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ALISSON FERNANDO FERREIRA DA SILVA

ELABORAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO


GEOGRÁFICA (SIG) PARA O PARQUE ESTADUAL MATA
DOS GODOY

Londrina
2023
ALISSON FERNANDO FERREIRA DA SILVA

ELABORAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO


GEOGRÁFICA (SIG) PARA O PARQUE ESTADUAL MATA
DOS GODOY

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a


Universidade Estadual de Londrina - UEL, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Coelho Pereira


Neto.

Londrina
2023
Silva, Alisson Fernando Ferreira da. Aplicação de um
Sistema de Informação Geográfica (SIG) para o
Parque Estadual Mata dos Godoy / Alisson Fernando
Ferreira da Silva. - Londrina, 2023. 39 f. Orientador:
Osvaldo Coelho Pereira Neto. Trabalho de Conclusão
de Curso (Graduação em Geografia) - Universidade
Estadual de Londrina, Centro de Ciências Exatas,
Graduação em Geografia, 2023. Inclui bibliografia. 1.
Sistema de Informação Geográfica. - TCC. 2. Parque
Estadual Mata dos Godoy. - TCC. 3. Área de
Preservação Permanente. - TCC. 4.
Geoprocessamento. - TCC. I. Neto, Osvaldo Coelho
Pereira. II. Universidade Estadual de Londrina. Centro
de Ciências Exatas. Graduação em Geografia. III.
Título. CDU 91
ALISSON FERNANDO FERREIRA DA SILVA

ELABORAÇÃO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA


(SIG) PARA O PARQUE ESTADUAL MATA DOS GODOY

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado a Universidade Estadual de
Londrina - UEL, como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Geografia.

BANCA EXAMINADORA

Orientador
Prof. Dr. Osvaldo Coelho Pereira Neto.
Universidade Estadual de Londrina – UEL

Prof. Dr. Carlos Alberto Hirata.


Universidade Estadual de Londrina – UEL

Prof. Dr. Rigoberto Lázaro Prieto Cainzós


Centro Universitário Filadélfia - UNIFIL

Londrina, _____de ___________de _____.


AGRADECIMENTOS

À minha mãe, Lucélia Ap. Ferreira da Silva, que me apoiou em todo


meu tempo de formação e desde sempre.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Osvaldo Coelho Pereira Neto, que me


ajudou muito nessa fase de formação do trabalho.

A todos os professores que cruzaram meu caminho durante a


graduação e contribuíram para a minha formação.

A Leliana Ap. Casagrande Luiz, (in memoriam) que durante meu


período de estágio no Parque me incentivou e ajudou nas pesquisas.

A Natalia Pedrazza, que me incentivou nos últimos tempos a sempre


continuar para, enfim, entregar meu TCC.

A Larissa Carolina Andrade pela presteza no retoque final do presente


trabalho.
Outra vez a esperança na mochila eu ponho,
quanto tempo à gente ainda tem pra realizar os
nossos sonhos.

Emicida
RESUMO

SILVA, Alisson F. F. Elaboração de um Sistema de Informação Geográfica (SIG)


para o Parque Estadual Mata dos Godoy. 2023. 39 p. Trabalho de Conclusão de
(Graduação - bacharelado em Geografia) – Centro de Ciências Exatas, Universidade
Estadual de Londrina, Londrina, 2023.

O Sistema de Informação Geográfica (SIG) é de grande importância para a produção


de conhecimento sobre determinada região, pois, em posse de certas informações,
pode-se estabelecer alguns princípios sobre os dados estudados. Tal processo, como
se vê, auxilia trabalhos futuros, haja vista que os dados deixam de estar dispersos,
facilitando, assim, a análise de um todo. Sob essa ótica, o Parque Estadual Mata dos
Godoy foi escolhido como objeto de estudo a julgar pela ampla variedade de
pesquisas que ocorrem em seu meio; por tratar-se de uma das maiores reservas de
mata nativa preservada no norte do Paraná; como também por figurar como atrativo
turístico da comunidade de seu entorno, recebendo visitas de várias escolas cujos
professores ministram aulas interativas sobre a biodiversidade da Mata Atlântica e
tudo que a envolve. O objetivo do trabalho foi de elaborar um SIG para o Parque
Estadual Mata dos Godoy, e com isso foram obtidos dados de diferentes aspectos
para a produção dos mapas: como hidrografia da região, zona de amortecimento da
mata, localização do parque, rodovias próximas no portal SIGLON da prefeitura de
Londrina, dados pedológicos e geológicos no portal BDIA do IBGE, imagem do satélite
ALOS PALSAR, e com ela foi elaborado um modelo digital de elevação, com isso
foram produzidos, por meio do software de geoprocessamento QGIS, os mapas de
localização, hipsométrico, declividade, de orientação das vertentes, hidrográfico,
pedológico e geológico do parque. O que levou a concluir e reiterar a necessidade de
produção de um SIG para o Parque Estadual Mata dos Godoy, pois localizar os dados
que estavam dispersos em diferentes locais e a confecção dos mapas foram tarefas
que demandaram um certo esforço, logo, é preciso que o SIG contenha não só as
informações aqui levantadas, mas que se mantenha uma constante atualização
dessas informações, como também se obtenha conhecimento de outras áreas que
complementem e ajudem no gerenciamento e preservação do parque.

Palavras-chave: Sistema de Informação Geográfica; Geoprocessamento; Área de


Preservação Permanente; Parque Estadual Mata dos Godoy; Preservação Ambiental;
Pesquisa Universitária.
ABSTRACT

SILVA, Alisson F. F. Elaboration of a Geographic Information System (GIS) for the


Mata dos Godoy State Park. 2023. 39 p. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação - bacharelado em Geografia) – Centro de Ciências Exatas, Londrina,
2023.

The Geographic Information System (GIS) is of great importance for the production of
knowledge about a specific region since, with certain information at hand, it is possible
to establish some principles about the data under study. This process, as seen, aids
in future work, considering that the data is no longer scattered, thus facilitating the
analysis as a whole. From this perspective, the Mata dos Godoy State Park was
chosen as the object of study due to the wide variety of research conducted in its
environment; being one of the largest preserved native forest reserves in northern
Paraná; as well as being a tourist attraction for the surrounding community, receiving
visits from several schools whose teachers conduct interactive classes on the
biodiversity of the Atlantic Forest and everything involved. The objective of this work
was to develop a GIS for the Mata dos Godoy State Park, and for this, data from
different aspects were obtained for the production of maps, such as hydrography of
the region, forest buffer zone, park location, nearby highways from the SIGLON portal
of the city of Londrina, pedological and geological data from the BDIA portal of IBGE,
ALOS PALSAR satellite image, and with it, a digital elevation model was elaborated.
Using the QGIS geoprocessing software, maps of location, hypsometric, slope, slope
orientation, hydrographic, pedological, and geological maps of the park were
produced. This led to the conclusion and reiterated the need for the production of a
GIS for the Mata dos Godoy State Park, as locating data that were scattered in different
places and creating the maps were tasks that required some effort. Therefore, the GIS
needs to contain not only the information gathered here but also maintain a constant
update of this information and obtain knowledge from other areas that complement and
help in the management and preservation of the park..

Key-words: Geographic Information System; Geoprocessing; Permanent


Preservation Area; Mata dos Godoy State Park; Environmental Preservation;
University Research.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa de localização do Parque Estadual Mata dos Godoy .................. 24


Figura 2 – Localização da placa na Rodovia Mábio G. Palhano, que corta o
parque .................................................................................................. 25
Figura 3 – Mapa hipsométrico do Parque Estadual Mata dos Godoy .................... 26
Figura 4 – Mapa de declividade do Parque Estadual Mata dos Godoy .................. 27
Figura 5 – Mapa de orientação de vertentes do Parque Estadual Mata dos
Godoy .................................................................................................... 29
Figura 6 – Mapa hidrográfico da Bacia do Ribeirão dos Apertados ..................... 31
Figura 7 – Mapa pedológico do Parque Estadual Mata dos Godoy ..................... 32
Figura 8 – Mapa geológico do Parque Estadual Mata dos Godoy ....................... 34
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação de declividade proposta pela Embrapa ............................ 28


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALOS Advanced Land Observing Satellite


APP Áreas de Preservação Permanente
ASF Alaska Satellite Facility
BDIA Banco de Dados de Informações Ambientais
CESP Companhia Enérgica de São Paulo
EMBRAPA Empresa Brasileira de Agropecuária
FLONA Floresta Nacional
IAT Instituto Água e Terra
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
PALSAR Phased Array type L-band Synthetic Aperture Radar
PEMG Parque Estadual Mata dos Godoy
SIG Sistema de Informação Geográfica
UC Unidade de Conservação
UEL Universidade Estadual de Londrina
UICN União Internacional para Conservação da Natureza
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 15


2.1 O PARQUE .................................................................................................. 15
2.2 PARQUES E RESERVAS LEGAIS .................................................................... 17
2.3 GEOTECNOLOGIAS ....................................................................................... 18
2.3.1 Geoprocessamento ................................................................................... 18
2.3.2. Sistema de Informação Geográfica (SIG................................................... 18
2.3.3 Sensoriamento Remoto ............................................................................ 19
2.4 MAPEAMENTO DE REFLORESTAMENTOS E FRAGMENTOS FLORESTAIS .............. 19

3 MATERIAL E METODOLOGIA ................................................................ 21

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................. 23

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 36

REFERÊNCIAS......................................................................................... 37
14

1 INTRODUÇÃO

O Parque Estadual Mata dos Godoy, localizado a oeste do Município


de Londrina, considerado um dos últimos redutos nativo de Mata Atlântica, quase sem
nenhuma influência externa em seu cerne, concretiza-se como uma área de grande
importância na região. O local é visitado constantemente, tanto pela população local,
quanto pela comunidade acadêmica, que considera a mata uma “escola do meio
ambiente”, aprendendo com ela e fortalecendo a conexão humano-natureza.
Tendo em vista a preservação da mata e das áreas que a abrangem,
vários são os levantamentos de informações ambientais realizados pelas mais
diversas instituições, motivo pelo qual tais materiais encontram-se dispersos na
literatura. Por conseguinte, a capacidade de fomentar um banco de dados único
relativamente a essa mata é complexa, daí a necessidade de se desenvolver um
Sistema de Informação Geográfica (SIG) para a área em questão, a fim de que, com
um melhor gerenciamento das informações, sejam facilitadas não só sua proteção
como também as tomadas de decisão acerca de seu planejamento.
O SIG utiliza ferramentas que estudam o espaço natural e geográfico
por meio do uso de tecnologias como o sensoriamento remoto e o geoprocessamento,
via bases cartográficas, mapas e gráficos; a inserção desses elementos em softwares
criados para desempenhar essa tarefa é que possibilita a correlação entre esses
dados.
Uma vez que o parque adote o SIG, o tráfego de informações sobre
suas diversas características torna-se célere, proposta esta que servirá de suporte
para as próximas explorações acadêmicas.
15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Será feita uma revisão bibliográfica da área de estudo, assim como


sua história, e como o Geoprocessamento e o Sistema de Informação Geográfica
podem auxiliar no seu futuro, para que os mapas aqui produzidos representem
abstratamente o local e interajam entre si gerando múltiplas discussões.

2.1 O PARQUE

O Parque Estadual Mata dos Godoy (PEMG) tem se desenvolvido


intensamente, quanto a seus aspectos físicos, desde sua criação, em 1989. A
agregação de outras áreas em seu entorno e a criação de projetos de reflorestamentos
vem modificando a paisagem natural onde o parque está inserido. Desse modo, frente
ao grande desenvolvimento dessa região, constantes mudanças cartográficas se
fazem necessárias para a visualização cientifica e acadêmica da região.
O Parque está localizado no município de Londrina, a
aproximadamente 18 quilômetros do centro da cidade, na rodovia Mábio Palhano,
cujas matas percorrem cerca de 2 km, entre o Patrimônio Regina e o distrito de São
Luiz; sua zona de amortecimento abrange, porém, outros municípios, como Cambé,
Rolândia, Arapongas e Apucarana, cujos representantes participam do conselho de
gestão do PEMG.
O principal órgão responsável pela gestão do Parque é o Instituto
Água e Terra (IAT), que detém sua posse desde 1989, quando, por meio de medidas
compensatórias sobre a CESP (Companhia Energética de São Paulo), mediante
indenização por alagamento de cerca de 700 hectares da margem paranaense do rio
Paranapanema, adquiriu a propriedade de 690 hectares do seu antigo dono, Olavo
Godoy. Ele preservou uma boa parte da floresta original da mata atlântica, que se
caracteriza por ser do tipo estacional-semidecidual submontana, ou seja,
“consideradas semidecíduais porque até 50% das suas arvores perdem as folhas
durante o período mais seco do ano, e submontanas por causa da faixa de altitude
em que ocorrem”. (SILVEIRA, 2006, p. 20).
Vale ressaltar que a área de abrangência da zona de amortecimento
envolve muitas outras propriedades, com algumas áreas de fragmentos florestais,
chamadas capoeiras, e, ao longo do percurso do Ribeirão dos Apertados, áreas que
16

se caracterizam por corredores ecológicos, que ligam a outras áreas maiores de


floresta atlântica.
A história do Parque tem um elo importante com a construção da
cidade de Londrina, pois um dos pioneiros no cultivo de café e crescimento da cidade
foi Álvaro Godoy, um mineiro que chegou nessas terras na década de 1930 e trouxe
consigo outros dois irmãos, Olavo e Bruno Godoy, os quais, juntos, constituíram a
fazenda Santa Helena, que se tornara uma das maiores fazendas de café na região
norte do Paraná (SOUZA, 2016). Com o código florestal, instituído em 1934, de
proteção ambiental e também em razão da boa vontade de seus proprietários, uma
parte da floresta que antigamente cobria quase toda região norte do Paraná foi
preservada.
O parque é um dos atrativos turísticos da cidade de Londrina e conta
com três trilhas para a visitação: uma delas, denominada trilha do projeto madeira,
conduz por uma área recente de reflorestamento, concebida quando da posse do
governo do Estado sobre a terra; outra é uma estrada chamada trilha dos catetos, que
leva até a sede da antiga fazenda Santa Helena, dos irmãos Godoy; por fim, a última
e principal trilha é conhecida como trilha das perobas, a qual aprofunda-se na mata
nativa e onde podem ser vistos diversos indivíduos centenários, como perobas,
figueiras e paus d’alho, considerados os gigantes dessa região. Nesta mesma trilha
existe uma árvore cujo nome homenageia o parque, a Exostyles Godoyenses, uma
espécie descoberta em 2004 pela pesquisadora e bióloga Lúcia Helena Soares e Silva
e que “ultrapassa os 20 metros de altura e só existe na região em que foi encontrada,
na linha do Trópico de Capricórnio, em um dos raros fragmentos de floresta de
Planalto que ainda restam no País.” (MARSICANO, 2004, p. 1).
Todas essas trilhas são de trajetos curtos, porém ricos em
informações sobre o quão importante é essa reserva para a comunidade de seu
entorno e como representava, em épocas passadas, grande parte do território
paranaense.
Haja vista essa biodiversidade nativa, essa reserva é alvo de diversos
estudos da comunidade acadêmica, principalmente por pesquisadores da
Universidade Estadual de Londrina (UEL) e tem sido objeto de estudo de muitos
trabalhos dispostos a proteger o parque e conscientizar a população, pois,
concordando com LUIZ (2008, p.23), o Parque Estadual Mata dos Godoy é
“considerado um laboratório vivo bem próximo ao centro urbano de Londrina”.
17

2.2 PARQUES E RESERVAS LEGAIS

Os princípios da proteção à natureza começaram, no Brasil, a partir


de 1876, quando o engenheiro André Rebouças propôs a criação dos Parques
Nacionais da Ilha do Bananal, no rio Araguaia, e do Salto de Sete Quedas, no rio
Paraná. No entanto, o primeiro Parque Nacional Brasileiro, o de Itatiaia, só foi criado
em 1937, no Rio de Janeiro e, em 1939, o de Iguaçu, no Paraná (ESTEVES, 2006).
De acordo com a Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965,
Parque Nacional é uma área delimitada com a finalidade de resguardar atributos
excepcionais da natureza, conciliando a proteção integral da flora, da fauna e das
belezas naturais com a utilização para objetivos educacionais, recreativos e científicos
(BRASIL, 1965).
Alguns critérios são usados para a seleção das áreas que se
transformam em parques e reservas legais, segundo a Comissão Internacional de
Parques Nacionais da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN),
quais sejam: Proteção Legal, que se fundamenta no poder estatutário, garantindo-a
como área legalmente protegida, permanentemente e Proteção Efetiva, o que significa
que a área deve possuir orçamento e pessoal efetivo para garantir sua administração,
seu manejo e sua supervisão de visitantes, sendo que essa área protegida deve
possuir o tamanho mínimo de 1000 hectares.
Conforme consta na legislação vigente, lei 12.651/2012, a Área de
Preservação Permanente (APP) e a Reserva Legal caracterizam-se do seguinte
modo:
• Área de Preservação Permanente (APP): área protegida, coberta
ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas;
• Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou
posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso
econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a
conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da
biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.
18

2.3 GEOTECNOLOGIAS

A análise de dados geográficos para processar informações é feita


sempre considerando todo o avanço tecnológico que vem contribuindo para tais
processos. A constante mudança das informações geográficas necessitou atualização
contínua de dados. Para tanto, pode-se contar com as ferramentas de mapeamento e
análise, como a elaboração de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), sustentados
pelas técnicas de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto, que asseguram a
atualização desses dados.

2.3.1 Geoprocessamento

O geoprocessamento pode ser definido como um conjunto de


tecnologias que coletam e estudam dados espaciais, transformando essas
informações de diferentes formas, como mapas, gráficos e imagens que possam
transmitir tudo o que foi estudado e processado por essas tecnologias (ZAIDAN,
2017).
Geoprocessamento, segundo Rodrigues (1987), caracteriza-se como
uma tecnologia de coleta de dados e tratamento de informações espaciais e de
desenvolvimento de sistemas, compreendendo uma variedade de metodologias
associadas aos equipamentos utilizados nas mais diversas aplicações geográficas.
Quando essas informações são organizadas e sistematizadas pode
subsidiar a construção de um SIG da área de estudo, que seria a Mata dos Godoy.

2.3.2 Sistema de Informação Geográfica (SIG)

Um Sistema de Informação Geográfica é composto de forma


simplificada por cinco componentes (subsistemas): (i) entrada de dados, (ii)
armazenamento de dados, (iii) gerenciamento de dados, (iv) análise e manipulação
de dados e (v) saída e apresentação dos dados (relatórios, gráficos, mapas, etc.).
(ROSA; BRITO, 2013).
Nesse contexto o Rosa (2005 p.1, apud Burrough,1987) comenta que:
O geoprocessamento é o conceito mais abrangente e representa qualquer tipo de
19

processamento de dados georreferenciados, enquanto um SIG processa dados


gráficos e não gráficos (alfanuméricos) com ênfase a análises espaciais e modelagens
de superfícies.
O SIG é necessário para o armazenamento e a análise integrada dos
dados, por meio dele pode-se correlacionar mapas e analisar uma mesma área em
diferentes épocas e por diferentes aspectos, sendo físicos ou relativos à atividade
humana, pois esse sistema integra todas essas informações, Fato que pode contribuir
para o melhor conhecimento e estudo da mata no apoio ao turismo, pesquisas e
outros.
Os SIGs são sistemas destinados ao tratamento de dados
referenciados espacialmente, manipulam dados de diversas fontes, permitindo
recuperar e combinar informações, além de efetuar os mais diversos tipos de análises
sobre esses dados (Alves, 1990).
Burrough e McDonnell (1998, p.3) descrevem o sistema de
informação geográfica como "um poderoso conjunto de ferramentas para a coleta,
armazenamento, recuperação, transformação e visualização de dados espaciais do
mundo real para um conjunto de propósito específico”.

2.3.3 Sensoriamento Remoto

Uma das maneiras de se obter informações de uma área é pelo


sensoriamento remoto. Isso pode ser feito através de imagens georreferenciadas
apreendidas por sensores que captam a radiação eletromagnética tanto de fontes
naturais, como o Sol, quanto de fontes artificiais, como no caso do Radar.
Segundo Meneses (2012) pode-se dizer que “Sensoriamento remoto
é uma técnica de obtenção de imagens dos objetos da superfície terrestre sem que
haja um contato físico de qualquer espécie entre o sensor e o objeto”.

2.4 MAPEAMENTOS DE REFLORESTAMENTOS E FRAGMENTOS FLORESTAIS

Diversos trabalhos foram feitos em todo o mundo, aonde foram


mapeados fragmentos florestais visando as análises ambientais se utilizando de
ferramentas como softwares de geoprocessamento, o próprio sensoriamento remoto
e a produção de SIG’s.
20

Van Der Vem (2017) realizou um trabalho na Unidade de


Conservação Floresta Nacional de Irati – PR, cujo propósito era efetuar a
caracterização ambiental dos componentes estruturais da Unidade de Conservação
(UC) por meio da aplicação de técnicas de sensoriamento remoto e utilização de um
Sistema de Informação Geográfica (SIG), de modo a obter um diagnóstico ambiental
que aspirasse à conservação da área e de seus recursos naturais, pois a Floresta
Nacional (FLONA) de Irati é um dos principais remanescentes da Floresta Ombrófila
Mista (Floresta com Araucária) e abriga muitas espécies que são protegidas por lei e
correm risco de extinção.
Para tanto, Van Der Vem empregou alguns métodos de
sensoriamento remoto, tais como o uso de imagens do Landsat TM7 nas órbitas/ponto
221/77 e 221/78 com a data de passagem de setembro de 1999. O uso dos Sistemas
de Informações Geográficas Spring versão 4.0, Idrisi versão 32 e ArcView versão 8.2
também foram essenciais para a elaboração dos mapas, assim como também
consultou a base de dados geológicos da Mineropar (2001) e do levantamento e
reconhecimento dos solos do Paraná.
Em outro trabalho, Castro (2009) também utiliza as técnicas de
geoprocessamento e SIGs para mapear o uso do solo e cobertura da terra em Áreas
de Proteção Permanente (APP) estabelecidas na microbacia Monte Belo no município
de Botucatu – SP, a fim de reduzir o uso inadequado do solo nessa região. Para tanto,
o pesquisador usou os SIG’s Envi versão 4.2, Spring versão 4.3.3, ArcView versão 3.2
e ArcGis, assim como a carta planialtimétrica de Botucatu e outros dados que obteve
por meio da consulta de literatura especializada.
Já Silva (2021) analisa imagens do satélite Landsat-8 na região
sudoeste do município de Cascavel nos anos de 2017 e 2018 a fim de avaliar e
comparar o solo exposto em uma pequena área agrícola da região. Para tanto, usou
o software QGIS para isolar o solo nessas imagens utilizando suas ferramentas para
excluir a Mata Nativa e as áreas de Culturas, elaborando, assim, novos mapas.
Entende-se, desse modo, que houve um aumento do solo exposto
para uma mesma área de estudo nesses anos. Ainda, cabe salientar como o SIG é
uma ferramenta importante para a captação de dados e estudos em diversas áreas,
por exemplo a agrícola, nesse caso.
21

3 MATERIAL E METODOLOGIA

A área de estudo corresponde ao Parque Estadual Mata dos Godoy,


localizado no município de Londrina, tendo como centro as coordenadas 23º 27' de
latitude S e 51º 15' de longitude O. Além disso, caracteriza-se por ser transpassado
pela linha imaginária do trópico de Capricórnio (LUIZ, 2008).
O Parque está situado em uma região conhecida como Terceiro
Planalto ou Planalto de Guarapuava, na subdivisão denominada Bloco do Planalto de
Apucarana, situado a oeste do Rio Tibagi e entre os rios Paranapanema e Ivaí até o
Rio Paraná (MAACK, 2017). Carrega como características físicas o solo derivado da
Formação Serra Geral com elevada fertilidade natural, profundos e bem
intemperizados, a conhecida terra vermelha, assim como afloramentos de rochas
sedimentares e vulcânicas da Bacia Sedimentar do Paraná.
A sub-bacia do Ribeirão dos Apertados, na qual está inserido o
Parque Estadual Mata dos Godoy, tem sua nascente no município de Arapongas e
segue na direção leste até desaguar no Rio Tibagi, esse ribeirão demarca o limite sul
da área da Mata. (STIPP; OLIVEIRA, 2004). O clima da região, segundo a
classificação climática de Köppen, caracteriza-se como Cfa, clima subtropical úmido,
em que a temperatura média do ar no mês mais frio é inferior a 18ºC e a do mês mais
quente ultrapassa os 22ºC, caracterizado por não ter estações secas e verões
quentes, porém, com frequentes geadas (MAACK, 2017).
Na elaboração desta pesquisa foi empregado o software de
geoprocessamento QGIS na versão 3.16.16. Software livre e de código aberto.
Utilizou-se os seguintes dados vetoriais (shapefiles): Bacia hidrográfica (município),
Estradas do Município (08/2019), Limites do Município, Unidades de proteção integral
e Zona de amortecimento da Mata dos Godoy (13/05/2019) disponíveis no portal da
prefeitura de Londrina por meio do Sistema de Informação Geográfica de Londrina
(SIGLON) –, e os dados geológicos e pedológicos na escala do mapa do estado do
Paraná disponibilizados pelo portal Banco de Dados de Informações Ambientais
(BDIA) do Instituto Brasil de Geografia e Estatística (IBGE). O uso da imagem do
satélite ALOS (Advanced Land Observing Satellite) PALSAR (Phased Array type L-
band Synthetic Aperture Radar) tirada em 2011 e disponível no site da Alaska Satellite
Facility em formato raster, arquivo tiff, também foi de grande importância para a
produção dos mapas que tem como base a morfologia do Parque.
22

O satélite usado para a produção dos mapas foi lançado em 2006 pela
Agência Espacial Japonesa (JAXA) cujo intuito era o de contribuir com o
monitoramento e a análise dos recursos naturais, bem como auxiliar pesquisas
relacionadas ao sensoriamento remoto (JAXA, 2008). As imagens tiradas em 2011
pelo sensor PALSAR do satélite ALOS foram baixadas como Modelo Digital de
Elevação (MDE) em formato tiff e extraídos os dados de curvas de níveis que estão
no mapa hipsométrico pela opção Raster>Extrair>Contorno com equidistância de 5
metros entre as curvas. Em seguida, o arquivo tiff foi reclassificado de acordo com
sua altitude com o seguinte comando: Caixa de ferramenta>Reclassificar por tabela
do software QGIS para uma melhor visualização quando estabelecida a recoloração
do arquivo.
O mesmo MDE obtido pelo satélite serviu para a produção dos dados
de declividade, por meio do comando Caixa de ferramentas>GDAL>Análise de dados
Raster>Declividade, tendo sido reclassificada a porcentagem de declividade de
acordo com a tabela elaborada pela Embrapa com o auxílio de outra ferramenta e
aplicação do seguinte método: Caixa de ferramentas > GRASS > Raster > r.reclass e
recolorido para uma melhor visualização. O mapa de orientação das vertentes foi
executado a partir do MDE com a seguinte instrução: Caixa de
ferramentas>GDAL>Análise de dados Raster>Orientação e reclassificado com a
ferramenta Reclassificar por tabela para acertar todas as direções das vertentes do
arquivo e recolorido com cores opostas e complementares para os pontos cardeais.
Os dados vetoriais em formato shapefile das estradas do município, da hidrografia da
região e dos limites da Unidade de Proteção retirados do portal SIGLON serviram para
complementar os mapas produzidos.
Para a produção dos demais mapas, os arquivos vetoriais disponíveis
nos portais BDIA e SIGLON facilitaram o processo, uma vez que o recorte dos
mesmos pela ferramenta Vetor>Geoprocessamento>Recortar já alinha com o arquivo
dos limites da Unidade de Proteção.
23

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

É certo que as áreas de conservação necessitam de ferramentas para


a gestão e a manutenção do seu território, pois, embora apresentem um bom plano
de manejo, não contêm recursos suficientes para aplicar na prática aquilo descrito em
teoria. Portanto, um bom caminho para que se comece a mudar a forma de gerir esses
territórios é por meio da captação e da transformação dos dados geográficos via
aplicação de um Sistema de Informação Geográfica (SIG) para a reestruturação da
Unidade de Conservação (UC).
A proposta de elaboração do Sistema de Informações Geográficas da
Mata dos Godoy culminou na produção de diferentes mapas, os quais servem como
fonte de informações para o planejamento e a gestão do parque, ademais servirá
também aos próximos estudos que necessitem dos dados ora implantados.
Como observado na Figura 1, o mapa de localização do Parque foi o
primeiro a ser produzido, e reproduz alguns dados como os rios próximos a mata, com
ênfase ao Ribeirão dos Apertados, que percorre o limite sul do parque em direção ao
Rio Tibagi, a Rodovia Mábio Gonçalves Palhano, que atravessa a mata no quilometro
quatorze, sendo a principal via de acesso à cidade de Londrina para os moradores do
distrito de São Luiz. Também se observa por onde transpassa a linha imaginária do
Trópico de Capricórnio, que agora conta com uma sinalização para comunicar quem
percorre a rodovia e passa pelo Parque Estadual Mata dos Godoy (Figura 2).
Muito usada na geografia e na topografia, a hipsometria é uma das
principais técnicas na produção de mapas e tem como função representar o relevo
por meio de cores, ou seja, o estudo da elevação do terreno usa as cores quentes
(vermelho, marrom, laranja) para representar altitudes maiores e a cores frias (tons
de verde e azul e até o branco) para representar as altitudes mais baixas (OLIVEIRA,
1993).
Tendo como base essas informações, foi produzido o mapa
hipsométrico do Parque Estadual Mata dos Godoy (Figura 3), com as curvas de níveis
com equidistâncias de 5 metros, e representações gráficas das cores nas diversas
altitudes que compõem a região. Nele pode-se observar que a altitude média do
parque é 570m, cuja porção norte detém as maiores elevações, chegando a 660m de
altitude, e à medida que se aproxima do Ribeirão dos Apertados, a altitude é cerca de
480m.
24

Figura 1 – Mapa de localização do Parque Estadual Mata dos Godoy

Fonte: Autor (2023)


25

Figura 2 – Localização da Placa de indicação da linha imaginária do Trópico de


Capricórnio na Rodovia Mábio G. Palhano, que corta o parque.
Fonte: Google Earth.

Mapas hipsométricos são ferramentas essenciais para compreender


as características físicas de uma área, pois fornecem informações imprescindíveis de
navegação, planejamento da infraestrutura, gerenciamento de desastres e, por isso,
tornam-se a porta de entrada para a elaboração de outros mapas que tomam por base
as informações desses mapas, sobretudo relativamente a geomorfologia. Tais mapas
mostram orientações de vertentes, erosão, declividade, comprimento de rampa etc.
O mapa de hipsometria do Parque Estadual Mata dos Godoy foi usado
como base para que outros pudessem ser produzidos, como o mapa de declividade
(figura 4), que representa a inclinação ou a declividade da superfície terrestre,
seguindo tabela pré-determinada pela Embrapa (tabela 1), cujas informações
encerram as classes de relevo e o intervalo de declividade, considerando que a
declividade corresponde à inclinação do relevo em relação ao plano horizontal
(FLORENZANO, 2008).
26

Figura 3 – Mapa Hipsométrico do Parque Estadual Mata dos Godoy

Fonte: Autor (2023)


27

Figura 4 – Mapa de declividade do Parque Estadual Mata dos Godoy

Fonte: Autor (2023).


28

Tabela 1 – Classificação de Declividade proposta pela Embrapa

Classes de relevo Intervalo de declividade (%)


Plano 0–3
Levemente ondulado 3–8
Ondulado 8- 20
Fortemente ondulado 20 – 45
Montanhoso 45 – 75
Escarpado > 75
Fonte: EMBRAPA (1979).

Segundo Cunha e Guimarães (2010, p. 143), “O mapa de declividade


é um produto que fornece informações importantes para diversas aplicações em áreas
como planejamento urbano, gestão de bacias hidrográficas e prevenção de desastres
naturais”, logo, está intimamente ligado à elaboração de outros mapas, que serão
apresentados oportunamente. Segue, na sequência, o mapa de declividade do Parque
ora estudado.
Ao analisar a Figura 4, observa-se que são poucas as áreas onde a
declividade será superior a 45%, mantendo-se próximas ao curso das nascentes que
surgem em meio à mata e vão em direção ao Ribeirão dos Apertados, na porção
centro-sul. Em sua grande parte, o Parque apresenta áreas de 0 a 3% de declividade
(planas), geralmente em áreas com maiores altitudes e próximas às trilhas e ao centro
de visitantes na porção norte, e áreas de declividade de 8 a 20% localizadas, em sua
grande maioria, em direção a parte sul da mata, onde se configura uma pequena
planície aluvial do Ribeirão dos Apertados.
Outro mapa que se baseia no mapa de hipsometria do parque é o
modelo de direção das vertentes (Figura 5), o qual, em conjunto com o mapa de
declividade, contribui para a interpretação das feições de drenagens, indicando em
qual direção fluirá a água, e caracterização da estrutura do terreno. Nele é possível
observar para onde estão voltadas as vertentes que foram classificas em diferentes
cores, a depender da direção, bem como a superfície plana do terreno. Apesar de ser
uma mata fechada, com esse mapa é possível analisar para onde escoam as águas
da chuva e também quais vertentes recebem mais radiação solar em determinados
períodos do dia.
29

Figura 5 – Mapa de orientação das vertentes do Parque Estadual Mata dos Godoy

Fonte: Autor (2023).


30

Nascimento (2017, p. 3) defende que “O mapa de orientação das


vertentes é uma ferramenta importante para a análise dos processos geomorfológicos
e hidrológicos em uma determinada área, pois permite identificar áreas com diferentes
características de relevo e fluxo de água”. Segue, na sequência, o mapa de orientação
das vertentes.
É importante relacionar as direções das vertentes com o mapa de
hidrografia da região (Figura 6), no qual a Mata dos Godoy está situada na microbacia
do Ribeirão dos Apertados e observa-se os canais de drenagem a partir das nascentes
até desaguar no ribeirão, bem como toda sua extensão, que passa por diferentes
regiões, como áreas agrícolas e distritos de Londrina até chegar ao grande Rio Tibagi.
Segundo Florenzano e Basso (2012):
A rede de drenagem é uma das mais importantes variáveis do terreno na
caracterização de tipos de rochas e solos. O padrão de drenagem, definido
pelo arranjo espacial dos canais fluviais, é amplamente explorado na
definição de zonas homólogas em estudo do meio físico.

Para a produção do mapa de hidrografia foi preciso realizar uma


análise não apenas nos canais de drenagem da região da Mata dos Godoy, mas
também de toda a microbacia do Ribeirão dos Apertados, com destaque para a mata
em verde e o rio principal com maior largura.
A respeito da finalidade dos mapas de hidrografia, segundo Jensen
(2009, p. 287), servem para mostrar “a distribuição de corpos de água em uma
determinada área. Eles incluem rios, córregos, lagos e outras massas de água, e são
usados para fins como planejamento urbano, gestão de recursos hídricos e análise
ambiental”. A seguir, apresentamos o mapa de hidrografia da Bacia do Ribeirão dos
Apertados.
Há, ainda, o mapa pedológico da mata (Figura 7), sendo uma
importante ferramenta que mostra a distribuição espacial dos tipos de solos da região,
e pode-se notar uma predominância de dois tipos principais de solos de acordo com
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): o Nitossolo Vermelho
Eutroférrico e Neossolo Litólico Chernossólico.
31

Figura 6 – Mapa de hidrografia da Bacia do Ribeirão dos Apertados

Fonte: Autor (2023).


32

Figura 7 – Mapa pedológico do Parque Estadual Mata dos Godoy

Fonte: Autor (2023


33

Os solos são classificados em três níveis categóricos; para o primeiro


e segundo níveis adotam-se letras maiúsculas e para indicar o terceiro nível letras
minúsculas, sendo cada qual independente e com significação própria (Embrapa,
2013).
O solo do tipo Nitossolo Vermelho Eutroférrico de classificação NVef
é um solo derivado de rochas basálticas e ultrabásicas bem poroso e apresenta uma
boa drenagem, é um solo fértil e com grande saturação, que possibilita uma grande
abundância de vegetação (Embrapa, 2013).
Já o solo do tipo Neossolo Litólico Chernossólico tem classificação
RLm e sua nomenclatura vem do grego neo que significa “novo”, ou seja, um solo com
pouco desenvolvimento pedogênico, com menos de 20 cm de espessura, constituído
por material orgânico ou mineral; o Neossolo Litólico também contém alguns
fragmentos de cascalhos e matacões, não sendo considerado um solo ideal para o
desenvolvimento de vegetação (Embrapa, 2013).
Fonseca (2020), sobre a importância dos mapas pedológicos, aponta:
O mapeamento pedológico é um processo de extrema importância para o
planejamento e gestão do uso da terra, pois permite a identificação das
diferentes classes de solos presentes em uma determinada região e suas
respectivas características, auxiliando na tomada de decisões para a
utilização mais adequada dos recursos naturais.

Outra importante área de conhecimento para obtenção dos dados do


Parque refere-se aos aspectos geológicos da região (figura 8), situada sobre a Bacia
Sedimentar do Paraná, com a predominância de rochas sedimentares e vulcânicas
(ASSINE et al., 1994). Duas principais formações compõe a Mata dos Godoy: (i) a
formação Paranapanema, composta por rochas sedimentares de idade
neoproterozoica a paleozoica com camadas predominantes de arenito, siltito e argilito
(WILDNER, 2004); e(ii) a formação Pitanga, que mantém uma característica parecida
com a da formação Paranapanema, com diferença de que é uma formação mais
recente, de idade cretácea sobreposta a ela (FERNANDES, 2014). No mapa, observa-
se como estão dispostas as formações na Mata dos Godoy, onde, na porção com
maior altitude, prevalece a formação Paranapanema e, próximo ao Ribeirão dos
Apertados, a formação Pitanga está aflorando.
34

Figura 8 – Mapa geológico do Parque Estadual Mata dos Godoy

Fonte: Autor (2023).


35

De acordo com Lisle, Brabham e Barnes (2014), mapas geológicos


são muito importantes para a classificação de problemas como risco naturais,
exploração de recursos da Terra, e tanto para a geociência ambiental, como espaços
de aterro e poluição ambiental, quanto para a engenharia civil, como nas construções
de represas, estradas etc. O mapa geológico da região é ferramenta fundamental,
portanto. Assim, considerando que o objeto de estudo deste trabalho é o Parque
Estadual Mata dos Godoy, a importância do mapa geológico está para a preservação
ambiental e para o enriquecimento da literatura sobre suas diferentes formações
rochosas e a história por trás de cada formação.
É claro que, para um profundo mapeamento da região, o trabalho em
campo é imprescindível, podendo-se coletar amostras mais complexas de toda a
composição geológica da Mata dos Godoy. O que está apresentado neste trabalho,
no entanto, é uma análise mais geral e simplificada das formações geológicas do
Parque, obtidas através do mapa geológico do Paraná disponível no site do IBGE pelo
portal BDIA, conforme mapa a seguir.
Baseado nos mapas apresentados, a possibilidade de uma gestão
voltada ao cuidado e preservação da mata e de todas as suas características
apresenta-se à comunidade em geral como sendo algo bem interessante. É um meio
de atualizar as diretrizes do parque e também de se fazer os ajustes necessários para
a sua zona de amortecimento.
Com a confecção do mapa de declividade, a prevenção para
possíveis erosões em determinadas localizações da mata torna-se mais fácil, visto
que podemos prever onde se tem maior probabilidade desse evento ocorrem.
Outra opção para o uso dos mapas é a possibilidade de sugerir e/ou
elaborar novas trilhas, que possam ter maiores ou menores níveis de dificuldades para
que os visitantes possam interagir mais com o parque. Isso claro, com uma leitura
apurada dos impactos que causariam na mata.
36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso de mapas específicos e a junção deles em um único local para


que possam ser estudados remete, mais remotamente, aos atlas. O Sistema de
Informação Geográfica (SIG) serve para que essa convergência de dados se torne
mais dinâmica e de fácil execução. Para tanto, este trabalho buscou representar
cartograficamente alguns dos diferentes tipos de estudos que podem ser feitos no
Parque Estadual Mata dos Godoy.
Logo, neste trabalho buscou-se fornecer um aparto necessário, ainda
que introdutório, ao desenvolvimento de outras pesquisas com o mesmo objeto de
estudo, de modo que possam se basear nos mapas aqui elaborados e, com isso,
possam levar adiante as pesquisas a serem feitas na Mata dos Godoy. Ainda, este
trabalho, acredita-se, também serve como estímulo educacional da população local e
dos visitantes que circulam em meio às trilhas do Parque.
Conforme constatou-se, o SIG pode ser usado para reformulação do
plano de manejo da Unidade de Conservação (UC), a fim de melhorar o
gerenciamento e a preservação da mata. Londrina, com se sabe, possui um SIG,
denominado SIGLON, que constantemente é atualizado para melhorar os dados
representados. Portanto, este trabalho certamente merece algumas atualizações
posteriores, com reelaboração dos mapas já construídos e inserção de novos mapas
considerando-se outros dados, de modo a complementar as informações até aqui
estudadas.
37

REFERÊNCIAS

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