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A INTERAÇÃO DOS ELEMENTOS DO CLIMA COM OS FATORES DA

DIVISÃO DA ATMOSFERA GEOGRÁFICA.

Sabemos que os elementos climáticos mais comuns são a temperatura, umidade e


pressão e que são fatores climáticos a latitude, altitude, relevo, vegetação,
continentalidade/maritimidade, atividades antrópicas etc. Podendo ser um elemento da
temperatura ativo no clima é importante ser atento à divisão acima. A latitude explicita
a ação de condicionantes como a rotação terrestre, inclinação do eixo terrestre que
limita a máxima intensidade de energia à uma restrita faixa entre os trópicos de
capricórnio e de câncer.

Já o movimento de translação promove maior distribuição de energia em um


hemisfério do que em outro, a distância entre terra e sol, diferença de tamanho entre eles
e a forma esférica aparente da terra faz com que os raios solares atinjam o planeta
paralelamente. Também a latitude do lugar e época do ano definem o ângulo com que os
raios solares irão atingir a terra em determinado lugar. Sobre a transferência de energia
no SSA, a transmissão de energia da superfície para o ar é o principal responsável por
seu aquecimento, sendo assim igual à superfície em temperaturas.

O relevo é um fator que diferencia e diversifica os padrões climáticos, pois mesmo


que haja mesmas latitudes, as altas altitudes responderão por temperaturas mais amenas
e as baixas por mais elevadas. Assim o relevo apresenta três atributos na definição dos
climas: posição, orientação e declividade.

POSIÇÃO- favorece ou dificulta os fluxos de calor e umidade entre áreas contíguas.

ORIENTAÇÃO- define vertentes mais aquecidas e secas, e as mais frias e úmidas.

DECLIVIDADE- é a modificação da relação superfície/radiação incidente dada pela


ondulação do relevo.

As coberturas vegetais também influenciam na insolação terrestre visto que trabalham


como reguladoras da umidade e da temperatura. Os processos de troca de energia e
umidade entre solo e ar são mais efetivos em superfícies ausentes de coberturas
vegetais, já nas áreas urbanas, esse processo é mais complexo devido sua diversidade.

A maritimidade é um dos principais fornecedores de água para a troposfera controlando


a distribuição de energia entre oceanos e continentes. Essas correntes oceânicas
interagem com a dinâmica das massas de ar, definindo áreas secas e áreas chuvosas,
pois águas frias superficiais induzem o ar a se resfriar inibindo a formação de chuvas,
onde há correntes marítimas frias, predomina climas secos.

Não muito longe, em áreas onde essas correntes são quentes, o ar é aquecido
possibilitando assim a formação de correntes ascendentes de ar e consequentemente as
chuvas ascendentes e climas mais úmidos devido a evaporação. A continentalidade de
um lugar é dada pelo seu distanciamento dos oceanos e mares, que deixam de exercer de
forma mais direta as ações apresentadas anteriormente.

O CAMPO TÉRMICO DA TEMPERATURA.

A temperatura do ar é medida a partir do calor sensível nele armazenado sendo dado


em graus celsius ou fahrenheit.

TEMPO INSTANTÂNEO- calor presente no ar naquele momento;

TEMPO REAL- temperatura instantânea no presente momento da medição;

VALORES MÉDIOS- média estatística da série temporal;

VALORES MÁXIMOS E MÍNIMOS- maiores e menores valores registrados em um


período considerado;

VALORES NORMAIS- médias de 30 anos, utilizados para a caracterização do clima;

VARIAÇÃO TEMPORAL DA TEMPERATURA

Acompanha as trajetórias diária e anual do sol e resulta das variações interanuais de


temperatura. Mesmo que o sol esteja mais elevado no horizonte às 12:00 horas locais,
será somente por volta das 14:00 horas que a temperatura alcançará seu valor máximo
diário. Mesmo com os processos de aquecimento da superfície serem ao mesmo tempo
ao do ar, a superfície perde temperatura que se inicia quando o sol se põe e tem seu
valor máximo antes do nascer do sol.

Já durante o ano, a incidência solar sobre a superfície de um lugar leva à diferentes


quantidades de energia para tal aquecimento do ar em cada ano. As latitudes baixas
apresentam fracas amplitudes térmicas anuais entre o mais quente e o mais frio. Em
latitudes elevadas, essa diferença é notável a partir das estações do ano.
VARIAÇÃO ESPACIAL DA TEMPERATURA

Essa variação assume padrões distintos nos meses de julho e janeiro, as temperaturas do
ar tem valores ajustados à superfície do mar quando representadas no mapa múndi. O
gradiente de temperatura de inverno no norte é mais acentuado que no sul devido a
extensão territorial.

A VARIAÇÃO VERTICAL DA TEMPERATURA DO AR

O gradiente vertical médio da Troposfera é de 0,6°C/100 m, isso mostra que a cada


100m de elevação, a temperatura do ar resfria 0,6°C. Mas pode ocorrer o fenômeno de
inversão térmica, passando a aquecer em vez de resfriar. Essas inversões se
caracterizam por dificultarem a mistura vertical do ar. De acordo com a distribuição do
ar na atmosfera, elas são prejudiciais às áreas urbanos dificultando a dispersão da
poluição do ar.

Podem ser de superfície ou de altitude.

INVERSÃO DE SUPERFÍCIE POR RADIAÇÃO- ocorrem no inverno quando os ventos


não existem ou são muito fracos e não há nebulosidade.

INVERSÃO DE SUPERFÍCIE POR ADVECÇÃO- preferencialmente em noites de


inverno, o ar quente em movimento sobre superfícies frias resfria o ar e produza
inversão da superfície.

INVERSÕES DE FUNDO DE VALE- por drenagem do ar frio do topo de morros e


montanhas descendo e mantendo-se abaixo do ar quente.

INVERSÃO DE SUBSIDÊNCIA- em níveis mais elevados da troposfera é produzido o


movimento de descenso do ar em larga escala, então por compressão o ar apresenta uma
isotermia.

INVERSÃO FRONTAL- produzida ao longo da área de atuação da frente.

O CAMPO HIGRONOMÉTRICO: A ÁGUA NA ATMOSFERA

A água está presente na atmosfera devido suas propriedades físicas de mudança de


estado. A água pode estar presente no ar nos seus três estados físicos. No gasoso, as
moléculas se misturam perfeitamente com os demais gases. A presença de vapor no ar
torna-o mais que o ar seco. Para que a água no estado líquido passe para o estado
gasoso, há o consumo de energia, tal energia é chamada de calor latente de evaporação
que é responsável por manter a molécula de água como molécula de vapor.

A velocidade da evaporação depende também da temperatura do ar, velocidade do


vento e a umidade do ar. A condensação é a passagem do gasoso para o líquido e resulta
na formação de nuvens, orvalho e nevoeiro. Quando a temperatura do ar atinge valores
abaixo de 0°C, a água em estado líquido transforma-se em finos cristais de gelo ou se
mantém como água super-resfriada mesmo com temperaturas 40°C negativos.

O processo de solidificação faz com que as gotículas de água passem a serem cristais
de gelo, por sua vez a fusão é responsável pela transformação dos cristais de gelo em
água. A sublimação ocorre quando a água em estado sólido se transforma em vapor.

A UMIDADE DO AR

O vapor de água na atmosfera é tratado como a umidade. A pressão do vapor é dada


pela pressão pelo peso do vapor exercido sobre uma superfície ao nível médio do mar.

UMIDADE ABSOLUTA- é o peso do vapor de água em um dado volume de ar, ela não
pode retratar a quantidade real de vapor de água existente no ar, portanto não é muito
utilizada. A umidade específica e a razão de mistura são as mais utilizadas.

UMIDADE ESPECÍFICA- é a razão entre o peso do vapor de água e o peso do ar, ou


seja, a quantidade de gramas de vapor por quilograma de ar úmido.

UMIDADE RELATIVA- é a proporção relativa entre o vapor existente no ar e o ponto de


saturação do mesmo, ela mostra em porcentagem a quantidade de vapor presente no ar
em relação à quantidade máxima possível de vapor que nele poderia haver, sob a
temperatura em que se encontra.

AQUECIMENTO E RESFRIAMENTO ADIABÁTICOS DO AR

O ar tem sua temperatura adiabaticamente alterada quando os movimentos verticais


dele envolvem alterações na densidade da coluna de ar considerada levando à ocorrer
mudanças de temperatura sem perda ou ganho de energia com o ar circundante. Por sua
vez, quando há o rebaixamento da temperatura do ar sem perda de calor para o meio
circundante, o ar foi submetido a um resfriamento adiabático por ascendência.

O aquecimento adiabático ocorre quando o ar descende aumentando assim o choque


intermolecular e elevando então a temperatura. Ocorre então o aquecimento da coluna
em subsidência devido à tal processo. São então esses os dois processos principais
responsáveis pelo aquecimento e resfriamento produzidos nos movimentos verticais das
grandes massas de ar.

O resfriamento do ar pode ser dado gradiente adiabático seco e pelo gradiente de


adiabático úmido.

GRADIENTE ADIABÁTICO SECO- corresponde à 1°C/100m e é obtido pela elevação


em altitude do observador, como ao subirmos uma montanha.

GRADIENTE ADIABÁTICO ÚMIDO- é um valor médio de referência, pois depende do


conteúdo e da temperatura inicial do ar.

A FORMAÇÃO DE ORVALHO, GEADA, NEVOEIRO E NUVENS

A ocorrência de tais fenômenos como o orvalho, nevoeiro e nuvens depende de como


o ar se resfria e de como se condensa. A formação do orvalho se dá quando a
condensação do vapor ocorre entre o ar quente e úmido e uma superfície fria, podendo
formar-se logo ao amanhecer ou em noites muito frias. A geada é o resultado de fortes
resfriamentos do ar em noites de céu limpo sob a atuação de massas de ar frias
ocorrendo então a sublimação de vapor em contato com superfícies frias e a
solidificação do orvalho.

O nevoeiro ou neblina são nuvens baixas ou em contato com o solo formada por
gotículas de água.

NEVOEIRO DE RADIAÇÃO- ocorre em noites de céu limpo, resfriando-se por


radiação, a umidade contida no ar se condensa e as nuvens se aproximam do solo;

NEVOEIRO FRONTAL- ocorre ao longo das frentes frias onde a mistura do ar quente
com o ar frio podem levar à condensação do vapor próximo à superfície;

NEVOEIRO POR ADVECÇÃO: quando há a advecção de ar frio sobre superfícies


líquidas, fazendo com que o vapor incorporado pelo ar frio o satura e após a
condensação gera o nevoeiro;

NEVOEIRO DE EVAPORAÇÃO- quando a água evaporada de uma superfície líquida


quente se condensa ao entrar em contato c/om uma camada de ar mais fria;
NEVOEIRO OROGRÁFICO- ocorre nas vertentes de barlavento das montanhas, onde o
ar úmido é forçado a ascender por resfriamento adiabático, havendo então a
condensação do vapor;

As nuvens são formadas por gotículas de água suspensas no ar e também por cristais de
gelo. Podem ser classificadas em famílias de acordo com a distância de suas bases em
relação ao solo.

NUVENS ALTAS- bases estão a mais de 07 km da superfície, são do tipo cirrus.

NUVENS MÉDIAS- bases entre 2 e 7 km do solo, compostas de água sendo associadas


ao mal tempo.

NUVENS BAIXAS- bases abaixo dos 2 km sendo do tipo stratus e stratocumulus.

NUVENS DE DESENVOLVIMENTO VERTICAL- geradas pelos movimentos


convectivos que formam nuvens tipo cumulus e que nos trópicos podem ultrapassar os
18 km de extensão.

OS PROCESSOS DE PRECIPITAÇÃO

Na formação das nuvens, minúsculas gotas e diminutos cristais de gelo se condensam e


sublimam-se no entorno dos núcleos de condensação e sublimação, crescendo assim as
moléculas de água até chegarem a um tamanho ideal de precipitação. A diferença entre
gota de chuva e gota d’água/nuvem ocorre apenas no tamanho de ambas.

Além da chuva e da neve, pode haver precipitação de granizo, que são gerados em
nuvens cumulonimbus sendo, as nuvens, formadas por correntes convectivas. A
precipitação pluviométrica é dada em milímetros referindo-se à altura da água coletada
em pluviômetros e pluviógrafos.

As chuvas são classificadas em.

CHUVA DE ORIGEM TÉRMICA- ocorre nas células convectivas, sendo a coluna de ar


úmido forçada a se expandir, ascendendo para níveis superiores da Troposfera onde
resfria-se adiabaticamente.

CHUVA DE ORIGEM OROGRÁFICA- ocorre por ação física do relevo atuando como
uma barreira à advecção livre do ar, forçando-o a ascender.
CHUVA DE ORIGEM FRONTAL- associadas à formação de nuvens que ocorrem pela
ascensão de ar úmido ao longo de suas rampas.

O CAMPO BAROMÉTRICO: O MOVIMENTO DO AR

O peso que o ar exerce na superfície é chamado de pressão atmosférica e corresponde a


1 kg/cm² ao nível do mar. O ar tem sua densidade alterada com a altitude, como
resultado da ação gravitacional. Já a variação da pressão na superfície se dá através da
distribuição de energia e umidade pelo globo. Quando aquecido, o ar expande-se
diminuindo sua pressão, quando resfriado ocorre o inverso.

A repartição espacial da pressão em superfície pode ser compreendida a partir das


zonas climáticas, sendo que em altas latitudes, há altas pressões e em baixas ocorre o
inverso. Quando dois volumes de ar, um úmido e outro seco são analisados, o úmido
apresenta menor densidade que o ar seco devido a baixa densidade da água presente no
mesmo. Isso mostra que a umidade do ar é um fator preponderante na repartição
espacial da pressão, sendo a partir disso a ocorrência dos movimentos de ascendência e
subsidência.

Devido a qualidade gasosa do ar, ele obedece às leis da dinâmica dos fluidos, que
busca um equilíbrio através dos movimentos. Tal busca resulta na geração dos ventos
por advecção. A velocidade do vento é controlada aqui pela diferença de pressão entre
duas superfícies, sendo uma mais baixa e outra mais alta, quanto maior for essa
diferença, maior será a velocidade e vice versa.

Toda essa dinâmica vai trazer características térmicas de outros ambientes como a
umidade de determinados locais para outros sempre do equador para os polo. As
rugosidades do solo é um fator que tende a diminuir a velocidade do vento através da
fricção da superfície com as massas de ar.

Os oceanos favorecem a formação de ventos velozes, nos continentes ocorre o inverso.

O EFEITO CORIOLIS

Resultante do movimento rotacional terrestre e se manifesta em uma escala espacial


semelhante ao efeito de fricção causado pelo solo nas massas de ar. Este efeito desvia a
direção original dos ventos fazendo com que no hemisfério Sul os ventos desloquem
para a esquerda e no Norte para a direita, onde a ação máxima localiza-se nos polos e
anula-se no equador.

VENTOS SAZONAIS E LOCAIS

As monções são um bom exemplo de ventos sazonais, estas são resultantes dos
contrastes barométricos e térmicos entre as águas e o continente. No inverno o
aquecimento do oceano é diferente do aquecimento continental, de acordo com esses
contrastes, irão gerar as moções de inverno ou de verão, onde diferentes níveis
pluviométricos resultarão desses processos no inverno ou no verão. Há também outros
ventos oriundos dos movimentos das massas de ar.

MISTRAL- vento frio, de origem polar, que ocorre no inverno, no Vale do Rone, França,
norte da Itália e na Grécia.

SIROCO- vento quente, ocorre na primavera, na Europa Mediterrânea, é proveniente da


massa tropical continental do Saara e do deserto da Arábia.

MINUANO ou PAMPEIRO- vento frio, oriundo das massas polares, ocorrente no


inverno, na região dos pampas gaúchos (Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul).

VENTOS LOCAIS- decorrentes de um gradiente de pressão local que se estabelece com


o aquecimento diferencial da superfície, através da alternância entre dia e noite sendo
classificados em: brisa marítima, oceânica, terrestre, continental e brisas de vale de
montanha.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
COORDENAÇÃO DO CURSO DE GEOGRAFIA
CAMPUS UNIVERSITÁRIO MINISTRO PETRÔNIO PORTELA
DISCIPLINA: CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA
PROF. DR. CARLOS SAIT PEREIRA

CLIMATOLOGIA: noções básicas e climas do brasil.


A INTERAÇÃO DOS ELEMENTOS DO CLIMA COM OS FATORES DA
ATMOSFERA GEOGRÁFICA

Paulo Ricardo Miranda da Costa


Teresina, PI, 19 de novembro de 2019

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