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ISSN: 1982-3878
João Pessoa, PB, DGEOC/CCEN/UFPB – http://www.okara.ufpb.br
Lucas Dantas
Universidade Federal da Paraíba
RESUMO
ABSTRACT
The capitalist development model in our society is currently responsible for several
degradation processes in the environment, such as the concentration of carbon dioxide in
the atmosphere, increased scarcity of drinking water, soil degradation, etc. Given this
panorama, emphasis is placed on urban green areas, such as squares and parks, as they
allow a balance in the urban environment based on the presence of natural elements (e.g.
vegetation), responsible for the provision of so-called Ecosystem Services (ES). In this
sense, this study proposes to identify the ES of climate regulation, provision, and potential
cultural services promoted by the Cuiá Municipal Natural Park located in the south zone of
the city of João Pessoa-PB. To monitor the climate regulation SE in the study area, three
thermo-hygrometers were installed in the park, scheduled to operate from March 11 to
April 13, 2022, aiming to monitor the variables temperature and air humidity on an hourly
scale. To monitor the supply of ES, research was carried out on the species existing in the
park, especially medicinal and fruit species, using as the main source the List of Species of
Flora of Brazil from the year 2020 and the National Plant List Medicinal Products of
Interest to the SUS (RENISUS). For the analysis of the cultural ES, an adaptation was
necessary, having analyzed the proposal for zoning and installation of leisure equipment
carried out by the City of João Pessoa. In this sense, it was found that Parque Cuiá is vital
for the environmental quality of the region, as it establishes a direct relationship between
the needs of species and the functioning of the ecosystem, in addition to providing
important ES, denoting the relevance of vegetation and its fundamental role in climate
regulation, the provision of fruit and medicinal species and the (potential) cultural value to
the population. Finally, the need for commitment from the environmental agency
responsible for implementing the park is reiterated, since the provision of ES depends on
adequate infrastructure, in addition to the need for effective planning and an action plan
to think about the effects of urbanization of the surrounding area.
INTRODUÇÃO
Áreas verdes urbanas, tais como praças e parques, são consideradas importantes
devido à presença de elementos naturais em seu interior e, dessa forma,
permitirem um equilíbrio no meio urbano (Silva et al., 2020), bem como,
proporcionarem uma série de benefícios ambientais, como a influência no
microclima urbano, garantia da qualidade do ar nas cidades e controle e absorção
das águas pluviais (Silveira; Lima; Oliveira, 2020), além de serem altamente
relevantes para o bem-estar humano, principalmente o psicológico (White et al.,
2013). Ocupando assim, um papel essencial no processo de construção das
cidades atuais, além de desempenharem diversos Serviços Ecossistêmicos à
população.
Nesse sentido, os serviços prestados pelo meio ambiente são essenciais para a
sobrevivência da população, pois participa de atividades que vão do controle
climático ao conforto térmico, bem-estar social e potenciais conexões com a
natureza, sendo responsabilidade do homem controlar o uso dos recursos
naturais para atender às necessidades desta e das futuras gerações. De acordo
com a Avaliação Ecossistêmica do Milênio (MEA), os Serviços Ecossistêmicos
podem ser categorizados em SE de provisão, SE de regulação, SE culturais e SE de
suporte. O primeiro deles está diretamente relacionado aos produtos derivados
da natureza, tendo como exemplos alimentos, água, madeira e outros produtos
infindáveis. O SE de provisão é baseado nos benefícios obtidos através do
processo natural de regulação das condições ambientais. Os exemplos incluem a
absorção de CO² através da fotossíntese florestal, o controle de doenças e pragas,
entre outros. O SE cultural, como o nome indica, está associado à recreação,
religião, atividades estéticas da paisagem e muito mais. Finalmente, o SE de
suporte ajuda a fornecer outros serviços, como o ciclo de nutrientes, dispersão de
sementes e formação do solo.
Área de estudo
Embora o parque tenha sido criado, seu processo de implementação, que envolve
o Plano de Manejo da área, encontra-se pendente. Isso cria uma barreira entre os
Nesse sentido, é possível perceber que boa parte da área do parque é ocupada
por vegetação (92,1% de extensão), sendo ela dividida entre vegetação esparsa
(20,18%), como gramíneas e espécies vegetais de menor porte, e vegetação
densa (71,92%), na forma de árvores com porte mais avançado. A classe de solo
exposto e clareiras ocupa cerca de 6,73% da área do parque e é representada por
locais com a presença de erosão, ravinas e voçorocas, além de clareiras abertas
ao longo da mata. Por fim, a classe menos representativa é a de áreas alagadas,
que corresponde a cerca de 1,16% de extensão.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva e explicativa, utilizando como meio
de coleta de dados, levantamentos bibliográficos e documentais consultados em
periódicos institucionais públicos, livros, artigos e fontes documentais. Assim, o
plano de trabalho iniciou-se com a revisão bibliográfica do tema investigado,
servindo de base para outros procedimentos desenvolvidos durante a pesquisa e
que subsidiou a metodologia do trabalho. Em seguida, foram criados os produtos
cartográficos, a saber, o mapa de localização do Parque Natural Municipal do
Cuiá (Figura 1) e o mapa de uso e cobertura do solo (Figura 2). Além disso, os
serviços ecossistêmicos foram classificados com base no estudo de De Groot,
Wilson, Boumans (2002).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Serviço Ecossistêmico de Regulação Climática
Utilizando como base a metodologia de Santos (2011), foram coletados dados de
temperatura do ar a partir da instalação de termo-higrômetros (sensores de
temperatura e umidade) no Parque Cuiá em três locais distintos. Neste caso, os
pontos experimentais foram escolhidos de forma a evidenciar as variações
Figura 3 - A): disposição dos aparelhos ao longo do parque; B): aparelho instalado
no ponto 01; C): aparelho instalado no ponto 02; D): aparelho instalado
Gráfico 1. Temperatura média horária (°C) na área de estudo entre março e abril
de 2022.
01, além do fato de sua temperatura ser mais pronunciada na faixa das 15:00,
decrescendo a partir desse horário, como apresenta o gráfico. Nesse sentido, ao
comparar os valores de temperatura na faixa das 15:00 e o valor registrado às
07:00 (temperatura mais baixa desse período), é possível notar uma amplitude
térmica superior aos 9°C, assemelhando-se, mais uma vez, aos valores
observados no ponto 01. Nessa borda em questão, observou-se a presença de
mais espécies vegetais que na borda Leste, além da proximidade de duas grandes
voçorocas e de edifícios, sendo um dos principais responsáveis pelos valores de
temperatura encontrados para esse ponto.
Nesse ínterim, o ponto 02 (mata densa), como já mencionado, registrou
temperaturas consideravelmente inferiores aos outros locais, devido à influência
da sombra proporcionada pela vegetação. Desse modo, os valores mais altos
registrados não chegaram a ultrapassar os 29°C e se deu no período entre meio-
dia e 15:00 horas, coincidindo também com o período de maior insolação e
registro de maior temperatura nos pontos acima. Por sua vez, a amplitude
térmica observada é ligeiramente superior a 3°C, ou seja, a menor amplitude
entre os pontos. Isso demonstra o efeito da cobertura vegetal como regulador
térmico.
Com base nesses resultados, pode-se afirmar que os valores de temperatura no
ponto 02 sejam os mais baixos devido ao processo de evapotranspiração e do
efeito de sombreamento proporcionado pela vegetação. Basicamente, as árvores
são responsáveis por absorverem os raios do sol e, dessa forma, resfriarem o
ambiente por meio da grande quantidade de água que evapora das folhas
(Oliveira et al., 2010). Oliveira et al, (2010), através de seus estudos,
identificaram o conforto ambiental proporcionado pelo efeito de sombreamento
ao examinarem dois espaços públicos na cidade de Cuiabá-MT, evidenciando,
dessa forma, a relevância da vegetação nos centros urbanos. Shams, Giacomeli e
Sucomine (2009) utilizam a mesma abordagem para reafirmar a relevância da
arborização em ambientes urbanos e destacar seus benefícios e funções para a
qualidade de vida da população em geral.
Supõe-se também que os valores de temperatura referentes aos pontos 01 e 03
(instalados nas bordas do parque) tenham maior prevalência, em horários mais
ensolarados, por serem afetados pelo efeito de borda, já que, essas áreas estão
mais próximas às casas e à rodovia, sofrendo, com isso, o efeito da urbanização
no parque. Esse fenômeno pode ser exemplificado também por Frutuoso Júnior,
Tumolo Neto e Trevizam (2016) ao deduzirem que a urbanização impede, em
muitos casos, a circulação do vento em ambientes naturais, influenciando
diretamente nas condições climáticas locais proporcionadas por esses espaços.
Nesse sentido, destaca-se a interferência de fatores urbanos no entorno do
parque como causa de tais efeitos, pois inexiste uma zona de amortecimento, o
que aumenta o impacto da urbanização no local, como pode ser observado na
Figura 4 abaixo.
Verificou-se com as visitas in loco, algumas das espécies listadas pelo EVA
realizado no ano de 2011, que identificou o remanescente florestal do parque
com diferentes estágios de regeneração. Segundo esse documento, 23 táxons
foram registrados nos três estágios de regeneração, tendo apresentado um
significativo percentual de regeneração (64,5%) de táxons com estágios médio
(42%) e estágio avançado de regeneração (22,5%), ao passo que o estágio inicial
chegou a ser de 35,5%, demonstrando, dessa forma, a relevância do local na
representatividade de espécies da Mata Atlântica (PMJP, 2011). Reitera-se ainda,
a necessidade de novos estudos de forma a atualizar tais informações, tendo em
vista o ano em que foi produzido o material citado.
Nesse sentido, é possível se ter uma ideia de como seria aproveitado o espaço do
parque de acordo com a presença, ou não de vegetação, destacando, com isso, a
preservação das espécies presentes no local. Ainda sobre essa questão,
apresenta-se o projeto arquitetônico (Figura 5), concebido pela Prefeitura de
João Pessoa, na área do parque com disposição das estruturas físicas, como
recepção, estacionamento, auditório, deck contemplativo, lanchonete,
observatório de pássaros, entre outros equipamentos físicos a serem instaladas
em seu interior.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MAZZEI, Kátia; COLESANTI, Marlene T. Muno; DOS SANTOS, Douglas Gomes. Áreas
verdes urbanas, espaços livres para o lazer. Sociedade & Natureza, v. 19, n. 1, p.
33-43, 2007.
MORAES, Juneldo. João Pessoa tem mais de 47 metros quadrados de área verde
por habitante. João Pessoa, 2021.
SANTOS, J.S. Campo térmico urbano e a sua relação com o uso e cobertura do solo
em uma cidade tropical úmida. Tese (Doutorado em Recursos Naturais).
Universidade Federal de Campina Grande: Campina Grande, 2011.
SILVEIRA, José Augusto Ribeiro da; LIMA, Larissa Ellen de Oliveira; OLIVEIRA,
Juliana Xavier Andrade de. Estratégias internacionais e tecnologias de gestão da
arborização urbana. Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, [S.L.], v. 60,
n. 8, p. 24-40, 2020.
https://doi.org/10.1590/S1413-41522015020000114401. Acesso em 16 de
fevereiro de 2022.