve Ser. Descobriu que não bastava ser goblin,
hobgoblin, ou mesmo gnoll ou orc. Era preciso ser um só povo.
Duyshidakk. O ódio e a revolta agora tinham direção, e a arma do
Matraka era sua língua afiada.