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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
1.1. Problemática das favelas do Rio de Janeiro
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. O que foi o favela-bairro?
2.2. Qual o papel de Jorge Mario Jáuregui no programa?
2.3. O morro do Vidigal
2.4. Favela-Bairro Vidigal
2.5. Análise crítica do potencial desperdiçado do programa
3. CONCLUSÃO
1. INTRODUÇÃO
1.1. Problemática das favelas do Rio de Janeiro
Diante dos problemas atuais das grandes metrópoles, como ocupações irregulares e
falta de padrões mínimos de qualidade de vida, a arquitetura precisa ir além dos padrões
clássicos dos séculos passados e se reinventar, visto que é impossível a existência de um
modelo universal de atuação, dada a complexidade das cidades.
Em um país como o Brasil, os novos conceitos e métodos devem ser adaptados à
realidade local, marcada pela escassez, insalubridade, descontrole das ocupações e baixa
qualidade das moradias, resultado do crescimento descontrolado não acompanhado por
políticas públicas adequadas, como é o caso das favelas do Rio de Janeiro.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. O que foi o favela-bairro?
Esses projetos facilitaram o movimento dentro das favelas, criam ligações com o
centro da cidade, abordam questões de saúde e ambientais e, tomados coletivamente,
melhoram a situação sociológica e econômica das favelas.
Através do processo do programa, as escalas tradicionais da casa, do quarteirão e
do bairro redefiniram permanentemente o seu estatuto em relação às áreas informais que
caracterizam a expansão contemporânea e com o processo de reconfiguração das
centralidades. Neste contexto, as relações entre a célula individual, os espaços coletivos, o
público, e o privado; e a criação do “sentimento de pertencimento”, são algo pensado
simultaneamente, uma conexão entre o todo e as partes.
Para viabilizar a primeira fase do programa, que durou até o ano 2000, a Prefeitura
conseguiu recursos do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, que forneceu 180
milhões de dólares. Esse valor foi complementado por recursos da própria Prefeitura, que
investiu 120 milhões de dólares.
Favela Mata Machado, onde pode ser vista, à direita, uma grande propriedade de uso privado. Em destaque,
na linha tracejada, a posição do muro de divisa com a floresta, que fica sob as copas das árvores. Notar a
diferença da taxa de ocupação entre a favela e as propriedades privadas. Fonte: Edição sobre imagem do
Google Earth.
3. Combater a substituição de favelas por edificações que são mais abrigos do que
lugares habitáveis, apresentando exemplos construídos.
4. Oferecer qualidade urbanística, arquitetônica e paisagística por meio de intervenções.
8. Incluir o elemento vegetal como parte estrutural, garantindo uma relação adequada
entre a massa verde e a construída.
De uma forma geral, podemos dizer que planejar é como tentar preparar a cidade
para criar possibilidades de “fazer chover”, capturando a “nuvem da globalização”, ou seja,
tentar atrair recursos e investimentos. Ao mesmo tempo, os projetos de escala urbana
procuram a introdução de valores através de intervenções e modificações nas
infraestruturas, na composição de uma paisagem urbana esteticamente elaborada, e pela
introdução de equipamentos de qualidade no espaço público. Estes projetos pretendem
produzir o que poderíamos chamar de “excitação urbana”, evidenciando as qualidades, as
potencialidades e o nível de integração desejado ao espaço urbano.
O Morro do Vidigal, situado na Zona Sul do Rio de Janeiro, Brasil, é uma favela
com características distintivas. Sua localização entre os bairros do Leblon e São
Conrado oferece vistas panorâmicas do mar. A topografia íngreme, com ruas sinuosas
que seguem o relevo acidentado, define o cenário para construções informais e uma
densa população residencial, com habitações muitas vezes improvisadas.
A vida na comunidade é marcada pela atividade cultural e comercial, refletida em
pequenos estabelecimentos, bares e restaurantes que exibem a diversidade e vitalidade
da população local. Apesar dos desafios da topografia, meios de transporte como
mototáxis e vans facilitam a mobilidade dos residentes.
Ano: 1996.
Mirante
Vista aérea
Centro profissional
Planta baixa
Volumetria
Seção transversal
Antes e depois das obras do programa Favela-Bairro na Vila Elza. (Imagens: Prefeitura do Rio de Janeiro)
“Vamos admitir fazer um paralelo singelo, paralelo muito simples. Nós temos uma
favela, uma determinada comunidade, onde era raro ter infraestrutura. Nós a implantamos.
Colocamos água, esgoto, drenagem, abrimos ruas, pavimentamos, criamos calçadas,
iluminação pública, creche, escola, estação de tratamento de esgoto. Fizemos tudo isso.
[…]
No entanto, parece ter caído no esquecimento o fato da cidade do Rio de Janeiro ter
sido a verdadeira pioneira das medidas aplicadas em Medellín, que aprendeu com os
resultados positivos do Favela-Bairro.
Alguns autores criticam, por sua vez, determinados aspectos do programa Favela-
Bairro, embora reconheçam, também, méritos. Davidovich (1997), por exemplo, questiona
a visão da favela assumida por esse programa – definida como uma “entidade homogênea
e sem conflitos” –, o que impossibilitaria a percepção de “importantes diferenciais”
existentes dentro das comunidades faveladas. Esse caráter plural e diversificado das
favelas, revelando a existência de uma grande heterogeneidade interna, tanto em relação
à apropriação da moradia (tipo, local dentro da favela), como no que diz respeito à renda
dos moradores, é, igualmente, apontado por outros autores.
Em 2003, um estudo realizado pelo Instituto Pereira Passos, em conjunto com o
Instituto de Pesquisa e Planejamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
comparando dados de sete favelas onde foi implementado o Programa Favela-Bairro e os
de outras cinco, nas quais não foram realizados projetos de urbanização, revelam
resultados diferenciados. Na avaliação desses resultados, afirma Pedro Abramo,
coordenador da pesquisa: “A avaliação sobre a situação da comunidade dez anos depois é
bem melhor onde foi feito o Favela-Bairro. De uma forma geral, os indicadores sociais
melhoraram em todas as comunidades. Mas, nos índices de infraestrutura, a melhora foi
mais significativa onde houve o programa”.
Contudo, a implementação das obras de urbanização não trouxe alterações
significativas no que diz respeito à situação econômica dos moradores das favelas
beneficiadas pelo programa de urbanização implementado pela prefeitura carioca.
Por outro lado, os dados da pesquisa realizada pelo IPP/IPPUR-UFRJ apontam o
crescimento expressivo – mais de 200% – do número de domicílios nas sete favelas onde
o Programa Favela-Bairro atuou, o que significa que as obras de urbanização realizadas
estimularam o crescimento destes assentamentos.