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2 Aquisição de Sinais

Discretos: Amostragem

1. Introdução

Para maior entendimento, analisaremos como sinais digitais são obtidos a


partir de sinais analógicos, antes observemos que sinais contínuos são matematicamente
denotados como x(t), uma vez que são funções de tempo contínuo (t ∈ R), sinais
discretos utilizam colchetes e são funções de tempo discreto (n ∈ Z), tal como x[n]. O
processo de aquisição de um sinal digital se dá por meio de um conversor analógico-
digital (A/D), cuja representação mais simples, pode ser vista no esquema abaixo.

xc(t) T x[n]

Figura 2.1. Modelo mecânico do conversor A/D.

No esquema mostrado, x[n] é o sinal discreto obtido da amostragem do sinal


contínuo xc(t) a cada T segundos. T é então chamado período de amostragem e
conseqüentemente fs = 1/T é a freqüência de amostragem. O sistema mostra que o
conversor A/D funciona como uma chave mecânica que a cada T segundos permite que
o sinal analógico passe.
O período de amostragem deve ser determinado de forma que o número de
amostras obtidas seja suficiente para representar a informação do sinal analógico
original. A Figura 2.2 exemplifica a importância da escolha correta deste parâmetro.

Amostragem com T=T1

xc(t)
x[n]

T 2T 3T 4T 5T 6T 7T 8T t 1 2 3 4 5 6 7 8 n
Amostragem com T = 2T1

xc(t)
x[n]

T 2T 3T 4T 1 2 3 4

Figura 2.2. Amostragem de sinais com diferentes taxas.

A figura mostra o resultado da utilização de uma taxa de amostragem menor


que a necessária. O valor da taxa de amostragem depende da freqüência máxima do
sinal analógico que deve ser amostrado e é determinada pelo teorema da amostragem.

2. Modelo de Conversor A/D

O modelo de chave mecânica propicia uma visão de funcionamento do


conversor A/D, claro que esta não é uma representação real. É conveniente representar o
processo de amostragem em dois estágios: a modulação pelo trem de pulsos seguida da
conversão do sinal obtido para uma seqüência.

xc(t)
xc(t) xs(t)
Conversor
x[n] A/D

s(t)
s(t)
Figura 2.3. Modelo elétrico do conversor A/D.

O esquema mostra um circuito xs(t)


multiplicador, no qual o sinal contínuo xc(t) é
multiplicado por um sinal de pulsos s(t), cujo
T
período é T, gerando um terceiro sinal
analógico xs(t). Este sinal é submetido a um conversor que transforma cada pulso
modulado em um conjunto de bits (sinal digital).
Conversor de pulsos

Comparador Fim de contagem


xo(t)
xs(t) Retentor Reset
Lógica de Contador
Controle Digital
B bits Buffer Armazenamento
Clock ou transmissão

Circuito
Escada
e(t)

Lógica de controle Circuito escada


5V R R R
e(t)
Fim de
contagem 2R 2R 2R 2R 2R
do comparador
Clock para o
contador

contador (B bits)
xc(t)

s(t)

xs(t)

T
xo(t)

Figura 2.4. Circuito conversor analógico-digital.


A Figura 2.4, mostra o esquema detalhado do conversor A/D, sendo composto,
basicamente, dos seguintes elementos:

Circuito retentor: O circuito retentor mantém o valor amostrado constante durante T


segundos, ou seja, até ao próximo pulso de amostragem s(t). Na saída deste circuito,
para cada amostra é gerado um nível dc constante, isto é necessário uma vez que o
processo de conversão A/D demanda um tempo mínimo de atraso.

Comparador: O circuito comparador é responsável por indicar se o processo de


conversão foi concluído. Para isso ele compara o nível dc que vem do retentor com o
sinal gerado pelo circuito escada, se e(t)<xo(t) a saída do comparador é 5 V se não sua
saída é 0 V.

Lógica de controle: este circuito é responsável pelo controle do A/D, se a saída do


comparador é de 5V, um sinal de clock é enviado ao contador, incrementando-o, porém
se a saída do comparador é 0V, o sinal de clock é interrompido e um sinal de fim de
contagem é enviado ao buffer.

Contador: a cada novo pulso de clock, o seu valor é incrementado, o que faz com que os
bits de saída que são enviados para o circuito escada, sejam alterados. A resolução do
contador implica na resolução do sinal digital, ou seja, se o contador é de 8bits, o sinal
digital será de 8bits.

Circuito escada: o circuito escada gera um sinal através da combinação dos bits (0V ou
5V) na saída do contador. Esse sinal cresce à medida que o contador é incrementado, de
modo que no momento em que a contagem alcança um determinado valor para o qual a
saída do circuito escada e(t) é maior ou igual ao sinal no comparador xo(t), o contador é
interropido e os bits na sua saída são tomados como o código binário para a amostra
atualmente em conversão.

Buffer: o buffer é necessário para capturar o estado de saída do contador e enviá-lo ao


sistema de transmissão ou gravação, no momento em que o sinal de fim de contagem é
recebido. Ao zerar o contador (sinal de reset), o buffer faz com que a saída do circuito
escada vá a zero, o que altera o estado do comparador e consequentemente faz com que
a contagem recomece.

Observe que se o contador tem resolução B, sua contagem máxima é de L = 2B, observe
ainda que esta contagem deve ocorrer em um intervalo de no máximo T segundos, ou
seja e(t) deve alcançar o valor de xo(t), antes que uma nova amostragem ocorra, logo o
período do clock que vai para o contador deve ser L vezes menor que o período do sinal
amostrador s(t).

Mas a saída do contador é digital, composta por bits (0’s e 1’s), como é gerado o sinal
discreto?
O sinal discreto é gerado com base na tabela de codificação do nosso conversor A/D.
Ao se projetar um conversor A/D, deve-se especificar qual o intervalo de amplitude no
qual o sinal analógico deve estar, normalmente, para conversores de 8bits (e no caso do
nosso esquema) este intervalo é de 0V - 5V. Logo teremos para cada código binário um
valor de voltagem referente. Facilmente podemos deduzir uma relação de conversão que
dará o valor da amostra do sinal discreto.
Vmax − Vmin
xd = IB
L

Em que Vmax e Vmin são os limites de amplitude do sinal analógico, L o nível máximo do
contador e IB o valor inteiro referente ao código binário obtido para uma determinada
amostra.
A operação de amostragem é geralmente não inversível, ou seja, a partir de x[n]
não podemos obter xc(t), apesar de que uma aproximação satisfatória pode ser obtida
por filtros de interpolação, isto desde que o sinal discreto tenha sido amostrado
obedecendo o teorema da amostragem estudado mais a frente.
Vale ressaltar que na operação de amostragem de sinais importantes
considerações devem ser tomadas na implementação ou escolha de conversores A/D,
incluindo quantização, linearidade ou passo de quantização, a necessidade de circuitos
de amostragem e limitações da taxa de amostragem.

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