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CURSO DE NEUROPEDAGOGIA

JANE DE SANTANA FERREIRA

DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR, REFLEXÃO SOBRE A PRÁXIS


EDUCATIVA.

BRASÍLIA / DF 2015
JANE DE SANTANA FERREIRA

DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR, REFLEXÃO SOBRE A PRÁXIS


EDUCATIVA.

Artigo referente a um estudo cientifico,


apresentado no âmbito de atividades da
disciplina de do curso de Pós-Graduação em
Docência do Ensino Superior do Instituto
Saber.

Orientador: Antônio Eustáquio Ferreira

BRASILIA/ DF 2015
Curso de Pós Graduação Artigo de Revisão
Docência do Ensino Superior
DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR, REFLEXÃO SOBRE A PRÁXIS EDUCATIVA.
TEACHING OF HIGHER EDUCATION REFLECTIONS ON EDUCATIONAL PRAXIS.
Jane de Santana Ferreira1, Antônio Eustáquio Ferreira ²
1 Aluna do Curso de Docência do Ensino Superior
2 Professor Orientador

Resumo
Introdução: O professor recém-saído do curso superior geralmente não teve a prática aliada a sua teoria, o que dificulta a sua práxis
e desqualifica o fazer pedagógico. Objetivo: Partindo deste pressuposto, o estudo tem a intenção de conhecer como ocorre a práxis
educativa, conhecendo como se dá a formação e a prática do professor universitário. Métodologia: Revisão de literatura de caráter
bibligráfico.Justificativa: O referido estudo é essencial para que os docentes do ensino superior tenham um maior conhecimento a
respeito da sua práxis pedagógica e sua importância para o processo acadêmico. Conclusão: O estudo busca uma atenção
direcionada a qualidade dos cursos de formação oferecidas, se realmente cumprem a teoria aliada prática de forma consciente e
crítica.
Palavras-chave: Professor. Práxis. Formação

Abstract
Introduction: The teacher fresh out of college generally not had allied his theory practice, which hampers their praxis and disqualifies
the pedagogical.Objective: Under this assumption, the study intends to know how does the educational praxis, knowing how is the
training and practice of university professor. Methodology: Review bibligráfico.Justificativa character of literature: The study is
essential for higher education teachers have greater knowledge about their pedagogical praxis and its importance to the academic
process. Conclusion: The study aims a focused attention to quality of training courses offered, they really meet the theory combined
with practice consciously and criticism..
Keywords: Teacher. Praxis. Formation.

Contato: jane.santana@globo.com; eustaquioaf@gmail.com.

Introdução Nossos professores universitários nunca


tiveram uma prática docente além das instituições
Ao observar as grades curriculares de que os formaram, o que nos mostra a
cursos de graduações é possível notar que necessidade de se estabelecer na formação
poucos são aqueles que dedicam disciplinas docente um espaço específico, destinado à
direcionadas a arte de ensinar. Isto só será prática, considerando como aprender a ensinar.
percebido mais tarde, através do despreparo dos Este artigo tem o intuito de entender
professores em sala de aula, que em muitas como acontece esse processo formação e
vezes dominam muito bem o conteúdo, porém, compreender um pouco mais esse universo.
não sabem como transmiti-lo a seus alunos.
De acordo com Santos (2010) a própria Metodologia
natureza do trabalho educativo exige que o
movimento de contínua construção e Para a realização desse trabalho será
reconstrução de conhecimento e de usada a pesquisa bibliográfica. A pesquisa
competências profissionais sejam vivenciados na bibliográfica é um tipo de pesquisa que envolve
formação inicial e se faça presente ao longo da muita leitura e interpretação de livros e textos que
carreira. Caso contrário, haverá sempre uma falam sobre o assunto a ser pesquisado. Além
dissonância entre os avanços conseguidos nas disso, esse tipo de pesquisa tem como objetivo
instituições de formação, renovação curricular e conhecer as diversas contribuições disponíveis
da pesquisa didática. sobre o tema a ser investigado.
Ainda segundo Santos (2010) o Ela serve de suporte à todos os tipos de
desenvolvimento da prática pedagógica permite pesquisa que se deseja fazer. Segundo Gil
ao professor uma relação de autonomia, criando (2002), uma boa definição do que seria a
propostas de intervenção pedagógica, lançando pesquisa bibliográfica é a busca de uma
mão de procedimentos, recursos e problematizacão de um projeto de pesquisa a
conhecimentos pessoais disponíveis no contexto, partir de referenciais já publicados, analisando e
integrando saberes, sensibilidade e discutindo as contribuições culturais e científicas.
intencionalidade para responder a situações Ela constitui uma excelente técnica para fornecer
complexas e diferenciadas nas práticas ao pesquisador a bagagem teórica, de
pedagógicas. conhecimento, e o treinamento científico que
habilitam a produção de trabalhos originais e dessas contradições que o sujeito vai constituindo
pertinentes. sua identidade.
Quanto à abordagem qualitativa de É nesse sentido que a reflexão sobre a
pesquisa, segundo Lakatos e Marconi (1991, p. prática docente se encaixa e faz com que o
24), envolve a obtenção de dados descritivos, professor consiga desenvolver seu papel de
obtidos no contato direto do pesquisador com a educador e formador das mais variadas opiniões,
situação estudada, enfatiza mais o processo do conscientizando os jovens para a construção dos
que o produto e se preocupa em retratar a seus conhecimentos e de seus direitos e
perspectiva dos participantes. obrigações como cidadãos (MASETTO, 2003).
Na verdade ser professor é reconhecer
Desenvolvimento a existência da práxis (teoria praticante – prática
teorizante). Em sua atuação, não há nada mais
De acordo com Franco (2009) a atividade inovador do que repensar a própria ação, se
docente é uma prática social, historicamente compreendermos que inovar, é um processo
construída, que transforma os sujeitos pelos constante de reconstrução e, para tanto, é preciso
saberes que vão se constituindo, ao mesmo repensar a prática realizando um processo
tempo em que os saberes são transformados dialético transformador (DEMO,1997) e, acima de
pelos sujeitos dessa prática. Os saberes tudo, original.
pedagógicos são os saberes que fundamentam a Como bem coloca Rios (2002),
práxis docente, ao mesmo tempo em que a Trata-se, portanto, de ir em busca do
prática docente é a expressão do saber que é inovador, do que não é apenas novidade,
pedagógico. mas original. De ir em busca de algo nas suas
A profissão docente se articula com origens. E quando me refiro às origens não estou
diferentes saberes: os sociais, os escolares, os falando no começo. [...] daquilo que é provocador,
saberes disciplinares e curriculares, os saberes estimulador de irmos adiante e organizarmos de
oriundos das ciências da educação, os saberes forma diferente o nosso trabalho. (p.156-7).
pedagógicos e os experienciais (TARDIF, 2007). A Práxis Educativa
Não só saber escolher sua profissão é De acordo com Martins (2010) a práxis
importante, mas também seus saberes compreende a dimensão autocriativa do homem,
necessários ao saber-fazer enquanto educador. manifestando-se tanto em sua ação objetiva
Segundo Tardif (2007, p. 23): sobre a realidade quanto na construção de sua
[...] um professor de profissão não é somente própria subjetividade. À título apenas de
alguém que aplica conhecimentos produzidos por esclarecimento geral, cumpre-nos apontar que a
outros, não é somente um agente determinado subjetividade humana (já superadas as
por mecanismos sociais: é um ator no sentido concepções essencialistas, metafísicas e a-
forte do termo, isto é, um sujeito que assume sua históricas) é um sistema de sentidos construído
prática a partir dos significados que ele mesmo afetiva e emocionalmente nas experiências de
lhe dá, um sujeito que possui conhecimentos e vida. Assim, nada existe que não seja um espaço
um saber-fazer provenientes de sua própria formador de sentidos e, consequentemente, de
atividade e a partir dos quais ele a estrutura e a subjetividade.
orienta. Todos os contextos experienciais, por
Para Perrenoud (1993), os profissionais sua vez, são construídos pelo trabalho dos
da educação necessitam de novas competências homens, que como práxis encerram uma tríplice
para se motivarem na atuação, de modo que os orientação: o que fazer; para que fazer e como
objetivos de uma educação corporativa sejam fazer. É por esta via que o homem pode
melhorados, frente às aprendizagens essenciais transformar a matéria em ideia e a ideia em nova
aos profissionais de hoje. Isto porque a matéria. Tais afirmações permitem-nos deduzir
competência constrói-se na formação do que o desenvolvimento das capacidades
cotidiano escolar. ontológicas essenciais requer a construção e
Destaca-se, portanto, que na consolidação das propriedades, dos atributos
atualidade, o papel do professor como apenas humanos imprescindíveis à práxis.
repassador de informações atualizadas está no O processo de formação do professor
seu limite, é preciso que os docentes de exige amplo olhar nas ações que o fundamentam,
Educação Superior se preocupem em ensinar aos pois subjaz à formação docente concepções que
seus discentes a tomar iniciativas, deixando de demonstram a subjetividade no processo de
serem apenas modelos a serem seguidos. ensino. Ora numa perspectiva denominada
Junges (2006) destaca que a formação, a cognitivista e psicologizante, ressaltando as
construção e a percepção da atuação profissional características cognitivistas do professor como
do professor ora é essencialmente reprodutora, eficiente, ora numa visão fenomenológica
ora é extremamente crítica. De uma parte, a existencial: nesta óptica, o professor é o sujeito
formação exige do professor técnica e ativo de sua própria prática.
competência, de outra parte exige consciência e A práxis é a atividade concreta pelo
criticidade. Acredita-se, assim, que é no espaço quais os sujeitos humanos se afirmam no mundo,
modificando a realidade objetiva e, para poderem 9.394/96.
alterar-lhe transformando-se a si mesmos. É a
ação que, para se aprofundar de maneira mais Considerações Finais
consequente, precisa da reflexão, do Os saberes pedagógicos são muitas
autoconhecimento, da teoria; e é a teoria que vezes compreendidos pelos docentes, como
remete a ação que enfrenta o desafio de verificar sinônimos de saberes decorrentes do exercício
seus acertos e desacertos, cortejando-a com a repetitivo dos procedimentos metodológicos.
prática (KONDER,1992, p. 115). Percebemos que os docentes do ensino superior,
Segundo Santos (2010) esta reflexão em sua maioria, não tiveram em seus cursos,
torna-se necessária no cotidiano da prática dos disciplinas especificas dedicadas à didática o que
educadores e dos acadêmicos, pois é na prática dificulta a sua práxis pedagógica.
docente que manifestarão elementos dos cursos A forma com que o indivíduo se
de licenciatura, ao se questionar os aspectos relaciona com o outro e o conhecimento de
constitutivos da formação docente como: marcas, mundo são situações formativas. Assim
atitudes, experiências, concepções, linguagem, considera-se que o conhecimento profissional do
regras, normas, emoções, posições, ditos, professor é um conjunto de saberes teóricos e
dilemas, contradições, saberes, rupturas, experienciais, que se expressam, portanto, em
processos, teoria e prática, e representações que um saber agir conforme a situação e em
fazem da construção da profissão docente um conformidade com o contexto do indivíduo
universo de dados informativos que nos concede (FREIRE, 1996).
a necessidade de desvelar aspectos construídos Segundo Masetto (2003) a formação
a partir de experiências e vivências no cotidiano profissional é um processo que exige do
da sala de aula. professor um olhar crítico sobre suas
Ainda de acordo com Santos (2010) a representações pessoais, concepções e crenças
atividade prática docente não se circunscreve no sobre a educação, bem como sobre a instituição
visível da prática pedagógica em sala de aula. A de ensino, as problemáticas sociais que se
prática, não se realiza, apenas, nos manifestam na escola, as formas de ensinar e
procedimentos didáticos-metodológicos utilizados aprender. O professor recém-saído do ensino
pelo professor. A prática docente é um trabalho superior, normalmente inspira-se em professores
docente que se organiza em vários tempos e que tiveram e tomam como exemplo a
espaços. Tempo e espaço de pensar a aula; metodologia utilizada por estes. De acordo com
tempo e espaço de pré-organizá-la; tempo e Franco (2009) os saberes da docência não
espaço de propô-la e negociar com as podem se organizar no vazio teórico, o que lhes
circunstâncias; tempo e espaço formal da aula; daria a concepção de aplicação tecnológica de
tempo e espaço de avaliá-la; tempo e espaço de fazeres. A prática docente universitária, que
revê-la; tempo e espaço de restruturá-la; tempo e produz saberes, fundamenta-se em seu exercício
espaço de pensar de novo. enquanto práxis. O conteúdo para a reflexão
De acordo com Franco e Gilberto (2010) crítica é retirado dos fundamentos da ciência
para além das práticas aninhadas, discutidas por pedagógica; apenas tais fundamentos permitem a
Sacristán (1999), há todo um sistema de organização do círculo dialético teoria/prática
representações coletivas e configurações versus prática/teoria, num processo
pessoais que determinam as decisões do docente transformador das práticas e das teorias;
frente às demandas institucionais, processo esse fundador dos saberes pedagógico.
organizacionais. Portanto, ao aliar a teoria à prática, não
Se de um lado, pode-se considerar que se estará complementando apenas uma grade
o professor é um modelador da prática, há que se curricular, mas sim contribuindo para a qualidade
reforçar que o docente não define a prática, mas de ensino, trabalhando os saberes e experiências
sim o papel que aí ocupa. (Sacristán, 1999, p. necessárias para a formação deste profissional
74). que é essencial para o processo educacional.
Cabe ressaltar que as práticas
pedagógicas são fundamentadas em princípios e
paradigmas de natureza filosófica,
epistemológica, educacional e pedagógica, todos
esses princípios estão regidos pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.
Referências

1. DEMO, Pedro. Obsessão Inovadora do Conhecimento Moderno.In: Conhecimento


Moderno: sobre ética e intervenção do conhecimento. Petrópolis,RJ:Vozes,1997.
2. FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pratica docente universitaria e a construção coletiva
de conhecimentos: possibilidades de transformações no processo de ensino
aprendizagem. 1 ed. são paulo: usr, 2009.
3. FRANCO, Maria Amelia do Rosario Santoro. GILBERTO, Irene Jeanete Lemos. O
obeservatorio da pratica docente como espaço de compreensão e transformação das
praticas. São Paulo, 2010.
4. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.
5. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
6. JUNGES, K. S. Trajetórias de vida, constituição profissional e autonomia de
professores. União da Vitória: Face, 2006.
7. KONDER, Leandro. O futuro da filosofia da práxis: o pensamento de Marx no século
XXI. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
8. LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia
Científica. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1991.
9. MARTINS, Ligia Márcia. Ensino-pesquisa-extensao como fundamento metodológico da
construção do conhecimento na universidade. 2010.
10. MASETTO, Marcos Tarcisio. Competências Pedagógicas do Professor Universitário.
São Paulo: Summus, 2003.
11. PERRENOUD, Philippe. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação. Lisboa:
Dom Quixote, 1993.
12. RIOS, Terezinha Azeredo. Competência ou competências – o novo e o original na
formação de professores. In: ROSA, Dalva E. Gonçalves.
13. SACRISTÁN, Gimeno. Consciência e ação sobre a prática como libertação profissional
de professores. In: NÓVOA, Antonio (org). Profissão Professor. Porto: Porto Editora,
1999.
14. SANTOS, Mariangela Santana Guimarães. Saberes da pratica da docência do ensino
superior: analise de sua produção nos curso de licenciatura da UEMA. Teresina – PI,
2010.
15. SOUZA, Vanilton Camilo de. Didática e práticas de Ensino: interfaces com diferentes
saberes e lugares formativos.Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
16.TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 8. ed. Petrópolis: Vozes,
2007.

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