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A.∙.G.∙.D.∙.G.∙.A.∙.D.∙.

A.∙. R.∙.L.∙.S.∙. “ACÁCIA DOS PERDÕES” Nº 3407


G.∙.O.∙.B.∙. / G.∙.O.∙.M.∙.G.∙.

O PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ


MAÇOM

RONALDO CARVALHO GUIMARÃES / A.∙.M.∙.

MAIO DE 2023
PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ

Quando nos deparamos com o Painel do Aprendiz, percebemos de imediato que se trata
da representação ideal de uma loja maçónica, com todos os conhecimentos e
instrumentos de trabalho que compõem o grau de aprendiz Maçom, que nos remetem
aos tempos da Maçonaria Operativa e da construção dos grandes templos, como o
templo do rei Salomão.
Herdamos, desta forma, o antigo conhecimento dos nossos antepassados operativos
através dos símbolos da sua ciência e da sua magnífica arte de construir, que hoje
orientam a Maçonaria Especulativa e Filosófica.
Assim, o Painel do Aprendiz é a síntese esotérica, histórica e filosófica do primeiro grau.
É o mistério que esteve escondido dos séculos e das gerações profanas, sendo o elo
entre os três estados do tempo: o passado, representado pela lembrança dos nossos
antepassados operativos e os seus conhecimentos científicos; o presente, pelo nosso
trabalho árduo e diário para a construção de um edifício moral sólido e também para
conciliar o conhecimento das gerações passadas com a geração atual nas nossas
oficinas e, por fim, o futuro, representado pelos mais elevados ideais humanos que a
maçonaria se propõe a guiar com os seus ensinamentos.
No início, os símbolos hoje representados no Painel eram desenhados no chão com giz
ou carvão, de tal forma que pudessem ser apagados no final dos trabalhos.
Posteriormente passaram a ser pintados ou bordados sobre panos ou tapetes. Foi o
Irmão John Harris, quem desenhou os Painéis em 1820 que, salvo pequenas
modificações, se encontram em uso até hoje.
O TEMPLO DE SALOMÃO
O Templo de Salomão foi construído com pedra, madeira de cedro e ouro. A pedra
representando a estabilidade, a madeira a vitalidade, e o ouro a espiritualidade. Na
Maçonaria, a Loja surge no Templo. O vocábulo sugere local de habitação e seria onde
os operários da construção descansavam e debatiam seus problemas sociais e
espirituais. Na busca de uma definição simbólica e perfeita para o Templo que cada um
de nós tem em si próprio, a Bíblia fornece aos Maçons o Templo de Salomão, símbolo
de alcance magnífico. Como simples confirmação disto, sabemos que o Templo foi
edificado com pedras lapidadas na pedreira, pois assim, durante a construção da Casa
de Deus, não seriam ouvidos nem o som do martelo nem de qualquer outro instrumento
de ferro. Ora, assim é o Templo do Aprendiz, onde a pedra bruta será lapidada sem o
barulho do martelo, somente no silêncio dos estudos e das meditações.

Todo o templo, incluindo o assoalho, as paredes e o teto, está contemplado no Painel,


sendo composto por:
 Duas Colunas sobre as quais estão plantadas Romãs;
 A Porta do Templo, antecedida por três degraus;
 O Delta Luminoso, em cima da porta;
 O Pavimento Mosaico, representado pela Orla Dentada que circunda o
quadro;
 3 Janelas fechadas com malha de arame;
 Uma Pedra Bruta e uma Pedra Cúbica;
 Uma corda que emoldura o quadro, representando a corda de 81 nós;
 As Estrelas;
 O Sol e a Lua.
Os instrumentos de trabalho dos pedreiros também estão representados:
 O Esquadro e o Compasso;
 O Prumo e o Nível;
 O Malho e o Cinzel;
 A Prancha de Traçar.

COLUNAS B e J

As colunas de bronze que representam os pontos solsticiais, que se localizavam a


entrada do Templo de Salomão. A coluna da direita, J, significa “ele tornará estável”,
e a coluna da esquerda, B, “nele há força”. As duas palavras significam, portanto, “Deus
estabeleceu na força, solidamente, o templo e a religião de que Ele é o centro”.

Romãs com sementes expostas: representam as Lojas e Maçons


espalhados pela superfície da Terra; suas sementes, intimamente unidas, nos
lembram a Fraternidade e a União que devem existir entre os homens. Assim, é o
símbolo da harmonia social, porque só com as sementes apoiadas umas às outras é
que o fruto toma sua verdadeira forma.
.
OS TRÊS DEGRAUS
No Painel da Loja de Aprendiz, os degraus simbolizam os esforços que os Aprendizes
devem fazer para, primeiramente, se libertarem do Plano Físico; em seguida,
ultrapassarem o Plano Austral; e, finalmente, terem ascensão aos Planos Superiores da
espiritualidade. Lembra também em seu número a idade do Aprendiz Maçom.
O PISO MOSAICO
O Piso Mosaico é formado por lajes quadradas que se alternam nas cores branco e
preto, formando um tabuleiro de xadrez. Tem, como significado, a união íntima que deve
existir entre os Irmãos Maçons, ligados pela verdade.
A alternância do branco com o preto, por sua vez, demonstra a existência do contraste,
representando aquilo que é contestável, uma vez que, sem o contraste, tudo seria
uniforme e perfeito, confundindo-se com o nada. Se assim fosse, nada diferenciaria o
Maçom do profano e, portanto, não haveria nenhuma verdade a ser revelada ao
Aprendiz.
AS TRÊS JANELAS
As 3 Janelas representam as 3 posições do Sol: o Oriente, o Meio-dia e o Ocidente.
Nenhuma janela se abre para o norte e as 3 são cobertas por uma rede de arame,
simbolizando que a luz ilumina o templo, mas o que está fora, fora permanece; e o que
está dentro, lá fica. Ou seja, as sessões não devem ser perturbadas por eventos
profanos e, o que dentro se realiza, não deve ser divulgado no mundo profano.
A PEDRA BRUTA E A PEDRA POLIDA
A Pedra Bruta simboliza as imperfeições do espírito e do coração, que o Maçom se deve
esforçar para corrigir. No momento da sua iniciação maçônica, o Aprendiz encontra-se
no seu estado bruto na Natureza, e com os instrumentos que lhe são dados, ele próprio
desbastará a sua Pedra Bruta, tornando-a a mais perfeita possível, imprimindo-lhe uma
personalidade sua e única.
É o próprio Maçom que se desbasta transformando a Pedra Bruta num Cubo Perfeito,
a Pedra Polida.
A ORLA DENTADA
A Orla Dentada simboliza a união dos Maçons. Os dentes representam os planetas que
giram no Cosmos. Cada dente tem o formato de um triângulo. O Triângulo expressa a
espiritualização dos Maçons que, partindo da individualidade, se unem de forma
indissolúvel, em torno de um ideal.
A CORDA DE 81 NÓS
É o símbolo da união indissolúvel entre os irmãos. Os nós entrelaçados são 7 e
representam os 81 nós da cadeia de união. A Cadeia envolve aspectos emocionais,
filosóficos, esotéricos e espirituais. Segundo a numerologia o nº 7 é o símbolo da
sensatez, do estudo, da filosofia. É na Cadeia de União que se transmite a Palavra
Semestral ou se invoca sobre algum Irmão necessitado, forças vitais para afastar a
enfermidade ou sua aflição.

A PORTA DO TEMPLO E O DELTA LUMINOSO


No centro do Painel do Aprendiz, vê-se uma Porta, situada entre as Duas Colunas,
representando a Porta do Templo. Este Templo, por ser cópia do Templo de Salomão,
é construído em formato retangular e, estando o Venerável sempre colocado no Oriente
e em lado oposto à entrada, conclui-se que a Porta do Templo se situará sempre no
lado do Ocidente. Por isso, é frequentemente denominada de Porta do Ocidente,
representando que no seu limiar não existe luz (o Sol põe-se no Ocidente), mas somente
trevas; ou seja, o mundo profano.
Em cima do desenho que representa a Porta do Templo, está desenhado um triângulo
representando o Delta Luminoso. No Templo, este Delta está no Oriente, atrás e acima
da cadeira do V:.M:.
O Delta Luminoso simboliza, no Plano Físico, o Sol de onde emana a vida e a luz. No
plano intermediário, ou astral, simboliza o Verbo, o Princípio Criador. No plano espiritual,
o GADU.
O Delta Luminoso é um dos principais símbolos maçônicos. Representa a presença
permanente do GADU, demonstrando sua omnisciência. Simboliza a eterna e divina
vigilância que observa e regista os atos do ser humano.
SOL, LUA, ESTRELAS E NUVENS

Estão presentes no painel e decoram o templo porque este simboliza o universo e


aqueles astros iluminam a abóbada celeste. O Sol, e a Lua representam o antagonismo
da natureza – dia e noite, afirmação e negação, o claro e o escuro – que,
contraditoriamente, gera o equilíbrio, pela conciliação dos contrários. As diversas
Estrelas distribuídas irregularmente no Painel simboliza a universalidade da Maçonaria
e lembra que os Maçons, espalhados por todos os continentes, devem, como
construtores sociais, distribuir a luz de seus conhecimentos àqueles que ainda estão
cegos e privados do conhecimento da verdade. As Nuvens são a manifestação visível
do céu, porque elas formam-se no alto, praticamente do nada.

ESQUADRO E COMPASSO

O Esquadro é símbolo da retidão e da moralidade e também da igualdade e do direito,


pois que conjuga, por sua forma, o Nível e o Prumo. Formado pela reunião da
horizontal e da vertical, simboliza, ainda, o equilíbrio resultante da união do ativo
e do passivo, que são as duas polaridades universais, uma de movimento e outra
de inércia ou repouso. O Compasso genericamente simboliza a justiça e está
associado a ideias de totalidade, de limites infinitos e de perfeição, é um instrumento
para o uso dos Mestres.
O Compasso, instrumento móvel, simboliza o espírito, e o Esquadro, instrumento fixo, a
matéria

NÍVEL

É o símbolo da igualdade, da igualdade fraterna, com que todos os Maçons se


reconhecem. É a joia do 1º Vigilante.

PRUMO

É o símbolo da pesquisa em profundidade do conhecimento e da verdade. Simboliza


também o equilíbrio, a prudência e a retidão, de justiça, de procedimentos e de
consciência, evitando qualquer desvio oblíquo. É a joia do 2º Vigilante.
O MALHO E O CINZEL
O Malho é um instrumento de trabalho braçal e pesado, em que se emprega a força. É
um instrumento só utilizado na Sessão de Iniciação. Já o seu diminutivo, o Malhete, é
utilizado em todas as Sessões pelas 3 Luzes: V:.M:., 1º e 2º VVig:.
Símbolo da força e da autoridade, o malhete é utilizado para dar início, suspender ou
cessar os trabalhos, bem como para dar ênfase a trechos do ritual. Na sua forma
esotérica destina-se a desbastar a Pedra Bruta, retirando-lhe, através do Cinzel, as
arestas.
O Cinzel é o símbolo do trabalho inteligente. É um instrumento de ferro endurecido (aço)
que apresenta numa das suas extremidades a forma pontiaguda, arredondada ou
achatada; na outra extremidade situa-se a cabeça que sofrerá os golpes do Malho
(desbaste da Pedra Bruta) ou os retoques do Malhete (aperfeiçoamento).
A PRANCHA DE TRAÇAR
A Prancha de Traçar corresponde ao papel onde o Mestre estabelece seus planos. A
Prancha constitui um dos símbolos da Maçonaria e significa que o Maçom deve traçar
seus planos, estabelecer seus objetivos e empenhar-se em conquistá-los com
habilidade e preparo.
CONCLUSÃO
O Painel do Grau de Aprendiz contempla amplamente a simbologia que envolve a
Maçonaria, e tem uma importância enorme, pois sendo esta uma Ordem Simbólica, é
esse Painel que garante a manutenção e transmissão, de geração para geração, dos
principais símbolos da Ordem, que representam sua essência, em uma linguagem
universal. Cada símbolo presente no Painel tem um significado profundo, que fala mais
do que palavras podem dizer.
A interpretação dos símbolos contidos no Painel, resume todo o conhecimento que deve
ser adquirido no Grau de Aprendiz, e portanto, é um guia de tudo que um Aprendiz deve
saber para estar preparado para receber maior luminosidade, antes de buscar sua
elevação. Através dele, é possível explorar o espaço do Templo, e encontrar as
verdades que devem ser colocadas em prática na vida Profana.
Em resumo, o Painel do Grau de Aprendiz, é o símbolo da continuidade dos princípios
da Maçonaria ao longo do tempo, e a garantia de que os ideais Maçons se mantenham,
independente do meio em que vivemos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- Ritual do Grau de Aprendiz-Maçom do R.:E.:A.:A.:-Editora Grande Oriente do


Brasil – São Paulo, 2009.
- O Painel do Aprendiz – Retirado do site maçonaria.net
- O Quadro do Aprendiz - Retirado do site solbrilhando.com.br
- O Painel do Grau de Aprendiz – Retirado do site colunasdepiratininga.org.br
- Painel do Grau de Aprendiz no Rito Moderno – Retirado do site freemason.pt

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