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DESIGN E DECORAÇÃO DE ESPAÇOS CORPORATIVOS

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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3

MARCO TEÓRICO .................................................................................. 4

MÉTODO ................................................................................................. 8

ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................. 10

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 16

COMPREENDENDO A PSICOLOGIA DO DESIGN DE INTERIORES . 17

BRIEFING O PRIMEIRO PASSO .......................................................... 18

O DESIGN EMOCIONAL E O INDIVÍDUO ............................................ 19

OS 4 PRAZERES .................................................................................. 21

DESIGN E ERGONOMIA ...................................................................... 22

INTERAÇÃO DO CONSUMIDOR .......................................................... 22

HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DO CONSUMIDOR ................... 23

MUNDO INDIVIDUAL ............................................................................ 23

HUMANIZAÇÃO DE ESPAÇOS ............................................................ 25

BEM-ESTAR E CONFORTO ................................................................. 26

AMBIÊNCIA: ESPAÇO FÍSICO E COMPORTAMENTO ....................... 29

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA AMBIÊNCIA .................................. 32

REFERENCIAS ..................................................................................... 39

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO
A relação entre o ambiente físico das organizações e as interações
pessoais é percebida como uma forma de aumentar o desempenho e as
inovações das organizações. Por esta razão, as empresas passam a investir na
construção de ambientes de trabalho que estimulem a criatividade e a interação
entre seus membros.
O Facebook, por exemplo, une milhares de funcionários em uma única
sala de um quilômetro e meio de extensão. Já a Yahoo abandonou a ideia de
trabalho a distância, por privilegiar as conversas informais nos corredores e
refeitórios. A Samsung quebra a hierarquia tradicional existente e projeta
grandes áreas abertas, situadas entre os andares onde a empresa espera que
os engenheiros e vendedores se misturem, e que assim haja colisão de ideias
inovadoras entre as pessoas.
São casos que adotam estruturas não convencionais de trabalho. Os
espaços privados, os cubículos, foram transformados em espaços abertos, o que
possibilita o convívio entre pessoas extrovertidas e introvertidas, no mesmo
ambiente de trabalho.
Neste contexto a satisfação com o ambiente de trabalho resulta em melhor
desempenho dos funcionários, fator importante para o sucesso das
organizações (DOLE; SCHROEDER, 2001).
Além do mais, o ambiente construído está diretamente relacionado com a
satisfação dos trabalhadores, com sua produtividade e com o nível de
competitividade das empresas e indiretamente relacionado ao compromisso com
a organização e a troca de emprego.
Infinitos corredores nas empresas são substituídos por ambientes que
promovem os encontros entre as pessoas. Projetar espaços não depende
apenas da estruturação de ambientes para se viver, trabalhar e estudar.
Depende também da compreensão de como se vive, trabalha e estuda nestes

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ambientes, pois são espaços que influenciam no comportamento daqueles que
circulam nestes locais.
A composição física dos espaços, os projetos arquitetônicos, dependem
da estrutura organizacional. Consoante isso, cada empresa necessita equilibrar
e adaptar as necessidades da estrutura organizacional aos espaços, com o
intuito de gerar interação e trocas de informações entre os grupos e indivíduos.
Assim, espaços organizacionais são responsáveis pela transferência de
informações e é onde a criação do conhecimento acontece.
Nas organizações estudadas, o conhecimento desempenha um papel
central na criação, uso, desenvolvimento, gerenciamento ou comercialização
dos produtos ou serviços.
De acordo com as organizações intensivas em conhecimento, reúnem
conceitos de alta qualidade técnica intimamente relacionados com a
aprendizagem organizacional, trabalhadores do conhecimento, capital
intelectual e gestão do conhecimento.
Para cumprir com o objetivo proposto, o estudo foi construído a partir de
pesquisa sobre a satisfação com o ambiente construído em relação à criação de
conhecimento nas organizações.

MARCO TEÓRICO
Diferentes estudos avaliaram o efeito negativo de ambientes mal
projetados e a Síndrome do Edifício Doente (SED) (Sick building syndrome).
Esta síndrome consiste na perturbação do desempenho dos

trabalhadores, pacientes ou usuários dos ambientes, com o declínio da

produtividade, com surgimento de doenças e a sensação de mal-estar em


decorrência da exaustão emocional e insatisfação com os ambientes projetados.
Deste modo, foi constatada a crescente consciência da significante
relação existente entre a qualidade do ambiente interno e a SED.
Assim, quanto maior a satisfação com a qualidade do ambiente construído
maior a produtividade e o desempenho dos usuários do edifício ao investigarem
a percepção dos ocupantes de edifícios acerca da qualidade do ambiente
construído, realizaram uma revisão de literatura que contemplou fatores como a

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qualidade do ar, a síndrome do edifício doente, o conforto térmico, o conforto
luminoso, bem como o conforto acústico, o layout e mobiliário dos escritórios, e
a limpeza relacionado aos ambientes, sendo estes, portanto, fatores que
determinam a qualidade do ambiente construído.
No âmbito da satisfação com os ambientes construídos, uma edificação
adequada ao uso mantem a harmonia suficiente com relação à percepção
humana que engloba a visão, audição, odores e como o espaço é sentido pelo
usuário. Deste modo, é preciso compreender a acessibilidade geral, a eficiência
funcional, sua flexibilidade, segurança e orientação espacial.
A dimensão física dos espaços relacionais tem sido estudada no âmbito
organizacional também no contexto da inovação e dos fluxos de informação e
conhecimento.
A interface especificamente com o campo da gestão do conhecimento se
dá pela questão da interação entre as pessoas no ambiente organizacional.
A criação do conhecimento tem sido discutida nas organizações
contemporâneas também na perspectiva da interação entre as pessoas no
ambiente, pois para compreender a dinâmica social da criação do conhecimento,
é preciso identificar a forma como as trocas de informações acontecem, bem
como as condições para criação do conhecimento.
Adquirir, assimilar, transformar e utilizar o conhecimento são dimensões
de um processo de absorção do conhecimento pelo indivíduo, que só acontece
por meio do relacionamento do indivíduo com a sociedade.
Assim, compreende-se que a capacidade de perceber o conhecimento e
transformá-lo em um novo conhecimento está diretamente relacionada à
interação.
Interagir é a fonte da criação do conhecimento, este que é subjetivo,
estético, adquirido com a prática e apresenta relação com os processos. No
entanto, há teóricos que insistem em excluir a subjetividade da gestão para a
construção teórica objetiva, através da eliminação das diferenças, com a criação
de padrões.
Entretanto, são estas diferentes perspectivas, capacidades e visões que
propulsionam a criação de novos conhecimentos, nos ambientes corporativos.

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Na criação do conhecimento organizacional, os indivíduos interagem com
os demais para transcender suas próprias barreiras, mudam a si mesmos, os
demais, a organização e o ambiente em que vivem.
Portanto, o conhecimento é criado socialmente na síntese de diferentes
visões de várias pessoas. Deste modo, o conhecimento nasce da subjetividade
de cada indivíduo, inserido num contexto com o encontro da objetividade através
de processos sociais de trocas de informações, ou seja, é a interação do
conhecimento tácito de cada indivíduo (subjetivo) com o conhecimento explícito
(objetivo) e, juntos, são fontes para a criação de conhecimento.
É através da distribuição de informação, ou o fluxo de informação, que o
conhecimento é adquirido, compreendem que a criação do conhecimento é
gerada através do "ba" de cada organização, também traduzido como espaço.
No entanto, esta tradução é melhor compreendida com as relações nos espaços
físicos, virtuais ou mentais.
Para existem quatro maneiras para que a criação do conhecimento
aconteça, através da socialização, da internacionalização, da
externacionalização e a combinação destas; em um ambiente em que os
indivíduos possam se comunicar e trocar experiências cara a cara, que ocorra
interação, para contribuir com a externacionalização da criação do
conhecimento.
A interação em um ambiente é necessária para promover o conhecimento
tácito que é convertido em conhecimento explícito, e é assim compartilhado entre
os membros da organização.
O ba, desse modo, rompe a ideia de que a criação de conhecimento é
individual, descontextualizada, autônoma e que desconsidera as interações
humanas, pois, na verdade, é um processo dinâmico e comunicativo que
ultrapassa os limites do indivíduo e da empresa, e se concretiza através de uma
plataforma onde se utiliza uma mesma linguagem em busca de objetivos
comunitários.
A criação de conhecimento desempenha papel crucial nas empresas e,
portanto, emerge uma questão fundamental sobre o tema acerca de quais são
os processos que facilitam a criação do conhecimento. Isto posto, o estudo de,
tendo em vista que processos intencionais de criação de conhecimento podem
ser encorajados através de intervenções gerenciais, objetivou identificar tais

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intervenções gerenciais que podem contribuir para o processo de criação do
conhecimento.
Assim, os autores examinaram o impacto que o gerenciamento da
informação e as atividades de aprendizagem exercem na criação do
conhecimento. O estudo identificou a conexão entre os tipos de criação do
conhecimento e os vários bas organizacionais, o que contribui de forma
significativa para estudos empíricos, já que o estudo de forneceu apenas
embasamento teórico sobre a aquisição do conhecimento.
De acordo com o processo de criação do conhecimento descrito por
Nonaka é relativo, visto que depende da especificidade dos contextos, das partes
envolvidas e dos objetivos perseguidos. Por isso, o processo de criação do
conhecimento pode ser qualificado como operacional ou mesmo estratégico.
O ba é imprecisamente orientado e favorece o surgimento coletivo de
novos conhecimentos a partir da participação de indivíduos confiantes e, as
relações que acontecem dentro de um ba, evoluem de maneira flexível e aberta.
Neste cenário, a curva se mantém atualizada para a realidade que
vivemos, estudo que comprova a forte correlação negativa existente entre a
distância física e a potencialidade e/ou a frequência de comunicação entre as
pessoas.
A estimativa é que ocorra comunicação regularmente com pessoas que
estejam próximas, sentadas a 1,8 metros de distância, do que com colegas que
trabalham em diferentes andares ou em ambientes com grandes distâncias,
como 18 metros.
Deste modo, à medida que a tecnologia encurta distâncias, a proximidade
é fundamental para que haja interação entre as pessoas, consequentemente a
comunicação aumenta com a diminuição da distância. Portanto,
o layout organizacional é um forte determinante da escolha do tipo de
comunicação empresarial.
Além do mais, é possível constatar que quanto maior a complexidade das
informações, a comunicação cara a cara promove o feedback (necessário para
que as trocas de informações aconteçam.

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MÉTODO
O método proposto para o desenvolvimento da pesquisa é de natureza
quantitativo-descritiva que foi implementada por meio de um levantamento, ou
seja, da aplicação de uma survey com corte transversal.
A aplicação de uma pesquisa do tipo survey se dá por meio de um
instrumento de coleta de dados (questionário), em uma amostra representativa
de uma população-alvo e destinada a gerar informações específicas dos
entrevistados.
A pesquisa foi aplicada por conveniência a organizações que
apresentaram como característica em comum, áreas ou atividades intensas em
conhecimento. Ou seja, nestas organizações, o conhecimento desempenha um
papel central na criação, uso, desenvolvimento, gerenciamento ou
comercialização dos produtos ou serviços. Em meio a este cenário, a pesquisa
foi aplicada às empresas prestadoras de serviços, indústrias e algumas
instituições de ensino da Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul.
O Rio Grande do Sul apresenta o quinto maior PIB do Brasil, com a
produção de R$ 331,1 bilhões em bens e serviços, correspondendo a quase 7%
da produção nacional (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA - IBGE, 2013). As principais economias do estado se concentram
na agricultura (soja, trigo, arroz e milho), na pecuária e na indústria (de couro e
calçados, alimentícia, têxtil, madeireira, metalúrgica e química).
A Região Metropolitana da Serra Gaúcha, criada pela Lei Complementar
nº 14.293, de 29 de agosto de 2013, envolve é composta pelos municípios de
Antônio Prado, Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Farroupilha,
Flores da Cunha, Garibaldi, Ipê, São Marcos, Nova Pádua, Monte Belo do Sul,
Santa Teresa e Pinto Bandeira.
A Serra Gaúcha que apresenta o terceiro maior PIB do estado, ficando
atrás apenas da região Metropolitana de Porto Alegre e do Vale dos Sinos (IBGE,
2010). Entretanto, nos dados divulgados pela Federação das Indústrias do Rio
Grande do Sul, em relação à empregabilidade da indústria, a cidade de Caxias
do Sul é a cidade com maior número de trabalhadores (81 mil trabalhadores),
correspondendo a 11,2% do total do estado.

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Considerando os dados acima citados, a pesquisa ambientou-se em
empresas do Rio Grande do Sul, mais especificamente da Serra Gaúcha, sendo
que a coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de questionários
estruturados que foram aplicados através do autopreenchimento (eletrônico e
impresso).
Na elaboração do instrumento de coleta de dados, para a
operacionalização da escala, foi definida a utilização de uma escala do
tipo Likert de sete pontos, com possibilidade de respostas com extremos
variando de "1. Discordo Totalmente" a "7. Concordo Totalmente".
O link da pesquisa (questionário) foi disponibilizado por e-mail, e
respondido através do método de autopreenchimento no google docs(r) .
Para algumas empresas foram realizados contatos através de ligações
telefônicas para o envio do e-mail e link da pesquisa.
As escalas utilizadas foram operacionalizadas a partir de estudos
anteriores, conforme mostra a Figura 1.
A escala de criação do conhecimento de foi citada em um estudo que
abordou a expansão do conceito ba e as diferentes aplicações e
desenvolvimento do assunto, num período considerado entre 1991 a 2009.
Optou-se por esta escala quantitativa para mensurar a criação do
conhecimento por existir relação com os objetivos deste trabalho. Com relação
à escala de satisfação com o ambiente construído, foi utilizada uma escala de
avaliação pós-ocupação do ambiente; esta base de dados utilizada pelo Centro
de Ambiente Construído (Center for the Built Environment - CBE) da
Universidade da Califórnia (Berkele).
Uma vez elaborado e estruturado o questionário de pesquisa, foi
procedida à validação de conteúdo, também conhecida como validade de face,
pela qual o instrumento de coleta de dados foi submetido a dois experts da área.
A coleta de dados foi realizada no mês de novembro de 2014 a março de
2015. Foram aplicados 127 questionários, tabulados os dados e realizadas as
verificações de consistência.
Foi utilizado o software PASW(r) Statistics 20.0. Deste total, não houve
falta de consistência (missing values) e não houve observações atípicas
(outliers). Um questionário (28) foi eliminado por apresentar valor > 3,0 para o Z
Score.

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Após as verificações dos dados e das correções das inconsistências, a
análise de dados foi realizada. Com o exame do conjunto de relações das
variáveis interdependentes que integram a satisfação com o ambiente construído
e a validação das variáveis dependentes que compõem a criação de
conhecimento, as análises foram feitas através do exame do conjunto de
relações da variável dependente. Foi realizado também a medida de adequação
da amosta de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e a confiabilidade das escalas a partir
do Alfa de Cronbach.
Além disso, a regressão linear foi utilizada para identificar quanto a
satisfação com o ambiente construído explicou ou causou impacto sobre a
criação do conhecimento. Esta técnica estatística analisa as relações
associativas entre uma variável métrica dependente e a variável independente.
A regressão linear foi elaborada com base nas médias do fator
independente em relação à média da variável dependente.
A seleção do método de análise descriminante passo-a-passo (stepwise
discriminant analysis) consistiu em identificar os subconjuntos ou categorias, de
modo a adicionar ou remover as variáveis em cada etapa.

ANÁLISE DOS RESULTADOS


A pesquisa foi aplicada às organizações, em ambientes de escritórios, que
apresentaram como característica em comum, áreas intensas em conhecimento.
Ou seja, nestas organizações, o conhecimento desempenha um papel central na
criação, uso, desenvolvimento, gerenciamento ou comercialização dos produtos
ou serviços. Em meio a este cenário, são apresentados os cargos
desempenhados por cada respondente de acordo com a Tabela 1.
Tabela 1 Cargo dos respondentes

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Fonte: Dados da pesquisa.

Os dados foram coletados em organizações localizadas no estado do Rio


Grande do Sul.
Os respondentes possuem como característica em comum o fato de
trabalharem em áreas intensas em conhecimento, em que o conhecimento
desempenha papel principal no desenvolvimento, gerenciamento e
comercialização de produtos e serviços.

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No total 127 respondentes participaram da pesquisa, conforme demonstra
a Tabela 2.
Tabela 2 Perfil dos respondentes

Fonte: Dados da pesquisa.


Com base nas variáveis analisadas, os atributos validados foram
classificados em cinco dimensões ou fatores. Dentre estas cinco dimensões, a
satisfação com o ambiente construído (SAC) aparece como a dimensão mais
importante; na sequência a criação de conhecimento (tecnologia) (CCA); a
criação de conhecimento (tácito) (CCB); a criação de conhecimento
(aprendizagem) (CCC) e a criação de conhecimento (interação) (CCD), fatores
(dimensões) que foram validados (vide Tabela 3).

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A depuração das escalas foi realizada com a retirada de atributos com
cargas fatoriais inferiores a 0,50, resultando em cinco dimensões (fatores) com
uma variância total explicada de 70,093%.
Tabela 3 Resultado para extração dos fatores (ou dimensões)

Fonte: Dados da pesquisa.

Dos 27 atributos inicialmente avaliados, 19 deles ficaram retidos. Com o


intuito de facilitar o entendimento sobre estes achados da pesquisa, o Quadro
1 relaciona tanto as dimensões responsáveis pela satisfação com o ambiente
construído e a criação do conhecimento, quanto os seus respectivos atributos.
Porém, foi contatado que o fator criação de conhecimento (interação) apresentou
valores de Alfa de Cronbach baixo e, portanto, será eliminado, por indicar baixa
correlação entre os itens desse fator e também baixa confiabilidade.
Quadro 1 Dimensões da satisfação com o ambiente construído e a criação do
conhecimento

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Fonte: Dados da pesquisa.
A regressão linear verificou o quanto a dimensão da satisfação com o
ambiente construído impacta sobre as quatro dimensões da criação do
conhecimento. Foi encontrado que a satisfação com o ambiente construído
apresenta maior impacto sobre a criação de conhecimento, nas áreas da
tecnologia e aprendizagem. Além do mais, a satisfação com o ambiente
construído também apresenta significância para a criação do conhecimento
tácito e a interação, no entanto, com menor influência em decorrência dos
valores menores encontrados no R² e Beta (β), conforme Tabela 4, que é
elucidativa.
Através do teste t1 da ANOVA, de acordo com a Tabela 5, foi possível
comparar o quanto as médias das dimensões em análise apresentam

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significância com relação ao perfil dos respondentes. Portanto, foi constatado
que o tempo de permanência sentado, sem levantar da cadeira, influência na
satisfação com o ambiente construído.
Outro ponto observado foi a influência da faixa etária na criação do
conhecimento através do uso da tecnologia.
E por fim, a experiência de trabalho interfere na criação do conhecimento
através da interação, ou seja, quanto maior a experiência de trabalho melhor as
interações para a criação do conhecimento.
Tabela 5 Comparação entre as médias das dimensões em análise e o perfil dos
respondentes

Fonte: Dados da pesquisa.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo foi ambientado em empresas intensivas em conhecimento do
Rio Grande do Sul. Ao tratar o campo da criação do conhecimento, o estudo
adotou os conceitos ao contemplar quatro áreas para a criação do conhecimento,
sendo elas:,
(i) a criação de conhecimento tácito,
(ii) explícito relacionado a aprendizagem,
(iii) a interação e
(iv) a participação da tecnologia na criação de conhecimento.

Para mensurar a influência do ambiente construído, levou-se em


consideração o estudo o qual aborda a satisfação com o espaço físico de
trabalho, estética, conforto, limpeza, organização e a interação entre os colegas
de trabalho.
Os resultados apontaram que das quatro áreas que representam a criação
do conhecimento, a satisfação com o ambiente construído apresentou maior
influência no uso da tecnologia para a criação do conhecimento.
Consoante isso, melhorar a satisfação com o ambiente construído
propicia os encontros entre as pessoas, facilita o compartilhamento das
informações e contribui para a criação do conhecimento nas três áreas
abordadas neste estudo (tecnológica, tácita, aprendizagem).
Outro achado da pesquisa está na relação positiva entre a criação de
conhecimento tácito e a satisfação com o ambiente construído, assim a criação
do conhecimento tácito é influenciada pelo ambiente construído.
Em paralelo aos objetivos propostos, foi possível constatar a existência
de valor para o trabalho agregado, que se encontra justamente nesta
comparação entre o âmbito econômico (tangível) de melhoramentos do espaço
construído nos escritórios, o custo do ambiente construído.
Em contrapartida, quanto melhor for o espaço construído, maior será o
valor de trabalho para a criação de novos conhecimentos nas organizações.
Qual é a preocupação do profissional de design de interiores na hora de
projetar um ambiente?

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São quais matérias irá usar, qual é a melhor peça de design assinado ira
colocar no hall de entrada do novo projeto ou o que se pode fazer para torna o
cliente feliz, trazer sensações positivas e diminuir possível ansiedade que um
projeto mal feito possa acarretar?
Será que em algum momento entre a assinatura do contrato e a compra
de objetos de decoração o que torna o projeto de interiores um lar para o
contratante foi posto em pauta?
Essas são algumas perguntas que este artigo tentará responder.
Usando o conceito de psicologia do design de interiores buscará
respostas para torna um espaço habitado em um verdadeiro lar, analisar a
relação “profissional cliente”, a fim de realizar um projeto único e especial que
fale com cada cliente além de atender suas necessidades.
A expectativa consciente ou inconsciente de quem contrata um projetista
de interiores são pontos valiosos para se observar em uma entrevista e atendê-
las é de extrema importância para quem deseja oferecer conforto, estabilidade,
realização e principalmente ajudar na felicidade de um lar. Transformar um
espaço vazio e matérias que separados não expressão nada em um espaço que
possa encher de sentimentos positivos corpo e mente torna-se essencial, assim
como propõe John Ruskin (2007) “que busquemos duas coisas em nossos
prédios, que eles nos abriguem e que falem conosco”. .

COMPREENDENDO A PSICOLOGIA DO DESIGN DE


INTERIORES
Psicologia do design de interiores e uma ramificação recente da
Psicologia Ambiental.
Resultado de investigações da neurociência onde as emoções humanas
foram pesquisadas e experimentadas sobre como reagiriam em determinados
espaços projetados, sejam residenciais, comerciais, individuas ou coletivos. Ou
seja, quais são os níveis que os seres humanos atingem ao serem exposto a
estímulos emocionais e cognitivos.
Allen de Botton (2006) entende que “A nossa sensibilidade ao que nos
cerca pode ter origem numa característica incomoda da psicologia

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humana”. A Psicologia do Design de interiores e os conhecimentos
propiciados pela Psicologia Positiva tenta promover a felicidade a partir
da interação homem-ambiente, ajudando a tornar meros moradores
em habitantes mais felizes.
Uma das teses de Alain de Botton é a de que o que buscamos numa obra
de arquitetura não está tão longe do que procuramos num amigo.
Ao construir uma casa ou decorar um cômodo, as pessoas querem
mostrar quem são, lembrar de si próprias e ter sempre em mente como elas
poderiam idealmente ser.
O lar, portanto, não é um refúgio apenas físico, mas também psicológico,
o guardião da identidade de seus habitantes. (BOTTON Alain, 2007:271)
Munido das informações coletadas no briefing, o profissional tem o que é
preciso para criar um ambiente capaz de atender as necessidades do cliente.
Ter percepção do que se necessita, mesmo que inconscientemente é muito
importante para criar sensação de individualidade. Os clientes dão sinais e não
as ignorar e crucial para um bom projeto.

BRIEFING O PRIMEIRO PASSO


A composição de um ambiente projetado por um profissional do design de
interiores tem quer ir além de escolher o melhor mobiliário e objetos que
conversem entre si.
Estudar o espaço e quem vai ocupá-lo é de extrema importância para se
descobrir os hábitos e o que espirar e traz sensações positivas para o morar,
assim os erros serão por vezes nulos, pois você como profissional saber o que
irar dá certo ou não, seja em projetos residenciais ou comerciais.
Seguindo o provérbio “O diabo mora nos detalhes” ou “Deus está nos
detalhes”, ditado usado como alertar em projetos. Está atento e saber ler as
singularidades de cada indivíduo em busca da assertiva para o espaço cliente
está ligado a primeira parte do projeto que se inicia bem antes de se projetar no
Autocad ou Sketchup, “briefing” é um termo em inglês que significa “instruções”,
nada mais é do que um direcionamento claro para as escolhas e preferências de
cada pessoa. Um questionamento com series de perguntas básicas e adaptáveis

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de acordo com o perfil do projeto para que o resultado seja o maior bem-estar
possível.
Perguntas fora do âmbito do design de interiores são boas para saber as
preferencias e traçar o do perfil do cliente, perguntas como:
-Se você pudesse se transportar para um filme, qual seria?
-Gosta de bebidas? Quais?
-No final de semana, andar no parque ou fazer compras no Shopping?
-Usar a roupa da Moda, ou o velho e confortável casaco?
-Mykonos ou Trancoso?
São perguntas assim que contam histórias e hábitos que talvez o cliente
não saberia expressa-las com clareza em uma simples conversa, além de ajudar
a “quebrar o gelo” melhorando a comunicação.
Quando o relacionamento não acontece de forma saudável o ciclo do
projeto não se fecha e tanto o designer quanto o cliente não sai satisfeitos com
resultado da parceria.
Peter L. Phillips (20015) descrever em seu livro que “Um bom briefing
pode poupar muito trabalho e evitar problemas burocráticos durante a
criação”.
“A estruturação de recursos e objetivos guia a criação, não a
restringindo, mas fundamentando e potencializando os resultados
obtidos”, já Jenny Gibbs (2010) observa que o briefing “servirá para
nortear todo o projeto”.
“As perguntas e respostas permitem mapear o perfil dos moradores,
aspetos da rotina, hábitos, preferências pessoais, identificando
aspectos que passam despercebidos pelos usuários”.
Ou seja, analisando as necessidades é o que faz o profissional conhecer
quais são as reais necessidades do morador e seu lar.

O DESIGN EMOCIONAL E O INDIVÍDUO


Ter em mente que cada indivíduo e único e singular, que cada um tem
suas necessidades e saber respeitar é o que vai diferenciar um ótimo projeto
para centenas de outros bons projetos. Bons porque não respeitaram as
diversidades de cada um para sua criação, as emoções despertadas não foram
as desejadas.

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Pensar no que deseja passar para o usuário também é dever de um
profissional competente, porque dependendo de como é o resultado final o
cliente pode se identificar ou não no design.
Jordan (2005) descreve que as pessoas não querem mais um produto
que apenas desempenhe suas funções úteis, elas querem mais do que
isso, almejam um “objeto vivo” que proporcione algo com que elas
possam se relacionar.
Um exemplo uma poltrona não serve mais apenas para sentar, mais um
móvel que possa abraçar, que seja gostoso ficar sentado lendo um livro ou
apenas passando o tempo.
Do ponto de vista da emoção, pode-se dizer que os espaço e materiais
conseguem evocar diferentes tipos de emoções, e que estas emoções são
pessoais e por esse mesmo motivo, as pessoas podem apresentar diferentes
tipos de respostas a um mesmo espaço. Na maioria das vezes são múltiplas e
até mistas as emoções.
Pensando no espaço como produto, Jordan (2005) cita Pieter Desmet
e Paul Hekkert, que dizem que um produto pode estimular uma pessoa
de três formas: o produto em si (como objeto), o produto (ou designer),
como agente e o produto como uma promessa de futuro uso ou
propriedade.
Segundo eles, um produto por si pode ser simplesmente avaliado por sua
aparência, pelo encantamento que pode provocar ou não, resultando em
emoções, tais como sentir-se atraído ou ter aversão.
Os produtos atuam também como agentes, sendo avaliados pelas
consequências, como a exaltação ou censura, gerando emoções como orgulho,
admiração ou desapontamento.
Ainda seguindo o design emocional, “dividir a emoção gerada pelo
produto em quatro tipos de prazeres: prazer fisiológico (que desperta os
sentidos, tem manifestações físicas) ; O prazer social (envolve os sentimentos
interpessoais e status) ; O prazer psicológico (relativo aos desejos conscientes
e inconscientes) ; E o prazer ideológico (baseado em valores)”.
Dessa forma, segundo o autor, consegue-se estruturar um projeto de
design emocional. (JORDAN, 2005).

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OS 4 PRAZERES
Prazer físico está conectado aos 5 sentidos humanos: Os cinco sentidos,
que estão relacionados com a percepção do meio interno e externo, são o olfato,
paladar, visão, audição e tato.
O meio interno e o externo proporcionam uma grande variedade de
sensações. O tato é o tipo de prazer que costuma ter mais ênfase. Por isso
matérias, texturas, formas e volumes, são aspectos importantes para o prazer
físico.
Prazer social corresponde à relação com terceiros e o produto, podendo
ser pessoas com a mesma opinião, amigos familiares e colegas. Ou a relação
com a sociedade em geral, através de conceito, status ou imagens. Facilitando
a interação social ou tornando-se ponto de discussões de determinados grupos.
Exemplo uma mesa de centro comprada na Casas Bahias não terá o mesmo
apelo de uma assinada por Ucle Otto ou Charles e Ray Eames.
O objeto quando original, assinado e de determinada época demostrar o
nível socioeconômica da pessoa; (...) ser estudado junto com sua dimensão
social, condição inalienável das inter-relações pessoa--ambiente. E ainda, os
aspectos funcionais dos ambientes devem ser considerados ao lado de seus
atributos simbólicos, como na comparação que aqueles autores fazem entre um
trono e um banquinho, pois ambos servem para sentar, mas as pessoas se
comportam muito diferentemente em relação a cada um deles e a seus
ocupantes. (ITTELSON; PROSHANSKY; RIVLIN E WINKER, 1974:45)
Prazer psicológico relação das reações emocionais e cognitivas das
pessoas durante a interação com o produto (espaços, objetos, serviços).
A usabilidade é muito importante nesse tipo de prazer, pois as pessoas
estão à procura de objeto fáceis de usar, produtos intuitivos, que não geram
stress, decepção e frustação;
Prazer ideológico, relacionado a valores pessoais, gostos e estéticas.
Também ligado a cultura, valores morais e experiências vividas. Podendo incluir
preocupações com a fauna e a flora, priorizar matérias que não agrida a
natureza. O prazer está relacionado à mensagem, cultura, significado de um
produto ou seu uso. Para um, é sobre o significado das coisas, as lembranças
pessoas que alguma coisa evoca.

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“Para outro, é a própria imagem e a mensagem que um produto
transmite aos outros”. (NORMAN, Don, 2004)

DESIGN E ERGONOMIA
A ergonomia e um elo entre objeto e usuário, pois exerci a interações entre
seres humanos e outros objetos e sistemas a fim de otimizar o bem-estar
humano. Quando aplicada ao design, também investiga e identifica problemas e
suas causas, para que então possam ser sugeridas melhorias, buscando
resultados positivos também para a saúde, segurança e conforto do
usuário/consumidor, ela trabalha para melhorar e atender as características
físicas e mentais do homem.
É de fundamental importância o designer ter conhecimento básico de
ergonomia. Os objetos dispostos em um ambiente deve ser adequado para
determinadas pessoas ou para um público especifico.
Em uma situação hipotética, um espaço projetado para uma mulher
cadeirante, esse seguindo NBR 9050, esse projeto deve ser pensado e
executado para uma pessoa que ocupa 0.80m x1.20m no piso, ela precisa de
1.50m para uma rotação de 360º, ou seja, um espaço com muitos objetos na
passagem não é o ideal ou objetos colocados a uma altura superior 1.20m seu
alcance não será confortável.
Donald Norman (2003) diz que “Em prazerosas e positivas situações
as pessoas são mais propensas a tolerar pequenas dificuldades.”
Seguindo esse pensamento levar liberdade, segurança e conforto para
essa mulher só será possível se o design for pensado na sua limitações e
ergonomia.

INTERAÇÃO DO CONSUMIDOR
O designer também deve saber que os produtos (objetos, espaços,
comunicação, serviços) podem atingir as emoções humanas de diversas formas,

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muitas delas prazerosas, contribuindo para a percepção, preferências, seu bem-
estar e a maneira como percebem o mundo.
Patrick Jordan (2000), escritor e estudioso sobre emoções humanas,
propôs um modelo chamado Hierarquia das Necessidades do
Consumidor, que mostra a interação entre o consumidor e o produto
em três níveis: Funcionalidade, Usabilidade e Prazer.

HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DO CONSUMIDOR


A hierarquia mostrar que a cada “item” conquistado a pessoa vai esperar
mais do produto, ou seja, ser funcional não é suficiente, pois na medida em que
as pessoas têm produtos que funcionam, elas passam a querer produtos que
sejam fáceis de usar, desejam usabilidade.
Com produtos usáveis, é inevitável que as pessoas desejem também que
estes ofereçam benefícios emocionais, como a credibilidade ou status que a
posse desse produto dá ao seu usuário, atingindo assim o nível de prazer. Para
atingir o terceiro nível, é necessário compreender como as pessoas se
relacionam com os produtos.
A busca por uma sensação agradável, pelo prazer no conceito definido
por Jordan vem desde o começo dos tempos. Buscamos o prazer no nosso meio
ambiente natural, através da beleza das flores, da sensação do sol sobre a nossa
pele, do frescor de uma brisa calma.
Nessa busca sempre criamos atividades e passatempos para expandir
nossas capacidades física e mental ou expressar nossa criatividade. Se os
habitantes das cavernas lutavam entre si para testar e mostrar sua força, e se
expressavam através de pinturas nas paredes, hoje disputamos em ginásios e
decoramos nossas casas com pinturas e outras imagens. (JORDAN, 2000).

MUNDO INDIVIDUAL
Cada indivíduo compreende o mundo a sua volta de formas diferentes, a
fenomenologia é a área da psicologia em que se estuda as percepções de cada

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ser humano aos fenômenos do mundo em outras palavras fenomenologia é “o
estudo das essências” segundo a herança de Husserl.
Questões comportamentais como territorialidade, privacidade, identidade
e ambiência fazem parte desse âmbito.
a) Territorialidade costuma referir-se ao modo de circunscrição de algo
consoante a sua realização territorial. Sua característica principal está na função
de organizar e integrar os espaços, esse em diferentes níveis; Nos interiores
residenciais pode-se considerar a diferenciação entre os espaços característicos
de cada membro da família e o zoneamento entre as diversas áreas da casa
como sinônimo de demarcação de território, por meio de elementos como
paredes, balcões, vigas aparentes, desníveis, biombos, portas, divisórias,
marcas em geral e até mesmo objetos de decoração, entre outros. (ZALESKI,
2006:40)
b) Privacidade pode ser entendida como a vontade de controlar a
exposição e a disponibilidade de informações acerca de si mesmo, o que é
chamado de regulação dos limites a quantidade de controle que um indivíduo
exerce sobre a entrada e saída de declarações de si mesmo e a quantidade de
contato que se tem com outras pessoas. Esse processo tem implicações diretas
no tipo de relação que o indivíduo exerce com e sobre outras pessoas em sua
vida. A necessidade de privação reflete diretamente na configuração espacial da
casa e uso de elementos como vedações, aberturas, dimensionamento, layout e
posicionamento dos ambientes se fazem necessários. A noção de privacidade
pessoal surge entre os séculos XVII e XVIII: as construções passam a oferecer
quartos privados; passa a fazer sentido a elaboração de diários pessoais;
c) Identidade no sentido de "saber se reconhecer". Na percepção
individual ou coletiva da identidade, a cultura exerce um papel principal para
delimitar as diversas personalidades, os padrões de conduta e ainda as
características próprias de cada 10 grupo humano. Identidade e influenciada por:
lugar, religião, raça, idioma, gênero, questões socioeconômicas, entre outros. No
passado, as identidades eram mais conservadas devido à falta de contato entre
culturas diferentes, porém, com a globalização, isso mudou, fazendo com que
as pessoas interagissem mais entre si e com o mundo ao seu redor. Uma pessoa
que nasce em um lugar absorve todas as características deste, entretanto, se

24
ela for submetida a uma cultura diferente por muito tempo, ela adquirirá
características do novo local onde está agregada;
d) A ambiência é o resultado da junção dos outros fenômenos e a criação
de espaços equilibrados e agradáveis. Uma boa ambiência torna um espaço
mais receptivo e propício ao convívio. A ambiência se apoia tanto em aspectos
subjetivos, como o bom gosto, variável entre as distintas culturas, quanto a
aspectos objetivos, como a luminosidade, a amplitude ou o clima do ambiente.
Compreender que nem tudo o que se idealiza é o que fará o cliente feliz,
respeitar as circunstâncias que o traz alegria e saber lidar com elas é crucial,
quando se trabalha com pessoas e para pessoas e preciso perceber que existe
diferentes tipos de clientes e diferentes tipos de necessidade, trazer para o
projeto a vivencia e experiências do usuário permite que design conheça e
aproveite os pontos fortes oferecidos por ele. Da mesma forma, compreender os
pontos fracos.
Exemplos o uso de cores vibrantes, materiais sintéticos, plumas, etc.
Permite antecipar potenciais problemas antes que eles surjam.

HUMANIZAÇÃO DE ESPAÇOS
Mais que um ambiente “prazeroso” e de “moldes pré-concebidos”, o
projeto tem que garantir que será funcional e bem aproveitado, pensar nas
experiências e sensações de quem usa o espaço é projetar pensando no público-
alvo. Trabalhar visando o bem-estar, satisfação e qualidade de vida, para quem
ocupas os ambientes seja ele residencial, comercial ou corporativos.
Para a criação de vínculo entre usuário e o espaço, o conforto, privacidade
e individualidade tem que ser focados, exaltar elementos do ambiente que
interagem com o homem como cor, cheiro, som, iluminação, morfologia, é
garantir comodidade ao usuário, o conforto ambiental vem através desses
elementos.
a) As cores podem ser um recurso útil uma vez que reação do homem a
elas é profunda e intuitiva. As cores estimulam os sentidos e pode encorajar o
relaxamento, o trabalho, o divertimento ou o movimento. Podem fazer sentir mais
calor ou frio, alegria ou tristeza;

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b) O cheiro, odores que podem compor o ambiente. O aroma tem o poder
de despertar sentimentos, memorias, assim como as cores estimula os sentidos.
Toda lembrança tem um cheiro, ao senti-lo outra vez, os pensamentos são as
recordações de determinado lugar, pessoa, situações, e junto dos pensamentos
vem as emoções sentidas. Um simples cheiro pode ser uma cena, um ano, ou
uma vida;
c) O som, podemos propor a utilização de música ambiente em alguns
espaços, ou a proteção acústica que garanta a privacidade e controle de ruídos;
d) A iluminação dar luz aos espaços seja ela natural ou artificial. Criar
atmosfera e cenários;
e) A Morfologia são formas, dimensões e volumes que configuram e criam
espaços.
O ambiente é uma extensão do ser humano na sua forma de habitar,
trabalhar, conviver e viver. Pessoas e ambientes são um conjunto, portanto, não
podem ser pensados separadamente.
Os designers de interiores precisam levar em consideração a vida
humana e as atividades exercidas por elas. Alguns aspectos com cheiro, som e
cor são usados por grandes marcas para humanizar seus produtos (espaços,
serviços, comunicação) e criar laços com o consumidor.
Os projetos que visão a humanização tanto arquitetônicos quanto em
design de interiores é bastante usado no âmbito hospitalar para o melhor bem-
estar dos pacientes seja em curta ou longa estadia. Pensar em como a
composição dos espaços afeta o tratamento e melhora dos enfermos, ajuda a
preparar o espaço para melhor aproveitamento.
O profissional precisa ter uma visão humanista diante das necessidades
e fenômenos que cercam o homem, trabalhar para resolver problemas a fim de
excluir as ameaças e invocar emoções positivas.

BEM-ESTAR E CONFORTO
O ser humano sempre busca por melhoria de vida e elevação social com
intuito de garantir qualidade de vida para a si mesmo e sua família. Para isto, há
os que ininterruptamente se dedicam ao máximo lutando por seus ideais.

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O resultado dessa busca é a qualidade de vida, o bem-estar e conforto,
seja em moradias, transportes, viagens, acesso à cultura e o lazer. Em busca do
conforto é em dar identidade ao espaço às pessoas tende a usar pintura,
matérias e cores para se expressarem, na idade da pedra os homens pintavam
paredes e usavam pele de animais para mostrar status e poder, na
contemporaneidade em que ser vive as paredes são decoradas com quadros e
a casa como objetos assinados, para o mesmo fim.
Trevizan (2004), afirma que “O usuário quando se apropria de “seu
lugar”, busca através de um conjunto de símbolos e signos, marcar
este território imprimindo nele uma identidade própria”. Quando se
constrói um lar ou apenas se reforma um determinado espaço, as
pessoas querem gravar sua “marca” seja com objetos, cores ou
matérias que refletem sua personalidade, deixando claro a quem
pertence tal território. Uma das qualidades que se espera de um
espaço é que ele seja confortável, os indivíduos buscam por ambientes
compatíveis às condições de onde está localizado sua residência ou
comércio.
Espaços aconchegantes não precisar de grandes produções ou que
requer valores excessivos na sua produção, com soluções práticas e efetivas se
consegui chegar ao que o cliente espera.
Criando zonas e incluindo áreas antes esquecidas o designer consegue
proporcionar ao morador espaços onde ele possa relaxar com conforto e
privacidade.
Cor, iluminação e escolhas de matérias está diretamente ligado ao
conforto e ao se sentir bem no espaço, por esse motivo o projeto tem que ser
bem pensando levando em conta o tamanho da área trabalhada e em como
serão as acomodações criadas, não esquecendo de atender as preferencias do
morado.
O bem-estar e a segurança estão diretamente ligados, pois quando se
estar seguro automaticamente a pessoa se senti confortável, um ajuda na
percepção do outro. As pessoas estão em busca de refugos que transmitam
conforto, estabilidade e que ajudam na busca da felicidade, a escolha de
matérias e mobiliário
Ao examinar os aspectos apresentados para obter melhor conhecimento
da psicologia do design de interiores e como ela influencia na criação e execução

27
de um projeto é possível destacar que na criação de um espaço o que é belo é
importante mais o ponto central e a busca por humanizar e invocar boas
emoções.
Por isso todo o aspecto aqui tratado torna-se aliados na criação de
projetos que visão o bem-estar humano. Um bom projeto não é feito apenas por
intuição mais por valores técnicos, artísticos e científicos onde um é seguindo
pelo outro, mas com cargas diferentes para uma criação de equilíbrio. Fica claro
que para atingir objetivos que é estipulado para o ambiente o designer de
interiores precisa de conhecimento, técnicas e realizar pesquisas, para aprender
sobre os elementos que serão a solução para espaços bem projetados e
interligados entre si, influenciando diretamente os efeitos e sensações ao
ambiente, bem como afetando a saúde e o bem-estar dos usuários.
Os estudos produzidos pela psicologia acerca da interferência do
ambiente sobre o homem abre um novo leque de oportunidade de se trabalhar
pela felicidade de terceiros, esse sendo em áreas particulares ou de convivência
coletiva como lojas e empresas.
O briefing trabalha como “porta de entrada” para a vida e necessidade do
cliente, conhecendo sua personalidade e anseios servindo como um ponto de
partida para o resultado final, onde começa a interação designer-cliente, ela é
responsável pelos resultados do projeto, esse sendo positivos ou não.
Conhecer o cliente e seus hábitos é de total importância para a
concretização de uma boa obra, sem um briefing adequado não será possível
um bom projeto de interiores. Elementos como ergonomia e humanização de
espaços, são responsáveis por ambientes agradáveis e com bom
funcionamento, aliados com a psicologia eles mudam a percepção aos
ambientes e como eles agem sobre o homem, passando de simples abrigos para
lugares personalizados, refúgios combinados com a perspectiva humana criando
assim um lar.
O design de interiores vai além da estética, ele trabalha com vidas onde
cada uma é singular, cada indivíduo busca por compensar a vulnerabilidade que
vos cerca, o propósito de um designer tem que está em criar áreas onde se
possas está seguro é confortável protegendo o corpo e a mente.

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AMBIÊNCIA: ESPAÇO FÍSICO E COMPORTAMENTO
Arquitetura é a arte de construir para atender aos desejos da sociedade,
buscando seu bem-estar, conforto e segurança. Compreende espaços abertos
e fechados, cobertos ou não. Com exemplos marcantes ao longo da história, os
arquitetos têm desenvolvido soluções que, juntamente com os avanços
tecnológicos, proporcionam condições para a constante busca desse ideal,
demonstrando que a arquitetura dos espaços pode expressar sentimentos, além
de cumprir sua função básica de abrigar.
O ambiente onde estamos inseridos, seja ele construído ou não, emite
estímulos que podem nos agradar ou desagradar, gerando sensação de
desconforto se houver grande disparidade com os limites do nosso corpo. Além
disso, a bagagem cultural do indivíduo determinará o que lhe é agradável ou não,
pois as escolhas dependem da história de cada um.
Quando falamos em ambiência, pensamos em humanização por meio do
equilíbrio de elementos que compõem os espaços, considerando fatores que
permitam o protagonismo e a participação. Pressupõe o espaço como cenário
onde se realizam relações sociais, políticas e econômicas de determinados
grupos da sociedade, sendo uma situação construída coletivamente e incluindo
as diferentes culturas e valores.
O termo ambiência tem origem do francês “ambiance” e pode ser também
traduzido como meio ambiente. Para melhor compreensão da sua abrangência,
podemos afirmar que não é composto somente pelo meio material onde se vive,
mas pelo efeito moral que esse meio físico induz no comportamento dos
indivíduos.
De acordo com o dicionário Aurélio, é o espaço, arquitetonicamente
organizado e animado, que constitui um meio físico e psicológico,
especialmente preparado para o exercício de atividades humanas. O
estudo da ambiência desejada para cada situação de espaço, em
qualquer escala, traz subsídios importantes para o entendimento das
condições físicas e emocionais do bem-estar subjetivo, e nisso se
consideram os estímulos ao comportamento dos sujeitos inseridos
nesse contexto, aprimorando seu relacionamento.
É aceito o termo meio ambiente como sinônimo de ambiência,
considerando-se, no entanto, que aí está inserido o meio moral, além do material.

29
Assim sendo, um projeto arquitetônico deve ser elaborado ajustando-se todos
os componentes como um sistema complexo e inter-relacionado.
Além dos aspectos compositivos e programáticos, faz-se necessária uma
análise das condições ambientais percebidas pelo usuário, já que é capaz de
interagir com o ambiente imediato por meio dos sentidos. Assim, a percepção
espacial estabelece parâmetros de orientação, conforto e qualidade ambiental,
com os quais esses atores estabelecem encontros com protagonismo e
participação ativa.
O meio ambiente é construído utilizando-se valores objetivos como forma,
função, cor, textura, ventilação, temperatura, iluminação, sonoridade e
simbologia. Cada um desses valores objetivos compõe o espaço dimensionado
e funcional, resultando no espaço da arquitetura e determinando o nível de bem-
estar de seus ocupantes.
Há, porém, valores subjetivos que são adquiridos culturalmente, de
acordo com a experiência de vida, estabelecendo significados, positivos ou
negativos, em relação aos estímulos do ambiente.
O homem é um ser social que interage com um ambiente físico e um meio
social, os quais podem favorecer ou não sua adaptação ao processo de
envelhecimento.
A história que vamos compondo junto aos grupos familiar e social ao qual
pertencemos suscitará as emoções, positivas ou negativas, que podem interferir
no conforto e na relação que estabelecemos com o ambiente construído.
Conforto é a condição de bem-estar relativa às necessidades do indivíduo
e sua inserção no ambiente imediato.
Envolve não somente a eleição de critérios térmico, acústico, visual ou
ainda químico, mas também o acréscimo de emoção e prazer, atribuindo-lhe um
caráter Ambiência, espaço físico e comportamento holístico, já que o ambiente
construído é um anteparo existencial, sendo abrigo para o corpo e para a alma.
Nesse conjunto de fatores, consideramos dispositivos que permitem esta
conexão, tais como a boa sinalização, seja gráfica, tátil ou sonora, que possibilite
maior autonomia aos usuários de espaços coletivos, diminuindo riscos de
desorientação. Também a adequação dos equipamentos complementares aos
espaços, tais como assentos, apoios e dispositivos de acesso, que garanta maior
produtividade com menor esforço, sem causar danos à saúde.

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Além disso, ao definir-se uma organização adequada para a circulação de
pessoas, deve-se levar em conta a utilização do espaço territorial necessário ao
homem e que influencia seu relacionamento com os outros. Mas ambiência não
é somente espaço físico, é também encontro entre os sujeitos, propiciado pela
adequação das condições físicas do lugar e pelo exercício da humanização.
No campo das políticas públicas de saúde, humanização diz respeito à
transformação dos modelos de atenção e de gestão nos serviços e sistemas de
saúde, indicando a necessária construção de novas relações entre usuários e
trabalhadores e destes entre si, tornando-os protagonistas e corresponsáveis.
Para Espinosa, o encontro de dois corpos pode aumentar ou diminuir
a potência: tudo que está a serviço da opressão alimenta as paixões
tristes, das quais o medo (dos castigos) e a esperança (por
recompensas) são mecanismos de controle.
A ideia de estar acolhido enfatiza o elemento protetor do conforto,
caracterizando que todos buscam abrigos, o que ao longo das gerações teria
auxiliado a sobrevivência de certos indivíduos e determinado sua vitória no
processo de seleção natural.
Masetti cita Immanuel Kant, para quem três coisas podem fortalecer o
homem contra as tribulações da vida: a esperança, o sono e o riso.
Também destaca que a influência dos afetos sobre o organismo foi
formalmente incorporada pela Medicina, no início do século XII.
O humor era um dos quatro principais fluidos do corpo, que se julgavam
determinantes das condições físicas e mentais do indivíduo, segundo
Hipócrates.
E complementa com Aristóteles que, em 320 A.C. defendia o riso como
exercício de grande valor para a saúde. O humor indica desempenho mental,
capacidade de enxergar situações ou pessoas de formas bastante específicas.
Uma ambiência que ofereça boas condições de uso do espaço possibilita que
haja bom humor dos participantes, com tendência ao surgimento do riso. Mas
devemos considerar que, enquanto uma bela construção pode ocasionalmente
exaltar um estado de espírito em ascensão, haverá momentos em que o local
mais agradável do mundo não conseguirá expulsar nossa tristeza ou
misantropia.

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A sensação corporal de prazer permite experimentar a alegria ou a
felicidade, sendo missão da arquitetura criar espaços sensíveis e estimulantes
que favoreçam o desenvolvimento da existência humana.
Conforto é algo pessoal, e a razão do conforto de um pode parecer
desconforto ao outro. Nessa premissa, se baseia a importância da ambiência
nos projetos arquitetônicos e seu impacto no envelhecimento.
O estudo da Gerontologia abrange o processo do envelhecimento e não
somente a velhice, o que torna todas as faixas etárias objetos de estudo
importantes para pensarmos a longevidade como consequência de boa
qualidade de vida.
O decréscimo da capacidade física na velhice pode ser um elemento
gerador da dependência, como resultado do desequilíbrio entre a experiência da
limitação funcional, as demandas do ambiente e as expectativas pessoais para
o desempenho nas atividades da vida diária.
Buscar tais atributos em todos os espaços de vivência certamente
contribuirá para o aperfeiçoamento dessa qualidade, em busca de melhor bem-
estar. Este estudo busca refletir sobre os elementos que definem a ambiência,
considerando a falta de estudos com esta abordagem. Pela novidade do tema,
faltam artigos que o fundamentem na área da Gerontologia Ambiental.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA AMBIÊNCIA


Podemos definir percepção como sendo a tradução dos estímulos
ambientais refletida em padrões de comportamento e com fatores selecionados
por meio dos sentidos ativos de cada indivíduo.
A percepção humana depende de fatores subjetivos, tais como as
experiências vividas, os valores culturais do grupo social do qual o indivíduo faz
parte e da seleção de códigos de referência significativos para a interpretação
da realidade. Por esse motivo, podemos afirmar que a realidade de cada um é
construída a partir desses filtros mentais e, portanto, é individual e única,
podendo assemelhar-se conforme haja características semelhantes entre as
pessoas.

32
Assim, a percepção humana caracteriza-se por ser seletiva, absorvendo
somente uma parte dos estímulos recebidos. Também é afetiva, pois depende
de a experiência acumulada ser positiva ou negativa. É capaz de formar uma
ideia global de um resultado esperado, o que produz surpresas quando há novos
elementos que provoquem estranhamento, justificando sua característica
temporal, relacionada ao aperfeiçoamento do repertório adquirido ao longo do
tempo.
Segundo Okamoto, podemos também classificar os sentidos em
perceptivo, espacial e proxêmico. O sentido perceptivo relaciona-se
aos sentidos da visão, audição, olfato, paladar e tato, usados
conjuntamente ou de acordo com os estímulos mais intensos,
provocando o registro de mudanças no ambiente e garantindo uma
interpretação que pode causar bem-estar ou não.
O ambiente físico é composto pelas pessoas e pelos equipamentos que
lhes permitem desenvolver atividades, definindo o sentido espacial. O sentido
proxêmico é definido como sendo relacionado às distâncias físicas que as
pessoas estabelecem espontaneamente entre si no convívio social, e das
variações dessas distâncias de acordo com as condições ambientais e os
diversos grupos ou situações sociais e culturais em que se encontram.
O termo proxêmica foi cunhado pelo antropólogo Hall, em 1963, para se
referir ao fenômeno da proximidade humana que se manifesta, por exemplo, no
encontro social entre indivíduos ou por distâncias socialmente aceitáveis. Hall
fala das variantes que essa mesma dimensão social e espacial apresenta em
diferentes espaços e culturas, onde a mesma proximidade social varia.
A ciência proxêmica destaca quatro categorias de espaço: íntimo,
pessoal, social e público.
Considera-se que o espaço privado é o mecanismo de controle
interpessoal que regula o isolamento ou distanciamento dos outros, a fim de
manter a privacidade.
A Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de
Humanização do Ministério da Saúde, dentro do programa denominado
“Humaniza SUS”, criou um grupo especialmente voltado a discutir e difundir
princípios relativos ao estudo da ambiência nos equipamentos de saúde. De
acordo com a Cartilha de Ambiência, devemos considerar que o espaço visa à

33
confortabilidade, valorizando elementos do ambiente que interagem com as
pessoas e garantindo conforto aos usuários.
Também possibilita a produção de subjetividades por meio do encontro
de sujeitos, por meio da ação e reflexão sobre os processos de trabalho, e pode
ser usado como ferramenta facilitadora desses processos, favorecendo a
otimização de recursos e o atendimento humanizado, acolhedor e resolutivo.
De acordo com Schmid, a casa não pode se limitar a ser abrigo do
corpo se as necessidades não se limitam ao físico.
É um meio efetivo de vida que acontece no plano físico, sentimental e
intelectual.
A confortabilidade referida na Cartilha de Ambiência enfatiza os
componentes que atuam como modificadores e qualificadores do espaço,
estimulando a percepção ambiental. Quando utilizados com equilíbrio e
harmonia, criam ambiências acolhedoras, propiciando contribuições
significativas nos processos de produção.
Destacam-se aqui aspectos relativos à morfologia, à cinestesia, à arte, à
acessibilidade, à luz e à cor, mensuráveis, e à privacidade, à Ambiência, espaço
físico e comportamento individualidade e aos valores culturais, elementos
intangíveis, mas claramente percebidos quando incorporados ao espaço.
Buscam-se formas, dimensões e volumes que configuram e criam
espaços, que podem ser mais ou menos agradáveis, mas sempre adequados
para as pessoas.
Essa morfologia deve traduzir a composição que proporcione maior bem-
estar possível, especialmente dentro dos limites do uso compartilhado dos
espaços coletivos de permanência transitória mais demorada ou apenas de
passagem.
Além da geometria definida pela composição de formas, a percepção do
espaço por meio dos movimentos, assim como das superfícies e texturas,
permite traduções que também qualificam o espaço.
A cinestesia é, portanto, um meio de organizar elementos de estímulo
relativos à organização de fluxos e de permanência nos ambientes, visto que é
definido no dicionário Aurélio como sendo a sensação que o indivíduo
experimenta, conscientemente, de sua existência.

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A arte como meio de inter-relação e expressão das sensações humanas
contribui para a humanização dos espaços e pode ser apresentada por meio de
suas mais diversas formas de manifestação.
Elementos de arte plástica, sejam eles permanentes ou transitórios,
conferem ao ambiente a inserção de novas cores e formas, além de instigarem
o observador ao deleite e à reflexão. Também a execução de peças musicais
produz um estranhamento positivo, pois possibilitam a convergência da atenção
para além da simples permanência ou transição.
O edifício, por meio de detalhes construtivos, arranjos com mobiliário
diferenciado ou mesmo composições de paisagismo, também proporciona a
possibilidade de uma experiência gratificante e positiva, já que imprimirá
elementos novos que podem ser marcantes para o uso dos espaços.
A cor estimula nossos sentidos e pode nos encorajar ao relaxamento, ao
trabalho, ao divertimento ou ao movimento. Pode nos fazer sentir mais calor ou
frio, alegria ou tristeza.
Esse efeito psicodinâmico é estabelecido especialmente de acordo com
as experiências vividas, pois tanto o repertório imagético guardado na memória
quanto a cultura do grupo social no qual estamos inseridos provocam reações,
positivas ou negativas, quando há associações às cores.
Tecnicamente, também podem ser adotadas para potencializar outros
elementos da ambiência. Podemos compensar a falta ou minimizar o excesso
de luz utilizando cores que ajudam a refletir ou absorver, ampliando o
aproveitamento da luz natural e racionalizando o consumo de energia elétrica,
ou criando situações de maior intimidade ou aconchego.
A privacidade diz respeito à proteção da intimidade do indivíduo, e facilita
os processos de trabalho necessários aos relacionamentos profissionais. O
aumento da interação social torna-se, também, mais espontâneo e significativo,
a partir da possibilidade de encontros em ambientes que permitam escolhas.
Entendendo que cada pessoa é diferente da outra, vinda de um cotidiano
e espaço social específico, busca-se criar ambientes que permitam ao usuário
preservar sua identidade. Essa individualidade é reforçada pelo entendimento de
que os valores culturais determinam características próprias em diferentes
comunidades, que manifestam seus desejos e necessidades de acordo com
suas histórias.

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É preciso respeitar a privacidade, autonomia e vida coletiva da
comunidade em que se está atuando, construindo ambiências acolhedoras e
harmônicas que contribuam para a promoção do bem-estar desse grupo social.
O homem busca, basicamente, abrigo e proteção, mas também procura o
prazer. O conforto ambiental possibilita as melhores condições de permanência
com a máxima sensação de bem-estar, buscando a adequação dos diversos
aspectos sensoriais.
Analisam-se temperatura, ventilação e luminosidade, aspectos que
alteram condições de habitabilidade, especialmente na questão física e na
capacidade produtiva dos usuários.
A quantidade e qualidade do ruído inserido dentro do espaço arquitetural
também afetam essas condições, mas incidem basicamente nas questões
emocionais e no comportamento advindo dessa sensação.
À medida que dispomos de mais dispositivos de proteção, menos
resistentes estaremos às condições climáticas naturais do meio ambiente, pois
a capacidade humana para enfrentar as adversidades ambientais baseia-se no
desenvolvimento de adaptações no relacionamento com o ambiente físico.
Habitabilidade é um conjunto de condições que uma edificação possui e
que a tornam habitável. Além do conforto ambiental, considera-se a salubridade,
característica relativa à presença de germes e bactérias, que existem aos
milhões em qualquer ambiente, sendo que os raios ultravioletas contidos nos
raios solares têm poder germicida e ajudam na profilaxia de locais insalubres.
A temperatura no edifício é determinada pela disposição das aberturas
definidas por janelas e portas, do material que constituem as paredes e dos
aparelhos que produzem calor instalados nos ambientes, pois temperaturas altas
produzem sensações de preguiça, de letargia e diminuem a produtividade das
pessoas.
A disposição dos cômodos de uma casa e também as condições
climáticas da região onde a edificação está contribuem para o acúmulo ou a
dissipação da umidade, sendo que ambientes muito úmidos causam sensações
desagradáveis, sufoco e sudorese.
Considera-se, ainda, que as preferências térmicas de um indivíduo são
influenciadas por diversos fatores subjetivos ou individuais, destacando-se os
hábitos alimentares que afetam o metabolismo, a gordura do corpo, que funciona

36
como isolante térmico, o vestuário, que altera significativamente as trocas
térmicas e o processo de aclimatação dos indivíduos, visto que as pessoas, em
seus climas de permanência, tendem a produzir hábitos e alterações
metabólicas que equilibram as condições térmicas adversas.
Quanto à ventilação nos ambientes, é preciso considerar que o corpo
humano necessita de certa quantidade de oxigênio por hora para atender ao seu
metabolismo.
O ar ambiente, mesmo quando puro, não contém mais que 19% de
oxigênio. Quando essa taxa de oxigênio cai, o organismo força a respiração,
tornando-a ofegante.
Quartos onde há deficiência de renovação de ar afetam a qualidade do
sono. Sob a ótica do conforto térmico, os movimentos de ar aceleram as trocas
de calor das pessoas com o ambiente por convecção e por evaporação. É
também elemento de controle térmico dos ambientes e de salubridade.
Em cada local, por fatores climáticos, topográficos e mesmo pela
presença de prédios altos nas proximidades, os ventos tendem a soprar mais em
determinada direção, a que chamamos de direção predominante.
Alguns odores provocam sensações agradáveis, enquanto outros são
indesejados e, portanto, a distribuição dos ambientes de uma residência podem
permitir que os ventos predominantes tendam a carregar o ar de alguns cômodos
para outros.
Outro aspecto importante refere-se à luminosidade, já que ambientes mal
iluminados para qualquer tipo de trabalho podem causar cansaço visual. Cada
tipo de trabalho exige certo grau de iluminação e, portanto, quando realizamos
trabalhos minuciosos necessitamos de mais luz.
A insolação adequada, considerando o efeito germicida do sol, também
possibilita o melhor aproveitamento da luz natural, seja pela melhor posição de
janelas ou pelo aproveitamento das superfícies refletoras no teto e paredes.
Aspectos acústicos também interferem no conforto, já que sabemos que o ruído
é necessário ao ser humano, já que mesmo um ambiente excessivamente
silencioso causa sensações de insegurança e até de medo.
Entretanto, um ambiente ruidoso demais causa inquietação e nervosismo,
assim como ruídos repetitivos, mesmo que não muito altos, causam também
irritação.

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Os recintos refletem parcialmente as ondas sonoras que incidem sobre
eles, mas o restante é absorvido; assim, os materiais utilizados nos
revestimentos são responsáveis pela quantidade de absorção dessas ondas
sonoras.
Contra o ruído exterior, dispomos de alguns meios de proteção, tais como
aumentar a distância em relação à fonte, tornando menos potentes e, portanto,
menos incômodos. Utilizar barreiras minimiza efeitos desagradáveis, sendo que
podemos considerar as internas, usando revestimentos absorventes, e barreiras
externas, usando superfícies refletoras ou vegetação.
Também é recomendável controlar as fontes de ruídos, pelo
posicionamento adequado das aberturas, quando possível. Quanto aos ruídos
gerados dentro do edifício, há providências que podem contribuir para garantir o
conforto: reduzir a fonte isolando-a por meio de barreiras absorventes e
organizar os ambientes buscando o melhor zoneamento das atividades e
reduzindo os ruídos produzidos por impactos.
Quando definidos em projeto, é possível utilizar construções herméticas
com isolamento acústico ou reduzir a transmissão do som pelo uso de estruturas
descontínuas.

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REFERENCIAS
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de janeiro,2004.
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https://www.ted.com/talks/don_norman_on_design_and_emotion?language=ptb
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In: CONVENÇÃO BRASIL LATINO AMERICANA, CONGRESSO BRASILEIRO
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ZALESKI, Caroline Bollmann. Materiais e conforto: Um estudo sobre a
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