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RESUMO
O presente artigo pretende compreender a relação entre o saber teórico e o saber prático na
ação docente. Estes saberes são continuamente retomados nos estudos sobre formação de
professores por sua relevância para uma prática significativa e contribui para o professor
repensar, sistematicamente, suas ações à medida que surgem os desafios próprios de sua
atuação. Partimos do pressuposto no qual, o entendimento do processo de construção do
ser professor acontece mesmo antes dele iniciar a sua vida acadêmica, estendendo-se ao
longo de sua trajetória de vida pessoal e profissional. Consideramos, assim, que o ser
professor e a sua prática docente constituem-se de diferentes saberes: científico,
pedagógico, experiências de vida, disciplinares, dentre outros. O nosso referencial teórico
envolve autores como, Freire (1996) e Tardif (2002) que abordam a temática. Para
complementar nossa pesquisa, faremos um diálogo reflexivo e uma entrevista
semiestruturada com dois professores do primeiro ano do Ensino Fundamental.
ABSTRACT
The present article intends to understand the relation between theoretical knowledge and
practical knowledge in the teaching action. These knowledges are continually taken up in
teacher training studies because of their relevance to a consistent practice and contribute to
the teacher systematically rethinking their actions as the challenges arise. The process of
construction of being a teacher happens even before he begins his academic life, extending
throughout his personal and professional life trajectory. We consider, therefore, that being a
teacher and his teaching practice are constituted by different knowledge: scientific,
pedagogical, life experiences, disciplinary, among others. Our theoretical framework involves
authors such as Freire (1996) and Tardif (2002) who approach the theme. To complement
our research, we will conduct a reflexive dialogue and a semi-structured interview with two
first grade teachers of elementary school.
RESUMEN
El presente artículo pretende comprender la relación entre el saber teórico y el saber
práctico en la acción docente. Estos saberes son continuamente retomados en los estudios
sobre formación de profesores por su relevancia para una práctica consistente y contribuye
al profesor repensar sistemáticamente sus acciones a medida que surgen los desafíos
propios de su actuación. El proceso de construcción del ser maestro ocurre incluso antes de
iniciar su vida académica, extendiéndose a lo largo de su trayectoria de vida personal y
profesional. Consideramos, así, que el ser profesor y su práctica docente se constituyen de
diferentes saberes: científico, pedagógico, experiencias de vida, disciplinares, entre otros.
Nuestro referencial teórico involucra a autores como Freire (1996) y Tardif (2002) que
abordan la temática. Para complementar nuestra investigación, haremos un diálogo reflexivo
y una entrevista semiestructurada con dos profesores del primer año de la Enseñanza
Fundamental.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Este pensamento de Paulo Freire nos faz refletir sobre a dicotomia que ainda
perdura em algumas formações de professores, ou seja, a teoria é trabalhada
desvinculada da prática, desconsiderando que toda proposta de formação precisa e
deve exigir uma forma de aproximação com a prática. Essa aproximação pode se dá
por meio do compartilhamento de experiências entre os professores envolvidos na
formação e pela mediação e intervenção do professor formador que, também,
partilha as suas experiências. Como a escola é o lócus privilegiado de formação, é
importante que o formador conheça o cotidiano da sala de aula, como acontece a
prática docente e coopere com o trabalho dos professores, incentivando-os a
desenvolverem práticas formativas entre eles, trabalhando tanto o saber teórico
(pesquisa, leitura e discussão de textos) como o saber da prática (reflexões em
grupo sobre as práticas e troca de experiências embasadas em teorias da
educação).
A prática docente, por se constituir de diferentes saberes, é considerada uma
atividade intencional que exige, além desses saberes, o estabelecimento de
objetivos, planejamento, intervenção e avaliação para atingir a sua finalidade: a
aprendizagem dos estudantes e a primazia do ensino. Por esta razão, deve guiar-se
pela teoria de forma sistemática e não de forma casual, um dos motivos que leva o
professor a ser um pesquisador de sua própria prática e um incessante aprendiz.
O exercício da docência, enquanto ação transformadora que se renova tanto
na teoria quanto na prática, requer o desenvolvimento de uma consciência crítica
dos sujeitos envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem. E, nesse sentido,
podemos dizer que o exercício da ação docente requer preparo, requer a elaboração
e reelaboração de saberes diversos. Segundo Freire, “saber que ensinar não é
transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção” (1996, p. 47)
Refletindo sobre essa afirmação de Freire, relacionamos com os discursos
dos dois professores entrevistados nesta pesquisa ao indagarmos acerca de como
acontece, na sala de aula, os saberes teóricos e práticos. O primeiro professor a
falar (denominamos de P1), relatou que
2. 2. Formação Docente
A relação teoria-prática é para essa autora como para outros estudiosos sobre
essa temática, como Freire, é que a teoria e a prática são indissociáveis porque a
teoria guia a prática e possibilita ao homem refletir sobre suas ações para que
possa, conscientemente, transformar o mundo natural e social. Estendendo essa
compreensão para a formação de professores, vimos, no discurso do P2 que sua
prática é embasada nas leituras que realiza e nas discussões que tem com seus
colegas de trabalho, onde discorre e troca experiências sobre o fazer pedagógico.
São nas ações formativas de professores que há a possibilidade de conhecer
e analisar as experiências, as realidades, as necessidades formativas tanto dos
professores como dos alunos e da instituição escolar e, assim, ressignificar essas
ações para que a formação docente esteja intrinsecamente relacionada ao contexto
de trabalho. No entanto, se a formação caracterizar-se por um modelo técnico-
instrumental, onde o professor é um mero executor de planos elaborados por
especialistas que não conhecem o cotidiano do trabalho docente e discente, essa
formação não contribui de forma satisfatória para o aprimoramento da prática
docente. Geralmente, esse modelo de formação, é padronizado e prescritivo para
um grupo de professores que têm necessidades e realidades diferentes em um
contexto educacional diversificado.
É preciso uma reflexão crítica sobre as práticas de formação continuada que
desconsideram as expectativas e anseios dos professores, pois acreditamos que os
interesses, necessidades e a prática docente devem ser consideradas em quaisquer
programas ou ações de formação. Tais reflexões críticas enfatizam a ideia de que a
formação continuada precisa ser contextualizada ao cotidiano do trabalho do
professor com o objetivo de motivá-lo a participar das formações e saber da
importância do processo formativo para a sua prática.
Uma formação que atenda as demandas e interesses dos professores, das
instituições formadoras e da sociedade simultaneamente, não é tarefa fácil, mas é
possível quando o trabalho é feito de forma cooperativa, onde haja a participação
efetiva dos profissionais que lutam por uma educação de qualidade. Quando a
formação vai ao encontro das necessidades dos professores será tanto mais efetiva,
mobilizando sua atenção e empenho em articular a teoria e a prática para o
aprimoramento do fazer docente e discente e pensar em soluções de problemas
relativos ao ensino e à aprendizagem, refletindo na melhoria da qualidade do
processo educativo.
Nas últimas décadas, estudiosos na área de formação de professores como
Freire e Pimenta dentre outros, discorreram sobre uma formação crítico-reflexiva
com o objetivo de incentivar e concretizar propostas contra o modelo de formação
preestabelecido, considerando a complexidade dos contextos de prática e
envolvendo os saberes docentes, como os teóricos e práticos. Para tanto, é
importante que o professor tenha autonomia para desenvolver sua prática e, dessa
forma, construir novos saberes, analisar criticamente a realidade e transformá-la.
Nesta perspectiva, a prática docente precisa condicionar as práticas de formação, ou
seja, as temáticas, as metodologias, os recursos didáticos, os teóricos precisam ser
selecionados com os professores e de acordo com as suas necessidades
formativas, sendo assim, é de suma importância que o professor participe da
construção do plano de formação.
A participação do professor na construção do plano de formação é
imprescindível na perspectiva da racionalidade prática porque ele é o profissional da
educação que convive diariamente com os seus alunos e tem ciência de suas
necessidades e realidade. Necessidades estas, gestadas a partir dos problemas,
desafios e condição de trabalho que surgem em sua prática, em seu fazer
pedagógico juntamente aos seus pares. Para isso, enfatizamos o que discorremos
anteriormente sobre a importância de discutir, refletir e articular os saberes
docentes, especialmente, os saberes teóricos e os saberes práticos.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS