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Quero agradecer a minha família, meus professores que fizeram parte do meu processo

evolutivo, em especial a minha professora de artes do ensino fundamental Marli, que teve
um papel muito significativo na minha vida e ajudou a construir quem eu sou hoje. Também
a minha amiga Jennifer, que esteve presente em todo do percurso do trabalho me ajudando
com questões importantes e me acalmando em momentos de crise. A minha amiga Lilian
que esteve do meu lado por muito tempo durante o período da faculdade e foi a melhor
dupla de estudos que eu poderia ter. Também a todas as pessoas entrevistadas nesse
estudo, que me ajudaram a compreender melhor a magnitude do problema. Um
agradecimento mais que especial a minha melhor amiga Lohayni, que esteve ao meu lado
desde o início da faculdade e que foi presente em todo percurso do trabalho, me ajudando a
entender a área e discutindo questões política sobre a importância desse trabalho para o
local onde vivemos. O apoio dela, mas que qualquer outro, fez muita diferença para eu
chegar até aqui. A todos, muito obrigada.
Mas cada dia que passa, mais um sonho morre
E que por mais que eu não conheça, isso também tá me matando
Se veio de onde eu vim, já faz parte de mim
Se foi por fazer merda, quem sou eu pra julgar?
Ninguém sabe a mente de um favelado
Que faria de tudo pra fazer a vida mudar
Kawe
Tendo em vista que o distrito da Cidade Ademar sofre com um grande déficit habitacional e
tem índices significativos de vulnerabilidade social, pesquisa-se sobre as razões pela qual
esse tipo de ocupação foi necessária pela população de baixa renda nas periferias de São
Paulo, a fim de tentar entender o tipo de ocupação que se tem hoje e implementar uma
infraestrutura que haja como solução para problemas imediatos como habitação e lazer. Para
tanto, é necessário o estudo de projetos de habitação e paisagismo e a partir disso e das
necessidades locais realizar um plano estratégico para a região em uma escala micro.
Realiza-se, então, uma pesquisa por meio de entrevistas, visitas de campo e levantamentos
de dados, para compreender o crescimento demográfico da localidade. Diante disso, verifica-
se que o crescimento demográfico ultrapassou 200% em 40 anos e segue esse padrão de
crescimento atualmente. A ação das instituições públicas são se fazem suficiente deixando a
população expostas ainda mais a injustiças e desigualdades sociais, mesmo com um plano
diretor bem pensado, onde o objetivo principal seria tornar São Paulo uma cidade melhor para
todos, o que impõe a constatação de que para uma real mudança de cenário seria necessária
a implementação de políticas públicas que se fizessem valer o direto real a moradia, lazer e
espaço verde para a periferia, com mais de espaços de qualidade.

Palavras-chave: Habitação. Favela. Periferia. Direito a Cidade. Criminalidade.

Considering that the City Ademar district suffers from a large housing deficit and has significant levels
of social vulnerability, research is being done on the reasons why this type of occupation was necessary
for the low-income population on the outskirts of São Paulo, in order to to try to understand the type of
occupation that we have today and to implement an infrastructure that has a solution for immediate
problems, such as housing and leisure. It is necessary to study housing, landscaping projects and local
needs, to carry out a strategic plan for the region on a microscale. Having said that, a survey is carried
out through interviews, field visits and data surveys, in order to understand the demographic growth of
the locality. It appears that demographic growth has exceeded 200% in 40 years and follows this pattern
of growth today. The action of public institutions is not enough and the population is exposed to even
more injustices and social inequalities, even with a well thought out master plan, where the main goal
would be to make São Paulo a better city for all, which imposes the observation that for a real change
of scenery, it would be necessary to implement public policies that would assert the real right to housing,
leisure and green space for the periphery, but quality spaces.

Keywords: Housing. Favela . Periphery. Right to the City. Crime.


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A escolha do tema nasce da visível desigualdade social e de qualidade de vida da população
paulista da periferia. O cenário social muda entre o centro e a margem da cidade, assim como
o índice de criminalidade, mostrando como a paisagem e a falta de atenção de entidades
públicas em uma determinada região pode influenciar diretamente nas dinâmicas socais,
demonstrando assim que se políticas públicas se fizessem valer na periferia ligadas a
habitação e paisagem urbana em escala macro poderia haver mudanças não só na
infraestrutura, mas também no âmbito social e psicológico da população ali inserida.

A escolha de tratar sobre habitação vem dos índices de déficit habitacional das periferias e
do cenário visível de um ambiente hostil onde a população pobre sobrevive. Locais com
presença de esgoto a céu aberto, pragas urbanas, aglomerados, com ausência de iluminação
e suscetíveis a doenças. Demonstrado inclusive em uma pesquisa feita pelo Laboratório
Direito à Cidade e Espaços Públicos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo, que aponta os maiores índices de mortalidade da COVID-19 está
na periferia da cidade.

Estudamos então a localidade da subprefeitura da Cidade Ademar, local próximo a Represa


Billings, majoritariamente residencial com ocupação de favelas. Local com falta de habitação
de qualidade, assim como de espaços livres e de lazer. A própria paisagem urbana, bem como
o zoneamento da cidade, demonstra a necessidade de intervenção no padrão de ocupação e
de áreas livres de qualidade, por isso a proposta de um conjunto habitacional de interesse
social e de uma praça ligada a esse conjunto com conexão com o Parque 7 campo, próximo
do terreno estudado.

Começamos a estudar a ampliação da ocupação do centro para a periferia, ausência de


políticas habitacionais que interferiram diretamente na desigualdade social da cidade
associado a criminalidade. Seguido pelas políticas existentes hoje para a mudança desse
cenário no âmbito social e ambiental. A fim de tentar compreender a melhor forma de atuar
na área em questão, que demonstra desde o início carência quanto a áreas de lazer a
habitação de qualidade.

A partir de levantamentos de dados, visitas ao local, levantamentos fotográficos e


principalmente das entrevistas foi concluído a necessidade da implantação de um conjunto
habitacional associado diretamente a uma praça com requalificação do córrego ali existente,
como forma também de diminuir as enxertes com a abertura do córrego a ampliação das áreas
permeáveis. Trazendo melhor qualidade de vida para população.

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A expansão urbana da cidade de São Paulo começa e ter um crescimento acelerado entre
1950 e 1980 com a grande migração de pessoas vindas principalmente do Nordeste e de
imigração de europeus, japoneses, judeus entre outros. Esse grande fluxo migratório e a
expansão urbana da cidade está diretamente ligado ao desenvolvimento na indústria e na
economia na cidade nesse período. A produção habitacional não acompanha o crescimento
demográfico, no primeiro momento a população começa a morar em cortiços. Diversos
casarões se tornam cortiços e há também novas construções que foram criadas para esse
uso na região central.

Após o processo de renovação urbana no centro, onde o espaço começa a ser dominado pela
elite, o centro que antes era ocupado também por habitação passa a ter outro uso causando
uma gentrificação da região. A partir daí começa um crescimento desenfreado na periferia e
ocupações em costas e mananciais. Implicando no início das favelas em São Paulo. A
socióloga Sueli Andruccioli Felix (2002) aponta que:

A pressão demográfica, com baixos rendimentos e níveis de vida, aliada à atração que sempre
exerceram as maravilhas do meio urbano, acelerou a migração e um desequilíbrio nas relações
de produção. De um modo geral, as cidades não tiveram condições de absorver toda a oferta
de mão de obra migrante, tanto pela necessidade de qualificação. Este desequilíbrio nas
relações de produção levou, consequentemente, à desorganização social representada pela
situação ecológica e socioeconômica dessa população excluída do sistema dominante,
caracterizada pelo desemprego, subemprego no setor terciário, recolhimento de esmolas, lixos
etc., enfim, pela formação de um submundo.

As autoridades administrativas tiveram uma participação importante nesse processo pois


permitia a ocupação da periferia pela classe operária, que até então morava em bairros na
área central cidade como Mooca e Bom Retiro. Quando essa população migra para a margem
da cidade o governo tem a obrigatoriedade de levar infraestrutura para esses novos
aglomerados, mas entre o centro e a periferia havia um grande espaço vazio que
posteriormente seria usado pela iniciativa privada, com apoio do poder público, como forma
de lucrar com a especulação imobiliária e promover uma segregação socioespacial na cidade,
como aponta Boulos em ‘Por que ocupamos?’:

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“(..) Com o apoio do governo, fizeram o que chamaram de uma “limpeza” no centro: demoliram
cortiços, despejaram favelas e aumentaram o valor dos aluguéis, que se tornou inviável para
maior parte dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, abriram loteamentos clandestinos em áreas
distantes – onde não havia nada – para vender os lotes aos trabalhadores.
Sem ter outra alternativa, os trabalhadores compravam estes lotes, tendo ainda que usar os
finais de semana para construir suas casas com as próprias mãos. Tanto para comprar o lote
como para construir, muitos tinham que se endividar. Além disso, foram jogados em lugares
com infraestrutura precária (água, eletricidade, asfalto) e sem qualquer serviço público (saúde,
creche, escola, etc.).
Para possibilitar que os trabalhadores chegassem ao trabalho, o governo – que deixava os
proprietários e loteadores agirem livremente – chegava depois com infraestrutura básica, como
estradas e linhas de ônibus. Afinal, os patrões precisavam ter seus empregados na empresa,
para explorá-los e lucrar.
Mas o melhor ainda estava por vir. Os proprietários utilizaram uma malandragem que os fez
ganhar ainda mais. Ao abrir os novos loteamentos, deixavam sempre uma grande área vazia,
entre o local do loteamento e o centro da cidade. Grandes pedaços de terra, no meio do
caminho, que ficavam ali, sem serem loteados” (BOULOS,2012)

A classe operária sempre viveu em áreas precárias, antes nos cortiços e agora nas favelas, a
diferença nesse momento é a consciência e ação de instituição públicas para segregação da
população pobre da elite paulistana. O crescimento da cidade é pautado pela valorização
imobiliária.
Esse processo injusto e desenfreado da expansão urbana de São Paulo favoreceu a
ocupação de forma inadequada e o surgimento das favelas nas periferias da cidade, como
dito antes. Hoje analisando o contexto atual vemos a permanência e a reprodução desse
processo e o poder público continua atuante quando se torna incapaz de fazer valer políticas
públicas de moradia, acesso à cultura e saneamento básico. O Art. 6º da Constituição
Brasileira de 1988 prevê os direitos sociais, entre eles o da moradia. Se de fato a habitação e
a qualidade de vida fossem vistas como direito e não como mercadoria a ocupação da periferia
aconteceria de forma diferente, de modo de valorizasse a vida humana, fazendo valer diretos
básicos e cidadania a essas pessoas.

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O direito à moradia no Brasil é negligenciado, tendo em vista que só em São Paulo temos por
exemplo 12.651 pessoas em situação de rua e 11.693 acolhidas por albergues públicos. 3,19
milhões de habitações inadequadas segundo a secretária de habitação de São Paulo, seja
em favelas, barracos ou em áreas de risco como encostas.
A desigualdade no Brasil é um marco histórico. O Brasil foi o último país a abolir a escravatura
em 1888, pouco mais de 130 anos atrás, algo recente. E, mesmo após o processo de
industrialização, baseado em baixos salários, se manteve a segregação social. Após a
abolição não houve de fato nenhuma política pública de reparo histórico que amparasse as
pessoas libertas e ainda hoje as que temos são insuficientes para superar de forma real os
problemas da cidade, principalmente na periferia. Os anos passaram e a população se vê
livre, mas ainda dentro dos mesmos padrões Márcio Couto (2011) faz um paralelo entre a
Europa antiga e os dias atuais:

É importante frisar também um fenômeno existente na região, que têm paralelos


bem antigos. Na idade média, na Europa, era comum os senhores dos castelos terem
vários servos, para cuidares de todas as necessidades de sua moradia. Estes servos moravam
em condições muito humildes, às vezes sub-humanas, ao redor dos castelos Algumas pessoas
que trabalhavam diretamente para o senhor feudal, viviam praticamente dos restos da riqueza
destes nobres. Este fenômeno pode ser notado, ainda nos dias de hoje, sendo observado em
locais como o bairro do Morumbi, onde temos mansões e prédios de altíssimo luxo em algumas
ruas, e praticamente na esquina, favelas, como a de Paraisópolis, uma das maiores da cidade
de São Paulo.

Sergio Vaz, poeta e produtor cultural da periferia, no documentário realizado pelo SescTV em
2019 também faz uma leitura da cidade que enxerga e periferia como lugar de condições sub-
humanas e negligenciado pelas instituições públicas quando diz:

A cidade de São Paulo é muito louca, porque ao mesmo tempo que dói dá prazer né? A gente
fica pensando, por que a gente não tem mais prazer que dor? Por que as pessoas não deixam
a gente ter prazer? Eu acho que são as artérias do nosso corpo, quando a gente vê sangrar
por ali. Eu acho que São Paulo sangra pela periferia, pelos cantos, pelos córregos, pelas vielas.
É onde São Paulo vomita tudo aquilo que bebe, toda sua arrogância ele vomita na gente, eu
vejo São Paulo assim. É como se a gente tivesse o tempo inteiro de pedir permissão, pra poder
entrar, pra poder ser feliz, pra poder andar nessas ruas que nossos pais e avôs construíram. É
como se deixassem a gente andar por concessão e não por apego á liberdade. Então eu acho

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que São Paulo é isso, é muito estranho, acho que se parece com o Brasil. O micro se parece
com o macro do Brasil. Quando eu vejo a gente falar “os coronéis do nordeste” e fico pensando,
nossa ! E tem mais coronéis que em São Paulo? (Direito a cidade, 2019. 10:37min à 11:46)

O conceito de direito à cidade foi cunhado pelo intelectual marxista francês Henri Lefebvre e
se populariza no Brasil com os movimentos estudantis e populares. Hoje a perspectiva que
temos do direito à cidade é a de que todos podem e devem experimentar a cidade e imprimir
nela tudo o que ela tem de melhor, nossos desejos e faltas, sem medos e com igualdade. A
luta pelo direito à cidade pressupõe a luta pelo direito à moradia, à luta dos ciclistas que
buscam espaço dentro da cidade, dos estudantes quando ocupam suas escolas fazendo
reinvindicações ou quando um cidadão vai ao parque com sua família. É a ideia de que a
cidade deve ser o melhor para todos, deixando o patrimonialismo de lado.

A questão da moradia e do direito à cidade foi discutida primeiro com o movimento sem-terra
na luta pela Reforma Agraria e hoje com a ocupação de edifícios vazios e abandonados que
estão com dívidas com o estado, na luta pela reforma urbana. Reivindicando o direito humano
de habitar e fazer valer o Estatuto da Cidade, o plano diretor e leis de Uso e Ocupação do
Solo (zoneamento), que prevê normas de ordem pública e interesse social para bem coletivo
dos cidadãos e do meio ambiente.

A ocupação dos edifícios surge então como forma de reivindicar os direitos do cidadão
conforme a lei, reivindicando que o governo a tome providência sobre o imóvel específico,
adequando-o para as famílias que o ocupam. A luta é embasada na lei e por isso legítima,
não só por justiça social, mas também pelo previsto no Estatuto da Cidade.

Para tornar a cidade um lugar de todos é importante estudar um agregado de políticas públicas
que funcionem de maneira conjunta e não isoladas. Por exemplo não se pode fazer um
programa de habitação sem levar em conta a especulação imobiliária. Caso contrário
terremos o processo de gentrificação, e assim, o problema nunca será resolvido. Erminia
Maricato (1985) enxerga essa ocupação da cidade, visando todos os aspectos como possível
solução. Quando se pensa em uma solução geral, não penas em problemas isolados
podemos ter uma transformação real da cidade.

A cidadania prevê o direito não apenas à terra, mas à cidade, com seus modos de vida, com
seus melhoramentos, com suas oportunidades de emprego, de lazer, de organização política.
Terra urbana, diante desse raciocínio significa terra urbanizada.

Enquanto a mudança não ocorre, esse contexto político e social acentua a desigualdade de
classes e as condições de vida nas periferias sujeitam os seus moradores a violências
cotidianas e se tornando lugares violentos, um contexto fértil para criminalidade.
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O aumento da criminalidade se dá a partir claro do crescimento demográfico da cidade, assim
como o processo de urbanização, mas o grande agente é a desigualdade social. Sueli
Andruccioli Felix (2002) argumenta que a criminalidade não está associada ao progresso
pessoal, pois isso isoladamente não muda o indivíduo, mas a convicção de inferioridade. Mas
mais que a pobreza o cenário urbano em que esse indivíduo está inserido, exposto a diversas
violências geradas pela segregação e desigualdade, é completamente relacionado e
condicionante de suas atitudes.

O caráter crescente da delinquência, especialmente no cenário urbano das grandes cidades,


vem sendo associado ao nível de concentração e às características populacionais (os valores
demográficos), e tem gerado importantes reflexões sobre a organização espacial e a
reordenação territorial. Até pouco mais de duas décadas, considerações da dinâmica
demográfica nos estudos criminais eram conduzidas apenas por criminólogos e sociólogos - a
criminologia tem reconhecido a sua importância há mais de dois séculos. A “Escola Geográfica
do Crime”, principalmente a partir do início da década de 1970, tem buscado, à luz de
teorizações diversas e através de análises associativas com outros campos científicos, elucidar
os processos que levam ao problema. Se o crime é um fenômeno social que reflete certas
condições de vida, diferenciadas por situações socioeconômicas, culturais, políticas,
demográficas, espaciais etc., é o estudo destas condições que levará à compreensão dos
níveis de variação da violência. Para tanto, é imprescindível analisar as condições de vida do
criminoso, suas características demográficas, assim como as demais condições estruturais
(físicas, de aglomerações) relacionadas à criminalidade. (Felix, 2002)

Segundo Felix as condições espaciais são, portanto, parte do problema e afetam a percepção
do que é certo e errado. A periferia é então o espaço onde a criminalidade é presente e
cotidiana na vida das pessoas, pelo fato de o poder público ali atuar de forma defasada, pois
a atenção maior está na centralidade e áreas nobres. Diversos estudos apontam as periferias
de São Paulo como foco de crimes violentos e tráfico, mas é importante frisar que os grandes
mandantes do tráfico em São Paulo não é o morador da periferia, tão pouco o crime é
praticado somente nela, mas o foco da violência policial concidentemente acontece em áreas
onde as pessoas têm menor poder aquisitivo. Veja por exemplo nas figuras 2 e 3 onde mostra
que a maior taxa de homicídios e tráfico acontecem em áreas mais afastadas do centro.

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Figura 1 – Criminalidade bairro a bairro 2017 (Homicídios)

Fonte: Diagramação Jornal Estadão com dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública de
São Paulo

Figura 2 – Criminalidade bairro a bairro 2017 (Tráfico de drogas)

Fonte: Diagramação Jornal Estadão com dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública de
São Paulo

O abandono do poder público tanto na infraestrutura quanto na segurança pública deixa a


periferia exposta a classe criminosa, que aproveita o cenário de delinquência e impunidade
para praticar atividades ilegais. Mas é importante frisar o quão o processo histórico e a
segregação foram importantes para o aumento da criminalidade e nesse caso a população é
delinquente mas acima disso é vítima do processo de urbanização sem projeto, onde se

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beneficiou a elite e população pobre ficou com a escória da cidade. E mesmo após anos o
poder público se distancia dos problemas. Como dito por Felix (2002):

De um modo geral e sob a ótica de segregações, a análise das hipóteses nos permite afirmar
que, mesmo de forma implícita, Criminalidade e Exclusão são conceitos apresentados na
literatura como extremamente associados e até com uma relação de causa-efeito. Os traços
que definem ambas, normalmente, nada mais são que sintomas externos e visíveis de um
processo histórico, que exclui vastos setores da população do aparato produtivo e de outros
segmentos dos setores dominantes. Define-se como desviante e/ou delinquente o
desempregado, o subempregado, o pobre e miserável, o negro, o habitante da favela e do
cortiço, o que não tem residência fixa, o que não possui documento ou, mais especificamente,
uma carteira de trabalho assinada etc., já que destes segmentos sociais sai o maior contingente
de criminosos e condenados, mesmo a despeito de se ter consciência de como age o sistema
e as agências de controle social.

A população da periferia sofre violências diárias causadas pelo sistema capitalista em que
vivemos quando o salário-mínimo é insuficiente para despesas mensais, ou quando passa
mais de 2hrs no trajeto de casa até o trabalho oque demanda boa parte do seu tempo,
chamado inclusive de espoliação urbana, sem que reste se quer um período do dia para lazer
ou sono de qualidade, quando esse mesmo cidadão por exemplo estuda.

O poder público tem o dever de viabilizar soluções para as periferias e estabelecer de reparo
para um problema que é histórico, implementando políticas públicas eficientes. Melhorar o
ambiente da periferia e viabilizar educação, lazer e infraestrutura de qualidade pode ser um
processo transformador, não só do ambiente, mas da moral da população que ali reside.

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São Paulo tem o maior Produto interno bruto (PIB) do Brasil e está em 21º colocado no
ranking das maiores economias do mundo, o PIB Paulista supera por exemplo o dobro da
média nacional, com base e dados do banco mundial, do Instituto Brasileira de Geografia
(IBGE) e a Fundação Seade em 2019.

Uma cidade com tantas riquezas e que concentra um PIB de 714.684 milhões, dado
levantado pelo IBGE em 2018, tem o dever de ser capaz de lidar com as desigualdades e
problemas sociais que nela existem. O Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo surge
então como forma de tentar controlar as desigualdades e tornar a cidade um ambiente
inclusivo e igualitário, fazendo-se valer o direito a cidade. Criando por exemplo as Zonas
Especiais de Interesse social (ZEIS), além das Zonas de Estruturação Urbana (ZEU) que
adensam infraestrutura e tem um programa para moradia popular. Além disso o PDE cria a
Cota de Solidariedade diz que:

(..) todos os empreendimentos imobiliários com mais de 20 mil m² de área construída são
obrigados a destinar o equivalente a 10% de sua área para HIS, que pode ser promovida no
próprio empreendimento, em terrenos bem localizados ou através de repasse de recursos ao
FUNDURB para fins de produção de Habitação de Interesse Social.

Habitação essas que serão construídas principalmente nas ZEIS, que ficam também em
áreas periféricas da cidade. Além da implementação da habitação de qualidade estabelece
também diretrizes de regulamentação fundiária, ampliação e criação de áreas de lazer e
infraestrutura urbana básica e planos de recuperação ambiental. Todas essas estratégias se
se somam para a construção de uma cidade mais igualitária.

O PDE divide em 5 as ZEIS, a que trata especialmente sobre favelas é a ZEIS-1 que são
locais com alta vulnerabilidade social, déficit habitacional por inadequação e população de
baixa renda. O maior objetivo da ZEIS-1 é a regulamentação fundiária e a construção de
novas Habitações de interesse social (HIS).

Os recursos para a construção desses novos empreendimentos virão do fundo de


desenvolvimento urbano (Fundurb) que propõe 30% do seu fundo para a compra de
terrenos para HIS, assim como 40% para áreas de lazer públicas que podem ser áreas
verdes ou de patrimônio histórico e cultural por exemplo. E o mínimo de 25% dos fundos
arrecadados em grandes projetos serão revertidos para a construção de HIS. Dessa forma
as instituições públicas preveem planos para melhorar a habitação e qualidade de vida na
periferia.
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O sistema adotado no Brasil para expansão urbana não respeita o meio natural, pois
vivemos em uma era onde costumamos destruir o existente e construir algo novo sem
pensar nas consequências que essa destruição possa gerar em um futuro próximo.
Pellegrino faz esses questionamentos em seu livro:

Por que é tão difícil implantar projetos mais significativos de paisagem? Como mudar essa
cultura que deixa projetos de paisagem aquém de seu potencial? Como mudar essa cultura
de projeto? Como o desenvolvimento científico e os avanços do conhecimento sobre o
sistema natural e construído da cidade podem contribuir para o projeto de paisagem? O que
seria essencial que os projetistas da paisagem soubessem. (pag. 14, 2017)

É importante pensar em construções que previna inundações, conservam a água e


amenizam o clima para gerar ambientes saudáveis que tragam benefícios para o meio
natural e para os moradores que habitam aquele espaço. Para que isso ocorra é necessário
pensar em um projeto que se encaixe na paisagem existente, sem causar impactos
negativos ou que a descaracterize, para isso é necessário agregar a infraestrutura verde no
projeto, segundo Pelegrino:

Essa infraestrutura chamada de verde seria composta por um conjunto de paisagens por
meio das quais se procuraria garantir uma urbanização mais duradoura. A combinação dos
termos “infraestrutura” e “verde”, paisagística ou ecológica, agrega um papel desafiador à
Arquitetura da paisagem e às outras áreas de projeto do ambiente construído (pag. 13, 2017)

Os espaços públicos livres são fundamentais e pode desempenhar um grande papel para a
humanidade o de conservação, preservação e sustentabilidade, unindo os moradores da
cidade com os elementos da paisagem. Aplicando a infraestrutura verde, teremos melhora
na qualidade do ar, pois as arvores e vegetais absorvem poluentes por contato ou absorção
foliar, a vegetação ajuda também a melhorar o clima, deixando o mais úmido e fresco.

As técnicas de infraestrutura verde são essenciais em novos projetos como condomínios,


como as habitações sociais que se encontram em áreas de risco ou próximos a cursos
hídricos, pois essas grandes construções geram um grande impacto ambiental e acaba
sanando o problema das moradias, mas muitas vezes geram problemas urbanos, para isso
é necessário à aplicação de infraestrutura verde, para que possamos dar um passo rumo à
sustentabilidade em nossas construções.

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FICHA TÉCNICA
Local: Silvina Audi, São Bernardo do Campo
Ano: 2013–2016
Área Total: 3.558 m2
Área Construída: 10.052 m2
Autores: Marcos Boldarini, Lucas Nobre e Angelo Filardo
Arquitetos: Alexandre Vergara, Jhonny Rezende, Juliana
Junko, Paula Ferndr e Renato Bonfim
Realização: Secretaria de Habitação (Prefeitura de São Bernardo do Campo)

Figura 3 – Vista da fachada

Fonte: Foto disponível no site do escritório - Boldarini Arquitetos e Associados

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Figura 4 – Vistas gerais

Fonte: Fotos disponível no site do escritório - Boldarini Arquitetos e Associados

Figura 5 – Vistas gerais


Fonte: Foto do Autor

Figura 6 – Análise da ocupação em planta

Fonte: Elaboração do autor a partir da planta original disponível no site do escritório - Boldarini
Arquitetos e Associados

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Figura 7 – Análise da ocupação em corte

Fonte: Elaboração do autor a partir do corte original disponível no site do escritório - Boldarini
Arquitetos e Associados

Figura 8 – Análise da ocupação em corte

Fonte: Elaboração do autor a partir do corte original disponível no site do escritório - Boldarini
Arquitetos e Associados

O edifício propõe uma conexão importante entre a Rua João Soares da Silva e a Rua Duarte
Murtinho, permitindo a fruição publica por dentro do terreno e o acesso a área de comercio da
praça. Sua implantação, resolve as questões de insolação de ventilação mesmo em um
terreno estreito e com topografia acentuada. O recorte na topografia permite a entrada de sol
até nos apartamentos mais baixos.

Além da área de convívio publica os moradores podem usufruir de áreas de internas na


entrada do edifício e o playground para as crianças.

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FICHA TÉCNICA
Local: Perus, São Paulo

Realização : Secretaria Municipal de Habitação – SEHAB - SP

PAISAGISMO
Ano: 2012 (projeto) – Em construção

Área: 9.060 m2

Autor do projeto de paisagismo: Raul Pereira

Coordenação: Ana Karina Romero

Equipe: Aline Santos, Leandro Fontana, Paula Martins, Rulian Nociti, Talita Barão

ARQUITETURA

Ano: 2008 (projeto) – Em construção

Área: 39.800m2

Autores: Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz, Fabiana Paiva E Felipe Zene

Colaboradores: Anne Dieterich, Anselmo Turazzi, Beatriz Marques, Cícero Ferraz Cruz, Fred
Meyer, Gabriel Grinspum, Gabriel Mendonça, Luciana Dornellas, Pedro Del Guerra, Victor
Gurgel, Natália Coachman E Laura Ferraz

Figura 9 – Vista geral do projeto

Fonte: Imagem disponível no site do escritório - Brasil Arquitetura

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Figura 10 – Vistas gerais do projeto
Fonte: Imagens disponíveis no site do escritório - Brasil Arquitetura

Figura 11 – Análise da ocupação em planta

Fonte: Elaboração do autor a partir da planta original disponível no site do escritório - Raul Pereira
Arquitetos e Associados

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Figura 12 – Análise da ocupação em corte

Fonte: Elaboração do autor a partir do corte original disponível no site do escritório - Brasil
Arquitetura

Figura 13 – Análise da ocupação pela maquete

Fonte: Elaboração do autor a partir da foto original disponível no site do escritório - Brasil Arquitetura

O projeto pensa em uma área de lazer para população do bairro, não só do condomínio. Cria
espaços de conexão e passagem, trazendo segurança e vida ao local. Mesmo entre ruas e a
praça interna a vegetação entra como tratamento acústico além da questão estética.

O projeto trás a proposta de mudança não só das moradia, trazendo uma habitação de
qualidade, mas também para o fazer do bairro e uma solução local para o ambiente com
intervenção na vegetação e o córrego, proporcionando melhor qualidade de vida.

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FICHA TÉCNICA

Local: Jaguaré, São Paulo

Ano: 2008–2010

Área Total: 4.846 m2

Área Construída: 9.243 m2

Autores: Marcos Boldarini e Sergio Faraulo

Colaboradores: Simone Ikeda, Daniel Souza Lima e Marina Ataguile Malagolini

Paisagismo: Marcos Boldarini, Melissa Matsunaga e Simone Ikeda

Figura 14 – Vista geral da implantação

Fonte: Imagem disponível no site do escritório - Boldarini Arquitetos e Associados

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Figura 15 – Vistas gerais e renders

Fonte: Imagens disponíveis no site do escritório - Boldarini Arquitetos e Associados

Figura 16 – Análise da ocupação em corte

Fonte: Elaboração do autor a partir do corte original disponível no site do escritório - Boldarini
Arquitetos e Associados
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Figura 17 – Análise da ocupação em corte

Fonte: Elaboração do autor a partir do corte original disponível no site do escritório - Boldarini
Arquitetos e Associados

Figura 18 – Análise da ocupação em corte

Fonte: Elaboração do autor a partir do corte original disponível no site do escritório - Boldarini
Arquitetos e Associados

Por estar em um terreno estreito e com uma implantação bastante adensada o projeto em
questão propõe uma área de lazer na cobertura, além de uma pequena praça privada ao
condomínio e outra pública que funciona em conjunto com uma área comercial ao lado os
edifícios.

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Figura 19 – Mapa ampliado da zona sul de São Paulo

Fonte: PREFEITURA, São Paulo. Caderno de Propostas dos Planos Regionais das Subprefeituras
Quadro Analítico Cidade Ademar. São Paulo, 2016

A ocupação na região na Cidade Ademar começa por volta de 1960 a partir da expansão
urbana e da instalação da usina Piratininga pela light. Apesar da usina o uso principal da
região passa a ser residencial, quando começam grande ocupações na região do Jardim
Apurá, Parque Doroteia, Guacuri e Cidade Julia. Pessoas vinhas de outras partes do Brasil e
de outras Zonas de São Paulo, como os operários, buscavam ali uma nova oportunidade e
vida. Assim começou a ocupação pelos loteamentos clandestinos, como conta a Subprefeitura
de São Paulo no quadro analítico da região.

Na década de 30, a região de Cidade Ademar era parada obrigatória para carros de boi que
vinham de São Bernardo do Campo em meio a muitas áreas verdes. Naquela época, as olarias
com a fabricação de tijolos e telhas, deram início à incipiente urbanização nessa região. O
processo de industrialização dos anos 50 e 60, concentrado às margens da ferrovia FEPASA,
próximas a Santo Amaro, induziu a ocupação residencial dessa área por operários e
comerciantes, o surgimento dos bairros e vilas geraram a decadência das fazendas, que foram

24
loteadas e vendidas aos operários, migrantes que vieram de diversas partes do Brasil. Aos
poucos, a região foi ocupada, apesar de sua distância ao centro. Em 1960, com a instalação
da Usina Piratininga pela Light, chegou a energia elétrica e outros melhoramentos foram
conquistados pela reivindicação dos moradores. (Prefeitura de São Paulo/Subprefeitura
CIDADE ADEMAR,2016)

Por se tratar de uma região com terrenos declivosos a ocupação por moradia em alguns
desses lugares de torna perigosa pelo risco de erosão, além está em uma Área de Proteção
Permanente (APP) por ser encosta.

Figura 20 – Pedreira Itatinga no Jardim Pantanal

Fonte: Disponivel no instagram @museudofoco. Autor e ano desconhecido.

Figura 21 – Pedreira Itatinga no Jardim Pantanal

Fonte: Disponivel no instagram @museudofoco. Autor desconhecido meados dos anos 80.
25
Figura 22 – Ocupação em encosta no Jardim Pantanal

Fonte: Disponível no instagram @foconojardimmiriam. Robson - R Drones, 2021


O crescimento desenfreado da população nessa região acontece até hoje a poupo mais de 7
anos iniciou uma ocupação as margens da represa Billings na então chamada favela na
neblina no bairro Balneário São Francisco, ao lado da favela da fumaça que já estava
consolidada a décadas e recentemente foi desocupada e os moradores realocados para o
novo condomínio feito pela prefeitura no Jardim Apurá, bairro vizinho. Isso demonstra a
extrema necessidade da população por habitação. Grande parte dessas famílias vivem em
condições de extrema vulnerabilidade social, em suas casas muitas vezes não há piso e vivem
ao lado ou em cima de córregos que vão direto para a represa.

Figura 23 – Aterro e cemitério clandestino no jardim pantanal (nomeado como Pq. Itatinga)

Fonte: Robson – R. Drones,2021

26
27
28
As pessoas entrevistadas demonstram grande interesse quanto a áreas de lazer e a
requalificação dos cursos d’água. Comentam sobre a insegurança da região e a falta de
habitação pois há pessoas em situação de rua no local, que acabam desqualificando o
ambiente público e vivendo em uma situação de vulnerabilidade extrema.

Fernanda, mulher, 23 anos Hellen Fabiana, mulher, 15 anos

Onde você nasceu? Onde você nasceu?

Feira de Santana – Bahia. Jaguaruana - Ceará

Como chegou até aqui? Com quantos anos? Como chegou até aqui? Com quantos anos?

Em busca do que? Em busca do que?

Cheguei em São Paulo com 3 anos, minha mãe já Vim pra cá pra São Paulo pois minha mãe se

tinha ido antes para procurar emprego. Ela queria separou do meu pai e a gente veio em busca de

mudar de vida e decidiu ir para São Paulo, onde algo melhor para nós duas, ter uma qualidade de

teria mais oportunidades. vida melhor.

Ela foi a única da família formada em um curso A quanto tempo mora na região?
superior, técnico em contabilidade.
5 anos

A quanto tempo mora na região?


Oque acha do lugar? Defeitos e qualidades
14 anos
Eu acho um bom lugar para se morar. Só que é um

Oque acha do lugar? Defeitos e qualidades pouco perigoso, não posso ter a mesma liberdade
que eu tinha antes.
Eu gosto do lugar por ser bem localizado, tem
comércios e transportes. Os defeitos são diversos... Oque pode mudar? do que você sente falta?
Córregos maltratados, ruas sem asfalto, moradores
Eu sinto falta de das coisas que eu fazia como as
de rua que deixam tudo imundo.
amizades. Os costumes, as pessoas da família,

Oque pode mudar? do que você sente falta? comida...

Bom, a qualidade dos ambientes públicos. Ter mais Aqui as pessoas têm mais oportunidades de

áreas de lazer com brinquedos duráveis, área para emprego. Mas tem muitos moradores de rua, tem

ciclistas em bairros mais pobres e ruas mais pessoas que não tem casa e tem que pagar

cuidadas. aluguel. Lá onde eu morava era mais barato, para


viver e comprar as coisas.

29
Lohayni, mulher, 23 anos Matheus, homem, 23 anos

Onde você nasceu?


Onde você nasceu?
São Paulo - Capital
São Paulo - Capital
Como chegou até aqui? Com quantos anos?
Como chegou até aqui? Com quantos anos?
Em busca do que?
Em busca do que?
Eu moro aqui desde que nasci. Mas meus pais
Sempre vivi aqui.
vieram de Maceió na esperança de mais

A quanto tempo mora na região? oportunidade de trabalho

A vida toda. A quanto tempo mora na região?

Oque acha do lugar? Defeitos e qualidades Acredito que cerca de 20 anos.

A região é boa para morar, tem linhas de ônibus Oque acha do lugar? Defeitos e qualidades
para diversos lugares, tem ampla variedade de
O lugar por ser periferia, não nos passa muita
comércio e tem hospital próximo. Pontos negativos
segurança. Mas ainda assim é uma região que
são alagamentos, esgoto a céu aberto, mal cheiro
gosto de morar.
devido a poluição da represa, falta de infraestrutura
da região para acomodar tanta gente. Exemplo é o Oque pode mudar? do que você sente falta?
transporte público que vive cheio, as escolas e
Colocaria mais área de lazer por perto. Por aqui
creches com falta de vaga e o trânsito da região
para se ter um lazer ou você precisa de um meio de
que é absurdo devido à má sinalização.
transporte, ou precisa andar muito.
Oque pode mudar? do que você sente falta?

Mais vagas nas escolas e creches, e melhorar a


sinalização das vias.

Oque eu sinto falta é de área de lazer, as poucas


que tem por aqui ou são malcuidadas ou as obras
pararam, exemplo do 7 campos.

30
Luci, mulher, 62 anos Veridiana, mulher, 47 anos

Onde você nasceu? Onde você nasceu?

Rio Casca – Minas Gerais Jaguaruana - Ceará

Como chegou até aqui? Com quantos anos? Como chegou até aqui? Com quantos anos?
Em busca do que? Em busca do que?

Eu vim pra cá com 20 anos de idade, vim buscar Cheguei aqui com 19 anos, em busca de emprego.
melhoria de vida.
A quanto temo mora na região?
A quanto tempo mora na região?
A 28 anos.
Moro na região a 42 anos.
Oque acha do lugar? Defeitos e qualidades
Oque acha do lugar? Defeitos e qualidades
É muito longe de tudo e foi criando várias
Pra mim o defeito que tem aqui é a bandidagem, o comunidades em volta do lugar onde eu moro e vez
resto tudo pra mim é uma maravilha. com que o bairro ficasse muito feio. Aqui não tem
nenhuma qualidade.
Oque pode mudar? do que você sente falta?
Oque pode mudar? do que você sente falta?
Eu gostaria que não tivesse cachorro solto na rua,
que eu acho uma judiação. Gostaria que não A represa é muito suja, os governantes não cuidam
tivesse mendigo da rua, que eu acho uma judiação. dela como deveriam. Tem uma área imensa em
Nosso país não precisa de ter mendigo na rua nem volta dela que poderia ser aproveitada, mas o
cachorro na rua. Nosso país poderia ser mais limpo descaso dos nossos governantes faz com que a
as ruas, deveria se preocupar mais com limpeza, população do bairro em geral se sinta mal porque
que o povo é muito porco. Já começa pelos não tem ninguém que cuide dessa parte.
mendigos, que eles ficam todos soltos na rua,
começam com eles..., mas em geral a população é
muito porca.

31
Agnaldo, homem, 45 anos Nilton, homem, 45 anos

Onde você nasceu? Onde você nasceu?

Sem Peixe – Minas Gerais São Paulo – Capital. Fiquei aqui até os 5 meses e
fui para a Bahia, onde fiquei por um tempo e depois
Como chegou até aqui? Com quantos anos?
voltei pra São Paulo
Em busca do que?
Como chegou até aqui? Com quantos anos?
Cheguei aqui com 3 anos de idade acompanhando
Em busca do que?
meus pais. Vi o futuro nessa cidade de São Paulo
após os estudos que eu tive, que foram poucos, Eu vim pra cá com minha mãe quando tinha 5 anos
mas hoje eu estou relativamente vivendo bem. de idade.
Atualmente eu sou comerciante
A quanto tempo mora na região?
A quanto tempo mora na região?
40 anos.
No mesmo bairro eu moro a 42 anos.
Oque acha do lugar? Defeitos e qualidades
Oque acha do lugar? Defeitos e qualidades
Qualidades: tranquilidade do lugar e ampla
Bom, defeitos é por ser um bairro de classe média variedade de comércio
baixa então você não tem aquela a qualidade de
Defeito: trânsito intenso e falta de estrutura para
vida que você imagina que uma pessoa quer ter,
comportar tanta gente
que é uma qualidade de vida ótima. Que é uma
qualidade de vida de locomoção, de transporte, de Oque pode mudar? do que você sente falta?
facilidades que um ser humano quer ter. E
Diversificar as opções de comércio, como por
qualidade é que eu moro próximo da represa, um
exemplo mais bancos.
local de ar livre e as paisagens são bonitas, essas
são as qualidades. Sinto falta de mais espaços de lazer, como parques
e ciclovias. Também de mais vagas de creche e
Oque pode mudar? do que você sente falta?
pré-escola.
Melhoria, por ser um bairro de classe média baixa
melhorar o transporte, a pavimentação aqui é
horrível as ruas são todas esburacadas, essa seria
minha principal reclamação. E ter mais opção de
lazer, que aqui a gente é bem devagar de lazer.

32
33
Base de dados: Google Fonte: Elaborado pelo Autor
34
35
A área de intervenção está localizada dentro de uma macro área
de redução da vulnerabilidade urbana e recuperação ambiental e
uma Zona especial de interesse social (ZEIS-1) no bairro Cidade
Julia, Subprefeitura da Cidade Ademar na zona sul de São Paulo,
próximo à divisa de Diadema. Área periférica da cidade, entre a
Ângelo Cristianini e na Rua do Guaicuri.

A área tem um adensamento grande e é predominantemente


residencial, com alguns pontos de comercio e serviço na Av
Ângelo Cristianini e na Rua do Guaicuri, além de uma quantidade
significante de igrejas.

O fluxo de veículos na Av Angêlo Cristianini é intenso pois é uma


das principais vias da região e rota para maioria das linhas de
transporte coletivo com destino à algumas estações de metrô da
linha azul, centro e região do Brooklin. Além disso estando a 5min
da Av. Cupecê onde há corredor de ônibus para outros destinos.

Base de dados: Geosampa Fonte: Elaborado pelo Autor


36
Segundo o plano diretor estrategico da cidade de São Paulo de 2014 os objetivos os
especificos para Macrozonas de redução da vulnerabilidade urbana e reduperação
ambiental são:

I – fortalecimento das capacidades de proteção social a partir de melhorias nas condições


socioambientais, de convivência e de acesso às políticas públicas;

II – promoção da urbanização e regularização fundiária dos assentamentos urbanos precários,


dotando-os de serviços, equipamentos e infraestrutura urbana completa e garantindo a segurança na
posse e a recuperação da qualidade urbana e ambiental;

III – construção de Habitação de Interesse Social para reassentamento de populações moradoras de


áreas de risco, de áreas de preservação permanente, quando não houver outra alternativa, e das que
residem em assentamentos precários na Macrozona de Proteção Ambiental;

IV – articulação entre órgãos e entidades municipais e estaduais para garantir a conservação,


preservação e recuperação urbana e ambiental;

V – melhoria e complementação do sistema de mobilidade com a integração entre os sistemas de


transporte coletivo, viário, cicloviário e de circulação de pedestres, dotando-o de condições
adequadas de acessibilidade universal e sinalizações adequadas;

VI – minimização dos problemas existentes nas áreas com riscos geológico-geotécnicos, de


inundações e decorrentes de solos contaminados e prevenção do surgimento de novas situações de
vulnerabilidade;

VII – incentivo à consolidação das centralidades de bairro existentes, facilitando a implantação de


serviços, comércios e equipamentos comunitários;

VIII – compatibilização de usos e tipologias para o parcelamento e uso do solo urbano com as
condicionantes geológico-geotécnicas e de relevo, com a legislação estadual de proteção e
recuperação aos mananciais e a legislação referente às unidades de conservação existentes,
inclusive sua zona de amortecimento;

IX – universalização do saneamento ambiental, inclusive para os assentamentos isolados, em


especial os assinalados nos Mapas 6 e 7 anexos, respeitadas as condicionantes de relevo, geológico-
geotécnicas, a legislação estadual de proteção e recuperação aos mananciais e a legislação
referente às unidades de conservação existentes, incluindo sua zona de amortecimento;

X – proteção, recuperação e valorização dos bens e áreas de valor histórico, cultural, religioso e
ambiental;

XI – incentivar usos não residenciais nos eixos de estruturação da transformação urbana e nas
centralidades de bairro, visando gerar empregos e reduzir a distância entre moradia e trabalho

37
Todas as estratégias indicadas para essa macrozona no plano diretor são apontadas como
desejos da população, visto nas entrevistas.

Além de estrar em uma macrozona de redução de vunerabilidade e área pertence a ZEIS-1


que tem o objetivo principal a recuperação ambiental, regularização fundiária de
assentamentos precários e irregulares, bem como à provisão de novas Habitações de
Interesse Social.

Parametros de ocupação em ZEIS, exceto de Quota Ambiental

Tabela 1 – parâmetros de ocupação segundo a lei de zoneamento

Fonte: Quadros da Lei de Zoneamento (Lei nº16.050/14)

38
s 39
Fonte: Google Maps

40
Ventos predominantes na região de São Paulo sobram do Sudestre segundo levatamento
feito pelo Intituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Grafico 1 - Roda dos Ventos de São Paulo

Fonte: Projeteee com dados do INMET 2016. Disponivel em: <http://projeteee.mma.gov.br/>

O estado de São Paulo sofre uma grande variação de temperatura durante o dia, porém a
média de temperatura está dentro do que podemos denominar como confortavel, sendo
assim a melhor solução para conforto ambiental seria a inércia térmica, além de permitir a
entrada de sol ao ambiente para aquecimento durante o inverto e aberturas extrategicas
para melhorar ventilação durando o verão.

Grafico 2 - Temperatura média anual de São Paulo.

Fonte: Google com dados do The Weather Channel. Disponivel em:


<https://weather.com/weather/today/l/-23.55,-46.63?par=google>

41
O terreno possui disnivel assentuado por estar em uma área de morro. Para implantação de
uma nova edificação no terreno, evitando cortes seria necessário um edificio escalonado ou
blocos separados.

Figura 24 – Curvas de nível da área

Fonte: Elaborado pelo autor com dados disponíveis no GeoSampa

Figura 25 – Maquete topográfica 3d

Fonte: Elaborado pelo autor com dados disponíveis no GeoSampa

42
O uso predominante do local permanece residencial, a diferença entre hoje e 20 anos atrás é o
crescimento visível de infraestrutura na região com abertura de novas UBS, escolas, como o CEU
Alvarenga local que que também funciona a ETEC Takashi Morita.

O crescimento demográfico continua intenso, fazendo necessário a intervenção frequente do poder


público com melhorias na região, seja com pavimentação, educação, saúde ou lazer.

O déficit habitacional nessa localidade é significativo, principalmente quanto a inadequação domiciliar,


algo que merece atenção especial de entidades públicas, visto que a região está dentro de uma zona
de interesse social e macrozona de redução da vulnerabilidade social e ambiental, premissas que
justificam a intervenção do poder público na região como forma de diminuir a desigualdade social e
melhorar a qualidade de vida da população.

Por estar inserido em uma ZEIS e pelo déficit habitacional justifica-se a implementação de um
conjunto habitacional de interesse social na localidade, em conjunto com uma área de lazer e
recuperação do córrego da Rua Guaicuri, que foi uma reivindicação da população e está previsto
para Macrozona de recuperação ambiental.

43
44
Figura 26 – Foto por Satélite

Fonte: Google maps

Serão em torno de 50 famílias realocadas em um terreno que irá oferecer infraestrutura para
os moradores. A proposta é criar um conjunto habitacional com apoio de uma creche e com
o térreo que permita a fruição pública criando um escadão entre a Rua Guaicuri e o
condômino, permitindo principalmente o acesso da rua até a creche.

Apesar de o condomínio ser uma área particular adotaremos um térreo livre criando áreas
caminháveis e de permanência para visitantes e moradores, além de espaços privados de
lazer e estudo dentro de cada bloco habitacional.

Já na praça o objetivo principal é a criação de espaços de lazer para população jovem e um


playground para crianças, além de uma pista de corrida que faria conexão com o parque 7
campos.

A intervenção na região melhoraria a qualidade de vida das pessoas trazendo lazer,


habitação de qualidade, saneamento básico e infraestrutura verde, com a requalificação do
córrego além da nova massa arbórea.

45
46

Base de dados: Geosampa Fonte: Elaborado pelo Autor


QUADRO DE ÁREAS - BLOCO HABITACIONAL
AMBIENTE QUA. M²
RESERVATÓRIO SUPERIOR 1
BARRILHETE 1 20/30M²
CASA DE MÁQUINAS 1 20/30M²
ÁREA DE LAZER - COBERTURA
APTOS. 84M² 98
APTOS. 80M² 40
APTOS. 42M² 22
SALA DE ESTUDOS / REUNIÕES 1 084M²
HALL DE ENTRADA 2 20M²
SALÃO DE FESTAS 1 50M²
CENTRO DE MEDIÇÃO DE GÁS 1 20M²
CENTRO DE MEDIÇÃO DE ÁGUA 1 20M²
DG ELÉTRICA 1 20M²
RESERVATÓRIO INFERIOR 1
CASA DE BOMBAS 1 25/30M²
DEPÓSITO 2 20M²
ESTACIONAMENTO 1 320M²
QUADRO DE ÁREAS - CRECHE
AMBIENTE QUA. M²
SALA CRECHE 4 30m²
BERÇARIO 1 40m²
BANHEIRO ALUNOS 2 15m²
PÁTIO 1 60m²
REFEITÓRIO 1 40m²
COZINHA 1 20m²
DEPÓSITO 1 10m²
DML 1 10m²
ADM - OPEN SPACE 1 60m²

47
Base de dados: Google Fonte: Elaborado pelo Autor

48
CORTE LONGITUDINAL

CORTE TRANSVERSAL

CORTE TRANSVERSAL PRAÇA

49
DIAGRAMA

PERSPECTIVA

50
51
A questão do trabalho surgiu da necessidade de compreender as dinâmicas responsáveis
para a formação das periferias de São Paulo, em especial na região Sul da cidade. Local
distante do centro e localizado em área de manancial. O crescimento demográfico na
periferia é atribuído ao desenvolvimento do setor industrial e a gentrificação do centro
Paulista, onde ouve a expulsão da população operaria do centro para locais pais distantes
como a Zona Norte, Zona Leste e a Zona Sul da capital, deixando a população a margem da
cidade. Além do crescente fluxo migratório de pessoas de outros estados em buscas de
novas oportunidades, principalmente de emprego. Demonstrado inclusive nas entrevistas
realizadas.

É importante salientar que a existência de favelas tão distantes do centro e de


equipamentos públicos como transporte, lazer, saúde ou cultura, somas a inadequação
habitacional interfere diretamente ao IDH da cidade como um todo e vai contra o objetivo
geral do Plano Diretor, mostrando mais uma vez a importância da implementação de
políticas públicas de qualidade para áreas vulneráveis.

Começa então uma pesquisa de levantamento de dados, buscando analisar os principais


pontos que interferem diretamente na qualidade de vida das pessoas, as entrevistas nesse
momento se mostram extremamente necessárias, assim como o levantamento fotográfico
da região que demonstra a baixa qualidade das habitações e o déficit de áreas de lazer,
principal questão apontada pelos moradores.

A pesquisa surgiu da hipótese que nessa localidade seria necessária a implementação de


áreas de lazer e de habitações de interesse social, na qual foi confirmada a partir da
pesquisa e entrevistas, além da implementação de uma creche no conjunto habitacional,
algo que no início não foi tratado como necessidade.

A inserção de áreas de lazer na região poderia influenciar diretamente nas dinâmicas sociais
do bairro, tornando o lugar vulnerável a fomentação de cultura e que poderia ser um marco
na vida de muitas pessoas que desse espaço usufruírem. Já que a qualidade do espaço em
que um indivíduo é inserido pode influenciar diretamente suas escolhas para bem ou mal.

Pelo tempo pré-determinado para essa pesquisa não foi possível aprofundar os estudos em
toda cidade de São Paulo, tão pouco analisar um referencial teórico mais abrangente. Além
da crise sanitária causa da COVID-19 não foi possível visitar todos os projetos referenciais,
dos quais seriam muito importantes para compreensão das soluções principalmente de
implantação, mas que poderão vir a ser analisadas em um próximo ponto do trabalho.

52
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54

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