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UNIDADE I

1. SALVAMENTO
A área de salvamento possui uma imensa diversificação. Cada evento, apesar da sua
singularidade, possui determinados procedimentos padrões. Os serviços de salvamento são as
operações necessárias, para a preservação de vidas em toda e qualquer circunstância.

1.1. Classificação
Apesar de os salvamentos não estarem classificados na Corporação, podemos relacionar
os de maior importância e aqueles de índices de ocorrência mais elevados, executados pelas
guarnições de salvamento do CBMERJ.

1.1.1. Salvamento em Alturas


São executados em prédios e estruturas que possuem cotas superiores aos limites de
emprego das Auto-Escadas Mecânicas e Auto-Plataformas Mecânicas ou onde as mesmas não
possam chegar. A Corporação dispõe de curso e manual específico para este tipo de salvamento.

1.1.2. Salvamento em Montanhas


São salvamentos que ocorrem em matas e montanhas, onde uma pessoa ou grupo realiza
atividades recreativas ou pela ocorrência de um acidente. Freqüentemente, ocorrem diversos
fatores como: perda da trilha, escurecimento repentino da mata, acidentes de pequeno vulto,
acidentes de aeronaves e asa delta, e conduzem à condição de perdidos. A corporação dispõe de
curso e manual específico para este tipo de salvamento.

1.1.3. Salvamento no Mar, Rios, Lagos e outros (Aquáticos)


São todos os eventos que envolvam operações de busca, salvamento e resgate de
pessoas e bens que se encontrem no meio aquático. As operações abrangem rios, lagos, canais
e represas, bem como a orla marítima. Cada meio líquido possui peculiaridades próprias, que
conhecidas conduzem ao êxito da missão.
A corporação dispõe de cursos específicos para este tipo de salvamento.

1.1.4. Salvamento em Desabamentos


Os desabamentos de edificações envolvendo vítimas ou causando perigo iminente são os
que requerem pronta atuação do Corpo de Bombeiros. Os desabamentos podem ocorrer por falhas
estruturais, movimentos do solo, explosões e outras implicações.
As chuvas torrenciais são a principal causa de desabamento ou ameaça de desabamento
de encostas. Geralmente afetam residências de construção frágil e desprovidas de qualquer
segurança estrutural.

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1.1.5. Salvamento em Elevadores
Os eventos envolvendo elevadores se caracterizam, basicamente, pela retirada de pessoas
do interior das cabines, após nivelamento. Em menor número estão os acidentes que ocorrem com
a retenção de vítimas entre a cabine e o piso dos pavimentos.

1.1.6. Salvamento em Enchentes


As enchentes provocam situações críticas como desabamentos, ruptura de encanamentos
de água, gases e de esgoto. O salvamento é efetuado, principalmente, retirando-se as pessoas
ilhadas, em locais de difícil acesso ou em perigo e seus bens para locais seguros (abrigos).

1.1.7. Salvamento em Locais Energizados


Neste tipo de salvamento, sempre que possível, desligar todo o circuito para depois iniciar
a operação de salvamento. Utilizar sempre os equipamentos de proteção individual, identificando
o tipo de acidente e aplicar a técnica adequada.

1.1.8. Salvamento em Colisões Diversas


Os salvamentos mais comuns envolvendo veículos estão relacionados com colisões e
quedas. As colisões podem ocorrer entre veículos, contra pontos fixos e trens. As quedas de
veículos podem ocorrer no meio terrestre ou no meio aquático. Os acidentes envolvendo o meio
aquático necessitam de aplicação de técnicas de salvamento aquático.
A capotagem de veículo é um evento cujos procedimentos são semelhantes aos relacionados
a colisões.

1.1.9. Salvamento em Atmosferas Nocivas


Neste tipo de salvamento é indispensável a utilização de equipamento de proteção
respiratória, e em alguns casos roupas especiais para penetração. Com a atmosfera nociva, é
necessário que a vítima respire oxigênio o mais rápido possível, o que é feito através da utilização
do equipamento de respiração a oxigênio, ainda no local quando possível.

1.2. Materiais Utilizados em Salvamento


1.2.1. Salvamento em Altura
Corda, cinto cadeira, mola de segurança, trava de salvação, cinto de salvamento, aparelho
oito, aparelho liberator, escadas e colchão de salvamento.

1.2.2. Salvamento em Montanhas


Corda, cinto cadeira, mola de segurança, aparelho oito, apito, bússola, cantil e binóculo.

1.2.3. Salvamento no Mar, Rios, Lagos e outros (aquáticos)


Aparelho de mergulho, roupa de mergulho, nadadeiras, visor, bóias salva-vidas, colete
salva-vidas, bote, barco, helicóptero e cordas.

1.2.4. Salvamento em Desabamentos


Pá, enchada, gadanho, moto-serra, motocortador, britador pneumático, retro escavadeira e
guindaste.

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1.2.5. Salvamento em Elevadores
Chave para elevador (abrir a porta), chave de polia de elevador.

1.2.6. Salvamento em Enchentes


Barco, bote, bóia salva-vidas, colete salva-vidas, corda e helicóptero.

1.2.7. Salvamento em Locais Energizados


Luva de borracha, bota de borracha, multímetro, croqui com cabo isolado, tesourão de
cabo isolado, alicate de cabo isolado, chave de fenda de cabo isolado e tapete isolante.

1.2.8. Salvamento em Colisões Diversas


Arrombador, alavanca, aparelho de oxi-acetileno, auto-expansor, conjunto de salvamento
lukas, macaco hidráulico, moto-cortador, tesourão e tirfor.

1.2.9. Salvamento em Atmosferas Nocivas


Máscara filtrante, equipamento de respiração a oxigênio, equipamento de respiração
autônoma, luva e roupas especiais.

1.3. Equipamentos maisUtilizados em Colisões e


Desabamentos
1.3.1. Auto-Expansor (Porto-Power)
Equipamento portátil formado por uma bomba hidráulica e diversos acessórios, que adap-
tados a ela realizam movimentos de expansão, compressão, tração e deslocamento.
Utilizado, geralmente,
em operações de salvamen-
to envolvendo colisões, de-
sabamentos, arrombamentos
e, ocasionalmente, na retira-
da de vítima em elevador
quando retida entre o piso e
a cabine.

1.3.1.1. Operações
Práticas
a) Acionamento
v Escolher os acessórios adequados
v Adaptar a mangueira de 3/8"
vGirar a conexão da adaptação no sentido inverso dos ponteiros do relógio (da direita
para a esquerda)
v Fechar a válvula de retenção
v Movimentar a alavanca

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b) Despressurização
v Abrir a válvula de retenção
v Desengatar os acessórios da mangueira de 3/8"
v Fechar a válvula de retenção
v Colocar o protetor no engate dos acessórios
v A agulha da válvula de retenção, localizada na mangueira, ao ser acoplada ao acessório,
desloca o retentor ali existente, dando passagem ao óleo em alta pressão. Este acoplamento
pode ser visto em detalhe adiante.

1.3.1.2. Manutenção
a) Utilizar somente o óleo vegetal apropriado (BLACKHAWK), pois a utilização de óleo
mineral oxidará ou corroerá os pistões, ocasionando uma entrada de ar no equipamento e sua
conseqüente perda de eficiência.
b) Verificar, periodicamente, o nível do óleo na parte traseira do Porto Power, onde é feito
o abastecimento (o nível é obtido através de uma agulha ali existente).
c) Verificar, sempre, as possíveis falhas nas conexões e a ocorrência de entrada de ar.
d) Evitar que o equipamento fique oleoso externamente e dificulte com isso o seu manuseio.
e) Procurar sempre utilizar as cunhas com a finalidade de afastamento em chapas, evitando
vigas ou barras metálicas de grande espessura.
f) Quando fora de operação, manter sempre o êmbulo do cilindro retraído para evitar danos
na parte interna de sua haste.
g) Quando o cilindro não retornar, normalmente, a sua posição original é porque,
provavelmente, há ar no sistema. Neste caso, se adota o seguinte procedimento:
- Acionar o cilindro até o máximo de seu curso.
- Colocar o cilindro com a cabeça do êmbulo voltada para baixo e liberar a válvula de
retenção.
- Quando o cilindro parar de descer, desconectar a mangueira, pressionar o êmbulo para
baixo com a mão e, simultaneamente, pressionar a agulha da válvula do engate de forma que o ar
seja extraído.
- Recompletar o óleo no reservatório da bomba, conectando a mangueira novamente, e o
equipamento estará pronto a ser utilizado.
h) A reposição de óleo é feita pelo bujão na parte traseira da bomba. Não abrir o parafuso
ao lado da válvula de retenção, pois a sua reposição, devido às esferas ali existentes, é de difícil
execução.
i) Remover toda a poeira ou areia das conexões e roscas.
j) Não expor a mangueira a líquidos inflamáveis, nem realizar dobras em sua superfície.

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1.3.1.3. Procedimentos Gerais e Especificações
a) O cilindro com capacidade para 10 toneladas tem as seguintes medidas: Altura (fechado)
298 mm e Altura (estendido) 451 mm.
b) A cunha expansível de 85 mm tem movimento apenas na sapata superior, sendo a
inferior fixa. Sua faixa de trabalho de afastamento gira em torno dos 750 Kg. Deve ser evitado ao
máximo o emprego da peça para levantamento de carga.
c) A cunha expansível de 275 mm tem capacidade de 1 tonelada, sendo também uma
característica dessa cunha o afastamento ou abertura simultânea das sapatas, junto com o avanço
do pistão da peça. A aplicação nos pontos de apoio deve ser executada de forma correta, para
que não haja quebra do material.

1.3.2. Tirfor
Todos os tipos possuem características gerais similares.
A - Botão de velocidade
B - Pino de segurança
C - Abertura de introdução do cabo de aço
P - Punho de embreagem
L 1 - Alavanca de avanço
L 2 - Alavanca de marcha a ré

1.3.2.1. Funcionamento
O princípio de funcionamento do tirfor é baseado na ação de dois pares de mordentes lisos
de ajuste automático. Quando o cabo de aço está tracionado pelas cargas, esses dois pares de
mordentes, alternadamente, apertam e soltam o cabo para puxá-lo (se no sentido de tracioná-lo) ou
retê-los (se no sentido de descida de carga).
Os dois pares de mordentes são solicitados ao fechamento pela própria ação de tração do
cabo, isto é, quanto mais pesada a carga, maior será o aperto do mordente.
Os mordentes, praticamente, não se desgastam e suas partes que comprimem o cabo são
lisas e não o danificam.
O acionamento da alavanca faz o cabo avançar, aproximadamente, 7 cm em cada movimento
de ida e volta, o que representa uma média de 3m de cabo por minuto, em plena carga.
Utilizado no içamento e tração de cargas e manobrado apenas por um Bombeiro por meio
de uma alavanca.

1.3.2.2. Procedimentos Gerais


Verificar se o esforço solicitado ao aparelho não ultrapassará sua capacidade nominal.
O tirfor deve ser fixado na direção da tração com a ajuda de uma linga ou de uma
corrente, para que o aparelho, quando em carga, fique no ângulo de trabalho conveniente.
Evitar obstáculos que impeçam o livre movimento das alavancas de ré e de avanço, bem
como do punho de embreagem (debreagem).
Não manobrar as alavancas de avanço e ré simultaneamente.
Desimpedir a saída do cabo, no lado do eixo de ancoragem, para evitar que penetre no

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aparelho fora da guia.
Evitar que o cabo arraste na lama e quando introduzido não esteja conduzindo corpos
estranhos. Utilizar uma estopa embebida em óleo, próximo à abertura de admissão, para reter as
impurezas.

1.3.2.3. Manutenção
Apesar da boa proteção oferecida pelo cárter em aço, a poeira e a sujeira podem penetrar
no interior do tirfor pela abertura localizada na parte superior e pelas aberturas de passagem do
cabo.
A manutenção de 1º escalão é executada da seguinte forma:
Mergulhar o tirfor em óleo diesel e sacudí-lo para que os corpos estranhos se soltem. Virá-
lo depois, para que possam ser expelidos pela abertura superior.

1.3.3. Moto-Serra e Moto Cortador


A moto-serra e o moto cortador são aparelhos utilizados para corte. O primeiro para
madeira e o segundo para metais e concretos.

1.3.3.1. Moto-Serra
É dotada de uma serra corrente sem fim, que girando em torno de uma lâmina fixa (sabre),
efetua cortes em madeiras.

- Motor de 2 tempos
- Refrigeração a ar
- Combustível: mistura de óleo 2T e gasolina
na proporção 1:40
- Óleo lubrificante para corrente (SAE.40)

1 - Tampa do Reserv. de Combustível 2 - Afogador


3 - Chave Geral 4 - Tecla do Acelerador
5 - Retém do Acelerador 6 - Tampa do Reserv. do Óleo Lubrificante
7 - Vela 8 - Punho
9 - Corrente 10 - Sabre
11 - Garra

1.3.3.2. Moto Cortador


O moto cortador é dotado de um disco e efetua cortes em ferros e paredes, bastando estar
equipado com o disco específico.
- Motor de 2 tempos
- Refrigeração a ar
- Combustível: mistura de óleo 2T e gasolina na proporção 1:40.
- Obs.: Não tem reservatório para óleo lubrificante.
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1 - Protetor do Disco
2 - Disco
3 - Alça Suporte
4 - Filtro de Ar
5 - Manete de Partida
6 - Afogador
7 - Tecla do Acelerador

1.3.3.3. Funcionamento
Abastecer com a mistura combustível.
Abastecer o tanque de óleo de lubrificação da corrente
Por o distribuidor da válvula de arranque na posição "O," e o interruptor na posição
"LIG".
Apertar a trava do acelerador com a palma da mão e o botão de meia aceleração com o
polegar (facilita o arranque).
Efetuar o arranque até iniciarem as explosões; a seguir, colocar o afogador em "l" e
continuar acionando o arranque até que o motor comece a funcionar. Abrir então o afogador.
Depois do arranque, soltar o botão de meia aceleração para que o motor trabalhe em
marcha lenta.
Para o arranque, a moto-serra, ou moto cortador é firmado contra o solo, segurando-se
com a mão no punho ou alça. Não permitir a permanência de qualquer pessoa na zona de alcance
do sabre ou disco, exceto o operador. Com a outra mão, puxar a corda de arranque fortemente,
porém o retorno deve ser lento, para que ela possa enrolar-se corretamente na polia.
Um motor novo ou que tenha trabalho, até esgotar o combustível não pega imediatamente,
pois a membrana do carburador somente consegue aspirar combustível em quantidade suficiente,
após várias puxadas na corda de arranque.
O motor ainda quente, após uma parada por tempo reduzido, precisa ser posto em
funcionamento com o afogador completamente aberto. Se o motor não pegar imediatamente com o
afogador aberto, mesmo após várias tentativas tanto com o acelerador em marcha lenta como em
meia carga, é possível que ele esteja afogado; neste caso, desparafusar e secar a vela de ignição;
a seguir, puxar várias vezes a corda do arranque, para ventilar a câmara de combustão.

1.3.3.4. Abastecimento de Combustível


O óleo utilizado, na mistura óleo-gasolina, é o Castrol Super II. Este óleo é próprio para
motores de 2 tempos de alta rotação. A proporção da mistura obedece ao critério de 01 parte de
óleo para 40 de gasolina.
Deve-se observar:
A mistura nunca deve ser feita no tanque;
Não utilize outro óleo, pois causam desgaste prematuro e panes no motor;
Sempre reabastecer os dois tanques, o de mistura e o do lubrificante, no caso da moto-
serra;
Limpar, cuidadosamente, as proximidades da tampa do tanque, antes de abri-la, para que

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não entre sujeira no seu interior.
Examinar a lubrificação da corrente, colocando a uma distância de 20 cm sobre um fundo
limpo e notar se há "salpicos" de óleo no chão;
Fazer um corte de ensaio;
Desligar o motor, colocando o interruptor na posição "DES";
Esticar a corrente (moto-serra) e reajustar o disco (moto cortador).

1.3.3.5. Procedimentos Gerais


Todas as técnicas e conhecimentos adquiridos com o machado e traçador são válidos para
moto-serra. Quanto ao moto cortador, são válidas as condutas com trabalhos de corte.
No transporte, proteger o sabre da corrente, e nunca conduzir a moto-serra ou cortador de
um lado para outro quando em funcionamento.
Firmar, primeiro, as garras da moto-serra no tronco e depois iniciar o corte com a corrente
em movimento. O uso das garras da moto-serra evita que o operador seja atirado para frente. A
corrente deve estar em funcionamento quando retirada do talho de corte.
Segurar sempre a moto-serra ou cortador com as duas mãos, para tê-la sobre controle.
Utilizar os equipamentos de proteção individual, tais como: luvas, óculos e capacete.
Evitar o uso de roupas desajustadas, que podem ser colhidas pela máquina.

1.3.4. Conjunto de Salvamento "Lukas"


Destina-se a serviços de salvamento em acidentes automobilísticos, desabamentos e
trabalhos submersos (até 40 m).
Seus componentes foram desenvolvidos, em laboratório, com auxílio de computador, o
que lhe garante, apesar de seu reduzido peso, o desenvolvimento de forças extremamente altas,
aliado à facilidade de operação em resgates ligeiros.

1.3.4.1. Apresentação dos Equipamentos


a) Moto Bomba
Existem colocados à disposição pelo fabricante, vários tipos de bombas, unidades
propulsoras e ferramentas hidráulicas com idêntico princípio de funcionamento. O sistema consiste
de um motor elétrico ou a gasolina, que move uma bomba hidráulica, sendo esta comum a todos
os modelos.
b) Bomba Manual
Sua função é suprir o conjunto
moto bomba, podendo fazê-lo com a mesma
pressão e proporcionando "força máxima",
mesmo se tratando de operação manual,
embora o tempo de abertura / fechamento
da ferramenta fique comprometido.
O dispositivo LUKAS HM-1 é
uma bomba de pistão de 02 estágios que comuta, automaticamente, à pressão de 100 bar, sendo

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